Beneficiamento Da Diatomita

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4
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6000II0I8N00I0
00 0I8I0NII8 08
680I8
8lITI8 0lItII08 IT0t fl808
080 600TI000 08 L0I
%
Presidncia da Repblica
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
MARCO ANTNIO MACIEL
Vice-presidente
Ministrio da Cincia e Tecnologia
RONALDO MOTA SARDENBERG
CARLOS AMRICO PACHECO
Secretrio Executivo
JOO E. STEINER
Secretrio de Coordenao das Unidades de Pesquisa
CETEM - Centro de Tecnologia Mineral
GILDO DE ARAJO S CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
Diretor
FERNANDO A. FREITAS LINS
Coordenao de Inovao Tecnolgica (CTEC)
ROBERTO C. VILLAS-BAS
Coordenao de Desenvolvimento Sustentvel (CODS)
CARLOS CSAR PEITER
Coordenao de Apoio a Pequenas e Mdias Empresas (CPME)
AUGUSTO WAGNER PADILHA MARTINS
Coordenao de Planejamento e Gesto Operacional (CPGO)
ARNALDO ALCOVER NETO
Coordenao de Anlises Minerais (COAM)
COSME ANTNIO MORAES REGLY
Coordenao de Administrao (COAD)
Jeaelltlemea|e 1e Dle|eml|e 1e
Jelle
!|Kl| K0CN/! | lN|K/l! lNDU!!Kl/l!
ISSN - 1518-9155
!lL\l/ CKl!!lN/ /L\|! FK/N/
Eng. Qumica - UFS, Mestre e Doutora em
Engenharia Qumica (COPPE/UFRJ).
Tecnologista Plena do CETEM/MCT. Tem
atuado ultimamente na rea de minerais
industriais.
/D/0 J|N\lND0 D/ LUl
Eng. de Minas - UFPE, Mestre e Doutor em
Engenharia Mineral - USP, Pesquisador
Titular do CETEM/MCT.
Tem atuado ultimamente na rea de
minerais industriais.
CETEM / MCT
2002
SRIE ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS
ADO BENVINDO DA LUZ
Editor
GILDO DE ARAJO S CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
Subeditor
CONSELHO EDITORIAL
Adriano Caranassios, Antnio Rodrigues de Campos, Francisco
Wilson Hollanda Vidal, Jurgen Schnellrath, Arthur Pinto Chaves
(USP), Carlos Adolpho Magalhes Baltar (UFPE), Gladstone Motta
Bustamante (Consultor), Hlio Antunes Carvalho de Azevedo
(CBPM), Jos Carlos da Rocha (INT), Marsis Cabral Jnior (IPT),
Prsio Souza Santos (USP), Renato Ciminelli (Consultor)
A Srie Rochas e Minerais Industriais publica trabalhos que
busquem divulgar tecnologias de aproveitamento e agregao de
valor a rochas e minerais industriais
O contedo deste trabalho de responsabilidade
exclusiva do(s) autor(es)
Jackson de Figueiredo Neto COORDENAO EDITORIAL
Vera Lcia do E. S. Souza EDITORAO ELETRNICA E CAPA
Frana, Slvia Cristina Alves
Beneficiamento de Diatomita da Bahia/Slvia Cristina Alves Frana
e Ado Benvindo da Luz . Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2002.
50 p. (Srie Rochas e Minerais Industriais, 7)
1. Beneficiamento de minrios 2. Diatomita. I. Centro de
Tecnologia Mineral. II. Ttulo. III. Srie. IV. Luz, Ado Benvindo da
ISBN 85-7227-174-0
ISSN 1518-9155 CDD 622.7
!emerle
Resumo .................................................................................... 7
Abstract ................................................................................... 9
1. Introduo.......................................................................... 11
2. Objetivo ............................................................................. 13
3. A Diatomita no Brasil .......................................................... 14
3.1 A Diatomita de Mucug: Mina Ponte............................ 15
3.2 Calcinao em Vitria da Conquista ............................ 19
4. Beneficiamento da Diatomita de Mucug
- Processo CETEM .................................................................. 20
4.1 Amostragem............................................................. 20
4.2 Processo de Desagregao e Remoo de Argila ......... 21
4.3 Operao em Batelada de Retirada da Argila .............. 22
4.4 Ensaios em Escala Piloto para Remoo de Argila ....... 24
4.5 Processo de Secagem da Diatomita Lavada ............... 26
5. Processo de Calcinao da Diatomita .................................. 31
5.1 Ensaios de Calcinao em Mufla ................................. 31
5.2 Ensaios de Calcinao em Forno Rotativo Piloto .......... 33
6. Concluses e Sugestes ...................................................... 45
Agradecimentos ...................................................................... 48
Bibliografia............................................................................. 49
No projeto Benefi ci amento da
Diatomita da Bahia foi estudado, em escala
de bancada e piloto, a melhoria de desem-
penho do processo de beneficiamento da
diatomita, atualmente industrializada pela
CIEMIL (Comrcio, Indstria e Exportao
de Minrios Ltda). Foi desenvolvido pelo
CETEM, NATRONTEC e parceria da CIEMIL,
e financiado pelo PADCT/FINEP/FAPERJ.
A CIEMIL est localizada no Distrito
Industrial de Vitria da Conquista - BA e
vem lavrando, beneficiando e comer-
cializando diatomita desde 1971.
Para realizao do presente estudo,
foi feita uma amostragem de 2,5 m
3
de
diatomita "in natura", na frente de lavra da
Mina Ponte, municpio de Mucug-BA e
enviados para o CETEM, no Rio de Janeiro,
onde foi desenvol vi da toda parte
experimental.
Os estudos de caracteri zao
mineralgica foram feitos por meio de
difrao de raio-X e microscopia eletrnica
de varredura - MEV. Nestes, foi verificada a
presena de slica de diatomita, slica de
quartzo e caulinita. Foi tambm observada
a predominncia de carapaas das algas
diatomceas de formato navicular, das
classes Frustulia e Anemoeneis.
Na composio qumica da diatomita
foram determinados os teores das slicas
(SiO
2
) amorfa, de quartzo e de caulinita,
bem como de Fe
2
O
3
(provavelmente limonita)
e Al
2
O
3
(provavelmente caulinita), contidos
na frao argila.
Visando a remoo da frao argila
contida na diatomita, foram inicialmente
Keseme
8
Slvia Cristina Alves Frana e Ado Benvindo da Luz
realizados ensaios de sedimentao em
proveta, seguidos de calcinao em mufla.
Na etapa de sedimentao foram estudados,
em carter exploratrio, os parmetros de
percentagem de slidos da alimentao e
tempo de sedimentao. O sedimentado foi
filtrado e seco em estufa (105
0
C) e
submetido a ensaios de calcinao em mufla,
durante os quais foram estudados tambm,
em carter exploratrio, temperatura de
calcinao, tempo de residncia e adio
de fluxante (Na
2
CO
3
). Com base nos
resultados de bancada foi concebido e
estudado o fluxograma de processo que
constou de: desagregao, peneiramento,
sedi mentao em hi drocl assi fi cador,
filtragem, secagem e calcinao.
Os produtos obtidos foram avaliados
por ensai os tecnol gi cos e as suas
propriedades comparadas com as de
produtos industriais de uso corrente no
mercado, mostrando que novas condies
operacionais podem ser implementadas pela
CIEMIL, visando melhorar o desempenho
do processo de beneficiamento de diatomita,
atualmente empregado em sua unidade
industrial, em Vitria da Conquista.
O estudo de viabilidade tcnica-
econmica realizado pela NATRONTEC
apresentou uma taxa interna de retorno de
24,5%) no empreendimento mineiro, para a
alternativa de fazer a secagem da diatomita
em Vitria da Conquista, usando os gases
quentes emanados do calcinador. Essa taxa
interna de retorno-TIR superior aos valores
mdios praticados para projetos mineiros
Esse parmetro econmico significou uma
avaliao positiva para esse empreen-
dimento.
9
Beneficiamento da Diatomita da Bahia
We studied the processing of a
diatomite from Bahia State, Brazil, at bench
and pilot scales for the improvement of its
efficiency, which is currently conducted by
CIEMIL (Comrcio, Indstria e Exportao
de Minrios Ltda). The project was developed
by CETEM, NATRONTEC wi th the
participation of CIEMIL, and financed by
PADCT/FINEP/FAPERJ.
CIEMIL is localized in the Industrial
District of Vitria da Conquista - BA, which
has been mi ni ng, processi ng and
commercializing diatomite since 1971.
For the accomplishment of this study,
2.5 m
3
of diatomite "in natura", was sampled
at the mi ni ng front of Mi na Ponte,
municipality of Mucuge-BA. The sample were
sent to CETEM, in Rio de Janeiro, where all
the experi mental procedures were
developed.
