2 - Agregados - e - Minerais - Da Construção

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AGREGADOS E MINERAIS DE CONSTRUÇÃO

AGREGADOS E MINERAIS DE CONSTRUÇÃO

Apoio Cooperação técnica Coordenação

Essa publicação foi organizada com o apoio financeiro do Instrumento de Parceria da União Europeia com o Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente,
Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) no contexto da Iniciativa Climática Internacional (IKI). O conteúdo dessa publicação é de inteira responsabilidade
dos seus organizadores e não necessariamente reflete a visão dos financiadores.
SUPERVISÃO DA COLETA DE DADOS
Me. Lidiane Santana Oliveira (USP)
Me. Fernanda Belizario Silva (IPT/USP)
Dr. Daniel Costa Reis (USP)

EQUIPE RESPONSÁVEL PELA COLETA DE DADOS DOS MINERAIS1


Me. Ludimila Mallmann Schmalfuss (UFRGS): levantamento de dados, análise dos dados,
inserção dos dados no sistema e relatório
Me. Janaíne Timm: análise dos dados e relatório
Drª. Ana Carolina Badalotti Passuello (UFRGS): análise dos dados, relatório e supervisão

Como citar este documento:


SCHMALFUSS, L. M., TIMM, J., PASSUELLO, A. C. B. Relatório de coleta de dados para o
Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção: minerais. São
Paulo: Sidac, 2022.

1
Declaração de crédito dos autores: levantamento de dados: levantamento de dados de inventário de
ciclo de vida dos produtos (primários ou secundários); análise dos dados: compilação e análise dos dados
de inventário de ciclo de vida dos produtos; inserção dos dados no sistema: cadastro dos processos
elementares no Sidac; relatório: elaboração do relatório de coleta de dados; supervisão: supervisão da
coleta e análise dos dados de inventário de ciclo de vida dos produtos; apoio: apoio às atividades do
projeto.
Sumário
1 Introdução ............................................................................................................................ 1
2 Elaboração dos processos elementares ............................................................................... 1
2.1 Descrição dos produtos ................................................................................................ 1
2.2 Fluxograma dos processos elementares dos agregados .............................................. 2
2.3 Descrição dos processos elementares dos minerais .................................................... 5
2.3.1 Areia processada .................................................................................................. 5
2.3.2 Argila calcinada ..................................................................................................... 7
2.3.3 Brita ...................................................................................................................... 7
2.3.4 Calcário processado .............................................................................................. 9
2.3.5 Fíler calcário ........................................................................................................ 10
2.3.6 Gipsita processada .............................................................................................. 10
2.4 Fontes de dados.......................................................................................................... 10
2.5 Alocação ..................................................................................................................... 11
3 Métodos de cálculo e considerações.................................................................................. 11
3.1 Considerações gerais .................................................................................................. 11
3.2 Métodos de cálculo .................................................................................................... 11
3.2.1 Areia processada ................................................................................................ 11
3.2.2 Argila Calcinada .................................................................................................. 12
3.2.3 Brita .................................................................................................................... 13
3.2.4 Calcário processado ............................................................................................ 14
3.2.5 Fíler calcário ........................................................................................................ 15
3.2.6 Gipsita processada .............................................................................................. 16
4 Inventário do processo ....................................................................................................... 17
5 Análise dos indicadores ...................................................................................................... 18
6 Considerações finais ........................................................................................................... 20
7 Referências ......................................................................................................................... 20
1 Introdução
O objetivo desse relatório é apresentar os procedimentos adotados na coleta dos dados
genéricos dos principais minerais produzidos no Brasil, sendo eles: areia processada (de rio, cava
submersa e cava a céu aberto), argila calcinada, brita, calcário processado, fíler calcário e gipsita.
A coleta foi realizada com base em literatura nacional e no presente relatório são apresentados
os fluxogramas dos processos elementares da produção desses minerais. Para tanto considera-
se a fronteira do portão ao portão (em inglês gate to gate), dados qualitativos e quantitativos
(fluxos de entrada e saída) que caracterizam esses processos, bem como todas as conversões
realizadas para adequação dos dados ao Sidac.

