Mostrar mensagens com a etiqueta Porto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Porto. Mostrar todas as mensagens
terça-feira, 27 de novembro de 2018
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
PORTO - economia social em perspetiva
Ontem
, dia 8 de fevereiro participei no Porto na cerimónia pública de atribuição do Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio
2016 nas suas várias modalidades, atribuído
pela CASES, uma vez que recebi nesse âmbito o Prémio Especial Personalidade do Ano. Transcrevo de seguida as
palavras por mim proferidas nessa circunstância.
______________
Exº Senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade
Exªª Autoridades
Nacionais e Municipais
Exº Senhor Presidente
da CASES
Exº Senhor Subdiretor
da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Exºº Senhores dirigentes e militantes das
organizações da economia social
Caros amigos
Começo
por felicitar vivamente todos os outros premiados.
Honra-me
muito a distinção recebida, assumindo por isso o dever de ser digno dela.
Muito
agradeço todos os apoios recebidos no decurso deste processo.
Mas
só pude chegar aqui porque beneficiei, ao longo de décadas, da cooperação e da
solidariedade de muitos cooperativistas e de outros militantes da economia
social que comigo partilharam lutas e sonhos, pequenas e grandes vitórias,
algumas derrotas.
Só
pude chegar aqui porque o meu trabalho foi acolhido e estimulado pela
Universidade de Coimbra através da sua Faculdade de Economia, a minha
faculdade.
E
porque beneficiei da cooperação e da solidariedade dos Colegas que comigo
partilham há muito a aventura e a persistência de um Centro de Estudos
Cooperativos e da Economia Social.
E,
é claro, só pude chegar aqui graças à minha família e aos meus amigos.
Não
faz sentido agradecer-lhes, mas com todos partilho hoje esta honra e este
júbilo.
__________________________
Cheguei ao que é hoje a
economia social através do cooperativismo, uma das grandes dinâmicas sociais
que estão na base da sua identidade e da sua afirmação.
Envolvi-me no
cooperativismo, teórica e praticamente, desde antes do 25 de abril, no quadro
de uma resistência democrática que procurava um horizonte que fosse além do
capitalismo.
Mais tarde, já na Universidade continuei esse
caminho valorizando a sua dimensão jurídica.
Nunca estudei o
cooperativismo e a economia social, como objetos vistos de fora, no âmbito de
um laboratório imaginário. Procurei sempre envolver-me neles como dinâmicas a
estimular. Conhecê-los o melhor possível, para poder contribuir para o seu
desenvolvimento.
A geografia mundial das
diversas constelações da economia social reflete uma disseminação
diversificada.
No plano europeu, a sua
visibilidade aumenta.
Em Portugal, a economia
social tem vindo a tomar consciência de si própria e a inscrever-se como
prioridade nas políticas públicas.
As suas várias constelações
vão aprendendo a reconhecer-se umas às outras como partes de uma mesma galáxia.
O Estado tem-na valorizado política e institucionalmente, fixando o seu perfil
jurídico-legal e dando nitidez crescente à mensagem normativa da Constituição
da República nesta matéria.
É cada vez mais claro
que a qualidade de vida das pessoas depende da afirmação de uma vasta rede de
processos de desenvolvimento local unidos numa sinergia virtuosa. E parece
claro que esses processos ganham robustez e perenidade, quando são enriquecidos
com um protagonismo efetivo das entidades da economia social.
E é também certo que
dificilmente pode haver desenvolvimento da economia social sem uma reforma do
Estado. Uma reforma que incorpore esse desenvolvimento como energia que cresça
com ela e que a impeça de se reduzir a uma simples evolução
burocrático-administrativa.
E se olharmos com
atenção para o lugar que as várias constelações da economia social ocupam na
Constituição da República, facilmente a identificamos como um dos principais
eixos identitários do projeto constitucional. Nessa medida, desenvolver a
economia social é ainda hoje continuar a realizar o projeto de Abril.
Mas o império do
automatismo predatório do capitalismo financeiro, a que chamam neoliberalismo,
projeta no futuro de toda a humanidade o sombrio risco das catástrofes. Sejam
elas ambientais, sociais, políticas ou mesmo civilizacionais.
Concebida para dar esperança
aos povos europeus, a União Europeia deixou-se inquinar por uma tecnocracia
burocraticamente aprisionada na regressão social e na anemia política, guiada
por um automatismo economicista que reproduz privilégios e desigualdades, cada
vez mais se afastando do horizonte inicialmente prometido.
É este o difícil
contexto que constrange o nosso país, tolhendo o poder democrático e
impedindo-o de percorrer com verdadeira liberdade o caminho que o povo escolha.
As várias instâncias do
Estado democrático, mesmo quando protagonizadas por sujeitos políticos que
pugnam pela igualdade, pela liberdade e pelo desenvolvimento sustentável, não
escapam ao cerco desse contexto hostil. Um contexto construído por inércias e
automatismos que, ao reproduzirem privilégios, constrangimentos e
desigualdades, são a marca e o rosto do tipo de sociedade atualmente dominante.
Por isso, para que o
Estado possa ter êxito, como impulsionador da transformação da sociedade, rumo
a um horizonte de liberdade e de justiça, precisa de estar radicado numa
sociedade viva. Numa sociedade animada por uma dinâmica endógena que corporize
essa transformação.
Na verdade, nada de
irreversivelmente novo se poderá esperar
do ímpeto de transformação de um Estado, cujas raízes mergulhem numa
sociedade adormecida. Mas nenhum horizonte de esperança pode também ser
assumido por uma sociedade cuja dinâmica endógena não seja estimulada, amparada
e vertebrada por um Estado democrático em permanente aperfeiçoamento.
