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Coleção

INSTITUTO DE APOIO À CRIANÇA

Bruno Almeida, Catarina Matos,


Cátia Gonçalves e Rafaela Freitas
Psicólogos estagiários no SOS – Criança

Práticas Parentais
O impacto no desenvolvimento
da criança
Abril 2020

m
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Práticas Parentais
I

O impacto no desenvolvimento da criança

O que são,

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práticas parentais?

Atualmente, as práticas parentais têm ganho espaço na vida de vários profissionais


(investigadores, psicólogos, educadores, entre outros) e até mesmo dos próprios
pais, tutores e/ou representantes legais.
Então...

O que são, afinal, práticas parentais?


As práticas parentais são as ações e estratégias adotadas pelas figuras parentais pe-
rante as crianças com o objetivo de orientar o seu comportamento e desenvolvi-
mento físico, psicológico e social. Assim, estas estratégias implicam o modo como
os pais educam os filhos, como negoceiam as regras, estabelecem limites e ensinam
valores. As regras são diferentes de família para família, mas devem ser o mais claras
possível.

E agora que percebemos o que são as práticas parentais,


quais serão os seus objetivos?
• Criar na criança “comportamentos/hábitos” e atitudes que levem à redução de
comportamentos considerados indesejados e promovam comportamentos consi-
derados adequados.
• Permitir à criança que desenvolva de forma harmoniosa os seus comportamentos
e atitudes com o grande objetivo de progressivamente trabalhar a sua autonomia.

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Tipos de
práticas parentais

Da mesma forma que um comportamento semelhante assume em cada família um


significado diferente, também existem estilos diferentes dentro das próprias práticas
parentais.
Sabia que é possível dividir as práticas parentais
em quatro tipos diferentes?
Pois é…
Autoritário, Permissivo, Autoritativo e Negligente.

Cada estilo tem algumas características associadas


e interfere de forma diferente
no desenvolvimento da criança.
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Ser autoritário é:

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• Exercer frequentemente controlo.
• Criar regras rígidas e absolutas que têm que ser aceites pela criança sem discussão.
• Criar expetativas muito altas sobre a criança, principalmente em matéria de de-
sempenho.
• Ter uma postura menos afetuosa.
• Ter como solução frequente o castigo e a punição perante algum problema.

Tudo isto poderá trazer


algumas consequências:
• A criança torna-se menos capaz de fazer as coisas
sozinha – menor autonomia.
• A criança pode ter mais dificuldades em interagir socialmente,
sendo mais insatisfeita e provocadora.
• A criança só obedece, não entendendo o propósito das regras que acata.
• A criança tende a apresentar
mais conflitos com os pais.

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Ser permissivo é:

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• Ser pouco exigente, podendo a criança fazer o que entende – ausência
de regras e limites.
• Utilizar frequentemente recompensas como forma de resolver os conflitos.
• Nunca a castigar, independentemente do comportamento da criança.

Tudo isto poderá trazer algumas consequências:


• A criança tem ideias pouco claras do certo e errado.
• A criança sente-se insegura e desprotegida porque
não conhece as regras e os limites.
•Por não conhecer as regras, a criança na escola poderá
ter mais dificuldades em respeitá-las e cumpri-las,
refletindo-se tudo isto no seu desempenho escolar.

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Ser autoritativo é:

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• Exercer controlo, ainda que de forma controlada. Isto significa que é importan-
te controlar, mas fazê-lo de forma flexível, isto é, de acordo com a situação.
• Dar espaço para que exista o diálogo (comunicação bidirecional) em situações de
conflito e, sempre que possível, a negociação – ninguém ganha e ninguém perde,
conseguimos atingir um meio-termo.
• Acreditar que os pequenos também são capazes e, por essa razão, provocar o
estímulo que vai levar, aos poucos, a que a criança se torne autónoma.

Tudo isto poderá trazer


algumas consequências:
• Se há um controlo controlado, a criança rapidamente vai
aprender a controlar-se sozinha – autorregulação.
• Se há diálogo, a criança vai sentir que a sua opinião tem
importância e na presença de conflitos será capaz
de conversar e resolver de forma assertiva.
• Se há estímulo, a criança vai sendo capaz de, aos poucos,
realizar as tarefas sozinha e, por isso mesmo,
autonomizar-se.

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Ser negligente é:

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• “Deixar as crianças à deriva” – não existem regras, não há estímulo e nem comu-
nicação. Muitas vezes, as crianças brincam sozinhas; decidem o que querem fazer
e, até mesmo, comer, chegando a tomar decisões que devem, numa fase inicial, ser
tomadas pelos pais.

Tudo isto poderá trazer


algumas consequências:
• Se não há estimulo a criança tem maior dificuldade em
aprender a fazer as coisas sozinha – maior dependência.
• Se brinca sozinha, a criança poderá ter mais dificuldade a
brincar com os outros – problemas de socialização.
• Se toma decisões difíceis, a criança não vai ser capaz de
perceber quais são os limites – ausência de limites.

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“Práticas Parentais
Positivas”

Sabia que… Atualmente tem surgido dentro do tema “estilos parentais” um novo
conceito: “Práticas Parentais Positivas”

E o que são as “práticas positivas”?


É uma corrente filosófica que defende que a educação tem que ter na sua base alguns
elementos como a integridade, negociação e respeito e diálogo.

De que forma podemos identificar esses elementos


no quadro das relações parentais?

Por exemplo, a integridade está presente, pois a criança além de ser filha é também
um ser humano, o que faz com que a sua opinião deva ser ouvida e respeitada.
Por sua vez, a negociação está presente, uma vez que, quando algum assunto está
a ser discutido em casa, é importante que a criança seja incluída nesse debate para
que, em conjunto, todos consigam chegar a um acordo. Assim, estarão aqui também
implícitos o respeito e o diálogo.

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“parentalidade positiva

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na minha família?”

E agora, como posso criar uma


“parentalidade positiva na minha família?”

Experimente...
Colocar limites
de forma empática,
ou seja, para além
Fazer uma troca do
castigo pela reflexão.
de criar as regras,
Ao invés de castigar, explique-as para que
reflita com a criança sobre antes de as respeitar,
o que fez e explique o que Colocar-se no lugar a criança possa
podia ter acontecido caso da criança entendê-las.
a criança continuasse – “e se fosse comigo” – ,
o seu percebendo o que
comportamento. a criança pensa e sente
e de que forma a situação
poderia ser tratada
ou resolvida. Pedir à criança
que ajude em
diversas tarefas,
para que esta se
sinta envolvida
no que se faz.

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Uma sugestão…

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A psicóloga Clínica Maria Palha no seu livro “Uma caixa de primeiros socorros das
emoções” partindo do pressuposto de que se existe uma caixa de primeiros socor-
ros para as feridas comuns, sugeriu a criação de uma caixa de primeiros socorros
para as emoções. Assim e pensando em si, deixamos aqui uma pequena sugestão,
baseada no livro.

Com o material que dispõe em casa


poderá:
• Construir umas “Cartas yoga” – utilizadas
 na situação em que a criança se sente
ansiosa ou irritada.
• Fazer desenhos – sugira que a criança faça
u
 m desenho sobre alguma situação que a está
a incomodar e, de seguida, que desenhe sobre
uma possível solução, ajudando-a a refletir.
• Criar um quadro que contemple a forma
como a criança se sente (“como me sinto”)
e possíveis soluções para lidar com os
sentimentos (“o que posso fazer?”).
• Criar cartas com técnicas de respiração
(i.e: uma carta poderá ter a indicação para
que a criança, de cócoras, respire 4x).
• Construir garrafas sensoriais (i.e: pode usar
garrafas recicladas e inserir dentro destas
areia, glitter ou outros objetos).

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Família e Criança A parentalidade positiva tem demons-


trado alguns efeitos tanto na família
como no próprio desenvolvimento da
criança…

Família Criança

•F
 acilita
a expressão das emo- • Acriança passa a compreender
ções da criança. as regras e a ser capaz de cum-
pri-las.
•F
 acilita
a relação que a criança
tem com a figura parental e, até • A
criança passa a estar mais dis-
mesmo, com os seus pares. posta a pensar sobre si e sobre
os outros.
•F
 acilita
o diálogo, a cooperação
e o espírito de equipa. • Acriança passa a ser capaz de
pensar e reconhecer o que sen-
te, assim como o que os outros
sentem.
• Acriança ao ser envolvida em
todo o processo é uma criança
mais segura, mais capaz e mais
autónoma.

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Referências
Bibliográficas:

Baumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child beha-


vior. Child Development, 37: 887-907.

Baumrind, D. (1968). Authoritarian vs. authoritative parental control. Adoles-


cence, 3: 255-272.

Bolsoni-Silva, A. T., & Marturano, E. M. (2002). Práticas educativas e problemas


de comportamento: uma análise à luz das habilidades sociais. Estudos de Psico-
logia (Natal), 7 (2), 227-235.

Dias, M. (2015). Crianças felizes. A esfera dos livros: Lisboa.

Faber, A. (2012). Como falar para as crianças ouvirem e ouvir para as crianças
falarem. Guerra e paz: Lisboa.

Morgado, A. M., Dias, M. D. L. V., & Paixão, M. P. (2013). O desenvolvimento


da socialização e o papel da família. Análise Psicológica, 31 (2), 129-144.

Valente, C. (2016). Coaching para pais. A esfera dos livros: Lisboa.

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