2 Elaboração dos processos elementares


2.1 Descrição dos produtos
Os minerais são utilizados como matéria-prima na indústria da construção civil, sendo eles: areia
processada, argilas calcinadas, brita, calcário processado, fíler calcário e gipsita processada.
De acordo com a NBR 7225 (ABNT, 1993), agregado é um material natural de propriedades
adequadas ou obtido por fragmentação artificial de pedra, de dimensão nominal máxima
inferior a 100 mm e de dimensão nominal mínima igual ou superior a 0,075 mm. São
classificados como graúdos, aqueles com dimensão nominal máxima inferior a 100 mm e de
dimensão nominal mínima igual ou superior a 4,8 mm, ou miúdos, aqueles de dimensões
nominais entre 4,8 mm e 0,075 mm.
A brita ou pedra britada é classificada como artificial, pois é um material proveniente do
britamento de pedra, que é extraída diretamente das jazidas por meio de explosivos e após é
submetida a processo de beneficiamento. Os tipos de rochas utilizadas na produção de brita, no
Brasil, são granito e gnaisse (85%), calcário e dolomito (10%) e de basalto e diabásio (5%)
(BALANÇO MINERAL BRASILEIRO, 2001).
Outro material agregado é a areia natural, que deve possuir propriedades adequadas, de
granulometria inferior a 2,0 mm e superior a 0,075 mm. Esta pode ser classificada em: areia
grossa de granulometria de 2 a 1,2 mm; areia média granulometria de 1,2 a 0,42 mm e areia fina
granulometria de 0,42 a 0,075 mm. Os meios utilizados para explotação da areia são: dragagem,
escavação mecânica ou desmonte hidráulico, de acordo com a NBR 7225 (ABNT, 1993). Quanto
à sua produção, 70% vêm de leito de rios e 30% de várzeas, terraços aluviais, dentre outros
(CETEM, 2012).
Dentre os minerais utilizados para a produção do cimento, a argila calcinada é um material
pozolânico, obtido por moagem e aquecimento da argila natural entre 500°C e 900°C. Esse
tratamento térmico, conhecido também por ativação, converte materiais argilosos cristalinos
em aluminossilicatos amorfos, também conhecida como sílica amorfa (BARGER et al., 2001).
Quando adicionada ao cimento, a sílica amorfa reage com o hidróxido de cálcio formado durante
a hidratação do silicato de cálcio do cimento, formando silicato de cálcio hidratado (CSH).
Reações secundárias podem ocorrer devido ao teor de alumina reativa da argila calcinada,
formando também aluminato de cálcio hidratado (CAH) (SILVA, 2007). A adição de argila
calcinada ao cimento resulta em maior resistência ao sulfato da pasta hidratada e em baixa
permeabilidade da matriz cimentícia, aumentando assim a durabilidade dos produtos
cimentícios (BARGER et al., 2001). No Brasil, a argila calcinada para uso em cimento é
padronizada pela NBR 12653 (ABNT, 1992).

1
O calcário é uma rocha de origem sedimentar constituída de carbonato de cálcio, sendo
encontrado como rocha macia ou rígida, podendo receber denominações variadas. Ele pode ser
encontrado extensivamente em todos os continentes e é extraído de pedreiras ou depósitos. No
setor da construção civil, o calcário é utilizado na produção do cimento, para obtenção da cal
virgem ou hidratada, na indústria cerâmica, fabricação de aço, vidros e tintas (LUZ; LINS, 2008).
O fíler calcário é um material proveniente do calcário que possui a propriedade de preencher os
vazios da mistura e dar maior estabilidade à mesma (RESENDE; VIEIRA, 2016).
Por fim, o último mineral para cimento abordado é a gipsita, que pode ser utilizada na forma
natural ou calcinada. A forma natural é bastante usada na agricultura e na indústria de cimento,
enquanto a forma calcinada é conhecida como gesso para construção civil (LUZ; LINS, 2008).

2.2 Fluxograma dos processos elementares dos agregados


Os fluxogramas dos processos elementares de produção dos minerais apresentados nesse
relatório são ilustrados nas Figura 1 a 8.

Figura 1 - Processo elementar para produção de areia extraída de rio.

Figura 2 - Processo elementar para produção de areia extraída de cava submersa.

2
Figura 3 - Processo elementar para produção de areia extraída de cava a céu aberto com desmonte hidráulico.

Figura 4 - Processo elementar para produção de argila calcinada.

Figura 5 - Processo elementar para produção de brita.

3
Figura 6 - Processo elementar para produção de calcário processado.

Figura 7 - Processo elementar para produção de fíler calcário.

Figura 8 - Processo elementar para produção de gipsita processada.

4
2.3 Descrição dos processos elementares dos minerais
2.3.1 Areia processada
A areia é extraída de leito de rios, várzeas, depósitos lacustres, mantos de decomposição de
rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. A produção nacional de areia natural é obtida
predominantemente a partir da extração em leito de rios e, por outras fontes (parcela menor).
Na lavra em leito de rio (Figura 9) utiliza-se uma draga que extrai a areia por sucção e a bombeia
na forma de polpa para fora do leito do rio, onde tem início o seu beneficiamento, através de
classificação em peneira. Na maioria das vezes são utilizadas somente grelhas fixas colocadas no
topo dos silos de recepção da polpa separando as frações mais grossas (cascalho, concreções),
por vezes matéria orgânica (folhas e troncos) e uma simples lavagem, por decantação ou
classificador espiral para remoção de argila (SOUZA, 2012).
(a) (b)

(c) (d)

Figura 9 - Etapas da produção da areia processada em leito de rio: (a) sucção de areia do leito do rio através da
draga fixa (jato de areia maior, à direita) e da draga móvel (dois jatos de areia menores, à esquerda); (b)
bombeamento da areia até as peneiras; (c) peneiramento e classificação da areia, que é separada em fina
(carregada no caminhão à esquerda) e grossa (despejada no monte a direita); (d) empilhamento e revolvimento do
material para secagem. Fonte: Adaptado de Souza (2012).

