Agravo de Instrumento

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

JUÍZO DE ORIGEM: 45ª VARA CÍVEL DE BELÉM


PROCESSO DE ORIGEM: 0000999- 99.2023.814.0399
AGRAVANTE: ROBERTO MARTINS
AGRAVADO: BANCO ARGENTÁRIO S.A e DADUS CONTROLADORA DE
CADASTROS DE CONSUMIDORES.

ROBERTO MARTINS, casado, pedreiro, portador da Carteira de


Identidade de nº 555.666 - PC/PA, e do CPF nº 555.555.552-55, residente e
domiciliado na Rua Y, nº 10, Guamá, Belém/PA, por intermédio de sua advogada,
nos autos da ação indenização por danos morais em trâmite perante a 45ª VARA
CÍVEL E EMPRESARIAL da Comarca de Belém, processo nº 0000999-
99.2023.814.0399, que move em face de duas requeridas, a) Banco Argentário S.A.,
CNPJ XYZ.888/0001-20, com filial em Belém na Av. X, nº 981, Cidade Velha, CEP
66.212.232; b) DADUS Controladora de Cadastros de Consumidores Inadimplentes,
CNPJ 999.777.0001-98, com filial em Belém na Av. ABC, no 171, Cidade Velha, CEP
66.454-890, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, não se conformando
com a decisão proferida pelo Juízo a quo, vem, respeitosamente, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

O que faz com fundamento no art. 1.015, V, e seguintes do Código de


Processo Civil.

Av. Alcindo Cacela, nº 980, Umarizal, Belém-PA, CEP 66.060-217 — (91) 4009.9185
Em cumprimento ao art. 1016, IV do CPC, informa o Agravante nome e
endereço dos advogados constantes do processo:

PELO AGRAVANTE:
Shayanne Thays Sousa Duarte (OAB/PA nº 21060238), conforme cópia
anexa da procuração.

PELOS AGRAVADOS:

Maria Ferreira (OAB/PA no 99.876) e Cláudia Câmara (OAB/PA no 99.654),


de e-mail: [email protected] e endereço na Rua Feliz, nº. 532, comércio,
Belém/PA, representando ambos.

Junta-se, desde logo, cópia das peças processuais dos autos, entre elas, as
seguintes peças obrigatórias:
a) Cópia da r. decisão agravada (doc. 01);
b) Cópia da procuração e substabelecimento outorgado aos advogados
(doc.02);
c) Cópia da petição inicial que gerou a decisão agravada (doc. 03);

No mais, por entender pertinentes à comprovação de que o Agravante faz


jus à gratuidade da justiça, conforme será demonstrado no bojo desta peça, junta-se
os seguintes documentos:
a) Declaração de hipossuficiência (doc. 04);
b) Conta de energia (doc. 05);
c) Carteira de trabalho (doc. 06);

Impende ainda destacar que o Agravante deixou de recolher custas


processuais por pretender ser beneficiário da justiça gratuita, conforme será
solicitado.

Av. Alcindo Cacela, nº 980, Umarizal, Belém-PA, CEP 66.060-217 — (91) 4009.9185
Termos em que,
Pede deferimento.

Belém, 08 de novembro de 2023.

SHAYANNE THAYS SOUSA DUARTE


OAB/PA nº 21060238.

Av. Alcindo Cacela, nº 980, Umarizal, Belém-PA, CEP 66.060-217 — (91) 4009.9185
JUÍZO DE ORIGEM: 45ª VARA CÍVEL DE BELÉM
PROCESSO DE ORIGEM: 0000999- 99.2023.814.0399
AGRAVANTE: ROBERTO MARTINS
AGRAVADO: BANCO ARGENTÁRIO S.A e DADUS CONTROLADORA DE
CADASTROS DE CONSUMIDORES.

EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA TURMA,
Sr(a) Desembargador(a) Relator(a),

RAZÕES RECURSAIS

DA TEMPESTIVIDADE DO PRESENTE RECURSO


A publicação da decisão interlocutória agravada no Diário da Justiça ocorreu
no dia 29 de setembro de 2023, conforme publicação anexa.
Destarte, o prazo de 30 dias para interposição de Agravo de Instrumento,
dada a prerrogativa atribuída ao Núcleo de Prática Jurídica do Centro Universitário
do Estado do Pará – CESUPA, configurado prazo em dobro, como disposto nos
termos do Artigo 186 §3º, do CPC, terminará no dia 14 de novembro de 2023.
Desse modo, é tempestivo o recurso.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita assegurado pela
Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV, Lei Federal 1.060/50, e artigos 98 e 99, §3º,
do CPC, por não ter condições de arcar com custas, despesas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de suas famílias,
conforme atestado de hipossuficiência econômica em anexo, indicando este Núcleo
de Prática Jurídica para o patrocínio da causa.

