Praia: Vermelha
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200 ANOS DE
KARL MARX
UNIVERSIDADE FEDERAL (UERJ), Lilia Guimarães Pougy, Listz Vieira
DO RIO DE JANEIRO (PUC-Rio), Ludmila Fontenele Cavalcanti,
REITOR Marcelo Macedo Corrêa e Castro (FE/UFRJ),
Roberto Leher Maria Celeste Simões Marques (NEPP-DH/
PRÓ-REITORA DE UFRJ), Maria das Dores Campos Machado,
PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Marildo Menegat, Marilea Venâncio Porfirio
Leila Rodrigues da Silva (NEPP-DH/UFRJ), Maristela Dal Moro,
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DIRETORA
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(Para os membros da Equipe Editorial
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pertencentes à Escola de Serviço Social
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da UFRJ o vínculo institucional foi omitido)
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Myriam Lins de Barros
EDITORES TÉCNICOS
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Marcelo Braz Jessica Cirrota
Mauro Iasi
REVISÃO
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Pastorini Corleto, Alzira Mitz Bernardes
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
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Fábio Marinho
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Sé Mello, Leilah Landim Assumpção, Leile
Silvia Candido Teixeira, Leonilde Servolo de
Medeiros (CPDA/UFRRJ), Ligia Silva Leite
PRAIAVERMELHA
Estudos de Política e Teoria Social
PERIÓDICO CIENTÍFICO
DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM SERVIÇO SOCIAL DA UFRJ
v. 28 n. 2
2018
Rio de Janeiro
ISSN 1414-9184
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Semestral
ISSN 1414-9184
A NEOMALTHUSIANA “PROBLEMÁTICA”
DEMOGRÁFICO-PREVIDENCIÁRIA
BRASILEIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA
UMA CRÍTICA MARXISTA
THE NEOMALTHUSIAN BRAZILIAN DEMOGRAPHIC PENSION
“PROBLEMATIC”: CONTRIBUTIONS TO A MARXIST CRITIQUE
RESUMO
Projeções catastróficas sobre o envelhecimento são amplamente uti-
lizadas para legitimar a contrarreforma previdenciária. Como objetivo
geral, este artigo fornece contribuições para uma crítica marxista a
essa “problemática” e, especificamente, denuncia que se trata da
reciclagem dos conservadores princípios populacionais malthusia-
nos. O texto aponta que a quadra contemporânea do capitalismo é
distinta daquela em que ocorreu a generalização da expansão da
longevidade da classe trabalhadora e destaca a relevância do arca-
bouço teórico-metodológico marxiano para descortinar a ofensiva
capitalista em curso.
PALAVRAS-CHAVE
Previdência Social. Demografia. Malthus. Crítica Marxista.
ABSTRACT
Catastrophic projections about aging are largely used to justify the couter-reform
of social pension. As a general objective, this article aims to provide contributions
to a Marxist critique of this “problematic” and, specifically, denounces that it rep-
resents the recycling of the conservative Malthusian populational principles. This
text shows that the contemporary stage of capitalism is different than the one in
which occured the generalization of the expansion of working class’ longevity and
displays the relevance of the Marxist theoretical and methodological framework to
unveal the current capitalist offensive.
KEYWORDS
Social Pension. Demography. Malthus. Marxist Critique.
Recebido em 17.11.2017
Aprovado em 17.07.2018
INTRODUÇÃO1
Em uma passagem do célebre Manifesto Comunista, Marx e Engels
(2010, p. 57) afirmam que “as ideias dominantes de uma época
sempre foram as ideias da classe dominante”. Tal assertiva se apli-
ca impecavelmente bem aos argumentos utilizados por porta-vozes
do capital para legitimar a imposição de regras restritivas à proteção
previdenciária no Brasil.
Como ponto de partida, este texto adota a concepção de que, des-
de a metade da década de 1990, os regimes públicos de previdên-
cia estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 estão sendo
objeto de um processo conservador que visa restringir as condições
de acesso e a magnitude monetária dos benefícios previdenciários
de diversos segmentos da classe trabalhadora.2 Todos os governos
que passaram pelo controle do Estado brasileiro nas últimas duas
décadas contribuíram para materializar essa marcha regressiva, con-
formando-se no que Granemann (2016, p. 674) denomina “divisão
técnica do trabalho”. O termo contrarreforma parece ser o mais apro-
priado para caracterizar essa ofensiva, pois, conforme Behring (2008)
e Coutinho (2010), a palavra “reforma” esteve historicamente vincu-
lada às lutas das classes subalternas e foi ressemantificada para
facilitar a implantação de medidas neoliberais.
Na presente conjuntura de coup d’etat, com a apresentação da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 287/2016 pelo governo
Michel Temer, a marcha contrarreformista atingiu uma etapa dramáti-
ca, conformando-se no ataque mais avassalador sofrido pelo sistema
de proteção social estruturado pela Carta de 19883.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Projeções catastróficas sobre o envelhecimento populacional são
amplamente utilizadas por agentes estatais e porta-vozes do capital
para legitimar a imposição de regras restritivas ao acesso à prote-
ção previdenciária no Brasil. Diante de poucos estudos críticos sobre
o tema, este artigo teve como objetivo geral fornecer contribuições
para uma crítica marxista à retórica do envelhecimento e, especifi-
camente, buscou delinear que o uso de tal argumento para legitimar
a contrarreforma previdenciária está revestido pelos conservadores
princípios populacionais malthusianos.
O percurso percorrido desvendou o seguinte: inicialmente, delimi-
tou-se a “problemática” demográfico-previdenciária brasileira, apon-
tando que sua origem remete ao contexto de contrarreforma nos
países capitalistas centrais, que seus principais propagadores são
as agências imperialistas e que a longevidade da classe trabalhadora
deve ser variável fundamental para análise crítica do envelhecimento;
em seguida, a partir das críticas de Marx (1996) e Engels (2010) a
Malthus (1996), apontou-se que o uso do envelhecimento para le-
gitimar a restrição do acesso à proteção previdenciária tem caráter
neomalthusiano, pois intrumentaliza vulgarmente variáveis demográ-
ficas sem problematizá-las na totalidade da produção e reprodução
da ordem burguesa; posteriormente, demonstrou-se que, sob a ex-
ploração capitalista, o processo de generalização da expansão da
longevidade da classe trabalhadora na segunda metade do século XX
foi uma conquista social, determinada por condições materiais par-
ticulares; por fim, evidenciou-se que a configuração contemporânea
do capitalismo é distinta daquela na qual ocorreu a generalização da
expansão da longevidade e, mais ainda, que a presente conjuntura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANFIP. Análise da Seguridade Social 2015. Associação Nacional dos
Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e Fundação ANFIP.
16. ed. Brasília: ANFIP, 2016.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a
centralidade do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez,
2011.
BANCO MUNDIAL. Envejecimiento sin crisis: política para la protección
de los ancianos y la promoción del crecimiento. Washington,
D.C.: Banco Mundial, 1994.
BEHRING, E. Brasil em contra-reforma: desestruturação do Estado e
perda de direitos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
____. Política social no contexto da crise capitalista. In: Serviço Social: