Edicao 23 ANA LIDIA NASCIMENTO RODRIGUES
Edicao 23 ANA LIDIA NASCIMENTO RODRIGUES
Edicao 23 ANA LIDIA NASCIMENTO RODRIGUES
CÂNCERES CERVICAIS.
Resumo: Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é
o 2ª tipo de câncer mais comum em mulheres no mundo todo e a segunda causa de morte por
câncer em mulheres, sendo o Papiloma Vírus Humano (HPV) responsável por 15% de todas
as neoplasias invasoras diagnosticadas em mulheres. Esta pesquisa tem, como objetivo,
avaliar a infecção pelo Papilomavírus humano e a importância do diagnóstico precoce.
Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo revisão bibliográfica, de aspecto qualitativo.
Foram utilizadas as bases de dados Scielo, PUBMED, e periódicos da CAPES. A infecção
HPV é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST) com maior incidência e
prevalência no mundo, sendo considerada pré-neoplásica. As lesões causadas pelo HPV são
diagnosticadas através de métodos morfológicos que se inicia deste o exame clínico, citologia
oncótica, colposcopia e histopatologia ou biópsia. Os métodos de biologia molecular:
hibridizações moleculares de ácidos nucléicos, tipo Southern Blot, captura híbrida,
hibridização in situ e a reação em cadeia polimerase (PCR) são utilizados para identificar o
material genético viral. Na detecção de DNA viral em espécimes clínicos, a técnica de PCR
demonstrou ser mais sensível, porém, a captura hibrida tende a oferecer menos risco de
contaminação, sendo mais facilmente introduzida em laboratórios. A prevenção do HPV vai
desde o tratamento e remoção das verrugas à prevenção do contágio desse vírus, admite-se a
utilização de vacinas, métodos de barreiras nas relações sexuais (camisinhas não garante
proteção total), cuidados higiênicos.
Abstract: According to data from the National Cancer Institute (INCA), cervical cancer is the
second most common type of cancer in women worldwide and the second leading cause of
cancer death in women, with Human Papilloma Virus (HPV) responsible for 15% of all
invasive neoplasms diagnosed in women. This research aims to evaluate human
papillomavirus infection and the importance of early diagnosis. It is a descriptive research, of
the type bibliographical revision, of qualitative aspect. The databases Scielo, PUBMED,
CAPES journal, were used. HPV infection is considered a sexually transmitted disease (STD)
with a higher incidence and prevalence in the world, being considered pre-neoplastic. The
lesions caused by HPV are diagnosed through morphological methods, which starts from the
clinical examination, oncotic cytology, colposcopy and histopathology or biopsy. Molecular
biology methods: molecular hybridizations of nucleic acids, Southern Blot type, hybrid
capture, in situ hybridization and polymerase chain reaction (PCR) are used to identify the
viral genetic material. In the detection of viral DNA in clinical specimens, the PCR technique
has been shown to be more sensitive, but hybrid capture tends to offer less risk of
contamination and is more easily introduced into laboratories. The prevention of HPV ranges
from the treatment and removal of warts to the prevention of the transmission of this virus, it
is possible to use vaccines, methods of barriers in sexual relations (condoms does not
guarantee total protection), hygienic care.
1 INRODUÇÃO
1.1 Epidemiologia
A patologia causada pelo HPV tem início nas células da camada basal presente na
epiderme, nesse local existe a presença de um receptor específico para o vírus. O HPV inicia
sua infecção quando entra nas células epiteliais basais por meio de um processo lento de
endocitose. A ligação é mediada por heparan sulfato, sendo a integrina alfa 6 identificada
como um possível receptor. Durante a fase de infecção, o vírus perde o capsídeo e transporta
seu genoma para o núcleo, onde persisti como DNA extracromossomial - epissomal
(FERRARO et al., 2011).