The mineral characterization studies
were conducted through X-ray and scanning
electron microscopy. In these studies it was
verified the presence of silicon of diatomite,
silicon of quartz and kaolinite. It was also
observed the predominance of a coating of
diatomite algeae with a navicular shape of
the classes Frustulia and Anemoeneis.
The chemical composition of the
diatomite consists of amorphous silica (SiO
2
),
quartz and kaolinite, as well as Fe
2
O
3
(probably limonite) and Al
2
O
3
(probably
kaolinite), in the clay fraction.
With the aim to remove the clay
fraction of the diatomite, sedimentation
/|s|ret|
10
tests were initially conducted followed by
calcination. In the sedimentation step, we
studied the parameters of solid feed
percentage and sedimentation time. The
material settled was filtered and dried in a
stove (105
0
C) and submitted to tests of
calcination. During these tests, we also
studied the effect of temperature of
calcination, the residence time and addition
of the flux (Na
2
CO
3
). Based on the results
of the bench scale tests we conceived the
flowsheet of the process which consisted
of: desegregation, screening, sedimentation
in a hydro-classifier, filtering, drying and
calcination.
The obtained product were evaluated
by technological tests and their properties
compared with those of industrial products
now available at the market showing that
new operati onal condi ti ons can be
implemented by CIEMIL, with the goal to
improve the efficiency of the processing of
the diatomite, currently used in its industrial
unit, in Vitria da Conquista.
The technical-economical feasibility
study carried out by NATRONTEC presented
an internal rate of return of 24.5% to the
mining enterprise, for the alternative to
conduct the drying of the diatomite in Vitria
da Conquista, utilizing the hot gases
delivered from the calcinator. This internal
rate of return is superior to the average
values practiced for mining projects. This
parameter signified a positive evaluation for
this enterprise.
11
!. la|re1eee
A diatomita uma matria prima mineral de origem sedimentar,
constituda a partir do acmulo de carapaas de algas diatomceas
que foram se fossilizando, desde o perodo pr-cambriano, pelo
depsito de slica sobre a sua estrutura. A fixao desta slica
pelas algas diatomceas est relacionada com o ciclo geoqumico
de decomposio das argilas, servindo como parte do material de
estrutura para estas algas (Breese, 1994).
A diatomita apresenta-se como um material leve, poroso, de
estrutura alveolar, que ocorre em terrenos de origem sedimentar,
especialmente em zonas de formao lacustre ou marinha. A
diatomita apresenta-se disposta em camadas delgadas ou espessas,
intercaladas por lentes de argilas, em ambientes aquosos fechados
e tem, geralmente, como impurezas matria orgnica, quartzo,
carbonatos de clcio, magnsio, caulinita, xidos de ferro, entre
outros. Embora ocorra em diversas partes do planeta, no h indcios
de depsitos que contenham esse material com alto grau de pureza.
Algumas das propriedades fsicas da diatomita que agregam
valor comercial ao produto podem ser exemplificadas, tais como
baixa densidade aparente, alta porosidade e rea superficial,
especiais para o mercado da filtrao (Breese, 1994).
Outras propriedades no menos importantes tambm podem
ser citadas, como a alta abrasividade, alta capacidade de absoro,
inrcia qumica, habilidade isolante e alvura, que tambm so
requeridas em diversas aplicaes industriais.
A produo de diatomita consiste de trs etapas distintas:
lavra, beneficiamento e calcinao. O processo atual de
beneficiamento empregado pela CIEMIL-Comrico Indstria e
Exportao de Minrios Ltda., para a diatomita de Mucug-BA,
consta de remoo da matria orgnica por peneiramento, da argila
por sedimentao e secagem ao sol; todas essas etapas so
realizadas na prpria mina.
12
A etapa de calcinao realizada no distrito industrial de
Vitria da Conquista-BA que, alm da diatomita beneficiada de
Mucug, calcina tambm outras diatomitas provenientes do Rio
Grande do Norte e do prprio municpio de Vitria da Conquista.
A partir de visitas tcnicas prvias realizadas unidade de
beneficiamento da diatomita de Mucug, por engenheiros do CETEM
e NATRONTEC, constatou-se que o processo empregado pela
CIEMIL, necessitava de melhorias, principalmente na etapa de
remoo de argilas, onde as tcnicas empregadas so bastante
rudimentares. Alm do mais, a secagem depende muito das
condies climticas, impedindo a empresa de manter uma escala
de produo uniforme na lavra.
Constatou-se tambm que a etapa de calcinao realizada
pela CIEMIL em sua unidade industrial, em Vitria da Conquista,
requer maior controle das variveis de processo. Durante a
calcinao ocorre a fuso/aglomerao das partculas mais finas
de diatomita, com reduo da rea superficial; ao mesmo tempo
tem-se a fuso de impurezas, principalmente os xidos de ferro,
formando uma escria que dever ser removida na etapa de
classificao pneumtica do produto calcinado. Esse processo
dever ocorrer sob condies de temperatura e tempo de residncia
controlados (Walker, 1978), para que sejam obtidos produtos com
as propriedades requeridas para cada uso industrial.
13
I. 0J!|!l\0
O presente trabalho tem como objetivo: i) desenvolver um
processo de beneficiamento de diatomita mais eficiente e adequado
s condies climticas de Mucug, em substituio ao atualmente
empregado pela CIEMIL; ii) melhorar o desempenho do processo
de calcinao de diatomita da unidade industrial da CIEMIL, em
Vitria da Conquista, visando a obteno de produtos que atendam
s especificaes para uso em filtraes industriais (de refrigerantes,
cervejas, sucos, produo de acar, etc.) e indstrias de tintas,
que sejam mais competitivos no mercado consumidor.
14
. / Dle|eml|e ae Jresll
No Brasil, os depsitos de diatomita ocorrem em terrenos de
formao lacustre e so encontrados em profundidades mdias de
2 m. Esses depsitos datam da era cenozica, a partir do perodo
tercirio (Souza, 1973), e encontram-se nos estados do Cear,
Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo
e Santa Catarina.
Os depsitos do estado da Bahia esto todos localizados no
interior do estado, principalmente nos municpios de Vitria da
Conquista, Mucug, Ibicoara e Morro do Chapu, como pode ser
visualizado no mapa da Figura 1. A diatomita da regio de Vitria
da Conquista muito densa e contm mais impurezas, do tipo
quartzo e material orgnico; j em Ibicoara e Morro do Chapu, a
diatomita apresenta-se mais leve e branca, sendo ento empregada
para fins industriais mais nobres.
15
Figura 1 - Mapa de localizao de depsitos de diatomita na
Bahia: (1) Mucug, (2) Ibicoara, (3) Morro do Chapu e (4)
Vitria da Conquista
.! / Dle|eml|e 1e etee lae Pea|e
A Fazenda Ponte, de propriedade da CIEMIL e onde est
localizada a mina de diatomita, situa-se no municpio de Mucug, a
48 Km da sua sede. A diatomita dessa regio ocorre em reas
alagadias, s margens de pequenos afluentes do rio Paraguassu.
A regio apresenta como uma das suas principais caractersticas a
abundncia de chuvas e temperatura mdia anual de 19
o
C. A Mina
Ponte est em lavra h dezessete anos; tipicamente uma mina
de superfcie e antes de iniciar a lavra torna-se necessrio o
abaixamento do lenol fretico. Em janeiro de 2000 - perodo de
amostragem da diatomita, a rea em lavra apresentava as dimenses
de 25 m de largura, 20 m de comprimento e profundidade de cerca
de 2 m. A nova rea da mina, j em atividade, apresenta as
16
dimenses de 300 m de comprimento, 100 m de largura e
profundidade de 2,0 m e est sendo lavrada desde abril de 2000.
A frente de lavra mostra a diatomita em camadas intercaladas
de cores diferentes, escuras e mais claras, como pode ser observado
na Figura 2. Nas camadas mais escuras, a diatomita ocorre com
uma certa quantidade de argila e material orgnico (razes e outros
restos vegetais) responsvel por esta colorao; as camadas mais
claras so constitudas basicamente de diatomita; algumas vezes
podem ocorrer algumas lentes de areia entre as camadas de
diatomita.