No processo de lavra em cava inundada (Figura 10), antes do início da extração deve ser
realizado o decapeamento da área, com uso de equipamentos do tipo trato de esteira,
carregadeiras frontais, escavadeiras e caminhões, para remover a vegetação e a camada
superficial do solo que são descartados. A seguir, tem-se a extração do material arenoso que é
aproveitado até o nível freático, quando, então, as pás carregadeiras usadas na extração da areia
dão lugar às dragas que passam a alargar e aprofundar a cava da etapa anterior. Na próxima
etapa, ocorre o bombeamento da areia extraída na cava inundada para uma caixa, na qual é
colocada uma grelha fixa no seu topo com 2,4 a 3 mm de abertura. O material retido constitui a
fração mais grossa (cascalho, concreções, troncos, matéria orgânica) que é descartada e o

5
passante é o produto para ser estocado em silo e comercializado. O material mais fino, é
descarregado por uma tubulação na parte superior, retornando para cava inundada. No caso de
alguns areais, após a areia sedimentada, a mesma é retirada da cava com auxílio de pá
carregadeira. Esta areia é armazenada em silos e lavada para remoção dos finos naturais. Em
seguida a mesma é depositada em montes.
(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g)

Figura 10 - Etapas da produção da areia processada de lavra em cava inundada – (a) lavra de areia em cava
inundada; (b) balsa extraindo a área no areal; (c) material retirado na peneira da primeira lavagem da areia; (d)
areia na forma de polpa passante na primeira peneira vai para o setor da cava; (e) re-extração da areia (lavagem)
na cava e novamente bombeada para as caixas; (f) expedição do produto para carregamento nos caminhões fora de
estrada. Fonte: Adaptado do CETEM (2012).

O processo de lavra em cavas secas com desmonte hidráulico (Figura 11) é bastante empregado
para depósitos horizontais e sub-horizontais de matérias primas minerais com elevado conteúdo
de areia de quartzo, que se desagrega com facilidade e em locais onde exista disponibilidade de
água. Esse método de lavra é constituído pelas etapas de retirada do capeamento estéril, com
o auxílio de retroescavadeira, em seguida ocorre o desmonte com jatos hidráulicos da matéria-

6
prima mineral. O material desmontado, na forma de polpa, é drenado por gravidade para as
bacias de acumulação, onde por sua vez se realiza o bombeamento diretamente para a unidade
de beneficiamento. Em seguida ocorrem a lavagem, desagregação, peneiramento, classificação
e deslamagem. Por fim, o material é armazenado em montes (CETEM, 2012).

Figura 11 - Lavra de areia em cava seca com desmonte hidráulico. Fonte: (CETEM, 2012).

2.3.2 Argila calcinada


O processo de obtenção da argila calcinada é baseado nos principais parâmetros de processo de
fabricantes de cimento no Brasil, sendo em sua maioria produzidas dentro das fábricas de
cimento. Assim, se inicia com a entrada da argila processada na usina de beneficiamento da
argila calcinada. Em seguida ocorre o processo de moagem primária (mais grossa) e moagem
secundária (mais fina) para então ocorrer processo de calcinação da argila em fornos rotativos
estacionários com temperaturas entre 500°C e 900°C, utilizando coque de petróleo como
combustível. Dessa forma, a argila calcinada estará pronta para uso.
2.3.3 Brita
As etapas de produção de pedra britada serão descritas a seguir e estão representadas na Figura
12. A primeira etapa é a extração, por lavra a céu aberto, com avanço de meia encosta e
desmonte por explosivos. Se necessário, é realizada a operação de decapeamento do maciço,
através da retirada de solo e demais materiais que constituem o estéril. Em seguida inicia-se o
desmonte por explosivos, com auxílio de uma perfuratriz pneumática ou hidráulica, seguindo o
plano de fogo previamente definido. Nessa etapa ainda podem ser utilizados equipamentos
como martelos rompedores ou drop ball (FIESP, 2006).
Após o desmonte, são utilizados equipamentos como pás carregadeiras ou escavadeiras (shovel
ou retro) para carregamento dos caminhões que realizam o transporte do material para a usina
de beneficiamento. No beneficiamento são realizadas uma sequência de operações de
peneiramento e britagem, de acordo com a granulometria desejada. Nessa etapa são utilizados
britadores e peneiras vibratórias que são conectadas por correias transportadoras. Dessa forma,
após etapa de beneficiamento, o material será armazenado provisoriamente em pilhas ou a céu
aberto, aguardando ser transportado aos centros consumidores (FIESP, 2006).

7
(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)

Figura 12 - Etapas da produção de pedra britada – (a) extração a céu aberto; (b) detalhe da perfuratriz e do
compressor; (c) transporte à usina de beneficiamento; (d) detalhe do caminhão descarregando o material no início
do processo de beneficiamento; (e) britador primário com detalhes do uso de água; (f) correia transportadora; (g)
detalhes das pilhas de diferentes granulometrias; (h) armazenamento em pilhas. Fonte: Adaptado de ROSSI (2013).

Segundo a NBR 7225 (ABNT, 1993), a brita possui denominação quanto à sua classificação
comercialmente, ilustrado na Tabela 1.

8
Tabela 1 - Classificação das britas de acordo com as dimensões nominais. Adaptado de NBR 7225, (ABNT, 1993).
Pedra britada numerada Tamanho nominal
Aberturas de peneiras de malhas quadradas (mm)
Número
Mínima Máxima
1 4,8 12,5
2 12,5 25
3 25 50
4 50 76
5 76 100

2.3.4 Calcário processado


A maior parte das minas de calcário é lavrada a céu aberto e chamadas em todo o mundo, de
pedreiras, embora em muitas áreas, por razões técnicas, ambientais e/ou escala de produção,
utiliza-se a lavra subterrânea para produção de calcário (LUZ; LINS, 2008).
A primeira etapa de produção do calcário processado consiste na decapagem do solo, para
acesso à rocha. Em seguida ocorre a etapa de perfuração através de uma perfuratriz
pneumática, para colocação dos explosivos (Figura 13a). Na etapa de desmonte, são colocados
explosivos dentro das perfurações e então acionados, promovendo assim o faturamento e
desmonte da rocha. O carregamento (Figura 13b) é realizado por meio de uma pá carregadeira
de pneus ou escavadeira hidráulica e caminhões, que transportam o material até a usina de
beneficiamento.
A usina de beneficiamento da rocha é composta por uma linha contínua de britagem que
permite a cominuição por britagem primária, secundária e terciária. O caminhão descarrega a
rocha no britador primário, que transforma a matéria prima em pedras menores. Este material
será coletado pela correia transportadora que contém peneira vibratória, a qual permite a
separação do material de rejeito, que por sua vez é transportado através de tubulações e
descartado em local apropriado. Em seguida, o minério segue sendo encaminhado por meio de
correia que o transporta para a próxima etapa de britagem. Uma pá carregadeira faz a coleta do
material para realizar o despejo em uma balança de fluxo contínuo, direcionada para uma
segunda correia transportadora que leva o material até um rebritador (moagem). Após
rebritado, o material é inserido na terceira correia transportadora (CAMARGOS, 2020). Então é
realizado o empilhamento e a expedição do calcário processado.
(a) (b)

Figura 13 - Etapas da produção do calcário processado – (a) perfuratriz pneumática utilizada na lavra de calcário; (b)
praça de matacões. Fonte: Adaptado de Camargos (2020).

9
2.3.5 Fíler calcário
O Fíler calcário é obtido a partir da moagem fina do calcário processado. Dessa forma, sua
produção segue as práticas de lavra do calcário. A cominuição do calcário pode ser feita via seca,
segundo as etapas de britagem, classificação, moagem em moinho de rolos tipo Raymond ou
em moinhos tubulares com bolas (REBELLO, 2017).
2.3.6 Gipsita processada
No Brasil, a gipsita é obtida a partir da lavra a céu aberto, através de bancadas simples (Figura
14), utilizando métodos e equipamentos convencionais. Um detalhe importante que deve ser
considerado é que a gipsita absorve parte da força do explosivo, dificultando o desmonte.
Devido a isso, na perfuração, os furos costumam ser programados com diâmetros entre 50-100
mm e com pequeno espaçamento a fim de possibilitar uma distribuição mais densa dos
explosivos. Na sua lavra, são empregados equipamentos como: rompedores hidráulicos,
marteletes hidráulicos, vagon drill, tratores de esteira e pás mecânicas (LUZ; LINS, 2008).
A primeira etapa que compreende o processo de produção da gipsita a céu aberto é a remoção
de vegetação e solo na superfície da rocha que contém gipsita. Posteriormente, é realizada a
perfuração da rocha para colocação dos explosivos e então feito o desmonte com o
acionamento dos explosivos. Em seguida, o material é carregado e transportado até a usina de
britagem. No beneficiamento é realizada uma seleção manual da matéria-prima, seguida de
britagem, por meio de britadores de mandíbula. Em alguns casos, a britagem pode ser realizada
em dois estágios, em circuito fechado com peneiras vibratórias a seco. O produto deve
apresentar uma distribuição granulométrica uniforme, a fim de evitar uma desidratação
desigual para as partículas de gipsita. Por fim, é realizada a estocagem da gipsita processada em
montes.

Figura 14 - Frente de lavra de gipsita. Fonte: (LUZ; LINS, 2008).

2.4 Fontes de dados


Os dados foram coletados da literatura nacional, contemplando dissertações de mestrado, teses
de doutorado, trabalhos de conclusão de cursos de graduação, artigos de periódico, artigos de
evento e relatórios. A maioria dos trabalhos selecionados realizaram coletas de dados primários
junto a mineradoras brasileiras. No total, foram obtidas 36 referências, ou seja, estimativas de
fluxos de produto ou intervalos de faixas de valores, parte dos quais compôs a amostra de
informações utilizada nesse estudo, cuja análise será aprofundada no item 3 deste relatório.
Entre as referências listadas, não constam aquelas que não continham nenhum dado passível
de aproveitamento, seja por não terem apresentados dados apropriados para o Sidac, ou
porque utilizaram dados internacionais.

10
2.5 Alocação
Os processos elementares de produção dos minerais produzem apenas um produto, sendo
assim, não possuem fatores de alocação associados a eles.

3 Métodos de cálculo e considerações


3.1 Considerações gerais
As técnicas adotadas para o processo de produção dos minerais apresentados nesse relatório
não sofreram alterações desde a publicação dos dados, dessa forma as informações são
consideradas válidas para os dias atuais.
Embora tenham sido localizadas diversas referências com dados de ciclo de vida da produção
dos minerais, observa-se que os 36 conjuntos de dados não constituem uma amostra
estatisticamente representativa em escala nacional. Dessa forma, foi necessária uma postura
conservadora no tratamento estatístico dos dados, com procedimentos que serão detalhados
nos itens a seguir.

