Academia.eduAcademia.edu

ATOS 2.42-47

2019, Exegese - ATOS 2.42-47

Embora com boas traduções para a língua portuguesa, o texto bíblico certamente é melhor interpretado a partir da língua original da escrita e dentro de seu contexto histórico-cultural, canônico e gramatical.

EXEGESE EM ATOS 2.42-47 Por Alexandre A. P. Cardoso INTRODUÇÃO Esse trabalho exegético iniciará com um estudo contextual do texto de Atos 2.4247 que trata sobre a igreja conhecida por primitiva. Nessa parte o trabalho mostrará o contexto histórico da passagem em seu aspecto geral, em aspecto literário num contexto próximo bem como em seu contexto remoto. Além disso o contexto canônico será abordado. Após tais contextualizações, o trabalho partirá para o estudo textual. Por estudo textual quer-se dizer que o trabalho traduzirá o texto do grego para o português e analisará cada uma de suas palavras. Ao término da análise e tradução seguirá comparando o texto traduzido com demais versões em português e realizará um breve comentários sobre as diferenças encontrárias informando se tais diferenças são importantes ou não para o texto em questão. Na parte central do trabalho, dentro do estudo textual, seguirá o comentário do texto grrego que justifica as construções gramáticais, suas divisões e suas implicações bibilicoteológicas. As implicações extraídas do texto grego e expostas no comentário serão adcionadas às seções de teologia do trabalho. Primeiramente mostrará quais as implicações para o texto ao seu público primário ou original. Em teologia bíblica mostrará quais as implicações do texto para alguns temas da área. Quanto a teologia sistemática mostrará quais as principais doutrinas expostas no texto. atinge sua seção central que, ao término, corrobora para sua relevância e aplicações. Seguidamente mostrará quais as implicações para a teologia prática da vida cristã individual ou comunitária. O término dessa seção apresentará um esboço de sermão traçando objetivos e aplicações do texto para a edificação da comunidade cristã. Assim, o trabalho se prestará a responder algumas questões dificeis do texto tais como se o verso 42 trata da celebração da ceia ou de mero partilhar de refeições. Também qual é a doutrina apresentada pelos apóstolos e o que são os prodígios e sinais que eles operam e como o fazem. Também mostrará se a comunhão exercida pela igreja é uma comunhão meramente relacional ou tem profundidades que vão além de um convívio diário. ESTUDO CONTEXTUAL CONTEXTO HISTÓRICO Primeiramente é importante saber que que o livro de Atos é a continuação da narrativa do Evangelho de Lucas quanto ao que Jesus começou a fazer e ensinar (1.1).1 Em segundo lugar, que os acontecimentos do livro de Atos, segundo Simon Kistemaker, estão escritos como cronologia de acontecimentos e que, com raras exceções, são relacionados em sequência.2 Por isso, é importante, no que diz respeito ao nosso texto, analisar o que aconteceu até seu registro, não só no livro de Atos, mas também no Evangelho segundo escreveu Lucas. Assim, no relato registrado no Evangelho, deve-se destacar que após sua ressurreição e aparição aos discípulos, antes de ser elevado para o céu, disse quatro coisas de total relevância para o nosso texto. A primeira, que ele precisava ter padecido e ser ressuscitado dentre os mortos no terceiro dia, e que em seu nome a pregação de arrependimento para remissão de pecados deveria ser feita à todas as nações (Lc24.46-47). A segunda, que os discípulos seriam suas testemunhas quanto aos acontecimentos e quanto à pregação (Lc24.48). A terceira, que a promessa do Pai é enviada sobre eles (Lc24.49). A quarta, que eles deveriam permanecer na cidade até que fossem revestidos de poder do alto. A partir disso a narrativa do Evangelho de Lucas mostra que os discípulos o viram ser elevado ao céu, voltaram para Jerusalém e estavam sempre no templo (Lc24.50-53). No início da narrativa do livro de Atos, há as mesmas informações contidas no final da narrativa do Evangelho segundo Lucas. Que Jesus deu mandamentos aos discípulos e foi elevado às alturas (1.2). Que deu ordem aos discípulos para ficarem em Jerusalém bem como enviaria a promessa do Pai (1.4). Que os discípulos voltaram para Jerusalém (1.12). Todas estas coisas contribuem diretamente para o texto. Pois, a partir disso, pode-se ver alguns fatos, também históricos, mediante aos elementos destacados, tanto do Evangelho quanto do livro de Atos. A ressureição de Jesus, apontada por Lucas como sendo incontestável (1.3). O fato de Jesus ter, de fato, ressuscitado, é importante porque é a partir dele que todas as outras coisas subsequentes dependem. Tanto a permanência dos discípulos (2.1) quanto o cumprimento da promessa do Pai (2.2-13). O derramamento do Espírito Santo é, notoriamente, o poder dado aos discípulos para exercerem o que lhes fora ordenado. O fato se dá no dia de Pentecostes, a principal festa da religião judaica, conhecida também como a Festa das Semanas. O feriado CARSON, D.A. Comentário Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2009. p.1608. KISTEMAKER, Simon. Atos 2ª Ed. Vol. 1. Tradução por Ézia Mullis e Neuza Batista da Silva. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016, p. 30 1 2 comemorava a colheita de trigo e para alguns, também era associada a entrega da lei e à renovação da aliança.3 O próprio momento da descida do Espírito mostra isso ao fazer com que os apóstolos anunciassem a as grandezas de Deus 92.11). Além disso, o momento que segue enfatiza ainda mais o exercício da missão dada a eles. O sermão missionário de Pedro (2.14-36) mostra claramente que o testemunho sobre Jesus estava sendo dado e em conformidade com o que ele mesmo havia dito (2.29-35). Por fim, os resultados desses acontecimentos. Primeiro, há conversão em massa. Quase três mil pessoas creem e são batizadas em nome de Jesus Cristo para a remissão de pecados (2.38-41) Tendo isso em vista, quanto ao texto escolhido, pode-se notar a repercussão desses fatos históricos bem como suas implicações diretas para o que nele é narrado. Primeiramente pode-se observar que a multidão convertida e batizada perseverava na doutrina dos apóstolos. Essa doutrina é a mesma exposta por Cristo e replicada por Pedro em seu sermão. Em segundo lugar, os próprios sinais e maravilhas que eram feitos por meio dos apóstolos testificavam a historicidade dos acontecimentos que os faziam ser possíveis. Além disso, era uma forma de testemunho também (Mc16.17-18, 20). Por fim, o próprio costume dos apóstolos, por orientação do Senhor Jesus, é praticado pela igreja. Diariamente perseveravam unânimes no templo e louvando a Deus (2.46-47). CONTEXTO LITERÁRIO Contexto Remoto O livro de Atos é, segundo Carson, junto com o Evangelho de Lucas, parte de uma história dos primórdios do cristianismo4 que tem como objetivo central a edificação dos cristãos.5 O nosso texto contribui para este objetivo das seguintes formas: enfatizando a vida comunitária da igreja em suas práticas de devoção (2.42); mostrando a autoridade da liderança da igreja em seus feitos (2.43); descrevendo a vida comunitária da igreja em sua unidade e partilhar mútuo (2.44-46) e apontando os resultados dessas práticas e da ação de Deus (2.47). A estrutura proposta por D. A Carson, mostra que o livro se divide em duas grandes partes, sendo que a primeira vai do capítulo 1 a 12 – com ênfase no ministério de Pedro – e a segunda do capítulo 13 ao 28 – com ênfase no ministério de Paulo.6 Estas duas grandes partes podem ser subdivididas. A primeira grande parte em quatro CARSON, p.1610. CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 203 5 IBIDEM, p. 224 6 CARSON, MOO e MORRIS, p. 204 3 4 seções, enquanto a segunda grande parte em três seções. A primeira é composta pelas seções: Prólogo (1.1-2.41); A igreja em Jerusalém (2.42-6.7); Estevão, Samaria e Saulo (6.8-9.31) e Pedro e o primeiro convertido gentio (9.32-12.24). A segunda é composta pelas seções: Paulo se volta para os gentios (12.25-16.5); Penetração ainda maior no mundo gentílico (16.6-19.20) e A caminho de Roma (19.21-28.31). O texto que será analisado neste trabalho inicia a segunda seção – “A igreja em Jerusalém” – da primeira parte maior. Precede o Prólogo que narra o relato da ascensão de Jesus (1.6-11), a volta dos discípulos para Jerusalém (1.12-14), a eleição de Matias (1.15-26), a vinda Espírito em Pentecostes (2.1-13), o primeiro sermão missionário de Pedro (2.14-36) e os efeitos desse sermão (2.37-41). Antecede Os horizontes mais amplos para a igreja: Estevão, Samaria e Saulo (6.8-9.31) e Pedro e o primeiro convertido gentio (9.32-12.24). Carson também aponta que Lucas dá alguns resumos de acontecimentos ao nos dizer que eles levaram ao crescimento da Palavra de Deus ou da igreja.7 O nosso texto é o primeiro desses resumos, contendo as características da Igreja Primitiva em Jerusalém e constando com a primeira atualização da igreja (2.47). Na primeira grande parte do livro, essa atualização pode ser vista ainda em 6.7, 9.31 e 12.24. Contexto Próximo Nosso texto funciona como uma espécie de testemunho do poder resultando do que acontece em Pentecostes. Isso, porque a seção se inicia imediatamente depois do registro de conversão e acréscimo à igreja de quase três mil pessoas (2.37-41) através do sermão missionário de Pedro (2.14-36) após terem recebido o Espírito Santo (2.113). Também funciona como uma transição para o registro dos relatos posteriores. Conforme aponta Carson, a descrição da cura de um aleijado por Pedro (3.1-10), o seu segundo sermão missionário (3.13-26), a oposição do Sinédrio (4.1-22), a perseverança da igreja bem como sua intrepidez na pregação pelo poder do Espírito Santo (4.23-31), a igreja em Jerusalém e as ofertas voluntárias (4.32-37), a perturbação da igreja trazida por Ananias e Safira (5.1-11), a popularidade do ministério apostólico (5.12-16), a prisão dos apóstolos e o parecer de Gamaliel (5.17-42), a eleição de auxiliares (6.1-6) e a segunda atualização da igreja (6.7).8 Ao menos quatro partes destas narrativas podem ser ressaltadas quanto a sua ligação direta com o nosso texto. A primeira delas é a narrativa do segundo sermão missionário de Pedro (3.13-26) dado a sua similaridade em relação ao sermão proferido 7 8 CARSON, MOO e MORRIS, p. 204 IBIDEM, p. 204-205 após o Pentecostes. A segunda diz respeito ao registro da a igreja em Jerusalém e as ofertas voluntárias (4.32-37) também por razão de similaridade, agora com o próprio texto. A terceira registra a perseverança da igreja bem como sua intrepidez na pregação pelo poder do Espírito Santo (4.23-31). A quarta, e última, traz à tona a segunda atualização da igreja (6.7). Essas quatro partes formam uma espécie de