A Questão Feminina - Kenneth E. Hagin

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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ............................................................................ 4
INTRODUÇÃO .................................................................................... 5
1. O HOMEM É A CABEÇA DA MULHER? ......................................... 11
2. AS ESPOSAS DEVEM OBEDECER SEMPRE A SEUS MARIDOS?......... 20
3. AS MULHERES DEVEM FICAR EM SILÊNCIO NA IGREJA? .............. 34
4. AS MULHERES DEVEM COBRIR A CABEÇA NA IGREJA? ................ 52
5. VESTIMENTA E ORNAMENTOS APROPRIADOS PARA MULHERES
CRISTÃS ........................................................................................... 64
CONCLUSÃO .................................................................................... 75

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AGRADECIMENTOS
Ao Dr. P. C. Nelson, que era pastor batista, teólogo e um dos ho­
mens mais ilustres de seus dias, quando recebeu o Espírito Santo. Em
1927, fundou a Escola Bíblica do Sudoeste, em Enid, Oklahoma
(EUA), a qual, posteriormente, tornou­se a Universidade das Assem­
bleias de Deus do Sudoeste, em Waxahachie, Texas. Em 1942, ele fale­
ceu.
Tive o privilégio de receber seus ensinamentos no início do meu
ministério por meio de notas mimeografadas, as quais me foram dadas
e serviram de grande ajuda na preparação deste livro.
Dr. Nelson podia ler e escrever em 32 línguas diferentes e era es­
pecialista em hebraico e grego. Eu o ouvi dizer que a tradução do Novo
Testamento de A. S. Worrell era a mais fiel ao grego do que qualquer
outra disponível na época. Em suas notas, havia algumas citações da
tradução de Worrell, que usei, bem como citações dos comentários de
M. Dodd
.

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INTRODUÇÃO
1 CORÍNTIOS 14.34­36
34 As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é
permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena
a lei.
35 E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa
a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres
falem na igreja.
36 Porventura, saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio
ela somente para vós?

1 TIMÓTEO 2.11,12
11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de au­
toridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
Estas palavras de Paulo têm sido motivo de perplexidade para os
leitores da Palavra de Deus ­ particularmente, para o grupo grande e
crescente de mulheres que sentem queiram­lhes a alma, sabendo que
foram chamadas e separadas por Deus para o ministério.
Em praticamente todas as denominações evangélicas, as mulheres
têm sido proibidas de ensinar, de pregar, ou mesmo de dar um testemu­
nho ou orar em voz alta nas reuniões. Esses textos são a base para tais
proibições. Muitas denominações conservadoras só permitem que as
mulheres tenham uma participação muito limitada nas reuniões. Outras
pessoas querem simplesmente passar por cima desses versículos, ale­
gando que Paulo estava expressando sua opinião pessoal e falível. No

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entanto, eu creio que, se em outros textos Paulo deixou clara uma opi­
nião pessoal, nesses citados acima, ele estava escrevendo sob a inspiração
do Espírito Santo. De fato, em outros versículos, Paulo declarou: Se
alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos
escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isso, que
ignore (1 Co 14.37,38).
A passagem a qual ordena que as mulheres fiquem caladas nas igre­
jas está no capítulo 14 da Primeira Epístola de Paulo aos coríntios ­ o
grande trecho conhecido como “capítulo pentecostal”. Quem já viu
uma igreja pentecostal onde as mulheres ficam em silêncio ou não po­
dem falar? Eu nunca vi.
Em nenhuma outra igreja que conheço as mulheres têm tanta li­
berdade para falar, ensinar, pregar, orar, gritar e assumir posições de
responsabilidade como nas igrejas pentecostais e nas do Evangelho
Pleno. Não há quem proclame, com tanta veemência, seguir a Palavra
de Deus fielmente quanto as igrejas do Evangelho Pleno e as pentecos­
tais. Na verdade, é isso que significa Evangelho Pleno: seguir a Verdade
completa. Mesmo assim, nos seminários e institutos bíblicos, mantidos
por essas duas igrejas, mulheres e moças podem ser encontradas estu­
dando a Palavra de Deus e preparando­se para o serviço cristão como
missionárias, evangelistas e pregadoras.
Portanto, se você apenas lê superficialmente esses versículos, sem
observar os detalhes, parecerá que nosso costume não está bem alinhado
com os ensinos de Paulo. Nesse caso, temos de admitir que ignoramos
ou desobedecemos a Palavra nessa questão em particular; ou então, te­
mos de interpretar esses textos de acordo com a prática que adotamos
em nosso meio.

6
SERÁ QUE PAULO ODIAVA AS MULHERES?

Tenho ouvido pregadores e outras pessoas apresentando, nas igre­


jas, a teoria de que Paulo não gostava de mulheres, de que ele nunca se
casou e de que até as odiava. Usam essa teoria como explicação do mo­
tivo pelo qual ele impunha tantas restrições às mulheres. Bem, Paulo
não as odiava.
Paulo também não aconselhava a prática do celibato, como alguns
pensam. Ele deu esse conselho dentro do contexto daqueles dias. Lendo
1 Coríntios 7.25­40, você verá que Paulo aconselhou o celibato por
causa do que chamou de angustiosa situação presente (v. 26 ARA), isto
é, as perseguições e aflições às quais os cristãos da época estavam, expos­
tos e também para que as pessoas estivessem livres para se devotar total­
mente ao serviço do Senhor.
Paulo não era contra o matrimônio. Isso fica claro na passagem
que mencionamos acima. Em Hebreus 13.4a, ele declarou: Venerado
seja entre todos o matrimônio.
Quando especificou as qualificações para o bispo ou pastor (1 Tm
3.1­7; Tt 1.5­10), Paulo disse que este deveria ser marido de uma só
mulher e governar bem sua própria casa, tendo os filhos bem­discipli­
nados. Se odiasse as mulheres, ou achasse que todos os ministros deviam
ser celibatários, Paulo teria aconselhado Timóteo e Tito a procurarem
homens solteiros para essa importante posição de responsabilidade. Ele,
contudo, não fez isso.
Paulo falava de uma maneira que demonstrava sua alta considera­
ção pelas mulheres e pelo trabalho que desempenhavam.
ROMANOS 16.1,2

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1 Recomendo­vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na
igreja que está em Cencréia,
2 para que a recebais no Senhor, como convém aos santos, e a
ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem
hospedado a muitos, como também a mim mesmo.
A palavra grega diakonos, traduzida como a qual serve, é traduzida
em muitos outros textos como diácono. Algumas versões mais moder­
nas da Bíblia trazem no versículo um: Recomendo­vos Febe [...] diaco­
nisa.
Note também que Paulo estava dirigindo­se à igreja em Roma, ou
seja, escrevia tanto para homens como para mulheres: [...] a ajudeis [...]
Em outras palavras, deviam ajudar aquela mulher. Não era para mandá­
la ficar calada em um canto ou prevalecer sobre ela, mas ajudá­la em
qualquer coisa que tivesse necessidade.
Em sua calorosa saudação, Paulo não esquece as mulheres de
Roma.
ROMANOS 16.3,4
3 Saudai a Priscila e a Aqüila, meus cooperadores em Cristo
Jesus,
4 os quais pela minha vida expuseram a sua cabeça; o que não
só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
Ao contrário do costume usual, mesmo na época atual, Paulo men­
ciona a esposa, Priscila, antes do marido Aqüila.
Ele escreveu: Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós (v. 6).
ROMANOS 16.12

8
12 Saudai a Trifena e a Trifosa, as quais trabalham no Se­
nhor. Saudai à amada Pérside, a qual muito trabalhou no
Senhor.
De acordo com a língua grega, sabemos que esses três nomes são
femininos. Como Paulo menciona o trabalho que Trifena, Trifosa e
Pérside faziam no Senhor, concluímos que essas mulheres tinham algum
tipo de ministério.
No versículo 13, Paulo disse: Saudai a Rufo, eleito no Senhor; e a
sua mãe e minha.
Em uma extensa passagem (Ef 5.21­33), na qual mostra como o
relacionamento entre marido e esposa ilustra o relacionamento entre
Cristo e a Igreja, Paulo aproveita para exortar os maridos a amar suas
esposas:
EFÉSIOS 5.25,33
25 Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo
amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
33 Assim também vós, cada um em particular ame a sua pró­
pria mulher como a si mesmo [...]

COLOSSENSES 3.19
19 Vós, maridos, amai a vossa mulher e não vos irriteis contra
elas.
Será que estas são palavras de alguém que odiava as mulheres? É
claro que não! Pelo contrário, mostram que esse grande apóstolo ­ apesar
de ter renunciado à influência doce e inspiradora; à amizade e ao com­
panheirismo de uma esposa piedosa ­ tinha as mulheres em alta estima,

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tanto quanto estimava bons homens. Se os seus conselhos fossem leva­
dos um pouco mais a sério pelos homens, muitas tristezas e momentos
difíceis enfrentados por boas esposas seriam evitados.
A atitude de Jesus para com as mulheres é um exemplo para todos
os homens.
Ninguém poderia tratá­las com maior consideração do que o pró­
prio Senhor Jesus Cristo.

10
CAPÍTULO 1

O HOMEM É A CABEÇA
DA MULHER?
O homem é a cabeça da mulher? Aparentemente, essa parece ser
a principal afirmação do versículo abaixo:
1 CORÍNTIOS 11.3
3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo va­
rão, e o varão, a cabeça da mulher; e Deus, a cabeça de
Cristo.
Lendo, contudo, outras traduções da Bíblia, você verá que esse
texto, na verdade, está de acordo com Efésios 5.23a, que diz: Porque o
marido é a cabeça da mulher.
Então, quer dizer que todo homem é a cabeça de toda mulher?
Certamente, não! Um homem pode ser a cabeça de apenas uma mulher
­ sua própria esposa. Ele não é a cabeça de todas as mulheres.
Lembro­me de alguns trechos da pregação de um irmão, durante
uma reunião de avivamento na última igreja onde fui pastor. Ele não
deve ter estudado muito a Palavra, senão teria mais conhecimento.
Olhava apenas superficialmente os textos, como se estivesse garimpando
ouro em um riacho.
Antigamente, durante a Corrida do Ouro, você poderia ir a um
pequeno riacho e encontrar algumas pepitas. Se quisesse, contudo, en­
contrar ouro em quantidade e ficar rico, teria de cavar fundo. Da mesma
maneira, você pode ficar garimpando na superfície das Escrituras, no

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entanto, se quiser saber realmente o que a Palavra diz, terá de ir fundo
no estudo.
Não interrompi aquele irmão para corrigi­lo, enquanto ele falava
da questão da autoridade do homem sobre a mulher. Eu sabia que os
membros da igreja não aceitariam o que ele estava dizendo. Depois do
culto, quando voltamos juntos para casa, ele continuou falando sobre o
assunto.
Finalmente, disse­lhe: “Não é isso, irmão, que aquele versículo está
dizendo”.
“Oh, é sim”, ele respondeu. “Está escrito que o homem é a cabeça
da mulher. Os homens são cabeças das mulheres em todos os aspectos”.
“Não, não”, eu disse. “Os homens não estão acima das mulheres
no Senhor. Se fosse assim, uma mulher só poderia ser salva com o con­
sentimento do marido”.
Aquele irmão era do tipo que trata as mulheres duramente. Ele
sempre pregava contra as mulheres. Na verdade, era um indivíduo
muito duro. Sua esposa não era uma companheira; era um capacho. Ele
pisava nela. Na maioria do tempo, falando figuradamente, ele mantinha
o pé no pescoço dela e no dos filhos.
“Para começar”, eu disse àquele irmão, “você não é cabeça da mi­
nha esposa. Eu sou o cabeça dela”.
Ele tinha tentado dizer às mulheres da igreja, incluindo minha es­
posa, como deveriam vestir­se etc.
“Já que estamos falando disso”, continuei, “quero dizer­lhe mais
uma coisa. A maneira como minha esposa se veste não é da sua conta.
Isso é problema meu.

12
A maneira como ela usa o cabelo também não é da sua conta, nem
de ninguém mais da igreja, nem de nenhum outro pregador. Ela se ar­
ruma para agradar a mim, não a você. Se sua esposa quer submeter­se a
todas as suas idiossincrasias, isso é problema dela. Não tente, contudo,
impor isso também sobre mim ou minha esposa.
Já que estamos tratando desse assunto, quero que pare e não fale
mais sobre isso na igreja. Como pastor, sou o cabeça da igreja local. Jesus
é a cabeça da Igreja Triunfante, mas eu sou o pastor local e tenho auto­
ridade aqui (o governo reside no gabinete pastoral). Portanto, não fale
nem mais uma palavra contra as mulheres enquanto estiver aqui”.
A língua grega usa a mesma palavra para homem e marido no
Novo Testamento ­ aner. O grego do Novo Testamento não tem uma
palavra específica para marido. Da mesma maneira, não há uma palavra
para esposa. Portanto, a palavra grega para mulher ­ gyne ­ tem sido
traduzida não só como mulher, mas também como esposa.
O contexto é que deve determinar qual desses dois significados
deve ser empregado quando se faz a tradução das passagens para o por­
tuguês. Assim, você deve verificar, pelo contexto, onde se está falando
das mulheres em geral e onde se refere estritamente às esposas. Às vezes,
Paulo está mencionando as mulheres em geral, mas em outras situações,
ele se dirige especificamente às esposas. Tais passagens deveriam ser in­
terpretadas como o papel das esposas.
Nosso texto (1 Co 11.3) não pode significar que todo homem está
na mesma relação com as mulheres que Cristo tem com todos os ho­
mens. Isso não poderia ser verdade.

