Manual de Antropologia Cultural de Mocambique 2022
Manual de Antropologia Cultural de Mocambique 2022
Manual de Antropologia Cultural de Mocambique 2022
CURSOS DE LICENCIATURA
ANTROPOLOGIA GERAL
CRÉDITOS (SNATCA) 4
NÚMERO DE TEMAS 8
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UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
3
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Agradecimentos
Financiamento e Logística
Instituto Africano de Promoção da Educação
a Distância (IAPED)
Pela Revisão
2019
Ano de publicação
2022
Ano de actualização ISCED-Beira
Local de publicação
4
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Índice
Visão geral............................................................................................................................................. 9
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Antropologia ................................................................................ 9
Objectivos do Módulo ........................................................................................................................... 9
Quem deveria estudar este módulo ....................................................................................................... 9
Como está estruturado este módulo..................................................................................................... 10
Ícones de actividade ............................................................................................................................ 11
Habilidades de estudo.......................................................................................................................... 11
Precisa de apoio? ................................................................................................................................. 12
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................................... 13
Avaliação............................................................................................................................................. 13
TEMA 1: FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS ................................................................. 16
UNIDADE 1.1. Introdução Geral........................................................................................................ 16
Introdução............................................................................................................................................ 16
Sumário ............................................................................................................................................... 17
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 17
UNIDADE 1.2. Constituição e desenvolvimento das ciências sociais................................................ 19
Introdução............................................................................................................................................ 19
Sumário ............................................................................................................................................... 23
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 23
UNIDADE 1.3. Pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas ................................................. 24
Introdução............................................................................................................................................ 24
Sumário ............................................................................................................................................... 27
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 27
UNIDADE 1.4. Ruptura com senso comum ....................................................................................... 29
Introdução............................................................................................................................................ 29
Sumário ............................................................................................................................................... 30
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 31
TEMA 2: HISTÓRIA DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO .................................................... 32
UNIDADE 2.1. Origem ...................................................................................................................... 32
Introdução............................................................................................................................................ 32
Sumário ............................................................................................................................................... 33
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 35
UNIDADE 2.2. A curiosidade intelectual e o interesse pelo exótico.................................................. 36
Introdução............................................................................................................................................ 36
Sumário ............................................................................................................................................... 37
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 37
UNIDADE 2.3. A universalização da antropologia ............................................................................ 39
Introdução............................................................................................................................................ 39
Sumário ............................................................................................................................................... 41
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................................. 41
UNIDADE 2.4. As diferentes “cores” e campos de ............................................................................ 42
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Visão geral
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de
Antropologia Cultural de Moçambique
Objectivos do Módulo
▪
Conhecer a história da Antropologia e sua importância na vida
humana.
▪
Definir Antropologia Cultural.
Objectivos
▪
Específicos Aplicar os conhecimentos da Antropologia Cultural
paraidentificar e aplicar as diferentes teorias na resolução prática
de fenómenos observados.
▪
Reconhecer e interpretar tendências e novas abordagens no
contexto das dinâmicas sociais.
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas, algumas incluindo estudo de caso.
Outros recursos
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Ícones de actividade
Habilidades de estudo
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Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC´s se
tornam incontornáveis: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
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Avaliação
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Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
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Introdução
▪
Conhecer os fundamentos da antropologia duma forma geral
e cultural em particular;
▪
Acompanhar as dinâmicas sociais seus efeitos na essência do
Objectivos
específicos Homem;
▪
sociais para o Homem
Identificar a importância das ciências
como indivíduo e como grupo.
Desenvolvimento
Muitos estudiosos Assis (2008), Batalha (2004), Nunes (2005) quando
falam sobre o conceito de ciência, convergem na sua maioria na
palavra conhecimento, no sentido de que, ciência é conhecimento no
seu sentido lato, isto é, um conhecimento organizado. De acordo com
Peirano (1986) o caracteriza a ciência não é só o modo como são os
conteúdos dos mesmos conhecimentos ou organização dos discursos,
proferidos na oralidade, como uma das formas de exteriorização do
conhecimento, mas o próprio discurso científico é que possui
características próprias.
A ideia de Peirano (1986) é corroborada com Maía (2000) quando
falam de que não se faz ciência sobre o geral, mas faz-se sim, ciência
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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Respostas
1. Conhecimento
2. Através da delimitação do discurso/objecto de estudo
3. Para provar os factos.
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Introdução
▪
Objectivos Caracterizar a neutralidade nas ciências:
▪
específicos Conhecer as diferentes fontes de conhecimento
Desenvolvimento
Batalha (2004) afirma que a prática da ciência está ligada a um
projecto que nunca é neutro e desinteressado, mas que se insere na
história e nos conflitos dos homens. Para ele a, o objectivo das ciências
sociais perpassaria em reconhecer o conhecimento como
característica do ser humano, identificar as características do senso
comum, distinguir o conhecimento científico do senso comum bem
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c)Conhecimento filosófico
d)Senso comum
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Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que
a humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre
formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência.
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Sumário
1. Da prática a teoria
2. As diferentes fontes de conhecimento
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.para obtenção do conhecimento científico
2. Mito, religioso, filosófico, senso comum, etc.
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Introdução
▪
Caracterizar a pluralidade, diversidade e multidisciplinaridade
nas ciências sociais
Objectivos ▪
Saber interpretar os diferentes fenómenos observados no âmbito
específicos da pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas ciências
sociais
Desenvolvimento
Marconi (2006) advoga que ao contrário das Ciências Naturais, as
Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade,
com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as
interpretações que são feitas sobre a realidade.
Neste sentido, no que se refere ao objecto de estudo e, consequentemente
ao método de investigação, as ciências sociais diferem bastante das
ciências naturais. Peirano (1986) diz que tal diferença, aliás, suscita
intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento
produzido pelas ciências sociais. Os argumentos utilizados têm como
princípio epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como verdadeiras
ciências, à medida que elas tratam com eventos complexos, de difícil
determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente
dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de
alguma forma, envolvido com os fenómenos que pretende investigar
dificultando a objectividade e a neutralidade científica (Marconi, 2006:
Peirano 1986)
De acordo com os mesmos autores, afirmam que é possível,
percebermos, portanto, que as ciências sociais não podem ser
enquadradas em modelos de cientificidade de outras ciências, pois
possuem uma racionalidade e especificidades próprias, relativas ao seu
objecto de estudo.
Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou
técnicas rígidas e rigorosas, nem
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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Respostas
1. Quando a formulação obedece os procedimentos científicos
2. Quando o problema é sentido também pela sociedade
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Introdução
▪
Aprofundar o senso comum
▪
Conhecer a evolução do conceito
▪
Objectivos Identificar mecanismos de aplicação na vida social
específicos
Desenvolvimento
É interessante observar que linguagem e pensamento são coisas
indissociáveis, não se pode conceber uma sem a outra. Os conceitos
nascem nos quotidianos (senso comum) são apropriados pelo meio
científico e tornam-se científicos ao romperem com esse quotidiano, com
esse senso comum. O vasto conjunto de concepções geralmente aceitas
como verdadeiras em determinado meio social recebe o nome de senso
comum.
Retomando a ideia de Francelin (2004) que as coisas por si só não têm
sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do
senso comum, que é algum sentido dado colectivamente às coisas vividas.
Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras
diversas coisas, situações e relações entre factos, coisas e situações.
Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem vivido, isto é,
sistemas de conhecimento.
Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, conceitos
erróneos são formulados e adoptados por colectividades. É o caso do
cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não fuma em
ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. Algo simples
como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade
estabelecesse mais uma diferença fundamental entre formas de
pensamento humano, entre o senso comum e a ciência.
Nesse sentido, a ciência moderna "construiu-se contra o senso comum",
considerando-o "superficial, ilusório e falso" e a ciência pós-moderna vem
para reconhecer os valores ("virtualidades") do senso comum que
enriquecem a "nossa relação com o mundo", ou seja, o senso comum
também produz conhecimento, mesmo que ele seja um "conhecimento
mistificado e mistificador". Mas, apesar disso e apesar de ser conservador,
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tem uma dimensão utópica e libertadora que pode ser ampliada através
do diálogo com o conhecimento científico" (FRANCELIN , 2004)
A aproximação do conhecimento do senso comum ao conhecimento
científico com a da descrição de algumas características do próprio senso
comum, tais como causa e intenção; prática e pragmática; transparência
e evidência; superficialidade e abrangência; espontaneidade;
flexibilidade; persuasão.
Como boa parte dos pensadores pós-modernos, Santos (2000) não deixa
de mencionar a influência exercida em sua obra pelo pensamento
bachelardiano e, seguindo o pensamento deste último, diz que o
conhecimento científico somente é possível mediante o rompimento com
o conhecimento vulgar, com o senso comum. A ciência ", a ciência
constrói-se, pois, contra o senso comum, e para isso dispõe de três actos
epistemológicos fundamentais: a ruptura, a construção e a constatação"
(Santos, 2000, p.31).
De acordo com Francelin (2004) a caracterização do senso comum não
passa, necessariamente, por critérios de verdade ou falsidade, mas sim
pela "falta de fundamentação sistemática", ou seja, recebem e emitem
opiniões sem saber por que e o que significam. São processos acríticos nos
quais um indivíduo concebe um conjunto de informações como
conhecimentos, sem saber realmente o que significam, e os utiliza na
prática quotidiana como se fossem verdadeiros e definitivos, sendo estes
últimos apenas "conhecimentos provisórios e parciais" (Francelin, 2004
citando Cotrim, 2002). No meio científico, os conhecimentos também
podem ser provisórios e parciais, podem dar lugar a novos conhecimentos
que surgem ao longo do tempo através de novas pesquisas.
Francelin (2004) afirma que a grande diferença é que no meio científico
deve haver plena consciência de que uma pesquisa que leva a um novo
conhecimento não é definitiva. O senso comum, portanto, descarta essa
premissa, pois as opiniões obtidas podem ser emitidas como verdadeiras
e definitivas. A ciência, aparentemente, busca por meio de seu rigor na
pesquisa, no debate e crítica de opiniões, afastar-se do senso comum.
Sumário
30
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.A ciência moderna constitui-se contra o senso comum,
considerando-o superficial, ilusório e falso.
2.É possível mediante o rompimento com o conhecimento vulgar, com senso
comum, e para isso dispõe de três actos epistemológicos fundamentais: a
ruptura, a construção e a constatação.
3.Pesquisa leva a um novo conhecimento e não é definitivo. Senso
comum descarta essa premissa.
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Introdução
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Desenvolvimento
O surgimento da Antropologia aconteceu devido a curiosidade
do respeito de si mesmo, independentemente do seu nível de
desenvolvimento cultural. De acordo com autores como
Francelin (2004), Batalha (2004), Assis (2008), Casal (1996) e
Gusmão (2008) falam do surgimento da antropologia, apontando
que surgiu na idade clássica, no século V ac. com a figura de
Herótodo que é considerado o pai da antropologia, que
caracterizou minuciosamente as culturas circulantes. Os gregos
foram os que mais reuniram informações sobre povos diferentes.
De acordo com estes autores, até o século XVIII a antropologia
pouco se desenvolveu. Os estudos antropológicos iniciaram-se
efectivamente a partir de meados do século XVIII quando a
antropologia passa a adquirir sua categoria de ciência, quando
Linneu classificou os animais, relaciona o homem entre os
primatas.
Copans (1999) e Maía (2000) dizem que a Antropologia
sistematizou-se como ciência depois que Darwin trouxe a teoria
evolucionista. O progresso da antropologia no século X é
resultado das descobertas anteriores relativas ao homem Franz
Boas é considerado o pai da Antropologia Moderna, pois foi
quem incentivou as pesquisas de campo em carácter científico
(ASSIS, 2008).
A antropologia vem adquirindo importância cada vez maior no
mundo moderno, onde o isolamento cultural é quase impossível
e onde os contactos são inevitáveis e se multiplicam, levando
muitas vezes a situações conflituantes. Gusmão (2008) diz que a
antropologia empenha-se na solução dessas situações,
procurando minimizar os desequilíbrios e tensões culturais e
tentando fazer com que as culturas atingidas sejam menos
molestadas e seus valores e padrões respeitados. Aplica
conhecimentos antropológicos, físicos e culturais na busca de
soluções para os modernos problemas sociais, políticos e
económicos, dos grupos simples e das sociedades civilizadas
(MAÍA, 2000).
Por isso mesmo que Casal (1996) corroborando com Peirano
(1995) afirma que a finalidade da antropologia é o fornecimento
do maior número possível de estudos sobre grupos humanos,
uma vez que cada um deles é o produto de uma experiência
cultural particular.
Sumário
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
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Introdução
▪
Explicar o porque de tantas diferenças entre grupos humanos
▪
Objectivos Explicar o homem, a sociedade e a cultura a partir de circunstâncias específicas
específicos ▪
Definir os paradigmas de explicação e compreensão do homem e do mundo
Desenvolvimento
Ao longo da nossa disciplina, aprendemos que os homens sempre
tiveram uma grande curiosidade acerca do porquê das diferenças
humanas e sociais. De acordo com Francelin (2004) a busca por essa
explicação a princípio tomou como base a aparência física: cor de pele,
cabelo e olhos, formato dos olhos, textura dos cabelos, altura etc.
Gradativamente, os estudiosos perceberam que o parâmetro da
aparência física não servia para explicar a diversidade.
De acordo com o mesmo autor, o critério mais relevante está no modo
de vida, particular ou próprio de cada grupo humano. Ou seja, as
diferenças seriam oriundas das formas encontradas pelo homem na
busca da satisfação de suas necessidades mínimas (fisiológicas e
psicológicas), a partir das condições dadas para a sua sobrevivência: a
natureza, o conhecimento e o domínio do conhecimento.
Consubstanciado a ideia trazida pelo Francelin (2004), Copans (1999)
afirma que a necessidade premente de conhecer-se e conhecer os
outros, entender e explicar o porquê de tantas diferenças entre os
grupos humanos, ao longo dos tempos, consubstanciou os modelos
explicativos.
No quadro das ciências humanas, a maioria dos paradigmas se
constituiu da confluência de saberes oriundos de distintas ciências.
Cada ciência humana é composta por visões interpretativas, por meio
das quais os estudiosos observam, analisam e explicam o homem, a
sociedade e a cultura, a partir de circunstâncias específicas. Ou seja, a
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Modo de vida
2.Tempo, espaço, peculiaridades histórico-sociais e cognitivas
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Introdução
▪
Compreender a etnologia e sua aplicação
▪
Conhecer os grandes precursores da universalização da antropologia
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
De acordo com Corrêa (2010) uma tentativa de universalização do
significado dos termos pode ser encontrada na obra do antropólogo
francês Claude Lévi-StrauusAntropologia Estrutural. Sua proposta é a
seguinte:
A etnografia - corresponde aos primeiros estágios da pesquisa:
observação e descrição, trabalho de campo (field-work). Uma
monografia, que tem por objecto um grupo suficientemente restrito
para que o autor tenha podido reunir a maior parte de sua informação
graças a uma experiência pessoal, constitui o próprio tipo do estudo
etnográfico. Para Copans (1999) a etnologia - representa um primeiro
passo em direcção à síntese. Corrêa (2010) afirma que sem excluir a
observação directa, ela tende para conclusões suficientemente
extensas e que seja difícil funda-las exclusivamente nem conhecimento
de primeira mão. Esta síntese pode operar-se em três direcções:
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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Introdução
▪
Conhecer os diferentes campos da antropologia
▪
Identificar as suas características
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
De acordo com Corrêa (2010) a ciência antropológica é comummente
dividida em duas esferas principais: a antropologia biológica (ou física)
e antropologia cultural (ou social). Cada uma delas actua em campos de
estudo mais ou menos independentes, pois especialistas numa área
frequentemente consultam e cooperam com especialistas na outra
área.
A antropologia biológica é geralmente classificada como uma ciência
natural, enquanto a antropologia cultural é considerada uma ciência
social. A antropologia biológica, como o nome já indica, dedica-se aos
aspectos biológicos dos seres humanos. Busca conhecer as diferenças
ditas raciais e étnicas, a origem e a evolução da humanidade.
Os antropólogos desta área de conhecimento estudam fósseis e
observam o comportamento de outros primatas. A antropologia
cultural dedica-se primordialmente ao desenvolvimento das
sociedades humanas no mundo. Estuda os comportamentos dos grupos
humanos, as origens da religião, os costumes e convenções sociais, o
desenvolvimento técnico e os relacionamentos familiares.
Um campo muito importante da antropologia cultural é a linguística,
que estuda a história e a estrutura da linguagem. A linguística é
especialmente valorizada porque os antropólogos se apoiam nela para
observar os sistemas de comunicação e apreender a visão do mundo
das pessoas. Através desta ciência também é possível colectar
histórias orais do grupo estudado. História oral é constituída na
sociedade a partir da poesia, das
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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Respostas
1. Estuda os comportamentos dos grupos humanos
2.Estuda aspectos biológicos dos seres humanos
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Introdução
▪
Dominar os marcos de surgimento da antropologia
▪
Descrever os processos queditaram a transformação ou evolução da
antropologia como ciência
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Segundo Gusmão (2008) a antropologia, como ciência da
modernidade, coloca seu aparato teórico construído no passado, com
possibilidade de, no presente, explicar e compreender os intensos
movimentos provocados pela globalização: de um lado, os processos
homogeneizantes da ordem social mundial e, de outro, contrariando
tal tendência, a reivindicação das singularidades, apontando para a
constituição da humanidade como una e diversa. Contudo, essa
tradição é hoje alvo de controvérsias, na medida em que os fatos
decorrentes da intensa transformação da realidade parecem não
estar contidos em seus princípios explicativos.
Para Gusmão (2008) nesse campo de tensão, defende-se que ora a
trajectória da antropologia tem sido a de avaliar as diferenças sociais,
étnicas e outras com a finalidade de proporcionar alternativas de
intervenção sobre a realidade social de modo a não negar as diferenças;
ora não seria a tradição antropológica suficiente para dar conta do
contexto político das diferenças e, como tal, estaria superada em seus
propósitos.
Decorrentes do questionamento que afecta as ciências humanas de
modo geral ainda na segunda metade do século XX, e em particular a
antropologia, emergem outras perspectivas teóricas, dentre as quais se
destacam os chamados estudos culturais, cuja definição se dá no
interior das correntes ditas pós-modernas.
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Como campo disciplinar no passado e no presente coloca em
questão a dimensão política
2.A preservação, a protecção, a transformação e a repressão como
objecto de políticas dirigidas ao mundo do outro
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Introdução
▪
Diferenciar a antropologia interpretativa da pós moderna
▪
Conhecer os campos de aplicação dos princípios teóricos destas duas abordagens
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
De acordo com Jordão (2004) os primeiros sinais da abordagem
interpretativa na antropologia datam da década de 1960, e têm a ver
com a influência dos estudos literários e da crítica literária. Um dos
primeiros antropólogos a popularizar a ideia de que as culturas são
como textos literários à espera de interpretação antropológica foi
Clifford Geertz (1973). Segundo ele, os antropólogos (ou melhor, os
etnógrafos) são intérpretes selectivos que escolhem os aspectos que
mais lhes interessam nas sociedades que estudam. São eles que tornam
a cultura do “outro” acessível a um “público” ansioso por consumir a
diferença, e a diferença é aquilo que esse público não encontra na sua
própria cultura e que acha fascinante na cultura dos outros. O
antropólogo funciona como um intérprete que torna inteligíveis as
coisas estranhas após o exercício da sua capacidade interpretativa, uma
espécie de tradutor intercultural que só traduz as partes que acha
capazes de cativar a sua audiência (Geertz 1973,Marcus &Fischer 1986).
Para muitos antropólogos a interpretação é o único objectivo que a
antropologia pode prosseguir com sucesso.
Aos defensores da “antropologia interpretativa” opõem-se os
defensores de uma “antropologia científica”, baseada em critérios de
observação e análise semelhantes aos das ciências naturais. Jordão
(2004) citando William Haviland (1934) é um conhecido defensor da
antropologia enquanto ciência, o que aliás se vê pela maneira como a
antropologia é tratada no seu manual, sucessivamente re-editado ao
longo das últimas três décadas.
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Desde a década de 1960
2. A interpretação e a explicação não se excluem mutuamente, podem
antes ser abordagens complementares.
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Introdução
Desenvolvimento
A investigação antropológica envolve a comparação entre sociedades, ou
culturas, tendo em conta as mudanças culturais e biológicas que nelas
ocorrem. O âmbito global da antropologia é demasiado amplo, pelo que
a disciplina se foi organizando em subdisciplinas e especialidades. De
acordo com Batalha (2004) apresenta:
Antropologia biológica
Este campo começou por ser o estudo da morfologia anatómica das
“raças humanas” passando mais tarde ao estudo das suas
características genéticas. Hoje interessa-se pela relação biológica entre
os humanos e os primatas e pela evolução dos hominídeos
antepassados da actual população humana. A ideia de evolução é
fundamental para esta disciplina e um dos seus objectivos é estabelecer
a origem da espécie humana pelo estudo de fósseis. A genética e a
bioquímica estão muito ligadas ao trabalho dos antropólogos-biólogos.
A antropologia biológica faz também estudos sobre a distribuição de
características físicas que são relevantes para a indústria do vestuário e
calçado (aos fabricantes interessa saber a frequência e distribuição dos
tamanhos nos diferentes mercados, de modo a ajustar a sua produção
Arqueologia
A arqueologia está para a antropologia como a paleontologia está para a
biologia.Sem ela os antropólogos não seriam capazes de descrever e
explicar a evolução cultural humana. Procura reconstruir o passado da
cultura material das sociedades humanas, através do estudo dos
materiais e artefactos usados pelas populações humanas no seu
quotidiano.
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Antropologia cultural
Envolve o estudo detalhado das diferentes sociedades humanas. Ou,
como diz Bates, “o estudo detalhado de culturas tomadas
individualmente, designado por etnografia, assim como a análise e
interpretação dos dados recolhidos de modo a descobrir padrões
culturais, designado por etnologia”. Esta definição é tipicamente norte-
americana e revela uma preocupação universalista ausente na
antropologia social. Esta está mais preocupada com os casos particulares
e menos com as regularidades culturais universais.
É comum utilizar-se a simples designação antropologia, em vez de
antropologia cultural ou antropologia social. Usualmente, e por defeito,
antropologia é entendida no sentido cultural e social.
De entre os muitos aspectos culturais que se lhe deparam, o(a)
antropólogo (a) (na sua qualidade de etnógrafo(a)) tem sempre de fazer
escolhas em função do que considera ser mais relevante para o tipo de
pesquisa que se propõe fazer. Essas escolhas prendem-se com as
diferentes esferas da vida socio--cultural humana: a economia, a
tecnologia, a organização social, as representações mentais e ideologia, a
religião, a magia, etc.
Dentro da antropologia cultural uma das actividades mais relevantes é a
etno-história, que se ocupa da história dos “povos nativos” e seus
descendentes. A análise da história oral, dos relatos deixados por
exploradores, missionários e comerciantes são as principais fontes da
etno-história. No caso de sociedades já desaparecidas, as principais fontes
são a análise dos títulos de propriedade das terras, dos registos de
nascimento e morte, ou quaisquer outros documentos disponíveis.
Contudo a perspectiva antropológica distingue-se da histórica. Convém
no entanto dizer que as fronteiras da antropologia cultural e social com
a história, assim como com outras disciplinas académicas, são cada vez
mais difíceis de traçar.
Antropologia social
A antropologia social nasceu na Europa e distingue-se da cultural por não
ser tão ambiciosa em termos de grandes teorias e princípios capazes de
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Etnografia
Significa literalmente “escrever sobre os povos” e designa a actividade
antropológicade recolha de informação através da observação
participante, prática que consiste em ficar durante meses num lugar
estudando a vida de um grupo de pessoas ou de uma pequena sociedade.
A permanência do etnógrafo (o antropólogo na sua função de recolha de
informação) durante alguns meses no seio da sociedade ou grupo humano
que pretende observar garante informação em primeira-mão, que de
outro modo não poderia ser recolhida.
O conhecimento etnográfico baseia-se na experiência de participação do
próprio etnógrafo na vida social que pretende descrever e analisar.
Durante o chamado trabalho de campo o etnógrafo recolhe informação,
questionando, filmando, fotografando, sobre os diferentes aspectos da
vida social do grupo ou comunidade. Tradicionalmente, a etnografia fazia-
se em pequenas comunidades, que raramente ultrapassavam algumas
centenas de pessoas, e em muitos casos não iam além de uma centena. A
informação etnográfica mais importante encontra-se nas esferas da
economia (de que vive o grupo ou a comunidade), tecnologia
(ferramentas e técnicas de uso), organização social (formas de parentesco
e casamento), actividade política (grupos de interesse, formas de resolução
dos conflitos, relações com o exterior, formas de decisão), religião, magia,
ciência e outras estratégias usadas no controle o mundo envolvente.
A essência da etnografia é a aprendizagem do modo de vida do “nativo”
através da prática em conjunto e da partilha com o próprio e não a mera
recolha de informação. O etnógrafo trata as pessoas como parceiros de
interacção e não como “objectos” de estudo.
Os objectivos do etnógrafo podem ser muito variados, desde obter uma
visão geral da sociedade estudada até à compreensão de uma questão ou
detalhe particular.
Etnologia
Consiste na interpretação e análise da informação etnográfica. A
separação entre a etnologia e a etnografia não é fácil de estabelecer, pois
não só frequentemente o etnólogo e o etnógrafo são a mesma pessoa
como este é sempre guiado por alguma orientação teórica no seu
trabalho de campo. Não existe recolha cega de informação, qualquer
tarefa etnográfica é sempre orientada por escolhas determinadas pela
teoria etnológica, seja ela qual for.
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Antropologia linguística
Sendo a língua o principal meio de codificação e transmissão de cultura
não é de estranhar que a antropologia linguística seja um ramo da
antropologia geral. Trata-se de um desenvolvimento particular da
linguística ao serviço da antropologia. A linguagem é o aspecto mais
importante da cultura humana, uma chave para a compreensão dos
outros aspectos. Os antropólogos linguistas estudam a língua na sua
diversidade, origem e evolução. Mais recentemente desenvolveu-se um
ramo, a sociolinguística, que explora as relações entre a língua e as
relações sociais, assim como os usos sociais da língua em cada sociedade.