padrão com os acontecimentos que circundam e fazem parte do nosso texto. O texto desse trabalho (2.42-47) é uma continuidade – resultado – do sermão missionário de Pedro. No texto há a descrição das práticas da comunidade cristã seguido da informação quanto a seu crescimento. As quatro partes apontadas demonstram a mesma coisa em momentos diferentes. Assim, olhando para o quarto elemento pode-se constatar que estes momentos são resultados de Pentecostes direta e indiretamente. Diretamente porque o ministério apostólico só começa, de fato, após a descida do Espírito Santo que os dá poder para testemunhar. Indiretamente porque em (4.31) todos ficam cheios do Espírito Santo e, a partir disso, começam a anunciar a palavra de Deus com intrepidez. Todo este contexto próximo nos esclarece quanto às práticas da igreja primitiva registradas por Lucas em nosso texto. Há, nos versos 42-47, portanto, o ápice dos resultados comuns da obra continuada de Jesus por meio dos apóstolos no poder do Espírito Santo. Além disso, no nosso texto há, pela primeira vez, a atualização do crescimento da igreja que, segundo Carson, são resumos que dividem as seções.9 O que marca e apontará as demais atualizações no decorrer do livro. Estas duas coisas mostram a suma do que compõe a primeira seção: o poder do Espírito Santo, a pregação da palavra de Deus, a unanimidade da igreja e seu crescimento. ESTRUTURA DO CONTEXTO ATOS 6.7 Segunda atualização da Igreja 9 ATOS 1.12-14 Os discípulos voltam para Jerusalém ATOS 1.15-26 A escolha de Matias ATOS 2.1-13 A vinda do Espírito em Pentecostes ATOS 2.14-36 O primeiro sermão missionário de Pedro ATOS 4.32-35 A Igreja em Jerusalém ATOS 3.13-26 O segundo sermão missionário de Pedro ATOS 2.42-47 A Igreja em Jerusalém: primeira atualização da Igreja ATOS 2.37-41 CARSON, MOO e MORRIS, p. 204 As primeiras conversões CONTEXTO CANÔNICO O texto em análise se relaciona com diversos outros textos da Escritura. Primeiramente, no próprio livro de Atos, é possível ver textos anteriores a ele, como Atos 1.14, e posteriores como Atos 4.32 e 5.12. Ambos se relacionam diretamente. O texto de Atos 1.14 mostra claramente que a perseverança unânime, em oração, era prática costumeira da igreja. O texto de Atos 4.32, de igual modo, mostra algo muito presente em nosso texto. A unidade e o comunitarismo da igreja. Esta, também, como prática costumeira. Além disso, o texto de Atos 5.12 mostra que os sinais feitos pelos apóstolos, que são narrados em nosso texto, eram feitos costumeiramente. Ao olhar para o Antigo Testamento pode-se ver que também há diversas passagens que se relacionam com o texto analisado. Ainda que por inferência, a ideia de terem comunhão e tudo em comum podem ser vistas em Deuteronômio 15.7 e em Ezequiel 11.19-20. O texto de Deuteronômio diz que quando tiver algum pobre entre os do povo de Deus, sendo ele também parte desse povo, aqueles que tem não devem endurecer o coração e, portanto, ajudar o necessitado. Isso pode ser visto em nosso texto. O texto de Ezequiel diz que o Senhor dará ao seu povo um só coração e lhes porá um espírito novo. Estas expressões escritas em Ezequiel apontam para a unidade do povo, descrita em nosso texto, tendo um coração em comum e vivendo pela renovação do Espírito neles. Nos Evangelhos não é diferente. Há também textos que se relacionam com o nosso texto. Pode-se olhar, primeiramente, para Lucas 24.30. Nesse texto o autor aponta para a prática do “partir do pão” feita pelo Senhor Jesus. Tendo em vista que no contexto de Lucas 24.30 o Senhor Jesus faz isso para que seus discípulos o reconheçam. Isso mostra que a prática era de costume do Senhor Jesus e que permaneceu como costume da igreja. Outro texto, também no Evangelho de Lucas, mostra que o ensinamento sobre vender os bens e ajudar aos pobres era provindo de Jesus. Lucas 12.33 mostra Jesus dizendo para que aquele que tem algo, venda para que dê esmola. Além disso, em Mateus 19.21 ele diz o mesmo para o jovem rico. Essas duas práticas são vistas em nosso texto. Por fim, nas epístolas neotestamentárias também há textos que se relacionam com o texto em análise. 1 Coríntios 10.16 é enfática em mostrar duas coisas presentes em nosso texto. Primeiro a comunhão. Depois o partir do pão. Além disso, o texto de 1 Coríntios deixa claro a relação entre estas duas coisas. Em nosso texto ambas estão presentes e também mostram relacionar-se. Outro texto epistolar é o de Romanos 15.26 mostra o costume de auxílio de uns para com os outros da comunidade cristã. Inclusive, o texto aponta para o fato de que os crentes de Jerusalém serão os beneficiados com as doações. No nosso texto vemos o mesmo costume, ainda que de forma mais interna. Muitos outros textos poderiam ser usados aqui para aprofundar ainda mais o contexto canônico. No entanto, serão utilizados no decorrer do trabalho. Visto que os textos apontados até o momento são suficientes para provar que os pontos principais do texto em análise têm seus fundamentos em toda a Escritura. ESTUDO TEXTUAL TEXTO GREGO – ATOS 2.24-47 42 ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων ⸆ καὶ τῇ κοινωνίᾳ,* ⸇ τῇ κλάσει τοῦ ἄρτου καὶ ταῖς προσευχαῖς. 43 Ἐγίνετο δὲ πάσῃ ψυχῇ φόβος, πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν ἀποστόλων ἐγίνετο⸆. 44 πάντες δὲ οἱ* ⸁πιστεύοντες ⸂ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ καὶ⸃ εἶχον ἅπαντα κοινὰ 45 καὶ* ⸂τὰ κτήματα καὶ τὰς⸃ ὑπάρξεις ἐπίπρασκον καὶ διεμέριζον αὐτὰ ⸆ πᾶσιν καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν·* 46 ⸂καθʼ ἡμέραν ⸀τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν ἐν τῷ ἱερῷ, κλῶντές τε κατʼ οἶκον⸃ ἄρτον, μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας 47 αἰνοῦντες τὸν θεὸν καὶ ἔχοντες χάριν πρὸς ὅλον τὸν ⸀λαόν.* ὁ δὲ κύριος προσετίθει τοὺς σῳζομένους καθʼ ἡμέραν ⸂ἐπὶ τὸ αὐτό.* QUADRO DE ANÁLISE PALAVRA ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων καὶ τῇ κοινωνίᾳ τῇ κλάσει τοῦ ἄρτου καὶ ταῖς προσευχαῖς Ἐγίνετο δὲ πάσῃ ψυχῇ φόβος πολλά τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν ἀποστόλων ἐγίνετο πάντες δὲ οἱ πιστεύοντες ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ καὶ ANÁLISE Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Conjunção conectiva lógica Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Substantivo, dativo, singular, feminino Artigo, genitivo, plural, masculino (atributivo) Substantivo, genitivo, plural, masculino Conjunção conectiva lógica Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Substantivo, dativo, singular, feminino Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Substantivo, dativo, singular, feminino (objeto direto) Artigo, genitivo, singular, masculino (atributivo) Substantivo, genitivo, singular, masculino Conjunção conectiva lógica Artigo, dativo, plural, feminino Substantivo, dativo, plural feminino Verbo, imperfeito, médio passivo, indicativo, 3ªp., singular Conjunção conectiva lógica Adjetivo, dativo, singular, feminino Substantivo, dativo, singular, feminino (objeto direto) Substantivo, nominativo, singular, masculino Adjetivo, nominativo, plural, neutro (atributivo) Conjunção conectiva lógica Substantivo, nominativo, plural, neutro Conjunção conectiva lógica Substantivo, nominativo, plural, neutro (sujeito) Preposição (atuação) Artigo, genitivo, plural, masculino (atributivo) Substantivo, genitivo, plural, masculino (objeto preposicional) Verbo, imperfeito, médio passivo, indicativo, 3ªp., singular Adjetivo, nominativo, plural, masculino (atributivo) Conjunção conectiva lógica Artigo, nominativo, plural, masculino (atributivo) Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Preposição (referência) Artigo, acusativo, singular, neutro Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, singular, neutro Conjunção conectiva lógica TRADUÇÃO Eram E Perseverantes Na Doutrina Dos Apóstolos E Na Comunhão Na Partilha Do Pão E Nas Orações Havia Em Toda Alma Temor Muitos E Prodígios E Sinais Por meio de Os Apóstolos Aconteciam Todos E Os Crentes Estavam Sobre O Mesmo E εἶχον ἅπαντα κοινὰ καὶ τὰ κτήματα καὶ τὰς ὑπάρξεις ἐπίπρασκον καὶ διεμέριζον αὐτὰ πᾶσιν καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν καθʼ ἡμέραν τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν ἐν τῷ ἱερῷ κλῶντές τε κατʼ οἶκον ἄρτον μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας αἰνοῦντες τὸν θεὸν καὶ ἔχοντες χάριν πρὸς ὅλον τὸν λαόν ὁ δὲ κύριος προσετίθει τοὺς Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Adjetivo, acusativo, plural, neutro Adjetivo, acusativo, plural, neutro (duplo acusativo) Conjunção conectiva lógica Artigo, acusativo, plural, neutro Substantivo, acusativo, plural, neutro Conjunção conectiva lógica Artigo, acusativo, plural, feminino Substantivo, acusativo, plural, feminino (objeto direto) Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Conjunção conectiva lógica Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, plural, neutro Adjetivo, dativo, plural, masculino (adjetivo substantivo) Conjunção adverbial comparativa Partícula condicional (modalidade) Pronome, indefinido, nominativo, singular, masculino (indeterminado) Substantivo, acusativo, singular, feminino Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., singular Preposição temporal Substantivo, acusativo, singular, feminino Conjunção conectiva lógica Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Advérbio (modo) Preposição (posição) Artigo, dativo, singular, neutro Substantivo, dativo, singular, neutro Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Conjunção conectiva lógica Preposição (posição) Substantivo, acusativo, singular, masculino Substantivo, acusativo, singular, masculino Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Substantivo, genitivo, singular, feminino Preposição (modo) Substantivo, dativo, singular, feminino Conjunção conectiva lógica Substantivo, dativo, singular, feminino Substantivo, genitivo, singular, feminino Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Artigo, acusativo, singular, masculino Substantivo, acusativo, singular, masculino Conjunção conectiva lógica Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Substantivo, acusativo, singular, feminino Preposição (associação) Adjetivo, acusativo, singular, masculino Artigo, acusativo, singular, masculino Substantivo, acusativo, singular, masculino Artigo, nominativo, singular, masculino Conjunção conectiva lógica Substantivo, nominativo, singular, masculino Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., singular Artigo, acusativo, plural, masculino Tinham Tudo Comunal Também Os Bens E As Propriedades Vendiam E Distribuíam O mesmo (por, entre) Todos À medida em que Alguém Necessidade Tinha Ao longo de, da, do, das, dos Dia E Perseverando Unânimes Em O Templo Partindo E Em cada Casa Pão Tomavam Refeição Com Alegria E Simplicidade Do coração Louvando O Deus E Tendo Favor De Todo O Povo O Enquanto Senhor Acrescentava Os (lhes) σῳζομένους καθʼ ἡμέραν ἐπὶ τὸ αὐτό Verbo, presente, passivo, particípio, plural, acusativo, masculino Preposição (temporal) Substantivo, acusativo, singular, feminino Preposição (adverbial) Artigo, acusativo, singular, neutro Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, singular, neutro Salvos Ao longo de, da, do, das, dos Dia Sobre O Mesmo TRADUÇÃO 42 E eram perseverantes na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, na partilha do pão e nas orações. 43 Havia temor em toda alma; e muitos prodígios e sinais, por meio dos apóstolos, aconteciam. 44 E todos os crentes estavam juntos e tinham tudo comunal. 45 Também, as propriedades e as posses vendiam e distribuíam por todos, à medida em que alguém tinha necessidade. 46 Também, diariamente perseveravam unânimes no templo, partindo pão em cada casa tomavam da refeição com alegria e simplicidade do coração, 47 louvando a Deus e tendo favor de todo o povo. Enquanto isso o Senhor acrescentava, diariamente, os que ia salvando. COMPARAÇÃO DE TRADUÇÕES VERSO 2.42 TRADUÇÃO PRÓPRIA ARA ARC NVI E eram perseverantes na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, na partilha do pão e nas orações. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. E perseveravam na doutrina dos apóstolos,e na comunhã o, e no partir do pão, e nas orações. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Em minha tradução, na ARA e na ARC há ênfase da conjunção “δὲ” para apontar a continuidade com o evento anterior. A NVI faz isso utilizando a 3ª pessoa do plural. Traduzi o verbo “ἦσαν” por “eram”, diferente das outras traduções. Traduzi o verbo “κλάσει” por “partilha” diferente das outras traduções. Com exceção da NVI que traduziu as conjunções por “ao, à, ao, às” nas demais a tradução é “na, e, na (o), e”. VERSO 2.43 TRADUÇÃO PRÓPRIA ARA ARC NVI Havia temor em toda alma; e muitos prodígios e sinais, por meio dos apóstolos, aconteciam. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Em minha tradução na ARA e na ARC a única diferença na primeira parte do versículo é o uso das palavras em ordens diferentes. Em relação a NVI a diferença está em sua omissão do substantivo “ψυχῇ”. Minha tradução e a ARA traduzem o substantivo “τέρατα” por “prodígios”. A ARC e a NVI por “maravilhas”. A preposição “διὰ”, é traduzida por todas com o mesmo sentido, mas com palavras diferentes. A NVI e a ARA traduzem utilizando o verbo “eram” implícito à tradução de “ἐγίνετο”, a ARC traduz por “se faziam” e a minha tradução por “aconteciam”. VERSO 2.44 TRADUÇÃO PRÓPRIA E todos os crentes estavam juntos e tinham tudo comunal. ARA ARC NVI Todos os que creram estavam juntose tinham tudo em comum. E todos os que criam estavam juntos,e tinham tudo em comum. Os que criam mantinhamse unidos e tinham tudo em comum. Em minha tradução e na ARC a preposição “δὲ” é traduzida por “e” para expressar melhor a ideia de continuidade com os acontecimentos e versículos anteriores. A ARA traduz “πιστεύοντες” por “os que creram” a ARC e NVI por “os que criam”, e minha tradução por “crentes”. A NVI traduziu o verbo “ἦσαν” por “mantinham-se” a minha tradução e as demais por “estavam”. A ARA, ARC e NVI, traduzem a sequência “εἶχον ἅπαντα κοινὰ” por “tinham tudo em comum” a minha tradução usa a palavra “comunal”. VERSO 2.45 TRADUÇÃO PRÓPRIA Também, propriedades posses e vendiam ARA ARC as Vendiam as propriedades e propriedades e propriedades bens, distribuindo o fazendas, e repartiam distribuíam a cada um e as suas E vendiam suas NVI Vendendo suas distribuíam por todos, à produto entre todos, à com todos, segundo cada conforme medida em que alguém medida que alguém tinha um havia de mister. necessidade. tinha necessidade. necessidade. e a bens, sua Minha tradução e a ARC traduzem a conjunção “καὶ”. A ARC por “e” a minha por “também” para expressar a ideia não só de continuidade e acréscimo. A ARA e NVI a ocultam. Em minha versão na ARA e na ARC o verbo “ἐπίπρασκον” é traduzido por vendiam”, a NVI traduz por “vendendo”. O verbo “διεμέριζον” é traduzido por mim e pela NVI por “distribuíam”, na ARA por “distribuindo” e na ARC por “repartiam. A minha tradução a NVI e a ARC não traduzem o pronome “αὐτὰ”, a ARA por inferência traduz por “produto”. Minha tradução, a ARA e a ARC, traduzem o adjetivo “πᾶσιν” por “todos” já a NVI por “cada um”. A minha tradução e a ARA traduzem “καθότι τις χρείαν εἶχεν” por “à medida que alguém tinha necessidade”, a ARC traduz por “segundo cada um havia de mister” e a NVI por “conforme a sua necessidade” – ocultando o pronome “τις”. VERSO 2.46 TRADUÇÃO PRÓPRIA ARA ARC NVI Também, diariamente perseveravam unânimes no templo, partindo pão em cada casa tomavam da refeição com alegria e simplicidade do coração, Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, Minha tradução e a ARA traduzem a expressão “καθʼἡμέραν” por “diariamente”, a ARC e a NVI traduzem por “todos os dias”. Minha tradução e ARC traduzem as conjunções “τε” por “e” para dar a ideia de continuidade à narrativa a NVI e a ARA não os traduzem. O advérbio de modo “ὁμοθυμαδὸν” é omitido na tradução da NVI e traduzido por “unânimes” na ARA e na ARC, na minha por “unanimemente”, para preservar sua função adverbial. Em minha versão e na ARC o verbo “κλῶντές” é traduzido por “partindo”, a ARA e a NVI traduzem por “partiam”. A tradução da ARC e da NVI traduzem o substantivo “ἄρτον” com um artigo antes, enquanto a ARA e a minha tradução não, para mostrar que este “pão” faz parte da refeição que o texto segue a dizer. Minha versão traduz o verbo “μετελάμβανον” por “tomavam” e por causa do dativo a preposição “da” consta na tradução. Com exceção da sequência “μετελάμβανον τροφῆς” “tomavam da refeição”, as demais alterações não influenciam o sentido e significado do texto. VERSO 2.47 TRADUÇÃO PRÓPRIA ARA ARC NVI louvando a Deus e tendo favor de todo o povo. Enquanto isso o Senhor acrescentava, diariamente, os que ia salvando. louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. Louvando a Deus,e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar. louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos. Minha versão e a NVI traduzem o verbo “ἔχοντες” por “tendo” para constar a ideia do tempo presente, a ARA e a ARC traduzem por “contando” e “caindo”. A ARA e a NVI traduzem “χάριν” por “simpatia”, a ARC por “graça” e minha versão por “favor”. A sequência “ὁ δὲ κύριος προσετίθει τοὺς σῳζομένους καθʼ ἡμέραν ⸂ἐπὶ τὸ αὐτό.” tem a ordem das palavras traduzidas diferentes em todas as versões. Minha tradução e a da ARA traduzem “δὲ” por “enquanto isso” para mostrar a ideia de acontecimentos mútuos. Outra diferença é na expressão “dia a dia” ou “todos os dias” ou, conforme a minha versão e a NVI, “diariamente”. Com exceção da expressão “enquanto isso” e do verbo “σῳζομένους” que pela ARC é traduzido por “havia de se salvar” as demais diferenças de tradução não alteram o sentido do texto. ESTRUTURA DO TEXTO Segue estrutura do texto baseada no material de Deppe, D. 10. particípio perifrásico ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων καὶ τῇ ⸀κοινωνίᾳ, τῇ κλάσει τοῦ ἄρτου καὶ ταῖς προσευχαῖς φόβος, διὰ τῶν ἀποστόλων πάσῃ ψυχῇ verbo principal ⸀Ἐγίνετο δὲ verbo πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα ἐγίνετο verbo principal πάντες δὲ οἱ ⸀πιστεύοντες ⸂ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ 2º verbo καὶ⸃ εἶχον ἅπαντα κοινά, ἐπίπρασκον 3º verbo καὶ τὰ κτήματα καὶ τὰς ὑπάρξεις 4º verbo καὶ διεμέριζον αὐτὰ πᾶσιν clausula comparativa καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν· Deppe, D. (2011). The Lexham Clausal Outlines of the Greek New Testament: SBL Edition. Bellingham, WA: Lexham Press. 10 particípio de circunstância correspondente καθʼ ἡμέραν τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν ἐν τῷ ἱερῷ, particípio de circunstância correspondente κλῶντές τε κατʼ οἶκον ἄρτον, verbo principal μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας, advérbio temporal particípio αἰνοῦντες τὸν θεὸν advérbio temporal particípio καὶ ἔχοντες χάριν πρὸς ὅλον τὸν λαόν προσετίθει verbo principal ὁ δὲ κύριος particípio atributivo τοὺς σῳζομένους καθʼ ἡμέραν ⸂ἐπὶ τὸ αὐτό⸃ COMENTÁRIO V. 42 ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων: E eram perseverantes na doutrina dos apóstolos: A conjunção “δὲ” é uma conjunção conectiva adjuntiva enquadrada na categoria de conjunções lógicas e é utilizada para dar continuidade a um assunto ou ligar um assunto a outro.11 Aqui ela faz as duas coisas. Introduz uma nova ideia e liga o evento passado que é o sermão de Pedro, a ideia passada que é conversão de quase três mil ao resultado desses eventos que é a forma como viviam os crentes. Essa ligação lógica justifica a perícope inicial desse texto como sendo a continuidade do assunto anterior somado à introdução de uma nova ideia relacionada que se relaciona. O verbo “ἦσαν” está no imperfeito do indicativo e é traduzido por “eram” pois o imperfeito indica uma ação costumeira num tempo passado.12 Somado à preposição “δὲ” ele inicia a nova ideia relacionada ao texto anterior e, assim, mostra sobre quem o texto fala. O verbo “προσκαρτεροῦντες”, traduzido por “perseverantes” é um particípio presente com voz ativa. O verbo no presente sinaliza uma ação que acontece regularmente.13 O particípio em seu uso temporal expressa uma ideia contemporânea, expressando a ação enquanto se faz.14 Assim, o verbo “προσκαρτεροῦντες” somado à ação do verbo anterior expressa a ação no passado praticada frequentemente e mostra sua constância. A sequência “τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων” é composta de um artigo e um substantivo no dativo somados a um artigo e um substantivo no genitivo. O caso do dativo é aquele que um substantivo expressa interesse pessoal ou indica a pessoa ou coisa em que recai o proveito de uma ação.15 Assim, o substantivo dativo é aquele para o qual a ação do verbo transitivo é praticada.16 Nesse caso, a “διδαχῇ” doutrina é o que os crentes costumeiramente perseveravam. O artigo “τῇ” que o antecede confirma isso uma vez funciona como um demonstrativo do substantivo que o segue.17 O caso do genitivo, por sua vez, é aquele que expressa a relação de posse ou procedência entre o artigo e o Daniel B. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento, org. Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares, trad. Roque Nascimento Albuquerque, Primeira edição em português (São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), p. 761 12 WALLACE, p. 752 13 IBIDEM, p. 571 14 IBIDEM, p. 578 15 REGA, Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico: gramática fundamental – 3ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 74 16 IBIDEM, p. 729 17 IBIDEM, p. 733 11 substantivo.18 Tratando-se de “τῶν” somado a “ἀποστόλων” os dois usos podem ser considerados. A doutrina tanto pertence aos apóstolos quanto procede deles. Olhando para as palavras de Jesus tanto em Lc24 quanto em At1 bem como para o conteúdo do discurso de Pedro em At2 é possível ver que a doutrina que pertencia e procedia dos apóstolos é a doutrina quanto a pessoa e obra do Senhor Jesus, conforme indica Moody19, bem como da Trindade. Esse conteúdo pode ser visto em todos os demais livros do Novo Testamento. Inclusive, essa Confissão Trinitária dos apóstolos veio a ser chamada depois de Credo dos Apóstolos. O Credo é dividido em três artigos. O primeiro declara sobre o Deus Criador. O segundo sobre o Deus Redentor. O terceiro sobre o Deus Restaurador. Em cada uma das partes cada pessoa da Trindade é professada quanto a sua pessoa e obra. Pai, Filho e Espírito Santo.20 Isso ensina que a doutrina que a igreja deve perseverar é tão somente a que conta sobre o ser e as obras de Deus. καὶ τῇ ⸀κοινωνίᾳ: e na comunhão: Aqui a conjunção “καὶ” mostra a ideia de continuidade ao assunto e acréscimo ao seu conteúdo uma vez que tem uma ação aditiva e uma força acumulativa.21 Ela mostra que os discípulos além de serem perseverantes na doutrina dos apóstolos também o eram na “κοινωνίᾳ” comunhão. Essa palavra “κοινωνίᾳ” é utilizada somente aqui por Lucas, uma vez que não aparece no livro de Atos nem no primeiro livro escrito por Lucas. Essa comunhão expressa algo muito mais que relacionamento ou finanças. Conforme aponta Strong, ela expressa um nível mais profundo da comunhão.22 Olhando para o texto de 1Jo1.1-4, onde a palavra “κοινωνίᾳ” aparece duas vezes para destacar uma relação íntima e profunda, podemos notar que os precedentes para essa comunhão são ensinamentos doutrinários que pertencem aos apóstolos e são transmitidos por eles. Assim, aqueles que creem na doutrina dos apóstolos desfrutam da “κοινωνίᾳ” comunhão. Portanto, a comunhão destacada por Lucas aqui é interligada à doutrina dos apóstolos e procedente dela. Em ambas os crentes perseveravam. Assim, nem a doutrina, nem a comunhão REGA, p. 73 MOODY, p. 15 20 Ferreira, Franklin. O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã. Editora Fiel. Edição do Kindle. 21 James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil, 2002). 22 Friedrich Hauck, “κοινός, κοινωνός, κοινωνέω, κοινωνία, συγκοινωνός, συγκοινωνέω, κοινωνικός, κοινόω”, org. Gerhard Kittel, Geoffrey W. Bromiley, e Gerhard Friedrich, Theological dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1964–), p. 808 18 19 estão em posição de maior importância, antes são relacionadas. Crer em Jesus, na doutrina, é um precedente para a comunhão. Tanto de uns com os outros quanto do indivíduo com Deus. Sobre isso Matthew Henrry diz que nossa comunhão conjunta com Deus é a melhor comunhão que podemos ter uns com os outros.23 τῇ κλάσει τοῦ ἄρτου: na partilha do pão: O artigo “τῇ” bem como o substantivo “κλάσει” estão em uma relação de interesse pessoal ou uma relação que indica a pessoa ou coisa em que recai o proveito de uma ação.24 Isso significa que o substantivo “κλάσει” é aquele para o qual a ação do verbo transitivo é praticada.25 Assim, a partilha também era algo em que os crentes perseveraram. Eles partilhavam “τοῦ” o “ἄρτου” pão. A relação entre “τοῦ” e “ἄρτου” é da do caso genitivo. Aqui o uso do genitivo é o de especificar o substantivo. Wallace denomina esse tipo de genitivo de genitivo de subordinação, uma vez que especifica aquilo que está subordinado ou sob o domínio do verbo principal.26 Neste caso, especifica o pão. Essa especificação é totalmente relevante para o texto, uma vez que o partilhar do pão ocorre duas vezes na perícope em análise. No entanto, o sentido delas é diferente, uma vez que aqui o artigo cumpre sua função e identifica o substantivo27 e na outra não. Além disso é importante destacar que Lucas só usa essa palavra como substantivo duas vezes. Esta, no texto em análise e em seu primeiro livro, em Lc24.35. No texto do evangelho o uso refere-se ao pronunciamento dos discípulos quanto ao seu encontro com o Senhor ressurreto. Em Lc24.30 a palavra aparece como verbo e quem pratica a ação é o Senhor ressurreto. O contexto de Lc24.30 é o de ceia, pois remete aos textos quanto à ministração da última ceia nos demais evangelhos e mostra que foi por isso que os discípulos o reconheceram (Lc24.31). Além disso, a cláusula em análise está compreendida num contexto de doutrina e comunhão partilhar do pão e orações. Assim o contexto próprio do texto indica, a ministração da ceia e não o partilhar do pão no sentido de refeição conforme também destaca Kistemaker.28 Além disso Kistemaker aponta que assim como doutrina e comunhão estão ligadas o caso não é 23 HENRRY, Matthew. Commentary on the whole Bible – Vol. VI – Acts to Revelation. World Bible Publishers. Iowa Falls, Iowa, p. 28 24 REGA, p. 74 25 WALLACE, p. 729 26 IBIDEM, p. 728 27 IBIDEM, p. 732 28 KISTEMAKER, Simon. Atos 2ª Ed. Vol. 1. Tradução por Ézia Mullis e Neuza Batista da Silva. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016, p. 149. diferente aqui.29 O partilhar do pão, a ceia, é interligada e proveniente da doutrina e da comunhão. Isso pode ser visto30 em 20.11 onde há um contexto similar entre partir do pão antecedido por orações e seguido de exposição doutrinária como também em 1Co.10.16 onde Paulo em uma pergunta retórica diz que o cálice da bênção é a comunhão do sangue de Cristo diz que o cálice da bênção é a comunhão do sangue de Cristo e que o pão que partilham é o corpo de Cristo. Isso mais uma vez mostra que a ceia está relacionada á comunhão dos crentes com Deus e uns com os outros. καὶ ταῖς προσευχαῖς: e nas orações: Aqui Lucas utiliza não só o artigo “ταῖς” no dativo, mas também a conjunção “καὶ”. A conjunção “καὶ” indica a ideia de continuidade lógica e acréscimo de ideias31 enquanto o artigo “ταῖς” apontará para o substantivo “προσευχαῖς” a ser especificado. Lucas mostra que as “προσευχαῖς” orações eram também algo em que os crentes perseveravam. Em 1.14 essa ideia pode ficar ainda mais explícita. “Todos estes perseveravam unânimes em oração”. Lucas usa “ἦσαν προσκαρτεροῦντες” de forma direta e objetiva à prática constante de oração. Em 2.41 é mostrado por Lucas que foram acrescentados à igreja quase três mil pessoas. Isso significa que os crentes que são citados como perseverantes nas orações no texto em análise são os mesmos de 1.14, porém acrescidos (com os que foram acrescentados). A perseverança na oração era, de fato, prática dos crentes da igreja primitiva. "Henrry32 e Kistemaker33 concordam ao dizer que os quatro elementos mencionados em 2.42, somados ao registro de 2.46, remetem a um culto público, pois contém ensino apostólico, comunhão dos crentes, celebração da Ceia do Senhor e orações. Portanto, conforme aponta Marshall, esses são os elementos essenciais na prática religiosa da [verdadeira] igreja cristã.34 KISTEMAKER, p. 149 IBIDEM, p. 149 31 STRONG 32 HENRRY, p. 28 33 KISTEMAKER, p. 149. 34 MARSHALL, Howard I. Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário – 1ª Ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1982, p. 83 29 30 V. 43 Ἐγίνετο δὲ πάσῃ ψυχῇ φόβος,: Havia temor em toda alma: O verbo “Ἐγίνετο” é traduzido por “havia” por estar na voz passiva do imperfeito. O imperfeito, segundo Wallace, descreve algo que ocorreu continuamente no passado.35 A voz passiva é aquela em que o sujeito sofre a ação ou recebe a ação expressa pelo verbo.36 Dessa forma, o verbo “Ἐγίνετο” somado ao substantivo “φόβος”, traduzido por temor, mostra que os crentes eram acometidos de medo. O sentido é de que o temor que tinham era manifesto neles por ações externas. Além disso a expressão “δὲ πάσῃ ψυχῇ” “em toda alma” mostra que toda a igreja era passiva quanto a essa ação. Isso porque a conjunção “δὲ” aqui traduzida por “em” segundo a possibilidade mostrada por Arndt, Danker e Bauer37 e a expressão “πάσῃ ψυχῇ” constitue uma relação no caso dativo que conforme possibilidade mostrada por Rega pode indicar a pessoa em quem recai o proveito ou dano de uma ação.38 Assim, o adjetivo “πάσῃ” traduzido por “toda” qualifica o substantivo “ψυχῇ” traduzido por alma expressam que todos os crentes da igreja primitiva eram, de fato, passivos quanto ao temor em que neles havia. No livro de Atos a palavra “φόβος” aparece apenas cinco vezes contando com o texto em análise. Em todas elas esta palavra é empregada para mostrar o temor vindo de grandes acontecimentos “miraculosos” 5.5, 11 e 19.17 ou nos resumos apresentados por Lucas quanto à vida da igreja 2.43 e 9.31 como sendo marca da igreja. Isso indica que o temor colocado em todos os crentes da igreja primitiva era uma marca dela e que provinham do próprio Deus que operava, por meio dos apóstolos, sinais. Lucas deixa isso de forma mais clara em 2.22 ao expressar claramente que o próprio Jesus fazia milagres, prodígios e sinais e que eles eram realizados pelo próprio Deus por seu intermédio. Portanto, temor era uma das características da igreja em seus primórdios ainda que seja possível ver que a falta dele a adentra sorrateiramente. Em 5.1-11 é possível ver uma atitude que remete a ausência do temor perene da igreja. No entanto, o resultado da ação praticada por essa falta de temor, a morte, fez com que os demais temessem ainda mais conforme visto no verso 11. πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν ἀποστόλων ἐγίνετο: e muitos prodígios e sinais por meio dos apóstolos aconteciam: WALLACE, p. 548. WALLACE, p. 747. 37 William Arndt, Frederick W. Danker, e Walter Bauer, A Greek-English lexicon of the New Testament and other early Christian literature (Chicago: University of Chicago Press, 2000), 213. 38 REGA, p. 74 35 36 A conjunção “τε” funciona como uma partícula primária de adição ou conexão.39 Tento em vista o conteúdo da cláusula anterior é possível dizer que aqui ela é utilizada em ambas as possibilidades. É usada como adição porque inegavelmente integra a parte onde está inserida à parte anterior. É usada como adição porque introduz os prodígios e sinais ao assunto. Os usos nesse texto se parecem muito. Isso faz com que a ideia de consequência, apoiada pelo contexto e uso da palavra “φόβος”, apareça. Lucas relata os prodígios e sinais para justificar o temor dos crentes. Isso está de pleno acordo com os cinco textos que contém a palavra “φόβος” em atos, supracitados. O texto mostra na seguinte construção “πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν ἀποστόλων ἐγίνετο” que muitos prodígios e sinais, por meio dos apóstolos, aconteciam. O adjetivo “πολλά” “muitos” qualifica os substantivos40 “τέρατα” prodígios e “σημεῖα”, que por estarem no caso nominativo fazem com que o adjetivo também esteja.41 O caso nominativo faz com que os substantivos desempenhem o papel sujeito da oração.42 Nesse texto “πολλά” mostra que os prodígios e sinais destacados nesse texto não eram só muitos, eram inúmeros, incontáveis, segundo Arndt Danker eBauer.43 O texto também usa “τέρατα καὶ σημεῖα” prodígios e sinais. Willian Carey Taylor mostra em seu dicionário que “τέρατα” e “σημεῖα” são sinônimos e apontam para ações miraculosas.44 A conjunção “καὶ” aqui faz o papel de ligar um sinônimo ao outro45 e assim tornar o fato enfático. Essa ligação ou “repetição”, portanto, é para enfatizar quantitativa e qualitativamente esses feitos. No livro de Atos a ocorrência desses sinônimos utilizados dessa forma ocorre nove vezes. Com exceção de 2.19, 22 que fazem parte da fala de Pedro em seu primeiro sermão missionário, de 4.30 que faz parte da oração dos crentes e de 7.36 nas palavras de Estevão em sua defesa todos os outros textos (2.43; 5.12; 6.8; 14.3 e 15.12) retratam de ações miraculosas feitas por intermédio dos comissionados por Deus a fazê-los. De algumas ocorrências no livro de Atos pode-se inferir que os prodígios e sinais no texto analisado são expulsão de demônios 5.16, 8.7 em relação aos que eram levados para os apóstolos. Falar em novas línguas 2.4, 10.46 e 19.6 tanto em pentecostes quanto na casa de Cornélio e nos discípulos de João Batista encontrados por Paulo em Éfeso. Pegar em serpentes 28.3-6, quando Paulo não sofre dano. Curar enfermos 3.1-10, 28.9 quanto ao paralítico curado por Pedro e João e aos enfermos da ilha de Malta levados a Paulo para serem curados. Os textos de Atos STRONG REGA, p. 95 41 IBIDEM, p. 95 42 IBIDEM, p. 72 43 ARNDT, DANKER, e BAUER, p. 847 44 William Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2011), p. 222. 45 STRONG 39 40 supracitados e a construção “διὰ τῶν ἀποστόλων” mostram que os sinais eram feitos só pelos apóstolos. A preposição “διὰ” é, segundo Lukaszewski, uma preposição de atuação e aqui é usada para expressar o agente de uma ação efetuada.46 Dessa forma ela mostra que “τῶν ἀποστόλων” são os intermediários da ação praticada. A relação entre “τῶν” e “ἀποστόλων” é do caso genitivo e aqui expressam, conforme aponta Wallace, os meios pelo qual a ação do verbo é cumprida.47 O verbo “ἐγίνετο” traduzido por “aconteciam” reforça a ideia de que os apóstolos eram um instrumento que constantemente operava maravilhas, uma vez que está no tempo imperfeito e na voz passiva. O imperfeito descreve que os sinais ocorriam continuamente no passado48 ao passo que a voz passiva expressa que o sujeito recebe a ação expressa pelo verbo. 49 Isso significa que os apóstolos recebiam o poder para operar os sinais, portanto, eram deles, mas que eles eram os instrumentos pela qual a ação do verbo se efetivava. Ainda que fora do texto analisado, o caso de Estevão e Barnabé não são exceções que dão margem à interpretação de que todos os crentes podem operar esses prodigiosos sinais, uma vez que ambos são comissionados pelo colégio apostólico, que tinha autoridade para isso. Bale é categórico, e reforça esse argumento, ao destacar que os “prodígios e sinais” realizados pelos apóstolos são realizados por Deus e servem para confirmar os apóstolos como agentes divinos incumbidos de fazer o que era esperado nos “últimos dias”.50 Assim também os líderes comissionados faziam sinais e prodígios por intermédio de Deus debaixo da autoridade dos apóstolos. V. 44 πάντες δὲ οἱ ⸀πιστεύοντες ⸂ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ: E todos os crentes estavam juntos: Mais uma vez a conjunção “δὲ” funciona como uma conectiva adjuntiva sendo utilizada para dar continuidade ao assunto ligando-o ao anterior.51 Assim ela liga o fato “todos, os que crendo, estavam juntos” aos acontecimentos anteriormente narrados. O adjetivo “πάντες” todos, aparece agora no caso nominativo. Segundo Wallace, neste caso o adjetivo tem seu uso substantivado.52 Isso faz com que “πάντες” não seja um qualificador e sim que desempenhe a função do próprio substantivo. O artigo “οἱ” vo Albert L. Lukaszewski, The Lexham Syntactic Greek New Testament Glossary (Lexham Press, 2007). 47 WALLACE, p. 728. 48 IBIDEM, p. 548. 49 IBIDEM, p. 747. 50 BEALE, G. K., CARSON, D. A. Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Tradução de C. E. S. Lopes Medeiros, R. Malkones e V. Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 680-681 51 BEALE e CARSON, p. 761 52 WALLACE, p. 294. 46 seguido do verbo “πιστεύοντες” no caso nominativo e tempo presente indicam uma condicional para o adjetivo substantivado “πάντες”. O caso nominativo é, conforme aponta Wallace, aquele que indica uma designação específica.53 Dessa forma “οἱ e πιστεύοντες” especificam quais dentre os todos praticavam a ação. O tempo presente encontrado em “πιστεύοντες” descreve uma ação contínua.54 A ação do particípio modifica o verbo e faz com que ele reúna características tanto de verbo como de adjetivo (REGA, P.207). Por isso o verbo “πιστεύοντες” é traduzido por “crentes” pois qualifica o “πάντες” com sua função de adjetivo e ressalta a ação de crer enquanto verbo. A construção “ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ” estavam juntos aponta a primeira ação destacada pelo autor quanto a todos os crentes. O verbo “ἦσαν” é encontrado aqui no tempo imperfeito que retrata uma ação habitual praticada no passado.55 O verbo é traduzido por “estavam”. Além disso o verbo está na voz ativa que indica que eles mesmo causavam a ação expressa pelo verbo.56 A sequência “ἐπὶ τὸ αὐτὸ” é composta de uma preposição “ἐπὶ” que é utilizada para expressar uma referência, de um artigo “τὸ” no modo acusativo que indica uma pessoa ou coisa que diretamente sobre a ação do verbo57 que no caso é o pronome pessoal “αὐτὸ” que dá ênfase ao seu antecedente.58 Essa construção mostra que eles mesmos, “πάντες” todos, “οἱ πιστεύοντες” os crentes, tinham o costume de “ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ” estar juntos e que esse estar juntos, conforme aponta Henrry, não indica que eles permaneciam juntos, fisicamente, o tempo todo em seus milhares59 e sim que tinham o hábito de estarem juntos diariamente 4.46, no sentido de comunhão 4.42 bem como estavam juntos num aspecto comunal conforme será visto a seguir. Além disso Henrry descata que provavelmente os crentes se reuniam em diversos grupos e congregações segunda língua, nação ou qualquer outra forma de associação que os mantivessem juntos. 60 O texto mostra que é reprovável ao crente que viva de maneira isolada, afastado dos que com ele, pela crença em Jesus, têm “κοινωνία” comunhão. Antes que o crente deve buscar a comunidade. O genuíno deve conviver tanto em relação com o mundo crendo que Deus o guarda do maligno (Jo17.15) quanto em relação com a igreja, crendo que na comunidade cristã eles se mantém juntos e, assim, expressam e aumentam o amor mútuo.61 WALLACE, p. 726. IBIDEM, p. 751. 55 IBIDEM, p. 548. 56 IBIDEM, p. 746. 57 REGA, p. 72 58 LUKASZEWSKI 59 HENRRY, p. 29 60 IBIDEM, p. 29 61 HENRRY, p. 29 53 54 καὶ⸃ εἶχον ἅπαντα κοινά,: e tinham tudo comunal: A conjunção “καὶ” torna a fazer a função de acrescentar uma nova ideia dando continuidade ao assunto anterior. 62 O verbo “εἶχον” aparece também no imperfeito denotando uma ação praticada no passado de forma habitual63 e é a segunda ação que todos os crentes praticavam. Além disso o verbo está na voz ativa que indica que eles mesmo realizavam a ação expressa pelo verbo.64 Eles “εἶχον” tinham “ἅπαντα κοινά” tudo comunal porque faziam com que isso acontecesse. Tanto “ἅπαντα” quanto “κοινά” são adjetivos acusativos e expressam tanto a relação próxima entre ambos quanto a intensificação da prática expressa pelo verbo.65 Mostram também que a prática comunal entre todos não era parcial, mas total. O adjetivo “κοινά” tem a mesma raiz do substantivo “κοινωνία” o que reforça a ideia de que essa prática era total assim como a “” indicava uma totalidade na comunhão bem como ela era unicamente alicerçada nas marcas dessa igreja apontadas em 2.42. Essa parte do texto mostra que além da unidade, da vida religiosa conjunta, os crentes também devem expressar sua comunhão de forma a serem comuns quanto aquilo que é necessário para a subsistência. No entanto é importante destacar que a fé em Jesus era o principal requisito para se pertencer à igreja cristã e que somente as pessoas que cressem nele partilhariam da união que se torna visível nos cultos e na vida em comum.66 Quanto a isso, Henrry aponta para esse fato de terem tudo comunal dizendo que havia entre eles tamanha preocupação e prontidão em ajudar uns aos outros que sempre que havia oportunidade eles faziam com que tudo fosse comum um ao outro de acordo com a lei da amizade e benevolência.67 Essa prática, portanto, não é normativa. Isso significa, conforme Kistemaker aponta, que o compartilhar comunitário de bens materiais constituía em boa vontade.68 STRONG WALLACE, p. 548. 64 IBIDEM, p. 746. 65 WALLACE, p. 178. 66 KISTEMAKER, p. 150–151. 67 HENRRY, p. 29 68 KISTEMAKER, p. 151. 62 63 V. 45 καὶ τὰ κτήματα καὶ τὰς ὑπάρξεις ἐπίπρασκον: Também, as propriedades e as posses vendiam: A conjunção “καὶ”, que liga uma ideia adicional ou elemento gramatical à uma ideia ou elemento gramatical anteriores69 é aqui traduzida por “também” para transmitir sua ideia de continuidade e acréscimo não só ao texto mas ao que o texto está falando. Ela mostra que o que era comunal aos crentes e como era feito para que fosse assim. O que segue a conjunção são os artigos “τὰ” e “τὰς” relacionado aos substantivos “κτήματα” e “ὑπάρξεις”. Ambos os artigos e substantivos estão no plural acusativo. Quanto se trata do caso acusativo o substantivo indica a pessoa ou coisa que diretamente sofre a ação do verbo.70 Nesse caso “τὰ” as “” propriedades “καὶ” e “τὰς” as “ὑπάρξεις” posses sofrem a ação do verbo “ἐπίπρασκον” vendiam. O verbo “ἐπίπρασκον” está imperfeito e, portanto, mostra que o ato de vender as propriedades e posses era algo constantemente praticado pela igreja naquele tempo.71 Esse amor ao próximo era tão grande que, conforme demonstra Kistemaker, os proprietários colocavam seus pertences à disposição de todos os crentes que se encontravam necessitados.72 O altruísmo, que é evidenciado no próprio Deus (Rm8.32), certamente deve ser uma das características dos discípulos de Cristo que como bom pastor expressou seu amor em abnegação, dando a vida por suas ovelhas (Jo10.11). καὶ διεμέριζον αὐτὰ πᾶσιν: e distribuíam por todos: Aqui além de continuar exercendo sua função a conjunção “καὶ” é traduzida como costumeiramente por “e” para indicar tão somente a continuidade lógica entre o assunto anterior e este.73 A sequência “διεμέριζον αὐτὰ πᾶσιν” somada à conjunção “καὶ” mostra o que era feito com o produto resultante da venda das propriedades e posses. O verbo “διεμέριζον” traduzido por “distribuíam” assim como “ἐπίπρασκον” está no imperfeito. Isso mostra que a distribuição era uma prática costumeira feita no passado. O verbo “διεμέριζον” é dependente do resultado da ação do verbo “διεμέριζον” uma vez que para a distribuição era necessário o produto em si. A distribuição aponta novamente para a ideia comunal da igreja. A construção “αὐτὰ πᾶσιν” é composta por um pronome pessoal Michael S. Heiser e Vincent M. Setterholm, Glossary of Morpho-Syntactic Database Terminology (Lexham Press, 2013; 2013). 70 REGA, p. 74 71 WALLACE, p. 753 72 KISTEMAKER, p. 151. 73 STRONG 69 “αὐτὰ” que toma o lugar do substantivo da oração74 é acompanhado do adjetivo “πᾶσιν” que consta no caso dativo que mostra a pessoa ou coisa em quem recai o proveito ou dano de uma ação. Desse modo mostra que qualquer um dos crentes da igreja poderia receber o produto angariado com as vendas. Isso pode ser constatado também em 4.35. καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν: à medida que alguém tinha necessidade: Essa cláusula aponta para o critério de distribuição adotado pelos crentes da igreja primitiva. A conjunção adverbial comparativa “καθότι”, segundo Wallace, sugere uma analogia ou comparação entre as ideias conectadas ou conta algo que está para ser feito.75 Nesse texto ela expressa a segunda ideia uma vez que aponta para um argumento condicional. Ela só aparece com esse sentido duas vezes no Novo Testamento. Ambas no livro de Atos. Nesse texto e em 4.35. Em ambos trata do mesmo assunto. Sua tradução literal poderia ser “porque” no sentido explicativo, mas uma tradução por inferência foi a utilizada aqui “à medida que”. Sequente à conjunção está a contrução “ἄν τις χρείαν εἶχεν” traduzida por “alguém tinha necessidade”. A partícula de modalidade “ἄν” é usada para expressar que a cláusula relacionada existe sob certas condições.76 Ela é incapaz de ser traduzida em uma única palavra77 por isso participa da tradução ou sentido do que a segue. Aqui ela faz o papel do pronominal “que” antecedendo o pronome indefinido “τις” alguém. O pronome indefinido é aquele que descreve sem especificação um substantivo. Ele não se refere a uma pessoa ou coisa específica e por isso pode se referir a um ou alguns.78 Tendo em vista o adjetivo “πᾶσιν” da cláusula anterior entende-se que o “τις” mostra que havia possibilidade de que qualquer um dos crentes tanto pudesse “χρείαν εἶχεν” ter necessidade quanto participar da repartição. “χρείαν εἶχεν” mostra o critério para a distribuição propriamente dito. O verbo “εἶχεν” está no imperfeito e mostra que corriqueiramente “τις” alguém em meio aos crentes acabava tendo “χρείαν” necessidade. Este substantivo “χρείαν” está no caso acusativo e portanto indicando a pessoa em que recai o proveito da ação.79 Neste caso, os necessitados são os que sofrem a ação do verbo “διεμέριζον” da cláusula anterior. No livro de Atos o uso de “χρείαν” ocorre cinco vezes. Quatro deles com o mesmo sentido e proximidade de tradução. Em 6.3 no entanto é traduzida por “serviço”. O texto de 6.3 Michael S. Heiser e Vincent M. Setterholm, Glossary of Morpho-Syntactic Database Terminology (Lexham Press, 2013; 2013). 75 WALLACE, p. 761–762. 76 LUKASZEWSKI 77 ARNDT, DANKER, e BAUER, p. 56 78 HEISER e SETTERHOLM 79 REGA, p. 74 74 que se refere quanto à instituição dos homens de boa reputação que foram levantados para cuidar dos necessitados demonstra a organização e zelo da igreja, em sua liderança, para com os seus, em especial os necessitados. A igreja, capacitada pelo poder do Espírito Santo, cumpre os requisitos dados por Deus para o seu povo no Antigo Testamento, quanto aos cuidados para com os desamparados bem como mostram na prática o que fora definido por Tiago em 1.27 como sendo a verdadeira religião. V. 46 καθʼ ἡμέραν τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν ἐν τῷ ἱερῷ,: Também, diariamente perseveravam unânimes no templo: A conjunção conectiva lógica “τε” é utilizada aqui para continuar logicamente a narrativa80, por isso é traduzida por “também” e é colocada no início da oração. A preposição “καθʼ” é uma preposição temporal, em seu uso com acusativo, que pode ser traduzido bem como pode modificar o que a segue. Nesse texto modifica o substantivo “ἡμέραν”, que consta no acusativo, e faz com que ele expresse uma ideia de regularidade.81 Por isso “καθʼ” somando a “ἡμέραν” fora traduzido por diariamente. O verbo “προσκαρτεροῦντες” embora esteja no presente particípio se trada de um presente retido no discurso direto e pode ser traduzido como se fosse um imperfeito, conforme diz Wallace.82 Por isso “προσκαρτεροῦντες” foi traduzido por “perseveravam”. Essa tradução mostra o sentido do particípio e herda a ideia do imperfeito. É uma ação em processo, porém no passado. Diariamente perseveravam “ὁμοθυμαδὸν” unânimes. O advérbio de modo “ὁμοθυμαδὸν” mostra a maneira pela qual uma ação verbal ocorre.83 Aqui ele mostra que a maneira de perseverar era unânime. A preposição “ἐν” o artigo “τῷ” e o substantivo “ἱερῷ” mostram o local onde perseveravam de maneira unânime. “ἐν” é uma preposição de posição, portanto indica um lugar. O artigo “τῷ” define o lugar. E o substantivo “ἱερῷ” o identifica. O artigo e o substantivo em questão estão no dativo e por isso indicam que é no templo que acontece o perseverar.84 Comentando este trecho Henrry diz que os cristãos da igreja primitiva estavam no templo não só nos sábados e nas festas solenes..85 Moody argumenta que os crentes ainda eram judeus e continuavam a realizar o seu culto diário a Deus no Templo, de acordo com os costumes judaicos.86 As ideias de ambos não são diferentes ou HEISER e SETTERHOLM WALLACE, p. 377 82 IBIDEM, p. 752 83 LUKASZEWSKI 84 REGA, p. 72 85 HENRRY, p. 28 86 MOODY, p. 16 80 81 contraditórias, são complementares. À luz do texto e acréscimo dos fatos relatados por ambos o que de fato é extraído é que os crentes devem reunir-se em lugar propício às suas práticas religiosas. O próprio Henrry destaca isso dizendo que adorar a Deus tem de ser atividade diária na vida do crente e que sempre que possível quanto mais vezes for feito publicamente melhor.87 Essa realidade pode ser vista na vida de Jesus (Mt21.12. – Jesus entrando no templo – 23 – Jesus chegando ao templo; 24.1 – Jesus saindo do templo – 26.55 – Jesus dizendo que ia ao templo todos os dias) dos apóstolos (At3.3 – Pedro e João entrando no templo; 5.20 – entrando no templo e ensinando lá – 42 – todos os dias não cessavam de ensinar no templo; 21.26 – Paulo entra no templo; 26.21 – Paulo está no templo. Dessa forma, os discípulos de Jesus também devem prezar pelos cultos públicos e sua ida ao lugar “específico” para suas práticas religiosas comunitárias. Κλῶντές τε κατʼ οἶκον ἄρτον, partindo pão em cada casa: Aqui “τε” é utilizada como uma conjunção correlativa. Elas ocorrem em pares fixos a fim de expressar uma relação entre dois elementos sentenciais.88 Seu par é a que consta na cláusula anterior. Ela indica a continuidade logicamente da narrativa89 ainda que não traduzida. O verbo “Κλῶντές” se encontra no presente do particípio e mostra a ação do verbo em processo de execução sem considerar início ou fim dessa ação.90 Aqui é importante ressaltar, conforme também faz Kistemaker,91 que o substantivo “ἄρτον” não consta com artigo e por isso não é especificado. Segundo Wallace, a ausência do artigo faz com que falte identidade referencial no substantivo. 92 Dessa maneira aqui o “partindo pão” não significa, como é o caso de 2.42, que se trata da ceia, mas sim de um partilhar do pão como refeição comum. A informação seguinte trazida por “κατʼ οἶκον” “em cada casa” bem como a cláusula seguinte servem de contexto para essa afirmação, uma vez que fala de um local e assim faz contraponto com o último local mencionado e de refeições. Assim como em 2.42 os atos que antecediam e sucediam “o partilhar do pão” demonstravam o ato do sacramento os atos dessa parte servem para mostrar que se tratava tão somente de refeições. A preposição “κατ” é uma preposição de posição e mostra a relação física de um ente para outro.93 HENRRY, p. 28 LUKASZEWSKI 89 HEISER e SETTERHOLM 90 WALLACE, p. 751 91 KISTEMAKER, p. 150. 92 WALLACE, p. 734. 93 LUKASZEWSKI 87 88 Seguido do substantivo “οἶκον” indica, conforme traduzido, que a partilha acontecia em “cada casa” consecutivamente. μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας: tomavam da refeição com alegria e simplicidade do coração: O verbo “μετελάμβανον” está em um imperfeito ativo e mostra que a ação de “tomar” “τροφῆς” “da refeição” era praticada habitualmente pelos crentes. O substantivo “τροφῆς” refeição está no caso genitivo e por isso indica posse e procedência.94 Assim a tradução demonstra isso quanto acrescenta preposição “da”. Além disso ele está no singular o que indica que o conteúdo dessa refeição ou parte dele já fora especificado no texto. O único alimento citado aqui é o pão. O pão era a refeição citada aqui ou parte representativa dela. Isso corrobora para o argumento de que o partilhar pão aqui não se trata da ceia. O seguimento do texto mostro a maneira expressiva com a qual a refeição era tomada. “ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας” com alegria e simplicidade de coração. A preposição “ἐν” é uma preposição de modo e portanto expressa a maneira como algo é feito. Os substantivos “ἀγαλλιάσει” e “ἀφελότητι” (que só ocorre nesse texto em todo o Novo Testamento) estão no dativo e por isso mostram o modo com o qual a ação do verbo “μετελάμβανον” é praticada.95 A conjunção “καὶ” estes substantivos de forma aditiva96 enquanto o “καρδίας” mostra a procedência desses sentimentos, uma vez que se encontra no caso genitivo.97 Kistemaker diz que as ênfases em união, harmonia, alegria e a sinceridade dos crentes apontam para o fruto do Espírito Santo apresentados sistematicamente por Paulo em Gl5.22-23. Também mostra que em Atos, repetidamente esse tipo de sentimento é descrito como sendo influência do Espírito Santo.98 At13.52 talvez seja o texto que melhor expressa isso, pois mostra essa associação direta ao dizer que os discípulos transbordavam de alegria e do Espírito. Essa relação está completamente ligada ao acontecimento da descida do Espírito em Pentecostes. O Espírito foi derramado completamente e a ação Dele pode ser vista de várias formas por todo o Novo Testamento e na união, harmonia, alegria e sinceridade estão algumas dessas formas. REGA, p. 73 WALLACE, p. 730 96 IBIDEM, p. 761 97 REGA, p. 73 98 KISTEMAKER, p.152–153. 