Modulo de Geologia Aplicado A Geografia 2022

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CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO

DE GEOGRAFIA
MANUAL DE GEOLOGIA APLICADA À
GEOGRAFIA

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO


CURSO DE LICENCIATURA EM
ENSINO DE GEOGRAFIA
MANUAL DE GEOLOGIA APLICADA À
GEOGRAFIA

1º ANO
CÓDIGO ISCED 12-GECC 0027G
TOTAL HORAS/1º SEMESTRE 100
CRÉDITOS (SNATCA) 4
NÚMERO DE TEMAS 5
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade Universidade Aberta (ISCED), e contêm reservados todos os


direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (UnISCED).
A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos
judiciais em vigor no País.

Vice-reitoria Académica
Rua Paiva Couceiro, Macuti
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839

Fax: 23323501
Email: [email protected]

Website: www.isced.ac.mz
Agradecimentos

A Universidade Aberta (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições


na elaboração deste manual:

Autor Bernardino José Bernardo – Mestre em Gestão ambiental, licenciado em


ensino de Geografia

Pela Coordenação Vice-Reitor Académica do ISCED

Pelo design Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED

Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a


Distância (IAPED)
Pela Revisão
Ano de publicação
2017
Ano de actualização
2022

Local de Publicação Beira UnIsced


ÍNDICE GERAL

VISÃO GERAL ---------------------------------------------------------------------------- 6

BEM-VINDO A DISCIPLINA DE GEOLOGIA APLICADA À GEOGRAFIA -------------------- 6


OBJECTIVOS DO MÓDULO ----------------------------------------------------------------- 9
QUEM DEVERIA ESTUDAR ESTE MÓDULO ------------------------------------------------ 9
COMO ESTÁ ESTRUTURADO ESTE MÓDULO ---------------------------------------------- 9
ÍCONES DE ACTIVIDADE ------------------------------------------------------------------ 12
HABILIDADES DE ESTUDO ---------------------------------------------------------------- 12
PRECISA DE APOIO? ---------------------------------------------------------------------- 14
TAREFAS (AVALIAÇÃO E AUTO-AVALIAÇÃO) ------------------------------------------- 15
AVALIAÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 16

EMA – I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOLOGIA. ---------------------- 16

UNIDADE TEMÁTICA 1.1: CONCEITO E OBJECTO DE ESTUDO ------------------------- 16


UNIDADE TEMÁTICA 1.2. MÉTODOS DE ESTUDO DA GEOLOGIA ------------------- 24
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. HISTÓRIA DA GEOLOGIA --------------------------------- 16
UNIDADE TEMÁTICA 1.4. TEORIAS SOBRE O UNIVERSO ---------------------------- 22
UNIDADE TEMÁTICA 1.5. EXERCÍCIOS DESTE TEMA ----------------------------------- 36

EMA – II: DINÂMICA INTERNA -------------------------------------------------- 39

UNIDADE TEMÁTICA 2.1. ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ------------------------ 39


UNIDADE TEMÁTICA 2.2. TEORIA DA DERIVA DOS CONTINENTES ----------------- 45
UNIDADE TEMÁTICA 2.3. TECTÓNICA GLOBAL -------------------------------------- 50
UNIDADE TEMÁTICA 2.4. EXERCÍCIOS DESTE TEMA --------------------------------- 27
UNIDADE TEMÁTICA 3.1. CONCEITO DE MINERAL; CRISTAIS E SEUS ELEMENTOS,
SISTEMAS CRISTALINOS. ----------------------------------------------------------------- 30

UNIDADE TEMÁTICA 3.2. PROPRIEDADES FÍSICAS, QUÍMICAS E ELÉCTRICAS DOS


MINERAIS. -------------------------------------------------------------------------------- 36

UNIDADE TEMÁTICA 3.3. DESCRIÇÃO DOS MINERAIS MAIS COMUNS,


RECONHECIMENTO DOS MINERAIS. ----------------------------------------------------- 44

UNIDADE TEMÁTICA 3.4. EXERCÍCIOS DESTE TEMA --------------------------------- 55


UNIDADE TEMÁTICA 4.1. MAGMATISMO: ROCHAS MAGMÁTICAS, FORMAÇÃO,
TEXTURA, ESTRUTURA, EXEMPLOS E UTILIDADE. -------------------------------------- 57
UNIDADE TEMÁTICA 4.2. METAMORFISMO: ROCHAS METAMÓRFICAS,
FORMAÇÃO, TEXTURA, ESTRUTURA, EXEMPLOS E UTILIDADE. ------------------------ 72

UNIDADE TEMÁTICA 4.3. SEDIMENTAGÉNESE: ROCHAS SEDIMENTARES,


FORMAÇÃO, TEXTURA, ESTRUTURA, EXEMPLOS E UTILIDADE. ------------------------ 83

UNIDADE TEMÁTICA 4.4. EXERCÍCIOS DESTE TEMA --------------------------------- 96


UNIDADE TEMÁTICA 5.1. CICLO GEOLÓGICO; PRINCÍPIO DE ESTRATIGRAFIA E
ESTUDO DOS FÓSSEIS. -------------------------------------------------------------------- 99

UNIDADE TEMÁTICA 5.2. EXERCÍCIOS DESTE TEMA. -------------------------------109


UNIDADE TEMÁTICA 6.1. ESCALA CRONO-ESTRATIGRÁFICA E TRAÇOS GERAIS DA
GEOLOGIA DE MOÇAMBIQUE.----------------------------------------------------------112
UNIDADE TEMÁTICA 6.2. EXERCÍCIOS DESTE TEMA. -------------------------------133
UNIDADE TEMÁTICA 7. EXERCICIOS DO FIM DO MÓDULO. ------------------------135
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Observação directa a camada de carvão no rio Moatize em
Tete. Foto: Raposo, 2014 .................................................................. 26
Figura 2: Jazigo de exploração de minerais. ...................................... 26
Figura 3: Ilustração de uma trincheira para observar o solo e colectar amostras.
Fonte: (CONCIANI, 2013). ................................................. 27
Figura 4: Amostra directa do manto: xenólitos de peridotitos (raros).
Disponivel em:www.umanitoba.ca.br .............................................. 28
Figura 5: Esquema conceptual sobre os metodos geofísicos. ............. 29
Figura 6: Anomalias Gravimétricas. .................................................. 31
Figura 7: Bússola geológica tipo BRUNTON (COE, et al, 2010). ........... 35
Figura 8: ilustração de lupas do geólogo (COE, et al, 2010). ............... 35
Figura 9: Martelo do geólogo. Fonte: www.GADGETS.in ................... 36
Figura 10: Estrutura Interna da Terra (POPP, 1998). .......................... 40
Figura 11: Esquema ilustrativo das correntes (POPP, 1998). .................. 42
Figura 12: Pangea e sua divisão em dois continentes, Laurásia a norte e
Gondwana a sul, pelo Mar de Tethys (Teixeira, 2000). ............................ 46
Figura 13: a) Distribuição actual das evidências geológicas de existência de
geleiras há 300 Ma. As setas indicam a direção de movimento das geleiras.
b) Simulação de como seria a distribuição das geleiras com os continentes
juntos, mostrando que estariam restritas a uma calota
polar no hemisfério Sul (TEIXEIR et al, 2000). .................................................. 48
Figura 14: Distribuição das principais placas tectónica (TEXEIRA, et al, 2000). 17
Figura 15: Ilustração da zona divergente entre a América do Norte e África
formando a Dorsal mesoatlântica (PRESS, et al, 2006). ..................................... 18

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Ramificações da Geologia ................................................................ 19
Tabela 2: Escala do tempo Geológico ............................................................. 33
Tabela 3: resumo dos processos que decorrem no limite das placas tectónicas21
Tabela 4: Classificação Cristalografica dos sistemas ......................................... 34
Tabela 5: Escala de Mohs e padrões secundários ............................................. 39
Visão Geral

Bem-vindo a disciplina de Geologia aplicada à Geografia


Introdução ao Estudo da Geologia

A disciplina de Geologia aplicada à Geografia,


constitui uma ferramenta primordial no processo de
construção do conhecimento geográfico. Visto que, é
graças a esta disciplina que podemos compreender a
actual repartição geográfica dos vários fenómenos
que ocorrem na Terra, bem como a sua génese,
evolução e transformação.

Esta disciplina irá permitir que o estudante


desenvolva uma capacidade de análise e
interpretação dos fenómenos que ocorrem na Terra,
tais como os sismos, vulcões, tsunamis, ocorrências
recursos energéticos, (Hidrocarbonetos). Por essa
razão, a disciplina será leccionada em dois eixos:
Geologia histórica e Geologia dinâmica. A Geologia
histórica explica a origem, formação e evolução da
Terra e a dinâmica explica os processos endógenos e
exógenos na crosta.

No fim do estudo deste módulo, espera-se que o


estudante desenvolva as seguintes competências:

• Compreenda a evolução do conhecimento


geológico;

• Conheça as fases da evolução da Terra em função


dos eventos registados;

• Classifica os minerais e as rochas;

Interpreta os fenómenos originários do interior da


Terra;

• Compreenda a génese do relevo.

TEMA I: Introdução ao estudo da Geologia:

• Conceito e objecto de estudo;

• Métodos de estudo da Geologia;


• História da Geologia;

• Teorias sobre o universo.

Tema II: Dinâmica Interna

• Estrutura interna da Terra;

• Teorias da deriva dos continentes;

• Tectónica global.

TEMA III: Minerais

• Conceito de mineral; cristais e seus elementos,


sistemas cristalinos;

• Propriedades físicas, químicas e eléctricas dos


minerais;

• Descrição dos minerais mais comuns,


reconhecimento dos minerais.

TEMA IV: Rochas

• Magmatismo: rochas magmáticas, formação,


textura, estrutura, exemplos e utilidade;

• Metamorfismo: formação, textura, estrutura,


exemplos e utilidade;

• Sedimentagénese: Formação, textura, estrutura,


exemplos e utilidade.

TEMA V: Estratigrafia

• Ciclo geológico; princípio de estratigrafia e estudo


dos fósseis.

TEMA VI: Geologia de Moçambique


• Escala crono-estratigráfica e traços gerais da
Geologia de
Moçambique.
Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Geologia


Aplicada a Geografia o aluno deverá ser capaz de
responder os seguintes objectivos:

▪ Compreender a evolução do conhecimento geológico;


▪ Conhecer a história de Geologia;

Objectivos Específicos ▪ Classificar os minerais e as rochas;


▪ Explicar a acção dos processos endógenos na crosta
terrestre;
▪ Caracterizar os agentes da geodinâmica externa;
▪ Relacionar os fenómenos geológicos globais com os de
Moçambique;
▪ Compreender a necessidade de uso racional dos
recursos minerais.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano


do curso de licenciatura em Ensino de Geografia da
UnISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores
que queiram se actualizar e consolidar seus
conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-
vindos, não sendo necessário para tal se inscrever.
Mas poderá adquirir o manual, com a permissão da
UnISCED.

Como está estruturado o módulo

Este módulo de Geologia Aplicada a Geografia, para


estudantes do 1º ano do curso de licenciatura em
Ensino de Geografia, à semelhança dos restantes da
UnISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa
conhecer para melhor estudar. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo, como componente de
habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina/módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua


vez comporta certo número de unidades temáticas ou
simplesmente unidades. Cada unidade temática se
caracteriza por conter uma introdução, objectivos,
conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação,
só depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:
Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos
e algumas actividades prático incluído estudo de caso.

Outros recursos
A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando
em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo
de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal a
UnISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos
mais material de estudos relacionado com o seu curso como:
Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode
ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda
as possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para o módulo encontram-
se no final de cada unidade temática e de cada tema.
As tarefas dos exercícios de auto-avaliação
apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes.
Segundo, exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de
auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem
obedecer o grau crescente de dificuldades do
processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos
trabalhos de campo a serem entregues aos
tutores/docentes para efeitos de correcção e
subsequentemente nota. Também constará do
exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante,
fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande
vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre


determinados aspectos, quer de natureza científica,
quer de natureza didácticoPedagógica, etc., sobre
como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser
que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, os próximos
módulos venham a ser melhoradas.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de


ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem
para identificar diferentes partes do processo de
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica
de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma
mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender


a aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de


competências, para facilitar a aprendizagem e
alcançar melhores resultados, implicará empenho,
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias
eficientes e eficazes. Por isso é importante saber
como, onde e quando estudar. Apresentamos
algumas sugestões com as quais esperamos que caro
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto


domínio de leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se
a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e
com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades


práticas ou as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-


espaço-tempo, respectivamente como, onde e
quando...estudar, como foi referido no início deste
item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal
para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro
lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins
de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!?
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter


sido estudado durante um determinado período de
tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em
profundidade e passar só ao seguinte quando achar
que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco


que puder ler e estudar, que saber tudo
superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil
ao agradável: Saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar


seguidamente por tempo superior a uma hora.
Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10
(dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chamase
descanso à mudança de actividades). Ou seja que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos
mesmos assuntos das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho


intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito
contrário: baixar o rendimento da aprendizagem.
Porque o estudante acumula um elevado volume de
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde
sequência lógica, por fim ao perceber que estuda
tanto mas não aprende, cai em insegurança,
depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de


fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de
facto (aquele que estuda sistematicamente), não
estudar apenas para responder a questões de alguma
avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro
profissional, na área em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que


horas e que matérias deve estudar durante a semana;
Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo
será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um


texto, pois será uma necessidade para o estudo das
diversas matérias que compõem o curso: A colocação
de notas nas margens pode ajudar a estruturar a
matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever
conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas,
nomes, pode também utilizar a margem para colocar
comentários seus relacionados com o que está a ler;
a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que
surja um conceito cujo significado não conhece ou
não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por


outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode
suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns
erros de concordância, prováveis erros ortográficos,
falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de
Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver
tempo, escreva mesmo uma carta participando a
preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus
assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de
monitorar e garantir a sua aprendizagem com
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação
no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante –
Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você
caro estudante, tem a oportunidade de interagir
fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com
parte da equipa central da UnISCED indigitada para
acompanhar as suas sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de
natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar
cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é
muita importância, na medida em que permite-lhe
situar, em termos do grau de aprendizagem com
relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a
saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos
colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos
relacionados com os conteúdos programáticos,
constantes nos diferentes temas e unidade temática,
no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios,


actividades e auto avaliação), contudo nem todas
deverão ser entregues, mas é importante que sejam
realizadas. As tarefas devem ser entregues duas
semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de
entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega,
implica a não classificação do estudante. Tenha
sempre presente que a nota dos trabalhos de campo
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos
(CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de
pesquisa, contudo os mesmos devem ser
devidamente referenciados, respeitando os direitos
do autor.
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s)
autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito)
palavras do texto de um autor, sem o citar é
considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorias devem
caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor
(estudante da UNISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes


à distância, estando eles fisicamente separados e

1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem
prévia autorização.
muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos:
Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais
fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que
contam com um mínimo de 90% do total de tempo
que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo.
Quando o tempo de contacto presencial conta com
um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do
regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante
estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e
servem para a nota de frequência para ir aos exames.
Avaliação formativa: Serão observados os trabalhos
de campo e as participações nos fóruns de discussões.
Para cada actividade a média pesa em 40% sobre a
avaliação final.
Avaliação sumativa: Ao final do semestre haverá uma
prova presencial de avaliação e o valor da prova pesa
60% da pontuação total. A nota de 10 (dez) valores é
a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos
3 (três) avalições e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão
utilizados como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes
devem ter em consideração a apresentação, a
coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de
conclusão dos assuntos, as recomendações, a
identificação das referências bibliográficas utilizadas,
o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do
Regulamento de Avaliação.
TEMA – I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOLOGIA.

UNIDADE Temática 1.1. Conceito e objecto de estudo;


UNIDADE Temática 1.2. Métodos de estudo da Geologia;
UNIDADE Temática 1.3. História da Geologia;

UNIDADE Temática 1.4. Teorias sobre o universo.


UNIDADE Temática 1.5. Exercícios deste tema

Unidade Temática 1.1: Conceito e objecto de estudo

Introdução

Bem-vindo a primeira unidade da disciplina de Geologia.


Nesta unidade temática, iremos estudar os aspectos
introdutórios da disciplina de Geologia e a mesma está
dividida em dois pontos chaves:

No primeiro ponto, iremos abordar os seguintes


aspectos: conceito, objecto de estudo, divisão da Geologia,
ramificação da Geologia, importância do estudo.

No segundo ponto, iremos estudar a História da Geologia


e Teorias sobre o Universo. Portanto, no fim desta unidade
temática, você deverá ser capaz de:

Desenvolvimento

Dar conceito a Geologia;

▪ Entender o princípio fundamental que sustenta a Geologia;


▪ Conhecer objecto de estudo da Geologia e seus ramos.

Objectivos
1.1 Conceito de Geologia
Especificos

O facto de vivermos na Terra já é razão mais do que


suficiente para estudar a Geologia. Quanto mais soubermos
acerca do nosso planeta, especialmente do seu ambiente e
recursos, melhor poderemos compreendê-la, usá-la e
apreciá-la.

Num senso lato, a importância da Terra como corpo celeste não


é assim tão grande, já que ela é um planeta de tamanho médio,
orbitando à volta duma estrela de tamanho médio também.
Contudo, e pelo menos no Sistema Solar, a Terra é o único planeta
com água abundante e uma atmosfera onde pode crescer a vida.

Os programas espaciais também revelaram que a Terra é única


entre os planetas estudados até agora pelo facto de ter um campo
magnético, que é provocado pelo seu núcleo de ferro líquido e
que pode acumular energia, dando origem à formação de
aspectos como cadeias de montanhas.

A palavra geologia, provêm do grego - γεo (geo - Terra) + λογoσ


(lógos - Ciência) – e significa literalmente Ciência da Terra.

De acordo com Popp (1987), a Geologia é a ciência da Terra, de


seu arcabouço, de sua composição, de seus processos internos e
externos e de sua evolução.

Para Lapidus (1987), Geologia é o estudo da Terra em termos do


seu desenvolvimento como planeta desde a sua origem. Isto
inclui a história das formas de vida, os materiais de que é feita, os
processos que afectam estes materiais e os produtos que deles
resultam.

Entretanto, Geologia é o estudo da origem, evolução,


composição, estrutura e transformação da Terra. Com base nesses
parâmetros ela analisa os processos que operam na superfície e no

interior do planeta e examina os materiais terrestres, sua


composição e aplicabilidade.

A geologia interage com diversas outras ciências como a física, a


química, a biologia, bem como as ciências econômicas e sociais, e
busca a exploração dos recursos naturais de maneira
economicamente viável e ambientalmente sustentável.

O princípio fundamental que sustenta toda a Geologia é que "os


processos geológicos actuais ocorreram ao longo do tempo
geológico". É o chamado Princípio das Causas Actuais. Quer isto
dizer que as rochas antigas podem ser interpretadas com base
nos processos que ocorrem actualmente.

1.1.1 Objecto de estudo

Qual é o objecto de estudo da geologia?

Vamos partir do pressuposto de que a Geologia é um tipo especial


de ciência, já que o seu laboratório é o Mundo em que vivemos.
Por vezes, é possível tirar conclusões de caracter geológico
através de ensaios laboratoriais controlados, mas a maioria das
vezes isso não é possível, pois as dimensões de escala e de tempo
que envolvem os fenómenos geológicos são demasiado grandes
para lidarmos laboratorialmente com elas.
Daqui se pode ver que a Terra não é constituída dum único
material, mas de várias camadas esféricas concêntricas. Há,
assim, três camadas composicionais (Núcleo, Manto e Crosta). No
entanto, a Crosta compreende a parte superficial, camada mais
fina, composta de matéria rochosa menos densa.
Consequentemente, a crosta é constituída por compostos de O,
Si e Al que fazem parte de minerais mais comuns em combinação
com os demais elementos.

Não resta dúvidas que o objecto de estudo da Geologia é a

crosta (por ser construída de Rochas e Minerais). 1.1.2

Subdivisão da Geologia

Segundo AMARAL & LEINZ (2003) A geologia subdivide-se em três


grandes ramos, a saber:

Geologia Geral

Geologia Geologia Histórica

Geologia Ambiental

I) Geologia Geral ou Dinâmica é o estudo da composição, da


estrutura e dos fenómenos genéticos formadores da crosta
terrestre, assim como ao conjunto geral de fenómenos que agem
não somente sobre a superfície, como também no interior do
nosso planeta.

II) A Geologia Histórica – estuda e procura datar


cronologicamente a evolução geral, as modificações estruturais,
geográficas e biológicas ocorridas na história da Terra.
III) Geologia Ambiental – consiste no estudo dos problemas
geológicos decorrentes entre o homem e a superfície terrestre,
assunto cujo a importância vem crescendo nos últimos anos.

1.1.3 Ramificação da Geologia

A Geologia encontra-se ramificada em vários ramos, sendo destacar:

Tabela 1: Ramificações da Geologia

Paleontologia – estuda a evolução das formas de vida através dos fosseis.


(fosseis – são vestígios de vegetais e animais)

Cristalografia – trata do estudo dos cristais

Petrologia – estuda as rochas, os seus minerais constituintes, a sua


génese e o seu modo de ocorrência

Cartografia – dedica-se ao estudo dos métodos de campo e laboratório


que levam a produção de mapas de vários tipos

Geocronologia – mede os intervalos de tempo do passado geológico, as


idades dos acontecimentos geológicos
Ramificações da
Geomorfologia – estuda as formas e processos do relevo terrestre
Geologia

Geologia estrutural e tectónica – estudam as estruturas que ocorrem na


crusta dobras, falhas, etc., numa escala mesoscópica e megascópica

Mineralogia – estuda os minerais, sua génese e ocorrência

Hidrogeologia – estudo das águas subterrâneas


Estratigrafia – estuda as rochas em camadas (estratos) em espacial a sua
sequência no tempo em correlação de camadas locais diferentes

Geologia da engenharia – estuda a aplicação da geologia para a


construção de obras de engenharia

Geologia económica – ligado as jazigos minerais, estuda as implicações


económicas da exploração dos jazigos e as suas reservas

Pedologia – estuda a formação dos solos, sua morfologia, origem e


classificação

Fotogeologia - utiliza as fotografias aéreas para a interpretação da


geologia duma região na programação de actividades de campo

Geofísica – aplica os métodos fiscos ao estudo da estrutura e composição


da Terra

Sedimentologia – estuda as rochas sedimentares e os processos


responsáveis pela sua origem e pelos movimentos de sedimento, etc.

Como foi notório a geologia apresenta várias ramificações e o seu


estudo exige em parte o conhecimento destas áreas.
Como se pode ver da listagem anterior, as ciências geológicas
estão intimamente ligadas a várias outras ciências: Química,
Física, Matemática, Biologia, Astronomia, Economia e
Engenharia. Mas as ligações não param por aqui, por exemplo a
geologia e Geografia tem uma estreita relação porque Geografia
– o seu campo de acção é a superfície terrestre e seus habitantes,
a Geologia ocupa-se pela formação da crosta e da sua evolução;
A Biologia – Estuda os seres vivos (origem, evolução) cujo a sua
explicação está impregnada na Geologia; a Química – aplica os
princípios da química para o estudo da Terra; A Física - aplica os
princípios da física para o estudo da Terra; A Astronomia – estuda
as rochas de outros corpos do sistema solar, exemplo de amostras
da Lua.

1.1.4. Importância do estudo da Geologia

Como se sabe, o Homem só tem acesso a uma ínfima parte do


planeta, que é a superfície terrestre. Tudo o resto está fora do
alcance da vista directa. Só se pode estudar por via indirecta, por
meio de vários métodos de análise e observação. No entanto, o
seu estudo é de estrema importância, pois:

Ela fornece dados sobre as rochas nos aspectos tocantes à sua


formação, composição, tamanho, posição, e possibilidade do seu
aproveitamento económico; pesquisa e prospeção de minerais;
exploração de minerais energéticos (combustíveis fósseis);
descoberta de novos bens minerais; construção de obras civis - A
Geologia de engenharia criou suporte à engenharia civil
(Geotécnica), necessária à estrutura de grandes obras tais como:
túneis, barragens, pontes, rodovias, túneis, habitações e outras
construções, fornecendo informação importante sobre as rochas
onde estarão apoiadas; solução de actuais problemas ambientais
(riscos ambientais).

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)


1. Marque V ou F.
a) A Geologia estuda a Terra, sem se interessar com a sua evolução,
composição, estrutura e transformação.

b) A Geologia é o estudo da origem, evolução, composição,


estrutura e transformação da Terra.

c) A geologia interage com diversas outras ciências como a


física, a química, a biologia, bem como as ciências
econômicas e sociais.

d) A geologia se interessa apenas da exploração dos recursos


naturais de maneira economicamente viável e ambientalmente
sustentável.

2. No Sistema Solar, é correcto afirmar que:


a) Todos os planetas contêm atmosfera.
b) A Terra é o único planeta com água abundante e uma atmosfera
onde pode crescer a vida.

c) No plutão contém água em abundância.


d) A Terra é o maior planeta do sistema solar.
e) A Terra não é constituída dum único material, mas de várias
camadas esféricas concêntricas.

3. O objecto de estudo da geologia é:


a) Manto
b) Magmatismo
c) Rochas
d) Crosta
e) Núcleo
4. De acordo com AMARAL & LEINZ (2003) a geologia subdivide-se
em três grandes ramos, a saber:

a) Geologia Geral, Física e Biológica.


b) Geologia Histórica, Ambiental e Biológica.
c) Geologia Histórica, Geral e Biológica.
d) Geologia Geral, Histórica e Ambiental.
5. De acordo com este texto “estudo dos problemas
geológicos decorrentes entre o homem e a superfície
terrestre, assunto cujo a importância vem crescendo nos
últimos anos” que parte da Geologia se ocupa:

a) Geologia Geral
b) Geologia Histórica e Ambiental
c) Geologia Ambiental
d) Geologia Histórica
6. As ciências geológicas estão intimamente ligadas a várias
outras ciências: Química, Física, Matemática, Biologia,
Astronomia, Economia e Engenharia. Qual das ciências tem
maior relação com a Geologia?

a) Apenas Química e Física.


b) Matemática, Biologia e Astronomia.
c) Engenharia e Economia.
d) Todas as ciências.

Respostas:

1. a) F
b) V
c) V
d) F

2. a) F
b) V
c) F
d) F
e) V
3. a) F
b) F
c) F
d) V
e) F
4. a) F
b) F
c) F
d) V
5. Alínea correcta c)
6. Alínea correcta d)

UNIDADE Temática 1.2. Métodos de estudo da Geologia

Introdução e Desenvolvimento

O conhecimento do interior da Terra não se pode efectuar, na sua


totalidade, com observações ou análises directas do seu interior. Visto
que, dos 6370 km que separa o núcleo a superfície terrestre, o Homem
só conseguiu perfurar 0.1% ou seja cerca de 7 km.
Desta forma o conhecimento da estrutura e composição do
interior da Terra tem de ser obtido através da utilização de
métodos directos e de métodos indirectos.

a) Método Directo é aquele que nos permite obter dados através da


utilização directa da Terra, como é o caso da observação directa
da superfície terrestre, da utilização de carotes de sondagens, da
observação da actividade vulcânica. Este método baseia-se em
quatro pilares, conforme ilustra o esquema abaixo.

Sondagens

Exploração de
Metódo Magmas e
jazigos minerais em
Directo xenólitos
minas e escavações

Observação e
estudo directo da
superfície visível

- A observação directa da superfície terrestre permite-nos


concluir acerca da existência de falhas e de dobras, qual o tipo de
rocha e respectiva idade, com o inconveniente de esta
observação se limitar a poucos metros de profundidade, ou seja,
só o que conseguimos ver a vista desarmada.
Figura 1: Observação directa a camada de carvão no rio Moatize em Tete. Foto: Raposo, 2014

- Exploração de jazigos minerais em minas e escavações fornece-


nos dados do interior da terra. No entanto, estas informações
limitam-se apenas a alguns metros de profundidade (fig.2).

Figura 2: Jazigo de exploração de minerais.

Sondagem é um tipo de investigação feita para saber que tipo de


solo existe em um terreno, a sua resistência, a espessura das
camadas, a profundidade do nível de água e até mesmo a
profundidade onde está a rocha e informam o geólogo sobre
muitos acontecimentos do passado. Ex: valas, trincheiras (fig 3),
poços, Galeria, etc.

Figura 3: Ilustração de uma trincheira para observar o solo e colectar amostras. Fonte:
(CONCIANI, 2013).

- Magmas e xenólitos: a actividade vulcânica fornece-nos


importantes informações sobre o interior da Terra (até cerca de
150 km de profundidade). Sempre que um vulcão entra em
actividade, lança para o exterior materiais que se encontram no
interior da Terra. A análise desses materiais (lavas, cinzas, gases)
permite-nos conhecer a composição da parte superior da crosta
terrestre. No entanto, um vulcão não nos fornece apenas a sua
lava como fonte de estudo, mas fornece-nos também,
fragmentos da chaminé e da câmara magmática – os xenólitos.
Figura 4: Amostra directa do manto: xenólitos de peridotitos (raros). Disponivel
em:www.umanitoba.ca.br

Se o conhecimento directo do interior da Terra é inacessível,


então os geólogos procuram outras fontes de informação para
determinarem a estrutura e a composição do nosso planeta. Para
isso, os métodos indirectos permitem-nos obter dados sobre a
estrutura interna da Terra, com a interpretação de dados obtidos
indirectamente, através de planetologia e astrogeologia e
métodos geofísicos.

- Planetologia e astrogeologia:
O estudo dos restantes planetas do sistema solar permite-nos
tirar conclusões sobre o nosso próprio planeta. Quando
admitimos que os elementos constituintes do sistema solar
possuíam uma origem comum, concluímos que as características
existentes nos outros planetas se aplicavam ao nosso.

Ao recolhermos dados de outros planetas estamos a obter


informação sobre o nosso próprio planeta. Quando classificamos
os meteoritos quanto à sua composição, admitimos, para estes,
uma origem semelhante à Terra e, por isso, admitimos para a
Terra uma composição e estrutura semelhantes às dos
meteoritos. Os satélites vieram também dar uma grande ajuda,
pois, através deles, é possível a recolha de dados até então
inacessíveis. A medida correcta do diâmetro terrestre, a
densidade e o volume são alguns dos conhecimentos terrestres
obtidos através da utilização de satélites.

- Métodos geofísicos: A geofísica é uma ciência que, através de


estudos físicos e matemáticos, permite a determinação de
características geológicas da Terra, nomeadamente a sua
densidade e gradiente geotérmico. A gravidade, a sismologia, o
geomagnetismo e o geotermismo são alguns dos métodos
geofísicos (fig.5) que nos permitem a elaboração de modelos
estruturais e composicionais da Terra.

Gravimetria
A gravidade Terrestre consiste na atracção exercida pela Terra sobre os
corpos existentes à sua superfície. Pode ser calculada, segundo a Lei da

Atracção Universal de Newton, pela expressão: F = G m . M r2


Onde: m – Massa do corpo; M – Massa da Terra; r – Raio terrestre e G –
Constante de gravitação determinada em laboratório.

Assim, analisando a expressão, verifica-se que a força gravítica varia na


razão directa das massas e na razão inversa do quadrado da distância ao
centro da Terra.

Por convenção, considera-se que o valor normal da força gravítica ao nível


das águas do mar é zero.

- Anomalia Gravimétrica
- É a diferença entre os valores da gravidade, numa determinada zona
(medidos através de gravímetros), e os valores calculados teoricamente
para essa mesma zona.

As anomalias gravimétricas são positivas ou negativas e podem ser


devidas, por exemplo, à presença de corpos rochosos com diferentes
densidades no interior da crusta. O estudo do campo gravítico da Terra
pode fornecer indicações importantes a respeito do interior da geosfera.
Estes estudos permitiram elaborar hipóteses acerca da constituição dos
fundos oceânicos, da distribuição das massas no interior do planeta e como
essa distribuição afecta a distribuição dessas massas à superfície.

Assim, verificou-se que o interior da Terra não é homogéneo como se


pensava, ou seja, os materiais variam, quer lateralmente, quer em
profundidade (vide fig. 6).
Figura 6: Anomalias Gravimétricas.

Pela observação da imagem podemos concluir que a presença no subsolo


de um domo salino (sal-gema), cuja densidade é inferior às rochas
encaixantes, afecta localmente a força gravítica, provocando uma
anomalia negativa. Por sua vez, a presença de um maciço rochoso
magmático, mais denso do que as rochas envolventes, determina uma
anomalia gravimétrica positiva. Ao nível das grandes cadeias montanhosas
existem anomalias gravimétricas negativas.

- Densidade e massa volúmica


• A densidade global da Terra é de 5.5.
• No entanto, as rochas da superfície terrestre são muito menos densas,
apresentando uma densidade média de 2.8.

• Tal significa que os materiais do interior da Terra são muito mais densos.

• Pelo que podemos concluir que com a profundidade os valores da


densidade vão aumentar, uma vez que, os materiais estão sujeitos a uma
pressão cada vez maior e estão mais comprimidos.

- Sismologia
Através da velocidade de propagação das ondas sísmicas no interior da
Terra é possível aos geologos aprofundarem o seu conhecimento sobre a
constituição do interior da Terra.
Se a Terra fosse homogénea, ou seja, se a composição e as propriedades
físicas dos materiais fossem idênticas em qualquer ponto do globo, a
velocidade de propagação das ondas sísmicas devia de manter-se
constante em qualquer direção e a trajetória dos raios sísmicos seria
retilínia. No entanto, isto não acontece, ou seja, a velocidade das ondas
sísmicas sofrem alterações! Algumas ondas são desviadas e outras deixam
de se propagar a partir de determinada profundidade.

Assim sendo, isto faz-nos concluir que o interior da Terra não é todo igual.

Figura 7: Camadas da Terra reveladas pela sismologia. O


diagrama inferior mostra as alterações das velocidades das ondas compressivas e de
cisalhamento e da densidade com a profundidade na Terra. O diagrama superior é uma secção
transversal do interior da Terra na mesma escala das profundidades, mostrando como essas
mudanças estão relacionadas com as camadas principais (TEIXEIRA, et al, 2000).

- Geotermism
Geotermismo é o calor interior da Terra. Estudos realizados,
permitem-nos afirmar que a temperatura aumenta com a
profundidade. Assim, denomina-se por gradiente geotérmico a taxa
de variação de temperatura com a profundidade, isto é, o aumento
de temperatura por quilómetro de profundidade.

Grau geotérmico – número de metros que é preciso aprofundar na crosta


terrestre para que a temperatura aumente 1ºC. Grau geotérmico (média):
1ºC/33m, ou seja, por cada 33m a temperatura aumenta 1ºC (fig. 7).

O grau geotérmico depende dos seguintes factores:


✔ Condutibilidade térmica das rochas;
✔ Proximidade do foco térmico, por exemplo, um vulcão;
✔ Estrutura das rochas (as camadas inclinadas apresentam um grau
geotérmico mais curto que as horizontais);

✔ Morfologia (o grau geotérmico aumenta nas serras, ao contrário


dos vales).

Figura 8: Variação do grau geotérmico.

O aumento da temperatura não se mantém constante para grandes


profundidades, pois se tal acontecesse a Terra atingiria no seu interior
temperaturas de muitos milhares de graus, o que provocaria a fusão de
todos os materiais.
No entanto, sabe-se, através da sismologia, que a maioria das camadas
estruturais terrestres está no estado sólido. Com isto, admite-se, pois, que
o gradiente geotérmico diminui com a profundidade. Isto é, o aumento da
temperatura faz-se de um modo mais lento.

O calor interno da Terra é o motivo da actividade do nosso planeta e vai-se


libertando continuamente através da sua superfície. As terras não retêm
toda a energia sob a forma de calor, pelo que, existe dissipação de calor.
Esta dissipação é constante e denomina-se fluxo térmico, que é avaliado
pela quantidade de calor libertado por unidade de superfície e por unidade
de tempo.

- Geomagnetismo, a Terra tem um campo magnético invisível, mas que faz


sentir a sua acção. Os cristais funcionam como ímanes “fósseis” com uma
polaridade idêntica à do campo magnético terrestre na altura da sua
formação.

O geomagnetismo é importante porque:


A existência do campo magnético terrestre apoia o modelo sobre a
composição e as características físicas do núcleo terrestre;

O paleomagnetismo fornece informações sobre o passado da

Terra, pois, regista inversões da polaridade do campo magnético terrestre;


apoia a hipótese da deriva continental e da formação dos fundos oceânicos
a partir do rifte; permite tirar ilações sobre a posição dos continentes
relativamente aos pólos magnéticos; permite determinar a latitude
geográfica que a rocha em estudo ocupava no momento da sua formação.

1.2.1 Materiais utilizados no estudo da Geologia


a) Bússola geológica – serve para orientar o geólogo no campo, para medir a
altura dos estratos e estrutura geológica.
Figura 7: Bússola geológica tipo BRUNTON (COE, et al, 2010).

b) Lupa – é usada para ampliar os objectos a observar e facilitar a


identificação dos minerais.

Figura 8: ilustração de lupas do geólogo (COE, et al, 2010).


c) Martelo – serve para colher amostras, fósseis ou para preparar a
superfície para a medição
Figura 9: Martelo do geólogo. Fonte: www.GADGETS.in

GPS - essa sigla é a abreviação em inglês de sistema de


posicionamento global e serve para georreferenciar ou
localizar as coordenadas d
qualquer ponto que se pretende estudar.

Figura 12: Ilustração do GPS usado durante as actividades do campo. Fonte: www.GADGETS.in

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. O conhecimento do interior da Terra não se pode efectuar, na sua


totalidade, com observações ou análises directas do seu interior. De
acordo com esta afirmação significa que utiliza outros métodos.

Escolhe a opção correcta. A.


Apenas métodos directos.
B. Apenas métodos indirectos.
C. Métodos directos e indirectos.
D. Observação macroscópica.

2. Sobre os métodos directos, é correcto afirmar que:


a) O método directo nos permite obter dados através da utilização
directa da Terra.
b) O método directo não é o caso da observação directa da superfície
terrestre.
c) Este método utiliza carotes de sondagens e também faz a observação
da actividade vulcânica.
3. Os métodos indirectos permitem-nos obter dados sobre a estrutura
interna da Terra, com a interpretação de dados obtidos indirectamente,
através de:
4. a) Apenas planetologia.
b) Apenas métodos geofísicos.
c) Planetologia e astrogeologia e métodos geofísicos.
d) Nenhuma das opções.
5. Anomalia Gravimétrica é a diferença entre os valores da gravidade,
numa determinada zona, e os valores calculados teoricamente para essa
mesma zona. Entretanto, subdividem-se em:
a) Anomalias positivas e físicas.
b) Anomalias positivas e negativas.
c) Anomalias negativas e gravimétricas
d) Anomalias geocêntricas.
6. Sobre o geomagnetismo marque V ou F.
a) A existência do campo magnético terrestre apoia o modelo sobre a
composição e as características físicas do núcleo terrestre.
b) O paleomagnetismo fornece informações sobre o passado da Terra,
pois, regista inversões da polaridade do campo magnético terrestre.
c) Permite tirar ilações sobre a posição dos continentes relativamente
aos pólos magnéticos; permite determinar a latitude geográfica que a
rocha em estudo ocupava no momento da sua formação.

7. A Geologia utiliza vários materiais no seu estudo. Marque V ou F.


a) A bússola geológica e a lupa são materiais de menor utilização.
b) A bússola geológica orienta o geólogo no campo, para medir a
altura dos estratos e estrutura geológica.

c) A lupa é usada para ampliar os objectos a observar e facilitar a


identificação dos minerais.

d) O martelo serve para colher amostras, fósseis ou para preparar a


superfície para a medição.

e) Apenas a bússola, lupa, martelo e GPS são materiais geológico


UNIDADE Temática 1.3. História da Geologia

Introdução e Desenvolvimento

De acordo com AMARAL, Leinz (2003), "Desde que o Homem aprendeu a se


aproveitar das rochas e minerais, iniciou-se, no sentido lato, o estudo da
Geologia".

Nos primórdios da Humanidade o Homem usava "pedras" rochas e minerais


no fabrico de ferramentas de trabalho e objectos ornamentais. A partir
desta época, conhecem-se hoje minas de sílex. Mais tarde, com o início da
Idade do Bronze, o Homem começou a utilizar os metais, tanto para armas
como para objectos ornamentais.

Os antigos Egípcios (1.500 AC) já conheciam os efeitos medicinais de alguns


minerais, como a antimonite (Sb2S3), o enxofre (S), a hematite (Fe2O3), a
halite (sal), a soda (NaNO3), o petróleo bruto, etc.

- Heródoto (484-425 AC) que escreveu que "…o mar apagou-se onde hoje a
terra se solidifica…", após observar fósseis de conchas marinhas em terra
firme. Nessa altura, a idade da Terra foi calculada em 399.000 anos!!!

Também Heródoto reparou que o Rio Nilo depositava sedimentos durante


as cheias, tendo reconhecido o processo lento mas contínuo que modifica
a superfície da Terra.

- Teofrastus (374-287 AC), escreveu o primeiro tratado de Mineralogia - A


Respeito das Pedras - que foi a base da maioria dos mineralogistas da Idade
Média.
- Ibn Sida (980-1037) escreve uma sistemática dos minerais e reconhece que
as montanhas se formam por acção de forças internas e que a água tem um
papel importante na erosão e na formação de sedimentos.
A Idade Média (séc. XI-XIV)
Foi um período de estagnação de conhecimentos, de crenças em poderes
sobrenaturais e em superstições. Nessa época, o primeiro livro do Antigo
Testamento - Génesis - sobre a origem do mundo e da vida, era aceite como
verdade acabada, não contestável, pois se o fosse seria considerado
sacrilégio os Homens não procuravam mais esclarecimentos sobre os
fenómenos naturais.

Com o aparecimento da Renascença, a situação no que toca ao avanço


das ciências muda de figura. O Génesis começa a ser contestado.

Ao descobrir conchas numa zona montanhosa de Itália, Da Vinci concluiu


que aqueles animais só podiam ter vivido ali quando aquelas terras estavam
cobertas de água. Foi um escândalo na época, mas como ele era
reconhecido por todos como artista, escultor, arquitecto, engenheiro e
inventor, então ele teria alguma razão para afrontar as Sagradas Escrituras.
Mas os defensores destas encontraram uma resposta para o aparecimento
de conchas nas montanhas:

Deus tinha-as posto lá para pôr à prova a fé do Homem.

O grande avanço das ciências geológicas ocorre cerca de 150 anos mais
tarde, com o dinamarquês Nicolaus Steno (Séc. XVII) que é conhecido como
o pioneiro da Geologia. Como outros cientistas, ele observou conchas nas
montanhas da Itália e concluiu que o mar tinha coberto aquela região.

Mas ele foi mais longe, pois observou que as conchas estavam encravadas
em vários tipos de rochas, de camadas ou estratos. Verificou que algumas
camadas eram espessas, outras delgadas; umas eram uniformes, outras
irregulares; umas continham conchas de animais marinhos, outras de
animais de água doce. Concluiu que as rochas que continham essas conchas
só podiam ter sido depositadas como sedimento em zonas cobertas por
água salgada ou doce. Com o recuo das águas, os sedimentos
transformaram-se em rochas sólidas.

Por isso, concluiu ele ainda, as camadas do fundo deviam ser mais antigas
do que as que estavam mais acima. Nasceu assim o princípio da
sobreposição, base da Geocronologia actual (fig. 13).

Figura 13: Princípio de sobreposição de estratos.

- Abraham Werner (1749-1817), de nacionalidade alemã, aos 25 anos,


publica um livro sobre as características externas dos minerais, pondo fim
a uma época de observações caóticas e disparatadas. Ele é considerado o
pai da Geologia e da Mineralogia alemãs. Werner também é considerado o
pai da Geologia de Campo, por ter sido o primeiro a levar os seus alunos ao
terreno para terem o quadro geral do que ensinava nas aulas. WERNER
defendia a Teoria Neptunista segundo a qual todas as rochas tinham o seu
início num oceano de aguas espessas e turvas que cobria a superfície a
Terra. Os granitos teriam sido as primeiras rochas precipitadas dessa água
primária e as rochas vulcânicas se teriam originados pela refusão local de
sedimentos preexistentes, fenómeno ocorrido nas regiões vulcânicas.

O seu discípulo Leopold Von Buch (1774-1853), depois de observar alguns


vulcões europeus, coisa que Werner nunca tinha feito, contrariou essa
teoria, criando a Teoria Vulcanista, em que no interior da Terra existia um
imenso calor que fundia as rochas.

- William Smith (1769-1839) foi o pai da Paleontologia e, de certo modo, da


Estratigrafia. Ele notou que certos fósseis só ocorriam em determinadas
camadas e que estas podiam ser correlacionadas, mesmo que distantes
entre si.

- James Hutton (1726-197) e a sua escola, denominada plutonismo, diziam


ser o magma o agente formador das rochas sem desprezar, contudo, a agua
como agente formador de outras rochas. Hutton defendia a teoria de
Actualismo, que mais tarde foi desenvolvida por Charles Lyell.

- Abraham G. Werner, (1749-1815) e James Hutton (1726-197), ambos são


considerados pais da geologia actual.

A síntese geral dos conhecimentos geológicos até então adquiridos foi


elaborado por Charles LYELL (1797-1875), este generalizou como também
amplificou a geologia física e estratigráfica. Desenvolveu a teoria de
Actualismo iniciada pelo J. Hutton que diz que: o presente é chave da
compreensão do passado, (AMARAL, Leinz 2003).

Outros paleontólogos de renome do tempo de W. Smith foram Georges


Cuvier (1769-1832), Ernst von Schlotheim (1765-1832).

No séc. XIX, o inglês Charles Darwin (1809-1882),


observando os vários fósseis e as diferentes formas de vida que encontrou
pelo mundo fora durante as suas viagens, formulou a teoria da evolução da
vida, expressa no seu livro (1859) A Origem das Espécies pela Selecção
Natural, ou A Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida. Ainda
nesse tempo esse livro foi considerado uma afronta aos ensinamentos
bíblicos sobre a criação. Mais tarde (1871), com o seu livro A Origem do
Homem, essa polémica renasceu.

Os séculos XVIII e XIX caracterizaram-se por grandes avanços e


actividades nas ciências geológicas e por uma cooperação extensa
entre geocientistas de vários países.

Também se caracterizou pelo aparecimento de várias associações de


geólogos, como o Geological Survey of England (1835), Association
Géologique Française (1855) e a Preuische Geologische Landesamtstalt
(1873), entre outras. No início do Séc XX (1915), o alemão Alfred Wegener
(1880-1930) escreveu o livro A Origem dos Continentes em que formula a
Teoria da Deriva dos Continentes, percursora da actualíssima Teoria da
Tectónica de Placas (já referida anteriormente).

No que toca ao nosso continente, Alex du Toit é considerado o pai da


Geologia Africana.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. O cientista que escreveu o primeiro tratado de mineralogia foi:


a) Heródoto (484-425 AC).
b) Teofrastus (374-287 AC).
c) Ibn Sida (980-1037).
2. A Idade Média (séc. XI-XIV) foi um período de estagnação de conhecimentos,
de crenças em poderes sobrenaturais e em superstições. Com base nesta
idade, marque com V ou F.

a) Nessa época, o primeiro livro do Antigo Testamento - Génesis -


sobre a origem do mundo e da vida, era aceite como verdade
acabada, não contestável, pois se o fosse seria considerado
sacrilégio os Homens não procuravam mais esclarecimentos sobre
os fenómenos naturais.

b) Com o aparecimento da Renascença, a situação no que toca ao


avanço das ciências muda de figura.

c) O Génesis começa a ser contestado.


d) Ao descobrir conchas numa zona montanhosa de Itália, Da Vinci
concluiu que aqueles animais só podiam ter vivido ali quando
aquelas terras estavam cobertas de água.

3. O cientista considerado pai da Geologia e da Mineralogia alemãs chama-se:

a) Charles Darwin
b) James Hutton
c) Alfred Wegner
4. O cientista que também é considerado pai da Geologia de Campo, por
ter sido o primeiro a levar os seus alunos ao terreno para terem o
quadro geral do que ensinava nas aulas.

a) James Hutton
b) Alex du Toit
c) Charles Darwin
d) Alfred Wegner
5. O cientista considerado pai da Geologia Africana chama-se:
a) James Hutton
b) Alex du Toit
c) Charles Darwin
d) Alfred Wegner
6. “O presente é chave da compreensão do passado” é a teoria de
Actualismo. O cientista que começou a desenvolver esta teoria chama-
se:

a) Alex du Toit
b) Charles Darwin
c) James Hutton
d) Alfred Wegner

Respostas:

1. Alínea correcta b)
2. a) V
b) V
c) V
d) V
3. Alínea correcta d)
4. Alínea correcta d)
5. Alínea correcta b)
6. Alínea correcta c)

UNIDADE Temática 1.4. Teorias sobre o Universo

Introdução e
Desenvolvimento Estamos habituados a pensar que a Terra é o centro do
universo, o que não é de toda verdade. A Terra é um pequeno planeta que gira à
volta duma estrela - o Sol. O Sol e os seus planetas são uma ínfima parte da galáxia
Via Láctea, que, por seu lado, é uma dos milhares de galáxias do nosso universo.

Então o que é universo?

Universo é o conjunto formado por astros e


pelas formas de energia. Suas dimensões são vastas que apesar de todo o
progresso alcançado pela Astronomia e pela Austronáutica, pode se dizer
que o Homem apenas principiou a sua exploração.

O elevado número de estrelas que vemos a


brilhar á noite juntamente com muitas outras que não distinguimos ou que
só vemos em forma de nebulosidade constituem uma galáxia conhecida por
via-láctea.

Podemos observar na galáxia estrelas anãs, de


tamanho menor, e estrelas gigantes vermelhas, mil vezes maiores que o
Sol, mas também aquelas cuja magnitude aumenta bruscamente a seguir a
uma explosão, as estrelas novas e supernovas, as de brilho variável e os
buracos negros.

Figura 14: Via Láctea. http://www.atlasoftheuniverse.com/

1.4.1. O Sistema Solar é uma pequeníssima parte


da nossa galáxia e consiste do Sol, de 8 Planetas e seus Satélites, Asteróides,
Cometas e Meteoritos.
O

Sol

é uma estrela de tamanho médio, com uma


temperatura de 6.000ºC à superfície e de 5.000.000ºC em profundidade,
onde a matéria está sujeita a pressões gigantescas. Ele desloca-se a uma
velocidade de 70.000 km/s em direcção à estrela Vega, situada na
constelação de Lira a 27 anos-luz de distância (10,65 x 1012 km).

De acordo com TEIXEIRA, et al. (2000), os demais


corpos que pertencem ao Sistema Solar (planetas, satélites, asteróides,
cometas, além de poeira e gás) formaram-se ao mesmo tempo em que sua
estrela central. Isto confere ao sistema uma organização harmônica
notocante à distribuição de sua massa e às trajetórias orbitais de seus
corpos maiores, os planetas esatélites.

A massa do sistema (99,8%) concentra-se no Sol,


com os planetas girando ao seu redor, em órbitas elipticas de pequena
excentricidade, virtualmente coplanares, segundo um plano básico
denominado eclíptica. Neste plano estão assentadas, com pequenas
inclinações, as órbitas de todos os planetas, e entre Marte e Júpiter orbitam
também numerosos asteróides. Por sua vez, a grande maioria dos cometas
parece seguir também órbitas próximas do plano da ecliptica. O movimento
de todos estes corpos ao redor do Sol concentra praticamente todo o
momento ângular do sistema.
Figura 15: Sistema solar. Os quatro planetas internos situam-se
mais perto do Sol e são rochosos e menores em tamanho. Os quatro planetas externos são
gigantes e possuem satélites maioritariamente gasosos e com núcleos rochosos. O planeta mais
distante, Plutão, é um pequeno corpo congelado de metano, água erocha. Notar o cinturão de
asteróides que se localiza entre o grupo de planetas internos e externos (TEIXEIRA, et al, 2000).

1.4.2. Teorias sobre a origem do sistema solar


a) Hipótese Nebular (Laplace 1820)2 no início haveria uma enorme nuvem
esférica de gases quentes que rodava sobre si própria (a). Com o
aumento da rotação, essa nuvem foi achatando, mantendo um centro
mais espesso (b). Ainda o aumento da rotação provocou um aumento
da força centrífuga nas partes mais externas do disco, provocando a
separação deste em vários anéis (tantos quantos os planetas existentes)
que giravam à volta da nuvem central (c). Posteriormente, o material

– O Universo
dos anéis foi-se concentrando por acção da gravidade, dando origem
aos planetas e a nuvem central teria dado origem ao sol (d).

Figura 16: Esquema elucidativo da Hipótese Nebular de Laplace, sobre a origem do Sistema
Solar. Fonte: WINTER, John (s/d).

b) Hipótese da Colisão (Chamberlin & Multon


1900) (Fig. 1.10): considera que uma estrela terá passado perto do sol,
tendo provocado a libertação de gases em espiral a partir do sol (a, b). Estes
gases teriam depois girado à volta do sol (c), e posteriormente se
concentrado para originar os planetas, devido à força de atracção entre as
duas estrelas (d).

Figura 17: Hipótese da Colisão sobre a origem do Sistema Solar. Fonte: WINTER, John (s/d).

c)Teoria Moderna
O início do Sistema Solar deu-se numa altura em
que aparentemente o espaço estava vazio. Mas só aparentemente, pois o
espaço estava cheio de átomos dispersos que formavam uma nuvem ténue,
turbulenta e em redemoinho.
Com o tempo, e devido à atracção entre os
átomos, a nuvem começou a tornar-se mais espessa pela progressiva
concentração dos átomos. A energia desses redemoinhos deu
eventualmente origem à rotação da nuvem que originou mais tarde o sol e
os planetas.

À medida que os átomos eram atraídos entre si,


e se aproximavam uns dos outros, a nuvem tornou-se mais densa e mais
quente. Como resultado deste processo de concentração, formou-se a
Terra e os outros planetas.

Figura 18: Hipótese Moderna.

Mais de 99% dos átomos do espaço são átomos


de hidrogénio (H) e hélio (He), os dois átomos mais pequenos, o que pode
ser visto nas atmosferas de alguns planetas maiores.

Perto do centro da concentração da nuvem de


gás, os átomos ficaram tão comprimidos e tão aquecidos que os átomos de
H e He começaram a fundir-se para originar elementos mais pesados. Esta
fusão provocou libertação de enormes quantidades de energia térmica, o
que levou a uma combustão nuclear dos átomos de H e He.
Quando começaram estas reacções nucleares,
deu-se o nascimento do Sol, o que deve ter acontecido há 6 mil milhões de
anos. Porém, os processos nucleares estavam confinados ao centro da
nuvem. À sua volta rodava uma nuvem de gás menos quente e menos
denso.
Como se sabe, a rotação provoca uma força
centrífuga que tende a puxar os corpos para fora, ao passo que a gravidade
é uma força centrípeta, que puxa os objectos uns para os outros. Como
resultante destas duas forças, a nuvem de gás tornou-se gradualmente um
disco rotativo achatado, girando à volta do Sol. O tal disco chama-se
nebulosa planetária

O dado momento, as porções externas mais frias


da nebulosa planetária tornaram-se suficientemente compactadas para
originar matéria sólida, do mesmo modo que o gelo se condensa a partir do
vapor de água para originar neve. Progressivamente, esta matéria sólida
condensada transformou-se em planetas

Uma das teorias modernas que também


debruça-se sobre a problemática da origem do Universo é a teoria de Big
Bang, a qual refere que a matéria actualmente existente inicialmente
encontrava-se conglomerado num estado de enorme densidade, um
glóbulo, este glóbulo condensou-se e explodiu lançando matéria no espaço,
a partir da qual se desenvolveram planetas, galáxias, estrela, astros, etc.
(Enciclopédia de ciência – o Universo, 2001)

Muito bem, ao analisar as teorias sobre a origem


do universo e da Terra chegou-se a uma conclusão que ela passou
sucessivamente de estado gasoso, liquido antes de se ter consolidado. No
entanto a teoria de Big bang é uma das mais recentes e mais divulgada,
embora também tenha algumas lacunas no que concerne aos argumentos
científicos (Enciclopédia de ciência – o Universo, 2001).
1.4.3. Forma, densidade, e peso da Terra

O conhecimento mais antigo sobre a forma da


terra foi graças a observação da sombra da Terra sobre a Lua, nas ocasiões
de eclipse, os antigos gregos já sabiam da forma esférica do nosso planeta.
Nessa constatação da forma esférica, também aponta-se que Pitágoras em
528 a.C. introduziu o conceito de forma esférica para o planeta.

Este conhecimento, valeu até que, no século


XVII, Isaac Newton demonstrou que a Terra não é um corpo rígido e
estando animada de um movimento de rotação, ela não deveria possuir
uma forma esférica e sim, a de um elipsóide de revolução, sendo achatada
nos pólos (fig. 19).

Figura 19: Forma da Terra – Elipse.

O Elipse apresenta um diâmetro equatorial de


12.756.776 metros e com diâmetro polar de 12.713.824. Esta exactidão
deve-se aos dados fornecidos por 13 satélites artificiais.

Segundo o conceito introduzido pelo


matemático alemão CARL FRIEDRICH GAUSS (1777-1855), a forma do
planeta é GEÓIDE (fig.20). Na figura abaixo, a parte com maiores
deformações constitui o Geóide. Este por sua vez é considerado a forma
que mais se aproxima a figura original da Terra.

Figura 20: Geóide, considerada forma que mais se aproxima a Terra.

1.4.4. Densidade da Terra

A densidade das rochas que ocorrem com maior


frequência na crosta terrestre é de cerca de 2.76. No entanto a densidade
global da Terra é de cerca de 5.527. Esta discrepância resulta pelo facto do
interior da Terra possuir uma densidade maior, devido a diferença na sua
constituição.

Em outras palavras a densidade da terra vária deste a


crosta ate ao núcleo.

1.4.5. Peso da Terra

Qual é o peso da Terra?

De acordo com LEINZ,2003:12) A massa do globo


terrestre é calculada pelo princípio de Isaac Newton (1642-1727), que diz:
a matéria atrai a matéria na razão directa das massas e inversa do quadrado
da distância. Este enunciado foi demonstrado experimentalmente por Von
JOLLY, em 1878, na cidade de Munique, equilibrando massas de uma
tonelada à mesma altura e observando o desequilíbrio quando as massas
foram postas em níveis diferentes.
Outra experiencia, JOLLY equilibrou um vaso
esférico com 5kg de mercúrio em balança de alta precisão. A seguir, colocou
sob mercúrio de chumbo, uma grande esfera de 5,775kg, como mostra a
figura 21.

Figura 21: Balança de medição da Terra. Fonte: LEINZ,


(2003:12).

A atração mutua, exercida poe essas massas,


cuja distancia de seus centro se acha indicada, correspondem a 0,589mgf,
peso necessário para restabelecer o equilíbrio na balança. Esta atracão se
da proporcionalmente em todo o Universo, de acordo com a lei
gravitacional de Newton.

A massa da terra e de cerca de 6 sextiliões de toneladas.

1.4.6. Idade da Terra e escala geológica


A idade oficial da Terra aceite actualmente é de
4,5 bilhões de anos, esta idade é calculada a partir de meteoritos que
caíram no planeta, pois a superfície terrestre está em constante mudança,
hora crescendo, se modificando, e se destruindo. Sendo por este facto
difícil de precisar com exatidão a real idade terrestre, por isso usa-se os
meteoritos como fonte de dados, pois se estima que todo nosso sistema
solar fosse formado ao mesmo tempo, e sendo que os meteoritos são
corpos extraterrestres, não tem suas características importantes a este
estudo alteradas como ocorre em nosso planeta.
Usa-se para medir a idade terrestre o método
absoluto ou datação radioativa, método de grande precisão que se utiliza
dos princípios físicos da radioatividade para determinar a idade dos
minerais com precisão, e determinando a idade dos minerais chega-se a
idade terrestre. Esse método se baseia no decaimento dos elementos
radioativos encontrados nos minerais terrestres e extraterrestres, só sendo
possíveis após a descoberta da radioatividade pelo francês Henri Becquerel
no final do século XIX.

O método Urânio/Chumbo, ou seja, 235U 207Pb

fornece um limite máximo de 5,5 Ga rochas mais antigas (4,4 Ga), limite mínimo
idade mais
provável 4,6 Ga (meteoritos).

Figura 22: Curva representando o somatório do calor produzido pelo decaimento

radioactivo dos principais elementos radiactivos ao longo da


história da Terra (TEIXEIRA, et al, 2000).

Este método envolve a meia vida dos elementos


radioativos, que nada mais é do que o tempo que um elemento pai
(instável) leva para se transformar pela metade em elemento filho (estável)
através da liberação de radiação e de outros núcleos mais estáveis, e o fato
de que alguns minerais possuem em sua constituição alguns elementos
radioativos. Assim a idade terrestre foi determinada por átomos de urânio
que se decompuseram em átomos de chumbo, encontrados em minerais.
Quando um grão de mineral se forma, ali já
começa o seu decaimento, transformando seu núcleo instável em estável,
atualmente já é possível determinar a idade com total precisão a partir
deste principio. O mineral é transformado em pó e separadamente
misturado a uma outra solução a qual se leva a um aparelho chamado de
espectrômetro de massa, onde cada elemento será medido separadamente
(elemento pai e elemento filho), logo apos sendo feito os cálculos baseado
na meia vida do elemento, e se obtendo com precisão a idade do mineral.

1.4.7. Escala do tempo Geológico


O estudo da escala do tempo geológico nos
permite conhecer as transformações que decorreram na Terra desde o
periodo mais antigo até a fase actual. Desta forma iremos apresentar uma
quadro resumo referente a geocronologia.

Tabela 2: Escala do tempo Geológico

Eras Período Época Idade (anos) Principais acontecimentos


Holoceno 10.000 Aparecimento do Homem
Quaternário Pleistoceno 1.750.000 Glaciações mais recentes; domínio dos
mamíferos de grande porte; e evolução
do Homo-Sapiens
Plioceno 12.000.000 Avanço das geleiras e aparecimento de
mamíferos ruminantes
Cenozóico
Mioceno 23.000.000 Mudanças climáticas formação da calota
glaciar Antárctica
Terciário
Oligoceno 35.000.000 Aparecimento de gramíneas e de
grandes mamíferos (elefantes e cavalos)
Eoceno 55.000.000 Surgimento da maior parte das ordens
dos mamíferos
Paleoceno 70.000.000 Domínio dos mamíferos de médio e
pequeno porte
Cretácico 135.000.000 Primeiras plantas com flores; grupos
modernos de pássaros, mamíferos e
Mesozóico insectos
Jurássico 205.000.000 Primeiros pássaros;
dinossauros espalham-se pela
Terra
Triássico 250.000.000 Primeira aparição dos dinossauros
Paleozóico Permiano 295.000.000 Formação do supercontinente Pangea
Carbonífero 355.000.000 Formação de grandes florestas
Devoniano 410.000.000 Aparecimento dos primeiros peixes
Siluriano 435.000.000 Estabilização do clima; derretimento do
gelo glaciar; e aumento do nível médio
das águas marinhas
Ordoviciano 500.000.000 Surgimento dos invertebrados e plantas
Cambriano 540.000.000 Surgimento dos principais grupos de
animais
Proterozóic 2.500.000.0 Aparecimentos de seres
vivos rudimentares

Arqueozóic 3.600.000.0 Formação das rochas (ígneas e


metamórficas)

Início de formação da Terra, há 4.5 biliões de anos

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A Terra é um pequeno planeta que gira à volta duma estrela. Marque V ou F.

a) O Sol
b) A lua
c) Os asteróides
2. O conjunto formado por astros e pelas formas de energia é considerado:

a) Planetas
b) A via láctea
c) O sol
d) O universo
3. Sobre o sistema solar. Marque V ou F.
a) Os quatro planetas internos situam-se mais perto do Sol e são rochosos e
menores em tamanho.

b) Os quatro planetas externos são gigantes e possuem satélites


maioritariamente gasosos e com núcleos rochosos.

c) O planeta mais distante do Sol é o Juptier


d) Plutão é um pequeno corpo congelado de metano, água e rocha e localiza-
se mais perto da Terra.
e) Plutão é um pequeno corpo congelado de metano, água e rocha.
4. A forma que mais se aproxima a figura original da Terra é considerada: a)
Elíptica

b) Concêntrica
c) Geóide
d) Esférica
5. Sobre a idade da Terra marque V ou F.
a) A idade oficial da Terra aceite actualmente é de 4,5 bilhões de anos.
b) A idade da Terra é calculada a partir de meteoritos que caíram no planeta.

c) Os meteoritos são corpos extraterrestres, não tem suas características


importantes a este estudo alteradas como ocorre em nosso planeta.

6. Sobre a escala do tempo Geológico marque V ou F.


a) O estudo da escala do tempo geológico nos permite conhecer as
transformações que decorreram na Terra desde o periodo mais antigo até
a fase actual.

b) Holoceno e pleistoceno são épocas do período Quaternário.


c) Foi no período Terciário onde houve o aparecimento do Homem.
d) A primeira aparição dos dinossauros foi no período Triássico.
Respostas:

1. a) V
b) F
c) F

2. Opção correcta d)

3. a) V
b) V

c) F

d) V

e) V

4. Opção correcta c)
5. a) V
b) V
c) F
6. a) V
b) V
c) F
d) V

Unidade Temática 1.5. Exercícios deste tema

1. A parte superficial, camada mais fina, composta


de matéria rochosa menos densa compreende:

a) Crosta
b) Manto
c) Núcleo
d) Astenosfera
2. A ciência geológica que mede os intervalos de tempo do passado geológico,
as idades dos acontecimentos geológicos chama-se:

a) Geocronologia
b) Mineralogia
c) Paleontologia
d) Hidrogeologia
3. A ciência geológica que estuda as formas e processos do relevo terrestre
chama-se:

a) Pedologia
b) Fotogeologia
c) Geofísica
d) Sedimentologia
4. As teorias como: hipótese nebular, hipótese da colisão e teoria moderna
sustentam as ideias sobre a origem do:

d) Sistema solar
e) Planetóides
f) Crosta terrestre
g) Asteróides

5. Uma pequeníssima parte da nossa galáxia e consiste do Sol, de 8


Planetas e seus Satélites, Asteróides, Cometas e Meteoritos
corresponde:

a) Sistema Solar
b) Planetóides
c) Crosta terrestre
d) Asteróides
6. O princípio da sobreposição é base da:
a) Geocronologia actual
b) Todas ciências geológicas
c) Sistema solar
d) Estratigrafia
TEMA – II: Dinâmica Interna

UNIDADE Temática 2.1. Estrutura interna da


Terra;

UNIDADE Temática 2.2. Teorias da deriva dos


continentes;

UNIDADE Temática 2.3. Tectónica global;

UNIDADE Temática 2.4. Exercícios deste tema.

UNIDADE Temática 2.1. Estrutura interna da Terra

Introdução

Bem-vindo a segunda unidade temática da nossa


disciplina, na mesma irá aprender sobre a estrutura interna da terra, teoria
da deriva dos continentes, tectónica global e movimentos tectónicos.
Esperamos que no fim desta unidade temática, você seja capaz de:

Desenvolvimento

2.1. Estrutura interna da Terra

As principais ferramentas que se usam para o estudo das


partes mais

▪ Explicar a teoria da deriva dos continentes;


Objectivos
▪ Explicar a teoria de tectónica de placas;
Específicos
▪ Explicar os principais movimentos tectónicos;
▪ Conhecer a estrutura interna da Terra;

▪ Conhecer as principais formas de relevo.

Profundas da Terra são as análises da gravidade,


dos campos magnéticos e das ondas de choque geradas por terramotos,
que dão indicações da variação da densidade dos materiais com a
profundidade.
Os

Resultados deste estudo estão ilustrados na Fig.


7. Daqui se pode ver que a Terra não é constituída dum único material, mas
de várias camadas esféricas concêntricas. Há, assim, três camadas
composicionais (Fig. 23):

✔ Crosta: superficial, camada mais fina, composta de matéria rochosa menos densa
que a do manto;

✔ Manto: intermédio, matéria rochosa que envolve o núcleo; menos denso que o
núcleo, mas mais denso que a camada superficial;

Na figura ao lado podemos ver que depois de


uma camada existe uma descontinuidade. E a
descontinuidade corresponde a zona de
transição de uma camada para outra. Por
exemplo: a Litosfera é solida e a zona de
transição tem características intermedia entre
a camada liquida-Manto e solida, e chama-se
de astenosfera. Esta pelicula é plástica e dúctil
que serve de tapete rolante para as placas
tectónicas.

Importa ainda referir que da crosta ate ao núcleo a


temperatura aumenta drasticamente, a esse
aumento da temperatura com a profundidade
chama-se de gradiente geotérmico.
✔ Núcleo: no centro, massa esférica constituída principalmente de ferro, com
misturas de níquel, enxofre, silício e outros elementos.

Figura 10: Estrutura Interna da Terra (POPP, 1998).

2.1.1. Crosta
A

crosta é a camada superficial da Terra; o seu


volume é de cerca de 2% do total; separa-se do manto pela descontinuidade
de Mohorovicic (Moho) a 40 km de profundidade. Distinguem duas camadas:
crosta continental e crosta oceânica a zona de separação das duas crostas
(continental e oceânica) é a descontinuidade de Conrad, situada a 17 km de
profundidade

a) Crosta continental: ocupa cerca de 45% da superfície, inclui continentes e


parte imersa (plataforma e talude continental; a espessura média de é 35
km, valor que pode atingir 70 a 80 km sob as grandes cadeias montanhosas
(Himalaias), devido ao equilíbrio isostático a densidade é de 2,7 composta
essencialmente por Silício e alumínio (Siálica ou SIAL): baixa velocidade das
ondas sísmicas (P - 5,6 km/s; S - 3,3 km/s) litologicamente, é granítica.

b) Crosta oceânica: cobre cerca de 55% da superfície da Terra menos espessa,


com uma média de 5 a 7 km, e varia entre 3 a 15 km a densidade é de 3,3
composta por Silício e Magnésio (Simática ou SIMA) aumento relativo na
velocidade de propagação das ondas sísmicas (P 6 - 7km/s; S 3,7km/s)
composta por rochas basálticas mais jovem, com idade média de cerca de
100 MA. A composição e estrutura da crosta oceânica são hoje conhecidas
graças ao método geofísico, Dragagem e observação de ilhas vulcânicas.

2.1.2. Manto

O manto constitui toda a parte silicatada da


Terra; Estende desde a descontinuidade de Mohs até a descontinuidade de
Gutemberg, a 2900 km; o seu volume é de 82%. A densidade varia entre
3,3, no manto externo ou superior, a 5,5 no manto interno ou inferior;
Engloba a camada rígida, a base da litosfera, de espessura entre 60 a
100km; Inclui a Astenosfera, de densidade de 3,4 a 4, de 200km de
espessura, funciona como um tapete rolante, permitindo a deslocação da
litosfera

Entretanto, a Astenosfera por ser uma camada de baixa


viscosidade e plástica é importante, na dinâmica litosfera; no vulcanismo; na
expansão dos fundos oceânicos; na deriva dos continentes e na elevação das
montanhas.

2.1.3. Núcleo

O núcleo é também chamado centrosfera,


constitui a esfera central da Terra e estende-se desde a descontinuidade de
Gutemberg ao centro da Terra, cerca de 6371 km; seu volume é de 16%;
composto por Ferro (80%), Níquel (5%), Silício (7,5), Oxigênio (4%), Enxofre
(2,5%) e outros (1%); A densidade vaia entre 10 a 13,6, da periferia ao
centro; Subdivide-se em núcleo externo (liquido) e núcleo interno (sólido).
A zona de separação é a descontinuidade de Lehmann, a 5150 km

▪ Importância do núcleo: na génese e evolução das rochas, uma vez que o calor
libertado, 90% é transferido para o manto, até a base da litosfera pelas
correntes de convecção.

Muito bem, como podemos notar que as


correntes de convecção fazem – se sentir no manto devido ao processo de
transferência de calor do Núcleo para o Manto e o mesmo é elevado até a
litosfera que é fria onde volta a descer – este movimento de forma
ascendente do magma denomina-se correntes de convecção do manto (fig.
26).

Figura 11: Esquema ilustrativo das correntes (POPP, 1998).


:

Exemplo: as correntes de convecção podem ser


comparadas com o movimento da papa de farinha de milho quando
aquecido. Onde podemos considerar a fonte de calor- lume ou fogão como
sendo núcleo, este aquece a panela que contem a papa- magma, esta por
sua vez expande-se e movimenta-se para cima, quando começa a ferver e
depois encontra a tampa - litosfera que é fria, e volta para o centro ou
baixo. Criando um movimento ascendente, que algum momento pode criar
a mobilidade da tampa (Litosfera/placas tectónicas) de um lado para o
outro.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A crosta é a camada superficial da Terra. Distinguem duas camadas:


crosta continental e crosta oceânica a zona de separação das duas
crostas (continental e oceânica) é a descontinuidade de: a) Lehmann

b) Conrad
c) Gutemberg
d) Moho
2. Sobre as principais camadas da Terra e seu estado físico, marque V ou
F.

a) Núcleo: composto principalmente por ferro e normalmente separado em


núcleo interno (sólido) e externo (líquido).

b) Manto: composto principalmente de rochas sólidas compostas, em sua


maioria, de oxigênio com magnésio, ferro e silício.

c) Crosta da Terra: camada sólida composta principalmente por oxigênio,


silício, alumínio e ferro (juntos, esses 4 elementos, constituem de 88% da
crosta).
3. A descontinuidade de Mohorovicic (Moho) separa:
a) Núcleo do Manto
b) Manto interno do externo
c) Crosta do Manto
d) Crosta da Astenosfera
4. Sobre o manto terrestre, julgue as afirmações a seguir:
I. É a

mais extensa dentre as camadas da Terra;


II. Sua composição é homogênea, basicamente de rochas
ultrabásicas;

III. Sua constituição predominante é de Silicatos de ferro e de magnésio;

IV. A movimentação do magma é responsável por movimentar as placas


tectônicas.

Sobre as afirmações acima, conclui-se que: a)


Somente I e II estão corretas.

b) Somente III e IV estão corretas.


c) Somente I, II e IV estão corretas.
d) Somente II e III estão corretas.
e) Todas estão corretas.
5. Sobre a estrutura interna da Terra, pode-se afirmar que:
a) A crosta é uma camada única constituída de uma placa tectônica dividida em
duas seções.

b) A litosfera é a camada mais densa e se mantém em movimento devido às


correntes convectivas.

c) As camadas da Terra são separadas umas das outras por áreas denominadas
“descontinuidades”.

d) Ela é formada por camadas alternadas, de densidades semelhantes, que


diminuem da superfície para o centro.
e) O núcleo divide-se em duas partes: superior e inferior e seu material é o
magma.

6. Assinale a alternativa que indique corretamente o ordenamento


das camadas da Terra tomadas desde o seu interior até a sua
superfície.

a) Mesos
fera, litosfera, astenosfera, endosfera
b) Endosf
era, mesosfera, astenosfera, litosfera
c) Asteno
sfera, endosfera, mesosfera, litosfera
d) Litosfe
ra, astenosfera, mesosfera, litosfera

Respostas:

1. Alternativa correcta b)
2. a) V
b) V
c) V
3. Alternativa correcta c)
4. Alternativa correcta e)
5. a) F
b) F
c) V
d) F
e) F
6. Alternativa Correcta b)
UNIDADE Temática 2.2. Teoria da deriva dos continentes

Introdução e Desenvolvimento

A teoria da deriva dos continentes foi defendida


por Alfred Wegener no ano de 1912. Wegener admitia que os actuais
continentes tinham estado todos reunidos numa única massa (Pangea),
cercada por um único continente (Pantalassa) e que no decorrer de longo
processo iniciado no Mesozóico aquela se tinha fragmentado, migrando os
vários blocos continentais para as posições que actualmente ocupam.

A este supercontinente que Wegener


denominou Pangea, onde Pan significa todo, e Gea, Terra, considerou que
a fragmentação do Pangea teria iniciado há cerca de 220 milhões de anos,
durante o Triássico, quando a

Terra era habitada por Dinossauros, e teria


prosseguido até os dias actuais. O Pangea teria iniciado a sua fragmentação
dividindo-se em dois continentes, sendo o setentrional chamado de
Laurásia e a austral de Gondwana, conforme ilustra a figura 27.

Figura 12: Pangea e sua divisão em dois continentes, Laurásia a norte e Gondwana a sul,
pelo Mar de Tethys (Teixeira, 2000).
Apesar de não ter sido o primeiro nem o único de
seu tempo a considerar a existência demovimentos horizontais entre os
continentes, Wegener foi o primeiro a pesquisar seriamente a ideia da
deriva continental e a influenciar outros pesquisadores. Para isto, procurou
evidências que comprovassem sua teoria, além da coincidência entre as
linhas de costa actuais dos continentes. Wegener enumerou algumas
feições geomorfológicas, como a cadeia de montanhas da Serra do Cabo na
África do Sul, de direção leste-oeste, que seria a continuação da Sierra de
Ia Ventana, a qual ocorre com a mesma direção na Argentina, ou ainda um
planalto na Costa do Marfim, na África, que teria continuidade no Brasil.
Entretanto, as evidências mais impressionantes apresentadas pelo
pesquisador foram:
✔ Presença de fósseis de Glossopteris (tipo de gimnosperma
primitiva) em regiões da África e Brasil, cujas ocorrências se
correlacionavam perfeitamente, ao se juntarem os continentes.

✔ Evidências de glaciação, há aproximadamente 300Ma na região


Sudeste do Brasil, Sul da África, Índia, Oeste da
Austrália e Antártica. Estas evidências, que incluem a presença de estrias
indicativas das direções dos movimentos das antigas geleiras, sugeririam
que, naquela época, grandes porções da Terra, situadas no hemisfério sul,
estariam cobertas por camadas de gelo (Fig.28a), como as que ocorrem
hoje nas regiões polares e se, portanto, o planeta estaria submetido a um
clima glacial. Caso isto fosse verdade, como explicar a ausência de geleiras
no hemisfério norte, ou a presença de grandes florestas tropicais, que
teriam dado origem naquela época aos grandes depósitos de carvão? Este
aparente paradoxo climático poderia ser facilmente explicado, como
mostrado na Fig.28b,se os continentes estivessem juntos há 300Ma,pois
neste caso a distribuição das geleiras estaria restrita a uma calota polar no
Sul do planeta, aproximadamente como é hoje.
Apesar de todas as evidências apontadas por
Wegener, ele não conseguiu explicar o mecanismo responsável pelo
movimento das massas continentais e, por isso, ficou por muito tempo
desacreditado no meio científico. Mais de 50 anos depois das postulações
de Wegener, o avanço tecnológico permitiu o conhecimento de dados
sísmicos e do campo magnético da Terra e, com isso, surgiu a partir da
teoria da deriva continental de Wegener, a teoria da Tectônica de Placas.

Figura 13: a) Distribuição actual das evidências geológicas


de existência de geleiras há 300 Ma. As setas indicam a direção de movimento das geleiras.
b) Simulação de como seria a distribuição das geleiras com os continentes juntos,
mostrando que estariam restritas a uma calota polar no hemisfério Sul (TEIXEIRA, et al,
2000).

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A teoria da Tectônica de Placas explica como a dinâmica interna da


Terra é responsável pela estrutura da litosfera, sendo INCORRETO
afirmar:
a) A litosfera é a parte rígida que compõe a crosta terrestre; é segmentada
em placas que flutuam em várias direções sobre o manto.

b) O movimento das placas pode ser convergente ou divergente,


aproximando-as ou afastando-as, ou ainda deslizando-as uma em relação
à outra.

c) A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias


montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico,
erupções vulcânicas e terremotos.
d)

As

placas continentais e oceânicas possuem


semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas
compõem a crosta terrestre.

2. Sobre a Pangea e Pantalassa, marque V ou F.

a) A Pangea consistia no megacontinente que existiu a 200 milhões de anos.

b) Pantalassa era o nome do único oceano existente.


c) A Pangea começou a fragmentar a 300 milhões de anos.

3. Consiste em afirmar que a milhões de anos existia um


megacontinente chamado Pangea. Ele chegou a essa conclusão
através de estudos de Feições geomorfológicas (relevo) formas de
relevo que iniciavam na América e tinham continuidade na África.
Estas afirmações são da teoria de:

a) Alfred Wegener
b) James Hutton
c) Lehmann
d) Gutemberg
4. A fragmentação do Pangea teria iniciado há cerca de 220 milhões de
anos, durante o Triássico, quando a Terra era habitada por
Dinossauros, e teria prosseguido até os dias actuais. Esta
fragmentação dividiu o Pangea em dois continentes: a) Europa e
África

b) Laurásia e Gondwana
c) Gondwana e Austrália
d) Laurásia e Pantalassa
5. Wegener procurou evidências que comprovassem sua teoria, além
da coincidência entre as linhas de costa actuais dos continentes.

Fazem parte destas evidências:


a) Apenas evidências geomorfológicas.
b) Apenas glaciares por cobrir todo continente.
c) Apenas evidências paleontológicas.
d) Evidências geomorfológicas, glaciares e paleontológicas.
6. Wegener enumerou algumas feições. Entretanto, a afirmação que
pressupõe que “como a cadeia de montanhas da Serra do Cabo na
África do Sul, de direção leste-oeste, que seria a continuação da

Sierra de Ia Ventana, a qual ocorre com a mesma direção na


A c) Feiçõ
rgentina”
es
correspo
nde: a) geomorfológicas

Feições
Respostas:
geológica
s
1. Alternativa
b) Evidê incorrecta d)
ncias glaciares
2. a) V
b) V
c) F Introdução e
Desenvolvimento
3. Alternativa correcta a)
4. Alternativa correcta b)

5. Alternativa correcta d)

UNIDADE
6. Alternativa correcta c)
Temática 2.3. Tectónica global

A teoria da tectónica global procura dar


explicação a dinâmica da litosfera. Segundo esta teoria, a litosfera está não
constitui um bloco único. Está dividida em placas rígidas, com cerca de 300
km de espessura, flutuando na astenosfera. As placas movem-se,
chocando-se em algumas e afectando-se na zona do rift.
De

acordo com o modelo da tectónica de placas, a


parte superior do manto junto com a crosta formam uma camada rígida
chamada de litosfera. Esta camada encontra-se sobre uma outra camada
menos rígida chamada de astenosfera. A litosfera é quebrada em diversos
segmentos chamados de placas, que estão constantemente se
movimentando e mudando de forma e de tamanho.

As sete maiores placas que compõem a nossa


litosfera são: Africana, NorteAmericana, Sul-Americana, Antártica,
Eurasiática, Australiana e Pacífica, como é ilustrado na figura abaixo
incluindo algumas placas pequenas.

Figura 14: Distribuição das principais placas tectónica (TEXEIRA, et al, 2000).

Os limites das placas nada tem a ver com os


contornos dos continente. A placa africana, por exemplo, para além da
crosta continental estende-se até a placa oceânica. Das principais placas, a
única inteiramente oceânica é a pacífica.

Para além das placas principais existem


também secundárias que são aquelas que tem um dimensão menor e
ocupam superfícies limitadas na crosta. Estima-se a existência de cerca de
50 placas secundarias, sendo de destacar: Placa Arábica, Placa del Caribe,
Placa de Cocos, Placa Filipina, Placa India, Placa de Nazca, Placa Juan de
Fuca, Placa de Scotia, etc, algumas delas são ilustradas na figura anterior.

2.3.1. Dinâmica das placas tectónicas


O movimento das placas cria na zona de
contacto, ou seja nas suas margens zonas onde são locais de actividade
geológica e tectónica, de instabilidade sísmica e vulcânica que vai variar de
acordo com tipo de contacto estabelecido com outras placas.

De acordo com o tipo de movimento, os limites de


placas são classificados em três tipos:

I. LIMITE DIVERGENTE: as placas se afastam uma da outra devido ao


movimento divergente. Esta separação ocorre em média com a velocidade
de 5cm/ano. O “vazio” deixado por este afastamento é preenchido pelo
material que ascende do manto criando um novo substrato marinho. Esta
ascensão de magma vindo do manto gera cadeias de montanhas
submersas chamadas de Dorsais Oceânicas. A partir do eixo central destas
dorsais, nova crosta oceânica é continuamente formada. Essa crosta se
torna mais densa à medida que se resfria e se afasta da fonte que a criou,
devido a este movimento contínuo de separação a partir do centro da

dorsal.

Figura 15: Ilustração da zona divergente entre a América do


Norte e África formando a Dorsal mesoatlântica (PRESS, et al, 2006).
II. LIMITE CONVERGENTE: as placas se movem uma em direção a outra. Neste
caso, a placa mais densa mergulha sobre a menos densa e afunda em
direção ao manto sobre a crosta menos densa. Este “consumo” ou
“destruição” de crosta contrabalança a geração de novas crostas que
ocorre nos limites divergentes, mantendo a área superficial da Terra
constante. Com o choque entre as crostas ocorre o “encurtamento” das
massas rochosas, gerando grandes cadeias de montanhas e intensa
atividade vulcânica devido á fusão da rocha que mergulha em direção ao
manto.

Esta convergência pode se dá de três formas:

o Convergência entre crosta continental e crosta oceânica: nesta situação, a


placa oceânica, mais densa devido a sua composição basáltica (rica em ferro
e magnésio), afunda sob a crosta continental menos densa de composição
granítica (rica em alumínio). Este local onde a crosta afunda ou subducciona
sobre a outra é chamada de Zona de Subducção. A medida que a crosta
oceânica afunda, as altas temperaturas do manto fazem que as rochas se
fundam gerando magma. Este magma é extravasado em vulcões no
continente (fig.31b). Este mecanismo ocorre no limite oeste da América do
Sul, na região dos Andes. Neste local, a placa oceânica mergulha sob placa
continental sul-americana gerando uma zona de subducção e a formação
de cadeias de montanhas.

o Convergência entre duas crostas oceânicas: nesta situação, a placa


oceânica mais antiga e, portanto, mais resfriada e mais densa, mergulha
sob a placa menos densa. A atividade vulcânica ocorre de forma similar ao
caso de choque entre crosta oceânica e continental, contudo, os vulcões
gerados na placa oceânica menos densa formará ilhas vulcânicas ou arcos
de ilhas (fig.31a). Grande parte das ilhas do pacífico são geradas pelo
choque entre as duas crostas oceânicas.
o Convergência entre duas crostas continentais: no caso de convergência
entre duas crostas continentais, devido à baixa densidade destas crostas,
nenhuma das duas consegue entrar em subducção ou mergulhar sob a
outra. O resultado é a colisão entre dois blocos continentais gerando
encurtamento crustal e formando grandes cadeias de montanhas (fig.31c).
A colisão entre o supercontinente da Índia e Ásia produzindo o Himalaia é
o mais clássico exemplo de colisão entre duas costas continentais.

Figura 31: Processos colisionais envolvendo: a) crosta


oceânica com crosto oceânica; b)crosta continental com crosta oceânica e c) crosta
continental com crosta continental (os traços representam rupturas).

III. LIMITE CONSERVATIVO: neste limite, as placas passam uma ao lado da outra
sem gerar ou destruir litosfera. Estes limites são gerados por zonas
fraturadas na crosta, em geral com mais de 100km de comprimento, onde
os segmentos de crosta se movimentam em sentidos contrários, lado a
lado, gerando as Falhas Transformantes. Nestas regiões é muito intensa a
incidência de abalos sísmicos e terremotos.

Um exemplo deste tipo de limite é a Falha de


Santo André, na América do Norte. Ao longo desta falha, a Placa do Pacífico
se move na direção noroeste passando ao lado da Placa Norte Americana,
gerando intensa actividade tectônica na costa oeste dos Estados Unidos e
Canadá.

Figura 32: Uma vista da Falha de Santo André na Planície


de Carrizo, na Califórnia Central. Santo André é uma falha transformante, formando uma
parte do limite deslizante entre a Placa Pacífica, à esquerda, e a Placa Norte Americana, à
direita. Note como o movimento da falha deslocou os canais dos riachos que correm ao
longo da mesma (PRESS, et al, 2006).

Tabela 3: resumo dos processos que decorrem no limite das placas tectónicas

Tipos de Aspectos Tipo de limite


placa característico Divergente Convergente Transformante
s
Topografia Cordilheira Fossa oceânica Cordilheiras e vales
oceânica com criados pela crosta
grande rifte oceânica.
Sismo
Foco com Foco com profundidade Foco com
Oceânica x Vulcanismo entre 0 a 700 km profundidade de
profundidade
oceânica Exemplo menor de 100 km cerca de 00 km
Vulcões paralelos
Basáltico com lava as fossas. Vulcanismo raro
em almofada Fratura de Kane
Fossa das atalantas
Dorsal médio –
oceânica
Topografia Fossa oceânica

Sismo Foco com profundidade


Oceânica x entre 0 a 700 km
continent
Vulcanismo andesito -
al
Vulcanismo arco vulcânico com
formação de cadeias
montanhosas paralelas
as fossas
Andes – costa oeste da
América do sul.
Exemplo
Topografia Vale do rift Cadeias montanhosas Zonas de falhas
jovens superficiais

Foco com Foco com profundidade


entre 300 km cobrindo
Continent Sismo profundidade Foco com
uma larga região
al x menor de 100 km profundidade entre
continent Sem vulcanismo. Intenso 100 km cobrindo uma
al metamorfismo larga região
Basáltico e riolítico Himalaias e Alpes
Sem vulcanismo
Vulcanismo
Vale do rift da
Falha de santo André
Africa oriental

Exemplo
2.3.2. Movimentos tectónicos

Com certeza já ouviste falar dos movimentos


tectónicos. Então oque entende por movimentos tectónicos? Em termos
conceptuais, movimentos tectónicos – constituem movimentos lentos e
prolongados da crosta terrestre. Isto quer dizer que os movimentos
tectónicos são imperceptíveis. Lembra que a crosta movimenta-se cerca de
5 cm por ano.

2.3.2.1. Tipos de Movimentos tectónicos

2.3.2.1.1. Movimentos epirogénicos: actuam como


forças verticais num determinado bloco rochoso, cria-se uma zona de fraqueza e o
bloca fractura-se como ilustra a figura a abaixo. Com o aumento da intensidade
das forças verticais e opostas que actuam sobre a rocha, a zona de fractura
rompe-se e os blocos movimentam-se para cima ou para baixo conforme a
direcção da força. Neste caso diz-se que há falha.

Se a fractura for inclinada, os blocos deslocam


sobre um plano inclinado. Assim a falha apresenta os seguintes elementos:
plano de falha, superfície na qual deslocam-se os blocos rochosos; muro, o
bloco situado abaixo do plano de falha e tecto, aquele que se encontra
sobre o plano de falha

(fig.33).
Figura 33: Elementos geométricos de uma falha.

2.3.2.1.2. Classificação das falhas tectónicas

As falhas tectónicas classificam – se em:

Falha inversa quando é o tecto que se desloca para cima e o muro para
baixo;

Falha normal quando o tecto movimenta-se para baixo em relação ao


muro;

Falhas de desligamento - que se formam em ambientes de tensões


tangenciais.

Figura 34: As rochas são deformadas por dobramento ou por falhamento


quando submetidos a diferentes tipos de forcas tectónicas (PRESS, et al, 2006).

2.3.2.1.2. Movimentos orogénicos


O nome orogénese vem do grego (oros =
Montanha + génese = nascer). A formação de montanhas mostra a
existência de forças horizontais que dobram, deformando grandes secções
da crusta terrestre.

Figura 35: Representação esquemática dos movimentos


orogénicos.

As cadeias dos Himalaias na Ásia, a cordilheira


dos Andes na costa Ocidental da América do Sul são exemplos de relevos
resultantes da acção dos movimentos orogénicos.

Muito bem, na explicação acima foi patente


que o relevo terrestre resulta numa primeira fase da acção da dinâmica
interna (Movimentos tectónicos), por isso é tido como sendo construtor,
enquanto a dinâmica externa é responsável pela modelação por isso
denomina-se destruidora.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A teoria da tectónica global procura dar


explicação a dinâmica da:

a) Manto

b) Litosfera
c) Endosfera

d) Mesosfera

2. As sete maiores placas que compõem a nossa litosfera são:

a) Africana, Norte-Americana, Sul-Americana, Antártica,


Eurasiática, Australiana e Pacífica.

b) Norte-Americana, Sul-Americana, Antártica, Eurasiática, Australiana,


Nazca e Pacífica.

c) Norte-Americana, Sul-Americana, Antártica, Eurasiática,


Australiana, Filipina e Pacífica.

3. As placas convergentes são aquelas em que:

a) Estão em movimento de aproximação.

b) Estão em movimento de separação.

c) Estão estacionados.

4. As placas divergentes são aquelas em que:

a) Estão em movimento de aproximação.

b) Estão em movimento de separação.

c) Estão estacionados.

5. Os movimentos endógenos são aqueles em que ocorrem:

a) No interior da Terra.
b) No exterior da Terra.
c) Próximo da Terra.
d) Distante da Terra.
6. Movimentos exógenos são aqueles em que ocorrem:
a) No interior da Terra.
b) No exterior da Terra.
c) Próximo da Terra.
d) Distante da Terra.
7. Terremotos são gerados pelos movimentos naturais das placas
tectônicas da Terra, que causam ajustes na crosta terrestre,
afetando a organização das sociedades. Em relação aos sismos
naturais, é correto afirmar que eles são causados por:

a) Forças endógenas incontroláveis.


b) Energias exógenas excepcionais.
c) Forças antrópicas descontroladas.
d) Energias antrópicas excepcionais.
8. Podemos considerar agentes internos e externos do Globo
Terrestre respectivamente:

a) Tectonismo e Meteorização.
b) Vento e vulcanismo.
c) Águas correntes e intemperismo.
d) Vento e águas correntes.
9. O processo que gerou a atual configuração dos continentes na
superfície do planeta Terra resultou da fragmentação e do
afastamento das terras emersas que, no princípio, constituíam
um único bloco chamado Pangeia. Duas teorias tentam explicar
esse processo. São elas:

A. A das placas tectônicas e a da


descontinuidade de Mohorovicic. B. A da deriva continental e a da
descontinuidade de Gutemberg.

C. A das placas tangenciais e a das placas continentais.


D. A das placas tectônicas e a da deriva continental.
Respostas:

1. Alternativa correcta b)

2. Alternativa correcta a)

3. Alterntaiva correcta a)

4. Alternativa correcta b)

5. Alternativa correcta a)
6. Alternativa correcta b)
7. Alternativa correcta a)
8. Alternativa correcta a)
9. Alternativa correcta D.

UNIDADE Temática 2.4. Exercícios deste tema

1. Os movimentos tectónicos constituem movimentos lentos e


prolongados da crosta terrestre. Entretanto, os movimentos que
actuam como forças verticais num determinado bloco rochoso são
considerados por:

a) Movimentos epirogénicos.
b) Movimentos orogénicos ou horizontais.
c) Movimentos horizontais.
d) Movimentos verticais ou horizontais.
2. Quando numa rocha, a zona de fractura rompe-se e os blocos
movimentam-se para cima ou para baixo conforme a direcção da
força. Neste caso diz-se que estamos perante:

a) Uma falha
b) Uma dobra
c) Uma estria
d) Uma dobra e falha ao mesmo tempo
3. Numa falha ocorre o movimento dos blocos. Quando é o tecto que se
desloca para cima e o muro para baixo, estamos perante:

a) Falha inversa
b) Falha reversa e normal
c) Falha normal
4. Quando o tecto movimenta-se para baixo em relação ao muro,
estamos perante: a) Falha normal

b) Falha inversa
c) Falha de desligamento
5. As falhas que se formam em ambientes de tensões tangenciais
chamam-se:

a) Falhas de desligamento
b) Falha normal
c) Falha inversa
6. Os movimentos orogénicos geram:
a) Dobras
b) Falhas
c) Estrias
7. A teoria da Tectônica de Placas explica como a dinâmica interna da
Terra é responsável pela estrutura da litosfera, sendo INCORRETO
afirmar:
A. A litosfera é a parte rígida que compõe a crosta
terrestre; é segmentada em placas que flutuam em várias direções sobre o
manto.
B.

movimento das placas pode ser convergente


ou divergente, aproximando-as ou afastando-as, ou ainda deslizando-
as uma em relação à outra.

C. A tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias


montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico,
erupções vulcânicas e terremotos.

D. As placas continentais e oceânicas possuem semelhante composição


mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta
terrestre.

8. Com relação à constituição interna da Terra, suas camadas e


características gerais, é correto dizer-se que:

A. a tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias


montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico,
erupções vulcânicas e terremotos.

B. o núcleo interno, constituído, principalmente, de ferro e níquel,


encontra-se em estado líquido devido às altas temperaturas ali
reinantes.

C. o núcleo externo encontra-se em estado sólido e apresenta uma


constituição rochosa. Nele, são geradas correntes elétricas que
imantam o núcleo interno e criam o campo magnético da Terra.

D. as placas continentais e as oceânicas possuem semelhante composição


mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta
terrestre.
9. A teoria da “tectônica de placas”, hoje mais do que comprovada
empiricamente, explica fenômenos como vulcões, terremotos e
tsunamis. Segundo essa teoria, as placas tectônicas:

A. atritam entre si nas extremidades da Terra, derretendo as calotas polares.

B. movem-se porque flutuam debaixo dos solos dos oceanos, causando abalos
no continente.
C.

deslizam sobre o magma do interior da Terra e


chocam-se em alguns pontos da crosta.

D. movimentam-se em conjunto, desenvolvendo


abalos sísmicos coordenados e previsíveis.

10. Como desenvolvimento da Teoria da Tectônica de Placas, fenômenos


como a formação das cadeias montanhosas e das fossas submarinas
foram melhor compreendidos. Com isso, sabe-se que a Cordilheira dos
Andes se encontra em uma região da crosta terrestre que: a)
Apresenta uma área de colisão de placas tectônicas.

b) Forma margem continental do tipo passiva.


c) Se situa em uma área de expansão do assoalho oceânico.
d) Coincide com limites divergentes de placas.

TEMA – III: Minerais

UNIDADE Temática 3.1. Conceito de mineral; cristais e


seus elementos, sistemas cristalinos;
UNIDADE Temática 3.2. Propriedades físicas, químicas
e eléctricas dos minerais;

UNIDADE Temática 3.3. Descrição dos minerais mais


comuns, reconhecimento dos minerais;

UNIDADE Temática 3.4. Exercícios deste tema.

UNIDADE Temática 3.1. Conceito


de mineral; cristais e seus elementos, sistemas cristalinos.

Introdução
Bem-vindo a terceira unidade temática da nossa
disciplina. Esta unidade tem por objectivo fornecer conhecimentos sobre
métodos de identificação e classificação de minerais. Para isso, irá aprender
sobre a definição de mineral; cristais e sistemas cristalinos; propriedades
físicas, químicas e eléctricas dos minerais; descrição dos minerais mais
comuns, reconhecimento dos minerais. Esperamos que no fim desta
unidade temática, você seja capaz de:

▪ Compreender a origem, a formação e as propriedades físicas e


químicas
dos minerais;

Objectivos ▪ Classificar os minerais, bem como sua distribuição no planeta e sua


Específicos identificação macroscópica.

Desenvolvimento

3.1.1. Definição de mineral


Mineralogia é o estudo das substâncias cristalinas que
ocorrem naturalmente – os minerais.

Todos temos algum contacto com os minerais, já que


eles se encontram à nossa volta nas rochas, nas areias das praias, rios, lagos, etc.

As gemas são exemplares excepcionalmente belos de


minerais.

O conhecimento do que são os minerais, de


como se formaram e onde ocorrem é a base para a compreensão dos
materiais largamente aplicados na nossa cultura tecnológica, já que
praticamente todos os produtos inorgânicos comercializados são minerais
ou de origem mineral.

No entanto, se bem que seja difícil formular uma


definição sucinta do termo mineral, geralmente a definição que se segue é
geralmente aceite:
De

acordo com KLEIN e DUTROW (2012) “Um


mineral é um sólido homogéneo1, natural2. Com uma composição química
definida3 (mas não, necessariamente, fixa) e um arranjo atómico
altamente ordenado4. É, normalmente, formado por processos
inorgânicos5”.

1. É um sólido homogéneo, isto é, é constituído por uma única substância


sólida que não pode ser fisicamente dividida em compostos químicos mais
simples. Excluem-se os gases e os líquidos.

2. Laboratórios industriais e de pesquisa produzem equivalentes sintéticos de


muitos materiais que ocorrem naturalmente, incluindo pedras preciosas.
3. Tem uma composição química definida logo pode ser expressa por uma
fórmula química específica.

4. Um arranjo atómico altamente ordenado indica uma estrutura interna de


átomos ou iões definindo um padrão geométrico regular.

5. De acordo com a definição tradicional, um mineral é formado por processos


inorgânicos. Se acrescentarmos a palavra normalmente, podemos incluir
no domínio da mineralogia os compostos produzidos organicamente que
cumprem todos os outros requisitos exigidos.

3.1.2. Cristais

Quando as condições são favoráveis, os minerais


podem ser limitados por superfícies planas e suaves e assumirem formas
geométricas regulares conhecidas como cristais (fig.36). Assim, no sentido
tradicional o termo cristal designa um sólido geométrico regular limitado
por superfícies planas e suaves que são a expressão externa do arranjo
interno regular dos iões ou átomos constituintes; nesta definição está
implícito o sentido de perfeição no desenvolvimento.
Hoje em dia a maioria dos cientistas usa o termos
cristal para descrever qualquer sólido com um arranjo interno ordenado,
independentemente de possuir ou não faces externas, uma vez que essas
faces são um acidente do crescimento.

Assim, uma definição mais lata de cristal será um


sólido homogéneo possuindo uma ordem interna tridimensional.
Entretanto, o estudo dos sólidos cristalinos e os princípios que controlam o
seu crescimento, a sua forma externa e a sua estrutura interna chama-se
Cristalografia.
Figura 36: Algumas formas cristalinas.

3.1.3. Sistemas cristalinos

Quando se observam cristais de várias


substâncias, verifica-se que eles têm formas muito variadas. Uns são
cúbicos, como a pirite, outros octaédricos, como a fluorite (fig. 36), outros
prismáticos, como o berilo, o quartzo (fig. 36) e a turmalina, outros
romboédricos, como a calcite, outros piramidais, como o quartzo também
(Fig. 36), etc. Quando se fala em formas prismáticas e piramidais, há a
considerar prismas e pirâmides de base triangular, quadrangular,
rectangular e hexagonal. Cada uma destas formas geométricas tem os seus
elementos de simetria próprios: planos, eixos e centro de simetria.

Para KLEIN e DUTROW (2012) “o sistema cristalino


é um esquema segundo o qual as estruturas cristalinas são classificadas de
acordo com a geometria da

célula unitária”. Essa geometria é especificada em


termos das relações entre comprimento de arestas e ângulos interaxiais.

De acordo com TEIXEIRA, et al (2000) existem


somente sete combinações diferentes dos parâmetros de rede. Cada uma
dessas combinações constitui um sistema cristalino, como ilustra a tabela
abaixo.
Tabela 2: sistemas cristalinos, constantes cristalográficas
e simetria principal de alguns minerais.

Tabela 4: Classificação Cristalografica dos sistemas

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. O estudo das substâncias cristalinas que ocorrem naturalmente – os


minerais.

a) Pedologia
b) Mineralogia
c) Estratigrafia
d) Cristalografia
2. Os termos: sólido homogéneo; natural; composição química definida;
arranjo atómico altamente ordenado e formado por processos
inorgânicos” definem:
a) Rocha
b) Mineral
c) Cristal
d) Magma
3. Quando as condições são favoráveis, os minerais podem ser limitados
por superfícies planas e suaves e assumirem formas geométricas
regulares conhecidas como: a) Rochas

b) Minerais
c) Cristais
d) Magmas
4. O sistema cristalino que apresenta 4 eixos ternários da simetria
principal, que ocorrem em minerais como diamante, granada e
espinélio, denomina-se: a) Tetragonal

b) Simétrico
c) Cúbico
d) Trigonal
5. O sistema cristalino que apresenta 1 eixos quaternário da simetria
principal, que ocorrem em minerais como zircão, cassiterita e rutilo,
denomina-se: a) Simétrico

b) Tetragonal
c) Cúbico
d) Trigonal
6. O sistema cristalino que apresenta 1 eixo ternário (eixo C) da simetria
principal, que ocorrem em minerais como quartzo, turmalina e
corindo, denomina-se: a) Trigonal

b) Simétrico
c) Cúbico
d) Ortorrômbico

Respostas:

1. Alínea correcta b)
2. Alínea correcta b)
3. Alínea correcta c)
4. Alínea correcta c)
5. Alínea correcta b)
6. Alínea correcta a)

UNIDADE Temática 3.2. Propriedades


físicas, químicas e eléctricas dos minerais.

Introdução e Desenvolvimento

Na ausência de luz, propriedades como cor,


brilho, traço e diafaneidade são algumas das importantes propriedades
ópticas e que auxiliam na definição de um mineral, não poderiam ser
observadas. No entanto, poderiam ser utilizadas para este fim
propriedades que dependem de outros factores sensores que não a visão.

3.2.1. Propriedades físicas dos minerais

O arranjo atómico ordenado e a composição


química definida, conferem a um mineral a sua homogeneidade, ou seja,
física e quimicamente ele se constitui em uma única fase, possuindo um
conjunto diagnóstico de propriedades. Assim, a forma, a clivagem e a
absorção seletiva da luz, entre outras, são propriedades físicas dos minerais
e refletem a sua estrutura interna regular, enquanto a dissolução em ácidos
reflete a composição química dos minerais.
Neste ponto vamos examinar as seguintes
propriedades: hábito e agregados, densidade, dureza, forma, clivagem e
fratura, traço, cor e brilho.

3.2.1.1. Hábito e Agregados de Minerais

O hábito dum cristal ou a maneira como os


cristais crescem juntos para originar agregados é de ajuda considerável à
identificação dos minerais. Como o hábito depende, entre outras coisas, do
ambiente em que o mineral se forma, este pode ter vários hábitos. Os
termos usados para exprimir o hábito ou os agregados são os seguintes (fig.
37).
a) Acicular: os cristais f) Prismático: os
têm forma de agulhas; cristais têm uma direcção

p
b) Capilar ou
referencial;
filiforme: os cristais têm
aspecto de cabelo ou de
g) Fibroso: os cristais
fios;
aparecem em fibras;

c) Tabular: cristais
h) Globular ou
alongados e achatados; d) botrióide: os cristais
Equigranular: os cristais crescem em forma de
não têm uma dimensão glóbulos semelhantes a

preferencial; e) e
Dendrítico: os cristais sférulas ou hemisferas;

crescem duma forma


i) Drúsico:
arborescente;
superfície coberta
por uma camada de
cristais individuais;

j) Geódico:
cavidade rochosa
coberta por

c
ristais individuais;
k) Concêntrico: umas sobre as outras à
camadas mais ou menos volta dum centro comum;
esféricas sobrepostas l) Piramidal: os
cristais aparecem sob a
forma de pirâmide.

Figura 37: Diversos hábitos de cristais e agregados.

3.2.1.2. Densidade

A densidade (d) dos minerais é a relação


entre o seu peso e o peso de um mesmo volume de água destilada
a 4ºC. É função de sua composição química.

3.2.1.3. Dureza

A dureza (D) dos minerais é uma


propriedade física muito útil na sua identificação. Exprime a
resistência que a superfície lisa do mineral oferece ao risco feito
com uma ponta aguda. O sulco poderá ser profundo e bem nítido se
o mineral tiver baixa dureza.
Caso a dureza seja pouco inferior a da
ponta aguda, o sulco será fino e pouco profundo. Se for superior, não
haverá sulco.

A escala de Mohs é uma escala numérica


arbitrária para a comparação da dureza relativa entre os minerais,
com base em dez que servem de referência.

Tabela 5: Escala de Mohs e padrões secundários

A lâmina de aço de um canivete e o vidro


riscam minerais com dureza até 5, inclusive minerais de D = 6 e 7
riscam e os de D = 8 a 10 cortam o vidro. A unha risca minerais de
dureza até 2.

3.2.1.4. Forma

A forma dos minerais é a sua configuração


externa, sendo função de sua estrutura cristalina.
3.2.1.5 Clivagem e Fratura

A clivagem é a propriedade quer alguns


minerais apresentam de se partir segundo superfícies planas e paralelas,
relacionadas à sua estrutura cristalina. Pode ocorrer segundo uma ou
varias direções e ter qualidade variável. Denomina-se fratura à maneira
irregular de um mineral se quebrar. Alguns minerais têm fraturas muito
características, como é o caso da fratura conchoidal do quartzo.

3.2.1.6. Traço

O traço é a cor do mineral reduzido a pó. É muito


característico em algumas espécies minerais, especialmente entre os óxidos.

Existem cerca de 4.500 espécies minerais


conhecidas, sendo que apenas algumas dezenas contribuem
efectivamente na formação das rochas. Esses minerais são
conhecidos como minerais petrográficos (formadores de rochas).
No quadro abaixo, estão descritas as propriedades mais utilizadas
na identificação macroscópicas de alguns desses minerais. O
objectivo é possibilitar a sua identificação nas rochas.

Quadro 1 – Propriedades mais utilizadas na


identificação de alguns minerais petrográficos
3.2.1.7. Cor
Basicamente a cor dos minerais resulta da
absorção selectiva de certos comprimentos de onda da luz branca
pelos átomos da sua estrutura. A luz transmitida ou reflectida
representa a parte que não é absorvida pela estrutura.

3.2.1.8. Brilho

O brilho é a maneira como um mineral


reflecte a luz. É uma propriedade “superficial” do mineral, por isso
deve ser determinada numa superfície fresca, não oxidada. O brilho
é independente da cor.

3.2.2. Propriedades eléctricas dos minerais

Muitos minerais são maus condutores de


eletricidade. Exceções a esta regra se devem à presença deligações
atômicas totalmente metálicas, como é o caso dos metais nativos
ouro, prata, e cobre, todos excelentes condutores. Nas estruturas
em que as ligações atômicas são apenas parcialmente metálicas, por
exemplo, sulfetos, os minerais são semicondutores. No caso dos
minerais considerados não-condutores, as ligações iônicas e
covalentes predominam.

Piezoeletricidade e piroeletricidade são


propriedades elétricas especiais. Diz-se que um cristal possui
piezeletricidade quando se desenvolve uma carga elétrica na sua
superfície, ao exercer-se pressão nas extremidades de um de seus
eixos. Somente podem mostrar esta propriedade os minerais que se
cristalizam em classes de simetria a que falta um centro da mesma,
tendo assim, eixos polares. O quartzo provavelmente é o mineral
piezelétrico mais importante, pois uma pressão extremamente leve,
paralelamente a um eixo, pode ser revelada pela carga elétrica
produzida. Por causa disso, emprega-se o quartzo amplamente em
placas cuidadosamente orientadas para controlar a frequência do
rádio. Tem-se também utilizado a turmalina, em menor escala, na
construção de aferidores de pressão.

Chama-se pireletricidade o
desenvolvimento simultâneo de cargas elétricas positiva e negativa
nas extremidades opostas de um eixo do cristal, sob condições
adequadas de alteração da temperatura. Somente apresentam esta
propriedade os cristais que possuem um único eixo polar.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A propriedade que alguns minerais apresentam de se partir


segundo superfícies planas e paralelas, relacionadas à sua
estrutura cristalina (normalmente planos de fraqueza na
estrutura) designa-se por: a) Clivagem

b) Fratura
c) Hábito
d) Superfície de crescimento
2. À maneira irregular de um mineral se quebrar. Alguns minerais
têm fraturas muito características, como é o caso da fratura
conchoidal do quartzo, estamos perante:

a) Hábito
b) Superfície de crescimento
c) Clivagem
d) Fratura
3. A forma pela qual a luz é transmitida ou refletida na superfície de
um mineral é:
a) Brilho
b) Hábito
c) Clivagem
d) Fratura
4. O hábito é a maneira como os cristais crescem juntos para originar
agregados. Qual é o hábito do Ouro?

a) Acicular
b) Dentrítico
c) Fibroso
d) Prismático
5. A escala de Mohs é uma escala numérica arbitrária para a
comparação da dureza relativa entre os minerais, com base em dez
que servem de referência. Qual é o nome do mineral com dureza
10?

a) Ouro
b) Safira
c) Diamante
d) Corindo

6. A unha risca minerais de dureza até:

a) 4

b) 8

c) 2

d) 10

Respostas:

1. Alínea correcta a)
2. Alínea correcta d)
3. Alínea correcta a)
4. Alínea correcta b)
5. Alínea correcta c)
6. Alínea correcta c)
UNIDADE Temática 3.3.
Descrição dos minerais mais comuns, reconhecimento
dos minerais.

Introdução e Desenvolvimento

A composição química tem sido a base da


classificação dos minerais desde o século XIX. De acordo com este
esquema, os minerais são divididos em classes dependendo do
anião ou grupo aniónico dominante (óxidos, halogenetos,
sulfuretos, silicatos, etc.)

Contudo, a composição química não é suficiente para


caracterizar um mineral. É importante considerar a sua estrutura interna, porque são
estas duas características que determinam as propriedades físicas dos minerais. No caso
dos silicatos, estes foram subdivididos em função da sua estrutura interna.
A c) Sulfossais
d) Óxidos e Hidróxidos
s classes de minerais
são:
e) Halogenetos

a) Elementos nativos
f) Carbonatos

b) Sulfuretos

g) Nitratos j) Sulfatos

h) Boratos k) Tungstatos
i) Fosfatos l) Silicatos
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Seguidamente iremos estudar estes grupos de minerais, com


especial ênfase para aqueles que ocorrem com maior frequência
na crosta terrestre.

3.3.1. Elementos nativos

À excepção dos gases livres da atmosfera, só cerca de 20


elementos são encontrados no estado nativo. Estes elementos
nativos podem ser divididos em: Metais, Semi-metais e Não-
metais. Os metais nativos mais comuns pertencem a três grupos:
o grupo do Ouro (Au, Ag, Cu e Pb); o grupo da Platina (Pt, Pd, Ir,
Os); e o grupo do Ferro (Fe, Fe-Ni), todos os grupos cristalizando
no sistema cúbico. Os semi-metais mais comuns são o Ar, Sb, Bi,
Se e Te. Os não-metais nativos são o S e C (este nas formas de
grafite e diamante).

3.3.1.1. Ouro

a) Sistema Cristalino: sistema cúbico.

b) Composição química: Au; normalmente ocorrem outros metais


misturados com o ouro, como Ag, Cu e Fe, entre outros.

c) Propriedades físicas:

✔ Hábito: normalmente maciço; aparece na forma granular,


dendrítica e raramente cristalizado (Fig.38a). Frequente na
forma de pepitas (Fig. 38b);

✔ Clivagem e Fractura: não tem clivagem; a fractura é em tipo


esquírola;

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✔ Dureza: baixa a muito baixa – 2.5-3;


✔ Densidade: Muito denso – 19.3;
✔ Cor: amarelo-ouro, quando puro; quando misturado com
prata, torna-se mais claro;

✔ Risca: amarelo-ouro metálico;


✔ Brilho: metálico;
d) Utilização: a maior utilização é na joalharia; metal que garante as
reservas financeiras dum país. Muito utilizado na numismática, para
medalhas e moedas comemorativas. Nos tempos modernos, o ouro
é cada vez mais utilizado em instrumentos científicos e em aplicações
dentárias.

e) Ocorrência: em Moçambique, o ouro ocorre nas Províncias de


Manica, Tete e Niassa. A nível internacional, os principais jazigos de
ouro estão na África do Sul, Rússia, China, Canadá, EUA e Brasil.

f) Origem do nome: do Latim Aurum = ouro.

Figura 38: Cristal (a) e pepita (b) de Ouro.

3.3.1.2. Diamante

a) Sistema Cristalino: sistema cúbico.

51
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b) Composição química: C puro.

c) Propriedades físicas:

Hábito: cristais isolados, normalmente octaédricos (Fig. 39) e


dodecaédricos, além doutras formas;

Clivagem e Fractura: clivagem octaédrica perfeita; fractura


conchoidal;
Dureza: muito alta – é o último termo da Escala de Mohs -
10; é a substância mais dura que se conhece;

Densidade: pequena – 3.05;


Cor: incolor ou variada, desde amarelada, a rosa, azulada e
acinzentada; há ainda a variedade negra;

Risca: branca;
Brilho: adamantino;
d)Utilização: as variedades transparentes são usadas em
joalharia; as variedades negras e cinzentas são utilizadas como
diamantes industriais como abrasivos e instrumentos de corte.

e) Ocorrência: em Moçambique, o diamante é muitíssimo raro,


tendo sido encontrados alguns nos aluviões do Rio dos
Elefantes (Gaza) e no Niassa. A nível internacional, os principais
jazigos de diamantes estão na RSA, nos EUA, na Namíbia,
Botswana, Angola, Gana, Serra Leoa, RD Congo, China,
Venezuela, Brasil.

f) Origem do nome: do Grego adams = invencível.

52
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Figura 39: Diamantes octaédricos.

3.3.1.3. Grafite

a) Sistema Cristalino: sistema hexagonal.

b) Composição química: Carbono puro – C.

c) Propriedades físicas:
▪ Hábito: cristais tabulares, vulgarmente em massas foliadas,
radiais, terrosas;

▪ Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita; não tem fractura;


▪ Dureza: muito baixa – 1-2;
▪ Densidade: pequena – 2.09-2.23;
▪ Cor: negra a cinzenta escura;
▪ Risca: negro brilhante;
▪ Brilho: metálico a baço;
Outras propriedades: untuoso ao tacto, condutor de calor e
electricidade, termoeléctrico; escreve no papel.

d) Utilização: usada na indústria eléctrica, para fabrico de escovas


colectoras e eléctrodos, na indústria química (lubrificantes, tintas),
lápis, moderador de reacções atómicas.

53
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e) Ocorrência: em Moçambique, a grafite ocorre em Montepuez,


Monapo, Angónia e Lúrio. Os principais jazigos de grafite estão no
Canadá, Madagáscar, Áustria, Finlândia, Rússia e México.

f) Origem do nome: do Grego graphein = escrever.

Figura 40: Grafite.

3.3.2. Sulfuretos:

Os sulfuretos resultam da combinação de elementos metálicos com o


enxofre.
Ex.: galena (PbS), pirita (FeS2).

3.3.3. Óxidos

Os óxidos são minerais que contém um ou mais elementos


metálicos em combinação com o oxigénio.

3.3.4. Hidróxidos

Os hidróxidos são aqueles óxidos que contém água ou hidroxila (OH-).

Ex.: Hematita (Fe2O3), pirolusita (MnO2), magnetita (Fe3O4), cassiterita


(SnO2), goethita [FeO(OH)], gibbsita [Al(OH)3].
54
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3.3.5. Carbonatos

Os carbonatos são minerais cujas fórmulas incluem o radical


carbonato, CO32-.

Ex.: apatita [Ca(PO4)4(OH, F, Cl)].

3.3.6. Silicatos

Silicatos: esta classe contém cerca de 95% dos minerais


petrográficos. São minerais cuja composição química inclui
obrigatoriamente Si e O, em combinação com outros elementos.

A estrutura de todos os silicatos consiste de uma unidade


fundamental constituída de 4 átomos de oxigénio coordenados
por um de silício resultando numa configuração tetraédrica.
Nesta configuração cada átomo de oxigénio pode ligar-se ao
outro silício, tomando parte em outro tetraedro
simultaneamente, caracterizando o compartilhamento de
oxigénios entre tetraedros adjacentes. Podem ser
compartilhados 1,2,3 ou 4 oxigénios do mesmo tetraedro,
originando uma ampla diversidade de configurações estruturais,
levando a subdivisão dos silicatos em 6 grupos.

Quadro 2 – Classificação dos silicatos de acordo com o grau de


compartilhamento de oxigénios entre os tetraedros.

55
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Entre os minerais que constituem as rochas na crosta


terrestre, os silicatos são predominantes. Os seguintes
silicatos são os principais constituintes das rochas ígneas:

a) Ardósia, filito, xisto, gnaisse e migmatito;


b) Basalto, granito, granodiorito, riolito e gabro;
c) Calcita, dolomita, halita e gipsita;
d) Quartzo, feldspato, piroxênio, anfibólio, micas e olivinas;
e) Lamito, arenito, conglomerado e calcário.

2. Analise as sentenças e responda à questão abaixo.

I -Os feldspatos são os minerais mais abundantes da crosta terrestre.

II -Os feldspatos calcossódicos, também conhecidos como


plagioclásios são mais abundantes do que os feldspatos potássicos ou
ortoclásios.
III -Alguns feldspatos podem conter cátions de ferro e magnésio em
sua composição, tornando-os escuros e com clivagem em um único
plano.

56
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a) Apenas as sentenças I e II são verdadeiras;

b) Apenas as sentenças I e III são verdadeiras;

c) Apenas as sentenças II e III são verdadeiras;

d) Todas as sentenças são verdadeiras;

e) Todas as sentenças são falsas.

3. Em Moçambique, qual é o nome do mineral muitíssimo raro, de


dureza 10 na escala de Mohs, tendo sido encontrados alguns
nos aluviões do Rio dos Elefantes (Gaza) e no Niassa?

a) Ouro
b) Safira
c) Rubi
d) Diamante

4. À excepção dos gases livres da atmosfera, só cerca de 20


elementos são encontrados no estado nativo. A classificação
em: Metais, Semimetais e Não-metais, corresponde:

a) Elementos nativos
b) Carbonatos
c) Sulfuretos
d) Hidratos

5. O grupo dos minerais que resulta da combinação de elementos


metálicos com o enxofre chama-se:

a) Sulfuretos

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

b) Elementos nativos
c) Carbonatos
d) Óxidos

6. Os Minerais: goethita [FeO(OH)], gibbsita [Al(OH)3] fazem parte


do grupo dos:

a) Hidróxidos
b) Elementos nativos
c) Carbonatos
d) Óxidos

Respostas:

1. Alínea correcta b)

2. Alínea correcta a)

3. Alínea correcta d)

4. Alínea correcta a)

5. Alínea correcta a)

6. Alínea correcta a)

58
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UNIDADE Temática 3.4. Exercícios deste tema

1. Marque apenas a sentença que é falsa:

a) O arranjo atômico altamente ordenado é uma das condições


necessárias para que uma substância química seja um mineral.

b) A dureza e a clivagem são duas propriedades físicas usadas no


reconhecimento dos minerais.

c) As ligações iônicas emprestam aos minerais a competência


mecânica e estabilidade química. Ou seja: os minerais
essencialmente iônicos são os mais resistentes.

d) Dentre os silicatos, o quartzo é o mineral mais resistente.

e) Calcita e dolomita são carbonatos com arranjo cristalino.

2. Relacione o tipo de arranjo molecular ao mineral.

( ) Feldspato ( a ) Não é um silicato

( ) Galena ( b ) Nesossilicato (siloxanas isoladas)

( ) Mica ( c ) Inossilicato (cadeia linear de silicatos)

( ) Olivina ( d ) Filossilicato (cadeia plana de silicatos)

( ) Piroxênio ( e ) Tectossilicato (arranjos tridimensionais)

3. O hábito é a maneira como os cristais crescem juntos para originar


agregados. Qual é o hábito do Gesso?

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

a) Dentrítico
b) Acicular
c) Fibroso
d) Prismático

4. Quando um cristal desenvolve uma carga elétrica na sua superfície,


ao exercer-se pressão nas extremidades de um de seus eixos,
estamos perante?

a) Piezeletricidade
b) Diafaneidade
c) Piroeletricidade
d) Magnetismo

5. O desenvolvimento simultâneo de cargas elétricas positiva e


negativa nas extremidades opostas de um eixo do cristal, sob
condições adequadas de alteração da temperatura, estamos
perante?

a) Diafaneidade
b) Piroeletricidade
c) Piezeletricidade
d) Magnetismo

6. O sólido homogéneo possui uma ordem interna tridimensional


chama-se:

a) Cristal
b) Mineral
c) Sistema cristalino

60
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

d) Cristal e Mineal

TEMA – IV: Rochas

UNIDADE Temática 4.1. Magmatismo: rochas magmáticas, formação,


textura, estrutura, exemplos e utilidade;

UNIDADE Temática 4.2. Metamorfismo: formação, textura, estrutura,


exemplos e utilidade;

UNIDADE Temática 4.3. Sedimentagénese: Formação, textura,


estrutura, exemplos e utilidade;

UNIDADE Temática 4.4. Exercícios deste tema.

UNIDADE Temática 4.1. Magmatismo: rochas


magmáticas, formação, textura, estrutura, exemplos e
utilidade.

Introdução

61
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

▪ Definir o magma
▪ Conhecer os tipos de magmas
Objectivos ▪ Conhecer os tipos de intrusões
Específicos magmáticas;

Classificar as rochas;
▪ Caracterizar a textura e estrutura de rochas magmáticas.
Bem-vindo a quarta unidade temática da nossa disciplina, nela
iremos estudar os aspectos inerentes ao processo de
magmatismo, onde iremos vincar o seguinte: magmatismo, tipos
de magma, vulcanismo, rochas magmáticas, textura e estrutura.

Esperamos que no fim desta unidade temática, você seja capaz de:

Desenvolvimento

4.1. Magmatismo

O magmatismo é um processo natural através do qual um


material fundido, a que se convencionou chamar magma, conduz
à formação das rochas.

Trata-se de um processo constante na história da Terra e do Sistema


Solar e que está na origem de todos os tipos da petrogénese.

Através do magmatismo, a Terra em formação libertou a


atmosfera primitiva rica, entre outros componentes, em vapor
de água, a partir do qual se formou, por condensação, toda a
hidrosfera. E, na medida em que a vida foi gerada nas águas,
tornou-se evidente a sua dependência dos processos
magmáticos.

62
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

O magma (rocha fundida) vem de profundidades geralmente


acima de 200 km e consiste primariamente de elementos
formadores de minerais silicatados (minerais do grupo dos
silicatos, formados por silício e oxigênio, acrescidos de alumínio,
ferro, cálcio, sódio, potássio, magnésio, dentre outros).

Além destes elementos, o magma também contém gases,


principalmente vapor d’água. Como o magma é menos denso que as
rochas, ele migra tentando ascender à superfície, num trabalho que
leva centenas a milhares de anos. Chegando à superfície o magma
extravasa produzindo as erupções vulcânicas

No entanto, para os geólogos, uma Rocha é qualquer massa de


matéria mineral, consolidada ou não, que forma parte da crusta,
podendo ser constituída por uma espécie mineral
(monominerálica) ou por um agregado de várias espécies
minerais (poliminerálica). O conceito de rocha dos engenheiros é
de algo duro, consolidado, que tem de ser removido por
explosões. Este conceito também é o conceito que o vulgar
cidadão tem de rocha.

4.1.1. Rochas Ígneas ou Magmáticas

As rochas ígneas se formam a partir da


consolidação/cristalização do material rochoso em fusão
(magma), que tanto pode ocorrer no interior como no exterior
da crusta terrestre, dando origem, respectivamente, às rochas
intrusivas (plutónicas) e extrusivas (vulcânicas ou efusivas).

✔ Rochas Ígneas intrusivas cristalizam-se quando o magma


intrude em uma massa de rocha não-fundida em
profundidade na crosta terrestre. Entretanto, cristais
63
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

grandes crescem enquanto o magma esfria, produzindo


rochas de granulação grossa. As rochas ígneas intrusivas
podem ser reconhecidas por seus cristais grandes
intercrescidos, os quais desenvolvem-se lentamente
enquanto o magma é gradualmente resfriado. O granito
é uma rocha ígnea intrusiva mais conhecida.

✔ Rochas Ígneas extrusivas formam-se pelo rápido


resfriamento do magma que chega à superfície por meio
de erupções vulcânicas. As rochas ígneas extrusivas,
como o basalto, são reconhecidas facilmente por suas
texturas vítreas ou de granulação fina.
As intrusões ígneas podem assumir várias formas como se pode ver no
esquema da figura 41.

a) Batólitos: é o tipo de intrusão de maiores proporções, com uma


superfície mínima de 100 km2, embora geralmente sejam muito
maiores;

b) Stocks: são corpos de dimensões menores, e geralmente ocorrem


como protrusões de batólitos;

c) Lacólito: corpo em forma de lente plano-convexa, provocando o


arqueamento das camadas por cima;

d) Lopólito: corpo em forma de lente côncava, em que a espessura varia


ente 1/10 e 1/20 do seu diâmetro;

e) Dique: corpo tabular com paredes paralelas a sub-paralelas e que


têm uma posição discordante em relação às camadas que atravessa;

64
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

f) Soleira/sill: corpo tabular com paredes paralelas a sub-paralelas e


que têm uma posição concordante em relação às camadas que
atravessa;

g) Chaminé vulcânica: corpo resultante da solidificação da lava no canal


de alimentação do vulcão.

Figura 41: Diagrama esquemático mostrando as formas de ocorrência de rochas


magmáticas (TEIXEIRA, et al. 2000).

4.1.1.1. Classificação das Rochas Ígneas

Cada método de classificação tem sua vantagem e desvantagem


e, portanto é difícil apresentar um método adequado para
classificar quaisquer rochas ígneas. Actualmente, a classificação
de rochas ígneas é baseada na textura, principalmente
granulometria, estrutura e composição mineralógica
quantitativa, e subordenadamente na textura específica,
composição química, gênese, modo de ocorrência.

A granulometria é representada pelas categorias grossa, média e


fina, e a composição mineralógica é pelo índice de cor, proporção

65
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

entre feldspato alcalino e plagioclásio, composição de


plagioclásio, etc.

a) Classificação das rochas ígneas de acordo com sua textura

Uma vez que um arrefecimento lento tende a formar cristais


maiores do que o arrefecimento rápido, as rochas intrusivas têm
grãos maiores que as rochas extrusivas. Assim, diz-se que as
rochas intrusivas têm textura fanerítica e as extrusivas têm
textura afanítica. A textura descreve a aparência geral da rocha,
baseada no tamanho e arranjo dos

cristais. Entretanto, a textura é


importante porque revela as condições ambientais em que a rocha foi
formada.

Dentro de cada um destes grupos (faneríticas e afaníticas, fig.42


e fig. 43, respectivamente) há vários tipos de textura, que a
seguir se descrevem:

i. A textura fanerítica é aquela em que os constituintes são


observados megascopicamente, isto é, a olho nu. Estas
rochas podem ter-se cristalizado próximo ou na
superfície.

✔ Granular: os grãos apresentam sensivelmente as mesmas


dimensões, geralmente não excedendo o tamanho dum
grão de milho;

✔ Porfiróide: quando ocorrem fenocristais no seio duma


matriz granular; os fenocristais são cristais grandes no
seio da massa de textura fina.

66
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

✔ Pegmatítica: todos os minerais apresentam grãos de


grandes dimensões.

✔ Aplítica/Sacaróide: é uma variedade de textura granular,


em que os grãos são pequenos, do tamanho de grãos de
açúcar.

Figura 42: Exemplos de texturas faneríticas. A – Granito róseo de 2 micas; B –


Pórfiro; C – Granito pegmatítico; D – Aplito.

ii. A textura afanítica é aquela em que os constituintes dificilmente


são observados a olho nu ou mesmo com uma lente.
Normalmente é necessária a observação microscópica.

✔ Vítrea: os grãos não são visíveis, nem ao microscópio. A rocha


tem aspecto de vidro;

✔ Hemicristalina: os grãos são tão pequenos que só são


observáveis ao microscópio;

✔ Porfirítica: quando ocorrem fenocristais no seio duma matriz


hemicristalina ou vítrea.

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 43: Exemplos de texturas afaníticas. A – Obsidiana; B – Basalto; C – Basalto


Porfirítico.

b) Classificação das rochas ígneas de acordo com sua estrutura

Estrutura diz respeito ao arranjo de porções distintas de uma


rocha (por exemplo, se a rocha é bandada ou maciça) bem como
suas feições macroscópicas a mesoscópicas (observada em
escala de amostra de mão a escala de afloramento), sem entrar
no mérito das relações entre os constituintes fundamentais, os
minerais.

Quanto à estrutura, as rochas podem ser classificadas em (fig. 44):

Compactas: quando têm um aspecto maciço, sem


interstícios;
Porosas: quando apresentam muitas vesículas pequenas,
permitindo muitas vezes que flutuem na água (caso da
pedrapomes);

Vesicular: quando as vesículas são maiores e em menor


quantidade;

68
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Amigdalóide: quando uma rocha vesicular tem as vesículas


preenchidas por minerais formados posteriormente à sua
solidificação.

Figura 44: Estruturas das rochas ígneas. A – Compacta (Granito); B – Porosa


(Pedrapomes); C – Vesicular (Basalto); D – Amigdalóide (Basalto).

c) Classificação das rochas ígneas de acordo com sua composição


mineralógica

A composição mineral das rochas ígneas depende da composição


química do magma a partir do qual estes minerais serão
formados. Contudo, um mesmo magma pode produzir rochas de
composição mineral muito diversa.

Esta sequência de cristalização é conhecida como série de cristalização


magmática ou Série de Bowen (fig.45).

69
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Figura 45: As séries de reação de Bowen. Do lado esquerdo, a série


descontínua iniciase com a cristalização de olivina substituída posteriormente
pelo piroxênio subcálcico, e prossegue com a cristalização de piroxênio cálcico
e finalmente anfibólio e biotita. Do lado direito a série contínua, representada
pelo grupo do plagioclásio. O plagioclásio inicial é mais cálcico (anortita a
bytownita),tonando-se paulatinamente mais sódico (oligoclásio).

Todos estes minerais que fazem parte da Série de Bowen são


espécies de silicatos, ou seja, são compostos de sílica (silício e
oxigênio) associada a algum ou alguns outros elementos
químicos, como ferro, cálcio, magnésio, alumínio, potássio, etc.

As rochas ígneas são classificadas em quatro grupos principais de


acordo com o percentual de sílica presente em cada uma delas:

✔Rochas ultramáficas: o termo “máfico” vem de magnésio e


ferro. As rochas ultramáficas são compostas por silicatos
de ferro e magnésio (olivina e piroxênio) e apresentam
relativamente pouca sílica (menos que 40%).

A rocha ultramáfica mais comum é o peridotito. O peridotito


apresenta uma cor verde e é muito denso. Em geral se cristaliza
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abaixo da superfície, mostrando uma textura fanerítica. É composto


por 70 a 90% de olivina.

✔ Rochas máficas: contém entre 40 e 50% de sílica e são


compostas principalmente por piroxênio e plagioclásio
cálcico. Este é o tipo de rocha ígnea mais abundante na
crosta, e o seu representante principal é o basalto. O
basalto é uma é rocha escura, relativamente densa e com
textura afanítica, pois se cristaliza na superfície ou
próximo a ela.

Os basaltos são as rochas predominantes nas placas oceânicas e


são os principais constituintes de várias ilhas vulcânicas, como as
ilhas do Havaí. Os basaltos também constituem vastas áreas do
Brasil, principalmente no Paraná. O equivalente plutônico do
basalto é o gabro, ou seja, quando o magma de composição
basáltica cristaliza em profundidade (abaixo da superfície) forma
uma rocha chamada de gabro, que apresenta textura fanerítica.

✔ Rochas intermediárias: as rochas ígneas intermediárias


contêm cerca de 60% de sílica. Além do plagioclásio
cálcico e dos minerais ricos em ferro e magnésio, como
os piroxênios e anfibólios, contém também minerais ricos
em sódio e alumínio, como biotita, muscovita e
feldspatos. Podem apresentar também uma pequena
quantidade de quartzo.

A rocha vulcânica intermediária mais comum é o andesito e o seu


equivalente plutônico é o diorito. O primeiro apresenta textura
afanítica enquanto o segundo apresenta textura fanerítica.

✔Rochas félsicas: o termo “félsico” vem de feldspato e sílica.


Elas contêm mais que 70% de sílica. São geralmente
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pobres em ferro, magnésio e cálcio. São ricas em


feldspato potássico, micas (biotita e muscovita) e
quartzo. A rocha ígnea félsica mais comum é o granito.
O granito é uma rocha ígnea plutônica.
Como o magma félsico é mais viscoso (por ser pobre em água),
geralmente se cristaliza antes de chegar à superfície, por isso as rochas
félsicas plutônicas são mais comuns. Quando este magma consegue
chegar à superfície, extravasando em intensas erupções, a rocha
formada é o riolito.

Figura 46: As relações entre índice de cor, teor de sílica, composição mineralógica e
ambiente de cristalização para as rochas ígneas mais comuns (excluindo as alcalinas).

4.1.1.1.2 Exemplos e utilidade das rochas ígneas


i) Granito e Riolito

O Granito é uma rocha plutónica, que ocorre geralmente como


batólitos e stocks, podendo ocorrer em diques. Tem como
minerais essenciais o quartzo e o feldspato potássico.
Geralmente são de cor clara (leucocratas), podendo ser
mesocratas e melanocratas em função dos minerais máficos que
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contêm. Quanto à textura, os granitos são geralmente granulares


ou aplíticos, podendo ser porfiróides ou pegmatíticos.

O Riolito é o equivalente vulcânico do granito, sendo também, por


isso uma rocha ácida. A textura varia de hemicristalina a porfirítica e
vítrea.
Neste último caso chama-se obsidiana. Devido à sua textura, é
difícil observar a olho nu os seus minerais essenciais
constituintes, que são os mesmos do granito. Geralmente são
meso-melanocratas, podendo ser cinzentos, castanhos, ou
avermelhados, como os riolitos da Cadeia dos Libombos. Além
dos Libombos, os riolitos ocorrem na Província de Tete, a SW e a
SE da cidade de Tete. ii) Gabro, Basalto e Dolerito

O Gabro é uma rocha plutónica, que ocorre geralmente como


stocks e diques/soleiras. Por vezes ocorrem em lopólitos de
enormes dimensões, como é o caso do Complexo de Tete. Tem
como minerais essenciais as plagioclases cálcicas e as piroxenas,
e como acessórios as anfíbolas, as micas (biotite), a magnetite,
etc.

Geralmente são negros, podendo ser cinzentos escuros em


função dos minerais acessórios que contêm. São rochas pobres
em SiO2, por isso são rochas básicas. Quanto à textura, os gabros
são geralmente granulares, podendo ser pegmatíticos e,
raramente, porfiróides.

O Basalto é o equivalente vulcânico do gabro, sendo também,


por isso uma rocha básica. A textura varia de hemicristalina a
porfirítica. Devido à sua textura, é difícil observar a olho nu os
seus minerais essenciais constituintes, que são os mesmos do
gabro. Geralmente são melanocratas, podendo ser negros e
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cinzentos, por vezes com tons avermelhados ou esverdeados.


Típicos dos basaltos são as estruturas amigdalóides e vesiculares.

Em Moçambique os basaltos ocorrem nos Libombos, na Faixa do


Búzi, na Província de Tete e em Angoche.

Os equivalentes hipabissais destas rochas são chamados de Doleritos e


geralmente têm textura aplítica.

iii) Peridotito

O Peridotito é uma rocha intrusiva constituída fundamentalmente por


olivina, contendo alguma piroxena, como minerais essenciais.

Utilidades das rochas ígneas

As rochas ígneas são muito utlizadas na ornamentação. No


entanto, em termos ornamentais a rochas ígneas abrangeriam as
rochas silicatadas, ou seja, formadas por minerais
estruturalmente constituídos por tetraedros de SiO4 (Granitos).
Neste caso, esses granitos englobam gabros, basaltos, riolitos,
doleritos, peridotito, dacitos até granitos propriamente dito.

O granito é uma das pedras mais escolhidas para utilizar na


decoração de interiores e até mesmo em áreas externas, como
pisos, bancadas de cozinha e banheiro. É um material encontrado
com facilidade, possui diversas cores, pode durar anos sem riscos
e lascas e aguenta altas temperaturas.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO GRUPO-

1 (Com respostas detalhadas)

1. Marque a alternativa correta.


a) Rochas ígneas afaniticas apresentam minerais visíveis a
olho nu.

b) Rochas ígneas ultrabásicas contem teores de SiO2


maiores que 65%.

c) Rochas ígneas melanocráticas são escuras.


d) Rochas vulcânicas são formadas a grandes
profundidades. 2. Considerando a fabricação de
agregados para construção civil a partir das rochas
abaixo, qual será a mais eficiente?

a) Siltito
b) Arenito
c) Argilito
d) Basalto

3. A cristalização é o processo de solidificação do magma, que se


transforma em:

a) Rochas metamórficas

b) Rochas ígneas

c) Rochas fundidas

d) Rochas sedimentares

e) Rochas cristalinas

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4. Relacione a rocha magmática fanerítica com a afanítica de composição


equivalente:

( a ) Andesito ( ) Diorito

( b ) Basalto ( ) Gabro

( c ) Basalto rico em olivinas ( ) Granito

( d ) Dacito ( ) Granodiorito

( e ) Riolito ( ) Peridotito

5. Relacione as cores, aspectos texturais e composições químicas das


rochas ígneas.

( a ) Andesito ( ) Máfica e afanítica

( b ) Basalto ( ) Félsica e afanítica

( c ) Diorito ( ) Félsica e fanerítica

( d ) Granito ( ) Intermediária e afanítica


( e ) Riolito ( ) Intermediária e fanerítica

6. A Série de Bowen é uma sequência de cristalização conhecida como


série de cristalização magmática. Na série descontínua, qual é o
primeiro mineral a se cristalizar?

a) Quartzo b) Anfíbola

c) Plagioclase sódica d) Olivina

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Respostas:

1. Alínea correcta a)
2. Alínea correcta d)
3. Alínea correcta b)
4. Sequência correcta a, b, e, d, c.
5. Sequência correcta b, e, d, a, c.
6. Alínea correcta d)

UNIDADE Temática 4.2. Metamorfismo:


Rochas Metamórficas, formação, textura, estrutura, exemplos e
utilidade.

Introdução e Desenvolvimento

Devido ao aumento da pressão e da temperatura que oscila entre


(100 e 600) C. Assim como os fluidos as rochas tornam-se
instáveis, os minerais originais transforma-se, por reacções
mútuas, ou por modificações de sistemas cristalinos, em novos

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minerais. A rocha passa a ter nova composição mineralógica,


com aparecimento de novas características de ordem estrutural
e textural.

A nova rocha denomina-se metamórfica e o fenómeno que dá


origem a tais transformações é a metamorfismo.

A palavra metamorfismo provém do grego e significa mudança de


forma (meta= mudança, morphe=forma).

Processo de mudança que ocorre nas rochas e minerais


submetidos a condições de pressão, temperatura e deformação
diferentes das que prevaleciam durante a sua formação.

O metamorfismo ocorre quando o calor e a pressão excedem


determinados níveis, desestabilizando os minerais das rochas,
mas que não são suficientes para causar a fusão destas rochas.

4.2.1 Rochas metamórficas

As rochas metamórficas podem ser formadas a partir de rochas


ígneas, sedimentares ou previamente metamorfizadas, pela
recristalização no estado sólido. A força motriz para o
metamorfismo são as mudanças na temperatura, pressão e
composição dos fluidos dos poros. Essas mudanças produzem
novos minerais, novas texturas e novas estruturas dentro do
corpo rochoso.

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Em resposta a estas mudanças das condições ambientais, as


características das rochas podem alterar, ou seja, sofrem
metamorfismo tornando-se rochas metamórficas.

As alterações metamórficas podem ser de dois tipos principais:

a) As que afectam as espécies minerais (composição


mineralógica);

b) As que afectam a forma e o arranjo dos grãos minerais


(estrutura e textura).

É de referir que, dado que a passagem dos processos


sedimentares aos metamórficos e destes aos magmáticos é
gradual, desde zonas de temperaturas e pressões baixas a
temperaturas e pressões altas, podemos considerar que há
vários graus de metamorfismo, desde o metamorfismo de baixo
grau ao metamorfismo de alto grau. A figura abaixo mostra um
diagrama das várias condições de metamorfismo em função da
pressão (profundidade) e temperatura.

Figura 47: Graus de metamorfismo em função da


pressão e da temperatura
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4.2.1.1. Texturas e Estruturas das Rochas Metamórficas

Vimos anteriormente que a acção dos agentes de metamorfismo


provoca alterações nas rochas preexistentes, alterando-lhes a
composição mineralógica e química e o seu aspecto
macroscópico (estrutura e textura). Isto leva que as texturas e
estruturas que estudámos nas rochas ígneas (e mais à frente nas
sedimentares) sejam modificadas, aparecendo novas texturas e
estruturas nas rochas metamórficas.

Os novos grãos de minerais que se formam durante os processos


de metamorfismo são chamados cristais de neoformação ou
neoblastos, ou seja, durante o metamorfismo há uma
recristalização, que pode ser total ou parcial.

A textura das rochas metamórficas é sempre cristalina, podendo


ser de grão mais ou menos fino ou grosseiro, e sobrepõe-se
sempre à textura preexistente na rocha de origem, como
consequência dos fenómenos de recristalização. Assim, as
texturas mais frequentes nas rochas metamórficas são:

As pressões condicionadas são o principal factor condicionante da


textura, a tabela que se segue apresenta a textura das rochas.

Textura Descrição Tipo de


metamorfismo
Granoblástica Cristais bem individualizados e Contacto
equidimensionais como das
rochas magmáticas

Porfiroblástica Notam-se fenoblastos no seio Regional


duma massa granoblástica

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Lepidoblástica Neoblastos alongados segundo Regional


duas direcções principais,

formando lamelas ou palheta


(micas)
Nematoblástica Minerais aciculares ou fibrosos, Regional
orientados de acordo com o
sistema de forças a que são
submetidas as rochas (anfíbolas)

Figura 48: Texturas de rochas metamórficas. A. Granoblástica; B.


Porfiroblástica; C. Lepidoblástica; D. Nematoblástica. Em baixo: A. Mármore;
B. Micaxisto com granada; C. Micaxisto; D. Anfibolito.

No que toca à estrutura, é comum as rochas metamórficas


apresentarem orientação dos neoblastos, como resposta às altas
pressões exercidas durante a sua formação. As rochas que não
apresentam orientação dos neoblastos diz-se que têm estrutura
maciça, como é o caso do mármore. Quando há orientação dos
neoblastos, as estruturas são apresentadas na tabela abaixo.

Tipo Características Exemplo de


Rochas
Xistosa Quando há orientação dos Ardósia, filitos
neoblastos em planos que
permitem a partição da rocha
em placas; esta estrutura é
frequente em rochas com muita
mica, caso dos micaxistos

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Foliação Quando numa rocha se alteram Gnaisse


as estruturas xistosas e
granulares
Lineação Quando ocorrem Anfíbolas
fundamentalmente minerais de
hábito acicular ou prismático, que
dão a ideia de haver
"linhas" na rocha, como é o caso
dos anfibolitos
Cataclástica Resulta do esmagamento e Milonito
cisalhamento das rochas e
minerais. Caracterizando-se pela
presença de minerais
fragmentados e deformados,
envoltos frequentemente por
material finamente moído e pela
presença de minerais típicos
desse ambiente

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Figura 49: Estruturas das rochas metamórficas. A. Maciça; B. Xistosidade; C.


Foliação; D. Lineação; E. Cataclástica.

4.2.1.2. Classificação das rochas metamórficas

A classificação das rochas metamórficas não é tão simples como


no caso das rochas ígneas, dadas as variedades de efeitos que os
agentes de metamorfismo provocam nas rochas de origem.
Contudo, alguma sistematização é possível, no que toca à
estrutura e à rocha de origem.
a) Quanto à estrutura: rochas foliadas e não-foliadas, sendo as
últimas as que têm uma estrutura maciça, e as outras uma
estrutura não maciça;

b) Quanto à rocha de origem: se provêm de rochas ígneas, levam o


prefixo orto- (ex. ortognaisse); se provêm de rochas
sedimentares, levam o prefixo para- (ex. paragnaisse).

4.2.1.3. Exemplos e utilidades das rochas metamórficas

✔Rochas Foliadas: a rocha metamórfica foliada de baixo grau


de metamorfismo mais conhecida é a ardósia, usada há
séculos como cobertura de casas e como quadros-negros
das escolas.

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Duas propriedades contribuem para


isto:
a) É densa, de textura muito fina uniforme; e

b) Pode ser clivada em placas de superfícies paralelas lisas


(esta propriedade chama-se clivagem de rocha para a
distinguir da clivagem dos minerais).

A ardósia provém do metamorfismo de rochas sedimentares tipo


argilito e siltito e de rochas piroclásticas do tipo tufo vulcânico.

O Filito é uma rocha semelhante à ardósia, mas com uma


granulometria mais grosseira, na transição entre a ardósia e o
xisto. Tem a mesma origem da ardósia, mas representa um grau
de metamorfismo um pouco mais elevado.

O Xisto é uma rocha de grau Intermédio de Metamorfismo.


Enquanto na ardósia (e filito) os minerais não são observáveis a
olho nu, no xisto isto já não acontece. Todos os xistos contêm
minerais achatados, tabulares (micas) ou fibrosos, e o grau em
que estes minerais se desenvolveram em orientações paralelas
determina o grau de xistosidade que estas rochas apresentam, o
que faz com que os xistos

se clivem em
blocos tabulares.
No caso dos xistos, as estruturas das rochas originais já não são visíveis,
tendo sido completamente adulteradas pelo metamorfismo.

O Gnaisse é uma Rocha de Alto Grau de Metamorfismo


(metamorfismo regional), de aspecto bandado, usualmente com
bandas claras alternando com bandas escuras. As bandas claras
são constituídas por quartzo e feldspatos, enquanto as escuras

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podem ser constituídas de micas, anfíbolas, piroxenas, e outros


minerais máficos. Assim, em função dos minerais presentes, os
gnaisses podem ser moscovíticos, biotíticos, de duas micas,
anfibólicos, etc.

A textura é geralmente granoblástica, em que o tamanho dos


grãos de quartzo e feldspato são mais ou menos do mesmo
tamanho que os seus equivalentes graníticos.

✔Rochas não foliadas: as rochas não foliadas são geradas a


partir do contato de uma rocha preexistente (rocha
parental) com o magma quente ou através da pressão
confinante, ou seja, a pressão litosférica a que as rochas
estão sujeitas a grandes profundidades. A depender da
rocha parental, podem ser classificadas em dois tipos
principais:

Mármore: o mármore é uma rocha composta por grandes cristais


recristalizados de calcita gerados a partir de pequenos cristais de
calcita em carbonatos. A presença de impurezas no carbonato
(rocha parental do mármore) pode gerar mármores rosas,
verdes, cinzas ou pretos.

O mármore ocorre em todas as unidades do Proterozóico de


Moçambique. Os depósitos de mármore mais estudados são os
de Montepuez e Netia. Outras ocorrências de mármore existem
em Metolola próximo de Morrumbala-Chire (província da
Zambézia), Matema ao longo do rio Zambeze (província de Tete)
e em Malula a 50 km a norte de Lichinga (província de Niassa).
São também de assinalar as ocorrências de Mazeze, Mesa e
Negomano (província de Cabo Delgado), as de Massanga,

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Mungári e Madzuire (província de Manica), e as de Chire-


Morrumbala (província da Zambézia) (Afonso & Marques, 1998)

Figura 50: Mármore em exposição no Museu Nacional de Geologia. Fonte: CUMBE


(2012).

Em termos de aplicação é muito usado na ornamentação, ou seja


nas decorações. O mármore deve ser utilizado
preferencialmente em ambientes internos. Isto, porque o
material sofre com a acção do tempo (possui sensibilidade à
chuva ácida) e da poluição. Também deve ser evitada a utilização
de mármore em áreas de tráfego intenso, pois desgasta-se mais
facilmente.

Outro ambiente a ser evitado é a cozinha: por ser poroso,


absorve gordura. Além do mais, não tendo resistência contra
ácido, pode adquirir manchas e perda de brilho com produtos
como vinagre, limão ou materiais de limpeza pesados.

Quartzitos: são rochas muito duras e resistentes geradas a partir


do metamorfismo de arenitos puros. São compostos
essencialmente por quartzo recristalizado. Este tipo de rochas

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forma-se em graus de metamorfismo de temperaturas


intermédias a altas. São rochas geralmente de cores claras,
branco se o quartzo predominar, mas podendo ter várias cores
em função das impurezas que contém (fig. 51).

Figura 51: Quartzito de Manica.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. O processo de transformação das rochas preexistentes formou


as chamadas Rochas Metamórficas. Sobre esse processo,
também chamado de metamorfização, é correto afirmar que:

a) Acontece próximo à crosta terrestre

b) É oriundo exclusivamente de regiões oceânicas

c) Só atua em rochas magmáticas

d) Só pode ocorrer após o processo de sedimentação das rochas

e) Ocorre somente em locais de alta pressão e com temperaturas


elevadas

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2. O processo de metamorfismo acima descrito, responsável pela


formação das rochas metamórficas, ocorre a partir de dois
principais fatores condicionantes, que são:

a) A temperatura e a pressão do ambiente.


b) O local e a estrutura do ponto onde se encontra a rocha.

c) A ação humana e as condições climáticas.

d) O vulcanismo e os processos tectônicos.

e) A meteorização e a erosão.
3. As rochas metamórficas são aquelas que resultam da
transformação (metamorfização), em condições de pressão e
temperaturas elevadas, de rochas preexistentes. São exemplos
desse tipo de rocha:

a) Ardósia e mármore. b) Basalto e micaxisto.


c) Gnaisse e calcário. d) Granito e arenito. 4.
Assinale qual das seguintes características não está relacionada
com as rochas metamórficas ou não está correta.

a) Os minerais geralmente encontram-se alongados, orientados e


estirados.

b) Na diagênese por cimentação, as rochas são mais resistentes


quanto mais resistente for o cimento.

c) Em determinado estágio do metamorfismo, as argilas existentes


no protólito se transformam em micas, produzindo planos de
baixa resistência denominados de “xistosidades”.

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d) Como na maioria dos processos metamórficos a pressão e a


temperatura são elevadas e as deformações tectônicas são
lentas, as rochas se comportam de forma dúctil, razão pela qual
encontram-se frequentemente dobradas.

e) As transformações mineralógicas que se dão com pressões


elevadas e ao longo de um tempo geologicamente longo,
proporcionam uma melhoria da resistência dos minerais.
5. O mármore e a ardósia são utilizados no revestimento de paredes
e pisos. Exemplos de utilização de rochas:

a) Metamórficas.
b) Magmáticas.
c) Sedimentares.
d) Metamórficas e magmáticas respectivamente.
6. A textura granoblástica resulta do metamorfismo de:

a) Regional
b) Cataclástico
c) Contacto

Respostas:

1. Alínea correcta e)
2. Alínea correcta a)
3. Alínea correcta a)
4. Alínea correcta a)
5. Alínea correcta a)
6. Alínea correcta c)

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UNIDADE Temática 4.3.


Sedimentagénese: rochas sedimentares, formação,
textura, estrutura, exemplos e utilidade.

Introdução e Desenvolvimento

A Sedimentagénese: é o estudo de processos de formação,


transporte e deposição do material que se acumula como
sedimento em ambientes continentais e marinhos.

A Sedimentagénese tornou-se uma disciplina essencialmente prática


por razões económicas e ambientais:

✔ 95 % dos reservatórios de petróleo & gás são rochas


sedimentares (siliclásticas e carbonáticas);

✔ Grandes aquíferos são rochas sedimentares;

✔ Rochas sedimentares hospedam vários tipos de minérios:


metais e não-metais. Pláceres de ouro e urânio em rochas
sedimentares fluviais de idade Proterozóico do Supergrupo de
Witwatersrand – Africa do Sul. Depósitos de minerais pesados:
Chibuto (Gaza), Alto Moiane (Zambézia), Angoche (Nampula) e
Richards Bay (Africa do Sul). Ouro aluvionar no Distrito de
Manica, etc. Pláceres de diamantes na zona costeira de
Namíbia.

✔ Material para a construção (cascalho + areia).

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✔ Calcários e argilas para a indústria de cimento e cerâmica.

✔ Depósitos de carvão de Moatize.

✔ Bauxites – sedimento residual (minério de Alumínio).

4.3.1. Rochas Sedimentares


A superfície da Terra (marinha e continental) está coberta por
uma camada de sedimentos que, por processos de actuação
lenta, acabam por consolidar e dar origem a rochas
sedimentares.

As rochas sedimentares formam-se tanto em terra como no mar,


em ambientes que nos são muito mais familiares do que os
ambientes profundos da crosta onde se formam as rochas ígneas
e metamórficas.

São ambientes que estão ao acesso directo dos nossos olhos. As


rochas sedimentares constituem 66% da área dos continentes e,
considerando os continentes e oceanos, a sua espessura média é
de 2 km.

A formação das rochas sedimentares tem início com a


meteorização. A meteorização quebra as rochas em pequenos
pedaços e altera a composição química das rochas,
transformando os minerais em outros mais estáveis nas
condições ambientais onde a meteorização está atuando.
Depois, a gravidade e os agentes erosivos (águas superficiais,
vento, ondas e gelo) removem os produtos da meteorização e
transportam para um novo local onde eles são depositados.

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Geralmente, os produtos da meteorização são erodidos,


transportados a distâncias mais ou menos longas antes de serem
depositados para darem origem a rochas consolidadas – as
rochas sedimentares. Este processo de transformação de
sedimentos soltos em rochas consolidadas chama-se litificação.

A litificação ocorre porque há cimentação, ou seja, as partículas


soltas de sedimentos são agregadas entre si por deposição duma
substância química proveniente de precipitação química a partir
das águas subterrâneas que circulam entre essas mesmas
partículas.

As principais substâncias que podem servir de cimento na


litificação são a calcite (e por vezes dolomite), a sílica e os óxidos
de ferro. Os minerais de argila também ocorrem como cimento.
Além da cimentação, ocorre também a compacção que ocorre
devido à pressão originada pelo soterramento/afundimento
sucessivos. Esta compacção provoca a saída da água dos poros
intergranulares e, no cômputo final, a redução de volume pode
atingir 50% do volume inicial.

Numa fase mais final da litificação, antes de se entrar no campo


do metamorfismo de baixo grau, pode ocorrer uma
recristalização do cimento, dando origem a uma textura
interprenetrante.

4.3.1.1 Texturas e Estruturas das Rochas Metamórficas


A textura refere-se ao tamanho, forma e arranjo dos grãos que
compõe uma rocha sedimentar. Existem dois tipos de textura:

✔ Clástica: contém fragmentos individuais (clastos) de


rochas preexistentes e minerais que foram transportados
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e depositados como partículas discretas.Na textura


clástica, os grãos se tocam entre si tagencialmente.

✔ Cristalina: resulta da precipitacão”in situ” de cristais


minerais.Na textura cristalina, os grãos estão
interfechados ou intercrescidos. Muitas rochas ígneas
tem textura cristalina que se forma quando o magma
arrefece e solidifica.

Há casos em que uma única rocha sedimentar pode exibir as duas


texturas: por exemplo, num conglomerado a matriz é clástica e o
cimento é cristalino (fig. 52).

Figura 52: Textura clástica e cristalina no conglomerado.

Os clastos e cristais são categorizados pelos seus diamentros


maiores = granulometria. Os diametros podem ser estimados
visualmente (usando escalas granulométricas e réguas. Os
sedimentos podem ser agrupodos em classes granulométricas:
calhaus, areia, silt e argilas.

A variacão em granulometria em rochas sedimentares é


sorteamento. Uma rocha bem sorteada mostra pouca ou não
variacão no tamanho dos grãos. No entanto, quando a rocha
exibe desvios consideráveis do tamanho dos grãos em relacão a
média granulométrica, o sorteamento é pobre.
93
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

A forma e o arredonamento são aspectos de textura que são


particularmente aplicados para rochas clásticas.

✔ FORMA: é sempre descrita em termos de esfericidade.


Daí podem ser: Equidimensionais (esféricas), disco,
laminas e agulhas (prismáticas ou alongadas).

✔ Arredondamento: refere-se a suavidade dos cantos do


grão.
A fábrica refere-se ao modo em que os grãos se
encontram arrumados ou orientados.

Já Estruturas Sedimentares são feicões de grande escala e em 3D (bem


estudadas em afloramentos e não em amostra de mão).
A feicão mais importante é a estratificacão = acamamento e/ou
bandeamento: surge como consequência natural da deposicão
de clastos grão por grão em condicões físicas e bioquímicas
específicas.

Quanto a origem, as estruturas sedimentares podem ser


associadas em quatro (4) grupos principais:

– Estruturas de fluxo de corrente

– Estruturas biogénicas

– Estruturas químicas

– Estruturas de deformação

4.3.1.2. Classificação das rochas sedimentares

94
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

As rochas sedimentares são geralmente classificadas quanto à


origem dos sedimentos, isto é, em clásticas (sedimentos
originados por fragmentação de rochas pré-existentes), e não
clásticas; por seu lado, estas podem ser de precipitação química
(a partir das águas subterrâneas ou superficiais) e biogénicas
(intervenção dos seres vivos). Contudo, em cada uma destas
categorias existe uma grande variedade de rochas, refletindo os
diferentes tipos de transporte, deposição e processos de
litificação a que foram submetidas.

a) Rochas Clásticas

As rochas clásticas são compostas de fragmentos de rochas


préexistentes ou de grãos minerais também de rochas pré-
existentes, originados por acção principalmente da meteorização
mecânica.

Um dos aspectos importantes das rochas sedimentares clásticas


é a sua granulometria, isto é, o tamanho dos grãos que as
compõem, dando origem a vários tipos de rochas.
b) Rochas de Precipitação Química

São formadas por precipitação química e/ou biológica, através de


processos de extracção das substâncias dissolvidas nas águas dos
mares, rios, lagos, subterrâneas, etc, que se precipitam
originando rochas, geralmente maciças. Elas são geralmente
classificadas em função da sua composição química e geralmente
encontram-se misturadas com sedimentos clásticos, assim como
estas se encontram misturadas com material de precipitação
química.

Podem considerar-se três origens principais para este tipo de rochas:


95
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

✔ Resíduos sólidos de alteração química que ficam in situ -


englobam argilas, bauxites e laterites;

✔ Precipitação de sais dissolvidos e floculação de coloides


– calcários, dolomitos, fosfatos, rochas siliciosas e
ferruginosas; ✔Evaporação – rochas salinas.

c) Rochas Biogénicas

Estas rochas resultam da acumulação directa de detritos


orgânicos, animais ou vegetais, podendo ser consolidadas ou não.
A sua composição química pode ser calcária, siliciosa, fosfatada
ou carbonosa.

A baixo é apresentado o quadro resumo da classificação das rochas


sedimentares quanto à origem, como foi descrito anteriormente.

4.3.1.3. Exemplos e Utilidade das rochas sedimentares

O Arenito (ou GRÉS)

96
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Os Arenitos, também chamados de grés, juntamente com os


calcários, são talvez as rochas sedimentares mais familiares, pois
são desde há muito das rochas mais utilizadas na construção em
muitas partes do mundo.

Os arenitos são compostos de 5 categorias principais: fragmentos


de rocha (grãos líticos), grãos de quartzo, grãos de feldspato,
matriz e cimento.

A Matriz consiste de minerais de argila e de quartzo muito fino


(dimensão de silte). O Cimento é precipitado à volta e entre os grãos.

Os cimentos também podem ter composição química diversa,


desde silicioso, a calcário ou ainda ferruginoso. Assim, há
variadíssimos tipos de arenito consoante o tipo de grãos, o tipo
de cimento e a existência ou não de matriz. A Figura abaixo
mostra as possíveis composições dos

arenitos.

97
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 53: Vários tipos de arenito. A) Arenito quartzoso; b) Arenito Arcósico; c) Arenito
Lítico; d) Grauvaque.

Os Siltitos e Argilitos são rochas detríticas (clásticas) em que as


partículas são de dimensões microscópicas e muitas vezes
submicroscópicas, não sendo observáveis nem a olho nu nem ao
microcópio (só electrónico).

São rochas de cor cinzenta, por vezes negra (devido ao conteúdo


de matéria orgânica). Uma diferença clara entre os dois tipos de
rocha é que os argilitos têm uma laminação (partem-se em placas
paralelas) e os siltitos não. Por outro lado, os siltitos contêm
muitas vezes grãos minúsculos de quartzo e outros minerais, o
que lhes dá um tacto rugoso. Bancada de argilitos e siltitos nas
margens do Rio Vúzi, Província de Tete, junto às margens norte
da Albufeira de Cahora Bassa, são exemplos típicos de
ocorrências dessas rochas sedimentares.

Os calcários de origem biogénica são constituídos por conchas ou


fragmentos de conchas de
gasterópodes, lamelibrânquios, foraminíferos, por fragmentos
de pólipos de corais e por espículas de espongiários (calcários
zoogénicos) e por acumulações de algas calcárias (calcários
fitogénicos). Em termos de propriedades, são idênticas às dos
calcários descritos nas rochas clásticas.

Algumas variedades destes calcários são:

a) Calcário conquífero e calcário coralino: como o nome diz, são


formados por cimentação de restos/fragmentos de conchas de
gasterópodes e lamelibrânquios;
98
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

b) Cré: é um calcário muito branco, pulverolento, constituído


predominantemente por conchas de foraminíferos e de espículas
de esponjas calcárias.

Figura 54: Exemplos de calcários fossilíferos.

Os carvões são rochas que derivam da acumulação de restos de


matéria vegetal morta, que, por soterramento, se vão
progressivamente alterando por acção da temperatura e
pressão. Ao conjunto das alterações que a matéria vegetal sofre
para dar carvão chama-se incarbonização.

Quando a matéria vegetal morre dá origem à turfa, que é a


acumulação dessa matéria morta. A incarbonização provoca um
enriquecimento progressivo em carbono e uma diminuição do
conteúdo de voláteis, até

que, na fase final, se origina grafite.


A matéria-prima do carvão é a turfa. À medida que a turfa vai
sendo soterrada, começa imediatamente o enriquecimento em
carbono e o empobrecimento em voláteis, bem como a
compacção aumenta. Assim, a turfa deixa de ser turfa e passa a
lignite. Os estágios seguintes são os de carvão betuminoso e
antracite, terminando na grafite.

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Figura 55: Ilustração da Antracite.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Os ventos as chuvas, as ondas do mar, as mudanças de


temperatura são exemplos de agentes importantes na
formação das rochas. Assinale a alternativa que se refere às
rochas que dependem desses agentes para serem formadas:

a) Rochas Magmáticas
b) Rochas Metamórficas
c) Rochas Sedimentares
d) Nenhuma rocha

2. Indicar se cada sentença abaixo é verdadeira (V) ou falsa (F):


a) A formação das rochas sedimentares está intimamente
relacionada aos fenómenos que levam à
decomposição/desagregação das rochas pré-existentes.

b) As rochas químicas podem formar-se a partir da precipitação de


substâncias que se encontram dissolvidas na água.
100
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

c) O granito é uma rocha sedimentar.


d) O arenito é uma rocha sedimentar detrítica.
e) As características das rochas sedimentares independe das
dimensões dos sedimentos que as constituem.

3. Indique qual das sentenças a respeito do carvão a seguir não é


verdadeira.

a) É uma rocha sedimentar que também é conhecida como marga


carbônica.

b) Quando possui muita argila, seu aproveitamento como combustível


fóssil é restrito, pois sua combustão produz pouco calor e grandes
quantidades de cinzas.

c) De resistência baixa, não é uma rocha aplicável à produção de


concreto.

d) Tem sua origem principal no soterramento de turfas.

e) Aparece em camadas em meio a outras rochas sedimentares,


sobretudo lamitos.

4. Analise as sentenças e responda à questão abaixo.

I - Calcários podem ser calcíticos ou dolomíticos. Os calcíticos


possuem emprego na indústria de fabricação do cimento
portland, mas o dolomítico não pode ser utilizado para a mesma
finalidade porque possui magnésio em sua composição, o que
prejudica o comportamento mecânico do concreto.
II - Calcários podem ser facilmente laminados, sendo muito úteis
para a produção de placas de revestimento de interiores. Tanto

101
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

os calcários dolomíticos como os calcíticos permitem a extração


de lâminas para tal finalidade.

III - Calcários bioclásticos exibem muitos vestígios fósseis, enquanto


os calcários químicos são formados pela recristalização dos
carbonatos e costumam ser menos porosos. Tanto o calcário
químico como o bioclástico são rochas utilizáveis como pedra
britada para a produção de concretos.

a) Apenas as sentenças I e II são verdadeiras;

b) Apenas as sentenças I e III são verdadeiras;

c) Apenas as sentenças II e III são verdadeiras;

d) Todas as sentenças são verdadeiras;

e) Todas as sentenças são falsas.

5. Rocha formada pelos fragmentos provenientes do desgaste de


outras rochas.

a) Arenito.
b) Basalto.
c) Ardósia.
d) Granito.
6. A textura refere-se ao tamanho, forma e arranjo dos grãos que
compõe uma rocha sedimentar. As rochas que contém
fragmentos individuais (clastos) sao de textura:

a) Granoblástica
b) Apena clástica

102
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

c) Clástica e cristalina
d) Apena cristalina
Respostas:

1. Alínea correcta c)
a) V
b) V
c) F
d) V
e) V
2. Alínea correcta b)
3. Alínea correcta a)
4. Alínea correcta a)
5. Alínea correcta a)
6. Alínea correcta b)

UNIDADE Temática 4.4. Exercícios deste tema

103
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

1. O basalto, o carvão mineral e o gnaisse são, respectivamente,


são exemplos de rochas:

a) Magmática extrusiva, metamórfica e magmática intrusiva.


b) Magmática extrusiva, sedimentar e metamórfica.
c) Metamórfica, sedimentar orgânica e dedrítica.
d) Química, orgânica e dedrítica.
e) Orgânica, metamórfica e dedrítica.
2. Marque V ou F.
a) Uma rocha vulcânica se solidifica á superfície.
b) Rochas ácidas apresentam altos teores de Silício.
c) Rochas afaníticas são formadas pelo rápido resfriamento do
magma.

d) O magma é composto pelas fases liquidas, sólida e gasosa.


e) Não existe diferença entre conglomerado e brecha.
f) O arenito apresenta o mineral quartzo em grandes
quantidades.

g) Uma rocha clástica é formada pelo magma.


h) Fosseis são encontrados principalmente em rochas
sedimentares.

