Poesia Trovadoresca

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Poesia Trovadoresca

A poesia trovadoresca foi criada por trovadores (ascendência nobre) ou jograis (membros do povo) durante a
idade média (século XII a XIV). Esta poesia desenvolveu-se numa área correspondente ao reino de Leão e
Castela (Galiza) e ao reino de Portugal. Apesar de composições semelhantes serem encontradas em outros
países.
Estes poemas eram criados por bardos ou trovadores e reunidos em cancioneiros. Entre os trovadores mais
famosos estão D. Dinis (rei de Portugal) e D. Afonso X (rei de Castela). A maioria dos nobre serviam como
mecenas.

Nota: idade média corresponde a um período da história que abrange cerca de 10 séculos, que inclui a queda
do império romano devido às invasões barbaras, assim como a descoberta das Américas por Cristóvão
Colombo. (período demasiado grande para ser possível descrever um único padrão, algo que se verifica nas
obras que mais tarde foram passadas a escrito). Os banquetes e os saraus eram atividades bastante regulares
durante este período, para os grupos privilegiados, enquanto que o povo divertia-se em romarias e
procissões.

Este tipo de poesia tem uma grande tradição oral, correspondendo a tradições culturais da idade média. A
maioria corresponde a composições musicais que seriam interpretadas em saraus nas cortes.

A principal temática destes poemas é o amor e a saudade ou no caso das cantigas de escárnio, a sátira direta
ou indireta das personagens. Este tipo de lírica é geralmente designada por lírica profana. O género de poesia
trovadoresca mais centrado na musica é designado por lírica religioso.

Esta poesia divide-se em três categorias:

• Cantigas de amigo

Cantigas mais simples, escritas sobre o ponto de vista da mulher (eu poético feminino - a amiga ), que por
norma encontra-se em ambientes naturais (fontes, romarias, rios, praias…), que podem servir como seu
confidente.

Estas são muitas vezes associadas a ambientes como as romarias ou as peregrinações, onde as jovens
procuram o amor.

O sujeito poético é uma jovem (solteira) enamorada, geralmente do povo, que pode dirigir-se ao amigo,
“namorado”, à própria mãe, a amigas e irmãs ou mesmo ao santo de que ela ou a mãe são devotas.

A jovem encontra-se à espera do seu amor, seja à espera que os barcos (descobrimentos) voltem, seja
desnudada e a banhar-se, ou mesmo a lavar roupa no rio.

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Poesia trovadoresca
Uma das principais temáticas destas cantigas é o sofrimento amoroso ou ansiedade pelo amor, muitas vezes
pela ausência do amado, no entanto, podem também falar de encontros com o “amigo” e a alegria pelo seu
regresso.

As confidencias às amigas e/ou a mãe poderão estar presentes, assim como as mentiras à mãe. O ciúmes e a
infidelidade podem também corresponder à temática destas cantigas.

Estas composições eram musicadas para posteriormente serem interpretadas nas cortes (saraus) dos grande
senhores.

Segundo a classificação tematica temos: Cantigas de romaria, Bailias, Albas, Barcarolas ou marinhas e
Pastorelas.

Segundo a classificação formal estamos a falar de: Cantigas de refrão, Cantigas de mestria (sem refrão),
Cantigas paralelísticas ou de leixa-pren.

➢ Linguagem e recursos

Estrutura rígida e repetitiva.

O quotidiano, geralmente rural e campestre, é descrito. (ida à fonte, à ermida, ao baile…).

Vocabulário simples e familiar.

As imagens da natureza (cervo, vento, noite…) possuem significado simbólico.

Polissemia.

Usam-se arcaísmos.

Geografia imprecisa (casa, fonte, rio ….)

Especificação da localização (Vigo, Guarda…).

Paralelismo

• Cantigas de amor
Estas cantigas assemelham-se com as cantigas de amigo, no entanto, o eu poético é masculino, “ A senhor / a
dona” e o seu amor deverá ser de um estrato social superior.

