quarta-feira, dezembro 31, 2014
sexta-feira, dezembro 26, 2014
terça-feira, dezembro 23, 2014
EXISTÊNCIA
Há muito para ser pensado
Ao olhar um mar estanhado
E uma cadeira vazia.
Basta soltar os sentidos,
Abrir os nossos ouvidos
E atentar na magia:
Dos mil matizes das cores,
Do perfume que há nas flores,
Do despontar da poesia,
Do milagre da existência,
Do dom de ter consciência,
Da bênção do dia a dia.
Relva, 2014-12-23
Aníbal Raposo
segunda-feira, dezembro 22, 2014
domingo, dezembro 21, 2014
sábado, dezembro 20, 2014
|
|||
Se vislumbro o preconceito | |||
Na boca dum ser mesquinho | |||
Eh rapaz, pego direito, | |||
Raspo-me num instantinho | |||
Meias-verdades, boatos? | |||
Caio em atroz desespero | |||
Dou logo corda aos sapatos | |||
Pernas para que vos quero | |||
Paleio de demagogo? | |||
Cavo dali para fora | |||
Dou às de Vila Diogo | |||
Pego em mim e vou-me embora Relva, 2014-12-20 Aníbal Raposo |
sexta-feira, dezembro 19, 2014
quinta-feira, dezembro 18, 2014
sábado, dezembro 13, 2014
RELÓGIO
Na minha velha parede
tenho um relógio. Os ponteiros
rodam sempre tão ligeiros
que não sei se o tempo mede.
E aqui quero confessar
uma estranha sensação:
na mecha louca a que vão
não os consigo enxergar.
Saudades tenho. Obcecado,
não me vejo a decidir,
se dos dias que hão de vir
se do que já foi gozado.
Vivo pois neste esconjuro
de saber, tempo malvado,
se corres para o futuro
se voas para o passado.
Relva, 2014-12-13
Aníbal Raposo
sexta-feira, dezembro 12, 2014
quarta-feira, dezembro 10, 2014
sexta-feira, dezembro 05, 2014
quinta-feira, dezembro 04, 2014
quarta-feira, dezembro 03, 2014
Cais
CAIS
Tanto a contar
das chegadas
alegres...
amarguradas...
Mais a dizer
das partidas
sonhadoras...
tão sofridas...
Relva, 2014-12-03
Aníbal Raposo
Foto de Amanda Cass
terça-feira, dezembro 02, 2014
domingo, novembro 30, 2014
sábado, novembro 29, 2014
quarta-feira, novembro 26, 2014
sexta-feira, novembro 21, 2014
FRAGILIDADES
Frágil é o riso que desponta
Frágil a palavra no poema
Frágil a vaidade sempre tonta
Frágil a arrogância que dá pena
Frágil é o rebento da cana
Frágil a flor do maracujá
Frágil uma ideia em mente insana
Frágil quem amores exaltará
Frágil quem não sabe onde dormir
Frágil o fio que tece a aranha
Frágil quem se fica no carpir
Frágil todo aquele que se amanha
Frágil é a vida a cada hora
Frágil porque certa é mesmo a morte
Frágil o quem tem sorte caipora
Frágil quem se tem por muito forte
Frágil é um rio impetuoso
Frágil porque se humilha no mar
Frágil todo o ser que é venenoso
Frágil que a peçonha o vai matar
Frágil é a onda quando quebra
Frágil no baixio a rebentar
Frágil é aquele que celebra
Frágil porque um dia vai chorar
Frágil quem não tem rumo nem norte
Frágil é aquele que se ufana
Frágil o fraco que se acha forte
Frágil é a natureza humana
Relva, 2014-11-21
Aníbal Raposo
quinta-feira, novembro 20, 2014
DA DÚVIDA
Existe um velho ditado que encerra
uma verdade que de tão evidente,
que é, ninguém a contesta nem desmente:
o que nada faz, esse nunca erra.
Cabe ao homem bater-se nesta guerra
das coisas bem fazer, é bom que tente.
E contudo é errando aqui na terra
que se aprende e se dá o salto em frente.
Bem conhecemos muito convencido
que é dono da verdade, anda iludido,
não duvida, nem se pode enganar.
P'ra mim este é assunto resolvido.
Posso dizer-vos: muito mais duvido
do que se gaba de não duvidar.
Relva, 2014-11-20
Aníbal Raposo
sábado, novembro 15, 2014
CASA
Sonhei,
ao pormenor,
a tua génese.
Povoaram-te risos,
versos de amor
e flores de esperança.
Vi-te a escoar
no vazar da maré,
quando o escuro da noite
pintava o fundo da minha alma.
Mas veio o sol de novo
e inundou-te as salas, de música,
de gargalhadas límpidas,
delicadezas de orquídeas
e cheiro a tangerinas.
