Gênero Discursivo Oratória - Diálogos Possíveis Nas

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GÊNERO DISCURSIVO ORATÓRIA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS NAS

AULAS DE LINGUAGEM JURÍDICA

ORATORY: A DISCOURSE GENDER FOR POSSIBLE DIALOGS IN LEGAL


LANGUAGE CLASSES

Tatiane Henrique Sousa Machado1

MACHADO, T. H. S. Gênero discursivo oratória: diálogos possí-


veis nas aulas de linguagem jurídica. Akrópolis Umuarama, v.
19, n. 3, p. 203-211, jul./set. 2011.

Resumo: O presente estudo trata-se de uma pesquisa-ação realizada


nas aulas de Linguagem Jurídica no primeiro ano do curso de Direito
no ano de 2010. O objetivo inicial da pesquisa era oportunizar o uso
da oralidade em situações formais de uso. Para tanto, escolhemos o
gênero discursivo oratória. Para fundamentação desta pesquisa as-
sumimos uma concepção enunciativa/discursiva de linguagem. Desse
modo, este estudo fundamenta-se nos pressupostos de Bakhtin acer-
ca dos gêneros do discurso como enunciados relativamente estáveis,
dotados de um conteúdo temático, estilo e composição. Assim, por
meio da prática realizada pudemos observar que mesmo na atualidade
perdura o receio em relação à exposição oral diante de um público,
sendo assim, faz-se necessário o tratamento dos gêneros discursivos
orais nas diferentes fases escolares, já que a fluidez do diálogo fami-
liar ou amigável, não se transfere automaticamente numa situação de
1
Docente de Língua Portuguesa e discurso mais formal que pressupõe outras estratégias de manifesta-
Linguagem Jurídica da Universidade ção. Observamos ainda, que ao colocar-se no púlpito diante da plateia,
Paranaense – UNIPAR. Pós-graduando alteram-se os papeis sociais, já que agora acadêmico e colegas, não
do Programa de Mestrado e Doutorado
partilham mais das mesmas funções sociais, cabendo ao primeiro or-
em Letras da Universidade Estadual de
ganizar um discurso, suscitando o engajamento e ao segundo a postu-
Maringá- [email protected]
ra de ouvinte. Sendo assim, neste estudo notamos o quanto a prática
da oralidade em ambientes formais pode propiciar ao aluno condição
de adaptação às diferentes situações comunicativas concretas que en-
volvam o emprego do discurso oral formal. Por fim, vale destacar a
necessidade de estímulo e planejamento, objetivando o envolvimento
da turma a atividade pretendida.
Palavras-chave: Gêneros discursivos orais. Oratória. Interação.

Recebido em julho 2011


Aceito em setembro 2011

Akrópolis, Umuarama, v. 19, n. 3, p. 203-211, jul./set. 2011


MACHADO, T. H. S.

INTRODUÇÃO interação verbal e os gêneros orais, priorizan-


do a oratória e posteriormente focalizaremos a
O domínio da oralidade em diferentes si- apresentação da prática realizada em sala, bem
tuações comunicativas é uma exigência latente como a análise dos resultados obtidos. Acredi-
na sociedade atual. Em contraponto a crescen- tamos que este estudo configura-se como uma
te exposição digital, percebemos que os indiví- pequena contribuição sobre as estratégias de
duos em situações que demandam exposição uso prático da oralidade em contextos formais,
oral de um conteúdo ou opinião revelam inibição demonstrando o potencial de tratamento dos gê-
ou mesmo medo. Logo, conforme afirma Dutra neros orais no ensino adaptáveis aos diferentes
(2004) o homem comunica-se com muitos fre- níveis de escolaridade.
quente e simultaneamente estimula a mente por
meio do telefone, secretárias eletrônicas, inter- OBJETIVOS
net, dentre outros, ou seja, a tecnologia também
está a serviço da comunicação oral e escrita. O objetivo inicial era realizar atividades
Entretanto, em situações concretas de exposi- que envolvessem a linguagem oral em diferen-
ção oral, os papeis e as imagens que fazemos tes situações de uso no curso de Direito, bem
do ‘outro’ podem interferir diretamente na efeti- como a exposição de argumentos. A motivação
vação da comunicação. se deu devido à inadequação do uso da lingua-
Logo, consoante a essa crescente ne- gem oral em diferentes contextos de uso. Além
cessidade de comunicação, seja virtual ou física, disso, também procurava-se criar situações de
cabe a escola e a universidade voltar seu olhar manifestação oral em situações formais, que
às diferentes práticas discursivas orais com as aproximassem do uso que o profissional da área
quais nossos alunos defrontam-se no decorrer jurídica depara-se corriqueiramente. Essa apro-
da vida, demonstrando a língua oral em uso em ximação além de demonstrar as variedades e
diferentes situações enunciativas. adequações necessárias a escrita e a fala auxi-
Neste sentido, o presente estudo, ca- liaria os acadêmicos lidarem com situações de
racteriza-se como pesquisa-ação de ordem in- maior rigidez de apresentação, buscando supe-
terpretativa, a partir da concepção interacionista rar seus medos e receios, bem como aprender
de língua com ênfase na abordagem sócio-his- a posicionar-se como locutor e como interlocutor
tórica, a luz da Linguística Aplicada e pressu- (ouvinte) em diferentes enunciados socialmente
postos teóricos bakhtianianos, visando analisar utilizados.
a prática do gênero discursivo oratória no nível
superior de ensino. Para tanto, apresentaremos METODOLOGIA
uma prática realizada durante as aulas de Lin-
guagem Jurídica nas turmas de 1º ano do curso O presente estudo possui base qualita-
de Direito. Vale destacar que o trabalho com a tiva e interpretativista segundo a natureza de
oratória partiu de uma necessidade da turma e seus dados. Neste sentido, procura-se compre-
da profissão escolhida, que demanda o uso da ender e interpretar os fenômenos e/ou aconte-
língua oral em diferentes momentos de formali- cimentos arrolados nos limites da sala de aula.
dade e para diferentes interlocutores. Portanto, Long (1982) define metodologia qualitativa como
ao abordar esse conteúdo todos acadêmicos aquela que apresenta um estudo etnográfico –
sentiram motivados e engajados, já que tinham estudo do sentido social de um dado aspecto
diferentes expectativas acerca da apresentação em contextos particulares, no caso, a sala de
de possíveis ‘técnicas de oratória’ que sanariam aula – no qual os pesquisadores observam e
suas inquietações. Sendo assim, este gênero analisam os dados ao invés de testar hipóteses.
foi escolhido por demandar a exposição oral de Portanto, neste tipo de estudo o professor in-
argumentos em ambientes de formalidade, as- vestiga sua prática e consequentemente como
semelhando-se as situações concretas de uso esta pode ser direcionada aos alunos de forma
da oralidade com a qual o profissional de Direito mais significativa. Configura-se ainda como uma
depara-se no cotidiano. pesquisa-ação, pois parte da busca do docente
Assim, o presente estudo organiza-se a pela compreensão de problemas previamente
partir da apresentação dos objetivos; metodo- identificáveis, buscando aprimorar sua prática.
logia; posteriormente discutimos conceitos de Segundo Nunan (1992) pesquisa-ação é um

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Gêneros discursivo oratória...

estudo realizado por professores que usam o verbal constitui assim a realidade fundamen-
status de participantes como base para desen- tal da língua.
volver habilidades de observação e análise da
prática docente. Desse modo, o trabalho com a linguagem
Além disso, destaca André (2004) que a em sala de aula deve, obrigatoriamente, obser-
pesquisa-ação envolve um plano de ação com var que o processo interativo se estabelece a
enfoque nos objetivos; bem como no acompa- partir de uma dada finalidade social que envolve
nhamento do processo e no controle da ação uma relação valorativa em relação a esse “outro”
planejada, bem como o relato desse mesmo pro- como partícipe da enunciação. Nesse contexto,
cesso. Logo, a presente pesquisa foi realizada cabe ao professor e ao texto lido o papel de me-
durante as aulas de Linguagem Jurídica no cur- diadores, pois é por meio deles que a interação
so de Direito, buscando investigar estratégias de se estabelecerá.
inserção da oralidade em diferentes instâncias Por conseguinte, o trabalho com a orali-
oportunizadas nas aulas, visando destacar o tra- dade na sala de aula deve ser organizado obje-
tamento da linguagem como interação. Portanto, tivando a manifestação da expressão consoante
a pesquisadora, em contato com seus alunos, a este ‘outro’, função social e gênero, visualizan-
organizou planos de aulas que focalizassem a do o ouvinte como coprodutor, ou seja, produtor
oralidade, aplicou-os nas suas turmas para pos- de novos sentidos, manifestados por meio da
teriormente descrevê-los e analisá-los. atitude responsiva.
Consoantes aos pressupostos de
DIMENSÃO INTERACIONAL NA LINGUAGEM Bakhtin/Volochinov (2004, p.113) “(...) toda pa-
E A ORALIDADE lavra comporta duas faces. Ela é determinada
tanto pelo fato de que procede de alguém, como
A interação verbal caracteriza-se como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela cons-
um fenômeno social, manifestado por intermédio titui justamente o produto da interação do locutor
da enunciação e constituindo-se como realidade e do ouvinte”. Interação essa de natureza social,
fundamental da língua, uma vez que nos comu- já que aqui são partilhados: julgamento de valor,
nicamos e interagimos constantemente por meio crenças e ideologias situadas historicamente e
da linguagem. Portanto, compreendemos que a socialmente; e que definirão os dizeres autori-
linguagem como atividade humana possui um zados ou não, o estilo e o gênero a ser empre-
legado histórico e cultural, já que por meio dela gado em detrimento da relação com o outro e
manifestam-se as relações históricas e sociais a situação imediata. Ainda em relação a essa
de seus locutores. diferenciação Bakhtin/Volochinov (1992, p.112)
Assim, conforme pressupostos de pontuam:
Bakhtin e o círculo o estudo da língua deve pau-
tar-se nas situações sociais, compreendendo- A palavra dirige-se a um interlocutor: variará
-a como fato social, em que estão envolvidos se se tratar de uma pessoa do mesmo grupo
social ou não, se esta for inferior ou superior
diferentes indivíduos, pois nos comunicamos
na hierarquia social [...] Não pode haver in-
sempre com o “outro” e é a ele que buscamos terlocutor abstrato; não teríamos linguagem
convencer ou refutar. Logo, nosso discurso em comum com tal interlocutor, nem no sentido
todos os momentos é perpassado por diferentes próprio, nem no figurado.
vozes que permitem a construção da ‘nossa pa-
lavra’, que parte necessariamente na ‘palavra do E nesse processo, consoante aos estu-
outro’. Por conseguinte, a concepção de palavra dos de Vygotsky, cabe ao docente a função de
neutra para Bakhtin (2003, p. 125) é mera ilusão, ‘par superior’, capaz de mediar o trabalho obje-
pois: tivando à efetivação da expressão em conformi-
dade aos aspectos exteriores (condições reais
A verdadeira substância da língua não é de enunciação – situação imediata e interlocu-
constituída por um sistema abstrato de for-
tor). Entretanto, a explicitação destes fatores
mas linguísticas nem pela enunciação mono-
no ambiente escolar não é tarefa fácil e caberá
lógica isolada, nem pelo ato psicofisiológico
de sua produção, mas pelo fenômeno social mais uma vez ao docente criar estratégias que
de interação verbal, realizada através da se aproximem dos usos da linguagem na socie-
enunciação ou das enunciações. A interação dade.

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Neste sentido, partilhamos da opinião de comunicação verbal (relação com o ouvinte,


Antunes (2003, p. 99), que compreende a orali- ou com o leitor, com o interlocutor, com o dis-
dade como constante “prática social que envol- curso do outro, etc.) (BAKHTIN, 2003, p.266)
ve dois ou mais interlocutores em torno de um
sentido ou intenção particular”, logo, semelhan- Portanto, os discursos são construídos
temente a escrita serve à interação verbal por em consonância as esferas da atividade huma-
meio de diferentes gêneros, logo, não há sentido na (escola, trabalho dentre outros) e materiali-
em pensar a fala como local de espontaneidade, zam-se de acordo com essas necessidades.
relaxamento ou falta de planejamento e descui- Por conseguinte, os gêneros discursivos não se
do com a norma-padrão, pois a fala, tal como a referem a simples composição de característi-
escrita, varia, pode ser mais planejada depen- cas textuais semelhantes (a um mero agrupa-
dendo do contexto de uso. Assim, objetivando mento), mas sim a junção de conteúdo (definido
tratar essa diversidade dos gêneros orais no am- pelo enunciador de acordo com a necessidade),
biente universitário, o presente estudo expõe o estilo (individual, todavia, definido pelo outro)
tratamento do gênero oratória numa prática rea- e construção composicional (parte visível que
lizada no curso de Direito, visando aproximá-los define o gênero), aliados a um dado enunciado
das situações públicas de uso da oralidade. numa esfera da comunicação. Por conseguinte,
constituem-se como diferentes formas textuais
GÊNEROS DISCURSIVOS ORAIS E A ORA- (verbais e orais) históricas e socialmente situ-
TÓRIA adas (BRONCKART, 1999), que se alteram de
acordo com as necessidades humanas.
Compreendemos por gêneros do discur- Por conseguinte, em relação à escolha
so os enunciados relativamente estáveis utili- do tema, ressaltamos o lugar social (universida-
zados pelos falantes em diferentes esferas da de) e o papel dos participantes (estudantes do
atividade do homem, com vista a diferentes ob- curso de Direito), fatos que corroboraram para
jetivos ou motivações (Bakhtin, 2003). O estudo escolha do gênero oratória para manifestação
dos gêneros discursivos conforme as caracte- do discurso.
rísticas propostas por Bakhtin (2003) orientam a Segundo Perelman e Oldebrechts-
especificação dos seguintes itens: tema, estilo -Tyteca (1996, p. 4, grifos dos autores) a ora-
e organização composicional, itens constitucio- tória “é o estudo das técnicas discursivas que
nalmente interligados. Logo, o enunciado é o permitem provocar ou aumentar a adesão dos
produto da interação social e está ligado a uma espíritos às teses que se lhes apresentam ao
situação concreta, a um contexto de um determi- assentimento.”.Observamos que o gênero ora-
nado grupo. Para Bakhtin (2003) o estilo liga-se tória enquadra-se conforme Bakhtin (2003) na
ao conceito de gênero do discurso e aos seus categoria de gêneros secundários, uma vez que
elementos constitutivos, pois em cada esfera da exige-se organização e não há muito espaço
atividade humana, a linguagem é utilizada com para a espontaneidade. A fala pode ser organi-
seu estilo peculiar e acrescenta: zada por meio da leitura ou não, mas em ambas
pressupõe-se organização prévia de um discur-
Cada esfera conhece seus gêneros, apro- so.
priados à sua especificidade, aos quais cor- Historicamente após a ascensão do Im-
respondem determinados estilos. Uma dada pério Romano, e adaptação do plano latino ao
função (científica, técnica, ideológica, oficial, universo grego surge a oratória (eloquência)
cotidiana) e dadas condições, específicas aliada à retórica (persuasão) herdada da demo-
para cada uma das esferas da comunicação cracia grega, como manifestação e técnica de
verbal, geram um dado gênero, ou seja, um
comunicação (SCHOCAIR, 2008). Esse mesmo
dado tipo de enunciado, relativamente está-
autor destaca que no Brasil e em grande parte
vel do ponto de vista temático, composicio-
nal e estilístico. O estilo é indissociavelmente da América latina oratória refere-se à busca da
vinculado a unidades temáticas determina- eloquência. Portanto, a prática do gênero orató-
das e, o que é particularmente importante, a ria, na atualidade, pode auxiliar a formação de
unidades composicionais: tipo de estrutura- diferentes áreas profissionais, fato esse apre-
ção e de conclusão de um todo, tipo de rela- sentado num estudo semelhante realizado no
ção entre o locutor e os outros parceiros da curso de Administração por Niedzieluk (2010)

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que também utilizou a oratória devido a aproxi- que os auxiliassem neste intento.
mação de uma situação concreta de uso da ora- Portanto, diante do interesse e da ne-
lidade em ambientes públicos e formais. cessidade realizamos uma sequência de aulas
Acerca do estilo de linguagem a ser em- abordando este assunto, atividade esta que se-
pregado, destaca-se que há espaço para o estilo ria finalizada durante um concurso de oratória
individual, todavia, cada escolha deverá priorizar aberto a todos os acadêmicos da turma.
o tipo de público, o tema, o momento, ou seja, o Inicialmente incitou-se a discussão:
contexto imediato delimitará os enunciados pos- Como alguém ‘aprende’ a falar bem? O que é
síveis de serem empregados, além disso, é fun- falar bem? Logo, discutimos as diferentes estra-
damental o tratamento da organização gramati- tégias orais utilizadas pelo jurista, em diferentes
cal priorizando a aproximação ao uso da língua locais, tais como o júri, uma palestra para leigos,
padrão, bem como recursos de textualização uma entrevista, uma conversa entre pares, ou
(conjunções, repetições, e hiperônimos) que ga- mesmo no cotidiano familiar. Tal questionamen-
rante a coesão e atribuem sentidos ao discurso. to visava a observação da necessidade de ade-
Neste contexto, sabemos que o trata- quação ao contexto, portanto, o conceito de ‘fa-
mento da oralidade na escola tem sido pouco lar bem’ varia em consonância ao objetivo, quem
explorada, fato esse que se deve inicialmente a fala, sobre o que fala, com qual intencionalidade
crença de que os usos orais ligam-se a vida, logo, e principalmente para quem fala, fatores esses
não são objeto de ensino (Marcuschi, 2001). Ou presentes na escrita e na fala, já que utilizamos
ainda conforme afirma Antunes (2003) a ideia de a linguagem em enunciados concretos direcio-
que a fala é local de violação de regras, delegan- nados a um interlocutor.
do os erros a fala, e desconsiderando as situa- A seguir foram apresentadas algumas
ções sociais mais formais de interação, que fun- considerações expositivas sobre a oratória, des-
damentalmente pressupõem outros padrões de tacamos que o Estatuto do Advogado Lei 8.906
oralidade. Outro fato observado por essa autora de 04/07/94, prevê os seguintes usos da lingua-
é a concentração de atividades com os gêneros gem oral: em sessões de julgamento; usar a pa-
orais informais, tais como: conversa, ‘troca de lavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal;
ideias’, explicação para o vizinho, restringindo- reclamar verbalmente ou por escrito, perante
-se a mera manifestação coloquial e informal qualquer juízo, tribunal ou autoridade;
que não denota analise dos aspectos da conver- Assim, quais seriam as características
sação. do bom orador? Segundo Polito (2008), pode-
Portanto, percebemos consoante a An- mos reunir as seguintes características: credi-
tunes (2003, p. 25) a ausência de oportunida- bilidade, voz, espontaneidade, apresentação,
des de explicação dos padrões gerais de con- cumprimento do tempo, linguagem, postura,
versação, por meio da abordagem dos gêneros aparência, envolvimento, confiança, coerência
orais da comunicação pública que demandam de conduta e preparo. Dentre as características
registros mais formais, escolhas lexicais espe- apresentadas é fundamental destacar grande
cializadas, padrões textuais mais rígidos, além parte residem nos aspectos extraverbais, já que
do atendimento a certas convenções sociais exi- dependem de valores e julgamentos partilhados
gidas pelas situações do ‘falar em público’. por um determinado grupo social.
Na próxima seção apresentaremos como Também foram destacados aspectos fo-
se deu o trabalho com o gênero discursivo orató- nológicos acerca da respiração, ajuste de volu-
ria no curso de Direito. me, entoação adequada ao conteúdo apresen-
tado, bem como velocidade. Neste contexto, os
A ORATÓRIA NA SALA DE AULA NO ENSINO itens entoação e velocidade são fundamentais,
SUPERIOR já que contribuem para a coerência do conteúdo
exposto, uma entoação adequada cria maior ex-
A prática realizada nesta pesquisa iniciou pressividade ao enunciado. Além disso, a veloci-
a partir de uma conversa com os acadêmicos dade da fala deve estar diretamente relacionada
acerca da oratória e de sua importância para ao grau de complexidade do enunciado para a
o profissional de Direito. Durante esse diálogo compreensão do interlocutor. Neste contexto,
muitos demonstraram interesse em melhorar Antunes (2003, p. 104) compreende que os ele-
sua comunicação, e perguntavam estratégias mentos de natureza suprasegmental (entoação,

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pausas, dentre outros) “contribuem para a cons- de produção textual e/ou oral são indispensáveis
trução de sentidos e das intenções pretendidas”. para a concretização da fala e da escrita como
Portanto, caberá ao locutor prever possíveis di- enunciação (momento de circulação).
ficuldades por parte do interlocutor, e neste ins- Destacamos ainda que as estratégias de
tante ater-se a uma velocidade mais lenta que argumentação e contra-argumentação já haviam
engendre a compreensão responsiva. sido trabalhadas com a turma anteriormente,
Por fim, destacamos os gestos, que de- logo por não terem dificuldades neste quesito,
vem orientar a fala, logo, conforme afirma Weil, essa etapa não foi apresentada neste momen-
“o corpo fala”, sua sintaxe é distinta da língua, to, por isso não explorada neste estudo. A partir
mas é facilmente reconhecida por falante que dessas discussões partimos para a próxima eta-
partilham do mesmo grupo social. Fato esse pa: o concurso. Assim, na próxima seção abor-
também pontuado por Antunes (2003) sobre a daremos o planejamento desta atividade uma
função das expressões fisionômicas, gestos e vez que era fundamental criar condições reais
recursos de representação cênica (movimentar- para uso deste gênero.
-se) que conferem significados complementares
no processo de interação verbal. A CIRCULAÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO
Posteriormente, foram disponibilizados ORATÓRIA
alguns vídeos de juristas considerados exemplos
de boa oratória e apresentado um vídeo no qual Como havíamos previsto a próxima etapa
Waldir Troncoso Peres, grande orador, expõe seria o concurso de oratória. Assim, inicialmen-
como chegou ao êxito da oratória. Também foi te em conjunto com o professor de Sociologia
recomendado que assistissem a dois filmes que Geral e Jurídica foram decididos os assuntos a
demonstram o uso da oratória na área forense: serem destacados no concurso. A ideia era con-
“O grande desafio” (2010-DVD) e o “Desafio da jugar saberes trabalhados nas duas disciplinas,
lei” (1999) em ambos ocorrem discursos públi- pois o acadêmico necessitaria ter ‘o que dizer’
cos e formais. Sobre essa instância destaca-se para a partir disso, criar um discurso coerente
o comentário de um acadêmico, que ao deparar- de oratória. Assim, com base nos conteúdos e
-se com o vídeo do jurista Troncoso Peres, e ob- nas leituras exigidas na disciplina de Sociologia
servar aquela caracterização frágil de um idoso, optamos pelos temas: PEDOFILIA NO BRA-
questionou-se sobre a competência de sua fala, SIL” e ‘: “A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO NO
entretanto, esse mesmo acadêmico ao assistir BRASIL”.Após definidos os temas, foi divulgado
a entrevista completa percebeu o quanto aque- nas salas e corredores o edital de inscrição do
la fragilidade é ideologicamente construída nos concurso que premiaria os três primeiros coloca-
seus valores, e que o jurista utilizada a lingua- dos com um livro “Oratória para advogados” de
gem com uma maestria inquestionável. Neste Reinaldo Polito, bem como certificação de par-
momento, discutimos a importância da aparên- ticipação, aos demais candidatos seria garan-
cia durante as situações concretas de interlocu- tida a certificação de participação. Neste edital
ção, mas ao mesmo tempo observamos a ne- foram descritas as regras de participação, bem
cessidade de cuidado com as pré-concepções como o tempo, e a necessidade da entrega de
carregadas de valores preconceituosos constru- um texto escrito 24h antes do concurso. Além
ídos socialmente e culturalmente, e que muitas disso, foram expostos os critérios de avaliação:
vezes (como no caso exposto) não possuem va- voz, conteúdo, apresentação e tempo. Também
lor de verdade e são ‘ingenuamente’ transferidas foi disponibilizado auxílio na escrita dos textos,
disseminadas. desde que solicitadas com antecedência. Sobre
Buscamos priorizar na organização des- essa questão destaca-se que apenas dois aca-
te estudo sobre oratória que o tratamento di- dêmicos solicitaram revisão da escrita.
dático dos gêneros discursivos deve levar em Depois de encerrado o período de ins-
consideração a finalidade, interlocutor, gênero crição (20 dias) contamos com apenas cinco
(conteúdo, estilo e estrutura), suporte, circula- inscritos. Esperava-se um número maior, já que
ção e posição do sujeito, definidas por Bakhtin estavam envolvidos na atividade cerca de 120
e compreendidas por Geraldi (1997) por: O que alunos (duas turmas de 60 alunos). Sobre essa
dizer; Para quem dizer; Como dizer: Por que di- questão percebemos que alguns acadêmicos
zer; e estratégias do dizer. Logo, as condições sentiram-se receosos de participar devido um

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Gêneros discursivo oratória...