13
Cristo é a cabeça da mulher, tanto quanto Ele é a cabeça do ho­
mem. Se não fosse assim, a mulher não faria parte da Igreja, já que
Cristo é a cabeça da Igreja.
Pode­se fazer a Bíblia dizer qualquer coisa. Não importa o que se
queira acreditar, pode­se encontrar um texto nas Escrituras, distorcer
seu sentido, tirá­lo fora do contexto e fazê­lo dizer qualquer coisa que
se queira.
Recentemente, depois que declarei que o homem não é a cabeça
espiritual da mulher, um irmão veio falar comigo.
“Ele é, sim”, disse­me. “A Bíblia diz: assim como Cristo é a cabeça
da Igreja, o homem é a cabeça da mulher”. Então, perguntou­me:
“Cristo não é a cabeça espiritual da Igreja?”
“Sim”, repliquei.
“Então, o homem é a cabeça espiritual da esposa”.
“Quer dizer que a cabeça espiritual dela não é Cristo?”, perguntei.
“Sim, sim, porque ela está na Igreja”, ele respondeu.
“Bem”, eu disse, “se ela faz parte da Igreja e é membro do Corpo
de Cristo, então, Cristo é a cabeça ­ não o homem”.
Paulo estava simplesmente fazendo uma ilustração, dizendo que,
do ponto de vista da família ­ no contexto doméstico ­, o marido é a
cabeça da esposa, assim como espiritualmente Cristo é a cabeça da
Igreja. Ele não estava dizendo que o marido era a cabeça espiritual da
esposa. Se isso fosse verdade, uma esposa nascida de novo, casada com
um homem não­convertido, não teria uma cabeça espiritual. Mas lou­
vado seja Deus, ela tem uma cabeça espiritual ­ o Senhor Jesus Cristo!
Aquele irmão foi adiante, afirmando que, sendo o homem a cabeça da
14
esposa, ela deve obedecer­lhe e submeter­se a ele em tudo. Chegou até
a dizer: “Mesmo que o marido dissesse à esposa para dormir com outro
homem, ela deveria obedecer”.
Isso é uma estupidez. O homem não é o senhor da consciência da
esposa ­ ou do seu espírito. Jesus é o Senhor dela, assim como é o Senhor
do homem.
A Bíblia declara: Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo
espírito (1 Co 6.17). No mesmo capítulo, lê­se: Ou não sabeis que o
que se ajunta com a meretriz faz­se um corpo com ela? Porque serão,
disse, dois numa só carne (v. 16). A Bíblia usa essa mesma terminologia
­ e serão dois numa carne ­ com relação ao marido e à esposa (Ef 5.31).
Você percebe como é somente na relação marido/esposa ­ no con­
texto doméstico ­ que o marido é a cabeça da mulher? Do ponto de vista
espiritual, aquele ou aquela que está unido com o Senhor é um mesmo
espírito com Ele, tendo Jesus como Cabeça espiritual. A mulher é mem­
bro do Corpo de Cristo, da mesma maneira que o homem. Cristo é a
cabeça da mulher, assim como é do homem.
Toda mulher pode ir a Cristo diretamente, sem a mediação ou o
consentimento de qualquer homem. Já ouvi irmãos dizendo que suas
esposas não podem nem orar sem o consentimento deles. Isso é tolice.
Qualquer mulher pode ir a Deus sem precisar da permissão do marido
ou de qualquer outro homem. Pode ter o mesmo relacionamento de
comunhão e intimidade com o Senhor Jesus Cristo que o homem pos­
sui. Na verdade, muitas mulheres estão andando em um relacionamento
mais íntimo com Cristo do que muitos homens.

15
Como esposa, no relacionamento, ela tem um lugar subalterno na
família. Ela não tem um lugar subalterno no Corpo de Cristo. Isso tam­
bém não quer dizer que marido e esposa não sejam iguais diante de
Deus. Para que haja boa ordem na família, o marido deve ser o cabeça
da casa. Nenhuma mulher inteligente deveria pensar em se casar com
um homem que em sua avaliação não seja digno de ocupar esse lugar.
Muitas calamidades poderiam ter sido evitadas se a ordem de Deus
concernente ao governo da família tivesse sido aceita e seguida. O ma­
rido não deveria ser “do contra” e querer dominar a esposa. Pelo con­
trário, ambos deveriam ajudar­se mutuamente, tanto no que diz res­
peito ao seu bem­estar temporal como à vida eterna.
O marido deve assumir a maior responsabilidade; portanto, deve
ter maior autoridade. Se o marido e a esposa desempenham bem seu
papel, o marido toma naturalmente o lugar de cabeça da família, e é
uma alegria para a esposa vê­lo assim. Nenhuma mulher deseja um eco
ou um boneco como marido. Deveria ser motivo de alegria para a esposa
submeter sua vontade ao marido quando necessário, em vez de desmo­
ralizá­lo diante dos vizinhos
Não há como fugir da clareza com que a Bíblia fala sobre isso.
EFÉSIOS 5.21­25
21 Sujeitando­vos uns aos outros no temor de Deus.
22 Vós, mulheres, sujeitai­vos a vosso marido, como ao Se­
nhor;
23 porque o marido é a cabeça da mulher, como também
Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do
corpo.

16
24 De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo,
assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu ma­
rido.
25 Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo
amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
Paulo dirigia­se a toda a igreja quando disse: Sujeitando­vos uns
aos outros... (v. 21). Será que ele queria dizer que devemos nos impor
uns sobre os outros na igreja? Não! Quer dizer que devemos ceder, con­
cordar e caminhar em paz uns com os outros.
Então, no próximo versículo, no qual afirmou: Mulheres, sujeitai­
vos a vosso marido, como ao Senhor, será que ele queria dizer que o
marido deve impor sua vontade sobre a mulher, e ela nunca tem o di­
reito de dar uma opinião? Não! Quer dizer que devem concordar um
com o outro e esforçar­se para andar em harmonia.
O mesmo versículo, o qual declara que o homem é a cabeça da
mulher, afirma também que a cabeça de Cristo é Deus. Não quer dizer
que Cristo seja essencialmente e eternamente inferior ao Pai. Sua igual­
dade eterna com o Pai é declarada na seguinte passagem (note o versí­
culo seis):
FILIPENSES 2.5­9
5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus,
6 que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus.
7 Mas aniquilou­se a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo­se semelhante aos homens;

17
8 e, achado na forma de homem, humilhou­se a si mesmo,
sendo obediente até à morte e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu
um nome que é sobre todo o nome,
Como nosso Salvador, nosso Sacrifício e nosso próprio Irmão, Ele
tomou uma posição subalterna e foi obediente em tudo ao Pai, subme­
tendo­se à Sua vontade.
A Bíblia ensina de forma muito bonita que, quando Cristo Se hu­
milhou e Se tornou obediente até a morte, Deus O exaltou soberana­
mente e O colocou sentado à Sua direita. É lá que Cristo está agora,
intercedendo por nós.
Semelhantemente, quando um homem (ou uma mulher) sub­
mete­se à cruz e recebe Cristo como Salvador, também é exaltado e
senta­se nos lugares celestiais com Cristo.
EFÉSIOS 2.4­6
4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito
amor com que nos amou,
5 estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo
6 (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com
ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Cristo não está abaixo de Deus ­ Ele estava abaixo de Deus ­ mas
foi exaltado e Se assentou à direita de Deus. O homem, embora esteja
abaixo, quando vai à cruz, confessa Jesus como Senhor e é salvo, é le­
vantado com Cristo e se assenta com Ele. Não é mais uma relação ver­
tical, mas horizontal. A Palavra de Deus diz que somos herdeiros, filhos

18
de Deus e co­herdeiros com Cristo. O prefixo co significa companhia,
igualdade. As mulheres também são co­herdeiras tanto quanto os ho­
mens.
Jesus orou: Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim,
e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia
que tu me enviaste (Jo 17.21). Isso inclui não só as esposas cristãs, mas
também os maridos cristãos.
Muito do que se ouve sobre essa questão da submissão da mulher
não tem base bíblica ­ os versículos são utilizados fora do contexto, a
fim de se afirmar algo que, na verdade, os textos não declaram. Isso faz
com que a mulher se sinta inferior ao homem e como se estivesse na
posição de escrava. Esses ensinos trazem prisão, ao invés de trazer liber­
tação, quando a Palavra de Deus diz claramente: E conhecereis a ver­
dade, e a verdade vos libertará (Jo 8.32). A verdade nunca aprisiona!

19
CAPÍTULO 2

AS ESPOSAS DEVEM OBEDECER


SEMPRE A SEUS MARIDOS?
Neste capítulo, trataremos apenas da última parte do nosso texto
bíblico e sobre essa questão: as esposas devem obedecer sempre aos ma­
ridos?
1 CORÍNTIOS 14.34
34 As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é
permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena
a lei.
Para esclarecer, Paulo toma a Lei como base: Como também or­
dena a lei. A palavra lei, como é usada no Novo Testamento, pode re­
ferir­se a três coisas: aos Dez Mandamentos; aos cinco Livros de Moisés,
os quais formam o Pentateuco, e a todo o Antigo Testamento.
Sabendo que não há algo nos Dez Mandamentos sobre os direitos
das mulheres, Paulo devia estar referindo­se ao Pentateuco ou a todo o
Antigo Testamento. Então, vamos dar uma olhada no que a Lei diz (às
vezes, pensamos que sabemos o que declara, interpretando­a de acordo
com nossa opinião, sem considerar o que realmente quer dizer).
No princípio, no Livro de Gênesis, vemos que Deus criou o ho­
mem e a mulher. Os dois deveriam ter domínio sobre tudo na Terra
(Gn 1.26­28). Os animais selvagens têm pelas mulheres o mesmo medo
instintivo que têm dos homens.

20
A mulher não foi tirada dos pés de Adão, mas do seu lado. Não
deve ser oprimida, à maneira pagã, mas permanecer a seu lado, à ma­
neira cristã (Gn 2.21,22).
E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só (Gn
2.18a). Deus sabia que não era bom para o homem ficar sem a ajuda e
a inspiração de uma mulher. Assim, fê­la companheira e ajudadora.
Uma companheira digna de Sua criação.
Paulo reconhece essa interdependência na seguinte passagem:
1 CORÍNTIOS 11.8,9,11,12 (ARA)
8 Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher,
do homem.
9 Porque também o homem não foi criado por causa da mu­
lher, e sim a mulher, por causa do homem.
11 No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do ho­
mem, nem o homem, independente da mulher.
12 Porque, como provém a mulher do homem, assim também
o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.
Na narrativa da criação, em Gênesis, não há sinal de desigualdade
entre homem e mulher.
As mulheres não são subordinadas aos homens. Isso só acontece
na relação marido/esposa. As esposas têm
As esposas devem obedecer sempre a seus maridos? Uma posição
subordinada na família. Não têm uma posição de subordinação no Se­
nhor.
A Bíblia declara: Não há macho nem fêmea; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus (G13.28b).
21
As mulheres são chamadas de filhos de Deus, da mesma maneira
que os homens. João estava escrevendo para toda a Igreja ­ não somente
para os homens ­ quando disse: Amados, agora somos filhos de Deus (1
Jo 3.2a).
O versículo continua: E ainda não é manifesto o que havemos de
ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele; porque assim como é o veremos. As mulheres serão como Ele, da
mesma maneira que os homens.

EXEMPLOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Vamos examinar alguns maridos e esposas registrados na Lei.


Pedro menciona Sara como um modelo de esposa, cujo exemplo
as esposas cristãs deveriam seguir. Como Sara obedecia a Abraão, cha­
mando­lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem e não temendo
nenhum espanto (1 Pe 3.6).
É possível destacar esse versículo e dizer: “Veja, a esposa deve obe­
decer ao marido, como Sara obedecia a Abraão”. Será que significa que
a esposa não tem qualquer direito de expressar suas próprias opiniões?
Algumas interpretações deixam a impressão de que a esposa nunca tem
o direito de expressar seus pensamentos e ideias, que está sob domínio,
tem de obedecer totalmente e não é nada mais que uma escrava. No
entanto, não é isso que Pedro está dizendo. Vamos olhar o que a Lei
declara:
GÊNESIS 16.5,6
5 Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti. Minha
serva pus eu em teu regaço; vendo ela, agora, que concebeu,

22
sou menosprezada aos seus olhos. O SENHOR julgue entre
mim e ti.
6 E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão;
faze­lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu­a Sarai, e ela
fugiu de sua face.
Neste trecho, vemos Abraão deixando Sara tomar as próprias de­
cisões. Ele não a está dominando como um tirano.
Do capítulo 16 ao 21, do Livro de Gênesis, há o relato de um
desentendimento. No final, observamos que Abraão cedeu aos argu­
mentos da esposa e permitiu que ela fizesse o que bem entendesse. Além
disso, vemos que Deus não apoiou Abraão; apoiou Sara.
GÊNESIS 21.10­12
10 E disse a Abraão: Deita fora esta serva e o seu filho; porque
o filho desta serva não herdará com meu filho, com Isaque.
11 E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abraão, por
causa de seu filho.
12 Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus
olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que
Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada
a tua semente.
Pelo menos uma vez, Deus disse a Abraão para ouvir sua esposa.
De acordo com isso, Sara dominou o marido na ocasião. E Deus apro­
vou. Como Ele sempre faz, quando a esposa está com a razão.
Deus sempre aprova o que é certo. Alguns pastores do Evangelho
Pleno, cheios do Espírito, têm­me falado, lamento dizer, que uma es­
posa deve fazer o que seu marido diz, não importa o que seja.

23
Disseram na minha cara que, se o marido diz à esposa para dormir
com outro homem, ela deve fazer isso, porque a Bíblia diz que ela deve
obedecer. Isso é um insulto à minha inteligência. Deus nunca toma o
partido do erro, e uma ordem dessas estaria quebrando um de Seus Dez
Mandamentos.
Um irmão me falou: “Se um marido pedir à esposa que beba com
ele, ela deverá beber. Se ele quiser que o acompanhe ao bar, ela deverá
ir”.
Outro homem disse: “Se um marido não­salvo disser à esposa que
não vá à igreja, ela não deverá ir. Se ele proibi­la de ler a Bíblia, ela não
a lerá. A esposa precisa obedecer a ele ao pé da letra”.
Essas coisas me foram ditas pessoalmente ­ não estou falando sobre
o que alguém me contou que alguém disse. Você pode imaginar a con­
fusão que essas opiniões criaram.
Respondo sempre: “Besteira e baboseira!”
Pedro mencionou Sara como exemplo. Vamos fazer o mesmo.
Quando Sara estava certa, Deus ficava do lado dela. Deus não apoiará
o marido quando ele estiver errado, assim como não apoiará a esposa,
se ela estiver errada.
Graças a Deus pelas boas esposas! Elas não precisam ser reprimi­
das. Oh, eu sei que há algumas esposas dominadoras, no entanto, se os
maridos não sabem como lidar com elas, que sigam adiante e sejam go­
vernados. Como você pode ver, o problema é do marido. Não faz sen­
tido menosprezar todas as esposas por causa de algumas exceções. A res­
ponsabilidade de tratar desses problemas é dos maridos, não dos prega­
dores.

24
Se um homem quer ser dominado, o problema é dele e de mais
ninguém. Tentar administrar a esposa de outro homem é como pensar
que tenho obrigação de administrar o dinheiro de outra pessoa. É claro
que podemos ensinar princípios, embora eu acredite que existam ho­
mens que se sentem bem sendo dominados. Se o preferem, então que
sejam dominados. Eu, particularmente, não gosto disso.
Respeito minha esposa e suas opiniões. Certa ocasião, ela teve de
fincar os pés e falar duramente comigo. Deus vinha tratando comigo,
nos anos de 1947 e 48, sobre deixar o pastorado e sair para um minis­
tério itinerante. Ele tinha­me falado sobre cura e fornecido instruções
para ministrar a pessoas doentes. Era exatamente o que eu tinha no co­
ração. Contudo, cometi um erro. Fui à reunião errada. Às vezes, você
pode cometer esse tipo de erro, indo à igreja errada, à convenção errada,
ou à reunião errada. Era uma conferência bíblica e de oração, durante o
inverno. Quase todos os pregadores falaram contra as reuniões de cura.
Por último, um dos líderes se aventurou a dizer que a pessoa sozinha
não deveria orar por enfermos; um indivíduo apenas não deveria impor
as mãos e orar por alguém doente ­ o grupo todo deveria orar, impor as
mãos e, então, quando Deus fizesse o milagre, a glória seria toda dEle.
Tudo que ouvi fez­me sentir inferiorizado. Pude entender como
as mulheres se sentem, às vezes ­ vão à igreja, ouvem coisas que as dei­
xam inferiorizadas e acabam desejando não terem ido.
Depois de uns dois ou três dias, voltei para casa. Já me tinha resig­
nado. Enquanto estive fora, minha esposa tinha preparado tudo para a
mudança.
“Pode desfazer as malas”, eu disse. “Nós não vamos mais”.
“Você não vai mais?”
25
“Não, não vou mais. A igreja quer que eu fique, e vou ficar. Outra
coisa: de agora em diante, jamais orarei por algum enfermo novamente.
Jamais imporei as mãos sobre ninguém, enquanto eu viver. Se alguém
insistir em ser ungido com óleo, chamarei os diáconos para que façam
isso”.
Minha esposa podia ver que eu não estava de bom humor. “Não!”,
disse ela, “Nós não vamos ficar aqui, nessa igreja”
Fui pego de surpresa. Ela nunca tinha reagido daquela maneira em
toda sua vida. E nunca mais o fez desde então. Porém, naquela ocasião,
ela teve de reagir daquela maneira, e Deus a apoiou.
“Não vou desfazer as malas”, ela disse. “Sim, vamos deixar a igreja.
Sim, você vai obedecer a Deus. É exatamente isso que você vai fazer!”
Fiquei ali, em pé, sem conseguir abrir a boca. Ela não costumava falar
daquela maneira. No entanto, para falar a verdade, se ela deixasse que
eu controlasse a situação, estaríamos em uma enrascada. Ela estava certa
e me transmitiu um pouco de vigor. Fui adiante e obedeci a Deus.
Sara dominou seu marido na situação que lemos, e Deus aprovou
sua atitude. Deus sempre Se coloca do lado do certo e da razão. Ele
nunca toma partido com o lado errado. Se Ele fizesse isso, também es­
taria errado.
Note também que Sara não ficou sofrendo em silêncio e em sub­
missão servil, mas disse o que pensava, conforme seu direito, como tam­
bém ordena a lei. Afinal, o episódio está registrado no Pentateuco.
Quando Ana, mãe do profeta Samuel, teve um pequeno desenten­
dimento com o marido, ela falou o que pensava e agiu da maneira que
achava melhor. Depois, ficou claro que era o que Deus queria (1 Sm 1).

26
Abigail era uma mulher sábia, cujo marido era tolo (existem casos
assim). A Bíblia se refere a ele como filho de Belial. Desobedecendo a
seu marido, ela evitou uma situação crítica e conquistou o favor de Davi.
Se ela tivesse ouvido seu marido, teria ocorrido muito derramamento
de sangue.
1 SAMUEL 25.32,33
32 Então, Davi disse a Abigail: Bendito o Senhor Deus de
Israel, que hoje te enviou ao meu encontro.
33 E bendito o teu conselho, e bendita tu, que hoje me estor­
vaste de vir com sangue e de que a minha mão me salvasse.
Leia toda a história em sua Bíblia e verá que Deus ficou do lado
de Abigail, apesar de ela ter desobedecido ao marido.
Obedecer em tudo?
O argumento de que todas as esposas devem sempre obedecer a
seus maridos em tudo não é racional. No capítulo dois, mencionei o
incidente quando um irmão, um professor da escola dominical, veio
conversar comigo depois que falei que o marido não é o senhor da es­
posa, mas que Jesus é o Cabeça espiritual dela. Ele me disse: “Vamos ler
Efésios 5.24: De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo,
assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido”. Ao
ler, ele enfatizou bem a expressão em tudo. “Uma esposa deve obedecer
a seu marido em tudo”, arrematou.
Foi quando disse que mesmo que o marido mande a mulher dor­
mir com outro homem, ela devia fazer isso. Colocou grande ênfase no
fato de que não havia algo que especificasse se o marido tinha de ser
cristão; o texto simplesmente dizia que a esposa devia obedecer.

27
“Mesmo que o marido seja incrédulo, tudo o que ele lhe mandar fazer
deve ser feito”.
Ele se agarrava àquele único versículo para apoiar seu ponto de
vista. A Bíblia, contudo, diz claramente que pela palavra de duas ou três
testemunhas toda palavra é estabelecida (Dt 17.6; 19.15; 2 Co 13.1). É
preciso considerar o ensino de toda a Bíblia. Não podemos utilizar ape­
nas um texto e construir alguma doutrina.
Quero repetir: não é racional argumentar que toda esposa deve
obedecer sempre a seu marido em tudo. Alguns maridos são tão brutos,
que exigem coisas das esposas que não deveriam ser obedecidas. Se um
marido irado, fora de si, exige que a esposa mate um dos filhos, nin­
guém, em seu juízo perfeito, diria que ela deveria obedecer a ele. Bem,
se ela não deve obedecer nessa situação, existem muitas outras situações
em que ela também não deveria obedecer, pois envolvem coisas erradas!
Nenhum marido pode dar uma ordem contrária a qualquer um
dos mandamentos do Senhor.
Smith Wigglesworth, um homem poderosamente usado por Deus,
disse: “Abaixo de Deus, tudo que sou em todo meu ministério, devo à
minha querida esposa”. Ele prosseguiu, afirmando que, quando era en­
canador na Inglaterra, crescia e prosperava, consertando encanamentos
em mansões; às vezes, trabalhava até sete dias por semana. Disse que se
tornou frio espiritualmente, chegando, na verdade, a quase desviar­se.
Quando a pessoa se desvia e se afasta da comunhão, não está mais
tão interessado nas coisas de Deus. Entretanto, se alguém próximo a
essa pessoa está interessado nas coisas de Deus, isso mexe demais com
ela.

28
“Você vai demais à igreja”, Smith disse à esposa. “Não quero mais
que vá. Conheço a Bíblia o suficiente para saber que o marido é a cabeça
da esposa. Você vai ter de me obedecer. Estou dizendo: não vá mais à
igreja. Assim, você não deve mais ir”.
Ela sorriu docemente e respondeu: “Smith, você é o cabeça da casa
e é meu marido. Qualquer coisa que você diz em relação à casa, eu obe­
deço. Você sabe tão bem quanto eu que, de maneira alguma, negligen­
cio você, as crianças ou nossa casa, mas Jesus é o meu Senhor. E a Bíblia
diz para não abandonar nossa congregação. A Palavra de Deus me diz
para ir à igreja, e eu vou”.
“Bem”, ele contou: “Fumeguei, briguei, xinguei e até praguejei.
Finalmente, um dia, disse se sair hoje à noite, trancarei a porta e a dei­
xarei do lado de fora. Ela foi assim mesmo, e eu tranquei a porta. Ela
não tinha a chave. Na manhã seguinte, desci as escadas, abri a porta dos
fundos e lá estava minha esposa, toda enrolada no casaco, encostada na
porta. Quando abri, ela quase caiu para dentro da cozinha, mas se le­
vantou de um pulo: ‘Olá querido, como você está essa manhã?’, disse
sorridente.
Foi muito gentil, mas eu teria preferido que me maltratasse um
pouco. Ela, contudo, não fez isso. Apenas me perguntou: ‘O que você
quer para o café da manhã?’ E preparou minha refeição preferida.
Está bem, está bem ­ eu disse. Estou errado. Cometi um erro com
você. Ela tão somente me amou e me levou de volta para Deus. Ao
mesmo tempo, contudo, permaneceu firme. Se ela me tivesse obedecido
e deixado de ir à igreja, nós dois estaríamos com sérios problemas”.
Tenho visto isso acontecer. Nos meus 12 anos como pastor, tenho
ouvido mulheres dizendo: “Meu marido não quer que eu venha à igreja.
29
Quer que eu fique e faça isso e aquilo. Acho que, se obedecer, poderei
ganhá­lo para Cristo”. Vi muitas dessas esposas se desviarem, acompa­
nhando seus maridos. Algumas, por fim, voltaram à comunhão com
Deus, mas não me lembro de nenhum desses maridos terem­se conver­
tido.
Por outro lado, lembro­me de muitas mulheres fiéis em suas igre­
jas, cujos maridos eram verdadeiras feras e as proibiam de ir à igreja.
Lembro­me, em particular, de uma mulher baixinha. Que situação
ela enfrentava! Se você, contudo, precisasse de inspiração, se estivesse
tentando pregar e o culto parecesse morto, bastava olhar para ela que a
inspiração vinha! Sua face estava sempre brilhando, como um letreiro
de néon.
Certa noite, minha esposa me disse: “Querido, você notou como
estavam os pés da Mary?”
“Não. O que havia de errado com eles?”
“Bem, ela estava calçando galochas”.
“Botas de borracha? Por que ela estaria usando galochas, se faz um
mês que não chove?”
“Joe, o marido dela, não queria que ela viesse ao culto. Ele estava
com raiva e escondeu os sapatos dela”.
O marido pensou que, se escondesse os sapatos, ela não iria. A
esposa calçou as galochas de chuva e foi para a igreja. Tenho certeza de
que, se ele tivesse jogado fora as botas de borracha, ela teria ido descalça.
Era uma mulher pequenina e dócil, mas me lembro dela dizendo:
“Não quero dominar meu marido; eu o respeito. Ele é o pai dos meus
filhos, e eu os ensino a respeitá­lo, no entanto, ele não está tomando o
30
lugar que deveria; não tem interesse nas coisas de Deus e não vem à
igreja. Parece que, nessa questão, vou ter de assumir a liderança. Será
que estou errada?”
“Não”, respondi, “você não está errada. Você está certa”.
Ela fincou os pés e permaneceu firme. Posteriormente, aquela mu­
lher me contou a conversa que teve com o marido. “Joe, não estou ten­
tando tirar sua autoridade, mas continuarei levando nossos filhos à
igreja e à escola dominical. Se eles seguirem seu exemplo, logo começa­
rão a beber e a perder dinheiro no jogo. E outra coisa, nós devíamos
orar à mesa, antes das refeições. Nós apenas nos sentamos e comemos
como uns porcos. Antes de comermos, eu vou orar”. Ela não lhe per­
guntou se podia ou não, simplesmente disse: “Eu vou fazer”. Na refeição
seguinte, Mary tomou a iniciativa e orou. Uma das crianças deu uma
olhadinha e depois falou: “Mamãe, o papai ficou lá sentado, olhando
para a frente como se estivesse louco”. Depois de algumas vezes, con­
tudo, ele começou a curvar a cabeça e a fechar os olhos junto com eles.
Mary me contou que não muito tempo depois disse ao marido:
“Joe, devíamos ler a Bíblia aqui em casa, e essa seria sua obrigação, mas
você não está fazendo. Então, todas as noites, antes de dormir, lerei um
capítulo e orarei com as crianças. Se você estiver em casa, deverá ter um
pouco de respeito por mim e pelas crianças, sentar­se conosco e ouvir”.
Ela disse que, às vezes, seu marido ouvia. No começo, quando ela
e os filhos se ajoelhavam para orar, ele ficava sentado. Depois de um
tempo, contudo, também se ajoelhava.
Graças a Deus que ela tomou uma posição e ficou firme! Até onde
eu sei, cada um dos seus filhos era cristão. Alguém me contou depois
que o velho Joe se converteu quando estava com quase 60 anos.
31
Você jamais conseguirá coisa alguma fazendo qualquer concessão
ao diabo! Precisamos de equilíbrio nessas questões. Um marido não
pode dar uma ordem que seja contrária aos mandamentos do Senhor.
Ele não é senhor da consciência da esposa, pois o Senhor dela é Jesus
Cristo.
Uma esposa deve ser firme em suas convicções, mesmo à custa de
perder o marido, se ele não compartilha de sua devoção a Cristo.
1 CORÍNTIOS 7.15
15 Mas, se o descrente se apartar, aparte­se; porque neste caso
o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus cha­
mou­nos para a paz.
Submissão
1 PEDRO 3.1­7
1 Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso pró­
prio marido, para que também, se algum não obedece à pala­
vra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra,
2 Considerando a vossa vida casta, em temor.
3 O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos,
no uso de joias de ouro, na compostura de vestes;
4 Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo
de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.
5 Porque assim se adornavam também antigamente as santas
mulheres que esperavam em Deus e estavam sujeitas ao seu
próprio marido,

32
6 Como Sara obedecia a Abraão, chamando­lhe senhor; da
qual vós sois filhas, fazendo o bem e não temendo nenhum
espanto.
7 Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendi­
mento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como
sendo vós os seus co­herdeiros da graça da vida; para que não
sejam impedidas as vossas orações.
A palavra grega, traduzida no Novo Testamento como submeter,
sujeitar e submeter­se é hipotasso. Ela é usada em 1 Pedro 3.1 e em
outros textos no sentido de que os cristãos devem submeter­se uns aos
outros.
Paulo usa essa palavra em 1 Coríntios 16.16: Que também vos
sujeiteis aos tais e a todo aquele que auxilia na obra e trabalha. Em Efé­
sios, ele escreveu: Sujeitando­vos uns aos outros no temor de Deus. Vós,
mulheres, sujeitai­vos a vosso marido, como ao Senhor (Ef 5.21,22). A
que tipo de sujeição isso se refere? Certamente, Paulo não queria dizer
que os irmãos deviam ser escravos uns dos outros; deviam agradar­se
uns aos outros sempre que possível, evitando disputas, contendas e di­
visões. Isso é tudo que ele queria dizer quando dizia: “Sujeitai­vos”.
Como você vê, é uma sujeição de amor, à lei do amor.

33
CAPÍTULO 3

AS MULHERES DEVEM FICAR EM


SILÊNCIO NA IGREJA?
1 CORÍNTIOS 14.34­36
34 As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é
permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena
a lei.
35 E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa
a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres
falem na igreja.
36 Porventura, saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio
ela somente para vós?
Como já mencionamos antes, no grego existe apenas uma palavra
para homem (nenhuma para marido); e somente uma palavra para mu­
lher (nenhuma para esposa). Temos de determinar se um texto está fa­
lando de mulheres em geral ou especificamente de esposas pelo con­
texto.
O versículo 34, mencionado acima, não está falando das mulheres
em geral. Não poderia ser, porque no versículo seguinte está escrito: Se
querem aprender alguma coisa, interroguem em casa seus próprios ma­
ridos. Nem todas as mulheres têm marido. Portanto, mulheres solteiras
com certeza não estão incluídas nesse texto. A palavra grega gyne deveria
ter sido traduzida aqui como esposas: “As esposas estejam caladas...”
A. S. Worrell traduz esses versos assim:

34
34 Que as esposas fiquem em silêncio nas assembleias; porque
não é permitido que falem, mas que estejam submissas, como
também diz a lei.
35 E, se desejarem aprender alguma coisa, que perguntem aos
seus próprios maridos, em casa; porque é vergonhoso que uma
esposa fale em uma assembleia.
Outro texto famoso que fala sobre esse assunto é bem semelhante
ao primeiro que mencionamos.
1 TIMÓTEO 2.11­15
11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de au­
toridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada,
caiu em transgressão.
15 Salvar­se­á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com
modéstia na fé, na caridade e na santificação.
Você entenderá melhor estes textos, lembrando­se do seguinte: (1)
Paulo não se refere a todas as mulheres, mas às esposas; (2) Ele está fa­
lando sobre aprender e perguntar (1 Co 14.35; 1 Tm 2.11).
Traduza a palavra grega gyne como esposa, em vez de mulher, e
esses textos farão sentido. Em 1 Timóteo, Paulo se refere a Adão e Eva,
um casal ­ marido e mulher. Ele está fazendo uma proposição, usando
o exemplo do marido e da esposa.

35
Na verdade, não existe muito perigo das mulheres dominarem ou
de usurparem a autoridade dos homens em geral. No entanto, há espo­
sas que submetem os maridos a essa indignidade. Paulo está ensinando
que a esposa não deve dominar o marido, nem usurpar sua autoridade.
As mulheres daquela época tinham pouca ou nenhuma educação.
Paulo diz às esposas que, se quiserem aprender alguma coisa, perguntem
ao marido em casa. Isso implica, então, que os homens eram mais bem­
informados do que as mulheres.
Hoje em dia, isso nem sempre é verdade. Muitas mulheres morre­
riam ignorando totalmente os princípios da fé se dependessem somente
das ideias grosseiras, perniciosas e falazes que seus maridos lhes comu­
nicam.

A LEI DA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS

Todo texto bíblico deve ser interpretado à luz do que outras pas­
sagens dizem sobre o mesmo assunto, e a interpretação deve estar em
harmonia com todos os outros textos das Escrituras.
Muitos erros acontecem porque essa lei de interpretação tem sido
ignorada. Por isso, as pessoas têm apresentado dificuldade em relação
ao nosso estudo, bem como a outros assuntos. A interpretação que da­
mos a um texto da Palavra deve estar em harmonia com todo o resto
das Escrituras.
Você pode tirar um versículo do seu contexto, ignorar a lei de in­
terpretação e fazer com que ele ensine qualquer coisa que queira.
Existem alguns homens maravilhosos que são motivados pelo
amor, batizados com o Espírito Santo, boas testemunhas e uma bênção

36
para outras pessoas durante algum tempo. No entanto, caem em pro­
fundos erros, porque não interpretam a Bíblia à luz da própria Bíblia.
Um desses homens me contou, certa vez, que Deus lhe tinha dado uma
grande revelação (a revelação só será boa se estiver em conformidade
com a Palavra de Deus. Se não estiver, esqueça a revelação). Ele achava
que tinha uma grande revelação, que ninguém mais conhecia. Só que
alguns de nós já estamos no Movimento Pentecostal há longo tempo e
temos visto certas coisas surgirem aqui e ali, ocasionalmente, e depois
desaparecerem.
Esse foi o caso daquela revelação. Colocaram nela vários nomes
bonitos: Restauração, Restauração Eterna, Reconciliação Final etc. Em
essência, ensinavam que todas as coisas seriam restauradas, e todas as
pessoas seriam salvas. Um certo grupo ensinava que até os espíritos ma­
lignos ­ e, provavelmente, até o diabo ­ seriam salvos. Além disso, usava
versículos bíblicos, os quais considerava que estavam declarando isso.
Outro homem, com a mesma revelação, estava empolgado, di­
zendo­me o que “tinha descoberto na Bíblia”. Pelo seu hálito, podia­se
ver que havia bebido. Ele praguejava e usava o Nome de Deus em vão
enquanto conversávamos, mas ficou muito feliz e sorridente ao dizer­
me: “Nosso pastor pregou ­ e verifiquei na Bíblia ­ que todas as pessoas
serão salvas. Não faz diferença o que você pratica. Isso não é maravi­
lhoso? Sabe, a Bíblia diz que com Deus tudo é possível, e Ele não deseja
que alguém pereça. Todas as coisas não são possíveis para Deus?”
“Sim”, respondi.
“Deus não é Todo­Poderoso? Ele não sabe todas as coisas? Não é
infinitamente sábio?”
“Sim”, confirmei.
37
“Ele não tem poder para fazer qualquer coisa?”
“Sim”, reafirmei.
“Bem, Ele disse claramente que não deseja que ninguém pereça.
Assim, ninguém vai perecer. Todos serão salvos! Fiquei muito empol­
gado quando descobri isso”.
Um pastor do Evangelho Pleno, que por muitos anos teve um mi­
nistério abençoado, ganhando almas para Cristo e levando­as a receber
o batismo com o Espírito Santo, caiu no mesmo erro. “Por muitos
anos”, ele disse, “pensei que meu tio alcoólatra, o qual morreu blasfe­
mando contra Deus, havia ido para o inferno. Agora descobri que foi
para o céu. Ele se salvou porque não é a vontade de Deus que ninguém
pereça. Ele é Todo­Poderoso. Há alguns anos, eu costumava conversar
com ele sobre aceitar a Cristo, mas ele até me amaldiçoava e me man­
dava embora. Ele nunca confessou a Cristo como Salvador. Agora, po­
rém, sei que foi direto para a glória”.
Você vê como eles começam usando as Escrituras? Com Deus tudo
é possível (Mt 19.26; Mc 10.27). Deus não deseja que ninguém pereça
(2 Pe 3.9). Deus pode fazer qualquer coisa? Ele é Todo­Poderoso? Cer­
tamente! As conclusões deles, contudo, estão erradas. Eles não harmo­
nizaram a interpretação que deram a esses textos com o restante das Es­
crituras.
O Senhor Jesus Cristo afirmou que algumas pessoas se perderiam:
Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer
e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado (Mc
16.15,16). Não, o ensinamento extremista da Restauração Final é errô­
neo, maligno, induz ao erro e causa danos ao Corpo de Cristo. Eu queria
usar esse exemplo como ilustração.
38
Voltando à questão da mulher, você percebe que podemos fazer a
mesma coisa? Quando um homem tentou convencer­me do seu ponto
de vista, agarrando­se a um versículo da Bíblia, mostrei­lhe outro versí­
culo. “Bem”, disse ele, “pode ser que haja algumas exceções, mas a ma­
neira que Deus quer que seja é a que eu lhe disse”. Não! Se uma inter­
pretação não se harmoniza com o restante das Escrituras, ela está errada.
1 CORÍNTIOS 11.5
5 Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça des­
coberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se esti­
vesse rapada.
Paulo refere­se às mulheres que oram e profetizam na igreja. Mui­
tos pensam que profetizar significa pregar. Realmente é uma fase da
pregação. Se, enquanto prega, você diz alguma coisa sob a inspiração do
Espírito de Deus, está profetizando. Será que Paulo seria suficiente­
mente incoerente ­ especialmente escrevendo sob a inspiração do Espí­
rito Santo ­ para dizer às mulheres que podiam orar e profetizar (ou até
mesmo ensinar) no capítulo 11, e, então, chegar ao capítulo 14 e dizer­
lhes que ficassem em silêncio?
ATOS 2.16­18
16 Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
17 E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Es­
pírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as
vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, e os
vossos velhos sonharão sonhos.
18 E também do meu Espírito derramarei sobre os meus ser­
vos e minhas servas naqueles dias, e profetizarão.

