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Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a relação entre os conceitos de sagrado e profano, elaborados por Mircea Eliade, e o conceito de vida simbólica, de Carl Gustav Jung. A relação entre esses conceitos é articulada pelas noções de homem moderno e homo religiosus, também de Mircea Eliade. O homem moderno acredita que superou a necessidade do sagrado em sua vida, mas como demonstram os pesquisadores, o sagrado teima em emergir na vida profana. No entanto, essa emersão é feita por meio da linguagem simbólica dos mitos, dos ritos e das mensagens proféticas que não são compreendidas imediatamente pela razão ou consciência do homem moderno.

47 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium A Vida Simbólica Rafaela Fernanda Palhares * Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a relação entre os conceitos de sagrado e profano, elaborados por Mircea Eliade, e o conceito de vida simbólica, de Carl Gustav Jung. A relação entre esses conceitos é articulada pelas noções de homem moderno e homo religiosus, também de Mircea Eliade. O homem moderno acredita que superou a necessidade do sagrado em sua vida, mas como demonstram os pesquisadores, o sagrado teima em emergir na vida profana. No entanto, essa emersão é feita por meio da linguagem simbólica dos mitos, dos ritos e das mensagens proféticas que não são compreendidas imediatamente pela razão ou consciência do homem moderno. Palavras-chave: Vida Simbólica. Homo religiosus. Homem moderno. Imaginação. The Simbolic Life Abstract: This article aims to analyse the relation between the concepts of sacred and profane, elaborated by Mircea Eliade, and the concept of symbolic life by Carl Gustav Jung. The relation between these concests is articulated by the notions of modern man and homo religiosus, also by Mircea Eliade. The modern man believes he overcome the need of the sacred in his life, however, as demonstrated by the researchers, the sacred insists on emerging in profane life. However, this emersion is done through the symbolic language in the myths, rites, and prophetic messages, which is not comprehended immediately the reason or consciouness of the modern man. Keywords: Simbolyc life; Homo religiosus; Modern man; Imagination. Introdução Podemos dizer que a obra de Carl Gustav Jung tem como um dos seus conceitos fundamentais o “símbolo”. Para ele, os símbolos são mais complexos do que os signos ou sinais criados conscientemente pelas pessoas para transmitirem mensagens ou informações. Os símbolos são resultado da produção espontânea do inconsciente. Quando se trata do inconsciente coletivo, esses aparecem nos mitos – narrativas sagradas produzidas por todos os povos. Quando se trata do inconsciente pessoal, os símbolos se expressam por meio dos sonhos nos quais emergem, frequentemente, conteúdo do inconsciente coletivo. Dessa forma, a linguagem simbólica faz parte da * Graduanda de Filosofia na Universidade Federal de Uberlândia, Pesquisadora e Bolsista do grupo de pesquisa “As Máscaras do Sagrado” fomentado pela FAPEMIG. 48 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium essência humana e não está submetida aos ditames da razão ou da consciência sendo, portanto, autônoma. Ora, como veremos adiante, não desprezar ou reprimir os símbolos e seus profundos significados é uma forma de encontrar equilíbrio psíquico para a existência nesse mundo, por isso, a vida simbólica torna-se o conceito chave da obra junguiana. Podemos dizer, ainda, a título de introdução para esse trabalho, que o conceito de mitologia e da relação entre sagrado e profano na obra de Mircea Eliade, são derivados da noção junguiana de vida simbólica, por isso, para o historiador romeno, a vida dos povos que vivem nos mitos – do ponto de vista psicológico - é mais saudável do que a do homem moderno. Esses povos expressam as tensões entre a psique, a natureza e a cultura, por meio de suas religiões, mitos e ritos tendo uma vida simbólica riquíssima, ao passo que o homem moderno ou a-religioso, depende exclusivamente da própria razão e, por isso, como dizem alguns xamãs, as suas sociedades adoecem a alma das pessoas. Símbolo A vida simbólica é formada por símbolos, e esses por sua vez integram os mitos, os sonhos e os ritos. Carl Gustav Jung em seu livro A vida simbólica reflete o modo pelo qual os símbolos agem no inconsciente e deixa claro que a função dos símbolos é permitir que a energia psíquica flua pelos canais adequados, tendo assim uma vida psíquica mais saudável e esse é um dos fatores importante da vida simbólica. Assim, Jung define o símbolo: Chamamos símbolo um conceito, uma figura ou um nome que nos podemos ser conhecidos em sim, mas cujo conteúdo, emprego ou serventia são específicos ou estranhos, indicando um sentido oculto, obscuro e desconhecido (JUNG, 2013, p. 201). O filósofo e historiador das religiões Mircea Eliade também estudou sobre os símbolos e como eles interferem na vida da sociedade, a sua concepção deriva da de Jung. Ele definiu símbolo como uma forma de conhecimento e não uma “criação irresponsável da psique”, tal conhecimento põe “a nu as mais modalidades do ser” (ELIADE, 1979, p.22). O símbolo traz muito mais daquilo que está representando, Eliade dá o seguinte exemplo: 49 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium O símbolo não pode ser reflexo dos ritmos cósmicos na qualidade de fenômenos naturais, porque um símbolo revela sempre qualquer coisa mais do que o aspecto da vida cósmica que supõe representar. Os simbolismos e os mitos solares, por exemplo, revelam-nos também um lado noturno, mau e funerário do sol que não é evidente à primeira vista do fenômeno solar em si. (ELIADE, 1979, p. 171). Vida Simbólica O conceito de vida simbólica subjaz e diferencia os conceitos de sagrado e de profano. A partir da diferença entre esses Eliade define duas formas de ser no mundo: O homo religiosus e o homem moderno onde um tem a vida simbólica mais rica que o outro. O homo religiosus vive no mito, portanto tem uma vida simbólica, e o homem moderno, por sua vez, não vive no mito empobrecendo sua vida simbólica. Eliade define mito como uma narrativa sagrada que conta a origem do mundo, vale ressaltar que esta narrativa não é inventada é a história de um povo. O mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento no tempo primordial, o tempo fabuloso do “principio”. Em outros termos, o mito narra, como graça a façanha de Entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição [...] (ELIADE, 1992, p. 11). A sociedade que vive de acordo com o mito acredita que ele realmente aconteceu e conta a história que forma sua vida e dá identidade ao seu povo. Este tipo de homem, o religiosus, realiza ritos porque ele, o rito, é o “mito-vivo”, é quando o povo faz o que os deuses fizeram no mito inicial, desta forma o rito é uma forma de avivar o mito, além de ele ser uma ligação entre o imanente e o transcendente. O homo religiosus tem uma relação diferente com a natureza ou coisas consideradas pelos a-religiosos (o homem moderno) banais, como o trabalho, sua alimentação e relações pessoais. O homem moderno racionalizou tudo isso e acredita que tais coisas são fisiológicas não tendo qualquer valor ontológico, ele empobreceu sua vida simbólica e não acreditam em rito e, muito menos, em nenhum mito classificando assim o homo religiosus como arcaico ou primitivo por manter tais relações. 50 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium Revista Primordium - v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016. ISSN 2526-2106 O homem moderno, porém, não consegue extinguir o sagrado de suas vidas, este sempre acaba surgindo de forma camuflada no profano. Eliade afirma que o homem em geral tem características do homo religiosus e por isso o sagrado surge no profano, um exemplo dado pelo autor na obra Mito e Realidade é das histórias em quadrinho, os heróis das histórias em quadrinho tem uma grande aceitação popular porque as pessoas mesmo sem notarem gostariam de ser daquela forma, querem sair da vida maçante que levam, querem que ela tenha um objetivo e significado. A história retratada nesses quadrinhos é o mito do herói, mostrando assim que a sociedade moderna tem a necessidade de um mito. Os mitos continuam vivos no cotidiano, mesmo que o homem moderno não tenha consciência de sua constante e insistente manifestação. Algo que deve ser apontado como uma das diferenças do homo religiosus e do homem moderno é suas relações com o tempo. O homo religiosus vive no tempo sagrado que, conforme as obras de Eliade, apresentam duas estruturas básicas: o tempo cíclico ou eterno retorno e o linear ou escatológico. O homo religiosus também vive o tempo sagrado e o profano, sendo que o profano apresenta suas roturas quando se trata da emersão do sagrado no profano. O homem moderno, por sua vez, vive (ou tenta viver) somente no tempo profano, que não tem nenhuma subdivisão, é uma sequência retilínea de acontecimentos sem qualquer possibilidade de ruptura, de recomeço, a não ser o passar das semanas. Sua vida e sua história se acumulam como sedimentos dos quais nunca poderá livrar-se, pelo menos, psicologicamente. Viver o tempo cíclico significa re-viver exatamente como descrito nos mitos iniciais; as pessoas realizam os mesmos rituais e quando chega a virada de um ano para o outro eles repetem a ação dos deuses quando instituiu esse cosmo, ao fazer isso eles iniciam uma nova vida, tudo que o que passou naquele ano ficou para trás, dessa forma eles têm a possibilidade do perdão, do arrependimento, e de livrar-se da culpa. No tempo linear encontramos as religiões escatológicas, que acreditam em um fim. Exemplos são o judaísmo e cristianismo. O cristianismo podemos dizer que há os dois tempos onde o que se sobressai é o linear, tem o cíclico pelo fato das datas sagradas se repetirem e os rituais também, e linear porque ela caminha para um fim. O homo religiosus tem uma vida simbólica mais rica, pois mesmo aqueles que vivem no tempo linear quanto cíclico tem a capacidade de não carregar a história 50 51 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium consigo, cada rito, cada festa tem um significado próprio que os fazem atualizar o mito 1 original feito em illo tempore . O homem moderno segue o calendário profano, mesmo que este calendário tenha feriados religiosos não há nenhum rito que realize esse movimento catártico, pois não tendo experiência mítica, sua existência “vem do nada e vai para o nada”. As comemorações como as de final de ano são fracas e não fazem começar de novo a história, carregando assim todo o peso do passado, como um fardo do qual não podem se livrar, tornando-se, conforme Nietzsche, coveiros do presente: Portanto, é possível viver quase sem recordar e viver feliz, como o demonstra o animal, mas é impossível viver sem esquecer. Ou, mais simplesmente, há um grau de insônia, de ruminação, de sentido histórico que prejudica o ser vivo e que acaba por destruí-lo, quer se trata de um homem, de uma nação ou de uma civilização. [...] Para definir o grau e fixar o limite em que é absolutamente necessário esquecer o passado, sob pena de se tornar o coveiro do presente. (NIETZSCHE, 1976, p. 108). Por fim, vale ressaltar que as características desse homo religiosus estão presentes na sociedade contemporânea e não apenas nesses povos que, de forma errada, são considerados primitivos. A ausência de ritos como por exemplo, os de passagem, levam o homem moderno a criar seus próprios ritos como os de formatura, emprego, capacidade de consumo etc., mas eles são pálidos e nunca tem a mesma força daqueles que são carregados de símbolos numinosos. O sagrado sempre tende a surgir no profano e por isso, o homem moderno realiza tais ritos que tentam suprir a falta daqueles de iniciação. Para Eliade, a mitologia está camuflada no dia-a-dia do homem moderno, ele acaba não percebendo isso, assim como não percebe ser herdeiro do homo religiosus e que tem o comportamento religioso. O sagrado está presente em seus espetáculos, lazer e nos livros que provocam uma “saída do tempo”. Os movimentos políticos, por exemplo, é um lugar onde a mitologia está presente. Em outras palavras, o homem profano, queira ou não, conserva ainda os vestígios do comportamento do homem religioso, mas esvaziado dos significados religiosos. Faça o que fizer, é um herdeiro. Não pode abolir definitivamente seu passado, porque ele próprio é produto desse passado: É constituído por uma série de negações e recusas, mas 1 Termo utilizado pelo Mircea Eliade significando “Naquele tempo”, o tempo que os mitos iniciais foram criados, é o mito de emergência do mundo. 52 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium continua ainda a ser assediado pelas realidades que recusou e negou. (ELIADE, 1992, p. 98). O homem necessita da vida simbólica porque ela faz com que ele suporte a vicissitudes da vida, pois a vida simbólica faz com a vida tenha significado e tira, por exemplo, o sentimento de insignificância que o homem moderno tem. Jung afirma que: A pessoa humana precisa de vida simbólica. E precisa com urgência. Nós vivemos coisas banais, comuns, racionais e irracionais[...] Mas não temos vida simbólica. [...] temos necessidade premente dela. Somente a vida simbólica pode expressar a necessidade da alma- a necessidade diária da alma, bem entendido. E pelo fato de as pessoas não terem isso, não conseguem sair dessa roda viva, dessa vida assustadora, maçante e banal onde são: “nada mais do que”. (JUNG, 2013, p. 291). A Imaginação e o Simbólico Jung, destacando a importância da vida simbólica, critica a forma que os homens modernos tentam eliminar a riqueza simbólica e racionalizar tudo, até as coisas que não que não fazem parte do campo da razão. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato. Essa palavra ou essa imagem tem um aspecto “inconsciente” mais amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo esquecido. E nem podemos ter esperanças de defini-la ou explica-la. Quando a mente explora um símbolo é conduzida as ideias que estão fora do alcance de nossa razão. (JUNG, 1992, p. 20). Jung fazendo seu estudo de símbolos tocou na questão dos sonhos, pois o símbolo é criado de forma espontânea e aparece no sonho. Jung trata o sonho como uma ponte do inconsciente para o consciente já que não podemos acessa-los por vontade própria. Ao se aprofundar nesse assunto Jung percebeu que esses símbolos não aparecem apenas no sonho, mas em qualquer manifestação psíquica como pensamentos, ações simbólicas e situações simbólicas. Ele reforça a autenticidade de tais símbolos falando que realmente não há como serem criados pela mente racional e entra no aspecto das revelações e diz: 53 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium [...] são “représentations collectives” que remontam aos tempos mais antigos e que poderiam ter representado “revelações”, isto é, imagens oriundas de sonhos e de fantasias criadoras. Estas são manifestações espontâneas e não invenções arbitrárias e intencionais. (JUNG, 2013, p. 230). Baruch Espinosa, em seu principal livro O tratado Teológico - Político estudou sobre os profetas, um exemplo de homo religiosus, criou uma teoria sobre o dom desses profetas que se assemelha ao simbólico de Jung. A teoria diz que o verdadeiro dom dos profetas é o de ter uma imaginação viva “[...] para profetizar, não é necessário ser dotado de uma mente mais perfeita, mas sim com uma imaginação mais viva [...]”. (ESPINOSA, 2003, p.27). Espinosa, afirma que a profecia era revelada aos profetas por palavras, signos, voz de Deus, sonhos e figuras. Por causa dessa forma de revelação que há os intérpretes que são os profetas. Espinosa acredita que os profetas ensinaram através de metáforas e alegorias, pois todas essas formas de discurso estão no campo da imaginação, este conhecimento não é intelectual, mas sim imaginativo. Desta forma, diz: É além disso evidente a razão porque os profetas perceberam e ensinaram quase tudo por parábolas e enigmas que exprimem sob a forma corpórea todas as coisas espirituais: é que elas se adaptam melhor a natureza da imaginação. (ESPINOSA, 2003, p. 31). Ao falar que estas imagens não estão no campo do intelecto, o consciente para Jung, podemos comparar essas imagens e signos citados por Espinosa com os símbolos e dizer que tal linguagem citada por Espinosa seria realmente a simbólica, pois tanto alegoria quanto parábola são criadas pela mente humana, usa-se o intelecto para formar tais discursos. A esse respeito, Marilena Chaui, ao analisar o Tratado Teológico-Político afirma: Tudo o que Deus revelou aos homens, o fez por palavras, figuras ou por sonhos e fantasias, portanto, por meio de signos e sinais, ou seja, por imagens dirigidas à percepção do profeta, ao seu corpo. Em outros termos, a profecia não é um conhecimento intelectual, mas imaginativo e a revelação se dirige à imaginação. São sinais efetivos: vozes (como a voz que Moíses ouviu no sinai); fantasias (como a voz que Samuel ouviu); desvaneios e sonhos (como de Daniel); visões (como os anjos enviados ao profeta: ou as imagens vistas por ele, como o carro de Ezequiel). (CHAUI, 2003, p. 76). 54 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium Analisando essas imagens podemos dizer que verdadeiramente se assemelha ao que estamos chamando de símbolo. Espinosa diz que a profecia se manifesta no sonho porque é o âmbito mais provável da imaginação atuar, mas o que ainda não era de conhecimento de Espinosa é que sonho não é imaginação e sim conteúdos inconscientes que afloram durante o sonho e esses conteúdos inconscientes são os símbolos. Conclusão Os símbolos são elementos que se referem a algo que está além do sentido imediato, eles têm um significado oculto. Possuem uma grande importância para o homo religiosus e exercem uma enorme influência na vida do homem moderno, mesmo que ele não perceba. Eliade, ao analisar o fenômeno do sagrado, percebe que há duas formas de ser no mundo: a do homo religiosus e a do homem moderno. A vida do homo religiosus é constituída pelos símbolos, mitos e ritos formando assim a vida simbólica. Já o homem moderno passou por um processo de dessacralização das coisas, mas os símbolos ainda estão presentes, pois o sagrado sempre tende a surgir no profano. O homem moderno é herdeiro do passado, as suas características são iguais as do homo religiosus, mas devido ao processo de dessacralização sua vida simbólica é mais pobre. A importância da vida simbólica é fazer com as pessoas tenham uma significação na vida e saiam do processo de ser “nada mais do que” fazendo com as pessoas suportem as vicissitudes da vida e assim têm uma vida psíquica mais saudável. Um exemplo de significação da vida, exemplo de homo religiosus, são os profetas esses que foram material de estudo de Espinosa. O filósofo judeu, Espinosa, propõe, em sua teoria, que esses homens se distinguiam dos homens comuns pela sua imaginação mais viva e podemos compreender que o conceito de imaginação para Espinosa, se aproxima visivelmente, do que seria o conceito de símbolo e vida simbólica para Jung e de sagrado para Eliade. 55 Revista Primordium v.1, n.2, p. 47 - 55, jul./dez. 2016 ISSN: 2526-2106 http://www.seer.ufu.br/index.php/primordium Referências CHAUI, Marilena. Política de Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ELIADE, Mircea. A provação do labirinto: diálogos com Claude-Henri Rocquet. 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