3. As reservas petrolíferas estão relacionadas a um tipo de


formação geológica:

a) Escudos cristalinos
b) Bacias sedimentares
c) Dobramentos cenozóicos
d) Placas tectônicas
e) Aluviões quaternários

104
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

4. O ciclo sedimentar é formado na ordem:

a) Meteorização, transporte, deposição e consolidação.


b) Transporte, Meteorização, deposição e consolidação.
c) Meteorização, deposição, transporte e consolidação.
d) Consolidação, Meteorização, transporte e deposição.

5. Sobre as rochas, pode-se afirmar que:

a) As rochas ígneas ou magmáticas formam-se pelo


resfriamento e solidificação do magma.

b) O arenito, utilizado na correção de acidez do solo, é uma


rocha dita metamórfica, pois sua formação está ligada à ação
da temperatura e da pressão em rochas preexistentes.

c) As rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo de


sedimentos de outras rochas.

d) O basalto, utilizado na construção civil, é um exemplo de


rocha ígnea extrusiva, formada com o magma das erupções
vulcânicas.

6. A formação extrusiva onde a lava verte por grandes conjuntos de


fendas designa-se por:

a) Batólito

b) Derrame

c) Dique

d) Lacólito

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

7. Formação intrusiva hipabissal concordante que possui grande


espessura na região central e espessura menor nas extremidades
chama-se:

a) Derrame b) Batólito

c) Lacólito d) Dique

8. Nas sentenças que descrevem o metamorfismo sobre rochas


carbonáticas, marque apenas aquela que é falsa.

a) O calcário é uma rocha sedimentar que, sob pressão, transforma-


se em mármore que é a rocha metamórfica resultante.

b) No metamorfismo, o calcário reduz a porosidade, perde os


vestígios fósseis, têm os minerais carbonáticos mais
desenvolvidos e com clivagem notável macroscopicamente.

c) Os mármores desenvolvem maior resistência do que o seu


protólito, mas não possuem resistência suficiente para serem
utilizadas na confecção de concretos.

d) As lâminas de mármore são mais resistentes do que as de calcário.

e) Tanto os calcários calcíticos como os calcários dolomíticos, ao


sofrerem metamorfismo, se transformam em mármores.

106
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

TEMA - V: Estratigrafia

UNIDADE Temática 5.1. Ciclo


geológico; princípio de estratigrafia e estudo dos fósseis.

UNIDADE Temática 5.2. Exercícios


deste tema.

UNIDADE Temática
5.1. Ciclo geológico; princípio de
estratigrafia e estudo dos fósseis.

Introdução

Bem-vindo a quinta unidade


temática da nossa disciplina, nela iremos estudar os aspectos
inerentes ao ciclo geológico; princípio de estratigrafia e
estudo dos fósseis.

Esperamos que no fim desta unidade temática, você seja


capaz de:

Desenvolvimento

• Definir a estratigrafia;
• Conhecer os princípios estratigráficos;
Objectivos Descrever o ciclo geológico;
Específicos
107
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

• Conhecer os fósseis.

De acordo com Santos (1999), a estratigrafia é a ciência que


estuda a sucessão original e a idade das rochas estratificadas,
assim como as suas formas, distribuição, composição, litológica,
conteúdo paleontológico, propriedades geofísicos e
geoquímicos, ou seja, de todos os caracteres, propriedades e
atributos das mesmas como estratos, buscando inferir os seus
ambientes de origem e sua história geológica.
Nos estudos estratigráficos, são incluídos também as correntes
de lavas e os depósitos de material piroclástico, acumulados
sobre a superfície da litosfera. Com relação às rochas vulcânicas,
é importante poder reconhecer as soleiras (sills) que foram
injetadas entre duas formações sedimentares mais velhas e não
se depositaram na superfície.

5.1.1. Ciclo Geológico

O ciclo das rochas nunca tem fim tendo em conta que resulta da
interação dos sistemas da tectônica de placas e do clima.
Entretanto, o ciclo geológico mostra como as rochas magmáticas
transformam-se em sedimentares, estas em metamórficas e
estas em magma, dando início a um novo ciclo que se repete ao
longo do tempo, que faz mover as placas.

As fontes principais de energia para o ciclo geológico são a


energia solar, que atinde a superfície terrestre, e o calor interno
da terra que faz mover as placas. A gravidade é uma força
também importante no ciclo, e na tectónica global.

108
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

As actuais rochas ígneas superficiais da Terra estão sofrendo o


constante ataque dos agentes meteóricos - os componentes
atmosféricos O2 e CO2, a água e os organismos – que lentamente
reduzem-nas a material fragmentar, incluindo tanto os detritos
sólidos da rocha original como os novos minerais formados
durante a meteorização.

A ação de agentes de erosão e transporte - a água corrente, os


ventos ou o gelo redistribui o material fragmentar através da
superfície, depositando como sedimentos, incoesos no início.
Transformam-se em rochas sedimentares, porém, pela
compactação dos fragmentos e expulsão de água intersticial e
pela cimentação dos fragmentos uns aos outros.

As rochas sedimentares, por sua vez, por aumento depressão e


temperatura, gerarão as rochas metamórficas. Ao aumentar a
pressão e, especialmente, a temperatura, em determinado
ponto ocorrerá a fusão parcial e novamente a possibilidade de
formação de uma nova rocha ígnea, dando-se início a um novo
ciclo.

Esta sequência de eventos geológicos é apenas uma das várias


alternativas que a natureza tem para estabelecer um
relacionamento genético entre as rochas de nossa crosta.

109
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 56: O ciclo geológico das


rochas (SANTOS, 1999).

5.1.2. Princípio de estratigrafia

Existe uma série de princípios fundamentais de Estratigrafia


relacionados com o ordenamento de
acontecimentos e a idade relativa de materiais, constituindo a
base de toda a Estratografia, os quais fazem com que geólogos
de todos os ramos das geociências os assumam como axiomas.
Estes princípios organizam-se de forma lógica e indutiva e
permitem que qualquer pessoa, independentemente da origem
profissional ou conhecimentos académicos, compreenda as
principais leis que presidem à evolução da Terra.

a) Lei do Uniformitarismo e do Actualismo

110
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Este princípio foi postulado pela primeira vez por James Hutton
em 1795. Segundo ele, ao longo da história da Terra, os mesmos
processos geológicos tiveram sempre a mesma génese
(Uniformitarismo); é possível interpretar os processos passados
a partir do estudo dos processos actuais (actualismo). Ou seja,
“os processos geológicos e as leis naturais que operam agora
para modificarem a crusta terrestre agiram da mesma maneira e
essencialmente com a mesma intensidade ao longo do tempo
geológico e que o passado geológico pode ser explicado pelos
fenómenos e forças observáveis hoje, isto é “o presente é a
chave do passado”.

b) Princípio da Horizontalidade Original

O princípio da horizontalidade original foi identificado pela


primeira vez por Nicolaus Steno (1638 – 1687). Este princípio
determina que os sedimentos que formam os estratos depositam-se
inicialmente segundo
planos horizontais; Os estratos que se
encontram actualmente na diagonal ou vertical, sofreram modificações
após a sua deposição.

c) Princípio da Sobreposição - Nicolaus Steno (1638 – 1687)

Proposto também por Nicolaus Steno, este princípio identifica a


ideia de que “Numa sequência de camadas não perturbada, a
camada mais velha ou a primeira camada a depositar-se
encontra-se por baixo e que as mais novas encontram-se no
topo”. Assume-se deste modo que as camadas não foram
dobradas, invertidas pelo dobramento ou falhamento.

d) Princípio da Continuidade lateral

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

O princípio da continuidade lateral, também proposto por N.


Steno, retrata o facto de os estratos horizontais de sedimentos
se depositarem lateralmente, em todas as direcções e
apresentando a mesma idade em toda a sua extensão.

e) Princípio da Identidade Paleontológica

Identificado nos trabalhos de William Smith, também conhecido


por princípio da sucessão faunística, envolve o conteúdo
fossilífero observado no interior de rochas sedimentares, desde
que não tenha sido remobilizado por acção erosiva de outras
rochas pré-existentes. Neste caso considera-se que camadas com
o mesmo conteúdo fossilífero são da mesma idade.

f) Princípio de interseção ou Relações de corte-cruzamento

Identificado por James Hutton, este princípio rege que “Qualquer


unidade geológica ou falha que corta ou cruza outra rocha é mais
nova que rocha cortada. Este princípio é simples quando se trata
de diques e falhas mas deve ser analisado em detalhe quando
são envolvidas intrusões ígneas.

5.1.3. Estudo dos fósseis

Os fósseis são restos de seres vivos (animais ou plantas),


soterrados e preservados por processos naturais, ou marcas e
vestígios da sua existência. Em geral apenas as partes rígidas dos
organismos se fossilizam principalmente ossos, dentes, conchas
e madeiras. Mas às vezes um organismo inteiro é preservado, o
que pode ocorrer quando as criaturas ficam presas em resina de
âmbar; ou então quando são enterradas em turfeiras, depósitos
salinos, piche natural ou gelo.
112
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 57: Ilustração de Conus do Terciário, Museu Nacional de Moçambique.

A ciência que estuda os fósseis é a Paleontologia: ciência que


estuda os seres vivos que viveram em épocas anteriores à actual,
e que só são conhecidos através dos seus vestígios que deixaram
nos terrenos, principalmente sedimentares. Em termos
correntes, é a Zoologia e a Botânica dos tempos idos, daí a sua
subdivisão em Paleozoologia e Paleobotânica.

Entretanto, duma forma mais abrangente, consideram-se fósseis


estratigráficos os restos de seres vivos fossilizados que, em vida,
foram muito abundantes, tiveram uma evolução rápida, curta
longevidade, vasta distribuição paleogeográfica e que ao
apresentam ocorrência frequente e identificação sistemática
simples. Podem ser também designados por fósseis
característicos ou guia (Torres, 1994) (fig. 58).

Figura 58: Fosseis guia de pectinídeos


(bivalves) (RAMALHO, 2007).
113
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5.1.3.1. Condições de fossilização

Entende-se por fossilização o conjunto dos processos físicos,


químicos e biológicos que permitem a formação dos fósseis. As
condições de fossilização agrupam-se em dois tipos:

a) Inerentes ao meio:

✔ Para que a fossilização seja possível, é necessário que,


após a morte do ser, sobre ele se forme um depósito que
o isole do meio ambiente e impeça a sua destruição; por
isso, os fósseis terrestres são mais raros que os marinhos;

✔ Quanto mais fino e impermeável for o depósito que cobre


o fóssil, mais fácil a fossilização;

✔ As temperaturas e a humidade facilitam as acções de


putrefacção, dificultando a fossilização; as temperaturas
mais baixas favorecem a fossilização.

c) Inerentes ao ser:
✔ A fossilização é tanto mais fácil quanto mais rico for o ser
em substâncias minerais: sílica, cálcio, etc.

5.1.3.2. Importância geológica dos Fósseis

O estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que


eles vivem tem o nome de Ecologia; quando esse estudo trata de
formas de vida fósseis, chama-se Paleoecologia. Assim, os fósseis

114
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

dão-nos indicações sobre os antigos ambientes, geografia e a


evolução das espécies.

✔Fósseis como documentos de antigos ambientes: sabemos


que há uma grande variedade de ambientes físicos para
todos os tipos de vida que se encontram em terra ou no
mar, e sabemos que as condições ambientais existentes
hoje terão tido os seus equivalentes em todos os tempos
geológicos. Isto é, aplicamos os conhecimentos da
Ecologia à Paleoecologia.

O estudo comparativo das formas de vida actual com as formas


dos fósseis semelhantes de tempos idos dá-nos indicações sobre
os ambientes em que esses seres vivos viveram. Quanto mais se
recua no tempo, mais difícil a interpretação.

✔ Fósseis como documentos da antiga geografia: a


distribuição geográfica dos organismos actuais está
fortemente controlada pelas limitações ambientais. Cada
espécie tem, geralmente, um tipo climático e ambiental
definido onde vive e se reproduz, não se encontrando
fora dessas condições.

✔ Fósseis como documentos da evolução: o estudo dos


fósseis das formas de vida que se sucederam na Terra ao
longo dos tempos permitiu estabelecer a Teoria da
Evolução das Espécies. Ao se estudarem os diversos
fósseis de um determinado tipo de animais, mas de
épocas diferentes, verifica-se que eles vão apresentando,
com o andar do tempo, algumas características
diferentes, características estas que são a adaptação

115
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

dessas formas de vida às novas condições ambientais e


geográficas que foram surgindo.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. A meteorização é um tipo de agente de transformação de


relevo caracterizado por atuar através de processos
químicos, físicos e biológicos, transformando as rochas.
O tipo de rocha formada pela ação da meteorização é a:
a) Ígnea

b) Sedimentar
c) Granítica
d) Metamórfica
e) Intrusiva

2. O ciclo das rochas demonstra a natureza dinâmica da litosfera


terrestre. Os processos responsáveis pela formação das rochas
metamórficas, sedimentares e ígneas, respectivamente, são:

a) Metamorfismo, sedimentação e magmatismo.

b) Metamorfose, meteorização e recomposição.

c) Metamorfismo, compressão litológica e solidificação.

d) Metamorfismo, diagênese e cristalização.

e) Metamorfose, sedimentação e litificação.

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3. Os fósseis costumam se formar apenas em um tipo específico


de estrutura rochosa, em virtude de suas características de
formação. Os tipos de rochas que permitem a fossilização são:

a) As metamórficas, pois o metamorfismo dos solos permite


a conservação da estrutura dos elementos orgânicos;
b) As sedimentares, pois o transporte de sedimentos pelos
agentes exógenos permite o soterramento dos restos
orgânicos, iniciando assim o processo de fossilização.

c) As magmáticas, pois apenas em condições elevadas de


pressão interna, causadas pelo “afundamento” dos
fósseis ao longo de milhares de anos, é possível a sua
formação.

d) As ígneas, pois elas são o único tipo de rocha que


apresenta uma estrutura maleável para a formação de
fósseis.

4. Durante a deposição ou acumulação dos sedimentos, a camada


superior é mais jovem que a subjacente. Estamos perante o
princípio de:

a) Superposição b) Inclusão

c) Intersecção d) Actualismo

5. As leis naturais que regem os fenómenos geológicos no


presente, são as mesmas que agiram no passado, mas sua
intensidade e configuração mudam com o tempo. Estamos
perante ao princípio de:
117
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a) Actualismo b)
Princípio da superposição

c) Princípio da intersecção d)
Princípio do actualismo

6. As rochas são consideradas como um agregado natural,


resultantes da união de um ou mais minerais. A figura 56 deste
módulo ilustra o ciclo das rochas, representando as várias
possibilidades de transformação do magma em rocha e um tipo
de rocha em outra, dentre elas:

a) A chegada do magma quente à superfície, representada na


figura pelo vulcanismo, cuja
solidificação forma, de maneira lenta,
o granito, uma das rochas mais comuns e resistentes no planeta.

b) O intemperismo que, juntamente com os processos erosivos


representados na figura pelo transporte e deposição, é o
principal mecanismo responsável, na superfície, pela
continuidade no ciclo das rochas.

c) As rochas metamórficas resultam da transformação de uma


rocha preexistente, causada, principalmente, pelo aumento
da pressão e (ou) temperatura sobre a rocha, formando o
basalto, conhecido popularmente como brita.

d) As rochas sedimentares são formadas no vulcanismo, que,


após a erupção, sedimenta a lava e a cinza no entorno das
crateras vulcânicas.

118
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Respostas:

1. Alínea correcta b)
2. Alínea correcta d)
3. Alínea correcta b)
4. Alínea correcta a)
5. Alínea correcta a)
6. Alínea correcta b)

UNIDADE Temática 5.2. Exercícios deste tema.

1. O conjunto de rochas sedimentares que, pelas suas


características físicas e pelo seu conteúdo fossilífero, se
diferenciam umas das outras. a) Estrato geológico

b) Andar
c) Coluna estratigráfico
d) Estratificação
2. As rochas muito antigas devem ser datadas usando material
vulcânico. A datação baseada no decaimento de elementos
radioativos, como urânio, potássio, rubídio e carbono
denomina-se:

a) A datação numérica

b) Datação relativa
119
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

c) Datação geométrica

3. A ciência Geológica que esta estuda os estratos ou camadas de


rochas, buscando determinar os processos e eventos que as
formaram denomina-se:

a) Estratigrafia

b) Sedimentologia

c) Petrologia ígnea e metamórfica

d) Bioestratigrafia

4. O conjunto dos processos físicos, químicos e biológicos que


permitem a formação dos fósseis chama-se:
a) Fossilização
b) Cristalização
c) Cimentação
d) Diagénese

5. Sobre as condições de fossilização inerente ao meio, Marque V ou


F.

a) Para que a fossilização seja possível, é necessário que, após a


morte do ser, sobre ele se forme um depósito que o isole do
meio ambiente e impeça a sua destruição.

b) Os fósseis terrestres são mais raros que os marinhos.

120
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

c) Quanto mais fino e impermeável for o depósito que cobre o


fóssil, mais fácil a fossilização.

d) As temperaturas e a humidade facilitam as acções de


putrefacção, dificultando a fossilização; as temperaturas mais
baixas favorecem a fossilização.

6. Sobre a importância geológica dos Fósseis assinale com V ou F.

a) Fósseis servem como documentos de antigos ambientes.


b) Fósseis não servem como documentos da antiga geografia.
c) A distribuição geográfica dos organismos actuais está
fortemente controlada pelas limitações ambientais.

d) Fósseis sevem como documentos da evolução.

121
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

TEMA - VI: Geologia de Moçambique

UNIDADE Temática 6.1. Escala crono-estratigráfica e Traços gerais da


Geologia de Moçambique;

UNIDADE Temática 6.2. Exercícios deste tema.

UNIDADE Temática 6.1. Escala


crono-estratigráfica e Traços gerais da Geologia de
Moçambique.

Introdução

Bem-vindo a terceira unidade temática da nossa disciplina. Bem-vindo


a sexta unidade temática da nossa disciplina, nela iremos estudar os
aspectos inerentes à escala crono-estratigráfica e traços gerais da
Geologia de Moçambique.

Esperamos que no fim desta unidade temática, você seja capaz de:

Desenvolvimento

122
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

▪ Descrever a escala crono-estratigráfica;


▪ Conhecer a Geologia de Moçambique.
Objectivos
Específicos

A geologia de Moçambique é caracterizada pela ocorrência de um soco


cristalino com idade arcaica-câmbrica e por rochas com idade
fanerozóica. De acordo com Lächelt (2004), o soco cristalino é
constituído por paragnaisses supracrustais metamorfizados, granulitos
e migmatitos, ortognaisses e rochas ígneas.

Do ponto de vista geodinâmico, o soco cristalino de Moçambique é


composto por três terrenos diferentes, que colidiram e se juntaram
durante o Ciclo Orogénico Pan-Africano, anteriormente à união
panafricana, onde cada terreno possuía um desenvolvimento
geodinâmico específico e individual. O termo “terreno” é usado para
indicar uma unidade tectónica de dimensão variável, ou seja, uma placa
litosférica, um fragmento de placa ou, ainda, uma massa tectónica. Por
outro lado, “terreno” constitui um termo genérico, grosseiramente
comparável a “área” (GTK Consortium, 2006a).

Na Notícia Explicativa da Carta Geológica de Moçambique volume 4,


estes terrenos são designados provisoriamente por Terreno do
Gondwana Este, Terreno do Gondwana Oeste e Terreno do Gondwana
Sul (GTK Consortium, 2006a; fig. 59).

✔ O Terreno do Gondwana Sul é composto por um núcleo arcaico,


sedimentos de plataforma proterozóicos e cinturões dobrados
proterozóicos (GTK Consortium,2006b).

123
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

✔ O soco cristalino do Terreno do Gondwana Oeste compreende rochas


ígneas e rochas supracrustais metamorfizadas. As últimas incluem o
Grupo de Chidzolomondo, o Supergrupo de Zâmbuè (1200 – 1300 Ma), o
Supergrupo do Fíngoè (1327± 16 Ma), o Grupo de Mualádzi, o Grupo de
Cazula (1041 ± 4 Ma) e os ortognaisses e paragnaisses do Rio Messuze.
Fazem também parte do Terreno do Gondwana Oeste, granitóides
denominados por Suites Intrusivas Irumides como, por exemplo, o
Granito da Serra Chiúta (idade superior a 1021 Ma,), o Granito do Rio
Capoche (1201 Ma), a Suite de Cassacatiza (1077 ± 2 Ma), a Suite de Tete
(1047 ± 29 Ma,), a Suite de Furancungo (1041 ± 4 Ma) e muitas outras.
✔ As únicas unidades representativas do Terreno Gondwana Este são o
Grupo da Angónia, composto pelos gnaisses mesoproterozóicos e Suite
de Ulonguè, composta por rochas plutónicas neoproterozóicas.

124
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 59: Terreno do Gondwana Este, Terreno do Gondwana Oeste


e Terreno do Gondwana Sul (GTK Consortium, 2006a).

6.1.1. Terreno do Gondwana Sul


As geociências os assumam como axiomas. Estes princípios organizamse
de forma lógica e indutiva e permitem que qualquer pessoa,
125
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

independentemente da origem profissional ou conhecimentos


académicos, compreenda as principais leis que presidem à evolução da
Terra.

Rochas Arcaicas em Moçambique

A margem oriental do Cratão Arcaico de Zimbabwe extende-se a


Moçambique. A parte norte da margem oriental do Cratão é atribuída
ao Complexo Mudzi e a parte sul, ao Complexo Mavonde. Os
supracrustais do cinturão de rochas verdes Mutare-Manica são
atribuídos ao Grupo Manica, que tem sido subdividido (da base ao topo)
em Formações de Macequece e Vengo.

6.1.1.1. Complexo Mudzi (A3Mq) - As rochas do Complexo Mudzi estão


expostas ao longo da margem norte do Cratão Zimbabwe e se
extendem ininterruptamente a Moçambique na região de Cuchamano,
povoado de Mudze Chizimwe.

As unidades mapeáveis seguintes têm sido atribuídas ao Complexo


Mudzi: Ortogneisses Félsicos, que compreendem (1) Quartzo-
Monzonitos/Quartzo-Monzodioritos (A3Mqm), (2) Granitóide Foliado,
localmente porfirítico (A3Mgr) e (3) Gneisse TTG, Granitóide Foliado
(A3Mgn), com idades U-Pb magmáticas variando de 2600 a 2710 Ma.
Os membros máficos subordinados incluem: (4) Gneisse Granodiorítico,
contendo bandas amfibolíticas (A3Mgd), (5) Metagabro (A3Mgb) e (6)
Amfibolito/Granada-Amfibolito (A3Mam). Finalmente, a menor
proporção do Complexo Mudzi é composta por gneisses com protólito
sedimentar e inclui (7) Granada-Gneisse (A3Mgg). Com idades U-Pb
magmática variando de 2600 a 2710 Ma. A relação estratigráfica mútua
entre estas unidades permanece desconhecida.

126
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

6.1.1.2. Complexo Mavonde (A3V) - Os granitóides no Complexo


Mavonde são caracterizados, em termos gerais, por composições
graníticas a tonalíticas. Gneisses máficos e metagabro são tipos de
rochas subordinados. Os granitóides apresentam geralmente cor cinza
e possuem granulação bastante fina a média, sendo variavelmente
foliadas e gradando localmente a rochas porfiríticas. Porém, as relações
mútuas entre as diversas litofácies dos granitóides não são conhecidas.
A geocronologia do zircão desta rocha forneceu um grande leque de
idades entre <2650 Ma e ~2500 Ma.

6.1.1.3. Grupo Manica (A3M) - O Segmento


do Cinturão de Rochas Verdes de Manica é, composto por uma
sequência basal vulcanosedimentar e uma superior, dominada por
sedimentos, ambas atribuídas ao Grupo Manica. Seguindo Hunting
(1984), a sequência basal de rochas verdes, dominada por rochas
vulcânicas no Segmento Mutare do cinturão de rochas verdes de
Manica, é referida como a Formação Macequece*. As
supracrustais inconformavelmente sobrejacentes, dominadas por
sedimentares, são atribuídas à Formação Vengo.

6.1.3.1. A Formação Macequece (A3MM) é principalmente composta


por rochas metavulcânicas ultramáficas e máficas e seus produtos
derivados retrogressivos e metassomáticos, como serpentinitos e
talco+ clorita+tremolita-xistos, com intercalações de formações
ferríferas bandadas (BIF), metacherts e conglomerados polimícticos,
cobertos por rochas metavulcânicas andesíticas, dacíticas e riodacíticas,
de origem predominantemente piroclástica.

As unidades mapeáveis a seguir foram identificadas (grosseiramente da


base para o topo): (1) Serpentinito e Meta-komatíto (A3MMsc), (2)
Talco-clorita-xistos (A3MMtc), (3) Rocha Metavulcânica Máfica e

127
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Ultramáfica (A3MMro), (4) Metabasalto e Xisto Máfico (A3MMba), (5)


Rocha Metavulcânica Máfica e Intermediária (A3MMtu), (6) Brecha
(A3MMbr), (7) Rocha Ferrífera Bandada (A3MMtcf), (8) Metachert

(A3MMch), (9) Formação Ferrífera Bandada (A3MMbaf), (10)


QuartzoSericita-Xisto (A3MMqss), (11) Diamictito (A3MMdi), (12)
MetagréLítico

Rico em Ferro (A3MMss), (13) Tufo Félsico a Cristal (A3MMff), (14)


Quartzo-Feldspato Pórfiro (A3MMqp), (15) Brecha-Tufo (A3MMtb),
(16) Conglomerado Vulcânico (A3MMvc), (17) Rocha
Vulcânica Intermediária (A3MMiv), (18) Aglomerado (A3MMag),
(19) Rochas Metavulcânicas Félsicas (A3MMfv).

A idade-modelo da galena de 2650 Ma, de um depósito de ouro


estructuralmente hospedado, apresenta a idade mais confiável para as
litologias do cinturão de rochas verdes.

6.1.3.2. A Formação Vengo (A3MV)

As litologias maiores compreendem conglomerados basais, grafitafilitos


e sericitaxistos com finas intercalações de quartzitos com mármore
cinza, rocha ferrífera bandada e quartzito lítico ferruginoso. As
seguintes unidades mapeáveis foram identificadas (grosseiramente da
base ao topo): (1) Conglomerado Vulcânico (A3MVo), (2) Conglomerado
Polimítico (A3MVclo), (3) Quartzito (A3MVqz), (4) Metagrauvaca
(A3MVgy), (5) Filito e Grafita-Xisto (A3MVps), (6) Rocha Ferrífera
Bandada (A3MVfe), (7) Metachert (A3MVch), (8) Mármore (A3MVma),
(9) Quartzo-Sericita Xisto (A3MVqs), (10) Meta-Arcóseo e Quartzito
Arcóseo (A3MVar) e (11) Mica-Xisto (A3MVmc).As litologias da

128
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Formação Vengo* são compreendidas entre ~2613 Ma e ~2601 Ma (cf.


Hofmann et al. 2002).
3.1.1.4. Grupo Umkondo (P2U) - O Grupo Umkondo forma uma
sequência Proterozóica de metasedimentos e metalavas basálticas a
andesíticas sub-horizontais de baixo-grau, que repousam
inconformavelmente sobre litologias Arcaicas. Duas novas unidades
litoestratigráficas foram definidas pelo Consórcio GTK, compreendendo
derrames basálticos subaéreos da Formação Espungabera (P2UEv)
(topo) e metasedimentos bem preservados da Formação Dacata
(P2UD) (basal). A última Formação* é subdividida em cinco membros
(da base para o topo): O Membro Quartzítico Inferior (P2UDlq), Membro
Grafita-Xisto (P2UDsc), Membro Chert (P2UDch), Membro Siltito
(P2UDs) e Membro Quartzito Superior (P2UDqz).

6.1.1.5. Grupo Rushinga (P1R) - O Grupo Rushinga tem sido subdividido


em Moçambique em (1) Formação Rio Embuca (P1RE),
quartzofeldspática a pelítica e (2) Formação Monte Pitão (P1RP),
mármores e rochas calco-silicatadas.