Estas estão mais associadas à aristocracia, pois o amor cortês, com base numa relação de suserano (dama) e
súbdito (senhor), é descrito ao longo dos versos.

A dama é geralmente fruto da imaginação do trovador, conjugando com uma vivencia espiritual do amor, em
detrimento do amor físico.

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Poesia trovadoresca
O “senhor” não se aproxima do eu poético, havendo uma distância característica de um amor platónico. O
principal cenário é a corte ou o ambiente palaciano.

A influencia da poesia provençal, tanto na escrita como na temática (língua provençal – langue d’oc), está
muito presente, nomeadamente a poesia vinda de França.

O serviço do amado que não revela a identidade da “senhor”, mantendo os seus sentimentos em segredo
quando está em público, assim como precisando da autorização da “senhor” quando se ausenta.

As temáticas destas composições consistem sobretudo no amor impossível e a vassalagem amorosa, sempre
acompanhada de mesura (timidez, reserva, autodomínio).

O amor é a fonte da ascese (espiritualização), tornando-o quase divino, através de louvores hiperbólicos à
senhor, assim como a sua idealização.

O sofrimento é a base do relacionamento amoroso destas canções, o eu poético sofre constantemente pelo
amor incansável, proibido, impossível. A analise destes sentimentos ocorre ao longo de todo o poema.

A classificação formal indica-nos dois tipos de composição: cantigas de refrão e cantigas de mestria (em
refrão).

➢ Linguagem e recursos

A estrutura do poema é repetitiva e circular.

O vocabulário repete-se frequentemente.

Vocabulário provençal (sé,m, prez)

Presença de sinónimos e antónimos.

Utilização de conjunções causais e consecutivas (discurso).

Orações complexas.

Expressões cultas formulas relacionadas com a expressão do amor cortês.

• Cantigas de escárnio e mal dizer


O género é satírico (tentativa de ridicularizar uma pessoa ou situação), geralmente como critica ao
comportamento social da época.

Sátira moral e religiosa – desconcerto do mundo.

Sátira política e militar – traição dos fidalgos na guerra Granada e guerra civil (D. Sancho II – D. Afonso III).

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Poesia trovadoresca
Sátira social e costumes – decadência da nobreza, conflito entre jogral e trovador, assim como critica à
avareza.
Sátira literária – satiriza as canções de amor, ironiza o amor corte, chamando à atenção para o fingimento
poético.

O alvo da critica pode ser uma “velha feia”, que nunca será louvada ou elogiada, pois não reúne os requisitos
para ser vista como uma “senhor”.

Estas também podem narrar episódios ridículos de forma bastante explicita. Em que a perspetiva do eu
poético é sempre irónica.

Em algumas produções, o sofrimento e a morte pelo amor são criticadas, particularmente através de ironia,
morte e ressurreição (eu poético), morrer e renascer por amor… A parodia do fingimento amoroso também
pode estar presente, quando se fala do sofrimento do amor cortes, uma vez que este é visto como exagerado.

A canção de escárnio tenta gozar com estrutura das cantigas de amor e/ou amigo através:
• O elogio à dama é substituído pela critica explicita.
• A caracterização abstrata das qualidades da dama dão lugar a uma muito concreta dos seus defeitos.
• A morte pelo amor é frequentemente criticada, em particular através do excesso.

Sociedade:
Organização social por classes, estratificada.
Diversos artistas trabalham nos saraus, sendo pagos para isso.
Profissionais (jograis) que trabalham sem talento.

Formalmente temos as:


✗ cantigas de refrão
✗ cantigas de mestria (não possui refrão)

➢ Linguagem e recursos
Ironia e sarcasmo são os principais recurso presentes.
Jogos de palavras.
Polissemia.
Equívocos.

Os cancioneiros da lírica profana:


Cancioneiro da Ajuda – 310 cantigas, maioria de amor
Cancioneiro da Biblioteca Nacional – 1647 cantigas
Cancioneiro da Vaticana – 1200 cantigas

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