Figura 2 - Vista da frente de lavra da mina de diatomita -
Mina Ponte
A diatomita da Mina Ponte rica em matria orgnica e tem
uma quantidade aprecivel de argila. A composio qumica
mostrada na Tabela 1.
17
Tabela 1 - Composio qumica em base seca da diatomita
bruta da Mina Ponte
As carapaas de diatomceas que predominam na diatomita
da Mina Ponte so de formato navicular e bastonetes e apresentam
poros circulares e elpticos, tpicos da famlia das Naviculaceae
(Horn Filho, 1980). A Figura 3 mostra algumas carapaas da
diatomita "in natura", fotografadas em microscpio eletrnico de
varredura - MEV.
Figura 3 - Carapaas de diatomita in natura da Mina Ponte -
formato navicular

Compostos (%)
SiO
2
total 88,2
SiO
2
amorfa 70,5
SiO
2
quartzo 7,0
SiO
2
caulinita 10,7
Al
2
O
3
9,0
Fe
2
O
3
0,5
Perda ao fogo 2,2

18
Para a obteno de produtos com qualidade e especificaes
comerciais, as impurezas presentes na diatomita devem ser
removidas, pois afetam a qualidade do produto final. Os xidos de
ferro e alumnio, por exemplo, que representam a frao argila
existente na diatomita, afetam as suas propriedades filtrantes,
proporcionando queda da qualidade do produto final para filtrao.
A remoo dessas argilas deve ser feita por meio dos processos de
sedimentao, calcinao e classificao, que foram estudados
neste projeto.
O processo de produo de diatomita empregado pela CIEMIL
consta de lavra da diatomita, remoo da argila e secagem ao sol,
realizadas na Mina Ponte, e calcinao e classificao pneumtica
realizadas no Distrito Industrial de Vitria da Conquista.
Letre e Jeaelltlemea|e
A preparao da frente de lavra se inicia com a retirada da
vegetao e da matria orgnica, presente na superfcie da mina.
Esse material colocado em um bota-fora e preservado para futura
reabilitao da rea minerada. A diatomita lavrada de forma
manual, com o auxlio de ps e colocada com gua em tanques
agitados (blunger) para formao de uma polpa. A seguir, esta
bombeada para tanques (madeira) de decantao, onde se separam
a argila da diatomita.
Essa separao ocorre em batelada e o tempo de permanncia
da polpa nas caixas de decantao varivel (24 a 72 horas), de
acordo com as condies climticas. Decorrido esse perodo, o
sobrenadante das caixas de sedimentao, rico em argilas e matria
orgnica, extravasado por gravidade, retornando para as reas
j mineradas. O decantado constitudo principalmente de
diatomita. Esta retirada manualmente com o auxlio de ps,
colocada na carroceria de um trator e transportada para o ptio
onde espalhada para secagem ao sol. Ao atingir a umidade entre
10 e 20% transportada de caminho (280 km) para a usina de
calcinao em Vitria da Conquista. Como esse processo de
secagem ao sol depende muito das condies climticas, fica muito
difcil manter uma escala de produo na etapa de remoo da
argila e secagem.
19
.I Celtlaeee em \l|erle 1e Ceaels|e
A usina da CIEMIL est localizada no distrito industrial de
Vitria da Conquista, sudoeste da Bahia. A diatomita , produto
final da CIEMIL, utilizada no mercado principalmente em processos
de filtrao de bebidas e fabricao de tintas.
A diatomita, com umidade entre 10 e 20%, misturada com
a barrilha (Na
2
CO
3
) a uma concentrao de 2% em peso. Este
um fundente e tem a funo de auxiliar na aglomerao das
partculas de diatomita, bem como na escorificao das impurezas;
em seguida a mistura alimentada ao forno de calcinao. A
temperatura de calcinao varia de acordo com o teor de material
orgnico na diatomita. No caso de diatomitas com teores elevados
de material orgnico, tem-se uma maior quantidade de gases de
combusto, fazendo com que a temperatura no interior do forno
aumente, prejudicando o processo de calcinao. Por isto tem-se
um temperatura de calcinao varivel (800 a 1.000C) no forno.
A diatomita calcinada, proveniente do forno, passa por um
resfriador cilndrico, cai em um ventilador para ser desagregada e
segue para a etapa de classificao pneumtica. Os produtos
obtidos so submetidos a ensaios especficos, dependendo do tipo
de utilizao a que se destinam.
20
1. Jeaelltlemea|e 1e Dle|eml|e 1e etee -
Pretesse C|!|
A partir do processo de beneficiamento de diatomita
apresentado no item anterior, foi desenvolvido um processo de
beneficiamento em escala piloto, com propostas de modificaes
e implementaes que traro melhorias eficincia de todo o
processo de beneficiamento de diatomita atualmente empregado
pela CIEMIL. O processo mostrado a seguir ser discutido por etapas,
partindo da desagregao da diatomita "in natura" lavrada pela
CIEMIL, sedimentao para remoo de argila, secagem e
calcinao da diatomita.
A anlise da qualidade dos produtos foi feita seguindo algum
dos mtodos utilizados pela CIEMIL ou propostos por este trabalho.
Cabe ressaltar que, no processo de beneficiamento estudado no
CETEM, no houve a possibilidade de se fazer a classificao
pneumtica dos produtos, devido pequena quantidade de
diatomita calcinada produzida.
1.! /mes|reem
Para a realizao do presente trabalho foi coletada, na frente
de lavra da Mina Ponte, uma amostra de 2,5 toneladas de diatomita.
A amostragem foi realizada por tcnicos da CIEMIL, seguindo
orientao dos pesquisadores do CETEM. A amostra foi coletada
no corte vertical da frente de lavra, tomando a amostra em canais