Quando o vírus entra na célula, ele inicia um processo de diferenciação, tornando as
células mais maduras, assim se consegue permitir a migração do vírus para outras camadas do
epitélio. Dentro das células, o vírus inicia sua replicação, aumentado o número de cópias
virais no interior de cada célula. Alguns vírus mantem seu DNA em formato circular, ou seja,
não se integra ao genoma do hospedeiro, este possui capacidade de produzir lesões mais
brandas, como as verrugas genitais. Outros vírus, ficam com DNA linearizado, o que facilita a
quebra de algumas regiões, e possibilita a integração ao genoma do hospedeiro, nesses casos
as lesões são mais graves, como o carcinoma. Depois que ocorre a infecção, os genes E1 e E2
são expressos, estes são responsáveis pelo processo de replicação do vírus e, também,
codificam proteínas regulatórias da expressão de oncogenes que irão desenvolver o processo
maligno. Nas células normais existe um supressor tumoral da célula hospedeira o gene p53,
esse supressor promove a correção de erros que podem ter ocorridos ou detectar células
alteradas e encaminha-las para a apoptose. Os oncogenes que são expressos na célula se liga
ao gene p53, e a inativa, impedindo a morte de células alteradas com o vírus presente
(ALMEIDA; OLIVEIRA, 2014).
No interior do núcleo da célula hospedeira, o DNA do vírus pode se apresentar em
duas formas, o que define é o padrão de infecção: temos a forma epissomal (latência e
produtiva) e a integrada (transformante). Para que o DNA do HPV se integre ao genoma
humano, é necessário haver rompimento da região E1-E2, com desregulação do controle
transcricional dos genes virais. Quando o vírus entra na célula, esses genes E1 e E2 são os
primeiros a serem expressos e codificam proteínas para replicação do DNA viral. As proteínas
E1 e E2 recrutam proteínas para participar da replicação, regula a expressão do genoma viral
e tem capacidade de mater o DNA viral como um epissoma; E2 tem capacidade de reprimir a
atividade do promotor E6/E7 (FERRARO et al., 2011).
A transcrição de E1 e E2 causa repressão de E6 e E7, isso permite a função de
supressão tumoral da proteína p53 e da proteína retinoblastoma (pRb), que mantem a
homeostase epitelial. Os genes E6 e E7, além de fazer a manutenção epissomal do genoma do
HPV, também age codificando oncoproteínas que podem induzir a transformação da célula
hospedeira. Tem se acreditado que o HPV infecta o epitélio por meio de abrasões ou
microlacerações da pele e da mucosa, durante o ato sexual, por autoinoculação ou por meio do
contato com objetos contaminados, isso permite que o vírus tenha acesso as células da
camada basal (FERRARO et al., 2011).
1.4 Diagnóstico
As lesões causadas pelo HPV são diagnosticadas através de métodos morfológicos que
se inicia deste o exame clínico, citologia oncótica, colposcopia e histopatologia ou biópsia. Os
métodos de biologia molecular: hibridizações moleculares de ácidos nucléicos, tipo Southern
Blot, captura híbrida, hibridização in situ e a reação em cadeia polimerase (PCR) são
utilizados para identificar o material genético viral. A principal técnica de rastreio utilizada é
a citologia oncótica ou teste de Papanicolau. Essa técnica de triagem identifica as células
malignas ou em processo de malignização. Os índices de sensibilidade do teste de
Papanicolau são em torno de 50 a 60%, ou seja, são valores fora do idealizado para que este
se torne o único teste usado e comprobatória no diagnóstico de HPV (SÁ; SÁ; GOMES
JÚNIOR, 2016).
O teste de Papanicolau é adotado como referência pelos programas de controle de
câncer de colo de útero no Brasil, foi desenvolvido por George N. Papanicolau no ano de
1939, e é utilizado até hoje na rotina médica. Papanicolau fez uma classificação em que se
observava se as células do esfregaço eram normais ou não. Essas classes são: I (ausência de
células atípicas ou anormais), II (citologia atípica, mas sem evidencias de malignidade), III
(sugestiva, mas não conclusiva de malignidade), IV (fortemente sugestiva de malignidade) e
V (conclusiva de malignidade). Como essa classificação não considerava os aspectos
histopatológicos das lesões, foram criadas novas nomenclaturas, o termo displasia foi
incorporado e dividido em displasia leve, moderada e severa. Os graus de displasias eram
incorporados como referentes a classe III e IV de Papanicolau com carcinoma escamoso in
situ. A classe V continuou indicando carcinoma invasor. Depois se introduziu o conceito
neoplasia intraepitelial (Neoplasia intraepitelial cervical – NIC) que se divide em 3 graus:
NIC 1 (displasias leves), NIC2 (displasia moderada) e NIC3 (displasias graves) e CIS
(carcinoma in situ) (ROCHA, 2016).