3.2 Métodos de cálculo


A seguir, são apresentadas as considerações de cálculo para cada um dos fluxos que compõem
os processos elementares da produção dos minerais inseridos no Sidac. De um modo geral,
calculou-se a quantidade de fluxo por kg dos produtos: areia processada, argila calcinada, brita,
calcário processado e fíler calcário (média e desvio padrão). Em seguida, multiplicou-se essa
quantidade pela massa unitária de cada tipo de produto (com a propagação de incertezas
correspondente), para transformar os fluxos em kg por unidade de produto.
3.2.1 Areia processada
Os principais fluxos de produto do processamento da areia estão relacionados aos seus
consumos energéticos. Neste sentido, se obtiveram poucas informações sobre o fluxo de
produto de eletricidade. Dos 11 conjunto de dados utilizados, somente 5 apresentaram valores
de consumo de energia elétrica para o processo de produção do produto (consumo entre 1,30E-
04 e 2,49E-03 kWh/kg), conforme Figura 15. O fluxo de produto de diesel diz respeito ao
consumo com os maquinários e barcaças utilizadas na extração da areia, que variou de 5,19E-
03 a 6,63E-03 l/kg, (Figura 16). Calcularam-se a média e desvio padrão simples para esse
conjunto de dados. O processo não considera o consumo de combustível para a retirada da
vegetação e da camada de solo rica em material orgânico para acesso à areia de interesse
comercial.

11
2.50E-03

2.49E-03
2.00E-03

1.50E-03

6.90E-04

6.90E-04
kWh/kg

1.00E-03

1.30E-04

1.30E-04
5.00E-04

0.00E+00

REF 8A

REF 8B
REF 1

REF 2

REF 3

REF 4

REF 5

REF 6

REF 7

REF 8C

REF 9
LEGENDA - REF 1: (SANTORO; KRIPKA, 2016); REF 2: (Ecoinvent 3.7.1 dataset documentation, 2015); REF 3: (OCHARÁN; LIMA,
2019); REF 4: (CASTRO et al., 2015); REF 5: (SOUZA, 2012); REF 6: (REBELLO, 2017); REF 7: (JUNIOR, 2013); REF 8A, 8B e 8C : (ROSA,
2010); REF 9: (BESSA, 2010).
Figura 15 - Consumo de eletricidade por kg de areia processada. Ignorar os valores iguais a zero (não calculados).

7.00E-03
6.00E-03 6.63E-03

3.00E-03
5.00E-03

2.76E-03
2.62E-03
2.09E-03

4.00E-03

1.58E-03
1.41E-03
l/kg

1.33E-03

9.28E-04

3.00E-03

6.10E-04
2.00E-03 5.19E-04
1.00E-03
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3 REF 4 REF 5 REF 6 REF 7 REF 8A REF 8B REF 8C REF 9
LEGENDA - REF 1: (SANTORO; KRIPKA, 2016); REF 2: (Ecoinvent 3.7.1 dataset documentation, 2015); REF 3: (OCHARÁN; LIMA,
2019); REF 4: (CASTRO et al., 2015); REF 5: (SOUZA, 2012); REF 6: (REBELLO, 2017); REF 7: (JUNIOR, 2013); REF 8A, 8B e 8C:
(ROSA, 2010); REF 9: (BESSA, 2010).
Figura 16 - Consumo de diesel por kg de areia processada.

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade para a obtenção de
areia processada foi de 1,38E-04 e 9,73E-04 kWh/kg, respectivamente e o valor de média e
desvio padrão do consumo de diesel foi de 2,13E-03 e 1,66E-03 l/kg, respectivamente.
3.2.2 Argila Calcinada
Foram considerados três dados de literatura com valores de fluxo de produto de eletricidade
para o processo de produção da argila calcinada (entre 2,50E-02 e 8,57E-02 kWh/kg), conforme
Figura 17. O fluxo de produto de coque de petróleo diz respeito ao processo de calcinação da
argila em fornos rotativos estacionários, que variou de 6,31E-02 a 1,05E-01 l/kg), Figura 18.
Calcularam-se a média e desvio padrão simples para esse conjunto de dados. O processo não
considera o consumo de água evaporada da etapa de pré-secagem e vapor de água do processo
de calcinação e também não foram encontrados dados nacionais de distância de transporte da
argila processada até a usina de beneficiamento da argila calcinada.

12
1.00E-01
8.00E-02

3.05E-02
2.50E-02
8.57E-02
kWh/kg
6.00E-02
4.00E-02
2.00E-02
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3
LEGENDA - REF 1: (MALACARNE et al., 2021); REF 2: (ECOINVENT 3.8 DATASET
DOCUMENTATION, 2015); REF 3: (DANIELI et al., 2020).
Figura 17 - Consumo de eletricidade por kg de argila calcinada.

1.00E-01
8.00E-02 1.05E-01

8.00E-02
6.00E-02
l/kg

6.31E-02
4.00E-02
2.00E-02
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3
LEGENDA - REF 1: (MALACARNE et al., 2021); REF 2: (ECOINVENT 3.8 DATASET
DOCUMENTATION, 2015); REF3: (DANIELI et al., 2020).
Figura 18 - Consumo de coque de petróleo por kg de argila calcinada.

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade para a obtenção de
argila calcinada foi de 4,71E-02 e 3,35E-02 kWh/kg, respectivamente, e o valor de média e desvio
padrão do consumo de coque de petróleo foi de 8,28E-02 e 2,13E-02 l/kg, respectivamente.

Ainda, tendo em vista que o processo de argila calcinada considera a argila processada como
fluxo de produto, foram calculados os valores de média e desvio padrão de 1,28E+00 e 1,15E-01
kg, respectivamente, de acordo com as fontes pesquisadas (Figura 19).

1.20E+00
1.00E+00
1.39E+00
1.30E+00

8.00E-01
kg/kg

1.16E+00

6.00E-01
4.00E-01
2.00E-01
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3
LEGENDA - REF 1: (MALACARNE et al., 2021); REF 2: (ECOINVENT 3.8 DATASET
DOCUMENTATION, 2015); REF3: (DANIELI et al., 2020).
Figura 19 - Consumo de argila processada por kg de argila calcinada.

