TESE Marcela Mary José Da Silva 2018
TESE Marcela Mary José Da Silva 2018
TESE Marcela Mary José Da Silva 2018
RIO DE JANEIRO
2018
1
RIO DE JANEIRO
2018
2
3
Aprovada por:
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This paper aims to analyze the production about conservatism and the ethical
political project of social service on four fronts of production of the category and the
academy: the Brazilian Congresses of Social Assistants (CBAS); the National
Meetings of Researchers in Social Work-ENPESS; the Reports of the National
Meetings of the Category and the articles of the Journal Social and Society in the
period between 2006-2016. The starting point was to understand social service as a
field, in the light of Bourdieu's discussion, and from there on, to list the elements that
are part of this field, to discuss the history of the service and the construction of the
political ethical project in opposition to conservatism. For this we discussed what is
conservatism and how it is for social service. He went through the history of the
Brazilian social service, observing some moments in particular: the
reconceptualization movement, the "Virada" congress, the regulations of the
profession in its historical trajectory, seeking to observe the formation of the
intellectuals of Brazil and in the social and the process of construction of the political
ethical project. To do so, we use authors such as IAMAMOTO, BARROCO, NETTO,
SCRUTON, GRAMSCI, MICELI, among others to mark how we turned the page of
conservatism for the PEP. Our perspective is that both are faces of the same coin.
The results indicate that there is no concern of the category to thematize and
produce about conservatism and PEP in the events and period studied. In the same
way there is a low discussion that is fed through the gym, which signals that the
dispute process is still over and did not spread to other members of the professional
category. It has also been concluded that there is much to be done about
conservatism and the Ethical Political Project as elements of a social service culture.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 3. Número de Trabalhos Publicados no XIII CBAS de 2013, Brasília .... 127
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................14
2.3.1 O pensamento............................................................................................... 89
3.1 Revista Serviço Social e Sociedade: veio com a “Virada” .............................. 113
REFERENCIAS .......................................................................................................161
14
INTRODUÇÃO
Ferreira Gullar
Sou uma assistente social que se tornou professora. O elo entre uma experiência e
outra é a vontade de pensar sobre questões que sempre me atormentaram a vida
por conta de serem apresentadas como já resolvidas, consumadas, definidas. Sou
assistente social formada pelo currículo de 1986 e tornei-me docente das novas
Diretrizes Curriculares de 2000.
históricas. Esse percurso acabou por nos colocar “a disputa” existente como uma
expressão dialética da pluralidade, outra palavra “maldita” em serviço social. O chão,
a base desse debate é a disputa pelo lugar-sentido que “a profissão” deve adotar,
embora nem“ uma profissão” nem “uma categoria” possa adotar algo. São as
pessoas, sujeitos que adotam ou não algo. Isso parece óbvio, mas não é.
Sobre o Projeto Ético Político que surge na história do serviço social (como opositor
às velhas práticas e orientador de novas ações profissionais) é importante explicitar
seus elementos impulsionadores. Na constituição do serviço social enquanto
profissão, o Código de Ética veio antes da regulamentação da Profissão. O primeiro
aconteceu em 1947, enquanto a segunda, a regulamentação só em 1957. O avançar
dos Códigos de Éticas da profissão (1947, 1965, 1975, 1986, 1993), o esforço de
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auto organização, ainda que de forma superficial da categoria, foi construindo o que
se apresenta na contemporaneidade como uma escolha da categoria por se
comprometer, em tese, com um dos lados da luta de classes. O serviço social,
enquanto categoria (genérica), se posicionou então ao lado dos trabalhadores e, a
partir daí, elaborou o chamado Projeto Ético-Político que se sustenta a partir de três
documentos históricos: A Lei de Regulamentação da Profissão de 1986, O Código
de Ética – o primeiro em 1947 e o mais recente adotado de 1993 – e as Diretrizes
Curriculares da ABEPSS de 2002; Não à toa, são esses três documentos que se
colocam como orientadores da formação e do exercício profissional dos assistentes
sociais. Ainda assim, em nenhum desses documentos são mensionados os temas
conservadorismo e do PEP.
Embora, como já falamos, tenhamos pouca produção sobre essa temática, no pouco
que existe, vemos uma preocupação com a “disputa” de projetos profissionais. A
discussão sobre a existência de projetos profissionais diversos é alimentada pela
relação conservadorismo/PEP. Projetos profissionais para o serviço social, segundo
NETTO:
O fato é que essas expressões têm seus destinos combinados na história e estão
intimamente ligadas pela luta de ordenação da sociedade seja na dimensão
ideológica, cultural, ética, política ou econômica. Aqui se trata de relações de poder,
como afirma VELHO:
É possível que esteja havendo uma confusão entre projeto societário, projeto
coletivo e projeto profissional bem como temáticas igualmente pouco
problematizadas no processo de formação e exercício profissional, e isso gere uma
certa confusão não só pratica mas teórica entre o PEP e o conservador. É
fundamental construir a capacidade de perceber não só as diferenças entre os
projetos, mas reconhecer quem os lidera, mantem, organiza e determina.
Acrescento aqui uma discussão que parece escondida: o PEP seria para os
assistentes sociais um projeto de esquerda enquanto o projeto, se assim
consideramos, conservador seria então da direita? Isso reforça a confusão sobre o
que são os projetos e suas dimensões, ao mesmo tempo que nos leva a
problematizar se, cabe aos partícipes da profissão a exigência de seguir uma
orientação política alinhada aos projetos conservador ou progressista.
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A cada elemento encontrado nesse percurso, foi feita uma exposição de seu lugar
nessa trama. Como dito anteriormente, não se tem a pretensão de dar conta de
todos os silêncios existentes no que se refere à temática escolhida, mas, levantar
dados tentando dar conta, unicamente, das lacunas que muito interferem na forma
de compreender o conservadorismo e o PEP. Essas lacunas criam hiatos tanto na
formação, quanto no exercício e na organização profissional. Onde se chegou e, até
onde se construiu sobre a temática tratada nessa tese, serve para abrir
possibilidades de novos pontos de partida para o debate, no espaço transitório que é
a produção de conhecimento, sem medo sobre o tema.
Esse percurso exigiu especial esforço. Tanto o que foi chamado de conservador
quanto o PEP parecem temas intocáveis por já bem definidos. Discutir um tema que
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Esse tema também nos reporta à discussão no seio da profissão sobre a relação
entre técnica, a política e a ética, três dimensões do trabalho profissional em serviço
social. Nessa compreensão tanto o conservadorismo quanto o PEP se colocam
como respostas a partir da categoria profissional às demandas, caracterizando
ambas como práticas sociais e sendo assim, são práticas aprendidas em relações
sociais. O fato das práticas e dos discursos terem sido aprendidos – e até repetidos
– não evidencia que eles sejam profundamente conhecidos.
O esforço nesse primeiro capítulo é para tentar desvelar, revelar ou, simplesmente
mostrar um certo mecanismo de organização, disposição, apresentação e
construção da discussão sobre o Projeto Ético-Político do Serviço Social-PEP e sua
relação intrínseca com o conservadorismo. Falamos de um certo mecanismo por
aceitarmos e reconhecermos que este, certamente, não é o único, mas é sobre este
que nossa discussão debruçar-se-á.
Não basta dizer, mesmo que esse dizer seja cientifico, universitário e
acadêmico;
7. Por fim, o aparentemente óbvio, que é o reconhecimento de que a produção
científica do serviço social está nos trilhos capitalistas da organização,
difusão, hierarquização, reprodução e produção do conhecimento;
1. O que é o conservadorismo?
2. O que é o conservadorismo para o serviço social? Assumindo aqui que há
uma diferença entre o que a base da categoria, as instancias organizativas
e as instancias pensadoras da profissão pensam sobre isso;
3. Qual a relação entre a produção acadêmica do serviço social nos últimos
10 anos e o conservadorismo e o PEP? Quem e quais são os intelectuais
dessas duas forças – o conservadorismo e o PEP – no seio do serviço
social?
4. É o PEP fruto das reflexões da base da categoria e são as diretrizes
curriculares capazes de garantir de forma automática a aderência dos
formandos ao PEP?
5. É o PEP fruto das reflexões da base da categoria e são as diretrizes
curriculares capazes de garantir de forma automática a aderência dos
formandos ao PEP?
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Alertamos que para nós é impossível dissociar a história do serviço social e desse
elemento na trajetória da profissão, da própria formação dos seus pensadores, dos
intelectuais, dos profissionais e das suas discussões sobre teoria, ciência e
conceitos.
Fundamental para entender essa questão trazida por Bourdieu sobre aqueles que
estão dentro do campo e daqueles que chamo de “renegados” desse campo é que
em ambas as situações, as regras do campo não são negadas e nem modificadas. É
possível a entrada e a saída de agentes no campo. É possível lutar e a disputa
existe no interior do campo, mas isso não muda a estrutura nem a dinâmica do
campo. O que certamente institui a possibilidade de disputa, de luta no interior do
campo tem a ver com a trajetória dos agentes, com a quantidade e a qualidade de
capital acumulada por eles. Para Bourdieu (2004):
atribui movimento ao campo e fundam novos momentos, fases, etapas. Para inovar
é necessário outro caldo cultural, com nova rede linguística, semântica, simbólica.
