Historia Da Lingua Portuguesa e Cantigas

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O que é a lírica galego-portuguesa?

. 1680 textos de assunto profano

+ 42 textos são de tema religioso =1722


. os textos galego-português foram escritos no final do seculo XII e à segunda metade
do século XIV
. a língua poética une, de resto, poetas não apenas galegos ou portugueses como
poderia parecer, mas castelhanos, leoneses ou mesmo extrapenisulares, que, por
«exotismo» ou simpatia profissional, a escolheram para cantar o amor ou «dizer mal
de alguém», isto é, para comporem cantigas de amor, cantigas de amigou ou cantigas
de escárnio e maldizer

Qual a sua origem?


Na Galiza, parece ter florescido, já muito antes da fundação da nacionalidade
portuguesa, uma poesia de inspiração tradicional, folclórica, cultivada sobretudo pelos
jograis. Esses cantares, eram na sua maioria cantigas de mulher, e, naturalmente, de
mulher moça e enamorada. Os jograis galegos teriam tido assim o mérito de recolher,
aproveitar, difundir e, por fim, fixar a forma escrita essa tradição oral primitiva. A essa
poesia jogralesca fundo tradicional veio, entretanto, sobrepor-se uma influência
estrangeira, bem patente e documentada na poesia das coleções que chegaram até
nós: a influencia do lirismo provençal. Durante o século XI, no sul da frança – ou
propriamente em toda a região onde se falava a langue d` oc (a que pertence o
provençal) e a que se dá por isso o nome de occitânia -, florescera, nas cortes dos
senhores feudais, uma poesia de amor extremamente requintada quanto ao
sentimento que exprima e quanto à técnica que utilizava. Essa poesia, de que eram
agentes os trovadores, difundiu-se, a partir do século XII, por toda a europa e veio
influenciar a poesia peninsular emergente. Do encontro dessa corrente
provençalizante com tradição folclórica recolhida e elaborada pelos jograis do norte de
península, terá surgido a poesia galego-portuguesa.

Em que língua foi expressa?


O galego-português era a língua falada na faixa ocidental da península ibérica até
meados do século XIV. Derivado do latim, surgiu progressivamente como uma língua
distinta, anteriormente ao século IX, no nordeste peninsular. Neste sentido,
poderemos dizer que, mais do que designar uma língua, a expressão galego-português
designa concretamente uma frase dessa evolução, cujo posterior desenvolvimento ira
conduzir à diferenciação entre o galego e o português atuais. O período que medeia
entre os séculos X e XIV constitui, pois, a época por excelência do galego-português. É
no entanto, a partir de finais do século XII que a língua falada se afirma e desenvolve
como língua literária por excelência, num processo que se estende até cerca de 1350, e
que, muito embora inclua também manifestações em prosa, alcança a sua mais
notável expressão na poesia, que um conjunto alargado e trovadores e jograis, galegos
e portugueses, mas também de castelhanos e leoneses, nos levou. Convém, pois, ter
presente que, quando falamos de poesia medieval galego-portuguesa, falamos menos
em termos espácias do que em termos linguísticos, ou seja, trata-se essencialmente de
uma poesia feita em galego-português por um conjunto de autores ibéricos, num
espaço geográfico alargado e que não coincide exatamente com a área mais restrita
onde a língua era efetivamente falada.

Como chegou até nós?


São três essas coleções: o cancioneiro da ajuda (A), assim chamado por se encontrar
atualmente na biblioteca do palácio da ajuda, em lisboa, manuscrito em pergaminho,
com letra dos finais do século XIII ou começos do século XIV e formosas iluminuras que
representam figuras de músicos, jograis e soldadeiras (isto é, bailarinas). O cancioneiro
da ajuda reúne composições dos autores mais antigos da poesia galego-portuguesa;
essas composições pertencem exclusivamente ao género de cantiga de amor. Os
outros dois cancioneiros são o cancioneiro da vaticana (V), que pertence à biblioteca
do palácio pontifico de Roma, ou biblioteca vaticana, e o cancioneiro da biblioteca
nacional (N). já não comportam notação musical e apresentam bastantes dificuldades
de leitura. Qualquer destes dois cancioneiros contém composições dos três géneros
que foram cultivados pelos poetas galego-portugueses: cantigas de amor, cantigas de
amigo e cantigas de escarnio e maldizer. O b oferece ainda uma particularidade
preciosa para os estudiosos do lirismo galego-português: traz apenso o fragmento de
uma «arte de trovar», onde se definem os géneros cultivados pelos trovadores
medievais e se descrevem recursos estilísticos mobilizados neste tipo de poesia.

Cantiga de amigo
Sujeito poético voz feminina: donzela
Representação de afetos e emoções

Relação com a natureza Confidencia amorosa Variedade do sentimento amoroso


. representação simbólica . as principais figuras são: . a donzela pode sentir-se:
dos sentimentos da donzela
- A mãe, que protege e -Feliz no seu amor;
. cenário dos encontros aconselha a filha;
amorosos -Preocupada com a ausência do amigo;
- As amigas, que são cúmplices
. papel de interlocutora do da jovem apaixonada; -saudosa, ansiosa ou até ciumenta.
sujeito poético - a natureza, que é . o sofrimento da donzela pode conduzi-la ao
personificada e escuta os desespero.
lamentos e suplicas do sujeito
poético; . em certas cantigas assistimos ao reencontro
e à reconciliação feliz dos namorados
Espaços e circunstâncias

. o lar é o espaço em que a


Linguagem, estilo e estrutura
donzela fala com a mãe ou se
encontra a sós a pensar no seu
amor. . o registo da língua é corrente, visto que a
donzela e as demais personagens (mãe e
.a fonte, os bailes e as romarias amigas) pertencem ao povo e mantêm uma
são comummente relação de familiaridade e de proximidade. O
Lugares do encontro entre os vocabulário alude aos cenários naturais e aos
namorados sentimentos vividos pelo sujeito poético
(«amor», «coitada», «soidade»).

. as cantigas de amigo privilegiam o recurso à


apóstrofe, à personificação, à alteração e à
comparação.

. as cantigas de amigo mais comuns são as


paralelísticas.

Apresentam:

- Refrão: repetição de um ou mais versos em


final de estrofe;

-leixa-pren: encadeamento de estrofes com


retoma inicial de um verso da estrofe.

Cantiga de amor
Sujeito poético voz masculina: o trovador
Caracterização temática

O elogio cortês A coita de amor

. elogio superlativado da «senhor» (dama) – . sentimento amoroso («coita») do sujeito – a


retrato idealizado, mas vago e genérico; bela, não correspondência amorosa, a indiferença da
formosa, sensata, virtuosa, eloquente, leal… dama (amargas lamentações, a suplica triste).

. cumprimento das regras do amor cortês – a . o sofrimento insustentável, o desespero.


«mesura» (cerimónia, cortesia),
. a afirmação de que o amor conduzirá à loucura
caracterizada pelo sigilo da identidade da
ou mesmo à morte do sujeito poético.
«senhor», pela discrição e pela contestação.

. relação de vassalagem – o sujeito serve a


«senhor» com diligência e fidelidade.

Linguagem, estilo e estrutura . registo de língua é formal, culto e representa o meio aristocrático, de
acordo com o ambiente palaciano (expressões cultas e fórmulas codificadas e
relacionadas com a expressão do amor cortês).

. cantigas bastante elaboradas, com predomínio de orações subordinadas e


com recurso à hipérbole, á comparação e aos jogos de palavras.

. utilização de vocabulários de origem provençal («prez», «sem»).

. discurso simbólico associado à coita « coita de amor».

Cantigas de escárnio e maldizer


Sujeito poético voz masculina: o trovador
Caracterização temática

Paródia do amor cortês


Dimensão Critica de costumes
. inversão dos códigos do amor cortês. satírica e lúdica . episódios anedóticos da vida da corte e
. ridicularização das suas convenções e da vida jogralesca.
. denúncia dos
mesuras: coita e da morte por amor. vícios socias . querelas entre trovadores e jograis.
. «deslouvor» da «senhor». através do
cómico. . nobreza empobrecida e a sua miséria
.contragénero das cantigas de amor. envergonhada.

. acontecimentos histórico-políticos e
militares.
. utilização de uma linguagem
Linguagem, estilo e estrutura
rica e complexa co recurso à . decadência generalizada dos costumes.
ironia, à hipérbole, à
metáfora…

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