39
Centenas de anos antes do Dia de Pentecostes, o profeta Joel pro­
fetizou a respeito, dizendo: E há de ser que depois, derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28). No Dia de Pentecostes, Pedro
disse: “Esse é o cumprimento da profecia de Joel”. Ainda hoje, estamos
naquela dispensação ­ a dispensação do Espírito Santo. Deus tem der­
ramado Seu Espírito sobre toda a carne ­ e isso inclui as mulheres, tanto
quanto os homens. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão... As filhas
profetizarão, bem como os filhos.
Eu era um jovem pastor batista quando me aproximei pela pri­
meira vez dos irmãos do Evangelho Pleno. Minha comunhão com eles
era principalmente em torno da cura divina. Eu fechava meus ouvidos
para outras coisas que eles ensinavam, mas sabia que tinham revelações
sobre cura divina como nenhuma outra igreja que eu conhecia. Fui cu­
rado pelo poder de Deus, e tinha estado sozinho na fé; por isso, quando
descobri aqueles irmãos, a comunhão com eles fortaleceu minha fé.
Como pastor batista, comparecia, sempre que possível, aos cultos do
Evangelho Pleno.
Alguns dos meus colegas batistas me alertavam contra aquele
grupo pentecostal. Um irmão em particular, formado no seminário, al­
guém que eu conhecia há muitos anos, disse­me depois de conversarmos
por horas:
“Você precisa tomar cuidado, Kenneth, ao envolver­se com o pes­
soal do Evangelho Pleno. Admito que são pessoas boas. Eles vivem de
maneira mais correta do que a maioria do povo de nossa própria igreja.
Falar em línguas, porém, é coisa do diabo”.
“É mesmo?”, falei.
“Sim, é isso mesmo”, ele reafirmou.
40
“Acho um pouco estranho”, respondi, “que pessoas tenham al­
guma coisa do diabo, e isso as ajude a ter uma vida mais correta. Da
maneira que eu entendo, a obra do diabo torna a pessoa pior, não me­
lhor”.
Eu não entendia o que era falar em línguas como entendo agora,
mas ao invés de me desestimular, ele me ajudou a ver que devia ser uma
coisa boa.
“Aquele povo pentecostal”, ele continuou, “só pode estar errado”.
“Por quê?”, perguntei.
“Eles permitem até mulheres pregadoras”, ele afirmou.
“É mesmo?”, perguntei.
“Sim. Permitem que mulheres ensinem, deem testemunho e te­
nham participação ativa nos cultos. E isso é errado”, ele continuou.
“É mesmo?”
“Sim, é errado as mulheres pregarem, ou terem qualquer tipo de
liderança. A Bíblia diz que as mulheres devem ficar em silêncio na
igreja”.
“Nossas mulheres não ficam em silêncio”, retruquei.
“Ah, bem”, ele disse, “nós permitimos que elas ensinem nas classes
da escola dominical, mas não na igreja”. “Isso é ridículo!”, reagi. “É exa­
tamente o que Jesus disse que os judeus estavam fazendo. Ele disse: ‘Oh,
para vocês, o templo só é santo aqui, em volta do altar, o resto não é
santo. Lá, vocês acham que podem fazer o que querem. Podem vender
ovelhas e enganar as pessoas’. Jesus pegou um chicote e expulsou os
cambistas”.

41
“As salas da escola dominical”, continuei, “são tão santas quanto o
santuário. Além disso, no que diz respeito à igreja, onde dois ou três
estão reunidos, ali eles têm uma igreja. Não é o prédio. Ele é só um lugar
para se reunir”.
A Igreja, na Nova Aliança, não está confinada a um prédio. Paulo
escreveu várias vezes (e outros também escreveram) a respeito da igreja
na casa de pessoas. Você pode ter uma igreja ao ar livre, em um celeiro
de fazenda, em uma pequena missão no centro da cidade, em uma bar­
raca ou em uma grande catedral.
Sendo batista, sabia que, na opinião daquele professor da Bíblia,
profetizar significava pregar. E como eu disse, há um elemento de ver­
dade nisso. Nem toda profecia, entretanto, é pregação; nem toda prega­
ção é profecia. Eu sabia que para ele, quando a Bíblia mostrava a palavra
profetizando, queria dizer pregando. Então, eu argumentei: “Pedro ci­
tou a profecia de Joel no Dia de Pentecostes, dizendo que, sob aquela
dispensação, as filhas profetizariam. Profetizar significa pregar, não é
mesmo? E errado uma mulher pregar?”
“Bom, creio que terei de pensar um pouco mais sobre esse as­
sunto”, ele respondeu.
Eu continuei: “Enquanto estamos no assunto, deixe­me dizer mais
uma coisa. Enviamos mulheres como missionárias e elas ensinam e pre­
gam em outros países. Ensinam outras mulheres, homens e crianças.
Uma de nossas recentes revistas missionárias trouxe uma reportagem
sobre um posto missionário, onde não tinha homem. Uma mulher está
na direção. Na verdade, ela está liderando o que você chamaria de uma
igreja local e nós damos nossa total aprovação a isso.

42
Creio que seria inconsistente dizer a elas: ‘Senhoras, vocês não po­
dem falar por aqui. Não podem falar na reunião principal. Não vamos
ordená­las (algumas já foram ordenadas, há quarenta anos aproximada­
mente). Vocês têm de ficar quietas. Contudo, reconhecemos o chamado
de Deus na vida de cada uma; portanto, vamos enviá­las ao campo mis­
sionário. Aqui, vocês não podem ensinar ou pregar para homens; lá vo­
cês poderão’. Nós as enviamos aos campos missionários, onde o trabalho
é muito mais duro. Qual é a diferença entre pregar para incrédulos em
outro país e pregar aqui?”, perguntei.
ATOS 1.13,14
13 E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro
e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus;
Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Judas, filho de Tiago.
14 Todos estes perseveravam unanimemente em oração e sú­
plicas, COM AS MULHERES, e Maria, mãe de Jesus, e com
seus irmãos.
Havia 120 pessoas ­ homens e mulheres reunidos no cenáculo em
Jerusalém. Quando aconteceu o Pentecostes, o Espírito Santo desceu
sobre eles e todos foram cheios; todos falaram em outras línguas, em voz
alta. Aquela manhã de Pentecostes foi uma manhã gloriosa, quando as
mulheres não ficaram em silêncio!
“Sim”, alguém pode dizer, “mas isso aconteceu no cenáculo”.
Eles estavam reunidos como igreja, assim como nos reunimos em
qualquer auditório. Não é a sala que faz a igreja. São os indivíduos que
se reúnem para orar e adorar a Deus que fazem a igreja, mesmo que seja
na sala da sua casa.

43
Devia haver mulheres presentes na casa de Cornélio. Na narrativa
de Pedro, é dito que um anjo de Deus apareceu a Cornélio e lhe disse:
Envia varões a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome
Pedro, o qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa (At
11.13,14).
Toda a casa de Cornélio não era constituída somente por homens.
Havia também a esposa, as filhas etc. Quando Pedro chegou, eles for­
maram uma igreja. Provavelmente, foi na própria casa, mas assim
mesmo era uma igreja, pois a Palavra estava sendo pregada.
ATOS 10.44­46
44 E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito
Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45 E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham
vindo com Pedro, maravilharam­se de que o dom do Espírito
Santo se derramasse também sobre os gentios.
46 Porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus.
Note que o texto não diz que eles ouviram os homens falando e as
mulheres guardando silêncio. Pedro foi enviado para pregar a toda a
casa, e podemos concluir que, se o Espírito Santo veio sobre todos os
que ouviam a Palavra, as mulheres também falaram em voz alta em ou­
tras línguas e magnificaram a Deus.

MULHERES QUE PROFETIZARAM

Quando o Espírito de Deus veio sobre Maria, mãe de Jesus, sobre


Isabel, mãe de João Batista, e sobre Ana, a profetisa, elas não ficaram
em silêncio. Elas falaram.

44
LUCAS 1.39­42
39 E, naqueles dias, levantando­se Maria, foi apressada às
montanhas, a uma cidade de Judá,
40 e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.
41 E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a
criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito
Santo,
42 e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as
mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre!
Quando o Espírito desceu sobre Isabel, ela falou em voz alta e co­
meçou a profetizar. O Senhor lhe deu uma mensagem. Quando o Espí­
rito veio sobre Maria, ela falou a linda profecia que podemos ler em
Lucas 1.46­55.
“Certo”, alguém dirá, “mas elas profetizaram em casa. Em casa, as
mulheres podem profetizar”.
As mulheres devem ficar em silêncio na igreja?
Quando o Espírito de Deus Se move, enquanto as pessoas O ado­
ram em casa, ou na sala de estar, ou no prédio da igreja, naquele lugar
é a igreja. Quando o Espírito Santo Se manifesta, no que concerne a
Deus, não existe macho ou fêmea. Se o Espírito vem sobre uma mulher,
eu não vou dizer a ela que fique quieta; você vai? Se ela estiver pregando,
não vou interrompê­la e ordenar que se cale; você vai? Fazer isso seria
menosprezar a graça de Deus.
LUCAS 2.36­38

45
36 E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de
Aser. Esta era já avançada em idade, e tinha vivido com o
marido sete anos, desde a sua virgindade,
37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afas­
tava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite
e de dia.
38 E, sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus e
falava dele a todos os que esperavam a redenção em Jerusa­
lém.
A Bíblia chama Ana de profetisa, que é a forma feminina de pro­
feta. Ana estava falando exatamente no lugar que poderíamos chamar
de casa de Deus.
Paulo, certamente, não impediria mulheres de falar as mensagens
dadas a elas pelo Espírito. Porque o Senhor disse: Suas filhas profetiza­
rão... Paulo não poderia contradizer uma ordem do Senhor, decretando:
“As filhas não vão profetizar”. Será que ele poderia fazer isso? Nenhum
outro homem pode fazer isso. Estou convencido de que Paulo estava
dizendo: “Não permito que uma esposa ensine ou usurpe a autoridade
do marido”. Se o marido não for cristão, não terá coisa alguma para
ensinar à esposa; pode ser até que ela tenha de ensinar­lhe. Ela pode até
ter de assumir uma autoridade que não lhe pertence, porque os filhos
precisam ser ensinados no lar. Se o marido não assume a responsabili­
dade de ler a Bíblia e orar com os filhos, a mulher terá de fazer isso. E
ela não estará desobedecendo a Deus.
Mesmo deixando o versículo do jeito que foi traduzido na versão
que adotamos: Não permito que a mulher ensine, pode ser que não fosse
aconselhável, naqueles dias e naquela parte do Império Romano, que as

46
mulheres ensinassem. Nos nossos dias, porém, mesmo aqueles que per­
manecem firmes em manter as mulheres quietas na igreja, já cederam o
suficiente para permitir que ensinem na escola dominical e nas escolas
públicas.
“Paulo quer dizer”, alegam alguns, “que as mulheres não devem
ensinar os homens”.
Priscila e Aquila eram companheiros de Paulo, em quem ele tinha
grande alegria. Priscila, uma mulher, ensinou a Apolo.
ATOS 18.26
26 Ele [Apoio] começou a falar ousadamente na sinagoga:
Quando o ouviram Priscila e Aqüila, o levaram consigo e lhe
declararam mais pontualmente o caminho de Deus.
“Não há problema em ensinar a apenas um homem”, alguém pode
argumentar.
Se não há problema em ensinar a um homem, não há problema
também em ensinar a uma dúzia deles. Seria o mesmo que argumentar
que não há problema em roubar uma moeda de alguém, mas que seria
errado roubar cinco moedas.
“Tudo bem, elas podem ensinar em qualquer lugar, menos na
igreja”.
Quem disse isso? Os três juntos, Priscila, Áquila e Apoio forma­
vam uma igreja. Estavam reunidos no Nome de Jesus. O Senhor não
especificou onde se deve estar reunido em Seu Nome.
SALMO 68.11
11 O Senhor deu a Palavra; grande era o exército dos que
anunciavam as boas novas.
47
Esse é um salmo profético. Está falando sobre as Boas Novas ­ o
Evangelho ­ e sobre os nossos dias. Saber que a palavra hebraica, tradu­
zida aqui como exército, é feminina tem perturbado aqueles que se
opõem ao ministério das mulheres ­ e não é só uma palavra do gênero
feminino, mas uma palavra que significa mulheres.
Uma das traduções da Bíblia (Leeser) traduz esse versículo da se­
guinte maneira: O senhor deu [alegres] notícias: elas são anunciadas por
um exército numeroso de mulheres mensageiras.
Afinal, a primeira pessoa a sair e contar (pregar quer dizer sair e
contar) as boas notícias da ressurreição de Jesus foi uma mulher. Jesus
lhe disse: Vá [...] e dize­lhes [...]. Desde então, elas têm feito isso, e
devem continuar fazendo.
As mulheres devem responder ao chamado?
“Você aprovaria a ordenação plena de mulheres ao ministério do
Evangelho?”, alguns gostariam de me perguntar. “Será que podem as­
sumir a posição de profetisas, evangelistas, pastoras e mestras?”
Lemos sobre Ana, a quem a Bíblia se refere como profetisa. Não
diz simplesmente que ela profetizou, mas chama­a de profetisa. Existe
uma diferença.
Pessoalmente ­ e agora expresso minha opinião ­ não vejo pro­
blema algum no fato de uma mulher ocupar qualquer cargo na igreja.
Entretanto, creio realmente que seria um pouco mais difícil para uma
mulher desempenhar a função pastoral, embora reconheça que Deus
pode usá­las também dessa maneira.
Uma velha amiga, pastora ordenada e evangelista da Assembleia de
Deus, contou a mim e à minha esposa uma experiência.

48
Ela disse: “Tínhamos comprado um pequeno terreno vazio atrás
de nossa casa. No verão, eu punha algumas cadeiras lá e fazia uma reu­
nião ao ar livre. Muitas pessoas daquela parte da cidade vinham e se
convertiam, li porque tinha sido eu que mais ou menos as tinha levado
a Deus, continuamos caminhando e construímos um templo. Como as
coisas estavam indo realmente bem, com quase duzentas pessoas parti­
cipando da escola dominical, passamos o trabalho para a Assembleia de
Deus. Eu realmente não cria em mulheres pastoras, mas por ter evange­
lizado, e pessoas foram salvas por meio do meu ministério, era a mais
indicada para assumir a igreja.
Algum tempo mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, o
superintendente distrital das Assembleias me procurou com um pedido.
Durante a guerra, as pessoas se mudavam das cidades pequenas para as
maiores, em busca de emprego. ‘Conseguimos uma nova igreja aqui
perto e quase toda a congregação se mudou. Ficou apenas um pequeno
número, e aquelas pessoas não podem sustentar um pastor e pagar o
terreno. Parece que o distrito terá de pagar, ou vamos perder a proprie­
dade. Você poderia assumir aquela igreja?’, disse ele”. Essa irmã e o ma­
rido trabalham com seguros. Ela não precisaria depender da igreja para
o sustento financeiro. Ela respondeu: “Apenas nessa emergência, assu­
mirei a igreja por um tempo. Não creio em mulheres pastoras, mas vou
submeter­me aos irmãos da liderança do distrito e ao meu marido, e
iremos para lá”. Não era longe de sua casa. No começo, tudo o que ela
tinha de fazer era pregar para aquele pequeno grupo. Deus, contudo,
começou a abençoar, e o grupo começou a crescer. Havia apenas uma
dúzia de pessoas quando ela chegou lá, mas logo o templo ficou lotado.
E o distrito nunca teve de pagar prestação alguma do terreno.