3.2.3 Brita
Neste caso, obtiveram-se escassas informações sobre o fluxo de produto de eletricidade. Dos 10
conjuntos de dados utilizadas, somente 5 apresentaram valores de consumo de energia elétrica
para o processo de produção do produto (consumo entre 1,93E-03 e 7,43E-03 kWh/kg, de
acordo com Figura 20), provenientes dos equipamentos como britadores, peneiras vibratórias e
correias transportadoras. O fluxo de produto de diesel diz respeito ao consumo com os

13
equipamentos e caminhões, utilizados na obtenção da brita comercial, que variou de 2,27E-04
a 1,80E-03 l/kg), Figura 21. Calcularam-se a média e desvio padrão simples para esse conjunto
de dados. O processo não considera o consumo de combustível para a retirada da vegetação e
da camada de solo rica em material orgânico para acesso à rocha para a produção de brita de
interesse comercial.

8.00E-03
7.00E-03

7.43E-03
4.25E-03

7.20E-03

7.10E-03
3.72E-03

3.72E-03
6.00E-03

2.90E-03
5.00E-03
kWh/kg

2.04E-03
1.93E-03
4.00E-03
3.00E-03
2.00E-03
1.00E-03
0.00E+00
REF 1 REF2 REF 3 REF 4 REF 5 REF 6 REF 7 REF 8 REF 9A REF 9B
LEGENDA - REF 1: (SANTORO; KRIPKA, 2016); REF 2: (ROSADO et al., 2017); REF 3, 4 e 5: ECOINVENT 3.5 DATASET DOCUMENTATION,
2018; REF 6: (ROSSI; SALES, 2014); REF 7: (OCHARÁN; LIMA, 2019); REF 8: (CASTRO et al., 2015); REF 9A 9B: (ROSA, 2010).
Figura 20 - Consumo de eletricidade por kg de brita.

2.00E-03

1.80E-03
8.92E-04

1.50E-03
1.50E-03

7.06E-04
6.74E-04
l/kg

1.00E-03
2.85E-04
2.36E-04

2.31E-04
2.27E-04

5.00E-04

0.00E+00
REF 1 REF2 REF 3 REF 4 REF 5 REF 6 REF 7 REF 8 REF 9A REF 9B
LEGENDA - REF 1: (SANTORO; KRIPKA, 2016); REF 2: (ROSADO et al., 2017); REF 3, 4 e 5: ECOINVENT 3.5 DATASET DOCUMENTATION,
2018; REF 6: (ROSSI; SALES, 2014); REF 7: (OCHARÁN; LIMA, 2019); REF 8: (CASTRO et al., 2015); REF 9A 9B: (ROSA, 2010).
Figura 21 - Consumo de diesel por kg de brita. Ignorados os valores iguais a zero (não calculado).

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade para a obtenção de
brita comercial foi de 4,48E-03 e 2,21E-03 kWh/kg, respectivamente e o valor de média e desvio
padrão do consumo de diesel foi de 7,28E-04 e 5,82E-04 l/kg, respectivamente.

3.2.4 Calcário processado


O consumo de energia elétrica para o processo de produção do produto variou entre 2,27E-03
e 1,00E-02 kWh/kg), conforme Figura 22, provenientes dos equipamentos como britadores,
peneiras vibratórias e correias transportadoras. Já o fluxo de produto de diesel diz respeito ao
consumo com os maquinários e caminhões utilizados na obtenção do calcário processado, e
variou de 4,55E-04 a 1,40E-03 l/kg, Figura 23. Calcularam-se a média e desvio padrão simples
para esse conjunto de dados. O processo não considera o consumo de combustível para a
retirada da vegetação e da camada de solo rica em material orgânico para acesso à rocha para
a produção do calcário processado.

14
1.20E-02
1.00E-02

1.00E-02
8.00E-03

9.26E-03
kWh/kg

2.72E-03
6.00E-03

7.00E-03
4.00E-03
2.00E-03
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3 REF 4
LEGENDA - REF 1: (FERNANDES et al., 2015); REF 2: (BUSATO, 2020); REF 3: (SOUSA, 2011);
REF 4: (BESSA, 2010).

Figura 22 - Consumo de eletricidade por kg de calcário processado.

1.40E-03

1.40E-03
1.20E-03
1.00E-03
4.77E-04

4.55E-04
8.00E-04
l/kg

6.00E-04
4.00E-04
2.00E-04
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3 REF 4
LEGENDA - REF 1: (FERNANDES et al., 2015); REF 2: (BUSATO, 2020); REF 3: (SOUSA, 2011); REF 4: (BESSA, 2010).
Figura 23 - Consumo de diesel por kg de calcário processado. Ignorar valor igual a zero (não calculado).

