Direito Das Coisas
Direito Das Coisas
Direito Das Coisas
Direito das Coisas é um livro que trata de três aspectos referentes à relação jurídica
entre a pessoa e a coisa:
O direito de vizinhança é transversal aos direitos reais. São regras que disciplinam a
relação entre o titular de um direito real ou de uma posse (ou detenção) e os vizinhos.
Portanto, o direito de vizinhança tem que ser observado pelo possuidor, pelo titular de
um direito real e pelo detentor.
O direito de vizinhança não é um direito real, é um regime jurídico normal do Direito
real, da posse e da detenção.
Uma consequencia prática é a passagem forçada que, por não ser um direito real, mas
inerente à condição de vizinho, não depende de registro em cartório.
OBS: O STJ entende que o encravamento não precisa ser oneroso, mas também
quando o acesso alternativo for muito oneroso.
3. Direito de construir (exemplo: infiltração em apartamento) – arts. 1299 a 1313.
4. Limites entre os prédios e direito de tapagem (arts. 1297 a 1298)
5. Águas (arts. 1288 a 1296)
6. Árvores limítrofes (arts. 1282 a 1284)
7. Uso anormal da propriedade (ou do Direito Real, da posse ou da detenção) –
arts. 1277 a 1281. Exemplo: ameaça de ruína do edifício vizinho – Ação de dano
infecto para exigir a demolição, a reparação ou alguma garantia.
Pelo proprietário
AÇÃO DE (será ação petitória)
DANO Pelo possuidor (será
INFECTO ação possessória)
Quem não tem posse, o dono de um apartamento alugado, por exemplo, não
pode usar os interditos possessórios. Se ele propuser uma ação possessória
ele perderá a ação. Na ação possessória somente se discute a posse, não a
propriedade. Tampouco é proibida a discussão da propriedade em outra ação
(espécie de litispendência).
Se a pessoa for titular de um direito real, o proprietário, por exemplo, o mais
adequado será a utilização de uma ação reivindicatória. O titular de direito real
tem o ius possidendi, como já explicado.
A ação possessória impede a ação reivindicatória.
Se a pessoa tem direito real, quase nunca deve ser usada a ação possessória.
b) Indenização por benfeitorias (arts. 1219 a 1222): Quem tem posse de
boa-fé tem direito a indenização das benfeitorias necessárias e úteis + o direito
de retenção. As benfeitorias voluptuárias não geram direito a indenização,
apenas ao levantamento.
Quem tem posse de má-fé somente tem direito a indenização das benfeitorias
necessárias, para evitar o enriquecimento sem causa.
c) Frutos (arts. 1214 a 1216) – apenas para o possuidor de boa-fé;
d) Dever de indenizar deteriorações da coisa ou perecimento, a depender
se a posse é de boa-fé ou má-fé e se o dano decorre de caso fortuito ou não;
e) usucapião.
Aula 6 - Detenção:
3) Detenção: Decorre de uma situação de fato que não produz efeitos
jurídicos. É a posse desqualificada, degradada juridicamente. A doutrina admite
que o detentor possa usar a autotutela da posse. O caseiro de um imóvel rural,
por exemplo, pode se valer da força física para impedir o esbulho da
propriedade de seu patrão.
Teorias da Posse:
Teoria subjetiva da posse: Elaborada por Savigny, na Alemanha (Tratado de
Posse).
POSSE = CORPUS + ANIMUS DOMINI
Para que o sujeito seja possuidor, e não mero detentor, é necessário que ele
tenha o domínio sobre a coisa e tenha a intenção de ser dono.
O inquilino tem o domínio, mas não tem a intenção de ser dono, logo não é
possuidor, mas detentor.
Teoria objetiva da posse: Elaborada pelo aluno de Savigny, Rudolph Von
Ihering. Para Ihering, o aspecto psicológico é irrelevante, uma vez que a
pacificação social não pode ficar dependendo de aspectos internos ao animo
da pessoa, inalcançável pelo observador externo.
POSSE = CORPUS
1. Quanto à licitude de sua origem: Posse justa x Posse injusta (art. 1.200)
A posse será justa quando houver uma licitude no seu nascedouro. Posse justa
é aquela que não é violenta, clandestina ou precária. Durante a violência ou
clandestinidade há mera detenção. Após a cessação, há posse injusta.
A doutrina discute se o rol do art. 1200 é taxativo ou não. Majoritariamente, o
rol é visto como exemplificativo. Por isso, é possível ter a posse injusta mesmo
que não decorrente de violência, clandestinidade ou precariedade. Um
exemplo é a invasão de um imóvel.
A posse injusta ou justa é útil para a decisão de mérito nas ações possessórias.
2. Quanto à existência de boa-fé ou não (arts. 1.201 e 1.202)
O CC/02 adota um critério subjetivo (cognitivo). A pessoa estaria de boa-fé se
ela ignora os vícios de sua ocupação. O art. 1.202 presume a boa-fé. Portanto,
todo aquele que ocupa um imóvel, em regra, está de boa-fé. As circunstâncias
podem afastar essa presunção.
As consequências práticas de definir uma posse como de boa-fé ou má-fé são
para o tratamento dado às benfeitorias, frutos, usucapião, construção e
plantação em terreno alheio, acessões mobiliárias etc.
Também há presunção de boa-fé se a pessoa tiver um justo título. Justo título é
um documento que, de acordo com o caso concreto, suscita uma legítima
expectativa de regularidade.
A posse pode ser transmitida por meio da tradição, real ou ficta. Um dos meios de
prova da transmissão da posse são os contratos de cessão de direito de posse,
geralmente ocupações irregulares.