Climatogeografia Belinha

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Tema do Trabalho:
FENÓMENO ENSO: A INFLUÊNCIA DO EL NINO E LA NINA NA
VARIABILIDADE CLIMÁTICA DE MOÇAMBIQUE.

Docente: Nome e Código do Estudante:


Trindade Filipe Chapare, PhD Belinha Alberto Oza
` 708214727

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Climatogeografia
Ano de Frequência: 1º Ano

MILANGE, MAIO DE 2022


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Introdução  Descrição dos
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objectivos
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do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
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Análise e
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discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
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Conclusão 2.0
práticos
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tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
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Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências
edição em citações citações/referências 4.0
Bibliográficas
e bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice

1. Introdução..................................................................................................................................1
1.1. Objectivos...............................................................................................................................2
1.1.1. Geral.....................................................................................................................................2
1.1.2. Específicos............................................................................................................................2

1.2. Metodologia............................................................................................................................2
2. Fenómeno ENSO.......................................................................................................................3
2.1. Conceito do Termo ENSO......................................................................................................3
2.2. Histórico do fenómeno...........................................................................................................4
2.3. Desenvolvimento do Fenómeno.............................................................................................4
2.4. Impactos Regionais e Globais do Fenómenos.........................................................................7
3. Os efeitos do ENSO em Mocambique.......................................................................................8
3.1. Influência do EL Nino na variabilidade Climática de Moçambique.......................................8
3.2. Influência do La Nina na variabilidade Climática de Moçambique......................................10
3.3. Resumo dos efeitos do ENSO em Moçambique...................................................................12
4. Conclusão................................................................................................................................13
5. Referências Bibliográficas.......................................................................................................14

iv
1. Introdução
A distribuição dos continentes e dos oceanos influi na distribuição da temperatura devido aos
contrastes terra-mar em resultado dos comportamentos térmicos diferentes. Os oceanos
aquecem e arrefecem mais lentamente que os continentes por isso as amplitudes térmicas são
reduzidas nos oceanos e grandes nos continentes. As temperaturas mais baixas e as mais altas
localizam-se sempre no interior dos continentes. Portanto, os oceanos exercem uma grande
acção moderadora sobre as temperaturas, atenuando-as quer no verão quer no inverno.

O predomínio de massas líquidas no Hemisfério Sul proporciona-lhe maior estabilidade


térmica em relação ao hemisfério Norte. Existem correntes frias e correntes quentes que têm
influência na temperatura sendo mais acentuada nas latitudes médias e elevadas. As correntes
quentes provocam a subida da temperatura favorecendo a evaporação e a chuva das regiões
que banham enquanto as correntes frias provocam a descida da temperatura, acentuam a
secura das regiões que banham.

Entretanto, falar do Fenómeno ENSO é o principal objectivo deste trabalho. O presente


trabalho está estruturado de forma a facilitar a fornecer bases sólidas para uma boa percepção
do tema em questão. No desenvolvimento do trabalho analisaremos a influência do EL Nino e
La Nina na variabilidade Climática de Moçambique. Com o objectivo de alcançar os
objectivos traçados, no desenvolvimento do tema abordaremos os seguintes conceitos:
conceito do Fenómeno ENSO; Histórico do Fenómeno; Desenvolvimento do Fenómeno;
Impactos regionais e globais do fenómeno.

1
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Falar os fenomenos climaticos.

1.1.2. Específicos
Definir o conceito de fenómeno ENSO
Caracterizar o Fenómeno ENSO;
Descrever a influência do EL Nino e La Nina na variabilidade Climática de
Moçambique.

1.2. Metodologia

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2. Fenómeno ENSO
2.1. Conceito do Termo ENSO
O tempo e o clima estão interligados. Uma ajuda a descrever e explicar o outro. De acordo
com Lapissone (2016), o Tempo refere-se as condições atmosféricas que existem num dado
momento, ou por um período de tempo relativamente curto, e Clima refere-se as condições de
longo termo descritas pelas médias e extremos do tempo a longo termo. Segundo o autor o
clima é mais do que uma simples média do tempo. Descrições do clima devem reconhecer os
extremos, frequências, e a variabilidade dos elementos. Os elementos são os mesmos ambos
para o tempo e clima. Ainda conforme o autor citado anteriormente, refere-se que:

Muitos factores podem influenciar as mudanças no clima durante períodos de centenas


a dezenas de milhares de anos. Os níveis de mudança dos constituintes atmosféricos
(dióxido de carbono, ozono, matérias de partículas das actividades humanas e
actividades vulcânicas), os efeitos dos seres humanos e animais sobre o solo e
cobertura vegetal da terra, mudanças na emissão solar, e mudanças nos movimentos e
alinhamentos da terra como um planeta no sistema solar são todas possíveis causas das
mudanças climáticas de longo termo. Alguns destes factores de longo termo podem
mesmo influenciar o tempo actual (p. 24).

Ainda conforme o autor citado anteriormente, através do Pacifico Tropical, a atmosfera e o


oceano são associados através da troca de calor, humidade e quantidade de movimento na
junção. Os Ventos Aliseos de leste conduzem a água de superfície quente na direcção oeste e
ambos intensificam o thermocline e alimentam energia a convecção, elevando o ar sobre a
Asia e as ilhas da Indonésia. O ar superior volta e a penetrar no Pacifico oriental, completando
deste modo um ciclo conhecido como a Circulação de Walker. O autor referenciado afirma
ainda que:

Durante um evento El Nino os Ventos Aliseos enfraquecem, o foco da convecção e da


precipitação muda para direcção leste, as temperaturas da superfície do mar tornam-se
mais quente no Pacifico Leste equatorial e o thermocline torna-se menos inclinado.
Durante as condições de La Nina (a direita) os Ventos Aliseos fortificam-se, a
convecção e firmemente ancorada sobre a Asia e as ilhas da Indonésia, as
temperaturas da superfície do mar arrefecem pelo Pacifico central e oriental (p. 26).

De acordo com Oliveira (2001), Fenómeno ENSO é o aquecimento anómalo das águas
superficiais na porção leste e central do oceano Pacífico equatorial, ou seja, desde a costa da

3
América do Sul até a Linha Internacional de Data (longitude de 180º). O “El Niño” é um
fenómeno oceânico-atmosférico que afecta o clima regional e global, mudando a circulação
geral da atmosfera, também é um dos responsáveis por anos considerados secos ou muito
secos.

2.2. Histórico do fenómeno


Os pescadores peruanos já conviviam com esse fenómeno que causava uma diminuição na
quantidade de peixes na Costa do Peru, sempre na época do Natal, e por isso lhe deram o
nome de “El Niño” (que quer dizer “menino-Jesus”, em espanhol). Segundo Oliveira (2001),
refere-se que o “El Niño” dura, em média, de 12 a 18 meses com intervalos cíclicos de 2 a 7
anos. Ainda conforme o autor acima citado:

No geral, quando ocorre o fenómeno há mudanças no clima, os impactos são


diferentes em diversas partes do globo terrestre como, por exemplo, secas no sudeste
asiático e Nordeste do Brasil, invernos mais quentes na América do norte e
temperaturas elevadas na costa oeste da América do sul. Todas essas mudanças
ocorrem devido ao aumento da temperatura na superfície do mar nas águas do Pacífico
equatorial, principalmente, na região oriental (p. 46).

Conforme o ponto de vista do autor anteriormente citado, podemos afirmar que por outro
lado, observa-se diminuição da pressão atmosférica e aumento na temperatura do ar sobre o
Pacifico oriental. Estas mudanças provocam alterações na direcção e velocidade dos ventos
em nível global fazendo com que as massas de ar modifiquem seu comportamento em várias
regiões do planeta.

2.3. Desenvolvimento do Fenómeno


Mendonça & Danni-Oliveira (2007) afirmam que águas mais quentes são observadas no
Oceano Pacífico Equatorial Oeste. Junto à costa oeste da América do Sul as águas do Pacífico
são um pouco mais frias. Com isso, no Pacífico Oeste, devido às águas do Oceano serem mais
quentes, há mais evaporação. Havendo evaporação, há a formação de nuvens numa grande
área. Ainda conforme o autor acima citado, refere-se que:

Para que haja a formação de nuvens o ar teve que subir. O contrário, em regiões com o
ar vindo dos altos níveis da troposfera para os baixos níveis raramente há a formação
de nuvens de chuva. Um modo simplista de entender isso é imaginar que a atmosfera é
compensatória, ou seja, se o ar sobe numa determinada região, deverá descer em outra
(p. 159).
4
Segundo o autor citado anteriormente, refere-se que se em baixos níveis da atmosfera os
ventos são de oeste para leste, em altos níveis ocorre o contrário, ou seja, os ventos são de
leste para oeste. Com isso, o ar que sobe no Pacífico Equatorial Central e Oeste e desce no
Pacífico Leste, juntamente com os ventos alísios em baixos níveis da atmosfera e os ventos de
oeste para leste em altos níveis da atmosfera, forma o que os Meteorologistas chamam de
célula de circulação de Walker, nome dado ao Sir Gilbert Walker.

A abaixo mostramos a célula de circulação de Walker, bem como o padrão de circulação em


todo o Pacífico Equatorial em anos normais, ou seja, sem a presença do fenómeno El Niño.
Outro ponto importante é que os ventos alísios, junto à costa da América do Sul, favorecem
um mecanismo chamado pelos oceanógrafos de ressurgência, que seria o afloramento de
águas mais profundas do oceano.

Estas águas mais frias têm mais oxigénio dissolvido e vêm carregadas de nutrientes e
microorganismos vindos de maiores profundidades do mar, que vão servir de alimento para os
peixes daquela região. Não é por acaso que a costa oeste da América do Sul é uma das regiões
mais piscosas do mundo. O que surge também é uma cadeia alimentar, pois os pássaros que
vivem naquela região se alimentam dos peixes, que por sua vez se alimentam dos
microorganismos e nutrientes daquela região (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007).

Fig. 1: Célula de circulação de Walker

Fonte: Mendonça & Danni-Oliveira (2007)

A circulação observada no oceano Pacífico equatorial em anos normais. A célula de


circulação com movimentos ascendentes no Pacífico central/ocidental e movimentos
descendentes no oeste da América do Sul e com ventos de leste para oeste próximo à
superfície (ventos alísios, setas brancas) e de oeste para leste em altos níveis da
troposfera é a chamada célula de Walker (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007).

Segundo o ponto de vista dos autores acima citados, podemos afirmar que no oceano Pacífico,
pode-se ver a região com águas mais quentes representadas pelas cores avermelhadas e mais
5
frias pelas cores azuladas. Pode-se ver também a inclinação da termoclima, mais rasa junto à
costa oeste da América do Sul e mais profunda no Pacífico ocidental.

Fig. 2: Célula de circulação de Walker

Fonte: Mendonça & Danni-Oliveira (2007)

Padrão de circulação observada em anos de “El Niño” na região equatorial do oceano


Pacífico. Nota-se que os ventos em superfície, em alguns casos, chegam até a mudar
de sentido, ou seja, ficam de oeste para leste. Há um deslocamento da região com
maior formação de nuvens e a célula de Walker fica bipartida (Mendonça & Danni-
Oliveira, 2007).

De acordo com os autores anteriormente citados, refere-se que no oceano Pacífico equatorial
podem ser observadas águas quentes em, praticamente, toda a sua extensão. A termoclina fica
mais aprofundada junto à costa oeste da América do Sul, principalmente, devido ao
enfraquecimento dos ventos alísios. Os autores afirmam que as principais características
oceânicas e atmosféricas associadas ao fenómeno “El Nino” são:

Sobre o Pacífico leste, onde há normalmente águas frias, aparecem águas mais quentes
do que o normal;
Os ventos alísios diminuem sensivelmente sua intensidade;
A pressão no sector leste do oceano Pacífico fica abaixo do normal, enquanto na parte
oeste fica com valores acima do normal;
A presença de águas quentes e convergência de humidade do ar favorecem a formação
de nuvens convectivas profundas sobre o sector centro-leste do Pacífico;
A célula de Walker (circulação atmosférica sentido oeste-leste) modifica-se totalmente
ocasionando ar descendente sobre a Amazónia e Nordeste do Brasil;
Sobre o Atlântico equatorial, incluindo o leste da Amazónia e Semi-Árido Nordestino
nota-se predominância de um ramo de ar descendente inibindo a formação de nuvens.
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2.4. Impactos Regionais e Globais do Fenómenos
Quadro 1. Impactos regionais do fenómeno ENSO
IMPACTO EM CLIMA/HIDROLOGIA REGIÕES E PAÍS
Secas Severas México
Secas Severas Nordeste do Brasil
Diminuição da precipitação América Central-Bacia do Pacífico
Aumento da precipitação América Central-Bacia do Atlântico
Diminuição da precipitação e vazões de rios Colômbia
Aumento da precipitação e vazões de rios Noroeste de Peru, Equador
Diminuição da precipitação e secas, aumento
Norte da Amazónia
do risco de incêndios florestais
Aumento da precipitação (Nov-Jan) Região dos Pampas - Argentina
Aumento da precipitação (Nov-Jan) Uruguai
Fonte: Adaptado pela autora (2022)

De acordo com Ayoade (2003), refere-se que os efeitos do “El Niño” no mundo podem causar
prejuízos e benefícios. Mas, os danos causados são superiores aos benefícios, por isso, o
fenómeno é temido, principalmente, pelos agricultores. Em cada episódio do “El Niño” é
observado na região sul um grande aumento no volume de chuvas, principalmente, nos meses
de primavera, fim do outono e começo de inverno. O autor acima citado, diz que:

Pode-se observar acréscimo de até 150% na precipitação em relação ao seu índice


médio. Isto pode acarretar nos meses em que acontece a colheita prejuízos aos
agricultores, principalmente, nos sectores de produção grãos. As temperaturas também
mudam nas regiões Sul e Sudeste, onde é observado inverno mais ameno na região Sul
e no Sudeste as temperaturas ficam mais altas em relação ao seu valor normal (p. 109).

Rivas-Martínez (2004) afirmam que, este aumento de temperatura no inverno pode trazer
benefícios aos agricultores das regiões Sul e Sudeste, pois diminui significativamente a
incidência de geadas. No sector leste da Amazónia e na região Nordeste ocorre uma
diminuição nas chuvas. Algumas áreas do Sertão (semi-árido) nordestino, essa diminuição
podem alcançar até 80% do total médio do período chuvoso (que na maior parte da Região
ocorre de Fevereiro a Maio). Ainda para o autor acima citado:

Ressalta que, a seca não se limita apenas ao Sertão, ela também pode atingir o sector
leste do Nordeste (Agreste, Zona da Mata e Litoral), caso aconteça conjuntamente
com o Dipolo do Atlântico Sul negativo (Dipolo Negativo ou desfavorável, isto é,
quando o Atlântico Sul se encontra com águas mais frias que a média histórica e águas
mais quentes no Atlântico Norte) (p. 111).

7
Conforme o ponto de vista dos autores, no Nordeste brasileiro, os prejuízos observados em
anos de “El Niño” envolvem sectores da economia (perdas na agricultura de sequeiro, na
pecuária, etc.), oferta de energia eléctrica, bem como, comprometimento do abastecimento de
água para a sociedade e os animais.

3. Os efeitos do ENSO em Mocambique


Vários estudos levados a cabo mostram que a variabilidade interanual da precipitação e o
factor determinante da variabilidade de colheitas e produção agrícola nas regiões de clima
tropical. Por outro lado, há provas que maior parte da variabilidade interanual de chuva em
Moçambique esta associada a eventos de ENSO. A fase fria (La Nina) causa chuva acima da
média climatologica, enquanto a fase quente (El Nino) origina chuva abaixo da média e
consequentemente provoca temporadas de seca (Lapissone, 2016, p. 47).

3.1. Influência do EL Nino na variabilidade Climática de Moçambique


De acordo com Lapissone (2016), a influencia do El Nino sobre os padrões de precipitação
em Moçambique esta resumidamente ilustrada nas figuras a baixo. As mesmas fornecem o
espectro das anomalias observadas nas regiões norte, centro e sul do país, como resultado do
fenómeno, num período e meses de estudo iguais.

Fig. 3. Anomalias de precipitação observadas na parte norte do país

Fonte: Lapissone (2016)

A figura representa as anomalias de precipitação observadas na parte norte do país, de


Janeiro a Marco, entre 1961 e 2002, em relação aos valores normais durante os
episódios El Nino. Pode ser visto que os valores registados estão largamente abaixo da
média climatologica nos anos de episódios de EL Nino (Lapissone, 2016, p. 48).