O campo é uma construção social que só existe por conta do poder simbólico
acumulado e reproduzido. Determinados rituais de passagem, de entrada e saída,
só são possíveis pela existência dos símbolos e do poder simbólico que é estrutural
e desigualmente distribuído. Para Bourdieu (2005, p.10):
determinado assim, quem pode e quem não pode fazer, falar, produzir, da mesma
forma que, também determinam os objetos mais legítimos a serem tematizados.
Essas vivências no interior do campo indicam o nível de sobrevivência dos agentes,
estabelece concorrências, indicam o grau de força de cada um. Força que se
sustenta pela distribuição desigual do capital dentro do campo.
Uma outra característica do campo é o fato dele ser resultado de uma “constituição
especifica de capital”. Esse capital especializa o campo e garante a construção de
certas fronteiras. Cada campo tem seu capital simbólico próprio. Isso faz parte de
sua especificação, cria sua identidade e diferencia um campo dos demais. Isso só é
possível pela disposição especifica dos capitais simbólicos. Os detentores dos
capitais simbólicos são os agentes sociais que:
A noção de campo evidencia que o que está em jogo dentro do campo é a disputa
do capital do poder simbólico. A disputa é sobre o manuseio de “uma categoria
particular de sinais e, deste modo, sobre uma visão e o sentido do mundo natural e
social” (1989, p.72). Daí a necessidade no campo intelectual de fundar novos
capitais simbólicos, buscando instituir um novo poder Na instituição do novo poder,
novos elementos são necessários e exigidos dos agentes. É preciso uma
diferenciação e aí reside a diferença entre história objetiva e história incorporada O
hábitos é a história incorporada pelo agente.
A questão para nós é se a história do serviço social que muitas vezes parece
centrar-se na história do conservadorismo e na história do PEP, traz em si esses
elementos descritos. De que os agentes se apropriaram? Quais os investimentos
feitos por esses agentes? Há uma disputa ou há uma crença na disputa e essa
crença é o fator de inserção e permanência no campo do serviço social?
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Os intelectuais são agentes que disputam entre si, no campo cientifico, e o fazem
em situações desiguais de disputa dentro do campo. Ser intelectual, fazer parte
desse campo, implica no compartilhar, num certo momento de um ponto de vista. E
deter o monopólio de bens culturais. Assim sendo, ser intelectual é partilhar de um
ponto de vista que é ou que se quer monopolista, exclusiva, majoritária ou como
diria Gramsci, hegemônica. Essa busca pelo discurso hegemônico, ou seja,
monopolista é a criação da cultura legítima, que não é nem definida nem defendida
pela base. A inovação obriga os intelectuais a saírem dos limites do campo:
Eis aqui características do posicionamento dos sujeitos no campo que nos interessa:
os agentes no campo intelectual: se dispõem, compõem e opõem-se, obviamente, a
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Esse confronto parece ser de uma “nova” ortodoxia – regularmente encarada como
revolucionária – tentando substituir outra que quer permanecer no mesmo lugar. Na
dinâmica desse “confronto” encontra-se a tríade de transmissão, difusão e
legitimação e que resulta na conquista da consagração no campo. A disputa é pelo
controle dessa tríade. No entorno dela criam-se instituições, agentes, espaços,
regras e critérios. Esses elementos são constitutivos do processo de legitimação.
Atendê-los é ter um passaporte para circular no campo sem ser marginal. A
condição de marginal no campo refere-se ao lugar não legitimado.
O campo impõe uma luta que é classificatória tanto interna quanto externamente. A
discussão do conservadorismo e do PEP tem a ver com esse sistema que
estabelece lugares para seus agentes, instituições. O que podemos afirmar é que a
discussão da presença, permanência ou prevalência do conservadorismo no campo
do serviço social e os riscos existentes – ou não – ao Projeto Ético Político - PEP
não são oriundos da base da categoria e nem nela parece ter esteio – isso será
melhor evidenciado no capítulo 3 –, mas, os elementos presentes no campo já
sinalizam identificam os elementos que integram dentro do campo ora competindo,
ora combinando.
A relação entre “os dois caminhos” do serviço social, é colocada de forma pendular,
polarizada e binária. O marco nacional dessa polarização é o III CBAS, que entrou
para a história como o Congresso da “Virada”, em 1979. Boschetti (2015, p.641)
bem sintetiza esse processo.
Reagir, romper, superar e construir foram verbos que marcaram essa situação
“divisora das águas” no serviço social expressa pela autora acima. Ela coloca os
vários agentes envolvidos nessa transposição de hegemonia. Toda transposição de
hegemonia requer diferenciação, inovação, rotulação e, por consequência, pode
gerar estigmas: novo e o velho; o progressista e o tradicional; o crítico e o
conservador, todas as formas de organizar os sujeitos nas posições determinadas
dentro do campo.
O novo ciclo inovador iniciado pelo PEP quer ser hegemônico e para tanto segue os
mesmos caminhos da construção da hegemonia dentro do campo e formaliza-se.
Estabelecer-se hegemonicamente é querer ser matriz do pensamento, perdurar,
permanecer. A atitude de querer-se centro é comum tanto aos conservadores
quanto àqueles que se dizem progressistas; está presente nas esferas pública e
privada; é arma da ciência e do dito senso comum.
Os agentes dentro do campo serão por nós definidos como os intelectuais. Esses
intelectuais a partir de Gramsci são formados por duas vias: Uma consequente da
condição da inserção na gestão direta da economia geral, podendo ser intelectuais
de primeira e de segunda camadas, mas assim sendo por ocuparem o local de
classe dirigentes e com conhecimentos técnicos.
A obtenção do título de intelectual segundo Gramsci não pode ser dado àquele que
“só pensa” ou “só escreve” e nisso se encerra a sua produção no mundo. Nessa
questão o autor resolve uma dicotomia muito popularizada, uma crença moderna:
que o intelectual exerce essa forma única especifica e exclusiva. Segundo Gramsci:
Reconhecendo a relação de produção dos intelectuais como uma produção que tem
nas relações sociais sua raiz, o autor sinaliza a existência de duas fontes uma
privada e um a pública de origem/destino desses sujeitos na sociedade, que
Gramsci chamará de “planos superestruturais” (1995, p. 10): uma, a sociedade civil e
a outra, a sociedade política ou estado. Esta segunda exercendo o papel de
hegemonia, domínio direto ou comando.
Em seu texto Gramsci vai usar a questão da formação dos intelectuais em nível
macro, na relação entre as sociedades civil e política. Eu usarei essas mesmas
características para olhar o movimento do serviço social e dos seus intelectuais,
reconhecendo que dentro do campo há a materialização dessa correlação de forças.
O autor detalha qual a função dos intelectuais:
Com o paragrafo anterior explicitamos alguns elementos sem falar de outros que
dão sentido a sua existência. Gramsci articulou conceitos que dão sentido às minhas
afirmações: a construção do Estado moderno, a definição da sociedade civil, as
novas relações sociais menos calcadas na força, embora não menos violentas, e
mais na construção de “pactos”, a emergência da hegemonia, as novas estruturas
sociais que nascem da combinação desses fatores; todos esses elementos, de
forma combinada favoreceram um novo ordenamento à tessitura social,
experimentada de formas e tempos diferentes na construção dos estados no mundo
ocidental, pós Revolução Francesa.
(...) a sociedade civil tem, por um lado, uma função social própria: a
de garantir (ou de contestar) a legitimidade de uma formação
social e de seu Estado, os quais não tem mais legitimidade em si
mesmos, carecendo do consenso da sociedade civil para se
legitimarem. E, por outro, que ela tem uma materialidade social
própria: apresenta-se como um conjunto de organismos ou de
objetivações sociais, diferentes tanto das objetivações da esfera
econômica quanto das objetivações do Estado stritu senso. Digamos
que, entre o Estado que diz representar o interesse público e os
indivíduos atomizados no mundo da produção, surge uma esfera
pluralista de organizações, de sujeitos coletivos, em luta ou em
aliança entre si. Essa esfera intermediária é precisamente a
sociedade civil, o campo dos aparelhos privados de hegemonia, o
espaço da luta pelo consenso, pela direção político-ideológica (não é
aqui necessário falar sobre o papel dos partidos políticos nesse
quadro: o de agregar as correntes dominantes na sociedade civil, de
promover uma síntese política que sirva como base para a
conservação da velha dominação ou para a construção de um novo
poder de Estado). Quando surge esse mundo intermediário da
"sociedade civil", e quando ele não está totalitariamente subordinado
a um Estado despótico, podemos dizer que a sociedade passou de
seu período meramente liberal para um período liberal-democrático.
(2011, p.16). Grifos meus
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pode, por sua vez, explicar a “mesclagem” entre o serviço social e as politicas de tal
forma, via Estado, que a profissão tem se confundido com as politicas públicas, ou
melhor, tem se confundido com as tarefas das politicas públicas. Essa “mesclagem”
só se tornou possível via produção intelectual e ocupação de espaços públicos-
estatais por parte dos intelectuais do serviço social. Assim sendo, os intelectuais
trouxeram para dentro do campo do serviço social o Estado não como ente a ser
superado, como colocado no pensamento marxista, mas como ente a ser ocupado e
administrado numa determinada perspectiva de classe não compatível com a própria
existência do Estado.
Obviamente que nos primeiros anos não tínhamos intelectuais do serviço social
brasileiro atuando nem na formação nem na produção de materiais que orientassem
a formação. As fontes intelectuais originais do serviço social brasileiro vieram de
início da Europa e depois dos Estados Unidos como já documentado nas vias
formais de transmissão de conhecimento em serviço social.
