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A visão de mundo etnocêntrica caracteriza-se pela adoção de valores particulares, próprios a um contexto cultural específico, como parâmetro universalmente aplicável ao julgamento de crenças e costumes de outras culturas. A fim de possibilitar uma melhor compreensão do etnocentrismo e de suas consequências perniciosas são ressaltadas quatro características peculiares à postura etnocêntrica.
Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
2011
O trabalho explora algumas ideias em torno do conceito de etnocentrismo na antropologia. Trata-se de um conceito bastante recorrente na literatura da disciplina, mas que não costuma atrair muito a atenção dos antropólogos. A intenção é refletir sobre os equívocos que permeiam as diferentes maneiras como o termo é empregado: usado para caracterizar o comportamento dos povos ditos primitivos e também o dos “civilizados”, o etnocentrismo acompanha a universalidade do conceito de cultura. Mas enquanto a cultura é entendida pelos antropólogos como se manifestando numa pluralidade (a “diversidade cultural”), o etnocentrismo permanece como um conceito uno: não se fala em “etnocentrismos”. Tendo isso em vista, empreende-se um exame do conceito que permitirá matizar seu sentido, a partir de ideias tomadas da etnologia dos povos amazônicos, mas também daquilo que o etnocentrismo permite dizer sobre as sociedades euro-americanas. Terminaremos, enfim, com um conceito desdobrado em dois: um etnocentrismo de Estado e um etnocentrismo contra o Estado.
Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano-sentimento e pensamento-vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente arraigado na história das sociedades como também facilmente encontrável no dia-a-dia das nossas vidas. Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade. Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do "eu", o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este "outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe. Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural. O monólogo etnocêntrico pode, pois, seguir um caminho lógico mais ou menos assim: Como aquele mundo de doidos pode funcionar? Espanto! Como é que eles fazem? Curiosidade perplexa? Eles só podem estar errados ou tudo o que eu sei está errado! Dúvida ameaçadora?! Não, a vida deles não presta, é selvagem, bárbara, primitiva! Decisão hostil! ________________________________________________ Everardo P. Guimarães Rocha-O que é etnocentrismo? 6 excelência. É onde existe o saber, o trabalho, o progresso. A sociedade do "outro" é atrasada. E o espaço da natureza. São os selvagens, os bárbaros. São qualquer coisa menos humanos, pois, estes somos nós. O barbarismo evoca a confusão, a desarticulação, a desordem. O selvagem é o que vem da floresta, da selva que lembra, de alguma maneira, a vida animal. O "outro" é o "aquém" ou o "além", nunca o "igual" ao "eu". O que importa realmente, neste conjunto de idéias, é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos. O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com os mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos. ________________________________________________ Everardo P. Guimarães Rocha-O que é etnocentrismo? 7 flechas, tacapes, bordunas, cocares, e até uma flauta formavam uma bela decoração. Rústica e sóbria ao mesmo tempo, trazia-lhe estranhas lembranças. Com o pé na porta ainda pensou e sorriu para si mesmo. Engraçado o que aquele índio foi fazer com o meu relógio. Esta estória, não necessariamente verdadeira, porém, de toda evidência, bastante plausível, demonstra alguns dos importantes sentidos da questão do etnocentrismo. Em primeiro lugar, não é necessário ser nenhum detetive ou especialista em Antropologia Social (ou ainda pastor) para perceber que, neste choque de culturas, os personagens de cada uma delas fizeram, obviamente, a mesma coisa. Privilegiaram ambos as funções estéticas, ornamentais, decorativas de objetos que, na cultura do "outro", desempenhavam funções que seriam principalmente técnicas. Para o pastor, o uso inusitado do seu relógio causou tanto espanto quanto o que causaria ao jovem índio conhecer o uso que o pastor deu a seu arco e flecha. Cada um "traduziu" nos termos de sua própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do "outro". O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura do "outro" nos termos da cultura do grupo do "eu".
Griot : Revista de Filosofia, 2016
Richard Rorty propõe uma concepção de conhecimento que abandone a pretensão de objetividade entendida como uma representação fiel do mundo em nossa mente ou na linguagem. Para ele, se o mundo não torna nossas crenças verdadeiras ou falsas e sim que elas são justificadas socialmente (e não apenas por um eu solitário, mas por nós), o conhecimento não pode ser uma questão de adequação com a realidade, e sim de concordância entre os membros de determinada comunidade. Com isso, Rorty abandona a pretensão de uma epistemologia de caráter universal e propõe uma concepção de conhecimento que só pode ser justificada localmente, abrindo alas dessa forma para o seu etnocentrismo, assim como para sua defesa da ideia do conhecimento como solidariedade e da razão como conversação. Este artigo pretende apontar alguns limites da proposta neopragmática de Rorty
