Nome: Mrs. Dalloway
Autora: Virginia Woolf
Editora: Europa-América
Tradução: Lucília Rodrigues
Páginas: 165
Sinopse: "Clarissa Dalloway, conhecida figura da alta-sociedade londrina, prepara-se para dar uma festa importante. É através dos pensamentos e das recordações do passado que não cessam de lhe vir à mente que a sua personalidade se nos vai revelando pouco a pouco, o mesmo se passando com todas as pessoas que consigo se cruzaram ao longo da vida. Desta forma, simultaneamente vivida e íntima (e, acima de tudo, única), as personagens que povoam estas páginas dão-nos a conhecer os seus amores, as tragédias e as comédias que formam a sua existência.
Mrs. Dalloway, o quarto romance de Virginia Woolf, é considerado um marco de grande importância no desenvolvimento literário da autora. Foi com esta obra que ela rompeu de forma definitiva com os cânones tradicionais do romance inglês, impondo-se como uma escritora de génio."
Este é o tal famoso livro de bolso que a minha mãe encontrou abandonado no seu local de trabalho e resolveu trazer para que eu ficasse com ele. Esta é, também, a tal famosa obra em que Michael Cunningham se inspirou para escrever o seu livro "As Horas". Desta maneira, posso afirmar que até estava com algumas expectativas, especialmente porque já tinha feito um trabalho sobre a autora e tinha ficado curiosa, pois nunca tinha lido nada seu.
Mal o abri, deparo-me com um pequeno parágrafo: "Mrs. Dalloway fez saber que ela mesma se encarregaria de comprar as flores." Foi a partir daqui que percebi que este livro ia ser diferente de tudo o que eu já alguma vez tinha lido - e estava certa. Para mim, foi muito difícil conseguir embrenhar-me na história deste livro. Porquê? Porque parece que não tem história alguma. No entanto, ela está lá, em cada personagem que aparece ao virar da esquina. Sim, porque eu senti-me uma pessoa que caminhava nas ruas de Londres, mas que não estava realmente lá. É um sentimento estranho, este. Tudo isto porque a narração ocorre à volta de Clarissa Dalloway, uma mulher que já entrou na fase dos 50 e que ainda não sabe, ao certo, o que fez com a sua vida.
Vestida num sobretudo castanho, com um chapéu envolto em flores, fui caminhando por Londres, seguindo as linhas orientadoras de Virginia Woolf. Entro num parque cheio de crianças e deparo-me com umas quantas pessoas que Clarissa conhece - ou conheceu. Cada pessoa - sem exagero - tem um certo número de páginas guardadas para si. Isto, para mim, foi algo muito estranho. Tudo porque, ia já na página 40, e continuava sem perceber o porquê de eu ter de saber a vida de quase toda a gente com quem Clarissa se cruzava. Ao início foi muito difícil meter isto na minha cabeça, ler tudo aquilo com interesse. Depois, lá me habituei e comecei a encarar cada história com naturalidade. No fim, todas aquelas histórias que, ao início, não faziam sentido, tomam finalmente o seu significado e desvendam o que realmente Clarissa Dalloway é.
Consegui encontrar as tais partes do livro em que Michael Cunningham pegou para construir a sua obra. Consegui interligá-las com o que já tinha lido e com o que já sabia acerca de Virginia Woolf. Consegui, também, encontrar a autora escondida numa das personagens. Chocou-me um pouco e deixou-me melancólica, mas nem toda a gente tem uma mente sã. E esta obra faz um retrato do pós-guerra, de todo o seu ambiente e todas as pessoas que viveram traumas imensos. Demonstra, também, como alguém pode mudar só para agradar os outros. Querem saber de quem falo? Leiam, por favor.
Nota: 6/10 - Agradável
Personagens favoritas: Richard Dalloway, Sally, Peter Walsh, Septimus.
Sara