ou dois acadêmicos já terem experiência com de uso da exposição oral em ambientes formais,
o discurso público oral. Entretanto, vale desta- situação essa que será corriqueira na carreira
car esses acadêmicos decidiram não participar, pretendida.
espontaneamente. Destacamos ainda que todos Sobre a forma de argumentação, como
os alunos indiferentemente da inscrição deve- previsto, os acadêmicos organizaram o conteúdo
riam assistir ao concurso, uma vez que ele foi a partir dos conhecimentos adquiridos, principal-
realizado no horário destinado a aula da discipli- mente nas leituras e discussões da disciplina de
na de Linguagem Jurídica. Sobre esse fato, os Sociologia Geral e Jurídica, todavia, como a prá-
acadêmicos foram orientados sobre competên- tica foi realizada no curso de Direito, a organiza-
cia para ‘escutar’, pois além de falar precisamos ção argumentativa priorizou os aspectos legais
desenvolver a habilidade de escutar com aten- acerca dos assuntos explorados, demonstran-
ção e respeito os diferentes interlocutores. “A ati- do ainda, cuidado com a manutenção temática,
vidade receptiva de quem escuta o discurso do respeito ao tempo previsto para fala, elementos
outro é uma atividade de participação, de coope- reiterativos, conectores, e hiperônimos que visa-
ração em vista da própria natureza interativa da vam destacar o caráter de planejamento da fala.
linguagem. Não há interação se não há ouvinte” Todos os candidatos optaram pela leitura, entre-
(ANTUNES, 2003, p. 105). tanto, a realizaram com cuidado na entonação,
Para julgamento dos trabalhos, foram contato visual com o interlocutor, movimentação
convidados professores de diferentes áreas e recursos gestuais, fato esse que conferiu dina-
(Sociologia, Língua Portuguesa e Direito), sen- micidade as apresentações.
do composta uma banca julgadora composta por Ao final da prática, após o agradecimen-
docentes de diferentes áreas. to e retirada da banca julgadora, visando opor-
tunizar a fala ao número maior de acadêmicos
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA CIRCULA- foi realizada uma prática dialogada denominada
ÇÃO DO GÊNERO ORATÓRIA “conversa”. Previamente foram escritas algumas
perguntas e situações diferentes, que exigiam a
Durante as apresentações o público (co- exposição oral. Todos os acadêmicos foram con-
legas de classe) posicionou-se como plateia, vidados a retirar uma pergunta da caixa e após
logo, houve uma atitude responsiva em relação a leitura desta pergunta, deveriam respondê-la
aos locutores, pois o silêncio e a atenção que no palco utilizando o microfone (já que no lo-
dispensaram as apresentações demonstraram cal encontravam-se cerca de 120 pessoas e o
a compreensão e a vinculação da prática reali- ambiente era grande). As perguntas abordavam
zada a uma situação concreta de uso da orató- conteúdos de natureza diversa, tais como: Con-
ria. Neste sentido, acreditamos que consoante a vide formalmente seus colegas para o curso de
Antunes (2003) o concurso possibilitou o desen- Filosofia Jurídica; Por que escolheu o curso de
volvimento da competência de saber escutar o Direito; Qual o benefício da leitura para o aca-
outro com atenção, habilidade essa pouco esti- dêmico de Direito; Qual o benefício da atividade
mulada socialmente. física para o ser humano, dentre muitas outras.
Além disso, mesmo com um número pe- Neste contexto, buscávamos demonstrar que a
quenos de candidatos, foi possível notar o ner- fala em ambiente público ocorre de diferentes
vosismo e a preocupação dos candidatos, com formas, mais ou menos formais, pois são dife-
a aparência, com a impostação da voz (já que rentes da conversa, do debate, da exposição,
utilizam microfone) e com o uso adequado da da explicação, do elogio, do aviso, o convite, o
fala e norma-padrão, gestos e argumentos. Nas recado, ou a defesa de argumentos, logo, para
apresentações priorizava-se o olhar como um planejá-las o locutor demanda de competências
elo entre o locutor e interlocutor, bem com os as- que devem ser trabalhadas (ANTUNES, 2003).
pectos gestuais. Vale lembrar que somente um Nesta ocasião um grande número de aca-
candidato era do sexo feminino e segundo essa dêmicos participaram (cerca de 40) aceitaram
candidata “por mais simples que seja este con- pegar uma pergunta ‘surpresa’ e respondê-la no
curso, ele está sendo encarado por mim como palco. Tal resposta demonstrou que o concurso
um desafio, logo, por eu participar, já estou ga- os estimulou a falar e a expor-se, mesmo que
nhando”. A candidata atendeu ao edital do con- por poucos minutos e de maneira improvisada.
curso, que visava criar uma situação concreta

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MACHADO, T. H. S.

