Lamenta LR, no Blogue Blasfémias (18-11-2009), a proibição da cobrança da Taxa Multibanco, que considera um atentado ao "laissez faire":
«Aqui está mais uma medida demagógica, destinada quiçá a responder à indignação fácil provocada por uma
petição que anda por aí a circular há vários anos. A mesma tem vindo a ser ”apimentada” por falsidades, reconhecidas pelo próprio autor da petição, como a que estabelece a futura comissão a cobrar em € 1,50.»
«Diga-se que nenhum banco estava a equacionar a tarificação dos movimentos feitos nas ATM, mas nada obsta a que amanhã tal não acontecesse, no seguimento de uma tendência que existe a nível global de se cobrar por todos os serviços prestados. Com este proibicionismo, as operações no Multibanco serão gratuitas, mas agravar-se-ão inevitavelmente outras comissões, como a anuidade do cartão ou a comissão de manutenção de conta.»
«Facilmente se generaliza a ideia de que prestar o serviço via ATMs é algo sem custos para os bancos (eles até destruiram empregos à custa disso...). Acontece que o negócio bancário de hoje é totalmente diferente do que era há cerca de 20/30 anos. De Instituições de Crédito, os bancos transformaram-se em Instituições prestadoras de serviços, muito por força do esmagamento da margem financeira que deixou há muito de ter 2 dígitos, que então permitia cobrir tudo.»
«Teixeira dos Santos está bem ciente de todos estes factos, mas propaganda oblige...»***********************
As duas falhas de raciocínio do blogger LR do Blasfémias
Naturalmente que LR, o autor deste post no Blogue Blasfémias, não alcança que os custos que a Banca tem com o Multibanco são em muito ultrapassados pelos benefícios em rapidez, custos com o pessoal, automação da contabilidade, ganhos de produtividade, segurança, etc. Não foi por acaso que a Banca introduziu as caixas ATM, já lá vão uns bons anos. Não são necessários dois dedos de testa para compreender que as caixas ATM trazem muitos lucros À Banca.
Mas LR também não percebe que a Banca funciona em cartel, onde a «competição» é fictícia e reduzida a pormenores irrelevantes. Porque, quando há competição a sério numa economia de mercado, a tendência é para que se reduzam as margens de lucro. Nenhum banco arriscaria, numa lógica competitiva, cobrar uma taxa sobre um serviço que, ao invés de prejuízo, lhe proporciona mais ganhos. Ficaria imediatamente em inferioridade em relação aos bancos concorrentes que não cobrassem essa taxa.
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Fernando Madrinha - Expresso 3/2/2007:«Todos os anos, por esta altura, muita gente se interroga: que país é este onde a vida é tão dura e deficitária para toda a gente, famílias e empresas,
menos para os bancos?»
«...
os lucros [dos bancos] não param de crescer. O Millennium bcp, por exemplo: teve 780 milhões de euros de lucros em 2006 - mais 28% do que no ano anterior; o BPI registou 309 milhões - mais 23%; o Banco Espírito Santo anunciou ganhos de 420 milhões - mais 5o%...»
«Tudo estaria bem se esta chuva de milhões sobre os bancos fosse um sinal de pujança da vida económica do país. Mas sabemos bem que não é. E que
esses lucros colossais são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que
Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam.».
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