terça-feira, dezembro 01, 2009

QUASE


Um vídeo da cantora açoriana Helena Oliveira a interpretar, na Praça do Município em Ponta Delgada, o lindo poema de Mário de Sá-Carneiro "Quase" que em tempos me atrevi a musicar. Espero que gostem e visitem o blog da Helena aqui.

terça-feira, outubro 20, 2009




TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM...

Tenho pena de não poder estar presente. Há um mar que nos separa e nem sempre é fácil encurtar esta distância.

Um abraço ao Eduardo Aleixo e votos do maior sucesso.

sexta-feira, setembro 25, 2009



SÓ TU ME PRENDES

Ando às vezes para aí meio perdido,
Encontro abrigo nos teus braços de mulher.
Sem ti não era, eu já me tinha ido.
És tu que me deténs, razão do meu viver.

Ponta Delgada, 2009-09-25

sexta-feira, setembro 18, 2009



MEXES COMIGO

Não sei se é só por seres a minha musa,
Nem sei se é minha sorte ou meu castigo,
De cada vez que o nosso olhar se cruza
Sinto o chão a fugir, mexes comigo.

Ponta Delgada, 2009-09-18

segunda-feira, setembro 07, 2009



URGÊNCIA

Eu quero amar-te hoje, minha beleza
minha mulher, minha vida e talismã,
como se estivesse certo da certeza
que o mundo iria acabar, já amanhã.

Ponta Delgada, 2009-09-07

terça-feira, agosto 11, 2009


Vila Franca do Campo - imagem de Marta Raposo


A FORÇA DA RAZÃO


É isso a vida...


Por cada punhalada recebida à falsa fé;

Por cada janela de amizade que encerramos sofridamente,

Há pequenas alegrias espreitando, de inesperada forma,

Por detrás de enormes portões

que nunca sonhámos sequer entreabrir.


A surdez, irmão, às vezes é uma virtude…


Aos ataques soezes, tresloucados,

Às invejas mesquinhas e absurdas,

Respondamos com a sabedoria do silêncio.


É na tranquilidade das almas simples e sem mácula

Que descansa, em reconfortante sono, a força da razão.


Ponta Delgada, 2009-08-11

quinta-feira, agosto 06, 2009



O PALCO OUTRA VEZ

Estive ausente por uns tempos a trabalhar nos meus dois mais recentes concertos. Pelo facto peço desculpa aos meus leitores. Aqui está uma foto do último, realizado ontem mesmo à frente dos paços do concelho de Ponta Delgada.

Aqui um pequeno e descontraído apontamento sobre a preparação dos concertos filmado pela Artilharia TV.

E aqui uma notícia sobre o último espectáculo.

sexta-feira, maio 22, 2009



VIENA DE NOVO
(em cinco pinceladas)

- O virtuosismo da bela pianista japonesa libertando a música em plena Kartner Strasse;
- Os sabores deliciosos e picantes do pequeno e acolhedor restaurante húngaro da Illona; 
- O riso contagiante dos ocupantes do autocarro vindo de Grinzing (in vino veritas...);
- O revisitar dos imponentes palácios da corte dos Habsburgos;
- O recolhimento profundo em oração na luz especial da Catedral de Santo Estevão.

Viena de Austria, 2009-05-15


II ANTOLOGIA DAS NOITES DE POESIA EM VERMOIM

Vai ser lançada no próximo dia 6 de Junho, pelas 21,30 horas, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Vermoim, Avenida D. Manuel II, 1573, 4470-334 Maia.

O livro conterá poemas apresentados nas Noites de Poesia de Janeiro de 2005 a Abril de 2009.

Tenho o gosto de participar com o Poema Marginal. Agradeço publicamente à Amita e ao José Gomes terem-me dado esta oportunidade.

Desejo a todos os participantes e aos promotores as maiores felicidades.

Ponta Delgada, 2009-05-22

sexta-feira, maio 08, 2009



DESABAFO
(tempus fugit)

Estou submerso até à testa
No labor do dia-a-dia
Pouco é o tempo que resta
P' ra dedicar à poesia.
  
A poesia é p'ra comer!
Disse a Natália a preceito. 
Era bom sobreviver
Comendo versos a eito...

Ponta Delgada, 2009-05-08
Aníbal Raposo

quarta-feira, abril 29, 2009

ENTRE O SONO E O SONHO - VOLUME II

Depois da edição da Primeira Colectânea de Poesia Contemporânea com o nome “Entre o Sono e o Sonho”, o jornal Portal Lisboa, e a Chiado Editora preparam-se para lançar o volume II.