6.1.1.5.1. A Formação Rio Embuca inclui (da base ao topo) (1) Quartzito
Inferior (P1REa), (2) Gneisse Quartzo-Feldspático (P1REqf), (3)
MetaArcóseo/Quartzito (P1REa) e (4) Biotita Xisto (P1REch). O Quartzito
Inferior (P1REqz), feldspático a orto-quartzítico, com lentes de
Metaconglomerados (P1REc), é exposta principalmente ao longo de
suaves cristas e restando directamente sobre os gneisses do
embasamento Arcaico, com um contacto supostamente tectônico.
Meta-Arcóseo/Quartzito Arcóseo (P1REa), é uma rocha
quartzofeldspática levemente amarelada a castanho-rosada, de
granulação mediana e finamente bandada. Esta é geralmente associada
com amfibolitos bandados.

129
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

6.1.1.5.2. A Formação Monte Pitão compreende (da base ao topo) (1)


Amfibolito Bandado (P1RPa), (2) Gneisse Calco-Silicatado (P1RPcc), (3)
Mármore Inferior (P1RPm1), (4) Biotita Gneisse (P1RPgn), (5) Mármore
Superior (P1RPma) e (6) Quartzito Superior (P1RPq). Amfibolitos
Bandados (P1RPa) e os gneisses a hornblenda associados, formam
horizontes sub-contínuos. A secção, localizada no Rio Mazoe, a ~ 2 km
a E da fronteira com Zimbabwe, compõe-se de predominantemente de
amfibolitos bandados e gneisses quartzo-feldspáticos. Rochas
CalcoSilicatadas (P1RPcc) são geralmente associados com mármores e
gneisses pelíticos. As análises SHRIMP de zircões detríticos de
biotitagranada-silimanita xisto da Formação Rio Embuca*, efectuadas
pelo Consórcio GTK, demonstraram a idade máxima de ~2000MA.

6.1.1.6. Grupo Gairezi (P1Z) – O Grupo Gairezi consiste


predominantemente em xistos pelíticos e orto-quartzitos brancos a
cinzentos. Mármore e meta-conglomerados polimíticos são
subordinados. Lentes e camadas de Meta-conglomerado (P1Zc)
intraformacional e polimítico são encontradas na parte basal do
Quartzito (P1Zq) na região de Chicamba Real. Os clastos compreendem
outras rochas supracrustais, como xistos, em adição a gneisses
graníticos e granodioríticos. Finas intercalações de Mármore (P1Zmb),
de granularidade média e cor cinza-branco avermelho-salmão, são
comumente expostas na parte norte. As análises SHRIMP de zircões
detríticos do granada-cianita xisto do Grupo Gairezi sugerem uma idade
máxima de 2041±15 Ma e proveniência Arcaica para sedimentos
metapelíticos do mesmo.

6.1.1.7. Complexo Báruè – As litologias do Complexo Báruè


desenvolvem tipicamente uma paisagem ondulada, fracamente
dissecada, com inselbergs formados por rochas intrusivas. Nas
fotografias aéreas e mapas aerogeofísicos, o Complexo é caracterizado

130
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

por uma foliação com tendência concêntrica, que aparentemente


forma uma série de estruturas do tipo cogumelo, manifestando padrões
de dobras de interferência. Complexo Báruè foi subdividido em dois
grupos: Grupo de Macossa e Grupo de Chimoio.

Direcção Nacional de Geologia.

6.1.1.7.1. O Grupo Macossa compreende as seguintes unidades

Figura 60:
Extracto da Carta Geológica de Moçambique 1: 250 000, Folha No.1834 (Gorongosa). Fonte:
mapeáveis: Gneisse Leucocrático (P2BMlc), Gneisse QuartzoFeldspático
(P2BMqf), Meta-arcósio (P2BMar), Quartzito Feldspático (P2BMfq),
Granada-Silimanita Gneisse, Mica Gneisse e Metagrauvaca
(P2BMsi),Mármore (P2BMma) e Gneisse Calco-Silicatado (P2BMcc).

6.1.1.7.2. O Grupo Chimoio é composto por Metasedimento


Siliciclástico (P2BCss), Gneisse Monte Chissui, Biotita Gneisse Félsico e
Metagranito (P2BCfg), Paragneisse Migmatítico (P2BCmi),Metagranito

131
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

a Granada e Paragneisse (P2BCmg), Hornblenda Gneisse e Amfibolito


(P2BChg) e Mica Xisto e Mica Gneisse (P2BCch).

Corpos variavelmente deformados de rochas plutônicas félsicas e


máficas, incluindo uma variedade de ortogneisses de afinidade granítica
e tonalítica, meta-diorito, metagabro e hornblendito, intrudiram os
metasedimentos do Complexo Báruè.

O metagranito intrusivo nos metasedimentos siliciclásticos (P2BCss)


forneceu a idade magmática SHRIMP de1119±21 Ma.

6.1.1.8. Suite Guro – A Suíte Bimodal Guro é composta por membros


máficos e félsicos. O membro félsico é denominado de Granito Aplítico
Gneisse-Migmatito e o membro máfico de Metagabro e Gneisse-
Migmatito Máfico.

O Granito Aplítico Gneisse-Migmatito (P3Oag) representa o


componente félsico puro da suíte bimodal, composta por camadas,
cujas espessuras variam de alguns centímetros a mais de cem metros.

O Metagabro e Gneisse-Migmatito Máfico (P3Ogb) forma o


componente máfico da Suíte Bimodal Guro. Este é o componente
inferior do complexo de injecção máfico félsico e ocorre somente de
forma ocasional em grandes afloramentos, sem o componente félsico.

A unidade maior da Suíte Guro é o Granito Gneisse-Migmatito e


Gneisse-Migmatito Máfico (P3Ogm). Este é a combinação
decomponentes máficos e félsicos intercamadadas com limites agudos,
que ocorrem intimamente lado a lado em camadas, bandas ou lâminas
paralelas, tendo, na maioria dos casos, a predominância do membro
félsico sobre o componente máfico. A idade magmática de zircão de

132
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 61 - Principais unidades geológicas do nordeste de Moçambique (BINGENet all.2007).


867±15 Ma pode ser atribuída ao emplaçamento magmático da Suíte
Guro.

6.1.1.9. Complexo da Ponta Messuli, que é um fragmento de soco


paleoproterozóico (1954 ± 15 Ma), constituindo a parte norte-noroeste
do soco cristalino do norte de Moçambique (fig. 61).

6.1.1.10. Grupo de Txitonga, de baixo grau e de idade desconhecida,


sobrejacente no complexo acima referido;

6.1.1.11. O soco cristalino a sul do Graben de Maniamba, de idade do


Karoo, e ao norte da Faixa do Lúrio, predominantemente composto por
gnaisses mesoproterozóicos (1110 a 990 Ma), que fazem parte (de leste
para oeste) os Complexos de Unango e de Marrupa, e por nappes
panafricanas, compreendendo (de leste para oeste) os Complexos de

133
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

M´Sawise, Muaquia, Xixano, Nairoto, Montepuez, Lalamo e Meluco


(GTK Consortium, 2006d;Bingen et al. 2007).

Figura 62 - Geologia simplificada da sub -Província de Nampula. Azul -escuro: Complexo de Mocuba;
6.1.1.12. A Faixa de Empurrão do Lúrio, de orientação WSW-ENE,
separa o domínio estrutural norte do bloco do soco cristalino sul da
subProvíncia de Nampula. Em termos litológicos, a Faixa de Empurrão
do Lúrio, incluindo granulitos e gnaisses cisalhados, incorporados no
Complexo de Ocua e metassedimentos do Complexo de Montepuez
(GTK Consortium,2006d).

6.1.1.13. O soco cristalino da parte sul da sub-Província de Nampula, a


sul da Faixa do Lúrio, compreende o Complexo de Nampula e os
Klippens de Monapo e de Mugeba (735 a 550 Ma), supostamente
relacionados com a Faixa do Lúrio.

Azul-claro: Gnaisses de Mamala; Púrpura: Gnaisses de Rapala; Castanho escuro:


Complexos de
Molócuè e de Mecubúri; Castanho-claro: Suite de Culicui; Preto: Complexo do Alto-
Benfica; Cinzento: Complexo de Ocua (incluindo os Klippen de Monapo e Mugeba);
Verde-claro: sub-Província de Unango; Verde-escuro: sub-Província de Marrupa;

134
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Vermelho: Suites de Murrupula e de Malema (GTK Consortium,2006d; Macey et al.


2006).

As rochas do Complexo de Nampula compreendem orto e paragnaisses


mesoproterozóicos (1125-1075 Ma), Suite de Mocuba - composto por
ortognaisses migmatíticos, poli-deformados, e formam provavelmente
a base supracrustal onde depositaram-se as rochas do Grupo de
Molócuè; Grupo de Molócuè - compreende uma sequência de camada
intermédiaria de rochas metapelítica, calco-silicato e félsica, de
gnaisses metavulcânicas máfica e ultrámafica (> 1125 Ma);Suite de
Culicuiconsiste de granitos migmatíticosa não migmatíticos e de
gnaisses e leuco-granitos datados de 1075 Ma (Kröner et al. 1997) e o
Grupo do Alto Benfica, intruído por granitóides câmbricos e ordovícicos
panafricanos (530-450 Ma) pertencentes à Suite de Murrupula e de
Malema, e por pegmatitos (480-430 Ma) (GTK Consortium, 2006d).

6.1.2. Terreno do Gondwana Oeste

O soco cristalino do Terreno do Gondwana Oeste compreende rochas


ígneas e rochas supracrustais metamorfizadas. As últimas incluem o
Grupo de Chidzolomondo (fig.63), o Supergrupo de Zâmbuè (1200 –
1300 Ma), o Supergrupo do Fíngoè (1327± 16 Ma, Fig. 3.4), o Grupo de
Mualádzi, o Grupo de Cazula (1041 ± 4 Ma) e os ortognaisses e
paragnaisses do Rio Messuze.

Fazem também parte do Terreno do Gondwana Oeste, granitóides


denominados por Suites Intrusivas Irumides como, por exemplo, o
Granito da Serra Chiúta (idade superior a 1021 Ma, Fig. 3.5), o Granito
do Rio Capoche (1201 Ma), a Suite de Cassacatiza (1077 ± 2 Ma), a Suite
de Tete (1047 ± 29 Ma, Fig. 3.6), a Suite de Furancungo (1041 ± 4 Ma) e
muitas outras.

135
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

6.1.2.1. Grupo de Chidzolomondo (P2CD)

O domínio oriental da porção meridional do Grupo de Chidzolomondo


é compreendido por uma mistura de metassedimentos e rochas
metavulcânicas subordinadas, localmente fortemente deformadas.
Para leste, a sua textura torna-se gnáissica e predominam os
migmatitos e granulitos de composição intermédia.

Na porção sul-ocidental da zona meridional, os granulitos migmatíticos


de composição intermédia, associados com rochas félsicas

supracrustais, encontram-se
associados com quartzitos laminados distintos, de grão fino a médio,
ocorrendo ao longo do Rio Capoche, entre os tributários dos Rios Luia e
Cherisse.

Em resumo, o Grupo de Chidzolomondo é composto


predominantemente por uma variação de rochas granulíticas básicas a
intermédias, mostrando impressão sobreposta retrógrada variável. Em

136
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

todas as lâminas delgadas, salvo nas das rochas mais félsicas, foi
observada ortopiroxena. A clinopiroxena é menos comum.

Direcção Nacional de Geologia.

A cordierite, a granada, a biotite e a ortopiroxena são típicas na parte

Figura 63:Extracto da Carta Geológica Moçambique


de 1:250 000, Folha No. 1432 (Chifunde). Fonte:
meridional, enquanto a ortopiroxena e a clinopiroxena são comuns na
zonanorte. As rochas da zona meridional são também mais ricas em
quartzo. Sugere-se um protolito vulcânico para a parte norte do Grupo
de Chidzolomondo, devido à sua composição máfica global e à falta de
estruturas planares de grande escala como normalmente se encontram
de forma regular em ambientes estratificados.

A parte meridional da unidade sobressai pela ocorrência combinada


quer de sedimentos calcários e detríticos, quer de rochas vulcânicas. Os
dados disponíveis indicam que as rochas metamórficas, compondo a
parte meridional do Grupo de Chidzolomondo, foram submetidas a uma
137
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

história prolongada de deformação e metamorfismo, semelhante em


intensidade e duração àquelas que afectaram outros supracrustais
metamórficos que outrora pertenceram ao Grupo do Luia, (HUNTING,
1984).

6.1.2.2. Supergrupo de Zâmbuè (P2ZB)

O Supergrupo de Zâmbuè cobre uma área alongando-se por cerca de


200 km na direcção NE-SW, desde a vila fronteiriça de Cassacatiza na
região NE da área de trabalho, até à área de Zumbo no extremo
ocidental da Albufeira de Cahora Bassa.

O Supergrupo de Zâmbuè é constituído por metassedimentos e, em


menor quantidade, por rochas metavulcânicas, atribuídos ao Grupo de
Malowera (mais antigo), ao Grupo de Muze (mais recente) e à Formação
do Rio Mese.

6.1.2.2.1. O Grupo de Malowera consiste de variadas Meta-Arcoses


granitizadas (P2ZBa) da Formação de Metamboa, a qual forma a
unidade mais extensa do Supergrupo de Zâmbuè.

A Formação de Metamboa inclui também horizontes locais e finos de


Rochas Máficas Metavulcânicas (P2ZBav). Os horizontes máficos
encontram-se dispersos particularmente na área do Rio Piri-Piri. Na
porção mais ocidental de ocorrência do Supergrupo de Zâmbuè são
comuns os Ortoquartzitos (P2ZBqz) com Gnaisses Biotítico- Granatíferos
porfiroblásticos (P2ZBsn) da Formação de Sale-Sale (P2ZBsn) do mesmo
grupo. Encontram-se dobrados nas meta-arcoses da Formação de
Metamboa e formam uma paisagem dissecada com montes elevados e
uma crista de montanha.

138
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

6.2.2.2 O Grupo de Muze compreende uma variedade de tipos distintos


de rochas calcárias incluindo os mármores puros e de grão grosseiro da
Formação de Musamba (P2ZBm) com gnaisses calco-silicatados,
escarnitos e níveis de metachertes da Formação de Caduco (P2ZBc)
subordinados. As rochas de ambas as formações* são encontradas
como um cinturão curvilíneo com orientação N-S a NW-SE.

A Formação do Rio Mese (P2ZBgn) compreende ortognaisses e


paragnaisses formando parcialmente áreas separadas nas partes
meridionais e setentrional do Supergrupo de Zâmbuè. As rochas desta
formação apresentam-se localmente granatíferas e incluem
intercalações anfibolíticas.

Uma idade máxima de 1200 Ma – 1300 Ma para a deposição dos


sedimentos do Supergrupo de Zâmbuè é indicada por datação SHRIMP
de zircões detríticos de uma meta arcose do Grupo de Malowera.

6.1.2.3. Supergrupo do Fíngoè (P2F)

As rochas supracrustais do Fíngoè encontram-se expostas num cinturão


dobrado estreito, com 150 km de comprimento e orientado WSW-ENE,
estendendo-se do Monte Atchiza a oeste até cerca de 30 km para E da
vila de Fíngoè.

139
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Figura 64: Extracto da Carta Geológica de Moçambique 1:250 000, Folha No.1532
(Songo).Fonte: Direcção Nacional de Geologia.

As rochas supracrustais do Supergrupo do Fíngoè, consistem de uma


extensa variedade de rochas metassedimentares e metavulcânicas.
Rochas vulcânicas e alguns micaxistos predominam na parte ocidental
do Supergrupo, enquanto gnaisses/xistos siliciosos portadores de
epídoto, xistos quartzo-feldspáticos, várias rochas conglomeráticas e
metavulcânicas, e algumas rochas carbonáticas predominam na parte
central.

As rochas vulcânicas, normalmente de origem piroclástica, caracterizam


a parte oriental do cinturão dobrado. O Supergrupo do Fíngoè está
subdividido em dois grupos e quatro formações definidas
informalmente que são:

6.1.2.3.1. Grupo do Monte Messuco compreende (da base para o topo)


a Formação do Monte Rupanjaze (P2FR) e a Formação do Monte

140
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

Muinga (P2FG). A primeira compreende Metavulcanitos Máficos


(P2Frvm), Formações Ferruginosas
Bandadas (P2Frvfe), Rochas Piroclásticas Máficas e Micaxistos (P2FRvf)
e Metachertes (P2FRch). Entre estas duas formações, duas unidades –
Mármores (P2FSm) e Micaxistos (P2FSch) – ocorrem como não
especificadas para qualquer uma destas formações*. A Formação do

Monte Muinga compreende (da base para o topo) Rochas


Metavulcânicas Félsicas (P2FGfi), Rochas Metavulcânicas Máficas a
Intermédias (P2FGvi), Rochas Amigdalóides Máficas e Metavulcânicas
Félsicas (P2FGmf) e Aglomerados e Brechas Vulcânicas (P2FGb).

3.1.2.3.2. Grupo do Monte Tchicombe, o mais recente, inicia-se com


Rochas Metavulcânicas Félsicas (P2FHv) e Mármores (P2FHm), seguidas
na sequência estratigráfica por Quartzitos (P2FMqz), Meta-arenitos
(P2FMss) e Conglomerados Polimíticos (P2FMco) da Formação do Rio
Mucamba. A unidade mais superior do Grupo do Monte Tchicombe é a

Formação do Monte Puéque, composta por Gnaisses Calco-silicatados


(P2FPcc) e Micaxistos Calco-silicatados (P2FPmc).

As rochas metavulcânicas do Supergrupo do Fíngoè mostram uma vasta


e contínua gama de composições químicas, do basalto ao riolito. Foi
obtida uma idade mínima de 1050 ± 8 Ma. para o Supergrupo do Fíngoè,
a partir de uma rocha granítica intrusiva a metavulcânica félsica. Uma
idade directa e mais precisa de 1327 ± 16 Ma, para este supergrupo
derivou da datação de um seu membro metavulcânico.

3.1.2.4. Grupo de Mualádzi (P2D)

O Consórcio GTK definiu quatro unidades litológicas para o Grupo de


Mualádzi. As Rochas Metavulcânicas Máficas (P2Dvl) da Formação de
Macanda são a unidade litológica dominante do Grupo de Mualádzi,
141
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

cobrindo a maior área. Contém muitos horizontes de Conglomerados


polimícticos (P2Dvlc). Na parte sul da sua ocorrência foram encontrados
dois pequenos afloramentos de rochas metavulcânicas félsicas. A norte
da vila de Mualádzi, no interior das rochas metavulcânicas máficas,
Rochas Metavulcânicas Ultramáficas (P2Dvu) estão expostas ao longo
de um cinturão alongado alinhado segundo a direcção NNW. Um
horizonte de Quartzitos Ferruginosos Bandados (P2Dfe) encontra-se
exposto perto da fronteira com a Zâmbia, onde provavelmente forma
uma camada dobrada e falhada no seio de rochas metavulcânicas
máficas. Rochas metassedimentares em quantidade menor de classe
incerta incluem Quartzitos (P2Dq) e Micaxistos (P2Dc).As amostras das
litologias de Mualádzi analisadas formam uma suite bimodal com
composições ultramáficas e máficas prevalecentes. As rochas
vulcânicas foram classificadas como basaltos toleiíticos subalcalinos e
riolitos e as variedades mais máficas caíram no campo dos komatiítos
basálticos e ultramáficos. As rochas supracrustais do Grupo de Mualádzi
encontram-se completamente rodeadas pelos granitos da Suite de
Furancungo, datados de 1041±4 Ma.

6.1.2.5. Grupo de Cazula (P2C)

Nas cartas produzidas pelo Consórcio GTK as rochas do Grupo de Cazula


estão envolvidas pelos granitóides da Suite de Furancungo. O Grupo de
Cazula é predominantemente composto por meta-arenitos e gnaisses
quartzo-feldspáticos, apresentando anfibolitos, quartzitos e gnaisses
calco-silicatados subordinados. Nas áreas central e setentrional, os
anfibolitos são o litotipo predominante com estruturas sugerindo um
protólito vulcanogénico.

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Uma idade de 1041±4 M.a. (método de U/Pb) para o granito intrusivo


de Desanharama define a idade mínima dos estratos de Cazula,
semelhante à sequência de Mualádzi.

6.1.2.6. Ortognaisses e Paragnaisses do Rio Messuze (P2MZ)


A cerca de 70 km para leste da vila de Fíngoè, o soco compreende
gnaisses tonalítico (- granodioríticos), os quais sofreram deformação
polifásica e são cortados por diques graníticos de várias idades.
Também ali ocorrem gnaisses quartzo-feldspáticos granitizados,
ocasionalmente com acamamento primário. Os ortognaisses e
paragnaisses do Rio Messuze são rodeados por granitóides intrusivos,
que ocupam uma área de cerca de 100 km2.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1.Qual é o termo usado para indicar uma unidade tectónica de


dimensão variável, ou seja, uma placa litosférica, um fragmento de
placa ou, ainda, uma massa tectónica?
a) Terreno
b) Formação
c) Andar
d) Coluna

2.Qual é o Terreno composto por um núcleo arcaico, sedimentos de


plataforma proterozóicos e cinturões dobrados proterozóicos?
e) Gondwana Oeste
f) Gondwana Sul
g) Gondwana Este
h) Gondwana Sul e Oeste

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3.A margem oriental do Cratão Arcaico de Zimbabwe extende-se a


Moçambique. A parte norte da margem oriental do Cratão é atribuída:
a) Ao Complexo Mudzi b) Ao Complexo Mavonde
b) Ao Grupo de Manica d) Ao complexo Fíngoè.

4.Os supracrustais do cinturão de rochas verdes Mutare-Manica são


atribuídos ao Grupo Manica, que tem sido subdividido (da base ao
topo) em:

a) Formações de Macequece e Vengo.


b) Apenas formação de Macequece
c) Grupo Gairezi
d) Formação de Mudzi e Mavonde

5.Os granitóides caracterizados, em termos gerais, por composições


graníticas a tonalíticas pertence:
a) Complexo Mavonde b) Grupo
Manica
c) Complexo Mudzi d) Grupo
Umkondo

6. O interesse económico existente no Arcaico compreende:


a) Au, Cu, Sn. b) Areias pesadas.
c) Mármore e Calcário. d) Apenas

Respostas:
1. Alternativa correcta a) 2. Alternativa correcta b)
3. Alternativa correcta a) 4. Alternativa correcta a)
5. Alternativa correcta a) 6. Alternativa correcta a)

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UNIDADE Temática 6.2. Exercícios deste tema.

1. O soco cristalino que compreende rochas ígneas e rochas


supracrustais metamorfizadas chama-se:
a) Gondwana Oeste
b) Gondwana Sul
c) Gondwana Este
d) Gondwana Sul e Este
2. A área alongada por cerca de 200 km na direcção NE-SW, desde a
vila fronteiriça de Cassacatiza na região NE da área de trabalho, até à
área de Zumbo no extremo ocidental da Albufeira de Cahora Bassa
denomina-se:
e) Grupo de Manica
f) Supergrupo de Zâmbuè
g) Grupo de Malowera
h) Formação de Metamboa
i) Grupo de Muze
3.O terreno que compreende o Grupo de Chidzolomondo, o
Supergrupo de Zâmbuè, o Supergrupo do Fíngoè, o Grupo de Mualádzi
denomina-se:
j) Terreno do Gondwana Oeste
k) Terreno do Gondwana Sul
l) Terreno do Gondwana Norte
m) Terreno do Gondwana Este

4. Em Moçambique o jazigo mais importante do carvão é o de Moatize,


com 6 camadas. Este jazigo pertence:
a) Grupo de Manica
b) Bacias fanerozóicas
c) Soco cristalino

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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

d) Grupo de Malowera
e) Formação de Sena

5. A Formação que compreende (da base ao topo): Amfibolito


Bandado, Gneisse Calco-Silicatado, Mármore Inferior, Biotita
Gneisse, Mármore Superior e Quartzito Superior denomina-se:
a) Monte Pitão
b) Formação de Metamboa
c) Grupo de Manica
d) Supergrupo de Zâmbuè

6. O Grupo de Macossa e de Chimoio pertence:


a) Complexo Báruè
b) Supergrupo de Zâmbuè
c) Grupo de Malowera
d) Formação de Metamboa

UNIDADE Temática 7. Exercicios do fim do módulo.

1. Segundo a teoria, proposta por Wegener, o continente inicial


chamava-se:

a. Laurásia; b. Gondwana c. Pangeia d.Pantalassa


e. Nenhuma das anteriores

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1. Os cientistas descobriram fósseis de Cynognatus, fóssil de um animal


que viveu antes da separação dos continentes, na América e em
África. Esta observação insere-se:

a. Nos argumentos paleontológicos.


b.Nos argumentos paleoclimáticos.
c.Nos argumentos geomorfológicos.
d.Nos argumentos litológicos.
e.Nos argumentos litológicos.

2. A teoria da deriva dos continentes:

a) Baseava-se na formação dos fundos oceânicos.


b) Baseia-se nos movimentos do magma para explicar a deriva
dos continentes.

c) Baseia-se na capacidade dos seres vivos se deslocarem para


explicar a sua distribuição geográfica.

d) Não explicava qual a força que faz mover os continentes.

e) Nenhuma das anteriores

4. A Pangeia começou a fragmentar-se:

a) Na era paleozoica;

b) Na era mesozóica

c) Na era cenozóica

d) Na era proterozóica

e) Nenhum dos anteriores

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5. Foram descobertos indícios geológicos de glaciares em zonas


com climas tropicais. Em que argumentos incluis esta descoberta?

a) Morfológicos b) Geológicos
c) Paleontológicos d) Paleoclimáticos
e) Litológicos
6. Sobre as rochas que compõem a crosta terrestre, assinale a
alternativa correta.
a) As rochas sedimentares formaram-se pelo resfriamento e pela
solidificação de minerais da crosta terrestre, isto é, o magma.
b) As rochas metamórficas formaram-se a partir das transformações
sofridas pelas rochas magmáticas e sedimentares quando
submetidas ao calor e à pressão do interior da Terra.
c) As rochas magmáticas formaram-se a partir da compactação de
sedimentos de outras rochas.
d) O arenito e o calcário são exemplos de rochas metamórficas.
e) O gnaisse e o mármore são exemplos de rochas sedimentares.
7.Os ventos as chuvas, as ondas do mar, as mudanças de temperatura
são exemplos de agentes importantes na formação das rochas.
Assinale a alternativa que se refere às rochas que dependem desses
agentes para serem formadas:
a) Rochas Magmáticas intrusivas
b) Rochas Metamórficas
c) Rochas Magmáticas extrusivas
d) Rochas Sedimentares

8.Coloque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as


alternativas falsas.
a) Núcleo é a camada exterior da Terra e os cientistas acreditam que ele
seja formado por ferro e níquel.

b) O manto é formado por um material quente e pastoso chamado


magma.
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ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

c) As três camadas da Terra são: solo, subsolo e rocha base.


d) É na crosta terrestre que ocorre com frequência a formação de
lençóis d'água e onde encontra-se os recursos minerais.

e) A litosfera mede aproximadamente 150 km de espessura é formada


por rochas e minerais

9. As rochas são aglomerados naturais de incontáveis grãos de


minerais. Há três tipos de rochas diferentes. Relacione a primeira
coluna com a segunda:

( ) Rochas magmáticas ou ígneas ( ) Mármore

( ) Rochas sedimentares ( ) Basalto

( ) Rochas metamórficas ( ) Calcário

10. Sobre a composição da estrutura geral da Terra, afirma-se que:


I – A atmosfera é composta predominantemente de nitrogênio.
II – O manto corresponde ao conjunto de níquel e ferro derretido.
III – A biosfera resulta na interligação entre os elementos
naturais. IV – A maior parte da água da hidrosfera encontra-se no
estado líquido.

V – O núcleo terrestre é formado basicamente por silício e magnésio.

Estão corretas apenas as afirmativas


a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, IV e V.
d) II, III e V.
e) II, IV e V.

11. Qual das sentenças a seguir é verdadeira?

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a) O núcleo do planeta Terra é constituído essencialmente por


substâncias silicosas, o que lhe confere elevada densidade.
b) O núcleo da Terra é sólido na sua porção central, mas líquido no seu
entorno, porque a temperatura é muito maior na periferia do núcleo do
que no centro.
c) O manto é formado por silicatos em fusão e outras substâncias de
menor relevância que encontram-se em estado líquido e em
temperaturas que oscilam entre 200°C e 800°C.
d) A crosta é, na sua maior parte, formada por rochas que resultam do
resfriamento do manto.
e) A litosfera e a crosta constituem juntas a maior fração da massa do
planeta, totalizando cerca de 60% do volume planetário.

150
ISCED CURSO: GEOGRAFIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: GEOLOGIA APLICADA A GEOGRAFIA

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