com o auxlio de ps manuais, atravessando toda a camada
mineralizada em diatomita. As amostras foram acondicionadas em
tambor, de forma a preservar as suas caractersticas naturais; a
seguir foram enviadas para o CETEM, no Rio de Janeiro.
21
No CETEM, a preparao da amostra para a realizao dos
ensaios em escala de bancada e piloto foi realizada a partir da
retirada de uma amostra representativa de diatomita de cada
tambor, utilizando um trado. Os testemunhos retirados de cada
tambor foram desagregados manualmente para preparao da pilha
de homogeneizao. Parte da pilha foi quarteada em amostras de
2 Kg, as quais foram acondicionadas em sacos plsticos; o restante
do material da pilha foi acondicionado em tambores.
1.I Pretesse 1e Desereeee e Kemeee 1e /rlle
Os ensaios de remoo de argila foram realizados inicialmente
em escala de laboratrio, em provetas, utilizando suspenses de
diatomita com concentraes de alimentao e tempos de residncia
variveis. A partir dos resultados obtidos foram escolhidas as
condies operacionais para os ensaios contnuos, realizados
segundo o fluxograma da Figura 4.
Figura 4 - Fluxograma da usina piloto de beneficiamento da
diatomita operada no CETEM
M
M
MATRIA
ORGNICA
UNDERFLOW (Com diatomita)
TANQUE DE
AGITAO
RPIDA
PENEIRA VIBRATRIA
TANQUE DE
AGITAO
LENTA
HIDROCLASSIFICADOR
SECADOR
FORNO
ROTATIVO
PENEIRA VIBRATRIA
DIATOMITA
"ROM"
GUA
GUA
HOMOGENIZADOR
FLUXO
(Na2CO3)
AQUECIMENTO ELTRICO
ESCRIA
DIATOMITA CALCINADA
(Para o classificador pneumtico)
GUA
FILTRO
PRENSA
POLPA DE
DIATOMITA
OVERFLOW (Com argilas)
22
1. 0jereee em Je|ele1e 1e Ke|lre1e 1e /rlle
Foram utilizados ensaios de sedimentao em proveta para
estudar o comportamento da sedimentao das suspenses. Os
ensaios foram realizados para seis perodos de tempos diferentes,
variando o tempo de sedimentao de 3 a 24 horas. A Figura 5
mostra alguns resultados de velocidade de sedimentao a partir
desses testes em batelada.
Figura 5 - Variao da altura da interface para cada tempo
de ensaio de sedimentao em batelada
A Figura 5 mostra que, para tempos menores do que 10,5
horas a interface de sedimentao apresenta movimento
descendente, indicando que os slidos esto sedimentando,
aumentando a concentrao de slidos do underflow. Para tempos
maiores que 10,5 horas notada uma estabilizao na altura da
interface, o que indica que a partir da j no h mais aumento
significativo na concentrao de slidos do underflow, podendo
at ocorrer a sedimentao mais atenuada das pequenas partculas
(argila, por exemplo) que esto dispersas no overflow. Com isso
concluiu-se que o tempo de sedimentao necessrio para a
0
5
10
15
20
25
30
35
3 6 10,5 15 18 21 24
Tempo (h)
A
l
t
u
r
a

d
a

I
n
t
e
r
f
a
c
e

(
c
m
)
23
separao da diatomita da argila menor do que 10 horas. Para
esse tempo de sedimentao, a perda de massa no overflow
encontra-se em torno de 10%, o que plenamente aceitvel, uma
vez que possvel remover boa parte da argila presente na polpa
de alimentao.
A Figura 6 ilustra a variao da percentagem de slidos no
under e overflow, para os diferentes tempos de sedimentao da
polpa de diatomita. Como pode ser observado, aps 15 horas de
teste, praticamente no h mais variao na percentagem de slidos
do under e overflow, o que fortalece a premissa de que tempos de
sedimentao em torno de 10 horas so suficientes para separar a
argila da diatomita.
Figura 6 - Variao da percentagem de slidos no overflow e
underflow durante os testes de sedimentao em batelada
Os produtos da sedimentao (overflow e underflow) foram
analisados, para investigar a quantidade de ferro e alumnio presente
e os resultados comparados com a alimentao (Tabela 2).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
3 6 10,5 15 18 21 24
Tempo (h)
%

s
l
i
d
o
s
Overflow (1)
Underflow (2)
(2)
(1)
24
Tabela 2 - Remoo de argilas no processo de sedimentao
em batelada
* - teores expressos em base calcinada
De posse dos resultados dos ensaios de sedimentao em
batelada, escolheu-se o tempo de residncia da unidade contnua
como sendo de 6 horas e partiu-se para os ensaios de sedimentao
contnua, em hidroclassificador.
1.1 |aseles em |stele Plle|e jere Kemeee 1e /rlle
Nos ensaios contnuos para remoo de argila foi utilizado
um hidroclassificador, que um equipamento de classificao
baseado na separao de partculas, de acordo com a densidade
ou tamanho de partculas. Para estes ensaios, os estudos em
batelada mostraram qual o tempo necessrio de sedimentao
para separar a diatomita da argila. O hidroclassificador operou em
sua melhor condio ao atingir o regime de equilbrio (steady state).
Esta etapa do processo constou de preparao da suspenso,
estoque em tanque pulmo e bombeamento da suspenso para a
alimentao contnua do hidroclassificador. Quando o sistema entrou
em regime, foi feita a amostragem do underflow (diatomita lavada)
e do overflow, visando balano de massa.
A diatomita in natura se apresenta na forma de blocos, cheios
de razes e pequenos pedaos de madeira. Esses blocos foram
desagregados em tanques condicionadores por meio da adio de
gua e agitao rpida por 2 minutos, formando uma polpa com
concentrao de 5% de slidos. Para a retirada de razes existentes
na polpa, foi colocada uma peneira com abertura de 10 malhas na
sada do condicionador, antes da suspenso seguir para o tanque

