A Oralidade e A Sequência Didática

Pontifcia Universidade Catlica do Paran
Curso de Licenciatura em Letras Portugus e Ingls

Metodologia do Ensino de Lngua Portuguesa II
Prof: Angela Mari Gusso
Alunos (autores da proposta de trabalho):
Alexsandra C. Petroncini
Camila Farias
Denise M. Mazocco
Gilberto G. Filho
Madrine E. Perussi
O Ensino da Oralidade por meio de Sequncia Didtica

Fundamentao Terica
As questes de ensino de lnguas (portuguesa ou estrangeira), atualmente, esto
mais voltadas para o efetivo uso da lngua. Logo, de extrema importncia que o
professor esteja a par das diretrizes do Estado em que trabalha e dos Parmetros
Curriculares Nacionais, pois neles esto contidos os programas a serem desenvolvidos
em sala de aula.
Um dos aspectos a ser trabalhado a produo oral que, segundo Irand Antunes
(2007), tem a mesma importncia que a escrita, pois as duas so prticas sociais e
servem interao verbal com inmeros gneros, apresentam variaes e registros
diferentes, uma vez que so usos da lngua.
A oralidade e a escrita se complementam. No d para dizer que uma melhor
nem superior outra, muito menos dizer que na oralidade se fala errado, e s com o uso
da escrita se desenvolve a lngua tal como ela . Esse pensamento errneo, pois na
maioria das sociedades tem-se o uso das duas habilidades, cada uma mais apropriada
para determinados contextos, com sua devida importncia.
Sendo assim, Antunes aponta alguns aspectos para trabalhar com a oralidade,
como, por exemplo, a coerncia global, isto , entender o contexto da situao
conversacional, pois assim como a escrita, a oralidade tambm dispe de recursos
determinados, caractersticos de cada gnero; a articulao entre os tpicos, como os
conectivos utilizados em um texto, que servem para continuar, trocar, enfatizar um
assunto. Alm disso, o professor deve refletir junto com os alunos como as conversas e
outros diversos gneros orais se desenvolvem, qual a linguagem utilizada
(formal/informal), etc.; outro aspecto relevante apresentado pela autora so as

especificidades, ou seja, mostrar aos alunos as diferenas e semelhanas entre as duas
prticas verbais (oral/escrita), para que eles no tenham preconceitos e consigam
perceber como cada uma delas utilizada na sociedade; apresentar a variedade de tipos
e gneros orais, pelos quais os alunos devem adequar-se s condies de produo e
recepo de cada esfera social; facilitar o convvio social, propiciando as diversas
situaes interacionais; o professor deve, ainda, trabalhar com as pausas e recursos
utilizados na fala e, por fim, fazer com que os alunos tenham a habilidade de escutar
para que saibam a hora de falar e de ouvir.
O livro Portugus no Ensino Mdio e formao do professor, organizado por
Clcio Bunzen e Mrcia Mendona (2006), dentre as diversas discusses sobre o ensino
de lngua materna no ensino mdio, trata da importncia do ensino da oralidade.
Defende-se, nessa obra, que o texto oral atividade mais central do que a escrita, j que
a construo textual mais frequente no dia a dia dos estudantes.
Para o aluno entender que h variaes e diferentes caractersticas textuais
(tema, composio, estilo.) em cada esfera social, fundamental ensin-lo a analisar e
refletir sobre a fala. Por meio dessa reflexo sobre o uso do oral em diferentes contextos
sociais, os estudantes podem esclarecer alguns aspectos referentes discriminao
lingustica e, quem sabe, propor maneiras de combater esse preconceito.
Os autores sugerem trabalhos com alguns gneros, como: exposio oral de
aluno, debate regrado, seminrio, entrevista radiofnica, entre outros. Esses gneros
foram citados por constiturem prticas sociais reais na prpria escola e poderem
proporcionar um aprendizado integrado com outras disciplinas.
Apresentamos, a seguir, uma proposta de trabalho com o gnero debate, por
meio de sequncia didtica.
- O que Sequncia Didtica?
Um grupo de pesquisa da Universidade de Genebra criou uma estratgia para
trabalhar com o Ensino de Lngua Escrita e Lngua Oral no mbito escolar. Essa
proposta a Sequncia Didtica, cuja finalidade proporcionar ao aluno o domnio de
diferentes gneros textuais, de modo que consiga adequar seu discurso, oral ou escrito,
s diferentes situaes comunicativas. A utilizao desse recurso no ensino vem dando
bons resultados em vrios pases.
Segundo Dolz e Schneuwly (2004), pesquisadore do Grupo de Genebra,

sequncia didtica um conjunto de atividades escolares organizadas de maneira
sistemtica em torno de um gnero textual. Essas atividades devem ser pensadas de
acordo com os objetivos que o professor quer alcanar na aprendizagem dos alunos:
oralidade, escrita, anlise lingustica etc.
Os autores propem que uma sequncia didtica seja estruturada da seguinte
maneira:
1 Apresentao da
Apresentar aos alunos a proposta de trabalho que
situao
ser realizada, especificando o gnero e as

condies de produo.
Essa primeira produo de um gnero (oral ou

2 Produo inicial
(avaliao formativa)
escrito) mostrar o nvel de conhecimento que o

aluno j possui sobre o gnero proposto, bem como
seus conhecimentos lingusticos. Antes dessa etapa,
importante que o professor faa atividades de
leitura, pesquisa e anlise lingustica de textos do
mesmo gnero a ser trabalhado na sequncia
didtica.
Nessa etapa, devem ser desenvolvidas atividades
3 Elaborao de mdulos
para os alunos se apropriarem de conhecimentos

mais especficos sobre o gnero e o tema.
Ao final da sequncia didtica, a produo do
4 Produo final
(avaliao somativa)
gnero proposto ser ainda mais interessante se for

publicizada, proporcionando ao aluno a satisfao
de ver seu trabalho sendo visto pelos colegas, pais
ou at pela comunidade.
- Uma proposta de Sequncia Didtica para ensino e aprendizagem de debate:
A sequncia didtica apresentada, a seguir, foi desenvolvida para o aprendizado

do gnero debate. Serve apenas como base, estando, assim, sujeita a alteraes. Pode ser
realizada com alunos a partir do 9 ano (8 srie) do Ensino Fundamental at o 3 ano do
Ensino Mdio, variando de acordo com o tema proposto.
1) Apresentao da
Na primeira aula, o professor pede para que os alunos
situao:
dividam-se em trs grupos para realizar o debate: E-books:

Ser o fim do livro? (outros temas podem ser sugeridos e
trabalhador pelos alunos e professor). Dois grupos sero
responsveis pelos argumentos: um a favor da substituio
dos livros impressos pelos e-books, e outro contra,
defendendo a permanncia do livro como suporte. O
terceiro grupo analisar os participantes, avaliando os
argumentos. No decorrer do debate, o professor levantar
hipteses sobre o gnero com a inteno de reflexo por
parte dos estudantes.
Na segunda aula, o professor apresenta o funcionamento do
2)
Anlise
da
primeira gnero aos alunos. Nessa aula, o professor pode mostrar os
produo e apresentao do diversos tipos de debates existentes (as sugestes de sites

gnero:
sobre debates encontram-se nas referncias), poder levar

vdeos de debates polticos, debates culturais (por exemplo,
futebol), entre outros. Assim, a turma pode analisar e
observar as caractersticas de cada debate, alm de levantar
questes. Para isso, seria interessante pedir que eles
tomassem nota do que acham importante nessa prtica de
oralidade. Posteriormente, deve-se fazer uma relao entre
o debate realizado (ensaio de debate) e os vdeos assistidos,
com o propsito de avaliar o desempenho dos alunos com
relao, por exemplo, linguagem utilizada, aos termos e
vocabulrio presentes na argumentao oral, a alternncia
das falas (se souberam identificar a hora de falar e de ouvir)
etc. Para finalizar, pode-se solicitar que os alunos faam
uma pesquisa (ver referncias: sites sobre e-books) sobre o
tema a ser discutido no debate seguinte( essa ser uma

prtica real) que pode ser o mesmo tema da primeira aula.
Os alunos trazem
3) Mdulos ou oficinas:
as pesquisas para selecionarem
informaes para serem usadas como argumentos, por isso

devero ter consigo anotaes levantar hipteses do que o
outro
grupo
poder
argumentar,
encontrar
contra-
argumentos, verificar a linguagem a ser utilizada, analisar

os termos adequados. Essa atividade poder ser realizada
conforme as divises dos grupos. O terceiro grupo, que ser
o avaliador, deve levantar os pontos principais a serem
discutidos, a importncia dos fatos, alm de pontuar os
principais aspectos para o bom andamento do debate
juntamente com a qualidade dos argumentos. Para isso,
necessrio que tenham critrios definidos para poderem
avaliar adequadamente os dois grupos.
Na ltima aula ocorrer o debate final e o professor fica
4) A produo final:
como intermediador dos grupos. O debate deve apresentar a
culminncia da avaliao-
grande maioria das caractersticas levantadas nas duas
formativa
primeiras aulas, para que os alunos possam vivenciar essa