CONSIDERAÇÕES FINAIS mais docentes foi fundamental para a realização


desta prática, já que essa atividade demanda
As aulas de Língua Portuguesa ou mes- engajamento do corpo docente, que oportuniza-
mo Linguagem Jurídica, como a retratada neste rá um trabalho interdisciplinar de sucesso.
estudo devem acolher o caráter interacional da
oralidade, bem como a distinção dos diferen- REFERÊNCIAS
tes gêneros orais e escritos. Neste diapasão,
cabe ao professor, como ‘par maior’ direcionar e ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática es-
oportunizar o tratamento da oralidade nas suas colar. 11. ed. Campinas: Papirus, 2004.
diferentes características, evidenciando os dife-
rentes contextos (formais e informais) no qual ANTUNES, I. Aula de português encontro e
utilizamos a fala, não os limitando a discussão
interação. São Paulo: Parábola, 2003.
em sala ou seminários. Assim, questões como
a necessidade de coerência (manutenção temá-
tica), os recursos de textualização fundamen- BAKHTIN, M.; VOLOCHINOV, M. Marxismo
tais na oralidade formal, a distinção do gênero e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,
oratória, como interação oral formal de discurso 1992.
em situação pública, a necessidade de emoção,
expressividade, pausas, entoação (elementos BAKHTIN, M. A estética da criação verbal.
supra-segmental) variam conforme as intenções São Paulo: Martins Fontes, 2003.
pretendidas. Além disso, foi desenvolvido com
as turmas a habilidade de escutar com respeito BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem,
e atenção. textos e discursos: por um interacionismo sócio-
Contudo, o número de inscritos no con-
discursivo. Tradução Anna Rachel Machado. São
curso configurou-se como um problema, já que
Paulo: Educ, 1999.
buscávamos oportunizar a prática a um número
maior de acadêmicos. Neste sentido, as próxi-
mas práticas suscitarão um número maior de GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4. ed. São
estratégias de estímulo, tais como: mais tempo Paulo: M. Fontes, 1997.
de divulgação; solicitação aos docentes da área
jurídica que estimulem e expliquem a importân- NUNAN, D. Research methods in language
cia deste tipo de prática. teaching. Cambridge: Cambridge University
Destacamos os pontos positivos do es- Press, 1992.
tudo que permitiu aos acadêmicos vivenciaram
a interação verbal formal, percebendo que fala BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.
e escrita não se opõem, uma vez que diferentes
Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília,
situações comunicativas demandam diferentes
1998.
formas de manifestação verbal e oral. Logo, o
gênero oratória requer maior planejamento em
relação ao tratamento do tema, aos recursos es- DUTRA, R. O falante gramático: introdução à
tilísticos e a organização composicional, carac- prática do estudo e ensino do português. Campi-
terísticas imbricadas (Bakhtin, 2003). Portanto, nas: Mercado de Letras, 2004.
neste estudo notamos o interesse dos acadê-
micos em práticas ligadas a situações concretas LONG, M.; ROBINSON, P. Focus on form: the-
de usos da linguagem, fato esse nunca oportu- ory, research and practice. In: DOUGHTY, K.;
nizado nas séries anteriores (relatos dos alunos WILLIAMS, J. Focus on form in classroom
durante a avaliação da atividade), por conse- second language acquisition. Cambridge: Cam-
guinte, neste estudo, pretendemos compartilhar
bridge, 1998. p. 15-41.
a aplicabilidade e a importância da realização
de práticas semelhantes, que oportunizem aos
alunos o contato com os diferentes usos da lin- MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita:
guagem em seus diferentes contextos. Por fim, atividades de retextualização. São Paulo: Cortez,
conforme descrito neste estudo, o papel dos de- 2004.

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Gêneros discursivo oratória...

y compañeros, no comparten más de las mismas fun-


NIEDZIELUK, L. C. Gênero discursivo oratória: ciones sociales, tocando al primero organizar un dis-
curso, suscitando el empeño y al segundo la postura
ferramenta de socialização de saberes no en-
de oyente. Así, en este estudio notamos el cuanto la
sino aprendizagem de língua portuguesa. In: práctica de la oralidad en ambientes formales pue-
ENCONTRO DO CÍRCULO DE ESTUDOS de propiciar al alumno condición de adaptación a las
LINGUÍSTICOS DO SUL, 9., 2010, Palhoça. diferentes situaciones comunicativas concretas que
Anais... Palhoça, 2010. p. 1-12. involucran el empleo del discurso oral formal. Por fin,
vale destacar la necesidad de estímulo y planeamien-
to, con el objetivo de la participación de la clase a la
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. actividad pretendida.
Tratado da argumentação: a nova retórica. Palabras clave: Géneros discursivos orales. Orato-
Tradução Maria E. Galvão. São Paulo: Martins ria. Interacción.
Fontes, 1996.

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SP: Saraiva, 2008.

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guagem silenciosa da comunicação não-verbal.
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GÉNERO DISCURSIVO ORATORIA: DIÁLOGOS


POSIBLES EN LAS CLASES DE LENGUAJE JU-
RÍDICO

Resumen: Este estudio trata de una investigación-


-acción realizada en las clases de Lenguaje Jurídico
en el primer año del curso de Derecho en el año de
2010. El objetivo inicial de la investigación era nutrir
el uso de la oralidad en situaciones formales de uso.
Para tanto, elegimos el género discursivo oratoria.
Para llevar a cabo esta investigación asumimos una
concepción enunciativa/discursiva de lenguaje. Así,
este estudio se basa en los supuestos de Bakhtin
acerca de los géneros del discurso como enunciados
relativamente estables, dotados de contenido temáti-
co, estilo y composición. Así, por medio de la practica
realizada pudimos observar que mismo en la actuali-
dad perdura el recelo en relación a la exposición oral
delante de un público, se hace necesario el tratamien-
to de los géneros discursivos orales en las diferentes
fases escolares, ya que la fluidez del diálogo fami-
liar o amigable, no se transfiere automáticamente en
una situación de discurso más formal que presupone
otras estrategias de manifestación. Aún observamos,
que al ponerse en el púlpito delante de la platea, se
alteran los papeles sociales, ya que ahora académico

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MACHADO, T. H. S.

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