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Fig. 4. Percentagem de precipitação observada em relação à normal durante El Niño zona
norte (JFM)

Fonte: Lapissone (2016)

Segundo Lapissone (2016), a figura 4 mostra as anomalias de precipitação observadas na


parte central do país, de Janeiro a Marco, entre 1961 e 2002, em relação aos valores normais
durante os episódios El Nino. Pode ser observado que os valores de precipitação registados
estão largamente abaixo da média climatologica (631.1mm) nos anos dos episódios El Nino.
Nos 14 anos de El Nino, apenas três valores de precipitação registados estão acima do normal.

Precipitação actual registada (%) com relação a precipitação normal durante os


eventos El Nino, na região central (JFM): A figura 5 representa a anomalias
observadas na parte sul do país, de Janeiro a Marco, entre 1961 e 2002, em relação aos
valores normais dos episódios El Nino. Pode-se observar que os valores registados
estão grandemente abaixo da média climatologica (631.1mm) nos anos dos eventos El
Nino. Nos 14 anos de El Nino, apenas três valores acima do normal foram registados
(Lapissone, 2016, p. 49).

Fig. 5. Precipitação actual registada (%) com relação a precipitação normal durante os eventos
El Nino, na região sul (JFM)

Fonte: Lapissone (2016)

Segundo o Boletim do Sistema Nacional de Aviso Prévio para a Segurança alimentar,


referenciado por um estudo (Benessene, 2002, cit. em Lapissone, 2016), o efeito do fenómeno
El Nino sobre a produção de cereais em Moçambique pode ser dramático.

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Por exemplo, em 1989/90 as estimativas de produção de produção de cereais no país foram de
691.000 toneladas, enquanto em 1991/2, como uma consequência da seca que afectou o país
naquela época da cultura, a produção de cereais atingiu apenas 227.000 toneladas,
representando menos que um terço da produção do ano anterior. Durante a época 1994/5,
também afectada pelo evento ENSO, estima-se que cerca de 200.000 toneladas foram
perdidas como consequência das temporadas de secas que afectaram as regiões sul e centro do
país (Lapissone, 2016, p. 49-50).

3.2. Influência do La Nina na variabilidade Climática de Moçambique


A influência do fenómeno La Nina sobre os padrões de precipitação é bem conhecida. De
acordo com Lapissone (2016) sabe-se muito bem também que a ocorrência do fenómeno La
Nina está associado ao aumento da frequência de ciclones tropicais que se formam no Oceano
Indico, atravessa o Madagáscar e atingem Moçambique. Para o autor anteriormente citado,
refere-se que:

Um dos efeitos imediatos dos tais ciclones são as cheias, que podem também ser
causadas pela actividade da ZCIT e pela chuva intensa além das fronteiras do país
(uma vez que maior parte dos rios de Moçambique nascem em países a montante e
fluem para o oceano Indico depois de atravessar o território nacional) (p. 50).

Por exemplo, as cheias que tiveram lugar nos anos de 1965, 1971, 1974, 1984, 1989, e as mais
recentes e devastadoras de 2000 e 2001, estavam associadas com La Nina. As cheias de
Janeiro e Fevereiro de 2000 danificaram e destruíram muitos hectares de terra e culturas,
causaram mortes e danos incontáveis, principalmente nos rios Zambeze, Pungue, Buzi, Save,
Limpopo e Incomati, que inundaram vastas áreas das suas bacias e terras baixas perto da costa
(Lapissone, 2016, p. 50).

Fig.6. As dramáticas e históricas cheias do ano 2000 foram uma consequência dos eventos La
Niña

Fonte: Lapissone (2016)


10
A figura representa a anomalias observadas na parte norte do país, de Janeiro a Marco, entre
1961 e 2002, em relação aos valores normais dos episódios La Nina. Pode-se observar que os
valores registados estão grandemente abaixo da média climatologica (590.6mm) nos anos dos
eventos La Nina (Lapissone, 2016, p. 51).