E em sociedades como a
nossa, não se vislumbra protagonismo
endógeno mais relevante para uma mudança emancipatória e humanista do que o do conjunto das
organizações da economia social, encaradas na sua diversificada globalidade.
Nelas se combinam a capacidade de resposta rápida e efetiva a muitos problemas
relevantes da nossa sociedade e uma inequívoca ambição futurante.
Por isso, o
desenvolvimento da economia social não é apenas uma questão que interesse aos
seus protagonistas mais diretos. É, pelo contrário, uma questão que interessa
ao país no seu todo, ao povo no seu conjunto.
Há quem reiteradamente procure trazer para a
ribalta mediática a questão de saber se a economia social tem futuro. É uma
questão subalterna. A questão decisiva, cuja resposta não pode ser iludida, é
outra, é a de sabermos se o nosso país é viável como democracia sem a economia
social.
Por isso, o seu
fomento, sendo uma orientação desejável das políticas públicas, não pode
limitar-se a ser uma pequena região de um painel programático.
Pelo contrário, tem que
ser um foco de irradiação para todo o espaço político, que impregne quer a
política do Estado central quer a das autarquias; sem esquecer a necessidade de
se projetar sem ambiguidades no espaço europeu.
A economia social responde
à exclusão, à pobreza, à frustração, ao sofrimento, à exploração, não porque
sejam eternas, mas para que sejam vencidas.
Por isso, não pode
renunciar a responder prontamente aos desafios do presente, em nome de
possíveis amanhãs que um dia possam cantar. Mas também não pode deixar-se
amputar do seu próprio futuro, perdendo a energia emancipatória que a esperança
lhe dá e demitindo-se de ser uma economia humana.
[Rui Namorado – Porto, 8 de Fevereiro de 2017]
Marcadores:
economia social,
esquerda,
Porto,
Rui Namorado
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Sexta-feira - no PORTO
Na próxima sexta-feira, o António Lopes Dias vai apresentar no PORTO o meu livro de poemas mais recente, "Os Dias Imensos".Quem estiver por perto e não for alérgico aos cometimentos poéticos, se resolver aparecer será bem-vindo.
[ Para informação mais detalhada, pode clicar sobre a imagem do convite]
[ Para informação mais detalhada, pode clicar sobre a imagem do convite]
sábado, 9 de fevereiro de 2013
A METÁFORA AUTÁRQUICA NO PORTO
As próximas eleições para a Câmara Municipal do Porto, pela
combinação da personalidade dos principais protagonistas com o tipo de apoio
político de que dispõem, vão ter um significado mais fundo do que a superfície
institucional dos resultados.
Se soubermos libertar-nos da espuma de cada uma das
candidaturas, talvez cheguemos a conclusões curiosas.
Menezes protagoniza a conquista do Porto por Gaia, a
humilhação profunda das elites
portuenses, desafiadas por um franco-atirador populista da outra margem. O
facto de neste caso ser usada a veste do PSD é um detalhe. O ajuste de contas
com Rui Rio, um sofisticado tempero pessoal que sublinha o desafio e potencia
a humilhação . O instinto felino de Menezes leva-o a não ser excessivamente
explícito na sua cruzada para o desaparecimento da cidade do Porto, por
diluição num vasto subúrbio de si
próprio, com cheiro a Gaia. Onde os miguelistas falharam , Menezes quer
triunfar. A invicta deixará de o ser. É esse o seu desígnio estratégico
Moreira é a resposta das elites empresariais envolta na
patine cultural de uns tantos letrados de que a direita, que se sonha como
civilizada, tanto gosta de exibir. Uma resposta sintomática, dada por patrões que
se julgam modernos e se dispõem a dispensar o seu habitual pessoal político,
que talvez os tenha desiludido em excesso, para optarem por se sentar , desta vez directamente,
nas cadeiras do poder. Sendo talvez um certo receio pela insubtileza dos seus
políticos , é também alguma arrogância
directa do poder económico, convencido
que já pode dispensar a mediação dos seus núncios políticos.
Pizarro, persistente e discreto, vai procurar ser o tribuno
do povo portuenses, da classe média
republicana massacrada pela crise. Munido de um currículo político
suficiente para não ser considerado insignificante, um currículo que ao longe
parece cinzento mas que ganha cor e consistência à medida que o olhamos melhor,
procura mostrara-se à altura de um projecto que ele se esforça por mostrar que
é o verdadeiro centro
da sua ambição. É o nome liderante de uma área política que tem andado
esmorecida nos últimos tempos e a única possibilidade efectiva de impedir que
uma qualquer das direitas acima mencionadas continue a encerrar o Porto na
pequenez da sua sombra, capturando-o para uso egoístico dos seus interesses.
As outras candidaturas de esquerda, subjectivamente, são
expressões naturais e legítimas das áreas políticas que representam; mas,
objectivamente, são dois blocos de cimento atados ao pescoço de Pizarro que o
obrigam a um suplemento de esforço para se conseguir manter á superfície e
lutar pela vitória. Subjectivamente, concorrem para uma expressão completa da
cidadania portuense; objectivamente, são importantes bóias de salvação
oferecidas ás direitas portuenses.
Com Menezes, a aristocracia populista de Gaia tenta o cerco
do Porto, vinda de fora. Com Moreira, a aristocracia aristocrática tenta o
cerco do Porto, vinda de dentro.Com Pizarro , a invicta resiste.
Subscrever:
Mensagens (Atom)