(*)
Fe
2
O
3
(%)
(*)
Al
2
O
3
(%)
Alimentao 0,54 9,04
Overflow 0,87 17,2
Underflow 0,49 6,95
25
pulmo, de agitao lenta. O objetivo desta manter a uniformidade
da suspenso que ir, ento, alimentar o hidroclassificador (Figura
7).
Figura 7 - Usina piloto utilizada nos ensaios de remoo de
argila
O tempo de residncia mais adequado para a polpa foi o de 6
horas e as condies operacionais do hidroclassificador so
mostradas na Tabela 3.
Tabela 3 - Condies operacionais do hidroclassificador
Embora a razo entre as vazes de retirada do underflow e
de alimentao seja de 1:5, a razo de concentrao de
aproximadamente de 1:2, devido natureza das partculas de

Alimentao Underflow
Concentrao de slidos (%) 5,0 12,0
Vazo (mL/min) 600 120
26
diatomita, que apresentam dificuldade de formao de uma polpa
mais densa. As amostras de underflow e sobrenadante (overflow)
eram retiradas quando o fluxo atingia o estado estacionrio, o que
era verificado por meio de balanos de massa. Desta forma o
hidroclassificador operado de forma contnua foi regulado para
produzir a diatomita lavada (Tabela 4) nas especificaes desejadas.
Tabela 4 - Anlise qumica de Fe e Al no underflow e overflow
no processo de sedimentao contnua no hidroclassificador
(
*
)Fe
2
O
3
(%) (
*
)Al
2
O
3
(%)
Alimentao 0,55 9,02
Overflow 0,82 16,8
Underflow 0,50 7,08
* - teores expressos em base calcinada
O underflow do hidroclassificador encontra-se a 12% de
slidos e, aps secagem, constitui-se na diatomita "crua lavada",
pronta para ser submetida etapa de calcinao.
1.' Pretesse 1e !eteem 1e Dle|eml|e Lete1e
O underflow do hidroclassificador constitui a diatomita lavada
e submetido a um de desaguamento para obter-se um produto
com umidade adequada (10 a 15%) para a etapa seguinte de
calcinao.
A diatomita, por ser altamente porosa, tem a propriedade de
absorver gua intersticial, alm da gua superficial que a
acompanha. Desta forma, processos de desaguamento que utilizam
apenas energia mecnica (filtro prensa) no se mostraram suficientes
para reduzir essa umidade a nveis desejados para a etapa de
calcinao.
A Netzsch do Brasil realizou ensaios de desaguamento da
diatomita em filtro prensa piloto, utilizando o underflow do
hidroclassificador, produto da separao da argila. Os resultados
27
so mostrados na Tabela 5. As caractersticas da alimentao do
filtro so:
Natureza da alimentao: polpa de diatomita
Peso especfico da suspenso: 1,060 Kg/m
3
% de slidos da suspenso: 12,80%
pH do meio: 6,0
Temperatura da suspenso: ambiente
Tabela 5 - Resultados de ensaios de desaguamento de
diatomita em filtro prensa NETZSCH
em filtro prensa NETZSCH
(*) expressa em base mida
Os resultados mostraram que, mesmo usando o filtro prensa,
no foi possvel reduzir a umidade da diatomita para valores em
torno de 20%. Para contornar esse problema, foram realizados
ensaios de secagem em secador piloto de leito fluidizado. Esses
ensaios de secagem foram realizados em diferentes condies de
Dados da filtrao Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Tipo de placa Cmara diafragma
misto
Diafragma
misto
Cmara
Presso filtrao (bar) 8 8 8 15
Tempo filtrao (min) 18 20 18 30
Volume filtrado (L) 12 12 12 17
Espessura da torta (mm) 40 40 30 30

Dados da pressurizao Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Press. pressur. diaf. (bar) - 15 15 -
Tempo de pressur (min) - 13 10 -
Vol. de polpa pressur. (L) - 3,5 2,4 -

Dados das tortas Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Umidade
*
(%) 69 55,2 53,5 59,5
Peso especifico. torta (Kg/L) 1,10 1,20 1,25 1,19
Espessura. tortas
pressurizao. (mm)
- 22 21 -
Fator de pressurizao - 0,55 0,70 -
Peso das tortas (Kg) 7,47 4,20 5,94 7,44
28
umidade, mas principalmente com valores em torno de 50%, que
foi a condio na qual as tortas de diatomita saram do filtro prensa.
A unidade de secagem utilizada nos ensaios foi idealizada
pela Rossini Engenharia. A diatomita era colocada numa caixa de
alimentao com batedores para desagreg-la e alimentador de
parafuso. O Secador possui um queimador a gs e um ventilador,
para fornecimento do ar quente de secagem. Depois de seca, a
diatomita alimentada a um separador, que retm a frao mais
grossa (underflow), composta por impurezas escorificadas e
partculas maiores que constituem um refugo. A frao fina, que
arrastada pelo gs que sai do ciclone, coletada em um filtro de
mangas. O processo de secagem ocorre em curto espao de tempo
e o percentual de gua residual chega aos nveis desejados.
Os testes foram realizados com a diatomita em quatro
condies diferentes:
a) diatomita pr-seca ao sol;
b) diatomita desaguada em filtro prensa e com diafragma;
c) diatomita umedecida para 70%;
d) diatomita umedecida para 75%.
O ensaio de secagem que apresentou os melhores resultados
descrito a seguir e os resultados so apresentados nas Tabela 6
e 7.
Ensaio de secagem da diatomita umedecida at 70%
Neste ensaio foi utilizada a diatomita seca ao sol e re-
umedecida at 70%. Embora se saiba que no economicamente
vivel a secagem da diatomita neste nvel de umidade, a idia da
utilizao da diatomita com esta especificao foi verificar a
possibilidade da secagem do material nesta faixa de umidade, na
qual a diatomita se encontra quando exposto por pouco tempo ao
sol. O aspecto da diatomita semelhante ao observado no minrio
run of mine, porm com maior facilidade de desagregao.
29
Antes da realizao desse teste foram determinadas algumas
variveis operacionais, como a vazo mssica de alimentao em
funo da freqncia de rotao do parafuso sem fim, apresentadas
na Tabela 6.
Tabela 6 - Variao da vazo mssica com a rotao do
alimentador de parafuso
Rotao do sem-fim
(Hz)
Vazo mssica
de alimentao
(Kg/h)
20 32,5
40 68,2
60 83,0
80 111,0
As variveis operacionais utilizadas para o teste de secagem
esto mostrados na Tabela 7.
Tabela 7 - Variveis operacionais do ensaio de secagem de
melhor resultado
temperatura do ar na regio de secagem 160
0
C
tempo de residncia estimado 5-10s
umidade da diatomita antes da secagem 70%
umidade da diatomita na sada do secador 7-8%
vazo mssica de alimentao 32,5 Kg/h
vazo mssica de slido na sada do
secador
9 Kg/h
30
Os resultados obtidos para a umidade da diatomita aps os
testes de secagem mostraram que a utilizao do secador de leito
fluidizado adequada para a reduo desta umidade aos nveis
desejados (10-15%) para o processo de calcinao. A utilizao
dos parmetros operacionais (vazo mssica de alimentao, tempo
de residncia, temperatura de secagem, etc) da etapa de secagem
ser uma funo dos custos operacionais envolvidos.
Na usina piloto montada no CETEM, o filtro prensa utilizado
operava com capacidade de 30-35 L de polpa por batelada (Figura
8).
Figura 8 - Unidade de filtro prensa piloto (CETEM) usada no
desaguamento da diatomita
As tortas de diatomita obtidas nos ensaios de filtragem no
CETEM apresentaram umidade em torno de 60%. A secagem
complementar das tortas provenientes do filtro prensa foi realizada
em estufa de laboratrio.

