Melo 2016
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Melo 2016
CUIDADO É FUNDAMENTAL R E V I S T A O N L I N E D E
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO . ESCOLA DE ENFERMAGEM ALFREDO PINTO
P E S Q U I S A
PESQUISA
CUIDADO É FUNDAMENTA DOI: 10.9789/2175-5361.2016.v8i4.5177-5183
Túlio Felipe Vieira de Melo1, Héllyda de Souza Bezerra2, Dany Geraldo Kramer Cavalcanti e Silva3, Richardson
Augusto Rosendo da Silva4
ABSTRACT
Objective: To describe the epidemiological profile of women with HPV who treated in a Basic Health Unit.
Method: A survey of quantitative trait was performed in a district in the municipality of Santa Cruz/RN
through the individual records of 205 users of the Unit. Results: The epidemiological profile was characterized
by women with age between 19-30 years; married; white; schooling until the incomplete high school; income
up to a wage minimum; first intercourse among 15-17 years; with a partner. Conclusion: The same are in the
risk group for the involvement of HPV because they present themselves as young, married, low education and
income, and sexual initiation before age 18 years.
Descriptors: Neoplasms of the cervix; Primary prevention; Vaginal smear socioeconomic factors.
Enfermeiro da Estratégia Saúde da Família do Município de Currais Novos/RN, Brasil. Mestre em Biologia Estrutural e Funcional.
1
E-mail: [email protected]
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN.
2
Professora substituta do Curso de Graduação em Enfermagem Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi/FACISA. Santa Cruz/RN,
Brasil. E-mail: [email protected]
Farmacêutico. Doutor em Engenharia Mecânica. Professor Adjunto II do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de
3
(Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Natal/RN,
Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem/PAESE/UFRN.
E-mail: [email protected]
DOI: 10.9789/2175-5361 . 2016.v8i4.5177-5183 | Melo TFV; Bezerra HS; Silva DGKC, et al. | Perfil epidemiológico de mulheres com HPV...
baixo nível socioeconômico, múltiplos parceiros sexuais, UBS para a realização do exame citopatológico de colo do
higiene sexual precária, abortos (principalmente induzidos), útero. Foram excluídos do estudo, mulheres abaixo de 18
alcoolismo, tabagismo e uso de contraceptivos orais. Outro anos, que não faziam parte da área adscrita, as que não assi-
dado relevante do estudo, foi o fato de que as mulheres que naram o TCLE e as que nunca realizaram o exame preven-
estavam nesse grupo, foram as mesmas que apresentaram tivo. A pesquisa foi desenvolvida no período entre abril e
mais rejeição a não realização do exame citológico.12-13 junho de 2011.
Diante da problemática apresentada, o presente estudo Como instrumento para a coleta de dados utilizou-se
teve por objetivo, descrever o perfil epidemiológico de um roteiro estruturado a ser preenchido através da análise
mulheres com HPV atendidas em uma Unidade Básica documental dos prontuários seguindo os critérios de inclu-
de Saúde. são e exclusão já mencionados anteriormente. As variáveis
do roteiro foram baseadas em Novais e Teresa acerca das
características socioeconômicas das usuárias da UBS e pela
MÉTODOS presença ou não da infecção pelo HPV tais como: idade, cor,
Tratou-se de uma pesquisa exploratória descritiva e situação conjugal, escolaridade, renda mensal, idade da pri-
documental, com uma abordagem quantitativa, que abran- meira relação sexual, número de parceiros, uso de contra-
geu informações pertinentes acerca das variáveis relaciona- ceptivos hormonais e diagnóstico de HPV.16
das à infecção do HPV em mulheres atendidas na Unidade O banco de dados do estudo foi construído através do
Básica de Saúde (UBS) de maior demanda, localizada em um programa Microsoft Excel 2010, com posterior verificação
Bairro da periferia da Cidade de Santa Cruz, interior do Rio de consistência da digitação. Após a estruturação do banco
Grande do Norte. A UBS atende, dentre outros programas de dados, foi realizada inicialmente uma análise descritiva
do Ministério da Saúde, mulheres para a coleta do exame de de todos os dados relativos às variáveis socioeconômicas da
Papanicolau, sendo esse procedimento realizado pelo enfer- presença da infecção do HPV ou não.
meiro (a) do serviço. O estudo foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Foram consideradas como objetos do estudo as informa- (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ções contidas nas fichas individuais contidas no prontuário (UFRN), sob o Protocolo de Aprovação nº 188/10, mediante
da família das usuárias do serviço tais como faixa etária, CAAE de número 0205.0.051.000-10, recebendo parecer
cor, renda mensal, escolaridade, idade da primeira relação favorável a sua execução sob o Protocolo apresentando-se de
sexual, estado civil, utilização de contraceptivos e ocorrência acordo com a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de
de HPV. Essas informações eram referentes aos anos de 2008 Saúde. Neste estudo houve a utilização de Termo de Con-
a 2010. Foram analisados os registros de mulheres adultas sentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que foi entregue às
quanto à ocorrência do HPV. usuárias para assinatura e efetivação do desejo em participar
A amostra teórica foi calculada sendo adotado o nível do estudo pelas participantes. Todos os sujeitos da pesquisa
de confiança em 5% e o grau de precisão em 95% para as foram totalmente esclarecidos quanto à natureza, os riscos e
estimativas e/ou generalizações. Tomando-se por base o os objetivos inerentes da pesquisa. A privacidade e o sigilo
número de 728 prontuários da referida UBS, foi calculado das informações coletadas foram rigorosamente respeitados,
o tamanho da amostra teórica de 259 prontuários. Para isso sendo os dados somente utilizados para fins deste estudo e
tomou-se como referência as estimativas de Israel e Barbetta, os nomes das mesmas foram trocados por números, preser-
conforme representações dos cálculos abaixo.14-15 vando seus aspectos éticos.
