Puil 825
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ACÓRDÃO
Documento: 2276596 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/06/2023 Página 2 de 7
Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI Nº 825 - RS
(2018/0131584-1)
RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA
REQUERENTE : UNIÃO
REQUERIDO : JUNIOR LEITE AMARAL
ADVOGADOS : SEBASTIÃO LEITE AMARAL E OUTRO(S) - RS041849
DÉBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE -
MT010345
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - DF034238
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
3. Situação que justifica um distinguishing em relação ao entendimento
firmado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça nos autos da
Pet n° 8.345/SC e da Pet n°9.867/PE.
4. Interpretação que vai ao encontro do entendimento esposado pela
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça nos autos do AgRg no
Resp 1424704/PE, rel. Ministro Herman Benjamin, Dje 20/06/2014, no
sentido de que os membros da Defensoria Pública Federal também fazem
jus ao recebimento da ajuda de custo em casos de remoção, pois somente
podem obter o deslocamento se for a pedido, por promoção ou em
decorrência de pena disciplinar, haja vista possuírem a garantia
constitucional da inamovibilidade.
5. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃO PROVIDO. (fls. 520/521).
Nas razões do pedido dirigido a este Superior Tribunal, fls. 530 a 544, alega a
União que o acórdão recorrido diverge diametralmente do consolidado e atual entendimento
jurisprudencial do STJ, este firmado no sentido de que ,“no caso de remoção a pedido, não
há direito ao recebimento de ajuda de custo, sendo devida a indenização apenas em caso
de remoção de ofício, nos termos do art. 227, I, a, da Lei n. 75/93” (fl. 534), citando, em
endosso ao argumento, o AgRg no AResp 649.985/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe de 23/3/2015.
Em contrarrazões, fls. 611 a 622, a parte recorrida argumenta, em preliminar,
que o conhecimento do incidente demandaria reexame de matéria de fato. No mérito, requer o
provimento do pedido, firme em que, “no versado, ao diverso do alegado pela União, a
jurisprudência dominante do E. Tribunal Superior é na mesma trilha da decisão impugnada, ou
seja, em sentido diametralmente oposto ao defendido pela Recorrente” (fl. 614).
O Ministério Público Federal, pela pena do Subprocurador-Geral da República
Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, manifestou-se pelo não provimento do pedido, nos
termos do parecer às fls. 759/763, assim ementado:
Feito isento de custas, conforme prevê o art. 3º, IV, da Resolução STJ/GP n.
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2, de 1º de fevereiro de 2017.
Representação ex lege.
É o relatório.
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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI Nº 825 - RS
(2018/0131584-1)
RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA
REQUERENTE : UNIÃO
REQUERIDO : JUNIOR LEITE AMARAL
ADVOGADOS : SEBASTIÃO LEITE AMARAL E OUTRO(S) - RS041849
DÉBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE -
MT010345
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - DF034238
EMENTA
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VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
Na espécie, como relatado, o intento da União é o de ver reformado o acórdão
proferido pela TNU e, para isso, afirma ter ocorrido “afronta a jurisprudência pacificada do
Superior Tribunal de Justiça, responsável último pela uniformização da lei federal” (fl. 534),
indicando, nesse viés, decisão da Segunda Turma (AgRg no AResp n. 649.985/SC, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, DJe de 23/3/2015). Aponta, ainda, julgados
monocráticos em que, alegadamente, outros Ministros integrantes da mesma Segunda Turma
teriam manifestado entendimento no sentido da impossibilidade de pagamento de idêntica
ajuda a integrantes do Ministério Público Federal. No mais, fls. 540/543, declina razões
adicionais e de índole essencialmente constitucional, mediante as quais conclui, in verbis:
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jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça – STJ”.