Miceli destaca que todos aqueles que quisessem postular a condição de intelectuais,
àquela época pertenceriam a três grupos:
É possível então afirmar que o surgimento da formação em serviço social foi uma
demanda da atualização das forças econômicas, políticas sociais e culturais daquele
momento que gestavam o poder na época. Também é possível afirmar que a tutela
do estado estava presente, desde a autorização para a formação e futuro espaço de
empregabilidade, embora os espaços que sediassem a formação guardassem, em
sua maioria, franca relação com a organização católica, uma das vias já instituídas
de formação de pensamento e de pensadores.
Eis o avanço do Ensino Superior no Brasil. Avanço esse aproveitado pelos grupos
particulares, e, em particular, a Igreja Católica que segundo Miceli:
Dessa forma a Igreja Católica se organizava para a nova fase de sua coligação com
o poder. Esse movimento tem alta influencia na história do serviço social. A gênese
da profissão no Brasil é por dentro da Igreja e de sua auto-organização junto ao
estado e suas demandas. E coube a igreja uma tarefa. Essa coligação acabou por
exigir uma atualização interna da Igreja enquanto instituição que estava ocupando
espaços que o regime vigente estava disposto a ceder. A criação da Ação Católica
em 1935, “moldada segundo padrões italianos”, mostrou que a intelligentzia leiga
precisava ser re-organizada, agrupada. Essa intelligentzia leiga é essa fração não
econômica da classe dominante “que vem especializando desde os tempos do
Império, no desempenho das funções política e intelectuais”. (Miceli, p133). Já
Raimundo Faoro (2002) se refere a essa fração da sociedade, tinha grande
influencia social, como o estamento burocrático que mesmo não sendo uma classe e
estando a serviço dos donos do poder e de suas organizações. Isso explicaria o
monopólio burguês e urbano na formação e na chancela da condição de intelectual
no Brasil, já que precisam ser profissionais liberais ligados direta ou indiretamente a
alguma estrutura estatal. Quanto a esse movimento Miceli destaca:
Cabe fazer uma consideração ao texto de Miceli. Embora ele centre sua discussão
nos intelectuais da literatura, muitos elementos históricos e algumas análises são
úteis para a discussão que propomos. Um dessas passagens refere-se a um
fragmento de poema de Drummond (apud Miceli) em que ele afirma:
Para permanecer num lugar interessante do campo, cada letrado, quem produz,
cada intelectual, cada pesquisador, em linguagem contemporânea, precisa atender a
demandas político-ideológicas para que sejam alçados à condição de membros da
classe dirigente. Membros da classe que acabam por criar regras e critérios de
ascensão, de manutenção ou de barragem de movimentação dos sujeitos,
orquestrando as diferenças. No caso do serviço social, essa experiência a nosso
ver, condicionou a produção intelectual da categoria a sua prestação de serviços
públicos estatais. A produção científica em serviço social está condicionada, em sua
maior parte, às atividades do estado. Pode estar aí uma das confusões que a
atividade profissional criou – e mantem – posto que tanto os profissionais, que
parecem não se ver fora da estrutura do Estado, quanto os usuários confundem a
profissão com o próprio estado, suas funções e práticas.
O autor refere-se aqui ao período histórico entre 1970 e 1995, tecendo análises
acerca do contexto e da produção intelectual da ciência social brasileira. Nesse
período, o serviço social teve o Congresso da Virada, em 1979, a profissão teve a
sua mais atual Lei de Regulamentação, em 1993, e seu Código de Ética Profissional
também em 1993, que vige até hoje. Esses três elementos são símbolos no e do
serviço social que constituem o projeto ético político. Usando o movimento de
reconceituação como marco, tivemos, para consumar o projeto inovador, que ter
novo currículo, nova lei de regulamentação e novo código de ética: resignificamos os
símbolos. Houve uma apropriação destes e sua renovação.
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Foi ainda nesse período descrito por Micele que houve o período da dissolvição da
ditadura militar, o início do processo de democratização, em 1985, houve a escrita
da nova Constituição Federal, em 1988, e o início dos seus desdobramentos,
desencadeando uma série de políticas públicas e sociais na linha dos direitos na
perspectiva burguesa, mesmo com o Estado assumindo responsabilidades antes
não existentes.
Pode estar nesse aspecto histórico uma pista para entendermos a influência da
militância politizadora na direção da formação dos profissionais e na criação da
classe dirigente e intelectual da categoria. Podemos perguntar se foi essa
característica a responsável, no caso do serviço social, por criar a direção do Projeto
Ético Político. Ainda segundo Miceli, existiam a essa época dois modos de enxergar
os intelectuais. O primeiro consistia em entende-los como:
Na área das ciências sociais, espaço da ciência onde o serviço social figura com o
adjetivo de aplicadas, e de onde retira boa parte de conceitos e muitos de seus
pensadores, foi desenhando da seguinte forma, segundo Miceli:
No Brasil, temos dois marcadores históricos que nos dão informações sobre a
denominação conservadora bem como da denominação progressista, raiz do PEP
no serviço social. São eles o Movimento de Reconceituação e o Congresso da
“Virada”.
O Livro de Macedo é de 1982, em sua 2ª. edição, utilizada por nós, escrito 3 anos
pós-Congresso da Virada. Destaco essa informação por considera-la fundamental
para nossa discussão: a produção de serviço social, referindo-se à pluralidade de
ideias presentes no campo do serviço social, e vemos a antiguidade disso, não cita
os intelectuais dessas ideias. São “diferentes orientações teóricas”, “concepções
distintas”, “correntes epistemológicas distintas”, mas quem são os intelectuais, os
produtores culturais dessa diversidade na América latina e no Brasil? Esses dados
são invisibilizados. Uso o termo invisibilizados porque não são debatidos na
formação. O debate, que dá visibilidade à diversidade de opiniões parece ter sumido
do campo do serviço social.
Outro elemento importante nos traz a autora quando sinaliza a polaridade: “de um
lado os elementos que indicam sua proposição básica e, de outro os elementos com
os quais se pretende romper” (p.62). A autora sinaliza a criação dos dois grupos,
que gerará a polaridade que marca esse período e arrasta-se na
contemporaneidade: o que se tem e o que se quer mudar. Ao mesmo tempo, a
autora dá uma pista que o segundo grupo é constituído sobre a “pretensão de
ruptura”. O grupo da “pretensão de ruptura” se auto-intitulará como crítico do serviço
social, em oposição aos tradicionais, que só mais tarde serão denominados de
conservadores.
1967 ARAXÁ 38 assistentes sociais discutindo a A profissão havia sido O Centro Brasileiro de
“Teorização do Serviço social”. O centro regulamentada, 10 anos antes Cooperação e
do debate era: em 1957. Escolas de Serviço Intercâmbio de Serviços
Considerações sobre a natureza Social já estavam presentes em Sociais- CBCISS com
do serviço social, todas as regiões do país. 31 cooperação da UNICEF
Objetivos do serviço social; anos do início da primeira.
Funções do serviço social Movimento de Reconceituação
avançava na América Latina.
Primeiro esforço de teorização
do Serviço Social durante a
ditadura. Perspectiva
modernizadora da profissão.
Uma tradicionalismo com novas
bases.
1970 TERESÓPOLIS 33 assistentes sociais presentes. Tema: 34 anos depois do inicio da CBCISS
“Metodologia do Serviço Social”: formação de assistentes sócias
Concepção científica da prática do no Brasil. Perspectiva
serviço social; modernizadora da profissão.
Aplicação científica da Nele o moderno supera o
metodologia do serviço social; tradicional.
Segundo entrevista dada por profa. Leila lima Santos à profa. Marilda Iamamoto
(2007):
Na mesma entrevista profa. Leila trouxe outras características do que na época era
considerado o serviço social tradicional:
Netto (2007) resume esse período com sinalizando a existência de três forças: a
primeira foi a perspectiva modernizadora e aí figuram os documentos de Araxá e
Teresópolis; a segunda a perspectiva de reatualização do conservadorismo, ou um
conservadorismo que queria cientificizar-se; e a terceira que o autor chamou de
“intenção de ruptura”. Nesse lugar ele colocou o método BH e a obra de Iamamoto.
Netto ainda destaca que essa terceira perspectiva: “evidenciou-se e explicitou-se
primeira e especialmente como produto universitário sob o ciclo autocrático burguês”
(p.251). Netto sinaliza os movimentos existentes no interior do serviço social no
caminho de sua teorização e auto-revisão, e, ao mesmo tempo foi hábil em colocar o
termo “intensão de ruptura”. Essa habilidade nos permite inferir a ideia de ruptura
como uma construção, como um movimento e não como uma realidade dada. O
intensão é algo que se quer materializar. A intensão é um produto histórico, mas
ainda não ganhou corpo. O fato do celeiro da “intensão de ruptura” ter sido a
universidade justifica-se por conta de nesse período histórico, ser a universidade um
dos espaços de resistência á ditadura. O esforço de “ruptura” com o tradicional veio
do campo intelectual. Foi uma proposta do campo intelectual à profissão.
