Aspectos Das Variações Linguísticas No Canteiro de Obra
Aspectos Das Variações Linguísticas No Canteiro de Obra
Aspectos Das Variações Linguísticas No Canteiro de Obra
OBRA
1 INTRODUÇÃO
O convívio com diferentes grupos sociais e as linguagens por eles empregadas nas mais
variadas situações comunicativas nos faz perceber como é rico e estimulante o estudo do que
representa esse leque de sujeitos, linguagens, identidades enquanto espelho da organização da
sociedade.
A Sociolinguística nos aponta que a variação linguística empregada por determinados
sujeitos revelam a construção de suas identidades e, por conseguinte, contribuem para suas
avaliações sociais. Assim, percebe-se a dinâmica social das relações entre as pessoas por meio
da linguagem.
Para a Análise do Discurso (AD), de acordo com Orlandi (2004 apud INDURSKY,
2005), “não é o que se diz, mas como se diz que implica um sentido”. Para se alcançar este,
faz-se necessária a relação entre o discurso e a exterioridade discursiva, constituída pelas
condições de produção mais memória discursiva (interdiscurso). Esta é determinada pela
ideologia, pela historicidade do sujeito, considerado individual ou coletivamente (ORLANDI,
2014).
Em um canteiro de obra, é notória a existência de várias linguagens coexistindo no
tocante à referência aos mesmos “serviços”, por parte dos diversos sujeitos presentes
(engenheiros, mestres e gerenciadores de obra, serventes, pedreiros). Essas linguagens estão
atreladas à identidade assumida por cada um deles, o que revela a dinâmica social existente
em tal ambiente de trabalho.
Nessa efervescência de linguagens, alguns comandos são dados em uma determinada
variante linguística não usada comumente por quem recebe, o que pode acarretar um
“embate” entre os sentidos das informações veiculadas ora pelo discurso erudito, ora pelo
senso comum. Segundo Indursky (2011), os sentidos são produzidos pelo sujeito na interação
com o outro, dependendo de alguns “lugares”, dentre os quais a ideologia que permeia o
indivíduo.
Atrelados a essa realidade, encontram-se muitos discentes em cursos da área da
construção civil, que já vivem a realidade desses “embates linguísticos”, fortalecido,
inclusive, pelo discurso acadêmico. Sendo assim, se faz necessário aprimorar o ensino de
língua materna em cursos atrelados à área da construção civil, bem como contribuir para o
convívio linguístico entre os profissionais que convivem em um canteiro de obras.
Portanto, o objetivo da pesquisa foi verificar se as variações linguísticas empregadas em
um canteiro de obras interferem nos processos de comunicação e de execução dos trabalhos,
como também fazer um levantamento dos termos populares mais usados e identificar com a
linguagem técnica usada na academia.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
Optou-se pela pesquisa de campo, por possibilitar um encontro mais direto com os
sujeitos envolvidos, para que haja uma adequada reunião de informações a serem
documentadas e analisadas. Constituiu-se do tipo descritiva, de natureza qualitativo-
exploratória, uma vez que a preocupação foi descrever e buscar compreender o fenômeno
analisado, no tocante às relações estabelecidas entre os diversos sujeitos do canteiro de obra
através da linguagem. Para tanto, analisou-se o material à luz da Análise do discurso (AD) no
tocante aos conceitos de sujeito, efeitos de verdade, memória discursiva, bem como da
Sociolinguística.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a análise dos questionários aplicados e das conversas informais nos canteiros de
obras, detectou-se uma quantidade significativa de variantes linguísticas, utilizadas nos seis
canteiros visitados, demonstrando diferença entre os termos técnicos utilizados no meio
acadêmico e os termos de uso popular como demonstrado no Quadro 1 (parte dos exemplos
coletados nos canteiros), tendo seus significados pesquisados em dicionários de Neto (1999) e
no site e-civilnet (2017).
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
QUANTIDADE
0
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: Por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
Preconceito linguístico - o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
NETO, Antônio Filho. Dicionário do engenheiro: termos técnicos e correlatos. Recife: Ed.
Bagaço, 1999.
RIBEIRO, Ana Elisa et al. Leitura e escrita nas engenharias do CEFET – MG. Minas Gerais,
2009. Disponível em:
<http://www.academia.edu/6433431/LEITURA_E_ESCRITA_NAS_ENGENHARIAS_DO_
CEFET-MG> Acesso em: 04 Mai. 2018.
Abstract: The man can transform reality and himself through the senses awakened by
language. The degree of formality of the communication situation will determine the choice of
a formal or informal language. Therefore, the concept of "right" and "wrong" should be re-
evaluated in our "linguistic relations", since what the listener/reader accepts within the
communication process will be right. The objective of the research was to verify if the
linguistic variations used in a construction site interfere in the processes of communication
and execution of the works, as well as to make a survey of the popular terms most used and to
relate them to the technical language used in the academy. For that, a research of descriptive
and qualitative-exploratory nature was chosen. The survey of terms by means of semi-
structured interviews and the observation of the languages used in the daily life of the
construction sites gave conditions to investigate the proposal of the work. The data were
analyzed in the light of Discourse Analysis, regarding the concepts of subject, effects of truth
and discursive memory and, mainly, Sociolinguistic. Thus, the terms used by professionals in
the civil construction area present in a construction site when referring to the execution of the
same services were identified. Finally, it was verified that there was no commitment
regarding the execution of the service, since the construction managers, when presenting a
command, adapted the language, modifying the technical terms in known popular terms,
facilitating the understanding of what was said.