Estas duas entidades procuram novos autores para participarem neste livro. Quem estiver interessado pode aceder ao regulamento desta colectânea no site do Portal Lisboa. As inscrições podem ser feitas aqui.

terça-feira, abril 28, 2009



Orfeão Stella Maris actua em S. Miguel

A iniciativa é promovida pela Associação Musical Edmundo Machado de Oliveira.

O Orfeão “Stella Maris” de Toronto vai actuar em S. Miguel. Assim sendo, a Associação Musical Edmundo Machado de Oliveira acolhe-os até ao próximo dia dois de Maio. Este orfeão de Toronto é dirigido por José Rodrigues, antigo maestro da Associação Musical Edmundo Machado, e vem cá no âmbito da actividade de intercâmbio cultural que costuma desenvolver com outras associações corais nacionais e estrangeiras. 

Durante este período, serão realizados dois concertos, intitulados “Na Rota de Cantores Atlânticos”.

No Teatro Ribeiragrandense o evento realiza-se a 28 de Abril pelas 21h00, e no Teatro Micaelense a 30 Abril, pelas 21h30. 

Neste último concerto, para além dos dois orfeões, passarão pelo palco vários músicos açorianos, como Luís Alberto Bettencourt, Ana Paula Andrade, Zeca Medeiros, Aníbal Raposo, Bela Aurora e João Miguel. 

A Orquestra de câmara de Ponta Delgada, composta por músicos do Conservatório Regional, actuará como suporte musical do espectáculo.


in JornalDiario

2009-04-25 

quinta-feira, abril 23, 2009



ABCISSA ZERO

uma urgência,
um dia de Abril,
um cravo na G3,
uma vivência única, 
um referencial cartesiano,
uma vida-ponto.

dois eixos.

o dos xx,
tal como os pés,
na terra assente.

uma subtil tarefa:
manter o dito ponto
com abcissa zero. 

Ponta Delgada, 2009-04-23
Aníbal Raposo

PS: num referencial cartesiano um ponto com abcissa zero está situado sempre no eixo dos yy e portanto, ao caso, na vertical.
Abril - 23
   
 
  
 

ESPECTÁCULO DE SOLIDARIEDADE


 

O Coliseu Micaelense associa-se à campanha de solidariedade que está a decorrer para que o Antero possa receber tratamento que lhe consiga melhorar a qualidade de vida que foi bruscamente interrompida quando tinha a tenra idade de três anos.

O espectáculo visa a angariação de fundos,  cujo a receita reverterá para a deslocação do Antero à cidade de Boston para realização de vários exames médicos.

Este espectáculo, que será transmitido em directo pela RTP/Açores, conta com a participação do conhecido grupo humorístico da ilha terceira, Fala Quem Sabe e vários artistas de São Miguel que aceitaram o convite da Pilar Silvestre, professora do Antero e responsável pela produção deste espectáculo. Zeca Medeiros, Luís Alberto Bettencourt, Helena Oliveira, Pilar Silvestre, Emanuel Bettencourt, Aníbal Raposo, André Jorge, Lino Cordeiro, Alfredo Gago da Câmara, Paulo Linhares, Piedade Rego Costa, Carlos Frazão, Lídia Medeiros, Maninho, Bora Lá Tocar, o Grupo “Musica Nostra", o Coro infantil do Conservatório Regional de Ponta Delgada e a Professora Ana Paula Andrade, o Ginásio Corpore, os Morby Death, Manuel Moniz e o Quinteto Gimijolati, são os que subirão ao palco do Coliseu Micaelense para dar o seu contributo nesta causa. 

Você também pode contribuir através da compra do bilhete para o espectáculo na bilheteira do Coliseu Micaelense, que se encontra aberta entre as 13 horas e as 20 horas, de Segunda a Sábado, ou fazer o seu donativo pelo telefone durante o decorrer do espectáculo.

O espectáculo é no dia 23 de Abril, a partir das 21 horas.

O Antero espera pela sua ajuda!


Publico este artigo com a devida vénia ao Coliseu Micaelense.

terça-feira, abril 21, 2009



PETER - CAFÉ SPORT

Há lugares assim...

Lugares de encontro das almas marinheiras,
vidas indomáveis, peles tisnadas pelo sol,
que vêm contar histórias de sal doutras latitudes
no meio de nenhures.

Na quadro da parede,
pendurado por cima do grande mapa mundi,
José Azevedo, o Peter, parece ouvir cada uma delas
com um sorriso bondoso e enigmático nos lábios.
Complacência de quem sempre as conheceu
contadas de diversas maneiras, em variados sotaques.

Ao canto do balcão 
a carta metereológica.
Às vezes, os afectos devem servir-se
em forma de comunicação anacrónica. 


Horta, 2009-04-20
Aníbal Raposo 

quinta-feira, abril 16, 2009



NUNCA MAIS

Se alguma vez me procurares ferir de novo 
e as tuas rudes palavras me visarem
como afiadas pontas de punhais,
dir-te-ei como disse e repetiu
o  corvo  negro do poema de Allan Poe:
bem podes tu tentar, mas
nunca mais...

Ponta Delgada, 2009-04-09
Aníbal Raposo

segunda-feira, abril 13, 2009


A FALUA DE ISTAMBUL

Maio.
Antes de Abril, ao escuro, já te pressentia.  
Inda hoje, saudoso, a um cerrar dos olhos, enxergo a tua recortada imagem:
Os sonhos ardendo pela rua no desaguar das multidões da esperança.  

Maduro 
Agora. Perdendo viço, mas Maio sempre.
Do meio da bruma, surgirá um dia, rompendo a madrugada,
Uma falua que há-de aproar aqui chegada de Istambul.
Rasgará as águas deste pântano impelida por suas velas latinas, grávidas de vento.
Ouviremos então de novo os belos versos do cantor. 

Maio. 
Até quando
Irás ser
O mês sonhado? Quando decides fazer-te realidade?

Ponta Delgada, 2009-04-13
Aníbal Raposo

Solicitação da minha amiga Amita para a noite de poesia a realizar a 2 de Maio em Vermoim. O tema é: Maio, maduro Maio, como o cantou José Afonso. Espero que seja do vosso agrado. 

segunda-feira, abril 06, 2009



RISOS

E ris-te,
como se fosse
caso de somenos,
cousa pouca,
fazer explodir os céus
bebendo o mel da tua boca.

Ponta Delgada, 2009-04-06
Aníbal Raposo

sexta-feira, abril 03, 2009



ESTIVE LÁ PERTO

Estive lá perto...

Tão perto
que quase toquei
com a ponta dos dedos,
o outro lado, o da eterna claridade.

No meio da minha fugaz ausência,
senti-me a caminhar no túnel escuro.
Escutei vozes, doces mas desconhecidas,
que me recebiam com muita amizade
e experimentei uma enorme
sensação de paz.

Alguém quis que voltasse
e aqui estou eu, de regresso.

Fisicamente mais débil.
Seguramente mais sábio.

De ora em diante,
beijarei cada minuto
da minha breve existência
como se fosse uma das notas
de uma bela e suave melodia:
 
a música da minha vida...


Ponta Delgada, 2009-04-03
Aníbal Raposo

domingo, março 22, 2009



PRIMAVERA

Prima
A corda tensa
em início de ciclo. 
A alegria da vida espelhada
nos chilreios de pássaros inquietos,
na tumidez explosiva dos ramos das árvores,
na subtileza dos trinados dos violinos de Vivaldi.

Vera
A perene procura do sagrado
na serena caminhada anual
pelas santas veredas desta ilha verde.
A oração libertadora que,
rasgando as trevas,
nos inunda a alma de luz
e nos coloca no peito um imenso oceano de paz.

Ponta Delgada, 2009-03-20
Aníbal Raposo

terça-feira, março 10, 2009


ODE AO AMOR

(de Maria para Benjamim)


Já que dizes que o amor é sã partilha

então ganha coragem beija-flor:

com simplicidade e com verdade,

duas vitualhas  do dito bem-querer,

beija-me a mim, Benjamim.

 

Mais uma dança de encantar tu vais tecer

quando soprares da prateada flauta transversal

a melodia suave desta doce maldição,


Esconjuro que és

gravado em mim.

  

Lisboa, 2009-03-10

Aníbal Raposo

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Esta foi a minha participação no 12.º jogo das 12 palavras do blog Eremitério. Mais uma vez obrigado ao Eremita pela diversão.

Palavras-desafio:

Amor - beija-flor - benjamim - coragem - flauta -maldição - ode - Partilha - simplicidade - Tecer - Verdade - vitualhas.

segunda-feira, março 09, 2009



JANTAR DE AMIGOS DO TUP 

Que dizer dos abraços apertados
e dos beijos sentidos e sinceros
dos amigos que nesta hora revemos
após um hiato de trinta e muitos anos?

Que dizer da conversa boa
que se reinicia, aberta, livre e fluída,
depois de tanta água ter corrido sob as pontes,
parecendo ter terminado ainda ontem
em Cedofeita, numa das mesas do café Bissau?

Que dizer dos olhos,
húmidos de saudade
mas tão acesos na alegria do reencontro?

Que dizer da clara consciência
das cicatrizes que o tempo desenhou em nossas faces
e do gáudio juvenil nos rostos que as ressarce?

E que dizer do dono do restaurante,
Gavião do Mar, local do nosso convívio,
que às três da madrugada ainda inventa tempo
para afinar o cavaquinho e nos pôr a dançar viras do norte
fazendo-nos esquecer, por uns instantes,
dos outros viras: desnortes da nossa vida?

Não há muitos amigos destes...

São únicos, os amigos do TUP.


Porto, 2009-03-08
Aníbal Raposo

sexta-feira, fevereiro 27, 2009



EM CADA VERSO

Em cada verso vou cantar-te, amor.
No teu compasso as notas certas planto.  
Bebo-te os lábios, doces, de licor.
Vamos lavrar os dois um mar de espanto.

Ponta Delgada, 2009-02-26
Aníbal Raposo

quinta-feira, fevereiro 26, 2009


QUARTA-FEIRA DE CINZAS


Não te esqueças que és pó!

Poeira das estrelas

que alguém aglutinou

para tu seres.

 

E a poeira que és,

desagregada em função

da tua anunciada morte,

será de novo joeirada

pela invisível mão

do Criador.

 

Poderá devir depois

noutro lugar, noutra coisa

ou noutra criatura,

mas habitará o universo

como poeira das estrelas

até ao fim dos tempos.

 

Sonha!

Que sonhar é ser eterno...

 

Ponta Delgada, 2009-02-25

Aníbal Raposo


SELO BLOG DORADO

Fui presenteado com o selo "Blog Dorado", pela Eelleenn do blogue (http://felixahel.blogspot.com) e vou atribui-lo a alguns amigos.

Agradeço do coração à Eelleenn faço-vos a todos um convite para passarem pelo blogue dela.

As regras são:

1 - Exibir a imagem do selo;
2 - Postar o link do blog de quem te mandou;
3 - Escolher 10 blog´s e distribuir o selo;
4 - Avisar seus escolhidos. 

Peço desculpa por não poder contemplar mais amigos mas só podem ser 10.

E os nomeados são:

Sônia Schmorantz - http://schsonia.blogspot.com;
Fátima Borges - http://deliriosdasborboletas.blogspot.com.

 Beijos nas meninas, abraços nos rapazes.

Aníbal Raposo

segunda-feira, fevereiro 23, 2009



DANÇAS DOUTROS CARNAVAIS

Não me venhas de novo a seduzir
com conversa fagueira
e jogos imorais. 

Rasga-me esta máscara
e presenteia-te, por uma vez,
com um favor singelo:
não mintas mais.

Disfarces para quê
se tu não és faceira?

A ti, bem te conheço,
de antanho e de ginjeira,
das danças tristes, funestas,
doutros carnavais.


Ponta Delgada, 2009-02-23
Aníbal Raposo

sexta-feira, fevereiro 13, 2009



AMANHÃ NÃO TE DAREI FLORES

Amanhã,
por ser banal,
não te darei flores.

Convidar-te-ei, tão somente,
para um lugar tranquilo à beira-mar
e dar-te-ei um longo e húmido beijo.

Em seguida,
far-te-ei erguer comigo
uma taça de bom vinho
e brindarei à rosa das rosas,

à mais delicada que conheço:
tu, meu amor. 

Ponta Delgada, 2009-02-13
Aníbal Raposo

quarta-feira, fevereiro 04, 2009




POEMA PARA A MULHER QUE PASSA


Podias ser Lianor
Pois que caminhas formosa
Pela verdura descalça.

E garota de Ipanema
Já que tu és coisa linda
Tão linda e cheia de graça.

Ou Rosinha dos limões
Fada de olhar feiticeiro
Com puro ar de chalaça.

Mas por não saber, princesa,
Que nome te baptizou
Prefiro dizer, riqueza,
Como o poeta cantou:

Passou uma delicadeza,
Uma mulher que ficou.


Ponta Delgada, 2009-02-05
Aníbal Raposo

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Recebi da minha querida amiga, a poetisa Betina Moraes, do blogue “Versos e idéias”, um convite para executar a seguinte tarefa: 

1 - agarrar o livro mais próximo; 
2 - abrir na página 161; 
3 - procurar a 6ª frase; 
4 - colocar a frase completa no blogue; 
5 - produzir um texto com a frase; 
6 - repassar a "tarefa" para 5 pessoas.