De quando em vez
oiço o som das asas
dos pássaros fiéis que, no regresso,
esvoaçam felizes no teu ventre.
Testemunha muda
do tempo.
Palco iluminado
onde, a cada dia, vai à cena
a peça das nossas vidas.
Relva, 2014-11-15
Aníbal Raposo
PhotoAllegory of Sarolta Bán
sexta-feira, novembro 14, 2014
sábado, novembro 08, 2014
O SÍTIO ONDE ME ENCONTRO E SEI DE MIM
Por verdade ser, quero declarar
Que num mundo atulhado de vaidade
Resta um lugar bendito junto ao mar
Onde se partilha pão e amizade.
Um sítio, de homens livres no voar,
Onde tu és tu mesmo de verdade,
Não tens de te vender ou mascarar,
Não conta a condição nem conta a idade.
Ali me escondo eu sem ser cobarde
Dizendo muitas vezes sem alarde
Que bom meu Deus viver dias assim.
Sempre que o sol se acende ao fim da tarde
O coração no peito também arde.
É na fajã que me encontro e sei de mim.
Relva, 2014-11-08
Aníbal Raposo
quinta-feira, outubro 23, 2014
segunda-feira, outubro 13, 2014
sexta-feira, setembro 12, 2014
Dia de azar
DIA DE AZAR
De que me serve carpir
a parca sorte
quando sobre mim desaba
o mundo inteiro?
Vou é vestir-me de risos,
assobiar ventos do norte.
Viver cada segundo
como se fosse o derradeiro.
Relva, 2014-09-12
Aníbal Raposo
Em dia de cancelamento de concerto por motivos metereológicos
sábado, setembro 06, 2014
sábado, agosto 02, 2014
sábado, julho 12, 2014
LIVRE
Adoro saltar assim:
Para o nada.
Testar
Se estas velhas asas
Ainda conseguem suportar
O peso estimado para os meus devaneios.
Por vezes, é curto o voo.
Caio no chão sangrando, estatelado.
Outras, porém,
Flutuo livremente, ante olhares incréus,
Desenhando círculos por cima dos telhados da cidade.
Relva, 2014-07-12
Aníbal Raposo
sexta-feira, julho 04, 2014
quinta-feira, julho 03, 2014
O ponto justo
O PONTO JUSTO
Envolver-te primeiro, sem fazer alarde
Com o coração em fogo, brasa incandescente,
Depois beijar-te a alma, fundo, intensamente,
Oferecer-te rosas ao cair da tarde.
Vamos amar-nos soltos, libertos, sem mágoas,
Soltando cada amarra em jeito singular
Eu, rio arrebatado, ansiando em ti o mar
Morrer no justo ponto da fusão das águas.
Relva. 2014-07-03
Aníbal Raposo
terça-feira, julho 01, 2014
sexta-feira, junho 27, 2014
FIM DE SEMANA
Um riso novo a estrear
Um jardim para regar
Um trilho para explorar
Um peixe para pescar
Umas lapas p'ra apanhar
Uma plantas p'ra tratar
Um vinho para provar
Um céu enorme p'ra olhar
Um livro p'ra devorar
Uma canção p'ra cantar
Amigos p'ra conversar
Um beijo p'ra degustar
Umas velas pr'a enfunar
Um mar para navegar
Mil sonhos para sonhar.
Relva, 2014-06-27
Aníbal Raposo
sexta-feira, junho 20, 2014
terça-feira, junho 17, 2014
quarta-feira, maio 28, 2014
domingo, maio 25, 2014
quinta-feira, abril 24, 2014
terça-feira, abril 22, 2014
domingo, abril 20, 2014
sexta-feira, abril 04, 2014
quinta-feira, abril 03, 2014
AXIS MUNDI
No fundo da espiral
Dos nove patamares
Prostrado na rosácea,
Por sobre a cruz do templo,
Busquei a harmonia
No útero da mãe terra.
Mais tarde,
Das entranhas do poço,
Esvoacei para o céu.
Relva, 2014-04-03
Aníbal Raposo
quarta-feira, abril 02, 2014
quinta-feira, março 20, 2014
quarta-feira, março 19, 2014
PAI
Espera por mim meu pai
Na esquina dum não sei onde
Que já não deve faltar muito
Para nos abraçarmos.
Sabes,
Preciso ter contigo
Aquela conversa urgente
Que os dois sempre adiámos
E acabámos por perder.
E nesse nosso encontro
Não quero mais silêncios
Nem decifrar palavras
No fundo do teu meigo olhar.
Meu querido pai,
Vais-me desculpar
Mas dessa vez
Não deixo!
Relva, 2014-03-19
Aníbal Raposo
Foto de Massimo Di Cresce
in "A lifetime photography"
Subscrever:
Mensagens (Atom)