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade para a obtenção do
calcário processado foi de 1,21E-03 e 3,28E-03 kWh/kg, respectivamente, e o valor de média e
desvio padrão do consumo de diesel foi de 7,77E-04 e 5,39E-04 l/kg, respectivamente.
3.2.5 Fíler calcário
Considera-se, nesse processo, a entrada do calcário processado na usina de processamento do
fíler calcário. Dessa forma, foi considerada somente a etapa de moagem do calcário para a
obtenção do fíler calcário.
Dados internacionais de consumo de eletricidade da moagem do calcário para produção do fíler
foram adotados, devido à falta de dados nacionais. No entanto, como os processos são
semelhantes, considera-se essa adoção pertinente até que dados nacionais estejam disponíveis.
Ainda, não foram encontrados dados nacionais de distância de transporte do calcário até a usina
de processamento do fíler calcário.
O consumo de energia elétrica para a atividade de moagem do calcário foi obtido com base no
relatório europeu – European Cement Research Academy (FLEIGER et al., 2015). A Figura 24
apresenta o consumo de energia elétrica de moagem em função da massa superficial específica
do calcário utilizando o método de Blaine (cm2/g). A energia tende a aumentar com a finura. A
Equação 1 foi utilizada para estimar consumo de energia (Ec em kWh/t) em função da finura do
calcário (x em cm2/g).
!
𝐸𝑐 = 7!",$% + 0,0001𝑥 + 2.6204
Equação 1 – Estimativa do consumo de energia elétrica no processo de moagem do calcário. Fonte: Fleiger et al.
(2015).

15
Figura 24 – Consumo de energia elétrica de moagem em função massa superficial específica do calcário utilizando o
método de Blaine (cm2/g), com base em (FLEIGER et al., 2015).

Com base em 3 referências bibliográficas, apresentadas na Figura 25, foram coletadas as


principais finuras de moagem do calcário para produção de fíler e os consumos energéticos
correspondentes. O consumo de energia elétrica variou entre 9,48E-03 e 6,59E-02 kWh/kg,
conforme Figura 23. Calcularam-se a média e desvio padrão simples para esse conjunto de
dados.

7.00E-02
4.49E-02

4.47E-02

6.59E-02
6.00E-02

3.76E-02
3.28E-02

3.12E-02
2.93E-02

5.00E-02
2.28E-02
kWh/kg

1.92E-02

1.89E-02

4.00E-02
1.79E-02
1.72E-02

9.48E-03

3.00E-02
2.00E-02
1.00E-02
0.00E+00
1A 1B 1C 1D 1E 1F 2A 2B 2C 2D 2E 3A 3B
LEGENDA – REF 1A, 2B, 2C, 2D, 2E E 2F: (MICHEL et al., 2007); REF 2A , 2B, 2C, 2D E 2E: (BENJEDDOU et al., 2021); REF 3A
E 3B: (SACA e GEORGESCU, 2014).

Figura 25 – Consumo de eletricidade por kg de fíler calcário na etapa de moagem.

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade da moagem para
obtenção do fíler calcário foi de 2,93E-02 e 1,53E-02 kWh/kg, respectivamente.
Dessa forma, foi considerado o fluxo de produto do calcário processado, além dos valores de
média e desvio padrão do consumo de eletricidade calculados anteriormente, no processo total
da obtenção do fíler calcário.
3.2.6 Gipsita processada
Obtiverem-se poucas informações sobre o fluxo de consumo de eletricidade. Dos 5 dados
utilizados, somente 2 apresentaram valores de consumo de energia elétrica para o processo de
produção do mineral (consumo entre 3,43E-03 e 6,73E-03 kWh/kg, conforme Figura 26),
provenientes dos equipamentos como britadores, peneiras vibratórias e correias

16
transportadoras. O fluxo de produto de diesel diz respeito ao consumo com os equipamentos e
caminhões utilizados na obtenção da gipsita processada, que variou de 9,43E-04 a 1,64E-03 l/kg
(Figura 27). Calcularam-se a média e desvio padrão simples para esse conjunto de dados.

8.00E-03
7.00E-03
6.00E-03

6.73E-03
kWh/kg 5.00E-03
4.00E-03
3.00E-03

3.43E-03
2.00E-03
1.00E-03
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3 REF 4 REF 5
LEGENDA - REF 1: (SILVA, 2013); REF 2: (CARVALHO, 2012); REF 3: (INSTITUTO BRASILEIRO
DE MINERAÇÃO, 2014); REF 4: (BASTOS, 2013); (ROCHA, 2017).
Figura 26 - Consumo de diesel por kg de gipsita processada. Ignorar os valores iguais a zero (não calculado).

1.80E-03
1.60E-03
1.64E-03

1.40E-03
1.20E-03

1.29E-03
1.33E-03

1.00E-03
l/kg

8.00E-04

9.43E-04
6.00E-04
4.00E-04
2.00E-04
0.00E+00
REF 1 REF 2 REF 3 REF 4 REF 5
LEGENDA - REF 1: (SILVA, 2013); REF 2: (CARVALHO, 2012); REF 3: (INSTITUTO BRASILEIRO DE
MINERAÇÃO, 2014); REF 4: (BASTOS, 2013); (ROCHA, 2017).
Figura 27 - Consumo de eletricidade por kg de gipsita processada. Ignorar os valores iguais a zero (não calculado).

Sendo assim, o valor de média e desvio padrão do consumo de eletricidade para a obtenção de
gipsita processada foi de 5,08E-03 e 2,33E-03 kWh/kg, respectivamente, e o valor de média e
desvio padrão do consumo de diesel foi de 1,30E-03 e 2,85E-04 l/kg, respectivamente.