49
Ela disse: “Muitas pessoas se convertiam lá, mas eu não as batizava;
chamava um pastor de uma igreja vizinha. Eu também nunca pregava
nos funerais”.
Veja: aquela senhora pregava e ensinava na unção do Espírito de
Deus ­ e Ele a usou. Ela, porém, não usurpou a autoridade, nem exerceu
domínio sobre quem quer que fosse.
Outra pastora, já aposentada, era uma evangelista usada poderosa­
mente por Deus. Seu marido não era pastor; era empreiteiro e construía
casas. Com isso, ele ficou rico. Ela já pregava antes de se casar e cons­
truiu igrejas. Aquela pastora ia às cidades pequenas, onde não houvesse
igrejas do Evangelho Pleno, montava uma tenda ou fazia reuniões ao ar
livre. Assim, podia ganhar os perdidos. O toque de Deus estava sobre
ela. Centenas de pessoas foram salvas por meio de seu ministério, e
posso lembrar­me de sete igrejas que estão ativas ainda hoje e que foram
iniciadas por ela.
“Tudo isso está errado”, alguém pode protestar.
Se isso estiver errado, tenho certeza de que Deus vai perdoar­lhe
por ganhar centenas de pessoas para Cristo e implantar sete igrejas! De
qualquer forma, isso não é errado. Ela tinha o chamado de Deus e a
habilidade para pregar em lugares onde outros não podiam fazê­lo.
Aquela mulher ministrava, as pessoas se convertiam e igrejas eram esta­
belecidas. Seu marido supervisionava e construía os templos, e ela ficava
até que o trabalho se firmasse, às vezes um ano, às vezes dois (o apóstolo
Paulo chegou a ficar até três anos com um grupo). Então, ela passava
tudo para um pastor e ia para outro lugar.

50
Ela disse: “Tudo que fiz foi apenas pregar. Tínhamos uma equipe
de homens e meu marido se reunia com eles e assumia todas as ativida­
des preliminares nas reuniões”. Aquela pastora não estava usurpando a
autoridade de ninguém.
P. C. Nelson (veja Agradecimentos), cujas notas sobre esse assunto
têm sido de valor inestimável para mim, escreveu:
Creio que normalmente é melhor ter homens piedosos e com dons
à frente das igrejas e instituições. Se, contudo, não puderem ser
encontrados em número suficiente, vamos permitir que nossas ir­
mãs entrem em ação. Pense em quantos trabalhos esplêndidos
têm sido realizados com o sacrifício, os esforços e a consagração
de mulheres piedosas, sem muita ajuda ou encorajamento dos
homens.
Será que devemos colocar empecilhos diante de tais mulheres,
que, evidentemente, Deus tem chamado e capacitado com dons
naturais e com os Dons do Espírito? Se Deus as chamou, quem
somos nós para impedir que obedeçam? Que seja Deus a enviá­
las, porque foi Ele quem as chamou. E se Ele está pronto para
chamá­las, deixemos que Ele as chame. Acho que alguns homens
pensam que são Deus, mas não são, e deveriam reconhecer isso.
Ele deu o seguinte conselho, o qual considero esplêndido:
As nossas irmãs que estão pregando, ensinando e mesmo servindo
como pastoras, evangelistas e missionárias, queremos dar esse con­
selho. Quando for possível, permitam que um irmão ministre os
batismos, e estejam contentes com qualquer que seja a porta que
Deus abriu para vocês. Sirvam a Ele humildemente, docemente
e fielmente, até que Ele as chame de volta do campo.

51
CAPÍTULO 4

AS MULHERES DEVEM COBRIR


A CABEÇA NA IGREJA?
1 CORÍNTIOS 11.3­16
3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão,
e o varão, a cabeça da mulher; e Deus, a cabeça de Cristo.
4 Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta,
desonra a sua própria cabeça.
5 Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça desco­
berta desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse
rapada.
6 Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie­se tam­
bém. Mas, separa a mulher é coisa indecente tosquiar­se ou
rapar­se, que ponha véu.
7 O varão, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem
e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão.
8 Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher, do
varão.
9 Porque também o varão não foi criado por causa da mu­
lher, mas a mulher, por causa do varão.
10 Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de pode­
rio, por causa dos anjos.
11 Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem
o varão, no Senhor.

52
12 Porque, como a mulher provém do varão, assim também
o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus.
13 Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus
descoberta?
14 Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para
o varão ter cabelo crescido?
15 Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o
cabelo lhe foi dado em lugar de véu.
16 Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal
costume, riem as igrejas de Deus.
Uma leitura descuidada desse importante texto poderia deixar al­
guém com a impressão de que Paulo colocou sobre todas as mulheres,
em todos os lugares e em todas as épocas, o mandamento de usar véu
ou manter a cabeça coberta durante as reuniões na igreja. Muitas mu­
lheres conscienciosas ficam com medo de tirar seus chapéus na igreja e
estar desobedecendo a essa passagem.
O ponto crucial dessa questão é: será que isso seria obrigatório em
todos os lugares e para sempre?
Vamos examinar com cuidado esse texto, porque, se for algo obri­
gatório para nós ainda hoje, então teremos de obedecer.
Qual é a base do argumento de Paulo de que as mulheres devem
cobrir a cabeça nos cultos? Primeiro, ele não diz que seja questão de
reverência, tampouco afirma que o contrário desagrada a Deus. Se ti­
vesse dito uma dessas coisas, não haveria como deixarmos de obedecer.

53
SINAL DE RESPEITO

No capítulo dois deste livro, discutimos o que Paulo falou sobre o


marido ser a cabeça da esposa. Essa é a base do argumento do apóstolo.
Vejamos outra tradução da Bíblia (Weymouth):
1 CORÍNTIOS 11.3­7
3 Quero que vocês saibam, portanto, que Cristo é a cabeça de
todo homem, que a cabeça da mulher é seu marido, e que
Deus é a cabeça de Cristo.
4 Um homem que usa um véu quando está orando ou profe­
tizando, desonra sua cabeça;
5 Mas uma mulher que ora ou profetiza com sua cabeça des­
coberta desonra sua cabeça, pois ela é exatamente o mesmo
que uma mulher que está com a cabeça rapada.
6 Se a mulher não usar um véu, então que corte seu cabelo.
Mas desde que é desonroso para uma mulher ter seu cabelo
cortado ou rapado, que use um véu.
7 O homem, contudo, não deve ter um véu sobre sua cabeça,
pois ele é a imagem e a glória de Deus; enquanto a mulher é
a glória do homem.
Em nosso país, sentimos instintivamente que não é apropriado os
homens terem a cabeça coberta nos cultos. Estive em uma reunião em
que um homem entrou e sentou sem tirar o chapéu, Um dos diáconos
foi até ele e pediu­lhe que tirasse o chapéu. No entanto, entre os judeus,
o costume que prevalece é o oposto. Nas sinagogas judaicas, mesmo
hoje em dia, os homens são orientados a manter a cabeça coberta.

54
Quando visitamos uma mesquita muçulmana em Jerusalém, tive­
mos de tirar os sapatos e deitá­los na entrada. Nos países muçulmanos,
os adoradores têm de tirar os sapatos, não a cobertura da cabeça. O Se­
nhor disse para Moisés: Tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar
em que tu estás é terra santa (Êx 3.5). Nada foi dito quanto ao que usava
na cabeça.
Por que, então, Paulo protesta contra homens orando ou profeti­
zando com a cabeça coberta? Isso vai ser esclarecido mais tarde, mas
agora é suficiente dizer que o véu, ou a cobertura da cabeça, é um reco­
nhecimento de que alguém visivelmente presente é sua cabeça. Paulo
disse que uma mulher que orasse ou profetizasse com a cabeça desco­
berta estaria desonrando sua cabeça. O apóstolo não disse que ela de­
sonraria Deus, mas sua cabeça, ou seja, seu marido presente.
O véu era um símbolo de submissão ao marido. Assim, usando o
véu, a mulher demonstrava publicamente que entendia e aceitava sua
posição de subordinação ao marido, assumida na cerimônia de casa­
mento.
Marcus Dodd afirmou:
Para as mulheres cristãs, deixar de lado o uso do véu foi, por­
tanto, uma expressão de que o fato de serem parte do Corpo de
Cristo tirou­as da posição de deferência e subordinação.
Para maiores informações, veja Agradecimentos.
Esse é o significado do véu que as noivas usam nos casamentos e
do costume de colocar o véu, ainda em uso nas cerimônias em que mu­
lheres se tornam freiras.

55
A palavra grega exousia, traduzida como poderio no versículo dez,
também é traduzida como autoridade, liberdade e, no plural, como au­
toridades e potestades. Vamos parafrasear aquele versículo, que soa tão
estranho, da seguinte forma: “Por essa razão (os fatos declarados nos
versos oito e nove), a esposa deve ter um sinal da autoridade de seu
marido, uma cobertura em sua^ cabeça, por causa dos anjos”.
Neste ponto novamente, não é uma questão da mulher em geral,
mas uma questão de marido e esposa. Como sinal de deferência (honra)
a Cristo, o homem não deveria cobrir a cabeça. Como sinal de honra ao
seu marido, a mulher deveria cobrir a cabeça. Além disso, ela o fazia
também em respeito aos anjos, que, reconhecia­se, estavam presentes
nas reuniões de adoração e se ofenderiam com qualquer desordem.
A. S. Worrel (veja Agradecimentos) diz:
Os anjos são espíritos ministradores e, estando presentes [...], po­
deriam ficar chocados se uma mulher saísse de sua posição e ten­
tasse assumir o domínio sobre o homem.
Nos tempos bíblicos, era dada mais importância à presença e mi­
nistério dos anjos nas reuniões do que em nossos dias. Se fôssemos mais
conscientes da presença dos mensageiros celestiais, isso teria um efeito
muito positivo em nossos cultos e reuniões de oração. Eles estão presen­
tes. A Palavra de Deus garante.
No pacto da Igreja, com o qual os batistas estão familiarizados,
podemos encontrar a seguinte frase: “Agora, na presença de Deus, dos
anjos e desta assembleia, solene e alegremente entramos nesse pacto”,
reconhecendo que os anjos estão presentes.

56
RESPEITO PELO COSTUME SOCIAL

A próxima razão para Paulo determinar que as mulheres partici­


passem das reuniões com a cabeça coberta é o respeito pelo costume da
sociedade. Note que, no versículo 16, ele diz: Nós não temos tal cos­
tume, e no versículo seis: Mas se para a mulher é coisa indecente tos­
quiar­se, ou rapar­se, que ponha véu. Paulo está afirmando que partici­
par do culto sem ter uma cobertura na cabeça seria o mesmo que estar
com o cabelo cortado ou com a cabeça rapada. Seria algo contrário ao
costume que prevalecia em Corinto.
Sobre isso, Marcus Dodd escreveu:
Era um costume universal entre os gregos as mulheres aparecerem
em público com a cabeça coberta, normalmente com a ponta do
xale puxado sobre a cabeça, como um capuz. Agora, de acordo
com esse costume, Paulo não insiste em que o rosto seja coberto,
como nos países orientais, mas apenas a cabeça. Essa cobertura
podia ser dispensada somente em lugares onde elas estivessem fora
da vista do público. Esse era o sinal de privacidade. Era um sím­
bolo que proclamava que aquela era uma mulher reservada e
recatada, não uma pessoa pública ­ que tinha suas tarefas em
casa, e não fora; sua vida era doméstica. Ambos os sexos olhavam
para o véu como o mais confiável e mais precioso emblema da
posição da mulher.
Hoje em dia, principalmente nos países ocidentais, esse não é mais
o costume. Uma mulher não aparenta ser modesta só porque usa um
véu ou xale em público. A verdadeira modéstia feminina é reconhecida
agora muito mais pelas maneiras francas, não­afetadas, pela fisionomia

57
aberta e o olhar sincero, do que era reconhecida nos dias de Paulo pelo
uso do véu.
Mulheres casadas virtuosas usavam na cabeça o símbolo da sub­
missão ao marido. Se uma mulher chegasse à igreja de Corinto, nos dias
de Paulo, com a cabeça descoberta, escandalizaria a todos. Pensariam
que ela fosse uma das mulheres imorais da cidade! Tal conduta refletiria
negativamente nela e em seu marido. Desonrar sua cabeça, ou seja, seu
marido.