31
'. Pretesse 1e Celtlaeee 1e Dle|eml|e
Os estudos de calcinao da diatomita foram baseados na
investigao da influncia de trs variveis sobre a qualidade do
produto final, que so temperatura, tempo de residncia e adio
de fluxante (barrilha). Inicialmente foram realizados ensaios de
calcinao esttica em mufla, para verificao das faixas timas
de trabalho para cada uma das variveis, para que, a partir destes
resultados, fosse possvel realizar os experimentos sob condies
dinmicas, em escala piloto.
'.! |aseles 1e Celtlaeee em elle
Estes foram realizados com amostras de diatomita lavada e
seca e tiveram como objetivo o estudo preliminar das condies
operacionais de calcinao da diatomita, tais como: temperatura,
tempo de residncia, adio de fluxante e umidade adequada para
a adio do fluxante.
As variveis foram investigadas em diferentes nveis (Tabela
8), para que a partir desses resultados fossem escolhidas as
condies operacionais da calcinao em forno rotativo piloto. Os
ensaios de calcinao em mufla tiveram a finalidade de apontar
uma faixa de valores das variveis citadas, visto que esses ensaios
foram realizados sob condies estticas, no havendo a circulao
constante da amostra e exposio uniforme desta ao calor.
Tabela 8 - Condies experimentais dos testes de calcinao
em mufla
Temperatura (
o
C) 800 900 1000 -
Tempo de residncia (h) 0,5 1 2 -
Umidade (%) 7-10 10-15 17-20 -
Adio de fluxante (% Na
2
CO
3
) 0 1 2 3
32
Os resultados dos ensaios foram avaliados atravs da
verificao da superfcie especfica, distribuio de tamanhos das
partculas e alvura do produto, conforme mostrado nas Figuras 9 a
10.
Figura 9 - Dimetros mdios das partculas de diatomita
calcinada a diferentes condies de temperatura e adio de
fluxante
Observa-se que o tamanho das partculas aumenta com a
temperatura, o que indica que esta varivel tem papel fundamental
na fuso/aglomerao das partculas finas da diatomita,
especialmente quando h a adio de fluxante que reduz a
temperatura de fuso da slica.

20
25
30
35
40
45
50
55
700 800 900 1000 1100
Temperatura (C)
D
i
m
e
t
r
o

m
d
i
o

(
m
)

Adio de fluxo 3% (1) Adio de fluxo 2% (2)
Adio de fluxo 1% (3) Sem fluxo (4)
(1)
(3)
(2)
(4)
33
Figura 10 - Superfcie especfica das partculas de diatomita
calcinada a diferentes condies de temperatura e adio de
fluxante
Com estes resultados verificou-se que no h necessidade
da temperatura do processo de calcinao ser superior a 1000
o
C.
Quanto ao tempo de residncia, verificou-se que em 1 h ocorre a
calcinao total do material, para a massa estudada.
'.I |aseles 1e Celtlaeee em Ferae Ke|e|lte Plle|e
Os ensaios de calcinao foram realizados em um forno
rotativo piloto, operado em regime contnuo. O forno era aquecido
por resistncias eltricas, dispostas em duas carcaas que envolvem
o tubo central (reator), onde ocorre a calcinao. O forno tem as
dimenses de 1,5 m de comprimento e 0,25 m de dimetro, porm
a carcaa com as resistncias de aquecimento recobre apenas
0,9 m do comprimento do forno, caracterizando a cmara de
calcinao propriamente dita; o restante do comprimento refere-
se regio de resfriamento. A quantidade de material alimentado
correspondeu a 15% do volume do forno, para que houvesse espao
suficiente para circulao do material e dos gases. A Figura 11
mostra o forno rotativo piloto utilizado nos ensaios de calcinao
e, na Tabela 9, as condies dos experimentos de calcinao.
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
700 800 900 1000 1100
Temperatura (
o
C)
S
u
p
e
r
f
c
i
e

e
s
p
e
c
f
i
c
a

(
m
2
/
g
)
Sem fluxo (1) Adio de fluxo 1% (2)
Adio de fluxo 2% (3) Adio de fluxo 3% (4)
(1)
(2)
(3)
(4)
34
Figura 11 - Forno eltrico rotativo piloto usado nos ensaios
de calcinao no CETEM
Tabela 9 - Condies operacionais da calcinao da diatomita
em forno rotativo piloto
O tempo de residncia da diatomita dentro do forno de
calcinao foi alterado por meio da variao da inclinao do forno
e da taxa de alimentao. Inicialmente tentou-se manter a
alimentao e variar apenas a inclinao do forno, mas no foi
suficiente para que se obtivesse uma diferena significativa na
varivel tempo de residncia.
Para que no ocorram modificaes na estrutura ou queima
da diatomita, a varivel mais importante a ser controlada durante

Temperatura (
0
C) 800 900 1000 -
Tempo de residncia (h) 0,75 0,88 - -
Umidade da alimentao (%) 10-12 10-12 10-12 -
Adio de fluxante (% Na
2
CO
3
) 0 2 3 4

35
o processo de calcinao a temperatura. A queima da matria
orgnica contida na diatomita promove um acrscimo temperatura
interna do forno, de forma que um processo controlado para ocorrer
a uma temperatura de 800
o
C, apresenta o seguinte perfil de
temperatura no interior da cmara de calcinao, ilustrado na Figura
12. Neste caso, o aumento de temperatura foi na faixa de 10%.
Figura 12 - Perfil de temperatura do processo de calcinao
no forno rotativo piloto
Devido a esta variao na temperatura interna do forno de
calcinao, no foi possvel realizar os experimentos a 1000
0
C; a
esta temperatura e sem adio de fluxante, o material aderia s
paredes do tubo interno, formando um anel e impedindo a troca de
calor com a diatomita que estava entrando no forno e,
consequentemente, a sua calcinao. Desta forma, o material que
estava aderido parede sofria um aquecimento excessivo, enquanto
o que passava no interior do anel no era calcinado, apenas
queimado.
Os resultados dos ensaios de calcinao em forno rotativo
piloto so mostrados nas Figuras 13 e 14. A anlise da eficincia
do processo avaliada por meio da qualidade do produto final, em
termos de alvura, taxa de filtrao e distribuio de tamanho de
partculas.
720
740
760
780
800
820
840
860
880
1 2 3 4 5 6
Pontos de amostragem no forno
T
e
m
p
e
r
a
t
u
r
a