Os novos intelectuais que emergiam tinham um alvo par construir a crítica. Segundo
ESCORSIM:
A ideia do PEP tem aí o chão de seu surgimento, mas só aparecerá com certo corpo
a partir dos anos de 1990. A invenção do conservadorismo como objeto científico a
ser combatido no serviço social dá substrato e até cria a necessidade da academia
responder o que “fica no lugar” do que a própria academia critica batizou de
“conservadorismo ou tradicional”. E é nesse período e processo que a expressão
82
O novo que se quer referência, e aí está o pensamento crítico no serviço social que
se coloca em oposição ao pensamento tradicional, colocou uma questão que é a
diferença entre a história objetivada e a história incorporada. Aí também pode ser
identificado a existência da experiência da “invenção” de novas tradições. É possível
que a história objetivada, por exemplo, afirme que todos e todas as assistentes
sociais, ou que o serviço social, como um corpo monolítico, aderiram à “virada da
profissão”. Mas nos parece que essa não é a história incorporada, embora repetida
seja.
83
Novas formas de ver e fazer a profissão fundaram novos caminhos e sujeitos para a
profissão, mas todas essas mudanças concentraram-se no campo da formação
profissional, principal via de formulação dos discursos profissionais.
Esses três depoimentos colocam o III CBAS como consequência e não com causa.
Foi um marco construído pelas entidades, em especial pela sindical, e teve como
esteio uma nova leitura da realidade, ventilada desde o movimento de
reconceituação, incorporado via ciências sociais, à leitura de intelectuais e
sindicalistas, que colocou a discussão dos assistentes sociais como trabalhadores e
com a inclinação a opção pela classe trabalhadora. Márcia Pinheiro afirmou:
85
Vejo um fio condutor só: aquele grupo que foi influenciado pelo vento
latino-americano, buscando por meio dessa corrente um Serviço
Social situado localmente, ou seja, um Serviço Social latino-
americano sintonizado com a libertação do povo latino-americano e
do povo brasileiro. Esse mesmo movimento gerou companheiros/as
sindicalistas que fizeram e trouxeram para o Serviço Social uma nova
visão de aliança estratégica com os/as trabalhadores/as. E é essa a
grande perspectiva de que esse Congresso consagrou, mudando as
antigas referências práticas e políticas – ainda que tenha que mudar
muito mais. (2009, p.75).
A renovação tem lado. Mas algo permanece: é preciso dar conta do processo de
institucionalização da profissão; é preciso inovar com reconhecimento social da
profissão. Ou seja, é necessário inovar, mas sem perder a legitimação que o próprio
tracejado, tradicional, conseguiu construir.
Se tomarmos por marco o ano de 1979, o serviço social brasileiro já tinha uma
regulamentação profissional de 1957, nenhuma revisão curricular – a primeira ocorre
em1982 – e já tinha passado por 3 dos seus 5 Códigos de Ética, conforme tabela
abaixo:
1947 Forte carga moral. Crê no desajuste da pessoa. Pós Segunda Grande Guerra Mundial. Não havia
(Introdução, III); Forte carga religiosa cristã. (Seção II, I.1); regulamentação da profissão que só chegaria em
Compreensão privada da categoria profissional.(Seção III, 1957. Aprovado em Assembléia Geral da
I.2).. Associação Brasileira de Assistentes Sociais
(ABAS) – Seção São Paulo, em 29‐IX‐1947
1965 Concepção determinista do homem. (Introdução, 4); Foco Pós Golpe de 1964. Já havia a regulamentação
na família, na estabilidade e integridade, de forma ainda de 1957. O código foi chancelado Conselho
moral. (Capítulo II, art. 6). Foco na integração social. Federal de Assistentes Sociais – CFAS, no uso
(Capítulo II, art. 7), o problema é na pessoa humana. suas atribuições conferidas pelo item IV art. 9° do
Estabelece a metodologia de Caso, Grupo e Comunidade. Regulamento aprovado pelo Decreto 994 de 15
(Capítulo II, art. 7). Compreensão privada da categoria de maio de 1962.
profissional. (Art. 21, inciso único). O profissional de
87
1975 Estabelecem-se sinais de articulação entre a formação, a Pleno milagre econômico. Foi aprovado em 30 de
conduta ética profissional e a organização da categoria. janeiro de 1975 em plena ditadura, em meio ao
(Introdução). Foco na pessoa humana. Foco na integração processo que desencadeou o Movimento de
social através dos princípios da autodeterminação, da Reconceituação
participação e da Subsidiariedade. Reconhecimento do
serviço social como profissão liberal (Capítulo I, II a).
Ainda trás a herança moral (Artigo 5, IV a).
1993 Sinaliza as mudanças no Brasil articulando-as com as Resultado da reavaliação do Código de 1986.
mudanças da profissão (Introdução). A ética tem como Tem forte carga de lutas democráticas que
suporte a ontologia do ser social. Explicita onze princípios desencadearam na Constituinte de 1988 e suas
fundamentais. Conserva algumas características do conseqüências. Foi aprovado em 15 de março de
código de 1986 1993 com as alterações introduzidas pelas
Resoluções CFESS N.º 290/94 e 293/94.
A “virada” vai chegar aos currículos de serviço social primeiro em 1982 com a
questão do Currículo Mínimo em Serviço Social vigente desde 1982 (Parecer CFE nº
412, de 04.08.1982 e Resolução n.º 06 de 23/09/82) e depois em com as Diretrizes
Curriculares da ABEPSS em 1996, mas instituída pelo MEC em 2000. A mudança
do Código de Ética consonante com “intensão de ruptura” se inicia em 1986, conclui-
se com a revisão do Código em 1993 e depois, junto com a nova Lei n° 8.662, de 7
de junho de 1993queRegulamenta a profissão, convergem-se os 3 elementos que
criam o PEP.
2.2.1 O pensamento....
Para nós não há com discutir o PEP sem discutir o conservadorismo. Nisso consiste
a intenção de ruptura: demonstrar o tensionamento e a ligação entre esses dois
elementos. O importante a considerar, observando o trazido por ORTIZ, é que o
conservadorismo tem consistência e sua fonte é a auto-organização do modo de
produção e reprodução de vida burguesa e da cultura burguesa. No âmbito do
serviço social, por imposição da “renovação” é mais provável termos mais detalhes
sobre os elementos do PEP do que sobre os elementos conservadores no serviço
social e suas manifestações.
PEP, que muitos sinalizam como risco, penso que tem a ver com nossa baixa
compreensão do conservadorismo e suas potencias.
Na origem do serviço social tanto o fazer quanto o pensar eram sustentados por
valores judaico-cristãos, cuja forma sobrenatural de ler o mundo remetia à pobreza a
um castigo, um pecado, cuja intervenção dependia da bondade e da caridade de
outros. Autores como IAMAMOTO e CARVALHO (1989); IAMAMOTO (2004) ,
NETTO (2007) e FALEIROS (2006), debruçaram-se sobre esses aspectos, dentre
outros, produzindo analises sobre a gênese do serviço social. Todos afirmam que
essa discussão contribui para a auto-representação da profissão. O segundo
momento, quando a profissão se institucionalizou, ou seja, quando o fazer
profissional é incorporado pelo Estado como consequência do movimento do capital
monopolista no Brasil (NETTO, 1992) saímos do mandato da Igreja Católica para o
Estado, mas ainda ficamos sob mandato. Apenas mudamos de “senhor” sem que
isso tenha, num primeiro momento alterado o lugar da profissão. O que era caridade
virou política pública, mas conservava a mesma intencionalidade de deixar cada um
em seu lugar. Saímos de um teocentrismo para um antropocentrismo, mudamos a
forma conservadora de ser. Mudamos mas ficamos iguais.
Burke fez uma crítica ao ideal iluminista atentando-se aos riscos que este poderia
dar. Criticou a ascensão do racionalismo, cuja força estava nas questões da
liberdade e da igualdade entre os homens criticou o liberalismo que ora se iniciava
como uma nova expressão civilizatória. Naquele momento, a revolução burguesa da
França, sustentou-se na perspectiva liberal, naquele momento progressista e
revolucionária para opor-se ao absolutismo, conservador. Ainda referindo-se a esse
momento marco da história, REIS afirmou que:
92
Desse autor, podemos deduzir e concluir dois movimentos: primeiro que não é
possível perseguirmos na história uma ontologia do conservadorismo e, em segundo
momento que as práticas revolucionárias, liberais e conservadoras embora
confluentes num determinado momento histórico, não são sinônimos.
É bom explicitar o que esse autor chama de “superfície das coisas”. Para ele é o
mundo do significado das coisas que só existe pelo ato dos sujeitos incorporarem
esse sentido oriundo do organismo social em que vivem.
93
Já para SILVA:
Essa leitura sobre o conservadorismo é usada pela autora para expor seu ponto de
vista sobre o processo de “renovação” que o serviço social inicia e que tem como
norte o desenvolvimento do PEP. Já em sua produção, O serviço social na
contemporaneidade, de 2000, a mesma autora destaca outras influencias:
Ainda estudando Nisbet, a autora constata que o conservadorismo nasce como uma
crítica ao Iluminismo, ao capitalismo e a centralização política. Destaca que em
alguns momentos o conservadorismo e o socialismo estão ao mesmo lado, contra o
liberalismo. Das três ideologias que coexistem no mundo: liberalismo,
conservadorismo e socialismo, a menos estudada é o conservadorismo. Isso sem
97
2.2.2 Os pensadores....
98
sua crítica de 2015 de Valéria Forti e Yolanda Guerra (2015). A primeira publicação
de SILVA (2012) versou sobre uma pesquisa feita com 40 assistentes sociais e
buscou saber a ligação entre formação e intervenção profissional à luz do PEP.
Essas duas últimas, de 2013 e 2015, centram sua discussão nos 11 princípios do
Código de Ética Profissional, um dos elementos do PEP. Existe uma escolha de
centrar a discussão do PEP no Código de Ética, que é um de seus elementos. Na
pesquisa realizada em 2010 por Silva constatou-se que as assistentes sociais
entrevistadas quando chamadas a identificar onde na formação tiveram contato com
o PEP, admitiram vê-lo de forma mais concentrada na disciplina de Ética.
Esse fenômeno pode ter se produzido por conta da forma com que a tradição
marxista foi se chegando à profissão. Nobrega apud Santos (2007) afirmou que:
Total 20 119 4
Fonte: Banco de dados da Pesquisa, 2018.
Marilda Iamamoto O Serviço Social brasileiro, nas últimas O conservadorismo não é apenas a
décadas, redimensionou-se e renovou-se no continuidade e persistência no tempo de um
âmbito da sua interpretação teórico- conjunto de ideias constitutivas da herança
metodológica no campo dos valores, da intelectual europeia do século XIX, mas de
ética e da política. Realizou um forte embate ideias que, reinterpretadas, transmutam-se em
com o tradicionalismo profissional e seu uma ótica de explicação e em projetos de ação
lastro conservador e buscou adequar favoráveis á manutenção da ordem capitalista.
criticamente a profissão às exigências do Isso aproxima os pensamentos conservador e
seu tempo, qualificando-a academicamente. racional, apesar de suas diferenças, como
E o Serviço Social fez um radical giro na sua portadores de um mesmo projeto de classe
dimensão ética e no debate nesse plano: para a sociedade. (1982)
constituiu democraticamente a sua base
normativa, expressa na Lei da
Regulamentação da Profissão, que
estabelece as competências e as atribuições
profissionais, e no Código de Ética do
Assistente Social, de 1993. (1999)
José Paulo Netto (1999) É no trânsito dos anos oitenta aos noventa É neste contexto que o histórico
do século XX que o projeto ético-político do conservadorismo do Serviço Social brasileiro,
Serviço Social no Brasil se configurou em tantas vezes reciclado e metamorfoseado,
sua estrutura básica19 – e, qualificando-a confrontou-se pela primeira vez com uma
como básica, queremos assinalar o seu conjuntura em que a sua dominância no corpo
caráter aberto: mantendo seus eixos profissional (que, sofrendo as incidências do
fundamentais, ela é suficientemente flexível “modelo econômico” da ditadura, começa a
para, sem se descaracterizar, incorporar reconhecer-se como inserido no conjunto das
novas questões, assimilar problemáticas camadas trabalhadoras) podia ser contestada –
diversas, enfrentar novos desafios. Em uma vez que, no corpo profissional, repercutiam
suma, trata-se de um projeto que também as exigências políticas e sociais postas na
é um processo, em contínuo ordem do dia pela ruptura do regime ditatorial.
desdobramento.(1999 (1999)
Carlos Montano Um projeto profissional não é algo isolado, Por outro lado, resulta claramente endogenista
mas necessariamente inspirado em e (voltarse-á a isto) pensar que a constatação de
articulado com projetos societários. que a profissão cumpre um papel particular na
Portanto, o projeto profissional importa, reprodução do sistema social (acumulação de
redimensiona e se insere em determinados capital, manutenção das relações sociais e do
valores, ideologias, projetos, articulado com status quo) acarretaria automaticamente no
atores sociais que representam os valores, suposto caráter “conservador” de seus
ideologias e projetos profissionais membros; ou supor que este papel pode ser
hegemônicos. Além disso, os projetos revertido pelo posicionamento “progressista”
profissionais não só se inserem em projetos dos mesmos. O caráter funcional da profissão
e valores sociais mas estão, de alguma (ainda que tenso e complexo) depende mais
maneira, condicionados pelo lugar que dos determinantes estruturais e da correlação
ocupam na correlação de forças na de forças e dinâmicas sociais do que das
sociedade. · Um projeto profissional, se opções de seus membros (sejam estes
legítimo e plural, mesmo que articulado “conservadores” ou não). Uma coisa é
com uma determinada correlação de conceber o papel do Serviço Social na
forças internas desdobra-se em um projeto reprodução da ordem dominante, outra é
de formação profissional, em um código de supor que o indivíduo é quem é
ética, em uma organização acadêmica e/ou conservador. Este equívoco é extremamente
corporativa profissional, que estabelecem comum na profissão, o que levou, algumas
relações e interlocução com atores sociais vezes, a se atribuir um caráter
em função da articulação de seus valores e necessariamente conservador aos
projetos. (2006) assistentes sociais de outrora (os
precursores) ou a se considerar o assistente
social como “agente de transformação”. Nem
necessariamente “conservador” nem “agente de
transformação”. (2006)
Maria Lúcia Barroco Em primeiro lugar cabe refletir sobre as A reatualização do conservadorismo é
bases sociais do nosso projeto ético-político. favorecida pela precarização das condições de
Sabemos que seu surgimento foi trabalho e da formação profissional, pela falta
determinado fundamentalmente em função de preparo técnico e teórico, pela fragilização
de certos(as) sujeitos e condições históricas: de uma consciência crítica e política, o que
o protagonismo da profissão, em seus pode motivar a busca de respostas pragmáticas
setores progressistas, contando com o e irracionalistas, a incorporação de técnicas
processo de reorganização das classes aparentemente úteis em um contexto
trabalhadoras e dos movimentos fragmentário e imediatista. A categoria não está
democrático-populares, no contexto de imune aos processos de alienação, à influência
104
Ivanete Boschetti A reação a essa herança conservadora, Este é um tema recorrente no campo do
nomeada pelo autor como “intenção de Serviço Social, pois, não raro, análises
ruptura”, começa a se gestar timidamente conservadoras reiteram que existiria um
nos anos 1960, ganha densidade a partir do fosso entre um projeto de formação baseado
final dos anos 1970, e forja coletivamente o na teoria crítica marxista e uma prática
Projeto Ético-Político, que tem no profissional que não incorporaria essas
Congresso da Virada de 1979 sua mais referências teóricas e incorreria em
emblemática expressão. Conforme sinaliza trabalhos profissionais conservadores e
o autor, a reação ao conservadorismo e a reiterativos. Em outros termos, essas análises
construção do Projeto Ético-Político insistem em reafirmar que existe um enorme
Profissional só foram possíveis pela distanciamento entre uma vanguarda
conjunção de importantes processos. profissional que afirma e defende o Projeto
Primeiro, pela incorporação da teoria Ético-Político — e aqui se incluem, sobretudo,
crítica marxista no âmbito da pesquisa e docentes e direção das entidades — e uma
da produção de conhecimento pelo base de assistentes sociais que estaria cada
Serviço Social, que alçou a profissão à vez mais desconectada profissional e
estatura das melhores produções críticas politicamente desse projeto. Esse
existentes sobre questão social, política distanciamento, dizem essas análises, resultaria
social, direitos e emancipação, de um avanço do conservadorismo no âmbito
fundamentos do Serviço Social, ética, e da prática profissional, que afastaria os(as)
lhe permitiu romper com o pensamento assistentes sociais da vanguarda profissional e
conservador predominante nas ciências estaria na base de um processo de derruição do
sociais. Segundo, pela articulação do Projeto Ético-Político Profissional. (2015)
Serviço Social com movimentos sociais e
partidos políticos anticapitalistas, o que lhe
atribui um compromisso ético-político e
profissional com as classes trabalhadoras,
incrustado em nosso Código de Ética
Profissional. Terceiro, pela superação do até
então monopólio conservador que orientava
a formação e o trabalho profissional, por
meio do confronto crítico de ideias, valores,
princípios e teorias. E quarto, pela
construção de uma organização teórica-
política-profissional — Conjunto
CFESS/Cress, Abepss e Enesso —
comprometida com valores e lutas
anticapitalistas (Netto, 2009, p. 149).(2015)
Ana Maria Vasconcelos É pelo conjunto da prática dos assistentes A profissão, do seu desenvolvimento até os
sociais que a profissão de Serviço Social é anos 60, não teve polêmica de relevo que
reconhecida ou não, valorizada ou não, ameaçasse o bloco hegemônico conservador
respeitada ou não, conquistando sua que dominou tanto a produção do conhecimento
autonomia e espaços ou não. Nesse sentido como as entidades organizativas4 e o trabalho
é que o estudo inicia uma análise da profissional. Alguns assistentes sociais com
106
serviço social, chegou a mesma conclusão: o projeto ético político da categoria não
tem uma discussão aprofundada na formação, possibilitando assim uma
compreensão difusa dos discentes que serão futuros profissionais. Na mesma
pesquisa foi constatado que os/as assistentes não usam o PEP como instrumento
de trabalho, como meio e que ele aparece como um mosaico de ações.
Ainda sobre o aspecto trazido por Boschetti, não me arrisco a estabelecer uma
relação de “culpa”, mesmo porque isso seria uma prática judaico-critã de análise.
Mas acredito que existe – e os dados da história mostram isso – uma parcela de
agentes que foram mobilizadores, lideres e ordenadores da construção do PEP. O
movimento de construção do PEP foi uma necessidade que teve nas condições
objetivas sua fonte, mas que não foi debatido com a base. Da mesma forma, o
conservadorismo em todas as suas versões também não foi. O debate sobre o PEP
ainda se circunscreve à academia e aqueles que participam das instancias
organizativas da categoria.