O primeiro passo, e mais importante, de um antropólogo quando se
propõe estudar “outra cultura” é aprender a língua. A ligação entre a
linguística e a antropologia aconteceu sobretudo nos EUA.
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Biológica, arqueológica, cultural, social, etnografia, etnologia,
linguística
2.É a língua
3.É o principal meio de codificação e transmissão da cultura
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Introdução
▪
Definir a antropologia
▪
Conhecer as abordagens da antropologia
▪
Caracterizar a antropologia cultural
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
A noção de cultura é das mais enganosas para o estudante de
antropologia, devido ao facto de ter na antropologia, e nas ciências
sociais em geral, um uso diferente da linguagem quotidiana. Este
associa cultura a determinados aspectos da vida social, como saber ler,
saber música, ser pessoa de grande saber, ser culto, etc. Na linguagem
corrente ter cultura significa ser instruído em termos literários,
científicos, musicais e artísticos (GUSMÃO, 2008)
Refere-se ao modo de vida global em qualquer sociedade, e não
simplesmente aos aspectos que cada sociedade considera superiores
ou mais desejáveis. Assim, cultura, quando aplicada ao nosso próprio
modo de vida, não tem nada a ver com tocar piano ou ler Browning.
Para o cientista social, tais actividades são apenas elementos
pertencentes ao todo cultural (JORDÃO, 2004)
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O qual inclui coisas tão mundanas como lavar pratos e guiar, as quais,
em termos de estudo da cultura, valem o mesmo que as actividades
“refinadas” da vida social. Daí que para os cientistas sociais não existam
sociedades ou indivíduos incultos. Para Maía (2000) cada sociedade tem
uma cultura, por mais
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simples que ela possa ser, e todo o ser humano é nesse sentido um
ser culto.
Para Spiro (1998) o paradigma da cultura é composto por um conjunto
diversificado de escolas teóricas, orientações filosóficas ou
pressupostos ideológicos. A razão desta multiplicidade encontrasse no
fato de que conhecer o universo da cultura tornou-se uma forma de
contribuir para o entendimento da natureza humana, sem contar que
através da compreensão do universo cultural é possível propor ou
encontrar alternativas e soluções para os problemas sociais, planejar
formas de promover o convívio harmonioso entre os grupos humanos
e o desenvolvimento.
Na Antropologia segundo Gusmão (2008) e Jordão (2004) privilegiam-
se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades.
Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como
alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural são
tratadas por essa ciência, que, em seus primórdios estudava povos e
grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao
longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar
grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o
exótico, o distante, em familiar.
Assim, Geertz (1973) afirma em sua história que, a Antropologia revelou
estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas,
identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco,
formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. Também
desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos,
enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em
critérios de raça, cor, etnia, género, orientação sexual, nacionalidade,
regionalidade, afiliação religiosa, ideologia política, sistemas de crenças
e valores, estilos de vida etc.
1. "Culturas são sistemas (de padrões de comportamento socialmente
transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos
seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades
inclui tecnologias e modos de organização económica, padrões de
estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças
e práticas religiosas, e assim por diante."
2. "Mudança cultural é primariamente um processo de adaptação
equivalente à selecção natural." "O homem é um animal e, como todos
animais, deve manter uma relação adaptativa com o meio circundante
para sobreviver. Embora ele consiga esta adaptação através da cultura,
o processo é dirigido pelas mesmas regras de
selecção natural que governam a adaptação biológica."
Sumário
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural
2. A segunda abordagem é aquela que considera cultura como
sistemas estruturais
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Introdução
Desenvolvimento
De acordo com Maía (2000) falando sobre origem, no século XIX,
definiu-se como um empreendimento científico destinado a
compreender as origens da humanidade e a natureza cultural e
biológica dos povos “primitivos” ou “selvagens”. Mas à medida que o
mundo “primitivo” foi desaparecendo, a antropologia virou-se para a
própria sociedade onde nasceu: a sociedade industrial e pós-
industrial. Convém dizer que o pensamento antropológico é
significativamente mais antigo do que a antropologia como disciplina
académica.
Para Gusmão (2008) a origem daquele pode situar-se com alguma
precisão entre a publicação da obra de John Locke Na Essay
Concerning Human Understanding (1690) e o rebentar da Revolução
Francesa (Harris 1968). Isto se ignorarmos toda a actividade reflexiva
de natureza antropológica ocorrida antes (e. g. Grécia Antiga, Mundo
Árabe, China, etc.) de o “Ocidente” existir como categoria
hegemónica.
O conceito de cultura é uma preocupação intensa actualmente em
diversas áreas do pensamento humano, no entanto a Antropologia é
a área por excelência de debate sobre esta questão (BATALHA, 2004)
De acordo com o mesmo autor, desde sempre os homens se
preocuparam em entender por que outros homens possuíam hábitos
alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias, de acessarem
o sagrado de maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de
formas de vida dá-se o nome de diversidade cultural.
Contudo, segundo Jordão (2004) concordando com Gusmão (2008) e
Assis (2008) foi a partir da descoberta do Novo Mundo, nos séculos
XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida
completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais
intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes. É
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Cinge-se na relação entre indivíduo, grupo e sociedade
2.É a totalidade de padrões diversos aprendidos e desenvolvidos pelo
ser humano
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Introdução
Desenvolvimento
De acordo com Batalha (2004) não existem sociedades sem
indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos
por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna
um membro activo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se
de acordo com determinados atributos pré-concebidos. O indivíduo,
assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à
cultura.
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em
perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social,
o indivíduo perpetua o status quo. Como indivíduo, ajuda a
transformá-lo quando há necessidade (GUSMÃO, 2008). Desde que
nenhum ambiente se apresente completamente estacionário,
nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem
sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
Segundo Jordão (2004) citando Scaglion (1998) as pessoas são
sujeitos activos no meio - tomam posições fazendo novas
interpretações, recebendo e construindo criativamente um processo
cultural em determinada época histórica. Cultura, indivíduo e
actividade indivíduo e sociedade importância da filogénese dos
processos psicológicos - no decorrer do desenvolvimento o ser
humano é moldado pela actividade cultural de outros.
De acordo com a mesma fonte, o individuo se constitui através da
rede de inter-relações sociais - tendo "instintos" ou comportamentos
pré-programados, passa através da vida social a adquirir a fala e
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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Respostas
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Introdução
Desenvolvimento
O Património Cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de
natureza material e imaterial considerado importante para a
identidade da sociedade.
O património material é formado por um conjunto de bens culturais
classificados segundo sua natureza: arqueológico, paisagístico e
etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas (MAIA, 2000).
Eles estão divididos em bens imóveis – núcleos urbanos, sítios
arqueológicos e paisagísticos e bens individuais – e móveis – colecções
arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos,
arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
Para Jordão (2004) património Imaterial é transmitido de geração em
geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em
função de seu ambiente, interacção com a natureza e sua história,
gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo,
assim, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade
humana.
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.são conhecimentos enraizados no quotidiano das comunidades
2.bem de natureza material e imaterial
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Introdução
▪
Conhecer as principais correntes antropológicas
▪
Caracterizar cada corrente antropológica estudada
▪
O papel delas na interpretação das diferentes manifestações sociais
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Ao longo dos seus pouco mais de cem anos de existência como
disciplina académica, a antropologia produziu um conjunto de teorias
muitas vezes em oposição entre si (ERIKSEN E NIELSEN, 2007).
Basicamente, essas teorias distribuem-se por dois paradigmas
alternativos: um, o paradigma “científico”, inspirado nas ciências
naturais, outro, a que podemos chamar “interpretativo”, o que
considera a antropologia como a arte da interpretação e não como
uma ciência (BATALHA, 2004).
Os adeptos do primeiro paradigma defendem que a actividade
antropológica pode ter um carácter científico, enquanto os segundos
dizem que a objectividade, tão apregoada pelo discurso científico, é
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O evolucionismo
A época em que a antropologia emergiu como ciência, segunda metade
do século XIX, foi marcada pelo triunfo das ideias evolucionistas.
Como afirma Lelatine (2003) na antropologia, as teorias evolucionistas
estão associadas a nomes pioneiros, como o britânico Edward
BurnettTylor (1832-1917) e o americano Lewis Henry Morgan (1818-
1889). O evolucionismo era também a doutrina que melhor servia os
interesses do colonialismo e a ideologia dos administradores coloniais,
uma vez que continha uma escala hierarquizada de instituições e
valores culturais, no topo da qual se encontravam os valores da
“civilização” europeia (Kuper 1996), legitimando assim a colonização
“civilizadora”.
A principal ideia do evolucionismo consistia em defender que a cultura
e as sociedades evoluem, tal como as espécies e os organismos, a partir
de formas mais simples até chegarem a outras mais complexas. Tanto
Tylor como Morgan afirmavam que as sociedades passam por estádios
de evolução até chegarem às formas mais complexas da vida social.
Acreditavam também que era possível encontrar ainda no século XIX
sociedades em diferentes estádios e graus de evolução.