(
C
)
36
Na Figura 13 nota-se a tendncia do aumento na alvura do
material com o aumento da temperatura e na adio de fluxante;
a Figura 14 mostra as taxas de filtrao de tortas de diatomita
calcinada sob diferentes condies operacionais.
Figura 13 - Valores de alvura da diatomita calcinada em forno
rotativo piloto a diferentes condies operacionais
De acordo com a Figura 14, as taxas de filtrao crescem a
temperatura de calcinao e com a quantidade de fluxante
adicionada. Essas condies promovem a aglomerao das partculas
finas de diatomita, aumentando o dimetro mdio das partculas, o
que favorece a velocidade de filtrao.
68
72
76
80
84
88
0 1 2 3 4
Adio de fluxante - Na
2
CO
3
(%)
A
l
v
u
r
a

(
%
)
T=800
o
C (1) T=900
o
C inc. 0.90 (2) T=900
o
C inc. 1.50 (3)
(1)
(2)
(3)
37
Figura 14 - Taxas de filtrao para diatomitas calcinadas a
diferentes condies operacionais
A quantidade tima de adio de fluxante parece estar entre
3 e 4%, o que sugerido principalmente pela curva dos experimentos
a 900
0
C e 1,50 de inclinao do forno.
Uma das formas de comparao da eficincia de filtrao de
diatomitas calcinadas, obtidas a diferentes condies operacionais,
por meio da anlise do tempo de saturao da torta para a
filtrao de 5L de gua (Walker, 1978). Com relao distribuio
de tamanhos das partculas, os resultados so mostrados pela
Figuras 15 e 16.
1600
2000
2400
2800
3200
3600
4000
4400
0 1 2 3 4
Adio de fluxante (%)
T
a
x
a

d
e

f
i
l
t
r
a
o

(
L
/
h
.
k
g
)
T=800
o
C (1) T=900
o
C inclinao 0.9 (2) T=900
o
C inclinao 1.5 (3)
(1)
(2)
(3)
38
Figura 15 - Distribuio de tamanhos de partculas de
diatomita calcinadas a diferentes condies operacionais -
inclinao 0,90
o
Figura 16 - Distribuio de tamanhos de partculas de
diatomita calcinadas diferentes condies operacionais: T =
900
o
C e inclinao 1,50
o
22
24
26
28
30
32
0 1 2 3 4
Adio de fluxante(%)
D
i
m
e
t
r
o

m
d
i
o

(
m
)
T=800
o
C (1) T=900
o
C (2)
(1)
(2)
24
25
26
27
28
29
30
31
32
0 1 2 3 4
Adio de fluxante (%)
D

m
d
i
o

(
m
)
39
A taxa de saturao um parmetro que mede o tempo til
da torta de diatomita na filtrao e uma funo do tamanho das
partculas da diatomita. Os resultados na Figura 17 mostram que
os produtos de calcinao (com partculas de dimetros maiores,
pelo efeito da aglomerao dessas) apresentam taxas de filtrao
mais altas do que a diatomita apenas seca; ou seja, as tortas de
filtrao formadas com a diatomita calcinada filtram um mesmo
volume de lquido em tempos menores, por apresentarem uma maior
porosidade.
Figura 17 - Taxas de saturao de filtrao para diatomitas
calcinadas a diferentes condies operacionais
Quando o material constitudo por partculas com pequenos
dimetros, a probabilidade de rearranjo da torta e conseqente
entupimento dos poros maior, acarretando uma reduo nas taxas
de filtrao.
A seguir so mostrados na Tabela 12 alguns resultados de
anlise qumica para diatomitas calcinadas na CIEMIL (CA/400), no
CETEM e tambm alguns padres comerciais (Celite Standard),
para uma comparao entre as caractersticas de cada produto.
0
1
2
3
4
5
6
0 10 20 30 40 50
Tempo de filtrao (min)
V
o
l
u
m
e

d
e

f
i
l
t
r
a
d
o

(
L
)
T=800
o
C inclinao 0.9 (1) T=900
o
C inclinao 0.9 (2)
T=900
o
C inclinao 1.5 (3) diat. lavada e seca (4)
(1)
(2 )
(3)
(4)
40
Vale ressaltar que so desconhecidas as condies operacionais
de calcinao das diatomitas padro, dificultando a comparao
quantitativa entre as diatomitas, sendo possvel apenas a
comparao qualitativa.
41
T

(
0
C
)

F
l
u
x
a
n
t
e

(
%
)

S
i
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2

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o
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%
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2

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r
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z
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(
%
)

S
i
O
2

c
a
u
l
i
n
i
t
a

(
%
)

S
i
O
2

a
m
o
r
f
a

(
%
)

F
e
2
O
3

(
%
)

A
l
2
O
3

(
%
)

p
H

I
n
c
l
i
n
a
o

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o

f
o
r
n
o

-

0
,
9
0

t
e
m
p
o

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e

r
e
s
i
d
n
c
i
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=
5
3

m
i
n

0

8
9
,
9

5
,
6

1
2
,
0

7
2
,
4

0
,
6
2

1
0
,
2

4
,
7

2

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7
,
9

9
,
9

1
1
,
9

6
6
,
0

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,
6
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1
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,
1

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,
3

3

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7
,
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,
3

1
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,
7

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,
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,
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,
1

5
,
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0

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6
,
3

6
,
3

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,
5

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7
,
5

0
,
6
1

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,
6

5
,
4

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,
8

6
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,
7

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0
,
8

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,
6
0

9
,
9

4
,
8

2

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7
,
6

7
,
0

1
2
,
4

6
8
,
2

0
,
6
2

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,
5

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,
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,
9

5
,
2

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,
4

7
4
,
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,
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,
8

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,
0

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0
0

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9

8
,
9

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,
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6
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,
5

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,
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7

5
,
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,
3

1
0
0
0

0

8
9
,
2

4
,
5

7
,
5

7
2
,
7

0
,
5
0

6
,
4

4
,
4

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n
c
l
i
n
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o

d
o

f
o
r
n
o

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1
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5
0

t
e
m
p
o

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r
e
s
i
d
n
c
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a
=
4
5

m
i
n

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8
9
,
7

4
,
6

1
0
,
7

7
4
,
4

0
,
5
2

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p
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42
Outra forma de avaliar a qualidade dos produtos de calcinao
foi por meio de anlises dos difratogramas de raio-X, onde pode-
se verificar os efeitos da temperatura de calcinao sobre os
produtos, como a eficincia na escorificao de impurezas ou a
transformao entre formas cristalinas de certos minerais presentes
na amostra. A seguir so mostrados alguns difratogramas de raio-
X para diatomitas calcinadas a diferentes condies operacionais.
O difratograma de raio-X fornece uma anlise qualitativa das
fases cristalinas presentes numa determinada amostra, com uma
sensibilidade acima de 0,5%, dependendo do grau de cristalinidade
de cada fase. Quanto mais adequada a cristalizao da fase, maior
esta sensibilidade. A seguir sero mostrados resultados para
alguns dos produtos da calcinao realizada no CETEM.
Para a diatomita calcinada a 800
0
C e sem fluxante no foi
observada a ocorrncia de fases cristalinas na amostra. No entanto,
quando a calcinao foi processada mesma temperatura de 800
0
C,
mas com adio de 4% de fluxante, foi possvel notar a presena
de quartzo na amostra calcinada (Figura 18).
Figura 18 - Difratograma de diatomita calcinada a 800
0
C e
4% de fluxante

43
A temperaturas de calcinao mais elevadas pode-se observar
o aparecimento de fases cristalinas no produto calcinado, o que
mostra que h o efeito da temperatura na qualidade da cristalizao
das fases existentes na diatomita. Neste caso, foram observadas
as fases cristalinas do quartzo e da cristobalita, que uma estrutura
polimorfa do quartzo que ocorre a altas temperaturas, Breese
(1994).
0
C e
sem fluxante
Nesta avaliao importante comentar que as temperaturas
no interior do forno durante a calcinao eram muito maiores do
que a temperatura estabelecida para o processo. Isso se deveu
queima de matria orgnica em excesso na cmara de calcinao.
Isto pode explicar a existncia de fases cristalinas que s ocorrem
a altas temperaturas, como o caso da cristobalita.
44
0
C e
4% de fluxante
Para o material calcinado sob as condies de 900
0
C e 4%
de fluxante, nota-se apenas a presena da fase cristalina
cristobalita. Com a adio de fluxante, a temperatura de fuso da
slica reduzida e suas formas cristalinas sofrem modificaes
estruturais a temperaturas mais baixas, como pode ser observado
pela anlise da Figura 20, onde a fase cristalina do quartzo
provavelmente foi transformada em cristobalita.

45
t. Ceatlesees e !ees|ees
Nos estudos de beneficiamento e de calcinao da diatomita
da Mina Ponte, no municpio de Mucug-BA, desenvolvidos no CETEM
em escala de bancada e piloto, foi possvel propor melhorias do
processo industrial de beneficiamento e de calcinao empregados
pelas CIEMIL.
Para a etapa de remoo da argila, o uso de hidroclassificador
mostrou que possvel reduzir o tempo de residncia da polpa de
diatomita de 2 dias (processo em batelada empregado pela CIEMIL)
para 6 horas (processo contnuo), mantendo a remoo de ferro e
alumnio nas mesmas faixas de eficincia do processo anterior (10-
12%).
Para a etapa de desaguamento da diatomita, ficou provado
que usando apenas o filtro prensa no foi suficiente para retirar a
gua intersticial da diatomita, reduzindo sua umidade a valores
aceitveis para a calcinao. Por outro lado, as tortas de diatomita
produzidas no filtro prensa, alm de conterem menor umidade, so
mais fceis de manuseio e transporte do que os blocos de diatomita
obtidos usando somente a secagem ao sol.
A etapa complementar filtrao para reduzir a umidade da
diatomita lavada aos nveis desejados (12 a 15%) foi a secagem,
que utilizou energia trmica para a reduo da sua gua intersticial.
Os ensaios realizados em secador de leito fluidizado mostraram
que possvel reduzir a umidade da torta do filtro prensa de 50%
para os nveis requeridos para a calcinao (12 a 15%). Ainda
para a etapa de secagem, foram estudadas condies crticas de
umidade de alimentao (70%), para verificar a eficincia do
secador, a qual mostrou-se vivel, at para pequenos tempos de
exposio do material corrente de ar quente.
O estudo da calcinao, realizado em forno rotativo piloto,
foi visto como uma das etapas mais importantes do trabalho, devido
importncia deste na produo da diatomita para comercializao.
durante o processo de calcinao que o produto ganha as
caractersticas desejadas para cada uso industrial. A investigao
46
das variveis operacionais temperatura, tempo de residncia e
adio de fluxante foi primordial para o conhecimento e avaliao
dos seus efeitos, em conjunto ou separadamente, nas propriedades
da diatomita calcinada: dimetro mdio das partculas, alvura,
taxas de filtrao e porosidade.
A avaliao das propriedades do produto final obtido pelo
processo desenvolvido no CETEM foi realizada mediante o uso de
algumas metodologias experimentais utilizadas pela CIEMIL ou
citadas nas normas da ABNT.
A microscopia eletrnica de varredura e a difrao de raio-X
mostraram ser ferramentas de grande importncia na avaliao
dos produtos da calcinao, tanto no tocante s fases
componentes da diatomita quanto classificao dos tipos de
carapaas presentes na diatomita da Bahia.
A etapa de secagem para adequar a umidade da diatomita
aos nveis aceitveis pelo processo de calcinao poder ser feita
na prpria mina, em Mucug ou em Vitria da Conquista,
aproveitando os gases quentes emanados do calcinador. O estudo
de viabilidade tcnica-econmica realizado pela NARONTEC mostrou
que esta segunda alternativa apresentou maior taxa interna de
retorno (24,5%) no empreendimento, comparada com a taxa
interna de retorno obtida, caso a secagem fosse realizada na Mina
Ponte, em Mucug.
Essa taxa interna de retorno-TIR superior aos valores mdios
praticados para projetos mineiros. Esse parmetro econmico
significou uma avaliao positiva para esse empreendimento mineiro.
Como melhoria ao processo de beneficiamento/calcinao
desenvolvidos no CETEM, so feitas algumas sugestes, discutidas
a seguir:
i) na etapa de remoo da argila, constatou-se que o overflow
do classificador ainda contm cerca de 10% ( peso) da alimentao
da diatomita e parte significativa dessa frao constituda por
diatomita; essa frao (overflow) poder ser alimentada em um
segundo hidroclassificador para a recuperao secundria da
diatomita, visando outros usos menos nobres. Outra alternativa
para recuperao dessa diatomita seria o seu desaguamento em
47
filtro prensa. Por fim, sugere-se fazer um estudo de caracterizao
tecnolgica dessa diatomita e identificar outros usos industriais
(condicionamento de solos, carreador de nutrientes, etc).
Na etapa de calcinao, seria aconselhvel investigar tempos
de residncias menores e adies de fluxante maiores, com o
objetivo de se produzir um material de melhor qualidade (tamanho
de partculas, alvura, etc) com menor tempo de exposio s altas
temperaturas de calcinao. Com relao ao efeito de temperatura
excessiva, foi observado, como acontece na CIEMIL, a formao
de um anel de diatomita calcinada na parede interna do forno de
calcinao.
Recomenda-se estudar a influncia de chicanas ou grades
no interior do forno, para promover a movimentao do material e
dificultar a sua aderncia s paredes do forno. A formao de um
anel de partculas de diatomita no interior do forno provoca uma
exposio excessiva dessas partculas ao calor , alm da troca
trmica ineficiente entre as paredes do forno e a diatomita que se
movimenta atravs desse anel.
48
/re1etlmea|es
Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do
Estado do Rio de Janeiro-FAPERJ, pelo apoio financeiro a esse
projeto de pesquisa.
49
Jl|llerelle
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