94 95 V. 47 αἰνοῦντες τὸν θεὸν: louvando a Deus: O verbo “αἰνοῦντες” louvando está ligado ao verbo “προσκαρτερέω” perseveravam do verso 46. A sequência “κλῶντές τε κατʼ οἶκον⸃ ἄρτον, μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι καρδίας” que fica entre ambos é um aposto. Assim o verbo “αἰνοῦντες” retorna às ações que unanimemente os crentes faziam de modo perseverante no templo. Ele está em um particípio presente, por isso é traduzido por “louvando”, pois indica que a ação de louvor não era somente constante em vezes feitas mas em tempo. Esse verbo é utilizado no Novo Testamento (Lc2.13, 20; 19.37, At3.8, 9; Rm15.11 e Ap19.5). para expressar um louvor religioso e especificamente direcionado a Deus assim como visto aqui no texto por meio de “τὸν θεὸν” que por estarem no acusativo indica que é quem “sofre” a ação do verbo.99 Na Septuaginta100 esse verbo é a transliteração de “‫ ”הלל‬que ocorre mais de 100 vezes no Antigo Testamento e é traduzido tanto por louvar quanto por glorificar. Curiosamente uma das ocorrências é em Jl2.26, pouco antes da promessa do derramamento do Espírito. Nessa ocorrência, assim como na maioria o verbo está falando de uma ação de louvor a Deus, ao Deus verdadeiro. Os textos supracitados e o relato das ocorrências desse verbo mostram claramente que Deus é o único que deve ser louvado. Não só que é o único, mas que deve ser adorado. Esse dever é enfático. É dever, obrigação dos crentes louvarem continuamente a Deus. É isso que os crentes da igreja primitiva faziam. καὶ ἔχοντες χάριν πρὸς ὅλον τὸν λαόν: e tendo favor de todo o povo: Aqui a conjunção “καὶ” traduzido por “e” volta a desempenhar seu papel em adicionar uma ideia de forma lógica e complementar à ideia anterior.101 O verbo “ἔχοντες” está no presente do particípio, e para indicar a ideia de uma ação desempenhada por um período é traduzido por “tendo”.102 Esse particípio segundo Wallace é um particípio de modo e sua atribuição é definir a ação do verbo.103 Isso significa que embora o verbo seja ativo expõe a ação aplicada a quem sofre sua ação. O “λαόν” povo é quem exerce a ação do verbo, no entanto o texto narra a recepção dessa ação nos crentes. O texto descreve que os crentes tinham o constante “χάριν” favor de “πρὸς ὅλον τὸν λαόν” todo REGA, p. 74 Septuaginta: With morphology. (1979). (electronic ed.). Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft. 101 WALLACE, p. 761 102 IBIDEM, p. 751 103 IBIDEM, p. 629 99 100 o povo. A palavra “χάριν” traduzida por favor trás o sentido de ter uma reputação positiva. Seu uso em 25.9 confirma isso. O caso acusativo da palavra demonstra que os crentes são os que sofrem diretamente a ação do verbo “ἔχοντες”. A preposição de associação “πρὸς” expressa essa ideia uma vez que mostra com quem a ação verbal relacionada está ocorrendo.104 Ela é traduzida por “de” para mostrar que “ὅλον” todo “τὸν” o “λαόν” povo é quem estimava os crentes. O adjetivo atributivo “ὅλον” esclarece isso. Olhando para o texto e vendo a proximidade desse relato de simpatia do povo para com os crentes deve-se observar que o testemunho dos crentes obtinha um bom resultado. Marshall comentando esse trecho diz que na medida em que os cristãos eram vistos e ouvidos pelo restante do povo em Jerusalém, suas atividades formavam uma oportunidade para o testemunho.105 Os crentes, líderes ou não, devem pregar, mas também é necessário que vivam em conformidade à igualdade atribuída por Deus a eles (Jo1.12). ὁ δὲ κύριος προσετίθει τοὺς σῳζομένους καθʼ ἡμέραν ⸂ἐπὶ τὸ αὐτό⸃: Enquanto isso o Senhor lhes acrescentava, diariamente, os que ia salvando: Por ser tratar de uma conjunção continuativa “δὲ” e ser usada para conectar um elemento sentencial para outro permite que a palavra “isso” faça parte da tradução, pois encontra-se na conjunção de modo implícito. O artigo “ὁ” é um artigo atributivo pois está no caso nominativo e se refere ao substantivo “κύριος” Senhor o definindo. Isso mostra que não é de qualquer “senhor” que o texto fala, mas, conforme aponta Kistemaker,106 de Jesus. O texto mostra que o Senhor excuta ações interdependentes. Ele “προσετίθει ἐπὶ τὸ αὐτό” acrescentava à igreja. O verbo “προσετίθει” é um imperfeito e mostra que a ação de acréscimo à igreja exercida pelo Senhor era algo habitual naquele tempo. A preposição “καθʼ” associada ao substantivo “ἡμέραν” reforça essa ideia como sendo uma preposição temporal. Além disso o Senhor acrescentava diariamente “τοὺς σῳζομένους” que ia salvando. O verbo “σῳζομένους” é um presente particípio passivo no caso acusativo. Segundo Wallace o acusativo passivo faz com que o acusativo da pessoa se torne o sujeito (nominativo)107 e isso mostra a ação do que pratica o verbo aplicada aos que receberam a ação. Aqui os salvos foram salvos por alguém assim o que se mostra é o “alguém que salvou”. As duas ações do Senhor mostradas nessa cláusula são “salvar” e “acrescentar” os salvos à igreja. Os tempos utilizados para descrever isso LUKASZEWSKI MARSHALL, p. 85 106 KISTEMAKER, p.153 107 WALLACE, p. 439 104 105 mostram não só que era habitual haver salvação e acréscimo à igreja mas enfatizam que era um costume diário. Segundo Kistemaker essa cláusula indica que o milagre da salvação ocorre todos os dias.108 Henrry diz que aqueles que Deus determinou para a salvação eterna serão, mais dia, menos dia, levados eficientemente a Jesus. E os que forem levados a Jesus serão acrescentados à igreja em um concerto santo pelo batismo e em comunhão santa pelas outras ordenanças.109 Portanto, é possível ver que embora a igreja primitiva tivesse suas práticas, elas não passavam de meios para e consequências da obra maior que Senhor que fazia em salvar os eleitos e os acrescentar à igreja. MENSAGEM PARA A ÉPOCA DA ESCRITA Os livros de Lucas foram uma unidade de dois volumes destinados a Teófilo, no entanto seu propósito não era informar apenas ele, mas edificar os cristãos conforme o prólogo do evangelho de Lucas mostra.110 O texto analisado é um registro enfático das principais características da igreja primitiva. Essas características, provindas do poder do Espírito Santo, descido em Pentecostes, são perseverança, vida de comunhão espiritual, vida de oração, temor, união, fraternidade, caridade e alegria. As pessoas da época da escrita, bem como as igrejas, ao lerem esse texto eram confrontados a viver uma vida cristã cheia do Espírito Santo, manifestando essas mesmas características individual e coletivamente. Eram, portanto, desafiadas a andar em comunhão espiritual, unidade, zelo pelos bem e suprimento das necessidades dos membros da igreja, enquanto testemunhavam e pregavam a mensagem do evangelho de Jesus Cristo. MENSAGEM PARA TODAS AS ÉPOCAS Considerando que o Espírito Santo foi derramado plenamente em Pentecostes e, portanto, há sua plenitude nos crentes. Considerando que a igreja, sendo do Senhor Jesus, é, nesse sentido, a mesma em todas as épocas. O texto mostra a responsabilidade da igreja em ser uma comunidade que viva em unidade espiritual, perseverante na doutrina ensinada pelos apóstolos sobre os atributos e obras da Trindade, temente a Deus, fraternal e servente ao próximo. Todas estas coisas, assim como a igreja primitiva, no poder do Espírito Santo. Para a igreja evangélica contemporânea, enfaticamente, o texto contribui para mostrar que uma vida ou igreja cheia do Espírito Santo vive conforme a narrativa. Não KISTEMAKER, p.153–154 HENRRY, p. 30 110 CARSON, MOO e MORRIS, p. 224 108 109 em evidências equivocadas como acreditam os pentecostais nem em comportamento individual e arrogante como vivem alguns reformados. Estes extremos sobre como deve ser um crente ou igreja cheios do Espírito Santo devem ser abandonados ao passo que a verdadeira manifestação do Espírito Santo impulsiona ao comportamento espiritual piedoso e fraternal dos crentes. TEOLOGIA DO TEXTO IMPLICAÇÕES PARA A TEOLOGIA BÍBLICA Segundo a estrutura dada por Donald Guthrie no que diz respeito a igreja no livro de Atos três abordagens podem ser feitas. A primeira quanto ao surgimento da igreja, a segunda quanto a missão da igreja e a terceira quanto ao ministério da igreja.111 Quanto a primeira o texto analisado contribui apontando para a primeira narrativa pré-estrutural de uma igreja. Ali já se há a igreja do Senhor, chamada igreja primitiva, e o texto mostra sua procedência e seus fundamentos. Ela procede do acontecimento de Pentecostes e tem seus fundamentos na doutrina, nos sacramentos e na comunhão. Quanto a segunda abordagem o texto analisado mostra implicitamente o conceito de testemunhar. Tanto os prodígios e sinais quanto a forma como viviam os crentes eram uma forma de testemunhar o poder do Espírito Santo que sobre eles veio. Quanto a terceira abordagem é possível ver nas diferenças quanto as atribuições sua estrutura ministerial. Em comum, tanto crentes quanto apóstolos, todos perseveravam unânimes nos exercícios devocionais e nas práticas fraternais. Individualmente os apóstolos eram os mestres que dispensavam sua doutrina enquanto os demais crentes eram receptores dela. Além disso o texto mostra a vida da igreja do Senhor Jesus Cristo que é composta de todos os que creram como sendo uma unidade. Vos expõe a relação entre a Igreja e o Reino de Deus mostrando que ambos estão intimamente ligados. Isso por conta de sua missão de propagar o evangelho bem como a de glorificar a Deus.112 Atos mostra a expansão desse Reino de, forma visível, através de uma igreja mista, composta por judeus e gentios e aponta para as características do Reino através das características da Igreja. GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento. Traduzido por Vagner Barbosa. 1a edição. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p. 736, 740, 742 112 VOS, Geerhardus. Teologia bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 479 111 IMPLICAÇÕES PARA A TEOLOGIA SISTEMÁTICA Segundo Berkhof,113 os principais temas da Teologia Sistemática abordados aqui são Pneumatologia, Eclesiologia e Soteriologia. Quanto a Pneumatologia ou Doutrina do Espírito Santo o texto traz contribuições em pelo menos dois aspectos. No primeiro, de forma individual à doutrina, trata da ação do Espírito Santo quanto ao seu derramamento e à sua plenitude. Podemos observar isso em At2.1-4. Em outro aspecto a doutrina do Espírito Santo pode ser vista, agora, de forma conjunta à doutrina da igreja. Uma vez que após sua descida em Pentecostes 2.1-4 os crentes passam a viver guiados pelo Espírito demonstrando seus frutos Gl5.2223 através da vida comum. Quanto a Eclesiologia ou Doutrina da Igreja o texto traz contribuições quanto a três aspectos quanto às bases de uma igreja no que diz respeito às práticas dos crentes. Primeiro ele mostra o ensino a comunhão e os sacramentos como sendo marca crucial, visto que perseveravam nisso 2.42. Em segundo lugar o texto mostra também que há funções cabíveis a todos dentro da igreja, conforme pode ser visto também em Ef4.1112. No texto analisado os apóstolos que ensinavam, o povo aprendia e todos comumente exerciam uma vida de piedade espiritual e fraternal. Por fim, o texto mostra os reflexos, como resultado das práticas da igreja, na sociedade. Indiretamente o texto aponta para as obrigações da igreja com intensão de testemunhar. Quanto a Soteriologia ou Doutrina da Salvação o texto contribui ao mostrar o que é afirmado no Antigo Testamento quanto ao fato da salvação pertencer a Deus, conforme visto em Sl3.8. A doutrina da salvação aparece de forma explícita no verso 47 ao mostrar que os salvos pelo Senhor eram acrescentados à igreja. O texto exalta a particularidade da obra salvífica do Senhor. É Ele quem salva. Nada do que o homem faça pode salvar. IMPLICAÇÕES PARA A TEOLOGIA PRÁTICA O texto tem implicação dupla para a Teologia Prática. Ele é uma exortação para a igreja que vive em negligência quanto às suas práticas bem como é um modelo para toda igreja genuinamente cristã possa seguir. Dessa forma a igreja precisa rever seus conceitos quanto ao que e como crê. A doutrina dos apóstolos era única e exclusivamente baseada no ser, atributos e obras de Deus. Por isso, qualquer doutrina antropocêntrica deve ser rejeitada pela igreja cristã. A igreja precisa rever a forma como exerce sua unidade. A igreja primitiva era perseverante e unânime em sua vida piedosa nos âmbitos espiritual e fraternal. Uma 113 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990. vida cristã individualista ou uma comunidade cristã fora dos exercícios piedosos deve se arrepender e voltar às práticas genuinamente marcadas pelo poder do Espírito Santo. O poder do Espírito Santo na vida da igreja é o desabrochar de seu fruto. Portanto, todo verdadeiro crente e verdadeira igreja devem viver em busca da plenitude do Espírito em sua vida, conforme Paulo diz em Ef5.18. Em suma, ao compreender estas coisas os crentes devem seguir a sua caminhada com ciência de que é selado com o Espírito Santo e que isso o atribui responsabilidades práticas. Estas verdades para os crentes precisam influenciá-los a viver como filhos preparados de Deus para a sã doutrina, comunhão, fraternidade, zelo, serviço, testemunho, integridade e temor. SERMÃO INFORMAÇÕES GERAIS • Título do Sermão: Uma Igreja Exemplar • Tema: Uma Igreja exemplar é perseverante, unida e abençoada • Doutrina: Eclesiologia e Soteriologia • Necessidade: Esse sermão é necessário para mostrar à igreja que ela precisa retornar aos princípios da igreja primitiva • Imagem: Jo1.1-4 • Objetivo: Que os crentes repensem como têm vivido a cristandade e qual tem sido o testemunho disso aos de fora ESBOÇO DO SERMÃO • Introdução: Desde a narrativa de Atos 5, que mostra Ananias e Safira perturbando a paz da igreja e dando mau testemunho, as demais narrativas bíblicas mostram outros diversos problemas na igreja. Igrejas complicadas como a de Corinto são apresentadas na Bíblia. O último livro da Bíblia, Apocalipse, mostra sete igrejas nas quais cinco delas se encontram em momentos difíceis quanto as suas más práticas. No decorrer da história extra bíblica não foi diferente. A igreja se corrompeu como instituição. Em 1517 com a Reforma Protestante os problemas diminuíram, no entanto não foram sanados e alguns novos problemas apareceram. Hoje isso não é diferente. A igreja é uma comunidade composta por pecadores. Isso faz com que os problemas, de fato, sempre apareçam. No entanto, é possível observar que muito do que acontece se dá também pelo fato de que a igreja tem se distanciado cada vez mais das boas práticas da igreja primitiva. Essa distância tem corroborado para a entrada de heresias na igreja, de costumes humanos bem como da malignidade, individualidade dentre outras coisas. Dessa forma é necessário olhar para a igreja primitiva como uma igreja exemplar e tentar imitá-la. • Divisões: Uma igreja exemplar é: • Perseverante – na doutrina dos apóstolos; na comunhão; na celebração da ceia; nas orações • Unida – tendo tudo em comum; cuidado dos necessitados; no culto; nas refeições • Abençoada – com o crescimento • Conclusão e Aplicação: Com bases na descrição de Lucas quanto a igreja primitiva, os crentes de hoje, que são cheios Espírito Santo assim como os da igreja primitiva, devem: o Refletir se tem aprendido e crido nas doutrinas bíblicas e não das doutrinas perversas que têm sido ensinadas nas igrejas. Precisa refletir quanto à comunhão e praticá-la, uma vez que atualmente o movimento dos “desigrejados” cresce. Precisa examinar-se a si mesmo e participar efetivamente dos sacramentos. Devem ter uma vida de oração genuína, pessoal, comunitária, orando a todo instante conforme aponta 1Ts5.17. o Compreender que as boas obras, de fato, não conquistam nada perante Deus, mas que o fato disso ser verdade não elimina a responsabilidade em exercer o amor fraternal com caridade. As boas obras não provocam a salvação ou qualquer coisa nesse sentido, no entanto elas são um reflexo da vida de um salvo pelo Senhor. A igreja precisa se posicionar cada vez mais quanto às frentes sociais. o O crescimento da igreja vem do Senhor. Num mundo tão pragmático os crentes genuínos devem compreender profundamente a verdade de que Deus é quem dá crescimento à sua igreja. Dessa forma a igreja de Cristo deve utilizar somente os meios bíblicos para a evangelização e contando com que o Senhor acrescente salvos a ela. Toda e qualquer prática que coloque a responsabilidade de conversão e crescimento da igreja nas mãos dos homens deve ser abolida da igreja. CONCLUSÃO Este trabalho analisou o texto de Atos 2.42-47 que relata como viviam os crentes da igreja primitiva após o recebimento do Espírito Santo narrado em At2.1-4. O trabalho apontou para os detalhes de como era essa vida cristã nos primórdios da igreja do Novo Testamento mostrando que fundamentalmente a doutrina dos apóstolos, a comunhão e a celebração da ceia eram os alicerces. Ainda, foi visto aqui que este relato é de suma importância na história da igreja uma vez que mostra como os crentes viviam fraternalmente destacando o seu sentido de amor ao próximo na caridade. Além disso mostrou a soberania de Deus tanto em usar os apóstolos para operar milagres bem como sendo aquele que salva os homens e os acrescenta à igreja. Portanto, este trabalho cumpre com estas coisas a partir de minuciosa análise do texto, destacando seus contextos, fazendo e apresentando uma tradução própria, uma análise de todas as palavras que o compõe e comparando-o com as versões “Almeida Revista e Atualizada”, “Almeida Revista e Corrigida” e “Nova Versão Internacional”. Também destacou as palavras para a compreensão da construção lógica do texto e de sua profundidade em significado. Além disso, expôs a estrutura do texto comentando-o por cláusulas. Da mesma maneira, concisa e objetiva, apresentou a sua relevância para o público original da escrita, bem como sua relevância teológica, tanto de forma conceitual, quanto de forma empírica e prática. Por fim, este trabalho apresentou uma estrutura de sermão, que aponta a necessidade de ter a igreja primitiva como exemplo de piedade espiritual e fraterna. Num aspecto geral, o trabalho trouxe particularidades relevantes sobre o texto a fim de dar maior entendimento, percepção e utilidade para a vida cristã diária e prática ao leitor. Expôs com clareza de argumentos que o verso 42 do texto se refere à ceia e não a mero compartilhar de refeições. Mostrou que os milagres operados pelos apóstolos eram feitos por Deus através deles e tinham o intuito de confirmar a autoridade. Além disso, outras questões profundas do texto foram trazidas à tona com o intuído de que o texto tenha mais da sua relevância demonstrada. BIBLIOGRAFIA ARNDT, William, DANKER, Frederick W. e BAUER, Walter Bauer. A GreekEnglish lexicon of the New Testament and other early Christian literature (Chicago: University of Chicago Press, 2000) BEALE, G. K., CARSON, D. A. Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Tradução de C. E. S. Lopes Medeiros, R. Malkones e V. Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2014 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990. CARSON, D.A. Comentário Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2009 CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997 DEPPE, D. (2011). The Lexham Clausal Outlines of the Greek New Testament: SBL Edition. Bellingham, WA: Lexham Press. FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã. Editora Fiel. Edição do Kindle. GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento. Traduzido por Vagner Barbosa. 1a edição. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011 HAUCK, Friedrich. “κοινός, κοινωνός, κοινωνέω, κοινωνία, συγκοινωνός, συγκοινωνέω, κοινωνικός, κοινόω”, org. Gerhard Kittel, Geoffrey W. Bromiley, e Gerhard Friedrich, Theological dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1964) HEISER, Michael S. e STTERHOLM, Vincent M. Glossary of Morpho-Syntactic Database Terminology (Lexham Press, 2013; 2013 HENRRY, Matthew. Commentary on the whole Bible – Vol. VI – Acts to Revelation. World Bible Publishers. Iowa Falls, Iowa, p. 28 KISTEMAKER, Simon. Atos 2ª Ed. Vol. 1. Tradução por Ézia Mullis e Neuza Batista da Silva. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016 LOGOS, Software Bible LUKASZEWSKI, Albert L. The Lexham Syntactic Greek New Testament Glossary (Lexham Press, 2007) MARSHALL, Howard I. Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário – 1ª Ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1982 REGA, Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico: gramática fundamental – 3ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2014 SEPTUAGINTA: With morphology. (1979). (electronic ed.). Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft. STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002 TAYLOR, William Carey. Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2011) VOS, Geerhardus. Teologia bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Cultura Cristã, 2010 WALLACE, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento, org. Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares, trad. Roque Nascimento Albuquerque, 1ª edição em português. São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009