Como tratado anteriormente, a nosso ver, o conservadorismo e PEP são dois lados
da mesma moeda na trajetória do serviço social no Brasil. A existência do PEP
remete a existência do pensamento conservador. E o fio condutor dessa discussão é
a formação dos intelectuais em serviço social, em especial desses novos intelectuais
que emergem do movimento de reconceituação e, convencidos da necessidade de
resignificar o serviço social sem um horizonte de como isso resignificaria os
profissionais do serviço social. O serviço social e os assistentes sociais não são
sinônimos nem o mesmo ente. Modificar as bases de fundamentação, mudar a
orientação da profissão e até a formação, não implica em mudar a forma como os
docentes, discentes e profissionais trabalharão e é no mundo do trabalho, no mundo
concreto que percebemos a aderência ou não ao novo proposto e suas adaptações.
Netto sinaliza elementos importantes não apenas para olharmos o PEP mas par
analisarmos a presença do conservadorismo: Ela destaca a presença do corpo
profissional “não apenas os profissionais “de campo” ou “da prática”. Estes
profissionais são maioria na categoria profissional. A minoria é representada pelo
campo da docência, e no caso do serviço social, são a maioria docentes que
ocupam as entidades dirigente da categoria. Sobre esse aspecto discutiremos
noutro momento. Ao que o autor chama de corpo profissional, Bourdieu chama de
campo. E no que se refere a esse campo, os profissionais de “da prática”
encontram-se em desvantagem, ainda que sejam a maioria.
TABELA 4. PERFIL DOS MEMBROS TITULARES E SUPLENTES DAS GESTÕES CFESS 2005 A
2017
ATIVIDADE ANO DE GESTÃO
PROFISSIONAL N %
2005-2008 2008-2011 2011-2014 2014-2017
DOCENTE 12 14 15 12 53 75,7
NÃO DOCENTE 2 4 1 6 11 15,7%
NÃO INFORMADO 4 2 6 8,6%
Fonte: Banco de dados da Pesquisa
É preciso saber de nós mesmos porque dependemos do que nós não conhecemos.
Conhecemos nossa profissão? A categoria? Nossas produções e produtores?
Conhecemos o projeto ético político e sua outra face, o conservadorismo? Onde, em
que espaços e com que formas e frequências eles se apresentam a nós? O esforço
nesse capítulo é dar visibilidade a essas questões e sinalizar caminhos.
Uma vez já compreendido o campo, seus agentes e mecanismos, torna-se mais fácil
lançamos o olhar sobre as produções desse campo, os espaços por onde essa se
materializa e quem são seus produtores e leitores.
A escolha por esses espaços se deve ao fato deles se colocarem como principais
espaços de produção cientifica e intelectual da categoria: o CBAS, os ENCONTROS
NACIONAIS DA CATEGORIA e o ENPESS, organizados pelas principais entidades
organizativas da categoria: os dois primeiro pelo Conjunto CFESS/CRESS o último
pela ABEPSS. Todos são espaços-vitrine, combinando a exposição de trabalhos, no
caso dos CBAS e dos ENPESS, e de organização do plano de ação da categoria
onde se define um instrumento chamado agenda de lutas, no caso dos Encontros
Nacionais da categoria.
Limitamos o período de 2006 a 2016 por que nesse período a profissão entrou nos
seus 80 anos; A ABESS fez 70 anos, O Movimento de Reconceituação fez 50 anos;
O Congresso da Virada fez 30 anos, A Revista Serviço Social e Sociedade fez 30
anos e as Diretrizes Curriculares completaram 20 anos. Com essas variáveis
chegamos aos seguintes números de fonte de dados:
O título dessa sessão não é uma certidão de nascimento. A Revista Serviço Social e
Sociedade da Editora Cortez, teve seu primeiro número em 1979, ano do Congresso
da “Virada”. Tanto a revista quanto a própria editora tem uma relação umbilical com
a disseminação de conhecimento em serviço social.
114
Destaco que fizemos uma seleção dos artigos que discutiam objetivamente o PEP
ou o conservadorismo. Observamos que a utilização de alguns “sinônimos” acabam
por afastar a discussão principal pra nós que é ver o trato dado ao que se chama de
Projeto Ético Político e conservadorismo.
124 NÃO PASSARÃO! OFENSIVA MARIA LÚCIA S. BARROCO ESTE ARTIGO DISCUTE O AVANÇO
NEOCONSERVADORA E ASSISTENTE SOCIAL, PROFA. DE DA DIREITA NO BRASIL PARA
SERVIÇO SOCIAL; ÉTICA PROFISSIONAL E APRESENTAR UMA CRÍTICA AO
COORDENADORA DO NÚCLEO DE IDEÁRIO CONSERVADOR E SUA
ESTUDOS E PESQUISA EM ÉTICA E ATUALIZAÇÃO NO
DIREITOS HUMANOS (NEPEDH) DO NEOCONSERVADORISMO,
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS- DESTACANDO SEUS VALORES,
GRADUADOS EM SERVIÇO SOCIAL SUAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO,
DA PUC-SP, SÃO PAULO SUA MORALIZAÇÃO DA REALIDADE
SOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES
PARA A ÁREA DE SERVIÇO SOCIAL,
VISANDO A SEU ENFRENTAMENTO
TEÓRICO E PRÁTICO.
RACISTAS, A EXTREMA-DIREITA SE
MANIFESTA NO CHAMADO A UM
GOLPE MILITAR.
2016 126 LÖWY, MICHAEL, EDMUND JAMERSON MURILLO ANUNCIAÇÃO O ARTIGO PROCURA RECUPERAR
BURKE E A GÊNESE DE SOUZA PROFESSOR O CONTEÚDO DAS IDEIAS
CONSERVADORISMO. ASSISTENTE I DO DEPARTAMENTO POLÍTICAS E DAS ANÁLISES DE
DE SERVIÇO SOCIAL DA BURKE SOBRE O PROCESSO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA REVOLUCIONÁRIO NA FRANÇA.
PARAÍBA, ATRAVÉS DE UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA, DESTACA AS
PRINCIPAIS POSIÇÕES DO
FUNDADOR DO
CONSERVADORISMO. O OBJETIVO
CONSISTE EM RECONSTRUIR A
ESTRUTURA ORIGINÁRIA DO
CONSERVADORISMO COMO UMA
DAS IDEOLOGIAS
CONSERVADORAS SURGIDAS NO
PERÍODO MODERNO.
80 ANOS DE SERVIÇO SOCIAL MARIA BEATRIZ COSTA ABRAMIDES O PRESENTE ARTIGO SE REFERE À
NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO DOUTORA EM SERVIÇO SOCIAL TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO
POLÍTICA E DIREÇÃO SOCIAL PELA PUC-SP, COORDENADORA SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO,
DA PROFISSÃO NO PROCESSO DO NEAM – NÚCLEO DE ESTUDOS CONSIDERADA A DIREÇÃO SOCIAL
DE RUPTURA COM O E PESQUISAS EM DA PROFISSÃO E O PROCESSO DE
CONSERVADORISMO APROFUNDAMENTO MARXISTA. RUPTURA COM O
SÃO PAULO/SP, BRASIL. CONSERVADORISMO. AS
DETERMINAÇÕES E OS CAMINHOS
DA PROFISSÃO SERÃO
ANALISADOS A PARTIR DO
PROJETO ÉTICO-POLÍTICO
PROFISSIONAL HEGEMÔNICO EM
SUA RELAÇÃO COM AS LUTAS
SOCIAIS E OS DIREITOS DOS
TRABALHADORES.
Talvez esteja nesse lugar de conectivo uma das sombras dessa discussão. Não há
uma produção elaborada pelos intelectuais conservadores em serviço social. Não há
produção que discuta o papel dos intelectuais nesse processo de ruptura. Não há
uma produção de material sobre essas questões para os profissionais não docentes.
A produção da discussão é de nós para nós mesmos, sem a mediação necessária
com o mundo concreto. E sem essa mediação, a discussão pode tornar-se estéril, e
toda hegemonia torna-se discursiva. Talvez Gramsci tenha se referido a isso
atentando a escolha que os intelectuais têm de fazer: ser um intelectual orgânico ou
não. São orgânicos aqueles intelectuais ligados à vida coletiva e suas formas de
produção e reprodução e que sabem que a capacidade intelectual não é um
privilégio ou uma dadiva.
serviço social. Ela parece denunciar que o que aflige a base da categoria não
é a mesma coisa que suscita a produção da academia. Ao mesmo tempo ela
também parece anunciar que é a classe dirigente, seja ela acadêmica ou
corporativa que vem indicando o que se deve discutir, secundário do que a
profissão é e para onde ela vai.
2. Sendo o CBAS o evento mor da categoria, dos profissionais o que o tutela
são os conselhos. Hoje essa coordenação é realizada por uma organização
denominada de Conjunto CFESS-CRESS, que deveria dar continenete a
todos as demandas dos profissionais em todos os espaços socio –
ocupacionais.
1947 SÃO PAULO - I CONGRESSO SEM TEMA CENTRAL CENTRO BRASILEIRO DE SERVIÇO SOCIAL
SP BRASILEIRO DE DEFINIDO AÇÃO SOCIAL –CEAS TRADICIONAL
SERVIÇO SOCIAL
CONGRESSO DA
VIRADA.