4 Inventário do processo
As tabelas a seguir apresentam os inventários elaborados.
Tabela 2 - Inventário do fluxo elementar da produção de areia processada.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Areia kg 1,00E+00 -
Eletricidade kWh 1,38E-04 9,73E-04
Óleo diesel (combustão) L 2,13E-03 1,66E-03
Saída
Areia processada kg 1,00E+00 -

17
Tabela 3 - Inventário do fluxo de produto de 1 kg de argila calcinada.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Argila processada kg 1,28E+00 -
Eletricidade kWh 4,71E-02 3,35E-02
Coque de petróleo (combustão) kg 8,28E-02 2,13E-02
Saída
Argila calcinada kg 1,00E+00 -
Tabela 4 - Inventário do fluxo de produto de 1 kg de brita.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Rocha kg 1,00E+00 -
Eletricidade kWh 4,48E-03 2,21E-03
Óleo diesel (combustão) L 7,28E-04 5,82E-04
Saída
Brita kg 1,00E+00 -
Tabela 5 - Inventário do fluxo de produto de 1 kg de calcário processado.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Calcário kg 1,00E+00 -
Eletricidade kWh 1,21E-03 3,28E-03
Óleo diesel (combustão) L 7,77E-04 5,39E-04
Saída
Calcário processado kg 1,00E+00 -
Tabela 6 - Inventário do fluxo de produto de 1 kg de calcário fíler calcário.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Calcário processado kg 1,00E+00 -
Eletricidade kWh 2,93E-02 1,53E-02
Saída
Fíler calcário kg 1,00E+00 -
Tabela 7 - Inventário do fluxo de produto de 1 kg de gipsita processada.
Fluxos de inventário
Fluxo Unid.
Qtde. (média) Desv. padrão
Entradas
Gipsita kg 1,00E+00 -
Eletricidade kWh 5,08E-03 2,33E-03
Óleo diesel (combustão) L 1,30E-03 2,85E-04
Saída
Gipsita processada kg 1,00E+00 -

5 Análise dos indicadores


Os indicadores obtidos no Sidac foram comparados aos valores dos indicadores encontrados na
literatura. Observa-se que poucas referências nacionais apresentam indicadores de emissão
direta de CO2 e demanda de energia primária, do berço ao portão, visto que o uso da Avaliação
do Ciclo de Vida ainda é incipiente no Brasil.

18
As Figura 28 a Figura 30 apresentam os resultados obtidos pelo Sidac para as emissões de CO2
pelos processos de obtenção da areia processada, argila calcinada e brita, em comparação com
resultados publicados na literatura, sendo que para os processos (calcário, fíler calcário e gipsita
processada) não foram encontrados dados nacionais de emissões de CO2 do processo de
produção dos mesmos, porém ao analisar dados internacionais disponíveis na base de dados
ecoinvent, observou-se coerência nos intervalos mínimos e máximos obtidos pelos indicadores
do Sidac.
As emissões de CO2 fóssil apresentadas pelo Sidac, consideraram a soma das emissões de CO2
de todas as etapas do processo de produção dos minerais, incluindo óleo diesel, energia elétrica
e em específico para argila calcinada, o coque de petróleo.
Embora a etapa de extração da argila não faça parte do escopo do processo da argila calcinada,
ao cadastrar a argila como uma das entradas, as emissões de CO2 produzidas pelo processo de
extração dessa matéria prima foram somadas às emissões do processo de produção da argila
calcinada. Da mesma forma ocorreu para o processo de fíler calcário, ao cadastrar o calcário
como uma das entradas no processo.

Areia processada
1.40E-02 Mínimo Sidac
1.20E-02
1.25E-02

1.00E-02 Máximo Sidac


kg CO2/kg

9.90E-03

8.00E-03 Ecoinvent 3.7.1 dataset


8.58E-03

6.00E-03 documentation (2015)


0.00E+00

4.74E-03
3.54E-03

2.06E-03

4.00E-03 Ocharán e Lima (2019)


2.00E-03
Souza (2012)
0.00E+00
Figura 28 - Comparação entre resultados de emissões de CO2 para areia processada com dados Sidac e literatura.

Argila calcinada
5.00E-01 Mínimo Sidac
4.00E-01
4.36E-01

Máximo Sidac
kg CO2/kg

3.74E-01

3.00E-01

2.00E-01 Ecoinvent 3.8 dataset


1.44E-01

2.00E-01

documentation (2015)
1.00E-01
Danieli et al. (2020)
0.00E+00
Figura 29 - Comparação entre resultados de emissões de CO2 para argila calcinada com dados Sidac e literatura.

19
Brita
5.00E-03 Mínimo Sidac

4.67E-03
4.00E-03 Máximo Sidac

4.01E-03
kg CO2/kg

3.67E-03
3.00E-03
Santoro e Krioka
2.00E-03 (2016)
Rosado et al. (2017)

0.00E+00

1.50E-03

1.94E-03
1.00E-03
Rossi e Sales (2014)
0.00E+00
Figura 30 - Comparação entre resultados de emissões de CO2 para brita com dados Sidac e literatura.

De um modo geral, os valores dos indicadores calculados pelo Sidac para os minerais parecem
coerentes.

6 Considerações finais
A produção bibliográfica brasileira com enfoque na pegada de carbono no processo produtivo
dos minerais é escassa. Foram levantados alguns estudos que subsidiaram informações para o
cálculo dos indicadores genéricos.
Entende-se que os valores de emissões de CO2 são teóricos e podem variar segundo a
composição química dos minerais, tipologia, impurezas e eficiência dos equipamentos utilizados
no processo de produção.
Como resultado, tem-se uma faixa de variação ampla tanto para a demanda energética quanto
para as emissões de CO2, o que representa a pluralidade do setor dos principais minerais da
construção produzidos no Brasil.

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agregados naturais. Rio de Janeiro, RJ, 1993.
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