Para Eriksen e Nielsen (2007) as teorias evolucionistas não explicam
satisfatoriamente toda a diversidade cultural. Porque é que umas
sociedades “evoluíram” para a “civilização” enquanto outras se
mantiveram na “selvajaria”? Se existe uma unidade química da
humanidade, então como se explica toda a diversidade cultural
existente? Mais, existe hoje evidência etnográfica e histórica de que
nem todas as sociedades passaram pelas mesmas fases na sua marcha
evolutiva para a “civilização”.
O particularismo histórico
Os primórdios do século XX trouxeram a crítica ao evolucionismo por
parte da antropologia cultural norte-americana.
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O difusionismo
Eriksen e Nielsen (2007) diz que o difusionismo tornou-se popular, nos finais
do século XIX, quando o evolucionismo era ainda uma teoria influente, e
constituiu um domínio das teorias evolucionistas. Existiram duas escolas
principais: uma na Alemanha-Áustria e outra na Grã-Bretanha. A sua ideia
central era a de que as civilizações mais “avançadas”, das quais a Europa
representava o expoente máximo, tinham a sua origem no velho Egipto,
considerado uma civilização avançada devido ao facto de nela se ter
desenvolvido a prática da agricultura muito cedo e de esta ter levado ao
desenvolvimento de formas de religião, arquitectura e arte muito
“avançadas”. Para os difusionistas britânicos, a evolução independente
e paralela parecia de menor importância, senão mesmo uma concepção
errada. Para eles, a difusão a partir do Egipto explicava o
desenvolvimento de todas as outras civilizações.
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O funcionalismo e o estrutural-funcionalismo
Para Eriksen e Nielsen (2007) estes dois paradigmas, que fazem hoje
parte do museu da teoria antropológica, marcaram a antropologia
social europeia, sobretudo britânica, até pelo menos ao início da década
de 1950. O funcionalismo interpreta a sociedade como se ela fosse um
organismo; cada parte do sistema desempenha uma determinada
função. O trabalho do antropólogo seria explicar as funções das
diferentes partes do sistema social.
Nesse sentido, e apesar do seu esquema conceptual simples, tanto o
funcionalismo como o estrutural- funcionalismo representavam uma
certa revolução teórica face ao carácter meramente particularístico e
descritivo da abordagem tradicional (BATALHA, 2004).
De acordo com a teoria funcionalista os elementos culturais serviam
para satisfazer as necessidades dos indivíduos em sociedade, estas, por
sua vez, eram determinadas pela própria biologia humana. Um
elemento ou traço cultural tinha como função satisfazer uma qualquer
necessidade básica resultante da natureza biológica dos indivíduos.
Jordão (2004) diz que a nossa espécie não era, nesse aspecto, diferente
das outras. Essas necessidades básicas eram a nutrição, reprodução,
conforto corporal, segurança, relaxamento (e outras do mesmo
género).
Para Leplatine (2003) a cultura estava ao serviço da satisfação dessas
necessidades. Por outro lado, a satisfação das necessidades básicas
daria origem a outro tipo de necessidades, e, assim, as coisas ter-se-iam
tornado mais complexas em termos de organização social.
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O culturalismo norte-americano
Por volta da década de 1920 segundo afirma Gonçalves (2002) alguns
antropólogos americanos interessaram-se pela relação entre a cultura
e a personalidade. A teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939)
foi uma das influências fundamentais nesse movimento da antropologia
cultural norte-americana, que ficou para a história da antropologia
como culturalismo ou, movimento de cultura-personalidade
(LEPLATINE, 2003)
Desta forma de acordo com Eriksen e Nielsen (2007) as diferenças de
comportamento entre homens e mulheres existentes em qualquer sociedade
são um produto do treino social e da enculturação, e não das diferenças
biológicas entre géneros. A personalidade base resultaria sobretudo do
treino e educação sociais recebidos na infância, da maneira como os adultos
educam as crianças. O conjunto de práticas culturais que davam forma
personalidade base era designado por instituições primárias. Santos
(1969) afirma que uma vez formada a personalidade base, esta faria
depois emergir um conjunto de instituições secundárias destinadas a
satisfazer as necessidades e solucionar os conflitos originados pela
estrutura da própria personalidade base.
Ainda de acordo com Santos (1969) a religião e o ritual eram exemplos
de instituições secundárias decorrentes da personalidade base. As
instituições primárias e as secundárias influenciavam-se assim
mutuamente de forma circular, através da personalidade base. O
problema deste tipo de teorias é criarem explicações circulares das
quais não se consegue sair, pois uma coisa explica a outra e vice-versa,
e assim sucessivamente (BATALHA, 2004).
Assim, nas sociedades onde se pratica a agricultura o treino social
enfatiza a obediência e a responsabilidade, enquanto nos caçadores-
recolectores e pescadores enfatiza a independência e a confiança
individual (LEPLATINE, 2003). Mas este tipo de generalização também
não pode ser levado demasiado longe. Por exemplo, a punição do
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O neo-evolucionismo
Na década de 1930, diz Eriksen e Nielsen (2007) e depois do domínio
completo de Franz Boas na antropologia norte-americana, Leslie A.
White (1900-1975) posicionou-se contra o particularismo boasiano
defendendo a abordagem evolucionista, embora com uma nova
roupagem. Acusado de neo-evolucionista, White defendeu-se dizendo
que as suas teorias pouco tinham que ver com o evolucionismo do
século XIX. Segundo ele, a cultura estava ao serviço da domesticação e
captura de energia. Para exprimir isso, avançou com a sua lei básica de
evolução cultural, a qual afirmava que mantendo todos os outros
factores constantes uma sociedade evoluiria de acordo como o
aumento da quantidade anual de energia per capita, ou então de
acordo com os melhoramentos tecnológicos que permitissem
aproveitar melhor a quantidade de energia já existente (White 1949).
A teoria de White (1949) segundo Eriksen e Nielsen (2007) foi criticada por
dar ênfase quase absoluta aos factores tecnológicos e aos elementos materiais
dos sistemas culturais. Um dos principais problemas da sua teoria é que ela
não explica porque é que umas sociedades foram capazes de domesticar e
aproveitar mais energia do que outras, nem explica porque é que determinadas
sociedades tendo sido capazes de aproveitar quantidades enormes de
energia vieram posteriormente a ruir e desaparecer, como no caso das
sociedades clássicas do Médio Oriente e da América Central e do Sul.
Diz Gonçalves (2002) que portanto tentou conciliar as teorias dos seus
antecessores desenvolvendo as ideias de evolução específica, a qual se
refere ao processo de evolução cultural característico de cada
sociedade no seu ecossistema particular, e de evolução geral, que se
refere à maneira como a humanidade evolui na generalidade, isto é,
passando de formas de aproveitamento de energia menos complexas
para outras mais complexas.
Para Peirano (1995), Caldeira (1998) e Gonçalves (2002) a grande
diferença entre evolucionismo clássico e o neo-evolucionismo é que
este procura relacionar mudança evolutiva com a emergência de
formas de adaptação ecológica mais eficientes. De acordo com Eriksen
e Nielsen (2007) a evolução depende assim essencialmente da
tecnologia de aproveitamento e manuseamento da energia. Enquanto
para os evolucionistas do século XIX o “progresso” das “civilizações”
dependia essencialmente do desenvolvimento da mente humana,
sendo sobretudo uma questão cultural e não técnica ou natural.
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UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
O estruturalismo
O responsável pela adaptação do modelo estruturalista à antropologia
foi o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908), inspirado pelo
trabalho de alguns dos linguistas do chamado Círculo de Praga, como
Nicolai S. Trubetzkoy (1890-1938) e RomanJacobson (1896-1982). À
influência do Círculo de Praga Lévi-Strauss juntou as ideias de Émile
Durkheim e Marcel Mauss (1872-1950), introduzindo na antropologia o
modelo linguístico da oposição binária ou das categorias contrastantes,
como também é por vezes designado (ERIKSEN E NIELSEN, 2003).
Para Eriksen e Nielsen (2007) enquanto o estrutural-funcionalismo se
preocupava acima detudo com o funcionamento do sistema social, o
estruturalismo de Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse
mesmo sistema, assim como provar a universalidade dessa origem, a
qual segundo ele se ancorava na estrutura profunda da mente humana.
Segundo Lévi-Strauss, a cultura, expressa através dos rituais, da arte e
do quotidiano, não é mais do que a manifestação de uma estrutura
mental profunda inerente à espécie humana. Por exemplo, o facto de
as populações “primitivas” organizarem os casamentos através de um
sistema que trocam entre si os indivíduos para fugir à endogamia, é um
exemplo de organização binária. A estrutura binária da mente humana
reflectir-se-ia assim na linguagem e nas instituições culturais humanas.