Por oportuno, quanto a esse quarto aspecto, à falta de baliza
normativo-conceitual específica, tem-se que a locução "jurisprudência dominante", para fins do
manejo de pedido de uniformização de interpretação de lei federal (PUIL), deve abranger não
apenas as hipóteses previstas no art. 927, III, do CPC, mas também os acórdãos do STJ
proferidos em embargos de divergência e nos próprios pedidos de uniformização de lei federal
por ele decididos, como proposto no alentado voto-vista da Ministra Regina Helena Costa,
unanimemente acatado por este Colegiado. Vale, no ponto, reproduzir os fundamentos
declinados por Sua Excelência:
"[...] entendo pela impossibilidade de se limitar o conceito de jurisprudência
dominante, contido no art. 14, § 4º, da Lei n. 10.259/2001, ao rol dos julgados listados no
art. 927, III, do CPC/2015 (IRDR, IAC e recurso especial repetitivo) [...] a adoção de tal
fundamentação, em meu sentir, inviabilizaria, pela Turma Nacional de Uniformização, a análise
de possível violação a entendimentos firmados em Embargos de Divergência pela Corte
Especial e pela Primeira Seção, bem como às teses fixadas no julgamento dos Pedidos de
Uniformização de Lei Federal, hipóteses nas quais, induvidosamente, se pode extrair a
jurisprudência dominante ou mesmo uniforme para além do IRDR, do IAC e dos recursos
especiais repetitivos".
No caso sob exame, ressalte-se, o único acórdão invocado pela parte
requerente (União) não se insere em nenhuma das modalidades decisórias acima demarcadas,
em contexto que faz inviabilizar o conhecimento de seu pedido uniformizador.
Estabelecidos, pois, esses novos parâmetros acerca da expressão
"jurisprudência dominante", agora com maior amplitude, dá-se por superado o entendimento
restritivo outrora firmado no AgInt no PUIL n. 1.799/DF, relator Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Seção, DJe de 7/10/2022, que recebera a seguinte ementa:
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súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça
-STJ".
3. O conceito de "jurisprudência dominante", para efeitos do manejo do
pedido de interpretação de lei federal, deriva da dicção do art. 927 do
CPC e pressupõe, como paradigmas, decisões proferidas em IRDR
instaurado nas ações originárias do STJ, do IAC, de recursos especiais
repetitivos (inciso III); de súmulas do STJ (inciso IV); ou, ainda, de
julgamentos em plenário ou por órgão especial (inciso V).
4. Não se pode ter por "jurisprudência dominante" a compreensão
encontrada em um único julgado de órgão fracionário, não consolidada
em reiteradas decisões posteriores. Precedentes: AgInt na Pet n.
10.963/PE, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, DJe de
22/2/2018; e Pet n. 10.239/RS, relator Ministro Mauro Campbell Marques,
Primeira Seção, DJe de 19/5/2015.
5. Agravo interno não provido.
(AgInt no PUIL n. 1.799/DF, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Seção, DJe de 7/10/2022.)
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro SÉRGIO KUKINA
Ministro Impedido
Exmo. Sr. Ministro : MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretária
Bela. MARIANA COUTINHO MOLINA
AUTUAÇÃO
REQUERENTE : UNIÃO
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DÉBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE - MT010345
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - DF034238
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto do Sr. Ministro Relator não conhecendo do pedido de uniformização de
interpretação de lei federal, pediu vista a Sra. Ministra Regina Helena Costa. Aguardam os Srs.
Ministros Gurgel de Faria, Paulo Sérgio Domingues, Francisco Falcão, Humberto Martins, Herman
Benjamin e Benedito Gonçalves.
Impedido o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Assusete Magalhães.
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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI Nº 825 -
RS (2018/0131584-1)
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DÉBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE -
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CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - DF034238
LUCAS CAPOULADE NOGUEIRA ARRAIS DE SOUZA -
DF045157
VOTO-VISTA
I. Delimitação da controvérsia:
Por fim, o voto proposto pelo Sr. Ministro Relator consigna a não
comprovação da divergência jurisprudencial, ao seguinte fundamento:
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro SÉRGIO KUKINA
Ministro Impedido
Exmo. Sr. Ministro : MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DARCY SANTANA VITOBELLO
Secretária
Bela. MARIANA COUTINHO MOLINA
AUTUAÇÃO
REQUERENTE : UNIÃO
REQUERIDO : JUNIOR LEITE AMARAL
ADVOGADOS : SEBASTIÃO LEITE AMARAL E OUTRO(S) - RS041849
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CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - DF034238
LUCAS CAPOULADE NOGUEIRA ARRAIS DE SOUZA - DF045157
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Regina Helena Costa, a
Primeira Seção, por unanimidade, não conheceu do Pedido de Uniformização de Interpretação de
Lei Federal, nos termos da reformulação de voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Regina Helena Costa (voto-vista), Gurgel de Faria, Paulo Sérgio
Domingues, Humberto Martins, Herman Benjamin e Benedito Gonçalves votaram com o Sr.
Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Assusete Magalhães.
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