Após a autorização do CEP/UFRN foi realizado um
onde: n0 é a primeira apro- estudo piloto com um grupo amostral visando ajustes no
ximação do tamanho da instrumento de pesquisa. Esses prontuários foram excluídos
amostra;
da pesquisa e ao término do teste não houve necessidade de
E0 é o erro amostral tolerá- alterar o roteiro da pesquisa.
vel (Ex.: 5% = 0,05)
onde: RESULTADOS
N é o número de elementos Dos 259 TCLE entregues as usuárias, apenas 205 foram
da população
devidamente assinados e recolhidos, sendo este o número,
n é o tamanho da amostra efetivo de prontuários analisados, inferior à amostra cal-
culada. Isso se deve ao fato de algumas usuárias terem se
Fonte: Barbetta, 2002. recusado a participar da pesquisa. Observando-se então,
um percentual de 80% de aceitação por parte das usuárias.
Como critério de inclusão utilizou-se: usuárias do sexo Um ponto que dificultou o estudo foi a falta de registro de
feminino, com faixa etária acima de 18 anos, atendidas na algumas informações em determinados prontuários, sendo
utilizado neste estudo o termo Não Registrado (NR) para
fins de identificação. A Tabela 1 faz referência à distribuição Tabela 2 – Características socioeconômicas principais da
das mulheres que compuseram o estudo, em função da faixa amostra estudada. Santa Cruz, RN, Brasil, 2011
(Continua)
que tem um parceiro ou as que não têm parceiro fixo. Sendo (SIAB), sistema que apresenta todos os dados relacionados à
que o predomínio ocorreu em mulheres com apenas um saúde no Brasil. Dentro do SIAB existe o Sistema de Infor-
parceiro fixo. De acordo com um estudo realizado no Rio mação do câncer do colo do útero (SISCOLO), onde estão
de Janeiro, a prevalência de DST ocorre em mulheres que todas as informações acerca do exame preventivo no Brasil.
apresentam mais de dois parceiros, pois as mesmas apresen- Esse sistema gera informações das prevalências e incidências
tam uma maior exposição.24 Com isso a variabilidade de par- do câncer de colo do útero, como também a população mais
ceiros citados na literatura científica não se confirmou em acometida e a mais susceptível. Observa-se então a impor-
nossa amostra. tância desse registro para gerar informações relacionadas à
Também não houve diferença significativa entre as saúde e a doença da população.
mulheres com HPV que fazem uso de métodos contracepti-
vos hormonais. Principalmente pelo fato do não registro do
prontuário (63,1%). Há certa controvérsia acerca da impor-
tância dos anticoncepcionais em relação a incidência do
HPV, isso abre uma vasta discussão sobre o assunto. Alguns
autores acreditam que o método contraceptivo hormonal
é um fator que aumenta a incidência para o HPV devido a
alterações hormonais na mulher.19 Existem outros que afir-
mam que o anticoncepcional aumenta a atividade do vírus,
desde que a infecção já esteja instalada, estimulando a trans-
formação das oncogêneses virais.25
CONCLUSÕES
O estudo se mostrou relevante por caracterizar o per-
fil epidemiológico das usuárias atendidas em uma unidade
básica de saúde, onde foi observado que as mesmas se encon-
tram vulneráveis para o acometimento do HPV, pois se apre-
sentam como: jovens, casadas, de baixa escolaridade e renda
familiar e que iniciaram a vida sexual antes dos 18 anos.
Com isso, se faz essencial a introdução de práticas educa-
tivas em saúde no Bairro em questão, uma vez que a maioria
das fichas analisadas era de usuárias de baixa escolaridade e
consequentemente pouco conhecimento a cerca do assunto.
A educação em saúde deve ser implantada de forma recí-
proca entre a comunidade e a UBS que oferece esse serviço,
de forma a correlacionar a teoria e a prática vivenciada de
ambos os lados, sem autoritarismo do saber do profissional
de saúde. Contudo, com a tal inserção haverá uma maior
aproximação das usuárias com a temática DST visando à
conscientização dos os métodos de prevenção.
Entretanto, não se pode falar em práticas educativas sem
discorrer sobre o planejamento familiar que também deve
ser realizado nas UBS. Esse planejamento é uma ação rea-
lizada principalmente pelo enfermeiro da atenção básica
objetivando, além da gravidez não planejada e gestações
de alto risco, uma melhor qualidade de vida entre o casal a
família. No planejamento são oferecidos todos os métodos
contraceptivos, desde os hormonais que impede apenas a
gravides e os de barreira que, além disso, protege também
contra as DST. Então, entende-se que o fortalecimento do
planejamento familiar é de suma importância para manter
o número de filhos dentro do esperado pelas famílias e tam-
bém para a prevenção de infecções sexuais.
Outro ponto crucial é o registro correto das informações
para alimentar o Sistema de Informação da Atenção Básica