COSTUMES CONTEMPORÂNEOS

Também temos nossas leis e costumes sociais. Na virada do século,


era costume, na maioria das igrejas, os homens se sentarem de um lado
e as mulheres do outro. Estou no ministério há quase 50 anos e, há
algum, tempo, preguei em igrejas onde esse costume ainda prevalecia.
Um homem não se atreveria a sentar­se ao lado das mulheres, uma mu­
lher não ousaria fazê­lo ao lado dos homens. Era o costume. As pessoas
tinham de se submeter, ou todos pensariam que estavam fora de si.
A história da Primeira Igreja Batista em Boston registra um inci­
dente relacionado a isso: os diáconos saíram para discutir o que deve­
riam fazer com um rapaz que, em vias de se casar, entrou e se sentou ao
lado da noiva, nos bancos da ala das mulheres. Decidiram que uma ação
drástica precisava ser tomada. Caminharam pelo corredor por trás do
rapaz, agarraram­no e o colocaram para fora. Ele havia violado o cos­
tume da igreja.
Donald Gee era um grande pastor e professor da Bíblia. Ele serviu
como membro do Presbitério Executivo das Assembleias de Deus no

58
Reino Unido e na Irlanda. Viajava constantemente por toda a Europa,
África, Austrália, Oriente e América do Norte.
Escrevendo sobre suas primeiras experiências, no final dos anos 20
e início dos anos 30, ele contou que chegou a um certo país, onde de­
veria fazer palestras sobre missões. O missionário não estava lá para re­
cebê­lo e tinha enviado um nativo que falava inglês. “Espere um mo­
mento. O missionário logo estará aqui. Ele ficou retido por um com­
promisso importante”, disse o nativo.
Gee conta que fazia muito frio e, como estavam esperando em um
lugar aberto, sem ter onde se sentar ou se abrigar, ele estava enregelando.
“Eu estava gelado”, contou, “por isso, comecei a andar e a bater os
pés, para fazer o sangue circular e esquentar um pouco. Comecei a andar
para lá e para cá e consegui aquecer­me. Comecei a assobiar um corinho.
Então, notei que o nativo me olhava com o canto dos olhos”. Final­
mente, ele disse: “Eu não faria isso, se fosse o senhor”.
“Não faria o quê?”, perguntei.
“Assobiar”, ele respondeu.
“O que há de errado em assobiar?”, questionei.
“Em nosso país, assobiar é considerado muito vulgar. Se alguém
da congregação escutasse, ninguém viria para ouvir sua pregação”, o na­
tivo explicou.
Gee escreveu:
Tive de me submeter ao costume enquanto estive lá. Logo
aprendi a lição, e enquanto viajava pelo mundo, olhava com
expectativa para o próximo país que visitaria, para descobrir o

59
que podia e o que não podia fazer. Se você quer ser uma teste­
munha efetiva do Senhor Jesus Cristo, deve ter disposição para se
submeter aos costumes das pessoas. Tenho certeza de que se tivés­
semos o costume, hoje, das esposas usarem véu em público, seria
insensatez ignorá­lo. Se as pessoas, de modo geral, considerassem
falta de modéstia a esposa não usar véu, seria sábio, por parte
daqueles que estivessem comprometidos em levar adiante a causa
de Cristo, agir conforme o costume. Uma brecha na obediência
das leis não­escritas da sociedade tem tornado o ministério de
muitos pregadores infrutífero.
No final da Segunda Guerra, um dos líderes de uma denominação
Pentecostal americana viajou à Alemanha para se reunir com os líderes
do Movimento Pentecostal. Fizeram uma pequena reunião, tipo ban­
quete, para discutir os planos para o estabelecimento de centros de rea­
vivamento. As mulheres devem cobrir a cabeça na igreja?
O irmão americano contou: “Era costume deles beber um pe­
queno cálice de vinho antes das refeições. Não eram beberrões. Era ape­
nas o costume. Esse, contudo, não era o meu costume e fiquei com peso
na consciência. O que eu faço?, pensei. Finalmente, o Espírito Santo me
disse: ‘A palavra diz para comer e beber tudo que for colocado diante de
você, sem fazer nenhuma pergunta/ Assim, peguei o cálice de vinho e
bebi”.
Alguns minutos depois, a líder do grupo pentecostal alemão se
aproximou e cochichou em seu ouvido: “Contaram­me que alguns ir­
mãos na América bebem café!”
Ele relatou: “É claro que eu mesmo tomo café”, mas me vi respon­
dendo a ela: irmã, eles bebem sim, infelizmente “.

60
Durante o tempo em que esteve lá, ele não pôde tomar café ne­
nhuma vez, pois sabia que estaria violando um dos costumes deles.
Gosto de uma tradução da Bíblia (Weymouth) que diz: Mas se
alguém está inclinado a ser contencioso sobre esse ponto, nós não temos
tal costume, nem as igrejas de Deus o têm (v. 16). Em outras palavras,
Paulo está dizendo que a igreja se submete ao costume da região e da
época. Paulo apela para a natureza Paulo apela para mais um argu­
mento: nosso senso do que é natural. Ou não vos ensina a mesma natu­
reza que é desonra para o varão ter cabelo crescido? Mas ter a mulher
cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de
véu (1 Co 11.14,15).
Novamente, o comentário de Marcus Dodd é esclarecedor: A mu­
lher é dotada pela natureza com um símbolo de modéstia e reserva. O
véu, que simboliza sua devoção à vida doméstica, é meramente uma
continuação artificial do seu dom natural ­ o cabelo. O longo cabelo dos
“almofadinhas” gregos [...] era visto pelas pessoas como ‘ uma indicação
de que eram afeminados e vaidosos, coisas que não eram apropriadas
para um homem.
Note novamente que Paulo não afirma que foi Deus quem falou.
Ele diz: Não vos ensina a mesma natureza. O apóstolo apela para a na­
tureza, a fim de provar seu ponto. Pequenas guerras têm sido travadas,
e igrejas têm­se dividido devido a essa questão: a Bíblia diz que a mulher
deve ter cabelo comprido?
Qual seria a medida de um cabelo comprido? Ou qual seria a me­
dida considerada curta? Fui pastor por 12 anos. Em certos lugares em
que estive, nem minha esposa tinha cabelos tão compridos quanto o de
outras mulheres. Elas pegavam o longo cabelo, enrolavam bem firme e

61
prendiam. Minha esposa, contudo, tinha sua cabeça mais coberta do
que elas. Não importa o quanto seus cabelos fossem compridos, eles não
cobriam suas cabeças. A cabeça de minha esposa, entretanto, estava co­
berta.
Paulo apelou para o que era natural. Quando o cabelo de uma
mulher é mais comprido do que o dos homens em geral, pode­se reco­
nhecer que se trata de uma mulher. Vemos figuras e quadros de certos
períodos da História, nos quais os homens usavam os cabelos mais com­
pridos do que é comum atualmente. No mesmo período, contudo, as
mulheres também usavam o cabelo um pouco mais comprido. O cabelo
dos homens, apesar de comprido, mesmo assim era curto, pelos padrões
da época.
As mulheres devem cobrir a cabeça na igreja?
Eu diria: não creio que seja bom para qualquer homem ou rapaz
cristão ter uma aparência feminina, por mínima que seja. A Palavra de
Deus fala contra isso.
O sábio pregador disse em Eclesiastes: De tudo o que se tem ou­
vido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este
é o dever de todo homem (Ec 12.13).
Vamos, então, resumir os pontos de Paulo:
 Ele não diz que é irreverência as mulheres terem a cabeça
descoberta. Nem mesmo insinua isso.
 Ele não diz que isso seja algo que desagrada a Deus.
 Ele diz que esse é o costume, e é sábio submeter­se aos costu­
mes.

62
 Ele apela para a natureza e para o que é natural. Paulo
tratou com princípios de aplicação universal. No entanto,
visto que os tempos e os costumes mudaram com relação ao
padrão feminino, não vejo nessa passagem algo que proíba
as mulheres de aparecerem em público com a cabeça desco­
berta, em nossa cultura. Se você, contudo, faz parte de outra
cultura, onde esse seja o costume, quero encorajá­lo a subme­
ter­se.

63
CAPÍTULO 5

VESTIMENTA E ORNAMENTOS
APROPRIADOS PARA
MULHERES CRISTÃS
Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto,
com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou
vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão
de servir a Deus) com boas obras. 1 Timóteo 2.9,10.
Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso próprio
marido; para que também, se algum não obedece à palavra, pelo proce­
dimento de sua mulher seja ganho sem palavra; considerando a vossa
vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos
cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestidos; mas o ho­
mem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso
e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam
também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e es­
tavam sujeitas ao seu próprio marido. 1 Pedro 3.1­5
O Senhor Jesus Cristo tem autoridade sobre nós. E porque é o
Senhor, Ele tem autoridade sobre nossa maneira de vestir, bem como
sobre tudo o mais que diz respeito à nossa vida.
Estes versículos tratam de uma tentação que ­ embora os homens
não sejam imunes ­ faz o seu apelo mais forte às mulheres. Por essa ra­
zão, Paulo e Pedro dirigem seus conselhos particularmente a elas.

64
Hoje em dia, vemos que a moda tem um poder muito maior sobre
as mulheres do que a modéstia. Mesmo homens incrédulos ficam cho­
cados pelas roupas sumárias que muitas mulheres usam, apesar de se
dizerem cristãs. É algo deplorável que tantas mulheres adotem modelos
de roupas desenhadas para e por pessoas de caráter questionável e não
por aqueles que procuram viver para a glória de Deus.
Não creio que Paulo ou Pedro estejam estabelecendo regras infle­
xíveis, ou leis gravadas “a ferro e fogo”. Há, contudo, um princípio en­
volvido nessa questão:
“Pedro disse às mulheres para não fazerem tranças no cabelo ou
vestirem roupas adornadas com ouro”, alguém pode argumentar. De
acordo com minhas pesquisas, era costume gastar­se muito tempo fa­
zendo tranças nos cabelos, entrelaçando pequenas joias de ouro no
meio. “Ele disse para não ficarem fazendo penteados”, será a conclusão.
Eu concordo com o Rev. O. B. Braune ­ que já está na glória ­ e
que por mais de 40 anos foi pastor da Assembleia de Deus em Fort
Worth. Ele dizia: “Exorto as mulheres a se arrumarem e a ficarem bo­
nitas para si mesmas e para seus maridos. Eu lhes digo: vocês têm de
estar bonitas para conquistá­los e devem estar mais bonitas ainda para
mantê­los “.
Pedro não estava dizendo não. Se dissesse: “Não façam trança no
cabelo” e “Não se enfeitem com ouro”, ele estaria declarando também:
“Não usem roupas”.
Porque ele disse: O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos
cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestidos (v. 3). Sa­
bemos claramente que não disse para deixarem de usar roupa.

65
Por causa da tentação das mulheres nessa área, ele está exortando:
“Não gastem todo o tempo de vocês arrumando o cabelo. Não gastem
tempo demasiado fazendo penteados, envolvidas com roupa e moda”.
Se algumas mulheres cristãs se dispusessem a orar, jejuar e buscar a Deus
somente na metade do tempo em que despendem com cabelo e roupa,
seriam gigantes espirituais! Pedro está tentando estabelecer um equilí­
brio.
Precisamos de equilíbrio. A igreja tem a tendência de cair no bu­
raco de um lado da estrada, ou do outro. Não precisamos ir ao extremo;
nem de um lado, nem do outro. Precisamos caminhar pelo meio da
estrada.
O ponto que Pedro quer salientar é: não gaste todo o seu tempo
com o homem exterior. Entenda, em primeiro lugar, que o homem in­
terior é adornado com um espírito manso e quieto. Se você se concentra
primeiro no homem de dentro, não terá de se preocupar tanto com
aquele que está do lado de fora.
Quando recebi o batismo com o Espírito Santo, em 1937, e co­
mecei a congregar com o povo Pentecostal, a Igreja do Evangelho Pleno
era mais rigorosa do que hoje. Quase todas as mulheres usavam cabelos
bem compridos, porque eram ensinadas a fazer assim. Uma evangelista
causou muito furor quando cortou o cabelo, ou o aparou, como falavam
na época. Alguns talvez não entendam essa palavra, mas as pessoas tive­
ram um verdadeiro faniquito.
A mulher disse: “Deus me disse para fazer isso”.
“Mas a Bíblia diz bem aqui”, eles a confrontaram, “para a mulher
ter cabelo comprido”.