De acordo com mesma fonte, dando exemplo do caso das metades
(moieties, como são designadas na literatura antropológica de língua
inglesa) e do sistema de casamentos nas estruturas de parentesco é um
exemplo de organização e estrutura binárias. Corroborando a ideia de
Santos (1969) Jordão (2004) a sociedade estabelece regras de troca que
obrigam os indivíduos a circular entre metades através do sistema de
casamento. O mundo à nossa volta é organizado em categorias que se
opõem umas às outras; por exemplo, alto-baixo, cozido-cru, norte-sul,
mau-bom, terra-ar, cá-lá, cultura-natureza, etc. De acordo com a teoria
estruturalista, toda a construção cultural do mundo se faz com base
num sistema de oposições. Gonçalves (2002) e Eriksen & Nielsen (2007)
dizem que segundo Lévi-Strauss, esta organização do mundo em
categorias opostas não decorre somente de uma necessidade prática,
mas essencialmente de uma necessidade intrínseca da mente humana.
A cultura é uma manifestação da nossa estrutura mental. A natureza
profunda da mente força-nos a organizar o mundo à nossa volta através
de um sistema de contrastes binários que obedece aos mesmos
princípios que a linguagem falada humana, o produto cultural por
excelência.
Para Eriksen e Nielsen (2007) as interpretações de Lévi-Strauss são,
nalguns casos, completamente arbitrárias, não havendo a possibilidade
de as testar por serem consideradas à partida fora de qualquer
possibilidade de teste. Mas a sua maior falha é não explicar porque é
que havendo uma só estrutura universal existe uma diversidade tão
grande de padrões e sistemas culturais à escala mundial. Ou, por que
razão a mesma estrutura mental se exprime de formas tão diversas?
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Existencialismo
Para Eriksen e Nielsen (2007) em Filosofia será preferível a expressão
"filosofia da existência", por ser mais específica e menos controvertida.
A "existência" que aqui está implicada é o Homem, que se torna o
centro de atenção, encarado como ser concreto - nas suas
circunstâncias, no seu viver, nas suas aspirações totais. Centrado nos
problemas do Homem, o Existencialismo penetra nos seus sentimentos
concretos, nas suas angústias e preocupações, nas suas emoções
interiores, nas suas ânsias e preocupações, nas suas emoções
interiores, nas suas ânsias e satisfações - temas particularmente aptos
para um desenvolvimento literário.
Para Eriksen e Nielsen (2007) o Kierkegaard defende que "O
existencialismo nunca poderá ser uma teoria como outra qualquer,
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O homem pode fazer a sua História mas não pode fazer nas condições
por ele escolhidas. O homem é historicamente determinado pelas
condições, logo é responsável por todos os seus actos, pois ele é livre
para escolher. Logo todas as teorias de Marx estão fundamentadas
naquilo que é o homem, ou seja, o que é a sua existência.
O Homem é condenado a ser livre (JORDÃO, 2004).
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.evolucionismo, funcionalismo, difusionismo, pluralismo, etc.
2.Por varias razões como medo, prudência, ignorância, esperança de
receber ou ganhar algo, etc.
79
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1.Ao longo dos seus pouco mais de cem anos de existência como
disciplina académica, a antropologia produziu um conjunto de teorias
muitas vezes em oposição entre si.
2.O homem pode fazer a sua História mas não pode fazer nas condições
por ele escolhidas.
3. A estrutura binária da mente humana reflectir-se-ia assim na
linguagem e nas instituições culturais humanas.
Introdução
▪
Conhecer o desenvolvimento histórico
▪
Identificar as áreas de interesse contemporâneas
▪
Estabelecer mecanismos de aplicação prática
80
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Objectivos
específicos
Desenvolvimento
De acordo com Maia (2000) diz que no texto clássico que marcou a
etnografia moderna, a questão era sobre a imensa distância entre a
apresentação final dos resultados da pesquisa e o material bruto das
informações colectadas pelo pesquisador, através de suas próprias
observações das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida
tribal. Nesse sentido, há uma transformação do antropólogo para
entrar em outra cultura, a necessidade de "aprender a comportar-se
como eles", desenvolvendo o sentimento de "empatia". De outro
modo, o antropólogo deveria reinterpretar os "dados brutos",
dependendo da inspiração oferecida pelos estudos teóricos, por uma
teoria da cultura.
Maia (2000) adianta que a produção do conhecimento antropológico
fez-se através do estudo dos povos coloniais numa perspectiva
"interstícia -o olhar desde dentro". O enfoque do tipo "colocá-lo todo
dentro" para a etnografia e "deixá-lo todo fora para prosa" marcou a
forma da passagem do campo para o texto etnográfico deste primeiro
momento. Para Peirano (1995) o princípio "eu estive lá" e, assim,
"posso falar do outro" demonstra que a experiência tem servido
como eficaz garantia de autoridade etnográfica. Deste modo, evoca
tanto uma presença participativa, uma certeza de percepção, uma
relação de afinidade emocional, como sugere um conhecimento
cumulativo (sobre uma realidade). E esse mundo "o meu povo",
concebido como criação da experiência, é subjectivo e não dialógico
(MAIA, 2000).
O antropólogo não se encontra mais numa situação de exclusividade
quanto à produção do conhecimento em relação ao outro. Perdendo
o lugar de sujeito absoluto do conhecimento, ele "agora se depara
com objectos falantes, com um ponto de vista próprio", que aceitam
ou se contrapõem às interpretações etnológicas, assumem, recusam
ou corrigem as imagens de si que dividem os académicos em tomo
na natureza da explicação antropológica (JORDÃO, 2004).
81
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
82
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83
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
operacionalização em Moçambique
Introdução
Desenvolvimento
Tomando como base a escola funcionalista, WLSA ((2013) diz que em
toda a sua diversidade, se constituiu como determinante na
operacionalização do conceito de cultura, ao procurar uma
generalização caracterizada pela busca de leis gerais através de
fenómenos culturais que desempenham uma função, contribuindo para
a coesão interna de um sistema de valores e crenças manifesto no
comportamento das pessoas.
Tomando a cultura como um subsistema de símbolos significativo para
os agentes, mediado por instituições que visam a cooperação e a
integração. Nesse sentido, para WLSA (2013) a cultura é vista como um
subsistema do sistema geral de acção social, constituído por valores e
padrões comuns aos actores que, deste modo, orientam os seus
comportamentos. Isto significa que as disposições de cada indivíduo e
a sua acção têm sempre como função uma partilha de valores,
condicionando a autonomia dos sujeitos a um padrão cultural comum.
Destacando a função normativa das instituições secundariza os factores
de mudança e acção dos actores que alteram/influenciam as práticas
institucionais. É o caso, por exemplo em Moçambique, da acomodação
das instituições, como a educação e a saúde, que realizam “arranjos” no
sentido de conciliar práticas culturais excludentes no quadro de
políticas públicas que se pretendem globais.
84
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85
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Orientar os ritos eu contacto com instituições legais do Estado
2. A cultura é vista como um subsistema do sistema geral de acção
social, constituído por valores e padrões comuns aos actores que, deste
modo, orientam os seus comportamentos
3 (exercícios de gabarito)
1.O que é epifenómeno?
2.Anuncia a abordagem redutora da cultura?
3. O que deve ser feito na tua opinião para conciliar práticas culturais
excludentes no quadro de políticas públicas?
86
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Introdução
Conhecer a génese da multiplicidade cultural
Objectivos ▪
Descrever as suas características na metade Oriental da África Austral
específicos ▪
Identificar os pontos fortes e fracos desta parte da África
Desenvolvimento
87
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Sim
2. As missões de investigação da metrópole aos territórios
ultramarinos estavam norteados por uma finalidade e estratégia
política.
3.A lógica de investigação era conhecer para possuir e dominar.
88
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89
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Introdução
Objectivos
▪
Descrever o processo de construção do império colonial
específicos
▪
Identificar as características da pluralidade cultural
Desenvolvimento
Para Costa (2013) a dominação e um vector do imperialismo ocidental.
Conhecer para poder intervir, vigiar para disciplinar e regulamentar o
Outro. Os interesses, as motivações e as produções da ciência
reconfiguram-se no tempo. Ainda de acordo com Costa (2013) as
Missões de estudo científico no espaço colonial estão embutidas de
uma função ideológica, exterior à própria ciência embora tenham sido
criadas dentro de uma perspectiva e lógica científicas, como
instrumento de excelência para a abertura e conhecimento de África.
A partir das ciências da metrópole mobilizam-se conhecimentos que
fundam novas subespecialidades (história e geografia coloniais, direito
e economia coloniais, psicologia indígena, medicina colonial…),
conduzindo à criação de novas instituições de ensino e de investigação
coloniais. Para tornar eficiente a ocupação científica do espaço colonial,
de acordo com Conceição (2006) e Costa (2013) criam-se na metrópole
instituições de ensino que visam difundir as ciências coloniais e formar
agentes coloniais dotando-os de um saber localizado.
