Atlas Praguense de João Teixeira Albernaz
Atlas Praguense de João Teixeira Albernaz
Atlas Praguense de João Teixeira Albernaz
Resumo
Em 1994, com a cooperação do Serviço Geográfico do Exército da Re-
pública Tcheca, foi possível apresentar pela primeira vez um manuscrito do
século xvii, descoberto na Biblioteca Nostitz, em Praga. Havia intenção de se
publicar uma edição em fac-símile, tendo sido copiada em microfilme para
fins de estudo. Ocorreu porém o roubo do documento, no Museu Nacional
de Praga, não tendo sido até hoje encontrado.
A obra é anônima, tendo sido comparado com amostras da cartografia
portuguesa antiga, deduzindo-se a sua autoria ao cartógrafo João Teixeira
Albernaz i. O Atlas não é cópia direta de nenhum outro publicado por Al-
bernaz i, mas uma obra independente. Sua datação leva aos anos de 1628
e 1640, devido a algumas características apresentadas nos diversos mapas.
Este trabalho tem por objetivo apresentar o Atlas Praguense, sua es-
trutura e documentos principais bem como as pesquisas realizadas sobre a
documentação, as quais caracterizaram a datação e autoria do Atlas. Em um
segundo momento apresentar-se-á um estudo comparativo entre o mapa da
Demostraçaõ do Rio de Janeiro, pertencente ao Atlas, com os demais mapas
elaborados por Albernaz, tais como: Carta do Rio de Janeiro, de 1626, Carta
do Rio de Janeiro, de 1627, Descrição do Porto do Rio de Janeiro de 1630,
Capitania do Rio de Janeiro, de 1631 e a Carta do Rio de Janeiro de 1640.
A análise comparativa será desenvolvida através da descrição gráfica, to-
ponímia atribuída, verificação de sinais característicos de João Teixeira Alber-
naz, bem como identificando o mapa apresentado no Atlas Praguense como
sendo de sua autoria. Desta forma o trabalho pretende acrescentar algumas
informações a mais sobre o trabalho deste proeminente cartógrafo português.
125
1 – Introduçâo
O documento conhecido como Atlas Praguense, foi encontrado nos
fundos da Biblioteca Nostitz, em Praga, República Tcheca. Este documento
já era conhecido, através do inventário dos livros da família Nostitz, porém
não era a ele dada uma importância maior, a qual só começou a ser mostrada,
através do historiador tcheco, Josef Polišenský, que juntamente com o Prof
126
127
128
129
130
131
132
Conforme pode ser visto na figura 2, o mapa é uma cópia de menor qua-
lidade a carta de 1626. Praticamente não há melhoramentos no documento
em relação ao seu aspecto. Alguns locais deixam de ser representados, como a
Cidade Velha, o Pão de Açucar e continuam os mesmos erros da carta anterior,
em relação aos morros de São Bento, Castelo, Forte São Thiago e Ilha das Co-
bras. O topônimo Pacocoy identifica um rio e uma povoação, a qual é a atual
Magé. A atual Itaboraí é vista como Vrajuba. São apresentados 16 topônimos.
As Ilhas Maricahas, assinaladas na parte inferior direita da carta, eram
à época realmente assim conhecidas, mas representam as atuais ilhas do Pai
e da Mãe, em frente à lagoa do mesmo nome.
Após esta representação, os demais mapas que João Teixeira Albernaz
produziu, apresentam a Baia de Guanabara bastante deformada, em um
flagrante retrocesso no processo de desenho cartográfico.
133
134
135
136
Alguns dos erros que podem ser apontados nesta representação, são a
identificação das “Ilhas do Senhor meupay”, com o arquipélago das Cagarras, a
posição da Ilha de Villegaignon ao sul do Morro do Castelo, a identificação da
Ilha do Governador como Ilha de Martim de Sá, bem como a sua colocação des-
locada, quase junto ao continente, assim como a sua má representação gráfica.
O lado direito da Baia está mal delineado, praticamente como nos ante-
riores, mostrado como uma linha reta, sem detalhes aparentes, como o Saco
de Jurujuba e São Francisco,
Neste mapa, no entanto, aparece a representação da Pedra da Gávea, os
rios localizados no fundo da Baia, têm seus nomes corretos e na ordem certa,
embora outros rios importantes não tenham sido representados.
Em relação a toponímia, é a mais rica apresentada entre todas as demais
cartas da Baia, apresentando cerca de 35 (trinta e cinco) topônimos.
137
138
139
140
141
142
143