Resumo: O trabalho apresenta o etnocentrismo como um preconceito resistente, difundido por todos os povos e tempos. Desse etnocentrismo derivam ideologias etnocentristas, que justificam com razões esse preconceito, e as políticas imperialistas e discriminatórias. Contrapõe-se isso o relativismo cultural, que, pelo reconhecimento e valorização das diversas culturas, dá uma base para a verdadeira compreensão e relações realmente humanas entre os povos. Palavras-chave: etnocentrismo-ideologias-políticas imperialistas-preconceito Abstract: This paper presents ethnocentrism as an impervious prejudice spread over all peoples and times. Conceived in this way, ethnocentric ideologies come from ethnocentrism and this righteously explains this prejudice. Furthermore, discriminatory and imperialistic policies are the counterparts of cultural relativism which by recognizing and giving value to a the variety of cultures gives a sound basis for a real understanding of the issue and it also allows for truly human relationships among peoples. E tnocentrismo é um preconceito que cada sociedade ou cada cultura produz, ao mesmo tempo que procura incutir em seus membros normas e valores peculiares. Se sua maneira de ser e de proceder é a certa, então as outras estão erradas, e as sociedades que as adotam constituem "aberrações". Assim o etnocentrismo julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade, que servem para aferir até que ponto são corretos e humanos os costumes alheios. Desse modo, a identificação de um indivíduo com sua sociedade induz à rejeição das outras. O idioma estrangeiro parece "enrolado" e ridículo; seus alimentos, asquerosos; sua maneira de trajar, extravagante ou indecente; seus deuses, demônios; seus cultos, abominações; sua moral, uma perversão etc. É verdade que os povos mais primitivos têm uma forte rejeição etnocentrista dos povos circunvizinhos. Porém nada se compara com o etnocentrismo combinado com o sentimento de superioridade que o grupo ou a nação dominante dedica aos dominados e oprimidos. Considerá-los sub-humanos, ou seres humanos de segunda classe, é pretexto e efeito de uma relação de dominação. Decerto, o preconceito etnocentrista nunca é inocente, como certos antropólogos deixam entender. É pernicioso, por trazer no seu bojo um elemento da mais alta periculosidade: a negação do "Outro" enquanto tal. E nega-o por senti-lo como uma ameaça à sua própria maneira de ser, e mesmo ao seu ser. E como a melhor defesa é o ataque, pode partir para a eliminação física do Outro. Isso aconteceu, parece, com outras espécies do homo sapiens que nossos antepassados enfrentaram na pré-história. Talvez sucedeu o mesmo com a população africana a que pertenceu "Luzia"-nossa mais recente descoberta arqueológica-, quando levas humanas mongólicas invadiram as Américas. Perto de nós, foi a "solução definitiva" que Hitler quis dar ao problema judaico e que Slobodan adotou, em relação aos bósnios e kosovares, com sua famigerada "limpeza étnica". Nosso século se destacou por seus etnocídios e massacres. Mas rejeição do Outro, combinada com a dominação, assume também outra forma: não tirar a vida do Outro, mas apenas a diferença, ou seja, extirpar-lhe a alteridade que o constitui como Outro, assimilando-o e reduzindo-o à imagem e semelhança do Mesmo. Os colonizadores europeus, menos tolerantes que os impérios romano e muçulmano, tenderam a homogeneizar as populações que
Comunicação e Jornalismo: Conceitos e Tendências 3, 2019
Revisão: Os Autores O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas APRESENTAÇÃO Este e-book apresenta uma série de pesquisas sobre o papel do jornalismo na sociedade e as mudanças que ocorreram na comunicação ao longo da história a partir do ambiente virtual e das novas ferramentas tecnológicas. Neste volume, o leitor poderá compreender as características dos textos publicados nos jornais no início do século XX, época em que o ofício se dividia entre o jornalismo e a literatura. Dentre os estudos, autores discutem a dimensão crítica, especificamente a jornalística, na formação de cidadãos mais conscientes em relação às mídias e trazem a diferenciação entre os termos alfabetização midiática, mídia-educação e educomunicação. Ao encontro deste tema, outa pesquisa analisa a contribuição do ombudsman na elucidação de um fato socialmente relevante. Artigos abordam a prática jornalística contemporânea neste momento de pósverdade e a sua adaptação às novas plataformas, assim como, revelam a transformação nos modos de produção impulsionada pela internet e o uso de big data. Além disso, também é possível compreender como o jornalismo se apropria de conversações, interações e mensagens que circulam em sites de redes sociais para a construção da notícia. Esta obra reúne reflexões teóricas importantes para aqueles que são pesquisadores,profissionais e estudantes da área.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2022
Em uma colocação aparentemente simples, mas pungente, Pierre Clastres sugere que, se toda cultura é etnocêntrica, somente a ocidental é etnocida. Além de querer ressaltar a tendência quase inexorável do Ocidente de sobrepujar os outros povos com sua visão de mundo-chegando, muitas vezes, às vias de fato com o extermínio étnico-, o antropólogo francês se refere especialmente ao fato de que todas as populações humanas partem de suas próprias concepções sobre a realidade para construir sua coesão coletiva e, por consequência, delimitar o que lhe é externo e estranho. Pretendo demonstrar que os saberes ditos tradicionais, comumente associados às populações indígenas, possuem suas formas próprias de interação e engajamento com o meio e com os seres a ele associado, mantendo-se a uma distância do pensamento moderno, que não é apenas de ordem técnica ou empírica, mas epistemológica.
Arturo C. Ruiz Rodríguez y la arqueología ibera en Jaén. Homenaje a 50 años de trayectoria, 2024
Project edetan´s territory abstract.
Etudes de l'RFAM n° 2, 2024
Journal of Anthropological Archaeology, 2019
Journal of Human Ecology, 2020
Matéria (Rio de Janeiro) , 2024
Am J Community Psychol., 2023
Frontiers in Medicine, 2022
Magna Scientia Advanced Research and Reviews, 2024
The Nordic journal of language teaching and learning, 2023
Ecology and Society
Systematic Reviews, 2018
Cloud Computing Technologies for Connected Government
International Journal of Biology, 2018
PLOS ONE, 2023
Scientific Reports, 2017
International Journal of Research and Review, 2021
Remote Sensing in Ecology and Conservation, 2020
Proceedings of the 50th ACM Technical Symposium on Computer Science Education, 2019