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DA SÍNTESE DO PROCESSO E DA DECISÃO AGRAVADA.

O agravante, Roberto, impetrou ação de indenização por danos morais


em face das requeridas: a) Banco Argentário S.A e b) DADUS Controladora de
Cadastros de Consumidores Inadimplentes, em razão da cobrança insistente e
vexatória por uma operação de mútuo bancário que jamais ocorreu, além de
inclusão do dados do agravante nos cadastros de negativação que lhe trouxe graves
prejuízos.
O agravante vem sendo cobrado desde 10 de agosto de 2023 pela
primeira requerida, tendo seus dados inseridos negativamente no cadastro da
segunda requerida em 01 de setembro de 2023, a mando da primeira requerida.
Outrossim, o Agravante requereu na ação uma tutela de urgência para
que seu nome fosse retirado dos cadastros de cobrança para que cessasse as
intensas ligações e mensagens por celular, além de buscar indenização pelos danos
morais sofridos, uma vez que causou intransponível impedimento de conseguir novo
emprego.
O juiz de direito da 45ª Vara Cível de Belém indeferiu os pleitos
formulados no processo originário, no entanto limitando-se a proferir decisão
genérica. É possível identificar que há impetuosa ausência de fundamentação na
decisão, conforme os termos do § 1º do art. 489 do Código de Processo Civil, que
dispõe sobre elementos essenciais da sentença e não considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão.
Isto posto, o despacho que indefere os pleitos foi proferido com ausência
de fundamentação legal, uma vez que a decisão indeferiu fundamentando apenas
por ausência de requisitos legais, não informando por quais razões legais não foram
preenchidos os requisitos, tampouco quais seriam os requisitos. Nestes termos,
como dispõe o Art. 20 da Lei nº 4.657 de 1942 - LINDB, nas esferas administrativa,
controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem
que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

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Com base no exposto, conclui-se que a decisão sem fundamentação viola
o princípio da ampla defesa, incorrendo também em violação ao Devido Processo
Legal disposto no art. 5º, LIV no qual dispõe que ninguém será privado da liberdade
ou de seus bens sem o devido processo legal.
Por todas as razões apresentadas, peço que conheça e dê provimento
para anular a decisão proferida anteriormente.

DO MÉRITO RECURSAL
DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.
AGRAVANTE ASSISTIDO PELO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA.

O Agravante requereu a gratuidade da justiça, tendo em vista que é


assistido pelo Núcleo de Prática Jurídica do CESUPA e não teria como arcar com os
custos da ação sem que isto prejudicasse o seu sustento e de sua família. Dessa
forma, o processo originário tramita perante a 45ª Vara Cível de Belém, sob o nº
0000999- 99.2023.814.0399.
No que se refere à decisão agravada, o juízo a quo, ao receber o
processo, indeferiu a gratuidade da justiça,
Diante do indeferimento do pedido de concessão dos benefícios da
gratuidade da justiça, o Agravante apresenta este recurso pleiteando a concessão
de tais benefícios, em razão de sua comprovada hipossuficiência.
Em primeiro lugar, em sede de petição inicial, o Recorrente apresentou
Declaração de Hipossuficiência Econômica e Termo de Compromisso assinada,
declarando sob as penas da Lei que não tem condições de arcar com as despesas
processuais, demonstrando ser hipossuficiente economicamente. Além disso, o
Agravante apresentou conta de energia elétrica no valor de R$ 120,73 (cento e vinte
reais e setenta e três centavos).
Embora a alegação de hipossuficiência configure presunção meramente
relativa, conforme entendimento do TJPA, é necessário atentar a outras