APROXIMAÇÃO
ENTREO PT E O
SERVIÇO SOCIAL
1989 NATAL –RN VI CONGRESSO "CONGRESSO CHICO CFAS, ANAS, ABESS E PRIMEIRO
BRASILEIRO DE MENDES - SERVIÇO SESSUNE CONGRESSO PÓS
ASSISTENTES SOCIAL: AS PROMULGAÇÃO DA
SOCIAIS RESPOSTAS DA CONSTITUIÇÃO
CATEGORIA AOS FEDERAL DE 1988
DESAFIOS
CONJUNTURAIS".
1992 SÃO PAULO - VII CONGRESSO "SERVIÇO SOCIAL E CFAS, ANAS, ABESS E TEMOS O PRIMEIRO
SP BRASILEIRO DE OS DESAFIOS DA SESSUNE IMPEACHMANT.
ASSISTENTES MODERNIDADE: OS FERNANDO COLLOR
SOCIAIS PROJETOS SÓCIO- DE MELLO É
POLÍTICOS EM SUBSTITUIDO POR
CONFRONTO NA ITAMAR FRANCO
SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA".
1995 SALVADOR – BA VIII CONGRESSO "O SERVIÇO SOCIAL CFESS, ABESS, ENESSO PRIMEIRO APÓS A
BRASILEIRO DE FRENTE AO E CEDEPSS, ÚLTIMA LEIN. 8662/93
ASSISTENTES PROJETO DE
SOCIAIS NEOLIBERAL EM REGULAMENTAÇÃO
DEFESA DAS DA PROFISSÃOE
POLÍTICAS E DA ÚLTIMO CÓDIGO DE
DEMOCRACIA". ÉTICA LEI 273/93
2004 FORTALEZA- CE XI CONGRESSO "O SERVIÇO SOCIAL CFESS, ABEPSS, PRIMEIRO CBAS NUM
BRASILEIRO DE E A ESFERA PÚBLICA ENESSO, E CRESS 3ª GOVERNO DE LULA. A
ASSISTENTES NO BRASIL: O REGIÃO PNAS É
SOCIAIS DESAFIO DE REGULAMENTADA
CONSTRUIR,
AFIRMAR E
CONSOLIDAR
DIREITOS".
2007 FOZ DO XII CONGRESSO QUESTÃO SOCIAL CFESS, ABEPSS, O PAC INICIA-SE.
IGUAÇU - PR BRASILEIRO DE NA AMERICA LATINA: ENESSO, E CRESS 11ª AVANÇA O ENSINO
ASSISTENTES OFENSIVA REGIÃO EAD EM SERVIÇO
CAPITALISTA, SOCIAL ATRAVÉS DA
123
2010 BRASILIA – DF XIII CONGRESSO “LUTAS SOCIAIS E O CFESS, ABEPSS, SEGUNDO MOMENTO
BRASILEIRO DE EXERCÍCIO ENESSO, E CRESS 8ª DE TEMATIZAÇÃO DO
ASSISTENTES PROFISSIONAL NO REGIÃO PROJETO ÉTICO-
SOCIAIS CONTEXTO DA POLÍTICO EM
CRISE DO CAPITAL: UMCBAS.
MEDIAÇÕES E A MOVIMENTOS PARA
CONSOLIDAÇÃO DO EFETIVAÇÃO DA LEI
PROJETO ÉTICO DAS 30 HIRS DA
POLÍTICO CATEGORIA
PROFISSIONAL”
Um dado a se destacar que dos 15 CBAS apenas 2 tinham em seu tema central o
Projeto Ético Político – o IX , de 1998 e o XIII de 2010 – todos pós Diretrizes
Curriculares acolhida pela categoria em 1996, aprimorada pelos especialista da área
de conhecimento da CAPES em 1999, e oficializada pelo MEC em 2000.
4682
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000 98 25 8
500
0
TRABALHOS PEP CONSERVADORISMO AMBOS
Desde 2016, os eixos de inscrição de trabalhos nos dois espaços são os mesmos:
No ENPESS eles são chamados de Grupo Temático de Pesquisa – GTP, criados em
2010 e no CBAS são chamados de Eixos Temáticos. São eles:
Trabalho, Questão Social e Serviço Social;
Política Social e Serviço Social;
Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho Profissional;
Movimentos Sociais e Serviço Social;
Questões Agrária, Urbana, Ambiental e Serviço Social;
Serviço Social, Relações de Exploração/Opressão de Gênero, Raça/Etnia,
Geração, Sexualidades;
Ética, Direitos Humanos e Serviço Social.
Com o objetivo de dar maior visibilidade à presença dos dados e vermos a evolução
da discussão na história desse espaço, comecemos pelo CBAS de 2007, cuja
temática foi: “QUESTÃO SOCIAL NA AMERICA LATINA: OFENSIVA
CAPITALISTA, RESISTENCIA DE CLASSE E SERVIÇO SOCIAL”.
835
900
800
700
600
500
400
300
200 16 6 3
100
0
TRABALHOS PEP CONSERVADORISMO AMBOS
128
Em 2010, o CBAS que também tinha um eixo específico para o debate, o mesmo
presente no CBAS de 2007, a disposição desenhou o seguinte frequência de
debate:
129
1132
1200
1000
800
600
400
32 1 0
200
constitui 13,3% dos temas centrais dos 15 encontros já realizados até 2016, mesmo
que essa questão de termos um Projeto Ético Político seja mostrada como o signo
identitário da profissão e, ao mesmo tempo, o diferencial dela em relação às demais
categorias. Assim como ter o PEP não se apresenta como grande orientação sequer
nesses eventos da categoria, o conservadorismo, o neoconservadorismo, o
neopositivismo, a pós-modernidade (alguns adjetivos atribuídos ao conservadorismo
em textos e discursos do serviço social) tão temido, sequer se constituiu como tema
de debate em algum dos CBAS.
1288
1400
1200
1000
800
600
400
28 6 1
200
0
Nesse CBAS, apenas 2,17% das discussões versavam sobre o PEP; apenas 0,46%
dos trabalhos discutiram o conservadorismo e 0,07% apresentaram a discussão
articulada entre os dois temas.
O CBAS de 2016 com tema central: “80 ANOS DE SERVIÇO SOCIAL. A CERTEZA
NA FRENTE E A HISTÓRIA NA MÃO”. Aos 80 anos da profissão tínhamos 37 anos
do Congresso da “Virada” e30 anos do Projeto Ético Político, (tendo como referência
as datas dos 3 elementos: Código de Ética Profisional-1993, Lei de Regulamentação
da Profissão 1993 e as Diretrizes Curriculares daABEPSS1996, reconhecida pelo
132
1427
1600
1400
1200
1000
800
600
400 22 12 4
200
0
sobre o PEP, onde fiquei, não tinham 30 pessoas. Na hora do debate uma colega
manifestou-se falando do esvaziamento desse espaço com a temática enquanto as
outras estavam cheias. O presidente do CFESS à época colocou que era necessário
revermos essa questão de acharmos que essa temática é mais importante que as
outras.
Esses quatro CBAS tinham a seu favor o fator de termos uma produção intelectual já
adensada na profissão fora do espectro desse evento, como também um esquema
de pós-graduações disseminada na maioria das regiões. Ao mesmo tempo a
expansão da metodologia EAD de formação profissional, capilarizou a formação
profissional para as mais diversas e distantes cidades do Brasil. Em2016, no CBAS
foi sinalizado na mesa de abertura que éramos mais de 170.000 assistentes sociais
no Brasil. Nos CBAS, como principal evento da categoria, não conseguimos atingir
5% da população da categoria.
É provável que esse perfil de trabalhos dos CBAS se deva a aproximação excessiva
da categoria com o estado. Aproximação tanto dos profissionais quanto dos
pensadores/intelectuais/professores do serviço social. Destaco aqui o fato dos
pensadores do serviço social virem a começar a aparecer e a se auto organizarem
depois de 10 anos do início da formação iniciada no Brasil, em 1946 com o início da
Associação Nacional de Ensino em Serviço Social – ABESS, que se torna um
agente de influencia dentro do campo do serviços social. A auto-organização desse
grupo foi determinante para os processos de institucionalização, formação e
produção acadêmico-cientifica da profissão desde a sua fundação até tornar-se
ABEPSS. Mas, já é possível afirmar que a institucionalização da profissão, na
verdade foi a institucionalização dos primeiros pensadores da profissão.
É possível observar que a estratégia de ocupar o Estado e por ele ser chancelada,
tem atribuído à formação bem como ao fazer do serviço social armadilhas que se
manifestam não só no que ele tem produzido academicamente quanto praticamente.
Isso nos remete à dificuldade dos profissionais responderem à questão: O QUE FAZ
UMA ASSISTENTE SOCIAL? Pela produção dos CBAS, a resposta a essa questão
é: obedecemos às políticas públicas por que estas são direitos ainda que
contraditórios.
Os CBAS deveriam ser espaços de trocas de uma categoria profissional que se diz
investigante para ser interventiva. Em sua última versão, a de 2016, o modelo de
apresentação de trabalhos foi centrado em pôster, pós sessões temáticas. As
sessões temáticas reuniam os assistentes sociais e estudantes com trabalhos que
iam para uma sala ouvir uma palestra acerca da área de concentração dos
trabalhos. Encerrava-se a fala da palestrante, sendo negado o debate sobre o que
foi trazido pela convidada e depois todos iam para um espaço para apresentar seus
pôsteres. Quem estava apresentando não podia ir ver os pôsteres dos colegas. O
135
local era aberto, com muitas pessoas tentando falando ao mesmo tempo sem a
possibilidade de troca de ideia, de debate.