Fig. 7. Precipitação actual registada (%) com relação a precipitação normal durante os eventos
La Nina, na região norte (JFM)

Fonte: Lapissone (2016)

A figura 7 representa a anomalias observadas na região centro do país, de Janeiro a Marco,


entre 1961 e 2002, em relação aos valores normais durante os episódios La Nina. Pode-se
observar que os valores registados estão grandemente acima da média climatologica
(631.2mm) nos anos dos eventos La Nina (Lapissone, 2016, p. 51).

Fig. 8. Precipitação actual registada (%) com relação a precipitação normal durante os eventos
La Nina, na região centro (JFM)

Fonte: Lapissone (2016)

11
A figura 8 representa a anomalias observadas na região sul do país, de Janeiro a Março, entre
1961 e 2002, em relação aos valores normais durante os episódios La Nina. Pode-se observar
que os valores registados estão largamente abaixo da média climatologica (397.2mm) nos
anos dos eventos La Nina (Lapissone, 2016, p. 51).

Fonte: Lapissone (2016)

3.3. Resumo dos efeitos do ENSO em Moçambique


Analisando resumidamente os dados representados nos gráfico conclui-se que em
Moçambique maior parte da variabilidade interanual da precipitação esta associada aos
eventos El Nino e La Nina. A fase fria (La Nina) produz precipitação acima da média e
eventualmente cheias, enquanto a fase quente (El Nino) produz precipitação abaixo da média
e consequente te secas. El Nino e La Nina são oscilações normais, previsíveis a partir das
temperaturas da superfície do mar, em que o homem não pode interferir. Eles são fenómenos
naturais, variações normais do clima da terra, que existem há milhares de anos e continuarão a
existir (Lapissone, 2016, p. 51).

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4. Conclusão
Conclui-se que, o Fenómeno ENSO é o aquecimento anómalo das águas superficiais na
porção leste e central do oceano Pacífico equatorial, ou seja, desde a costa da América do Sul
até a Linha Internacional de Data (longitude de 180º). O El Niño é um fenómeno oceânico-
atmosférico que afecta o clima regional e global, mudando a circulação geral da atmosfera,
também é um dos responsáveis por anos considerados secos ou muito secos.

Entretanto, vários estudos levados a cabo mostram que a variabilidade interanual da


precipitação e o factor determinante da variabilidade de colheitas e produção agrícola nas
regiões de clima tropical. Por outro lado, há provas que maior parte da variabilidade
interanual de chuva em Moçambique esta associada a eventos de ENSO. A fase fria, a La
Nina, causa chuva acima da média climatologica, enquanto a fase quente, o El Nino, origina
chuva abaixo da média e consequentemente provoca temporadas de seca.

A influencia do El Nino sobre os padrões de precipitação em Moçambique esta


resumidamente ilustrada nas figuras a baixo. As mesmas fornecem o espectro das anomalias
observadas nas regiões norte, centro e sul do país, como resultado do fenómeno, num período
e meses de estudo iguais.

A influência do fenómeno La Nina sobre os padrões de precipitação e bem conhecida. Sabe-se


muito bem também que a ocorrência do fenómeno La Nina está associado ao aumento da
frequência de ciclones tropicais que se formam no Oceano Indico, atravessa o Madagáscar e
atingem Moçambique. Um dos efeitos imediatos dos tais ciclones são as cheias, que podem
também ser causadas pela actividade da ZCIT e pela chuva intensa além das fronteiras do
país, uma vez que maior parte dos rios de Moçambique nascem em países a montante e fluem
para o oceano Indico depois de atravessar o território nacional.

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5. Referências Bibliográficas
Ayoade, J. O. (2003). Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil. 332p.

Lapissone, Alfredo. (2016). Climatogeografia: Manual de Curso de licenciatura em Ensino


de Geografia – 1º ano. Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino a
Distância. Mocambique – Beira.

Mendonça, F. A; Danni-Oliveira, I. M. (2007). Climatologia: Noções básicas e climas do


Brasil. São Paulo: Oficina de Textos. v. 1. 208p.

Oliveira, G. S. (2001). O El Niño e Você – o fenómeno climático. São José dos Campos:
Editora Transtec.

Rivas-Martínez, S. (2004). Global Bioclimatics (versión 23-04-04). Phytosociological


Research Center.

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