O livro que estava mais próximo era "Ofício cantante" de Herberto Helder, publicado em Janeiro de 2009 pela editora Assírio e Alvim – capa dura. A sexta frase do poema “Lugar último", que está na página 161, é a seguinte:

 “Passou uma delicadeza, uma mulher que ficou.”

O que saiu foi o poema acima. 

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Convido agora para a ciranda:

Paula Raposo do blogue "As minhas romãs"

http://romasdapaula.blogspot.com/

Manzas do blogue "Pensamentos"

http://pensamanzas.blogspot.com/

Eduardo Aleixo do blogue "À beira de água"

http://ealeixo.blogspot.com/

Ana Martins do blogue "Ave sem asas"

http://avesemasas.blogspot.com/

Conceição Bernardino do blogue "Amanhecer & palavras ousadas"

http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com/


Sei que às vezes não é apetecível escrever estando condicionado a um texto. No entanto, espero que aceitem o desafio.

Beijos às meninas e abraços aos rapazes!



segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Poema marginal




POEMA MARGINAL

Ainda não se enxerga a madrugada
quando o novo poema prepara seu iminente parto.

Fermenta na vesúvica erupção da mente,
para depois fluir em brasa, folha abaixo,
na inesperada torrente lávica das palavras.

Nasce às vezes sonoro, às vezes grave,
noutras por entre loucos, alarves e insanos risos.
Brota dos desconexos gestos báquicos,
irreflectidos, no escárnio cínico dos espelhos.

Acabou de mijar, sem pudor algum,
nas delicadas esquinas de convenções
secular e laboriosamente trabalhadas, 
escarnecendo, a mostrar os dentes podres,
do que é o simples e vulgar bom senso.
Não posso nem te quero segurar,
poema sem amarras.

Foi opção tua vir assim ao mundo:
livre e marginal.

Meu poema vivo,
poema sem-abrigo. 


Lisboa, 2009-02-02
Aníbal Raposo

domingo, fevereiro 01, 2009


DA BATIDA INESPERADA DO VENTO


Perdidos dentro dos nossos domésticos afazeres diários,

soporificamente embalados nos braços de Morfeu,

nem sempre nos damos conta

dos sinais premonitores da tormenta.

 

Então, quando ela surge, a sensação 

 é a de termos sido repentinamente abocanhados

pela ferocidade das mandíbulas dum tigre.

 

Perante a enorme sacudidela de vento

nas velas do navio da nossa vida,

sentimo-nos sem bússola, perdidos,

desesperados com a situação.

 

Nessa altura não estamos preparados para vislumbrar

a soberana oportunidade que nos é dada

para refazermos o rumo e retomarmos

o equilíbrio da nossa barca.

 

Mas, normalmente,

depois da grande e inesperada oscilação

navegamos mais adultos e mais sábios

na vasteza do mar-oceano da nossa existência.


Lisboa, 2009-02-01
Aníbal Raposo
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Esta é a minha participação no 11.º jogo das 12 palavras do blog Eremitério

Palavras-desafio:

Batida; dentro; Morfeu; navio; oceano; oscilação; sacudidela; situação;soberana/o; tigre; vasteza; vento.

Continuo a divertir-me. Obrigado Eremita.



DA ACENTUAÇÃO

Já não falo de não terem vincado
no nato volume, o i de minha graça,
que a língua lusa e, já agora, eu,
vá lá saber-se por que vão capricho,
fazemos questão que seja acentuado e grave. 

Dir-se-á que foi um lapso,
falta de atenção e de tempo disponível.

Pois bem, não quero lançar anátemas:
aceito e acredito que assim tivesse sido.

No entanto,
na minha provecta idade
tenho como dado e provado
que todas as acções obtêm sempre o tempo preciso
que estamos pré-dispostos a dispensar-lhes.

Acentuo, porém, com amizade
mas com acento muito grave,
não ter sido desenhado o tempo e o espaço
para conhecermos e distribuirmos abraços cúmplices
aos diversos pais e mães
da cópula feliz
que gerou a criança linda
que ontem nasceu
no Onda Jazz.

Lisboa 2009-02-01
Aníbal Raposo

quinta-feira, janeiro 29, 2009

fiel amigo



EM DIA DE AMIGOS

Chorar a lágrima como se nossa fosse.
Repartir alegria quando a festa é rija.
Pôr dardos na língua quando a verdade o exija.
Mas cultivar o mel porque amizade é doce. 

Ponta Delgada, 2009-01-29
Aníbal Raposo