66
“Veja, contudo”, ela respondeu, “que existem outras passagens
(um texto bíblico deve ser interpretado à luz de outros textos). Eu li o
que Pedro escreveu: ‘Não gaste todo o seu tempo com seu homem ex­
terior ­ seu próprio cabelo ­, mas veja que o homem interior esteja ador­
nado com um espírito manso e quieto’. Entendi que estava gastando
tempo demais com meu cabelo comprido, tentando mantê­lo bonito.
Desde que o cortei, simplesmente prendo­o com uma presilha e pronto.
Agora tenho mais tempo para a Bíblia e a oração. Realmente, estou mais
espiritual e tenho um caminhar mais íntimo com Deus do que antes.
Estava gastando tempo demais com o homem exterior”.
Temos de estabelecer um equilíbrio nessa questão. Eu diria que as
mulheres que pregam o Evangelho deveriam ser especialmente cuida­
dosas e evitar a aparência do mal ou a falta de modéstia (seria uma ati­
tude sábia por parte daquelas que ocupam qualquer posição de lide­
rança, pender um pouquinho mais para o lado conservador, no que diz
respeito a vestimentas e conduta).
Paulo aconselha as mulheres que, em vez de caírem no exagero
nessas questões, façam boas obras. É fácil deduzir que, se uma mulher
gastar grande parte do seu tempo no cabeleireiro, ou se maquiando, não
terá muito tempo para as boas obras. Pedro aconselha a adornar o ho­
mem interior. Isso exige tempo. É a batalha que ocorre dentro de cada
um de nós, da carne contra o espírito.
Não creio que precisemos estabelecer leis rígidas ou uma lista de
faça e não faça. Não temos o direito de impor nossas opiniões e ideias
pessoais sobre outros.
Sempre fui muito conservador. Minha esposa gastou os primeiros
dez anos do nosso casamento me falando sobre a importância de usar

67
uma aliança de casamento. Eu simplesmente não gostava de usar qual­
quer enfeite no dedo. Eu não tinha, contudo, convicção alguma sobre
se outras pessoas deviam usar ou não ­ não era problema meu. Não sou
eu que devo controlar a consciência dos outros. Cada pessoa é respon­
sável por fazer isso. E algo para ser resolvido com Deus. Que cada ho­
mem desenvolva sua própria salvação! Oretha me deu um anel simples
de ouro no Natal e finalmente me convenceu a usá­lo. Comecei a fazê­
lo, e acabei gostando. Não passou muito tempo, até que eu disse:
“Quero outro desses”. E ela me deu outro. Às vezes, somos um pouco
preconceituosos sobre uma coisa e depois descobrimos que aquilo não
é nem de longe tão mau quanto imaginávamos. Jamais gostei dos brin­
cos que as mulheres usam; era algo que não me agradava. Expressei isso
à minha esposa da maneira mais amorosa que pude, e nos primeiros 25
anos de casados, ela nunca usou brincos. Finalmente, eu lhe disse que
se quisesse, podia usar. Veja: era só uma deduzir que, se uma mulher
gastar grande parte do seu tempo no cabeleireiro, ou se maquiando, não
terá muito tempo para as boas obras. Pedro aconselha a adornar o ho­
mem interior. Isso exige tempo. É a batalha que ocorre dentro de cada
um de nós, da carne contra o espírito.
Não creio que precisemos estabelecer leis rígidas ou uma lista de
faça e não faça. Não temos o direito de impor nossas opiniões e ideias
pessoais sobre outros.
Sempre fui muito conservador. Minha esposa gastou os primeiros
dez anos do nosso casamento me falando sobre a importância de usar
uma aliança de casamento. Eu simplesmente não gostava de usar qual­
quer enfeite no dedo. Eu não tinha, contudo, convicção alguma sobre
se outras pessoas deviam usar ou não ­ não era problema meu. Não sou

68
eu que devo controlar a consciência dos outros. Cada pessoa é respon­
sável por fazer isso. E algo para ser resolvido com Deus. Que cada ho­
mem desenvolva sua própria salvação! Oretha me deu um anel simples
de ouro no Natal e finalmente me convenceu a usá­lo. Comecei a fazê­
lo, e acabei gostando. Não passou muito tempo, até que eu disse:
“Quero outro desses”. E ela me deu outro. Às vezes, somos um pouco
preconceituosos sobre uma coisa e depois descobrimos que aquilo não
é nem de longe tão mau quanto imaginávamos. Jamais gostei dos brin­
cos que as mulheres usam; era algo que não me agradava. Expressei isso
à minha esposa da maneira mais amorosa que pude, e nos primeiros 25
anos de casados, ela nunca usou brincos. Finalmente, eu lhe disse que
se quisesse, podia usar. Veja: era só uma questão do que eu gostava ou
não. Não era uma questão de ser algo aprovado ou não por Deus. Afinal,
na África, vi pessoas que usavam brinco no nariz serem salvas por Deus
e batizadas com o Espírito Santo!
Irmã Maria Woodworth­Etter era uma evangelista excelente du­
rante os primeiros dias do Movimento Pentecostal da época. Nascida
em 1844, começou seu ministério de cura em 1885. Com 70 anos, ti­
nha uma tenda onde pregava para 22 mil pessoas sem usar microfone.
Li um artigo de 1911, em um jornal de Dallas, que falava sobre as
reuniões dela bem na primeira página: Venham à tenda de reuniões em
Fair Park. Deus está curando pessoas enfermas como fez nos dias de
Jesus Cristo e dos apóstolos.
O artigo prosseguia, dizendo como as pessoas eram curadas e que
um grupo de médicos da cidade estava examinando cada pessoa, antes
e depois. Os milagres mais maravilhosos que já se viram aconteciam nas
reuniões dela. Aquela mulher era um vaso poderoso na mão de Deus.

69
Ela, contudo, só entrou para o ministério depois de velha. Deus a
chamara para pregar quando ainda era jovem, mas a igreja da qual fazia
parte disse que a mulher tinha de ficar em silêncio. Por causa disso, ela
não obedeceu a Deus e saiu da vontade do Pai. Sofreu muitas coisas.
Cinco de seus seis filhos morreram. Foi Deus que os matou? Não, mas
por ela estar em desobediência, o diabo podia fazer isso. Seu primeiro
marido morreu. Finalmente, quando estava com quase 50 anos e ela
mesma próxima da morte, disse: “Está bem, Senhor. Vou obedecer. Não
me importa o que os homens digam, o que a igreja diga ou o que qual­
quer pessoa diga. Começarei a pregar e a orar pelos enfermos”. A partir
de então, as coisas começaram a melhorar para ela.
Devido ao fato de estar entre os principais ministros pentecostais
naqueles dias, embora não se tenha associado a algum grupo em parti­
cular, foi convidada para falar na reunião do Concilio Geral das Assem­
bleias de Deus, realizado de dois em dois anos, em uma igreja de Chi­
cago. Li seu sermão e pensei: “Ano de 1916. No entanto, como serviria
bem ainda hoje!” Ela falou aos líderes do Evangelho Pleno sobre estar
sempre batendo na mesma tecla.
“Alguns pregadores”, disse ela, “agarram um tema ou assunto e
não o largam mais. Alguns se apegam à maneira de as mulheres se ves­
tirem. Só pregam sobre isso. Vestir dessa ou daquela maneira não leva
ninguém para o céu, nem para o inferno. Vocês precisam pregar sobre
Jesus, salvar as pessoas e vê­las cheias do Espírito Santo. Deixem que o
Senhor diga a elas o que devem fazer. Não fiquem brigando com outras
denominações. Não fiquem brigando com outros irmãos”, aconselhou.
“Apenas preguem a respeito de Jesus, preguem sobre a cruz, sobre o
sangue e a ressurreição. Tenho aprendido que Deus alcança as pessoas

70
de uma maneira que nunca imaginei, porque o coração delas está se­
dento. Eu não ministro contra isso ou contra aquilo. Prego com um
propósito”.
Bob Buess era um missionário local da Igreja Batista do Sul e tra­
balhava com o povo de língua hispânica no Sul dos Estados Unidos,
quando recebeu o Espírito Santo. Em 1974, ele publicou um livro cha­
mado O pêndulo se move. Ele declarou que o propósito do livro é:
Fazer com que as pessoas andem mais devagar e olhem para os dois
lados das diferentes questões. Que deixem o pêndulo mover­se de volta
para a perfeita vontade de Deus e não o prendam no extremo dos dog­
mas e do legalismo.
Quero mencionar um trecho do capítulo cinco, intitulado: O pên­
dulo volta ao centro sobre as atitudes a respeito das roupas das mulheres.
Você deve entender que as mulheres são ensinadas a dar ênfase ao
homem interior e não na maneira de vestir o exterior.
É verdade que uma mulher não pode usar calças compridas? Não,
isso não é verdade, se fizermos uma interpretação precisa da Palavra.
Ore sobre isso. Deixe que o Senhor o dirija nessa questão. Eis aqui exa­
tamente o que o versículo diz sobre isso. Não haverá trajo de homem
na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher; porque qualquer
que faz isto abominação é ao SENHOR, teu Deus (Dt 22.5).
A Bíblia fala que as mulheres fiquem longe das roupas de homens
e, da mesma maneira, que os homens se abstenham de usar roupas fe­
mininas. Alguns homossexuais gostam de vestir roupas de mulheres.
Querem ficar parecidos com elas. Em minha opinião, esse era o verda­
deiro problema, não simplesmente o ato de usar roupas do sexo oposto.

71
Uma coisa é certa, a mulher deve ser mulher, esteja de calças ou de
vestido. A tradição diz que a mulher não deve usar calças compridas,
mas a Bíblia não diz nada sobre isso.
Se você está congregando com um grupo que tem outro ponto de
vista sobre mulheres e calças compridas, então, deve alinhar­se com eles,
ou acabará sendo motivo de escândalo para alguém.
Se você sente que não pode concordar com o ponto de vista deles,
então, deve orar sobre a possibilidade de mudar para outro grupo, o
qual compartilha suas convicções.
Por falar nisso, calças compridas femininas não são roupas de ho­
mem. Nos dias bíblicos, os homens usavam saias, e as mulheres usavam
calças. Talvez, as mulheres precisem ter de volta as calças e os homens,
as saias (pensando melhor, eu prefiro que não...).
É muito importante que você busque a paz. Alguns têm recebido
um ensino muito forte contra o uso de calças compridas pelas mulheres.
Vista o que a sociedade onde vive permite, mas não tente forçar seu
ponto de vista sobre outras pessoas. Você pode compartilhar suas con­
vicções, mas não exigir que alguém obedeça a elas.
1 PEDRO 3.3,4
3 O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos,
no uso de joias de ouro, na compostura de vestidos;
4 mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo
de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.
Aqui, as mulheres são admoestadas a colocar a ênfase no homem
interior do coração. Devem ser suaves e femininas. Devem ter um espí­
rito gentil e quieto... Que haja uma ênfase no espírito humilde e não no

72
vestido... Algumas das assim chamadas “santas” mulheres, no que diz
respeito às roupas, são algumas das mulheres mais malvestidas do
mundo. Parece que se preocupam com o espírito mais do que deveriam.
Um casal de missionários viveu de 1900 a 1935, onde, atualmente,
conhecemos como Israel. Quando voltaram, escreveram sobre os costu­
mes nas terras bíblicas.
Muitas coisas mudaram naquela terra, desde que o movimento si­
onista trouxe o povo de volta, mas, na época em que esse casal viveu lá,
muitos dos antigos costumes ainda prevaleciam. Eles escreveram:
Temos tentado interpretar a Bíblia de acordo com o pensamento
ocidental, mas ela é um Livro oriental. Temos aprendido que alguns
textos, os quais para nós têm um sentido, são interpretados por esse
povo exatamente da maneira oposta. Uma coisa que descobri e que me
deixou horrorizado foi que, quando fomos aos EUA em uma viagem de
férias, vimos gravuras de Cristo, nas quais Ele estava vestindo roupas de
mulher. Os artistas O desenharam com o manto, só que de cor impró­
pria. Existem certas cores que um homem nunca usa ­ são usadas apenas
pelas mulheres. Algumas pessoas que condenam mais veementemente
as mulheres usarem certos tipos de roupa têm, em suas próprias casas,
uma figura de Cristo usando roupas femininas.
Comentando 1 Timóteo 2.9, que é um dos nossos textos, Bob Bu­
ess disse:
Na verdade, a Bíblia trata com os extremos. Ela nos acautela
sobre os excessos. Os enfeites e ornamentos são denunciados, não
o tipo de roupa. Algumas mulheres que exageram nos enfeites e

73
ornamentos acham que podem tratar outras que usam calça com­
prida como se fossem cobras. No mínimo, podemos dizer que tais
mulheres deveriam ser mais coerentes com a Palavra.
É fácil alguém se tornar incoerente. Tenho estado em lugares onde
é proibido às mulheres o uso de joias ou qualquer outro tipo de enfeite
nas roupas. Contudo, elas prendem os cabelos compridos com vários
enfeites e presilhas ornamentadas. É como se estivessem dizendo: “Não
há problemas em usar enfeites no cabelo. Só não se pode usá­los do
pescoço para baixo”.
Conheci pregadores que queriam dizer como todas as mulheres
deviam vestir­se; esse era o objetivo principal deles. Suas pobres esposas,
com muito custo, conseguiam parecer pelo menos apresentáveis. Ti­
nham de usar os cabelos compridos e não podiam usar maquiagem al­
guma. Esses mesmos pregadores, entretanto, andavam bem­vestidos e
bonitos. Quando saíam, as esposas pareciam mães deles!

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CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO
Missionários nos dizem que nos países orientais, especialmente an­
tes da Segunda Guerra ­ as mulheres I pobres e sem estudo não eram
capazes de compreender totalmente o sentido da mensagem do Evan­
gelho.
Elas, frequentemente, interrompiam o culto com perguntas tolas
e irreverentes. Interrompiam a pregação para perguntar coisas como o
preço da roupa do missionário ou qual a utilidade de alguma peça do
vestuário.
Pode ter sido um problema similar, em Corinto, que motivou
Paulo a dirigir algumas de suas restrições. A história nos mostra que as
mulheres, como classe social, eram mantidas ignorantes.
Quando comecei a congregar em igrejas pentecostais, lia com
muito interesse os escritos de Charles E. Robinson. Ele dizia:
Creio que podemos dizer e provar que não existe absolutamente
nenhuma distinção bíblica, na direção da adoração ou alguma
outra atividade relacionada, fundamentada no sexo da pessoa.
Para Deus, não existe masculino e feminino, apenas pessoas [.,]
A distinção que Deus faz não tem como base o sexo do indivíduo,
mas sim no status matrimonial.
No que concerne à Igreja, às coisas espirituais, ao Corpo de Cristo,
não existe distinção entre homem e mulher. No que concerne a Deus,
não há distinção alguma.

75
Foi nesse ponto que muitos erraram. Tornaram esse assunto uma
questão homem/mulher, quando não é assim. É uma questão ma­
rido/esposa.
O homem não é a cabeça da mulher na igreja. O marido é a cabeça
da esposa no lar.
GÁLATAS 3.26­28
26 Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.
27 Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos re­
vestistes de Cristo.
28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não
há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Je­
sus.

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