A história, infelizmente, há-de guardar os factos e os números desta horrível época desportiva. O tempo, porém, fará esquecer alguns dos homens que vestiram de vermelho e a protagonizaram dentro das quatro linhas.
Porque a memória não se deve apagar, nos bons e maus momentos, deixamos aqui os seus nomes e o seu (subjectivo) desempenho. Para vergonha de uns e alívio de outros:
QUIM: A melhor época no Benfica, no pior ano da carreira. Um guarda-redes que precisava de ser um pouco mais alto para ter dimensão mundial. Aplausos pelo seu profissionalismo. Fossem todos assim…
BUTT: Um erro de “casting”. Não só não justificou a contratação, como veio “tapar” Moreira. Quem o trouxe deve justificar este lamentável lapso de gestão desportiva.
MOREIRA: O guarda-redes do futuro ficou um ano parado, com consequências ainda por apurar para a sua carreira e para o Benfica. Como é possível desperdiçar assim um talento, quando temos lacunas nesse sector?
LUÍS FILIPE: Um zero. É impossível fazer pior. Não sabemos a quem cabe a principal responsabilidade, se ao jogador, se a quem o contratou, se a quem o treinou. O que sabemos é que trocar João Pereira por Luís Filipe é de bradar aos céus.
NÉLSON: Potencial não lhe falta, mas tem claramente um défice de força mental para suportar aquela camisola e aquela pressão. Faz-me lembrar o que se passou com Abel Xavier e, por isso, se calhar merece mais uma oportunidade.
LUISÃO: O patrão da defesa teve uma época para esquecer. As lesões, o desentendimento com Katsouranis, algum desgaste emocional, as propostas para sair, o desempenho da equipa, foram razões mais que suficientes para uma prestação longe sequer do suficiente. Mesmo assim, Luisão é um dos poucos de classe mundial. Continuar na Luz seria uma boa notícia.
DAVID LUIZ: Uma grave lesão estragou-lhe a época. Uma das melhores contratações do Benfica dos últimos anos. Um jogador à Benfica, com garra e com classe. É claramente o novo “Humberto Coelho”. Imprescindível a sua continuidade.
ZORO: Um caso de desperdício ou de inadaptação? Um jogador com capacidade, como mostrou na CAN, e a quem devem ser dadas mais oportunidades para jogar.
EDCARLOS: Se calhar foi um caso de deficiente adaptação e não fez esquecer David Luiz. O melhor mesmo é ir procurar outros ares.
LÉO: Será uma pena se não continuar. Um profissional de corpo inteiro e um atleta de alto rendimento. Mais uma das melhores contratações do Benfica dos últimos anos, num lugar onde o clube viveu épocas com saudades de Álvaro e Veloso.
SEPSI: O jovem internacional romeno, contratado na abertura de mercado, parece ser um bom valor. Que lhe deêm tempo e tenham paciência para que não se perca, como muitos, é o que se deseja.
BYNIA: Fernando Santos dispensou-o, Camacho recuperou-o, mas o jovem jogador marfinense ficou marcado internamente pela entrada feia sobre um jogador do Celtic e pelos lançamentos laterais alegadamente irregulares. Trata-se de um jogador a defender, a acarinhar e a aproveitar. A sua margem de progressão é enorme. Um diamante a lapidar.
PETIT: O pittbull fez uma época para esquecer, mas a justiça impõe que marque presença no Euro 2008. O seu profissionalismo, a sua garra, a sua determinação, o seu amor à camisola, devem ser sublinhados. A próxima época será, de certeza, bem melhor e com um desempenho à altura do seu valor. Fica-lhe bem a braçadeira de capitão.
KATSOURANIS: O campeão europeu pela Grécia é um jogador de qualidade extra, mas o seu temperamento deixa muito a desejar. O incidente com Luisão, no qual teve as maiores responsabilidades, “acabou” com a época de um e de outro. Um jogador com a sua experiência tem de ter outra atitude. É certo que a sua polivalência (foi meio-campista e central) não ajudou, também, a um bom desempenho. Com mercado, o grego pode fazer entrar bom dinheiro nos cofres da Luz.
RUI COSTA: O “maestro” acaba a carreira de forma inglória. Merecia mais. Carregou a equipa às costas durante uma grande parte da época e isso nota-se agora na parte final, onde, claramente, não está em boas condições físicas. Obrigado por tudo Rui, pelas alegrias que nos deste e pela magia que espalhaste no relvado e que nos fez felizes.
CHRISTIAN RODRIGUEZ: Um achado. Uma contratação em cheio, depois de um “tiro no escuro”. Espera-se que haja o bom senso, para não dizer a responsabilidade, de segurar o jogador com ambas as mãos. Descobertas destas não acontecem todos os dias.
MAXI PEREIRA: A análise mais difícil. É um jogador de selecção. No Benfica, não convenceu nem desiludiu. A sua polivalência foi contraproducente para a sua afirmação, mas é, claramente, um jogador de equipa, que se entrega à luta, que é útil.
NUNO ASSIS: O “caso” doping podia ter-lhe acabado com a carreira. Fez falta durante os meses de suspensão. Regressou e mostrou que ainda pode ser útil. A próxima época pode ser a da sua plena afirmação. Ou não.
FREDDY ADU: Um caso estranho. Só os técnicos saberão responder ao porquê do seu desaparecimento da lista de convocados. O menino bonito “made in USA” é um jogador de enorme potencial, um talento puro e um grande produto de marketing. O Benfica precisa de o aproveitar e de lhe dar as condições para ser um fora-de-série no competitivo futebol europeu. Deseja-se que não se cometa outro erro histórico, como com Deco.
DI MARIA: Um prodígio. Um talento nato. Um “novo” Chalana. Um jogador entusiasmante e que leva milhares ao estádio para o ver jogar. O Benfica do futuro, o Benfica europeu, não pode prescindir de Di Maria, que precisa, claro, de quem acompanhe de perto a sua evolução. Pode vir a ser um caso sério a nível mundial.
MANTORRAS: Já tudo foi dito e escrito. Não me quero alongar sobre o caso mais bicudo no futebol do Benfica. Apenas deixo uma pergunta que é também uma reflexão: o que dizer quando Mantorras em 20 minutos, na Reboleira, consegue rematar mais vezes com perigo à baliza do Estrela da Amadora (5 vezes) do que a maioria dos avançados do futebol português em 90 minutos?
ÓSCAR CARDOZO: Outra contratação de luxo, apesar de ter vindo a peso de ouro. Valeu mais de duas dezenas de golos, mas começou muitas vezes no banco de suplentes. O que faria se a equipa percebesse a sua maneira de jogar? Um avançado quase único no panorama mundial. Mal do Benfica se não o segura.
NUNO GOMES: É (foi) pena. Um desastre de época. Nuno já foi Golos, agora é apenas Gomes. Um futuro incerto na Luz para quem já foi bandeira. Um caso para equacionar com muita atenção.
MAKUKULA: Não vale aquilo que custou, mas também não é a nulidade que mostrou. O ex-maritimista pode ser útil na próxima época, já que o Benfica não pode deitar pela janela fora quase 5 milhões de euros, mas vai ter de ser bem enquadrado. Um problema para o próximo treinador resolver.