situao de modo real. Por fim, o terceiro grupo que no
havia participado como debatedores se rene para dar um
aval.
Posteriormente, o professor dialoga com os alunos para
verificar o aprendizado deles, tanto sobre o tema quanto
sobre o gnero. Utiliza, ento, os critrios de avaliao, por
exemplo, adequao ao gnero (tanto da linguagem quanto
da postura apresentada por eles), fora dos argumentos,
pesquisa realizada para gerar os argumentos etc. Essa lista
de critrios pode, inclusive, ser levantada j na primeira
aula, para acompanhar o desenvolvimento dos alunos e
avali-los durante todo o processo.
Referncias:
- ANTUNES, Irand. Aula de Portugus: encontro e interao. So Paulo: Parbola

Editorial, 2003.
- BUNZEN, Clcio; MENDONA, Mrcia. Portugus no ensino mdio e formao do
professor. 3. ed. So Paulo: Parbola, 2006.
- CAVALCANTE, Mariane C. B.; MELO, Cristina T. V. de. Oralidade no Ensino
Mdio: em busca de uma prtica. In: Portugus no ensino mdio e formao do
professor. 3. ed. So Paulo: Parbola, 2009.
- GONALVES, Adair V.; NASCIMENTO, Elvira L. Avaliao formativa:
autorregulao e controle da textualizao. In: Trab. Linguis. Apl. Vol.49, n.1
Campinas Jan./Jun. 2010.
Sugestes de sites:
- Debate. Disponvel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Debate>. Acesso em 29/09/2010
- Debates Televisionados Brasileiros. Disponvel em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Debates_televisionados_brasileiros>. Acesso em:
29/09/2010
- Frum de Discusso. Disponvel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/F
%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o>. Acesso em 29/09/2010
- Debate em sala de aula: Prticas de linguagem em um gnero escolar. Disponvel em:
<http://www.celsul.org.br/Encontros/05/pdf/199.pdf.>Acesso em 29/09/10
- O debate como gnero textual a ser fomentado nas aulas de lnguas Disponvel em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/viewFile/3636/2941>. Acesso
em 29/09/10
- Comunicao Oral: gnero debate (vdeo). Disponvel em:
<http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/videocomunicacao-oral-genero-debate-oralidade-539917.shtml>. Acesso em 29/09/2010
- O que e-Book?. Disponvel em:<http://www.baixaki.com.br/info/1519-o-que-e-ebook-.htm>. Acesso em: 29/09/2010
- e-Book. Dsiponvel em: <http://www.abc-commerce.com.br/ebook.htm> Acesso em:
29/09/2010
- Livros virtuais (e-books para donwload). Disponvel em:
<http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/freebook_portugues1.htm> Acesso em:
29/09/2010

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(formal/informal), etc.; outro aspecto relevante apresentado pela autora so as

Segundo Dolz e Schneuwly (2004), pesquisadore do Grupo de Genebra,

Apresentar aos alunos a proposta de trabalho que

ser realizada, especificando o gnero e as

Essa primeira produo de um gnero (oral ou

escrito) mostrar o nvel de conhecimento que o

para os alunos se apropriarem de conhecimentos

gnero proposto ser ainda mais interessante se for

- Uma proposta de Sequncia Didtica para ensino e aprendizagem de debate:

A sequncia didtica apresentada, a seguir, foi desenvolvida para o aprendizado

Na primeira aula, o professor pede para que os alunos

dividam-se em trs grupos para realizar o debate: E-books:

primeira gnero aos alunos. Nessa aula, o professor pode mostrar os

produo e apresentao do diversos tipos de debates existentes (as sugestes de sites

sobre debates encontram-se nas referncias), poder levar

tema a ser discutido no debate seguinte( essa ser uma

as pesquisas para selecionarem

informaes para serem usadas como argumentos, por isso

argumentos, verificar a linguagem a ser utilizada, analisar

como intermediador dos grupos. O debate deve apresentar a

grande maioria das caractersticas levantadas nas duas

primeiras aulas, para que os alunos possam vivenciar essa

- ANTUNES, Irand. Aula de Portugus: encontro e interao. So Paulo: Parbola

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