Para Costa (2013) a institucionalização dos saberes coloniais permite
analisar conjuntamente dois processos fundamentais: a
profissionalização dos agentes da colonização e o movimento da
construção disciplinar. A maioria dos saberes coloniais são produzidos,
ou pelo menos “traduzidos” dentro do quadro do ensino superior da
metrópole. Daí que o ensino superior colonial de acordo com Geffray
(1991) constitui um espaço de encontro e de troca entre universitários
e administradores, entre políticos e homens de propaganda política.
Neste sentido, a ciência afigura-se como um elemento orgânico para a
colonização, assumindo-se aquela, como uma “missão civilizadora”
90
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
(COSTA, 2013).
A par de objectivos económicos, a “missão civilizadora” (tendo a ciência
como essência) torna-se, não apenas como um potente argumento para
a ideologia da colonização e imperialismo, mas também como uma
forma radicalmente nova de olhar o mundo e de (re)organizar a
sociedade. Costa (2013) afirma que o facto de se identificar a ciência
com o progresso, permite o estabelecer e o partilhar duma rede social,
dos valores coloniais pela comunidade de cientistas. A ciência, como
“missão civilizadora” mobiliza o altruísmo individual e colectivo como
base moral da colonização, tornando-se esta perspectiva mais
acentuada especialmente após a I Guerra Mundial.
A ciência é por natureza, altruísta, diz Costa (2013) tornando-se a
colonização um imperativo moral das nações civilizadas, para benefício
dos povos “atrasados” das colónias (a ciência traria as virtudes do
progresso aos povos colonizados) e como importante instrumento para
explorar os recursos naturais que os indígenas não eram capazes de
explorar. A ciência surge como veículo de civilização e progresso.
Contudo, muitos cientistas como diz Geffray (1991), Conceição (2006) e
Costa (2013) não se cingem simplesmente aos ditames e propósitos das
autoridades coloniais, mas desenvolvem também a sua própria
estratégia orientada pelos imperativos e restrições científicas e
institucionais.
Para Costa (2013) temos que a política colonial seguida na I República,
tendente para a descentralização administrativa, para a autonomia
financeira e aposta na economia das colónias é em grande medida
herdada da Monarquia. Assim, a ciência emerge como um precioso
instrumento para melhor conhecer, para melhor possuir, para melhor
explorar. Este perfil da ciência, enquanto instrumento económico e de
administração, transparece na análise das teses apresentadas no II
Congresso Colonial (DEMARTIS, 2002). O interesse científico pelas
colónias renova-se e intensifica-se ao longo do tempo, desenvolvendo-
se diversos estudos nas mais diversas áreas do saber: Destas
transcrições, ressalta a questão da nacionalidade da ciência, deixando
transparecer o entendimento que as missões científicas estrangeiras
nos territórios portugueses eram vanguardas de penetração política.
Importava conhecer o império pela mão dos cientistas portugueses e
dá-lo a conhecer aos outros.
Sumário
91
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▪
Análise antropológica dos factos observados
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Era tendente para a descentralização administrativa, para
autonomia financeira
2. A aposta na economia das colónias é em grande medida herdada da
Monarquia
92
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Introdução
Objectivos ▪
Conhecer a perspectiva antropológica na África
específicos
▪
Descreveras características entre a antropologia na África colonial
e pós-colonial
▪
Identificar as diferenças entre elas
Desenvolvimento
Geffray (1991) avança que o contacto com novos espaços e novas
gentes conduz inevitavelmente a uma re-configuração efectiva (e
afectiva) da conquista, da posse, do querer colonizar. Os
conhecimentos produzidos sobre a natureza dos novos espaços, sobre
os nos povos, numa linha naturalista (por tradição masculina,
eurocêntrica), permitem estabelecer a posse intelectual e abstracta de
um saber e da natureza, com traços sugestivos da idealização do
viajante/ colonizador expressando o seu desejo de posse. Para
Conceição (2006) o marco divisório através do qual o europeu julga e
classifica a sociedade nativa é a escravatura. Esta estabelece a divisão
básica entre o Eu e o Outro, sendo o Outro percebido como brutal e
inferior.
Nesta lógica, com as ciências coloniais emerge uma nova cultura. A
colonização enquanto fenómeno cultural, faz a destrinça entre o
colonizador com conhecimento e o colonizado ignorante. A ciência nas
colónias é antes de mais, um instrumento de controlo (COSTA, 2013).
93
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
94
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95
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Introdução
▪
Caracterizar a antropologia no Moçambique colonial
▪
Caracterizar a antropologia no Moçambique pós colonial
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Cabral (2005) afirma que os dois períodos colonial e pós-colonial, as
linhas políticas preferenciais ditaram o percurso e desenvolvimento do
conhecimento antropológico em Moçambique colonial e pós colonial.
Somente na actualidade, existe uma fraca tendência de se abrir e se
apropriar do conhecimento endógeno, procurando lavar a embalagem
política que sempre definiu o percurso das manifestações sociais.
96
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.A ciência antropológica permitia ao pesquisador conhecer o
universo cultural dos povos colonizados
2. O sistema de educação colonial organizou-se em dois subsistemas de
ensino distintos: um «oficial», destinado aos filhos dos colonos ou
assimilados, e outro «indígena».
98
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99
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Introdução
▪
Perceber a mudança de paradigmas culturais
▪
Interpretar as tendências aculturacionais na sociedade onde vive
Objectivos
Específicos Desenvolvimento
Conforme estudado no capítulo anterior, em todas as sociedades humana
percebemos a existência de diversos hábitos, costumes, linguagem,
estilos de vida. Essa multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no
mundo denomina-se diversidade cultural.
Como consequência das grandes transformações verificadas com a
expansão do processo de globalização nas últimas décadas, o mundo
tornou-se, cada vez mais, marcado pela diversidade cultural e a
convivência de diferentes formas de agir, de padrões culturais, de estilos
de vida.
Esse processo, de acordo com Costa (2013) definido por Anthony Giddens
com a intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades
distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados
por eventos que acontecem a muitas milhas de distância e vice-versa,
colocou em contacto, principalmente através das tecnologias de mídia,
povos e culturas distintas.
Conceição (2006) diz que contudo, devemos notar que esse processo foi
liderado pelos Estados Unidos da América, que impôs seu modelo de vida
como o padrão a ser seguido pelos outros países, provocando
movimentos contestatórios a esse domínio, denominados movimentos
antiglobalização. Demartis (2002) afirma que esses movimentos que
buscam não apenas combaterem o domínio económico e cultural norte-
americano, mas também propor novas formas de organização do mundo,
com base na valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos
do planeta.
100
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Multiculturalismo
Segundo Wiviorka (1999) é no quadro acima descrito que se impõe a ideia
de multiculturalismo, que preconiza a interacção entre as diferentes
culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o
multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural,
privilegiando o reconhecimento, valorização e incorporação de
identidades múltiplas nas formulações de políticas públicas e nas práticas
quotidianas.
A despeito dos desafios impostos pelo mundo globalizado, é preciso que
reconheçamos a necessidade do convívio em uma sociedade cuja
realidade é multicultural. Para tanto, devemos, mais do que respeitar,
valorizar as diferenças próprias de cada indivíduo. Para Wiviorka (1999).
"O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste novo
milénio, como uma das principais novidades na arena política e no cenário
da sociedade civil, dada a sua forma de articulação/actuação em redes
com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gramática no
repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo novamente as
lutas sociais para o palco da cena pública, e a política para a dimensão,
tanto na forma de operar, nas ruas, como no conteúdo do debate que
trouxe à tona: o modo de vida capitalista ocidental moderno e seus efeitos
destrutivos sobre a natureza (humana, animal e vegetal)"
Costa (2013) diz que "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não,
susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então
ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando
uma existência própria, independente das manifestações individuais que
possa ter."
A segunda teoria é a idealista, que se subdivide em três, sendo elas:
- Sistema cognitivo: Desenvolvido por W. Googdenough, que acreditava
que cultura era um sistema de conhecimento. Keesing comenta que se
cultura for assim concebida fica no mesmo patamar da linguagem. O
sistema cognitivo aprimora os métodos linguísticos.
- Sistemas estruturais: Desenvolvido por Claude Lévi-Strauss, a cultura é
um sistema simbólico, ou seja, uma criação cumulativa da mente humana.
Ele tenta descobrir na estruturação dos domínios culturais como: mito,
arte, linguagem, etc. os paralelismos culturais são por ele explicados pelo
fato de que o homem está submetido as regras.
Sumário
102
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1. São frequentemente absolvidos pelo sucesso
2.Caracteriza-se pela ausência ou desintegração das normas sociais
103
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
▪
Identificar saberes contemporâneos de aprendizagem
▪
Fazer análise crítica da construção da identidade
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Nos últimos anos tem-se constatado em Moçambique a existência de
um desfasamento entre o sector produtivo e o sector educativo que se
traduz na falta de enquadramento de muitos graduados no mercado de
emprego. Daí a necessidade de reformas generalizadas do ensino
técnico, disciplinas profissionalizantes, educação bilingue, educação
inclusiva, Alfabetização e Educação de Adultos, etc.