O sistema Bethesda foi incorporado nos laudos dos exames, este representa o
comportamento das lesões intraepiteliais escamosas do colo, sendo subdividido as lesões
epiteliais escamosas anormais em 4 grupos: ASCUS (células escamosas atípicas de
significado indeterminado); ASCH (células escamosas atípicas, não podendo excluir a lesão
intraepitelial escamosa de alto grau; LSIL (lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau,
envolvendo a displasia leve/NIC1; HSIL (lesões intraepiteliais escamosas de médio e alto
grau (NIC2 e NIC3), incluindo a displasia moderada, displasia severa e o carcinoma in sito,
câncer invasivo (ROCHA, 2016; SANTOS, 2012).
O primeiro diagnóstico realizado de alterações celulares associadas ao HPV se dá pela
aplicação de ácido acético 4%, nos locais onde as lesões se tornam esbranquiçadas. Outro
método é a coloração de Papanicolau, técnica introduzida no ano de 1949. Atualmente este
teste é utilizado como rastreamento das lesões provocadas pelo HPV nos programas de
triagem, sendo um teste de fácil execução e de baixo custo. Porém, estes testes possuem
grandes números de falso-negativos em torno de 15 a 50% e falso-positivo em torno de 10%
em média, com sensibilidade de 50 a 90% e especificidade de 70 a 90%. São observáveis
alterações celulares típicas como coilócitos, disceratose, anomalias celulares. Este método não
permite identificar o tipo de HPV, apenas permite observar as alterações celulares típicas da
infecção por este vírus. O resultado se baseia na graduação das lesões cervicais conformo o
sistema Bethesda (KANESHIMA et al., 2001).
A técnica de PCR tem mostrado ser uma técnica com mais sensibilidade na
identificação do DNA viral existente nos diversos materiais clínicos, assim como uma forma
de resolução de dúvidas que podem surgir durante o diagnóstico citohistopatológico e
colposcópico, não apenas de lesões pré-neoplásicas, como em infecções latentes ou
subclínicas associadas a este agente viral. Além da detecção do DNA do HPV pela técnica de
PCR, é importante que se discrimine o tipo de HPV que está presente nos materiais clínicos
de mucosas genitais, assim pode se determinar se são de alto ou de baixo potencial. A
identificação também permite se estabelecer o tratamento mais adequado para os pacientes
acometidos por essa infecção viral (KANESHIMA et al., 2001).
A PCR é uma técnica que amplifica uma sequência especifica de DNA, que é
delimitada por um par de primers, com a ajuda de uma enzima termoestável (Taq polimerase).
No caso do HPV, existem 4 tipos de primers genéricos que possui a capacidade de amplificar
uma região dentro do gene L1 do HPV, que é comum em 43 tipos de HPV; MY09/11,
PGMY09/11 – (sistema amplicor) MWP, GP5+/GP6+ e SPF/2 (sistema innogenetics), que
fazem a amplificação de fragmentos de 450 pares de bases (pb), 170pb, 100 pb e 65 pb. A
revelação deste método é feita através de diversas formas, como por exemplo, através da
análise de sequência do polimorfismo do fragmento de restrição (RFLR), hibridização com
sondas tipo-específico ou por gel de eletroforese (PRAZERES, 2011).
Em um estudo realizado por Kaneshima e colaboradores (2001), foi aplicado a técnica
de Reação em Cadeia Polimerase associada com o polimorfismo de fragmentos de DNA
obtidos por enzimas de restrição (PCR-RFLP), com finalidade de realizar a tipagem de HPV
em amostras de pacientes que portavam anormalidades colpocitológicas, foi demostrado que o
método de PCR tem maior sensibilidade de detecção dos genomas virais, quando comparado
a outras metodologias. A partir do momento que se consegue determinar o tipo de HPV, é
possível enquadra-lo em dois grupos: de alto potencial e de baixo potencial para
desenvolvimento neoplásico. Nesse estudo, 20 amostras cervicais se encontravam infectadas
por tipos de HPV de alto potencial, algumas amostras também estavam infectadas por HPV
de baixo potencial. A capacidade que o método PCR-RFLP possui de detectar três tipos
distintos de HPV, demonstra que esse método apresenta grande poder discriminatório e pode
ser utilizado como adicional, na triagem primaria de mulheres com risco de desenvolver
neoplasias cervicais.