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características da lide, as quais apontam para o fato de que o Agravante merece que
seja concedido o referido benefício processual.
Por exemplo, a procuração juntada aos autos outorga poderes ao Núcleo de
Prática Jurídica, o qual tem como requisito sine qua non o atendimento ao público de
baixa renda. Inclusive, o Núcleo de Prática Jurídica do Centro Universitário do
Estado do Pará patrocina apenas causas de assistidos que tenham como renda
mensal, no máximo, dois salários mínimos. Isto é, o fato de o Agravante ser
assistido pelo NPJ, por si só, é uma prova de sua hipossuficiência econômica.
Inclusive, decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
corrobora com este entendimento1, conforme trecho colacionado a seguir:
Assiste razão a magistrada “a quo”, quando afirma que a declaração
de incapacidade econômica gera uma presunção relativa, podendo o
juiz desconsiderá-la diante de dados concretos constantes dos autos.
No caso em tela, há que se observar que o Autor/Agravante é
assistido pela Defensoria Pública, o que pressupõe uma prévia
aferição de sua incapacidade financeira, a confirmar a alegada
miserabilidade jurídica.
(...)
Assim, caracterizada a hipossuficiência econômica, trazendo o
cabimento da concessão da gratuidade.

Caso ainda se entenda necessário maiores comprovações, junta-se aos


autos a conta de energia elétrica de Roberto, referente ao período 09/2023, no valor
de R$ 120,73 (cento e vinte reais e setenta e três centavos), atestando que se trata
de pessoa que sobrevive com baixos gastos mensais. Junta-se, também, a Carteira
de Trabalho e Previdência Social do Agravante, comprovando sua situação de
desemprego.
Portanto, o que existe nos autos não é apenas a declaração de
hipossuficiência, mas sim um conjunto de comprovações que, analisadas em sua

1
Processo 0010194-16.2007.8.19.0000, Agravo de Instrumento, Des. Relator Ricardo Couto de
Castro, julgamento 17/07/2007, Terceira Câmara Cível. Acesso em:
http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ProcessarConsJuris.aspx?PageSeq=1&Version=1.1.5.3.

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integralidade, apontam para a verossimilhança do pedido do Agravante, tendo em
vista que o mesmo faz jus à gratuidade da justiça.
Não há qualquer prova neste processo que indique a capacidade econômica
do Agravante, muito pelo contrário. O cotejo das provas apresentadas indica
justamente a hipossuficiência do Recorrente, de tal forma que não há que se falar
em ausência de preenchimento dos requisitos para que o Agravante seja
beneficiário da gratuidade da justiça.
O art. 98 do CPC determina que a pessoa natural ou jurídica poderá pleitear
a gratuidade da justiça, em caso de insuficiência de recursos para pagar as custas.
Por sua vez, o art. 99, §2º do CPC dispõe:
Além disso, a decisão de ID 11522492, proferida em 29/09/2023, sustenta o
seguinte:
"Intime-se o autor para comprovar o pagamento
das custas judiciais em 10 dias, sob pena de extinção do
feito sem mérito e sua condenação nas custas
suportadas pelos réus com seus advogados."

Em primeiro lugar, no contexto da lide que se apresenta, é, no mínimo,


desarrazoada. Primeiro porque a natureza e o objeto discutidos são de baixo valor,
de um indivíduo – o Agravante – que está cadastrado como inadimplente por uma
operação bancária que nunca ocorreu e encontra-se, inclusive, prejudicado no pleito
por um novo emprego.
No mais, o art. 99, §3º do CPC determina que “presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”, o que é o
caso.
Conforme preceitua o art. 101 c/c art. 1.015, V do CPC, contra a decisão que
indeferir a gratuidade da justiça ou a que acolher o pedido de sua revogação caberá
agravo de instrumento e, em atenção ao §1º do art. 101:
§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até
decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento
do recurso.

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Dessa forma, sendo latente a necessidade de concessão do benefício da
justiça gratuita à parte Agravante, requer-se a reforma da decisão agravada, para
que seja concedido o referido benefício, devendo ser REFORMADA a decisão
proferida pelo juízo a quo.

DOS PEDIDOS FINAIS

Considerando o exposto, requer o agravante:


1. Que o presente agravo seja CONHECIDO e PROVIDO em sua
integralidade;
2. Que sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, por ser pobre
nos termos da lei;
3. Que seja anulada a decisão que indeferiu os pedidos do processo de
origem.

Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Belém, 08 de novembro de 2023.

SHAYANNE THAYS SOUSA DUARTE


OAB/PA nº 21060238

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