104
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
106
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Operacionaliza-se sob a forma de reconhecimento das competências
do indivíduo
2. Reconhecimento, Validação e Certificação de Saberes e de
Competências
107
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Introdução
▪
Definir o que é diversidade cultural
▪
Conhecer os diferentes paradigmas para a realidade moçambicana
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Para Cabaço (2007) esse efeito, o Partido afirmava que iria criar as
condições para que se realizassem diversas acções, entre as quais se
podiam salientar as de estudo e preservação de todos os elementos do
património histórico e cultural do povo moçambicano (monumentos,
museus, tradição oral e estudo sociedade tradicional. Afirmou-se ainda
que o Partido atribuía uma grande importância à constante troca de
experiências no domínio da cultura, quer no plano nacional, quer no
internacional.
109
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
110
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
111
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Introdução
▪
Conhecer as motivações do discurso nacionalista
▪
Fazer enquadramento científico no tempo e espaço
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
112
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Foram re-significados os termos nos quais a própria construção
identitária foi pensada ou proposta.
2.A escala referida: regional, étnica ou nacional
etnicização/tribalização em Moçambique
Introdução
Desenvolvimento
114
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.O pensamento discriminatório para com os africanos é remetido como
uma raça inferior, incapaz de terem um grau de intelectualidade igual ao
do branco
2. A busca pela assimilação ocorreria por meio da imposição da língua
estrangeira
Introdução
117
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Augè (2003) também define os tipos de parentesco, sendo que para ela,
existe o parentesco por afinidade e por adopção. Por afinidade é aquele
que tem lugar entre o cônjuge e os parentes consanguíneos do outro
ou entre uma pessoa e os cônjuges dos seus parentes consanguíneos.
O parentesco por adopção ou parentesco civil é aquele que existe entre
o adoptante e o adoptado e entre o adoptado e a família do adoptante.
Linha materna: diz respeito aos pais e avós da mãe, como avós e
bisavós maternas.
118
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
119
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
▪
Conhecer a nomenclatura usada
▪
Saber os símbolos usados
▪
Objectivos Caracterizar as diferentes formas de parentesco no contexto de filiação,
Desenvolvimento
120
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121
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.O método comparativo como um dos mais completos
2. A conjugalidade na estrutura elementar do parentesco gera a
afinidade (o cunhado)
122
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Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Sim
2.Económicas, psicológicas, sociais e económicas
124
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Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
126
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumario
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Familia nuclear, família extensa, família de orientação e família de
procriação.
2. Família é necessária para a reprodução social de um grupo humano,
pois garante a sobrevivência e a continuidade biológica e social do
próprio grupo
127
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
114
128
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
129
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Para Pereiro (2012) numa dada geração, os irmãos e irmãs, entre si,
pertencem a patrilinhagem do seu pai e do seu avó paterno, assim como
a dos irmãos e irmãs tanto do pai como do avô paterno. Tantos filhos
como as filhas de um homem traçam a sua ascendência a um
antepassado comum através de uma linha masculina. Nestes grupos a
responsabilidade social em relação as crianças cabe ao pai ou irmão mas
velho e dentro desta linhagem os homens prestam atenção aos
descendentes masculinos.
▪
Filiação matrilinear ou uterina
▪
A filiação matrilinear é diferente na forma como traça a
matrilinhagem assim como na forma de realizar o poder
autoridades e estruturam a nível da família. Nela as mulheres
têm por vezes bastante poder, mas nunca absoluto sobre o seu
grupo de filiação, pois este é partilhado com os irmãos que tem
maior interesse em exercer o maiorpoder controlo possível
sobre a descendência das suas irmãs.
▪
Filiação cognática: diferente da filiação unilinear, ou filiação
diferenciada, a filiação cognática é uma filiação indiferenciada,
pois o parentesco é transmitido tanto pelo pai como pela mãe.
A filiação cognática reconhece o parentesco de ambos os lados.
Todos os descendentes têm direitos e obrigações, deveres e
privilégiosidênticos para com os seus parentes paternos e
maternos.
130
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
grupo paterno.
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Resposta
1.A patrilinearidade é mais frequente nas sociedades onde as
actividades económicas masculinas são decisivas e o seu papel social é
sobrevalorizado.
2.Nas sociedades matrilineares, o parentesco passa exclusivamente
através da mulher
131
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
132
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Ainda de acordo com Pereiro (2012) são destes grupos que sairão, logo
depois, as tribos que formaram, pelas sucessivas conquistas dos outros
clãs, os reinos e impérios da região. São estes, principalmente, o povo
Chona, Nguni e Tsonga. Darão origem ao reino do Grande Zimbabwe,
ao império Monomotapa e ao império de Gaza.
Para Cabaço (2007) os pacíficos povos ao norte do rio, por sua vez,
recebe a influência do contacto mercantil com os árabes e aspectos
culturais dessas etnias vão pouco a pouco mudando, com muitos deles
vindo a se estruturarem em xecados e sultanatos. São os povos do norte
também as principais vítimas do tráfico de escravos feito,
posteriormente, pelos portugueses. Um outro conceito associado ao de
família de acordo com Pereiro (2012) é o de “grupo doméstico”, isto é
um grupo de parentes que coabitam e co-residem no mesmo espaço.
Portanto há uma diferença com o conceito de família.
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Grupo doméstico”, isto é um grupo de parentes que coabitam e co-
residem no mesmo espaço
2. No sul do Zambeze, por outro lado, o poder passava do pai para o
filho ou do irmão mais velho para o mais novo.
134
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
2. Com duas linhas: bilinear, ainda que a autoridade oficial possa ser
só a do homem.
seguinte tabela:
Sumário
136
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
▪
Consolidação dos conteúdos das unidades temáticas anteriores
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Recebe o apelido da mãe
2.recebe o apelido do pai
Introdução
137
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Objectivos
Específicos
Desenvolvimento
Para Osório e Macuacua (2013) fica claro que, pesem outras funções
dos ritos, na sua análise tem que se ter em conta, em primeiro lugar, a
sua utilidade social, no sentido em que transgride e restaura a ordem
e, em segundo lugar, que “os ritos são sistemas de sinalização a partir
de códigos definidos do ponto de vista cultural”. Pelos ritos, pelas
mensagens que aí são transmitidas e pelo sentido que lhes é
conferido, pela implicação emotiva que é colocada e pelos processos
de negociação e manipulação aí vivenciados e, ainda, pelos elementos
de adesão (reais ou/e simbólicos) constantemente accionados, os e as
jovens iniciadas/os integram-se pela
125
139
UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Sumário
▪
A dinâmica de maturação e rompimento com experiências
anteriores
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.Os defumadores são usados para purificar o ambiente, o cachimbo é
usado pelo preto velho nas consultas
2. O ritual do baptismo é feito por imersão total na água
Introdução
140
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de:
▪
Explicar como os rituais são mecanismos de reprodução social
▪
Saber interpretar diferentes manifestações culturais, como são os casos
Objectivos de feitiçaria
específicos
Desenvolvimento
141
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142
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Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.A dignidade consiste num atributo socialmente conferido pelos
indivíduos a si próprios ou pelos outros
2.A vida humana é um dom de Deus que deve ser cuidado e
respeitado.
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UnISCED, Curso de Licenciatura: 2° Ano Modulo de Antropologia Cultural de Moçambique
Introdução
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
Como diz Gusmão (2008) eles são livres, sendo que suas obrigações se
limitam aos deveres e objectivos de seus cargos que estão dispostos
dentro de uma hierarquia administrativa e suas competências são
rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca recebem um
salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo,
que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há
possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da
profissão, através do tempo de serviço ou por competência ou ambos.
Importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus cargos sem
a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é puramente
técnica, com o objectivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse
sentido é, formalmente, o mais racional conhecido meio de exercer a
dominação sobre os seres humanos.
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Sumário
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Uma elaboração teórico cientifica e
▪
Construção de realidades a partir de fontes trazidas no texto
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.O patrimonialismo ou gerontocracia que é autoridade exercida
pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da
tradição sagrada.
2.A dominação burocrática é puramente técnica, com o objectivo de
atingir o mais alto grau de eficiência
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Introdução
▪
Descrever os fenómenos sociais
Objectivos
específicos
Desenvolvimento
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Sumário
Nesta unidade temática 10.4 falamos sobre a emergência de
sincretismos religiosos e de igrejas messiânicas em Moçambique,
como forma de ajudar o estudante a perceber as
▪
Características
das igrejas duma forma geral e messiânica
s em particular
▪
Absorver através de autocrítica e autodescobrimento
os
conhecimentos adaptáveis a realidade moçambicana
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Respostas
1.O Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a formação
de uma nova, seja de caráter filosófico, cultural ou religioso
2. Quando ocorre o contato e se desenvolve um convívio entre
estes grupos distintos, surgem "adaptações" nos vários aspectos
culturais, fazendo com que um grupo "absorva" o sistema de
crenças do outro
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