Em tese, o CBAS que se coloca como maior evento da categoria, não é espaço para
que os participantes da categoria tematizem questões que no cotidiano, que tocam
seu fazer profissional de todos os espaços socio-ocupacionais. Tornou-se um
espaço de consenso acadêmico.
1983 SÃO LUIZ -MA I ENCONTRO NÃO ENCONTRADO ABESS UM ANO APÓS O
NACIONALDE CURRÍCULO MÍNIMO
PESQUISA EM DE SERVIÇO SOCIAL
SERVIÇO TER SIDO
SOCIAL APROVADO PELO
MEC
ENSINO E PESQUISA
EM SERVIÇO SOCIAL
– ABEPSS
2010 RIO DE XII ENPESS CRISE DO CAPITAL E ABEPSS CRIAÇÃO D0S GTPs
JANEIRO -RJ PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO NA
REALIDADE BRASILEIRA:
PESQUISA PARA QUÊ,
PARA QUEM E COMO?
6067
7000
6000
5000
4000
3000
2000 35 28 9
1000
0
745
800
600
400
9 1 2
200
632
700
600
500
400
300
200
13
100 2 1
0
TRABALHOS PEP CONSERVADORISMO AMBOS
1293
1400
1200
1000
800
600
400 2 5
200
0
1343
1400
1200
1000
800
600
400
3 8 0
200
1097
1200
1000
800
600
400
2 5 4
200
0
A diminuta atenção dada pelos participantes dos ENPESS de 2010, 2012 e 2014
constata que o debate, o embate ou a disputa entre esses os projetos conservador e
progressista, não se materializam entre os frequentadores do ENPESS.
917
1000
900
800
700
600
500
400
300 6 7 2
200
100
0
Outro aspecto relevante antes da analise dos Encontros nacionais é que tanto o
CFESS organizador do CBAS quanto a ABEPSS, organizadora do ENPESS
possuem uma publicação própria, uma revista. O CFESS tem a INSCRITA e a
ABEPSS tem a TEMPORALIS.
Sobre o perfil dos encontros nacionais a tabela abaixo traça um panorama de como
aconteceram de 2006 a 2016.
MESA
CRESS e
CFESS, 41 A Hegemonia do Projeto
observadora(e)s e Ético-Político
31 convidada(o)s. Profissional: Limites e
Possibilidades
Históricas
32 observadoras.
Na discussão sobre campo, Bourdier sinaliza que o campo intelectual chega a falar
sobre a determinação de temas e objetos legítimos ou não. Se existe no campo a
ideia do que é legitimo, há também a ideia de quem é legitimo para discutir sobre
determinado tema e para que isso ocorra é necessária a manipulação de bens
culturais. A manutenção da ortodoxia se deve a isso.
Ainda discutindo os Encontros, é necessário saber o perfil dos delegados por espaço
socio-ocupacional. Os 3 eventos tem públicos em quantidade diferentes, mas
parecem ser espaços de interação. Segundo Bourdier (p.55)
151
Dos 11 anos do período definido por nós para coleta dos dados, 6 anos tiveram pelo
menos 1 evento que tivesse em seu tema o PEP ou o conservadorismo. O ano e
2008 teve 2 eventos o ENPESS e um Encontro Nacional, mas apenas 1 desse anos
discutiram o conservadorismo. Se há uma disputa, parece que os produtores-
escritores da disputa entre o PEP e o conservadorismo não estão se expondo.
Uma outra leitura que deve ser destacada é como a discussão aparece e é tratada.
No que se refere aos CBAS e aos ENPESS observou-se que o nome
conservadorismo e o nome projeto ético político aparecem, mais como verbete e não
como discussão. Reafirma-se o projeto profissional que se quer; se expressa a
preocupação com o conservadorismo, com o neo-conservadorismo, mas pouco se
produz sobre as características de um e outro e sobre formas materializadas deles
no cotidiano. Esse sim é um desafio posto o campo e todos seus entes, em especial
à academia e à organização da categoria. Tanto o conservadorismo quanto o PEP
precisam ser estudados e explicitados como práticas culturais do serviço social: uma
como existente e outra que se quer ser.
Embora não tenha sido alvo de minha pesquisa. Uma outra variável me parece
importante. Como nossos intelectuais se tornaram unicamente intelectuais. No
serviço social, os pensadores, os intelectuais e os professores, muitas vezes são
inflexões de uma mesma pessoa, e por alguns dos dados trazidos, a maioria desses
se tornaram dirigentes das instancias representativas. Essa é uma forma de
promover uma experiência de hegemonia. Investigar o perfil e a trajetória de nossos
intelectuais é importante para vermos de que se alimentam suas reflexões.
154
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer é arriscar-se.
Como foi podido ver, as considerações “quase” finais foram bordando o transcorrer
do texto. Nos passos finais de leitura podemos ver que ainda há muitos elementos a
serem colocados como objeto de investigação na relação conservadorismo e PEP.
Existe um modelo conservador de apresentação dos resultados das investigações e
de sua escrita. Eis o desafio que se coloca entre a rigidez e o rigor. Mas o percurso
nos mostrou algumas placas de atenção:
1. O conservadorismo é um projeto ético político da burguesia. E deve ser
estudado como tal. O projeto ético político do serviço social carece de um
adjetivo;
2. Temos o conservadorismo e temos o conservadorismo para o serviço social.
É preciso estudar os dois.
3. Conseguimos mostrar que o surgimento do PEP para o serviço social marca
(e/ou consolida) o surgimento do conservadorismo no serviço social;
4. A polissemia do termo conservadorismo atesta uma via única de entender o
PEP: o que não é do PEP é conservador. Essa forma, ou fórmula, posto que
isso legitima a manutenção do poder no campo do serviço social,
superficializa a discussão tanto sobre o conservadorismo quanto sobre o
PEP;
5. Tanto o conservadorismo quanto o PEP nasceram ao mesmo tempo no
interior do campo do serviço social.
6. A institucionalização do PEP foi “por cima”. O processo de teorização do
serviço social foi “por cima”. O esforço é fazer o debate espraiar-se para a
base;
7. A discussão sobre o conservadorismo e o PEP trouxe para o interior do
campo do serviço social a discussão sobre direitos e políticas públicas e
sociais, tendo o verbete avanço como um mediador. Não esqueçamos que
sendo um projeto do modo de produção burguês, o modelo que organiza a
sociedade, e o Estado como epicentro das demandas burguesas, a invenção
do direito e das políticas podem ser avanço para dentro do mecanismo
155
O PEP, sem duvida foi um ato de produção cultural e ainda busca sua legitimação.
Não basta ter o monopólio do discurso oficial; não basta ocupar as áreas e as
instâncias de produção e reprodução sejam elas de formação e de organização
profissional. Esse é um limite do campo de nossa democracia representativa. Não à
toa Gramsci dizia que a organização do estado deveria seguir a organização dos
Conselhos de fábrica; Não se conquista hegemonia pela generalização ou pela
condenação ou desqualificação dos oponentes. Afirmar que tanto o
conservadorismo quanto o PEP estão bem definidos, estruturadas e localizados no
campo é confundir a verdade que se quer objetiva e a verdade vivida e aí se tem
terreno fértil por conta da criação de lacunas, maus entendimentos e discriminações.
Não é possível concluir sem destacar a vigorosa força dos assistentes sócias que
trouxeram a profissão até este momento. Sem eles não poderíamos pensar o
serviço social. Credito a todos/todas eles/elas a oportunidade de realizar algumas
reflexões e poder socializa-las. Sei nem tudo pode ser dito. Nem tudo é permitido ser
dito e que como diz Caetano Veloso: “Narciso acha feio o que não é espelho”, mas
acredito numa ciência que tenha coragem para ouvir, para escrever para ler e para,
sobretudo respeitar a diferença. Sem respeito às diferenças não há democracia nem
dialética.
Que esse estudo possa cumprir a principal função dele que é abrir oportunidade
para outros estudos, para outros debates. Há muito que se pesquisa sobre o tema
160
conservadorismo e PEP. Até agora eles flutuam nos debates sejam eles falados ou
escritos.
161
REFERÊNCIAS
NETTO, José Paulo. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no
Brasil pós – 64. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
___________. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social.
Disponível em: http://www.ssrede.pro.br/wp-
content/uploads/2017/07/projeto_etico_politico-j-p-netto_.pdf. Acessado em
2/01/2010.
REIS, Rhuan. Uma nova perspectiva sobre ser conservador. Disponível em:
http://portalconservador.com/uma-nova-perspectiva-sobre-ser-conservador/ .
Acesado em: 20/07/2016.
SANTOS, Josiane Soares. Neoconservadorismo pós-moderno e Serviço Social
brasileiro. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Questões da Nossa Época: v. 132).
SILVA , Maria Ozanira. Trinta anos da revista SERVIÇO SOCIAL & SOCIEDADE:
contribuições para a construção e o desenvolvimento do Serviço Social no
Brasil. Disponível em:
http://www.repositorio.ufma.br:8080/jspui/bitstream/1/155/1/TRINTA%20ANOS%20D
A%20REVISTA%20SERVICO%20SOCIAL%20%26%20SOCIEDADE.pdf. Acessado
em: 26/06/2017.