Outra técnica de biologia molecular utilizada é a Hibridização in situ, uma técnica que
detecta pequenos segmentos de DNA ou RNA em cortes de tecido ou em preparados
citológicos, esta técnica utiliza uma sequência complementar de ácidos nucleicos com sondas
marcadas. Em condições apropriadas, ocorre a hibridização da sonda com a sequência alvo do
DNA viral, estas são visualizadas através de marcadores fluorescentes ou radioativos ligados
a sonda, assim se torna possível detectar e localizar as sequências de ácidos nucleicos do HPV
em materiais citológicos e histológicos. Essa técnica possui 70% de sensibilidade e 63% de
especificidade (RIBEIRO, 2009).
A técnica de Captura Híbrida (CH2), é uma reação de hibridização molecular que
utiliza sondas não radioativas para amplificação da detecção de híbridos por
quimioluminescência, utilizando amostras líquidas. Sua detecção é feita por grupos de risco,
baseada na pesquisa de 18 sondas dos HPVs de maiores frequências, ou seja, é capaz de
detectar 18 tipos virais (TULIO, 2007; SILVA et al., 2015). O grupo A, apresenta sondas para
HPVs de baixo risco, o grupo B, para risco intermediário ou alto. A sensibilidade dessa
técnica é de 98,1% e sua especificidade de 97,6%. É um tipo de ensaio muito utilizado em
estudos clínicos, apesar de poder distinguir entre os grupos de risco, este não permite
identificar os tipos específicos de HPV (RIBEIRO, 2009).
Um estudo realizado por Tulio e colaboradores (2007), avaliou se existe alguma
associação entre a carga viral de HPV oncogênico determinada por meio do teste molecular
CH2 e o diagnóstico de lesões de alto grau (NIC 2/3) pelos métodos citológicos Papanicolau
convencional e em base líquida. Pode se observar que de 314 amostras que apresentaram
resultados negativos através dos métodos citológicos, 88 apresentou resultados positivos pela
técnica de CH2. Sendo que destas, apenas 36 amostras apresentavam carga viral ≥ 100 pg/mL
(TULIO, 2007).
Segundo Castle et al. (2002), cerca de 15% das mulheres que fazem o teste de
Papanicolau podem ter resultados citológicos negativos, com CH2 positiva para HPV de alto
risco, sendo assim, mulheres que possuem resultados citológicos e moleculares negativos
possuem risco reduzido de desenvolver lesões de alto grau.
Uma comparação feita entre técnicas moleculares para detecção do DNA do HPV, as
mais utilizadas foram a PCR e a Captura hibrida. Na detecção de DNA viral em espécimes
clínicos, a técnica de PCR demonstrou ser mais sensível, porém, a captura hibrida tende a
oferecer menos risco de contaminação, sendo mais facilmente introduzida em laboratórios
(SANTOS; FONSECA, 2016).
Segundo Carmo e Fiorini ( 2007, apud SANTOS e FONSECA, 2016) , as três técnicas
de biologia molecular (captura híbrida, hibridização in sito e PCR) apresenta ser importantes e
eficientes para o diagnóstico de HPV, mas dentre estas a PCR é a técnica que apresenta maior
sensibilidade, especificidade e velocidade de análises, sendo o método de escolha para
diagnóstico eficiente do HPV.
Nomelini et al. (2007), realizaram um estudo prospectivo em que os pacientes
selecionados apresentavam anormalidades na colposcopia. Estes foram testados utilizando as
técnicas de PCR e de captura híbrida, foi demonstrado que a sensibilidade destes na detecção
de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), foram de 83,33% e 66,67% respectivamente, e o
valor preditivo negativo no diagnóstico de NIC 2 e 3 de PCR e captura híbrida foi de 100% e
94,74%, respectivamente.
1.5 Tratamentos
Tratamento químico
São indicados para indivíduos com lesões de menor extensão. A aplicação de agentes
químicos é citodestrutiva, e se encontram disponíveis as opções: podofilina (destrói 85% das
verrugas tratadas), podofilotoxina (mais estável, desprovida de efeitos tóxicos), ácidos bi-
tricloroacéticos, 5-fluorouracil (5-FU), imiquimode e cidoforvir (FIGUEIRÊDO et al., 2013;
SANTOS, 2012;).
1.6 Prevenção
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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