O Tratamento Da Oralidade em Sala de Aula
O Tratamento Da Oralidade em Sala de Aula
O Tratamento Da Oralidade em Sala de Aula
O TRATAMENTO DA ORALIDADE EM
SALA DE AULA: PRINCÍPIOS
TEÓRICOS E METODOLOGICOS
Publicado em 08/08/2016 - ISBN 978-85-5722-004-1
CONTATO
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PALAVRAS-CHAVE
Gêneros primários, oralidade, aulas de língua portuguesa.
INTRODUÇÃO
Desde que os PCN introduziram a questão da oralidade nas aulas de língua portuguesa,
já se passaram quase dezoito anos. Hoje, podemos dizer que conhecemos muito mais
sobre as relações entre a língua oral e a língua escrita do que há algumas décadas; são
numerosas as publicações que tratam da questão da oralidade, veja, por exemplo,
1
Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor da ETE Maximiano
Accioly Campos –PE. Professor da Pós-Graduação em Linguística Aplicada ao ensino de Línguas da
FAINTIVSA
2
Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor da ETE Maximiano
Accioly Campos -PE. Professor da DeVry FBV
3
Especialista em Língua Portuguesa pela FAINTIVSA, professora da Escola de Referência Felipe
Camarão.
Castilho (2004, p.29) quando afirma que a “conversação é uma atividade linguística
básica. Ela integra as práticas diárias de qualquer cidadão, independentemente de seu
nível sociocultural”. Ou Petri (2004) quando trata das diferenças entre a língua oral e a
língua escrita, ou ainda Marcuschi (2005, p.25) para quem a oralidade “é uma prática
social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou
gêneros textuais fundados na realidade sonora”. Entretanto, o conhecimento sobre este
estado da língua ainda carece de sistematização, principalmente quando o assunto é o
trabalho com a oralidade em sala de aula.
Fator interessante de nota é que a fala, como mostra Marcuschi (1997, p.39), “é uma
atividade muito mais central do que a escrita, isto quando consideramos o dia a dia da
maioria das pessoas. Contudo, não é estranho verificar que as escolas dão à fala atenção
quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita, trata-se de um prestígio dado
a um estado de língua, que não se justifica”. Crucial neste caso, como mostra o autor
(Op. cit.), é que o ensino de língua focado apenas na escrita não se trata de uma
contradição, mas de uma postura. Nesse sentido, a presente mesa tem por objetivo
analisar e descrever o tratamento dado à oralidade nas aulas de língua portuguesa por
professores do ensino médio.
DISPOSITIVO TEÓRICO-METODOLÓGICO
Quanto à abordagem, esta é uma pesquisa qualitativa. Quanto à natureza, essa é uma
pesquisa aplicada, pois visa gerar conhecimentos para aplicação prática. Quanto aos
objetivos, esta é uma pesquisa descritiva uma vez que o trabalho pretende observar e
descrever o tratamento dado à oralidade nas aulas de língua portuguesa.
Em relação aos procedimentos técnicos, esta é uma pesquisa-ação cujo pesquisador é
participante. Desse modo podemos dizer, com Fonseca (2002), que na pesquisa-ação o
pesquisador traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato para a
realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a integram.
Assim, este tipo de pesquisa envolve necessariamente por parte do pesquisador uma
reflexão sobre o seu fazer. A ancoragem teórica se fundamenta na teoria dialógica da
linguagem de Bakhtin (1997) principalmente quando o teórico conceitua as questões
sobre os gêneros do discurso, o dialogismo e os enunciados concretas.
ANALISES E DISCUSSÃO
Assim, ao propor uma análise da língua oral com atividades direcionadas para este fim,
o professor tem que ter em mente que os usos e os propósitos da língua são diversos. E
mais, há um amplo espectro de usos linguístico de usos da língua oral, desse modo,
muito mais que pensar em atividades com a oralidade é prudente pensar quais os
propósitos dessas atividades e quais campos discursivos estão sendo levados a analisar.
Por exemplo, se a atividade é sobre um gênero chamado de júri simulado, o que o
professor observa é algo relacionado ao uso formal da língua, mas se a atividade for um
debate, o objeto composicional desse gênero permite que o professor possa analisar a
macroestrutura semântica da composição da argumentação através da oralidade, como
por exemplo, as retomadas, as referências. De igual modo, se for um documentário o
que pode ser analisado em conjunto com a oralidade é a linguagem mista ou mesmo o
processo de retextualização que um gênero desta natureza exige. Dito de outra forma:
uma vez que os usos da fala são diversificados, a composição do gênero oral irá orientar
o trabalho do professor em uma ou outra direção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Criar uma metodologia para o ensino da língua na sua modalidade oral requer do
professor que este possua internalizado os conceitos de linguagem e de língua que
estejam além do nível da estrutura, que estejam no nível do discurso e da enunciação.
Nesse sentido, é forçoso dizer que para um trabalho eficaz com a oralidade, tais
concepções devem orientar o trabalho do docente. Uma vez assumida a posição que o
ensino da língua está além do nível da estrutura, resta concordar com os PCN (1998)
quando estes afirmam que Interagir pela linguagem significa realizar uma atividade
discursiva.
Ao ensinar a língua oral, a escola está entre outras coisas, promovendo acesso aos usos
mais formais e convencionais da língua. Tal domínio linguístico se torna importante
uma vez que no exercício da cidadania as pessoas fazem os mais variados usos da
palavra. Ainda assim, acreditamos que não deva haver uma dicotomia entre o ensino da
língua oral e o ensino da língua escrita, elas não são concorrentes, são antes co-
ocorrentes e permitem que sujeitos situados interajam em sociedade. Fator notório aqui
diz respeito a uma metodologia que abarque e sistematize o ensino oral, tal metodologia
deve entre outras coisas, tentar abarcar as diferentes situações sócio-comunicativas em
que os indivíduos atuam.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
CASTILHO, Ataliba de. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto,
2004.
PRETI, Dino. Estudos de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
Como citar:
SOUZA, Aguinaldo Gomes de; SILVA, Ana Patricia da; FILHO, Eraldo Batista da Silva. O TRATAMENTO
DA ORALIDADE EM SALA DE AULA: PRINCÍPIOS TEÓRICOS E METODOLOGICOS.. In: I Seminário
de Educação da Regional Metropolitana Sul: Desafios do Ensino em Escolas Públicas (I SEMETRO).
Anais...Recife(PE) FG, 2016. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/SEMETRO/31739-O-
TRATAMENTO-DA-ORALIDADE-EM-SALA-DE-AULA--PRINCIPIOS-TEORICOS-E-
METODOLOGICOS>. Acesso em: