A Geografia e Os Desafios PARTE 2

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A Geografia e os desafios no século XXI.

Aprender e ensinar Geografia pela via Interativa é fascinante, pois suas possibilidades
de desenvolver e estimular novas aquisições de conhecimento é ainda amplo e cheio de
novidades. Assim a informática como ferramenta de apoio ao processo ensino-
aprendizagem, é um recurso que permite trabalhar com os conteúdos da geografia
utilizando programas computacionais, que aliando teoria e prática possa garante no
futuro, grandes profissionais. Esse artigo vem mostrar e refletir sobre alguns trabalhos e
desafios do ensino da geografia no século XXI, focando a utilização das
Geotecnologias. Palavras Chaves: Geografia. Processo ensino-aprendizagem.
Geotecnologias

1.Introdução

A partir da década de 70, com a grande evolução da tecnologia da informática, da


aerofotogrametria e do sensoriamento remoto, tornou-se possível obter, armazenar e
representar informações geoespaciais em ambiente computacional, abrindo espaço para
o surgimento do Geoprocessamento, começando daí um novo modo de estudar e
monitorar as mudanças que ocorrem na superfície terrestre. Sendo assim junto com o
processo de ensino-aprendizagem nas ciências geográficas, surge um pensamento mais
contemporâneo que deve ser absorvido pelos atuais educadores não só no ensino da
Geografia, mas em todas as ciências.

Antigamente na Geografia os alunos tinham contato com a conceituação teórica básica


que envolve o uso de dados espaciais. Essa conceituação teórica, porém, não foi
considerada como suficiente para tornar o aluno capaz de abstrair suas aplicações.
Propôs-se, então, que os alunos tivessem um contato inicial com a prática da utilização
de softwares de Geoprocessamento / Geotecnologia e seus produtos para que essa
capacidade fosse desenvolvida durante sua vida escolar, universitária e que,
possivelmente, seria utilizada no decorrer de sua atuação profissional.

Partindo dessas idéias esse artigo vem mostrar de maneira clara utilização de programas
como Spring, Arc Gis, Adobe Ilustration, Google Earth, AutoCAD Map dentre outros
que ajudem no processo de entendimento e análise do espaço, cabendo aos educadores
estimularem desde cedo esses alunos a se familiarizarem com essas novas ferramentas
mais práticas e modernas.
2.Parâmetros Curriculares Nacionais

Os objetivos que norteiam os educadores de Geografia, para que sejam alcançados


pelos alunos no ensino fundamental e médio. Entre os objetivos destacam-se (PCN's,
1998):

·Compreender que os conhecimentos geográficos que adquiriram ao longo da


escolaridade são parte da construção da sua cidadania, pois os homens constroem,
se apropriam e interagem com o espaço geográfico nem sempre de forma igual;

·Criar uma linguagem comunicativa, apropriando-se de elementos da linguagem


gráfica utilizada nas representações cartográficas;

·Reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em


que vivem, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se devem ter na
preservação e na conservação da natureza.

·Compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza nos conceitos de


território, lugar e região, explicitando que, de sua interação, resulta a identidade
das paisagens e lugares;

·Compreender a espacialidade e a temporalidade dos fenômenos geográficos,


estudados em suas dinâmicas e interações;

·Fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de


informação, de modo que interprete, analise e relacione informações sobre o
território e os lugares e as diferentes paisagens;

No século XXI estão mais focados na utilização da informática que facilita o


entendimento da formação e transformação do espaço como esses objetivos abaixo
colocam (PCN's, 1998):

·Utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a espacialidade


dos fenômenos geográficos;

·Fortalecer o significado da cartografia como uma forma de linguagem que dá·


identidade à Geografia, mostrando que ela se apresenta como uma forma de
leitura e de registro da espacialidade dos fatos, do seu cotidiano e do mundo;

·Criar condições para que o aluno possa começar, a partir de sua localidade e do
cotidiano do lugar, a construir sua idéia do mundo, valorizando

·Inclusive o imaginário que tem dele.


3.Múltiplas possibilidades de ensino-aprendizagem da Geografia no século XXI.

A informática, como ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem, é um


recurso que permite trabalhar com os conteúdos da geografia utilizando programas
computacionais, que vão ao encontro da necessidade do educador (MACHADO et
al ,2004).

A teoria e a prática são dissociadas devido à realidade não permite a aplicação do


conteúdo aprendido, ou existe uma distância entre os conhecimentos adquiridos durante
o curso e o que o aluno encontra na prática.

Assim, os atuais educadores profissionais, assumem relevante papel na formação dos


futuros educadores, onde cabe a contribuição principal de estabelecer uma nova visão
entre a teoria e prática, assumindo papel diferenciado daquele onde exista uma relação
autoritária onde a teoria manda porque possui idéias e a prática obedece porque é
desprovida de conhecimento (BOLFE, 2004).

A aquisição da noção de espaço é um processo complexo e progressivo de extrema


importância no desenvolvimento das pessoas. Não se pode consolidá-la, portanto,
apenas por meio de um processo que parte de noções simples e concretas para as mais
abstratas, como se sua aquisição fosse linear e única. Na escolaridade isso significa
dizer que não há apenas uma maneira de construir essa noção: ela não se restringe
apenas aos conteúdos de Geografia, mas permeia praticamente todas as áreas, não sendo
um conteúdo em si, mas algo inerente ao desenvolvimento dos alunos. Entretanto, as
experiências de aprendizagem vividas pelos alunos, nas quais tenham de refletir sobre
essas noções nas mais diversas áreas e num ambiente rico em informações, contribuem
para uma construção de uma noção espacial mais abrangente e mais complexa.

Contudo a minoria tem esse privilegio de aprender de maneira mais prática e fácil, com
escolas de boas estruturas, atualizadas, bastantes recursos e capitais (Escolas
particulares) o que ajuda na criação de um cidadão mais critico; enquanto a maioria dos
adolescentes e crianças do Brasil se quer tem contado com computadores e participam
ainda de uma aprendizagem tradicional e "decoreba".

Com base nessa nova realidade, programas como o Spring 4.0 desenvolvido pelo INPE
(2003), Google Earth(Google) e a utilização do GPS permitem fazer a interação e
análise dos espaços geográficos através de sensoriamento remoto, visão aérea da
superfície do planeta e a localização precisa de determinado ambiente.
Esses programas serão explanados superficialmente neste trabalho.

3.1Spring 4.0

O fato de o software SPRING ter sua licença de uso gratuita facilita seu uso não só na
universidade, mas também em outros locais. Isso dá grande flexibilidade ao aluno para
que este aprenda através do roteiro prático da disciplina de forma fácil, em casa, no
estágio, no trabalho e porque não dizer na praia com seu computador portátil. Também,
após o aluno ter se formado poderia utilizá-lo em sua empresa ou em outro ramo que vá
trabalhar contribuindo muito na sua futura atuação profissional. Entretanto, o fato de ser
gratuito não é o motivo principal para a adoção do SPRiNG como ferramenta de
aprendizagem, neste aspecto pode se concordar com (RÖHN et al, 2003). Há outros
aspectos muito mais importantes que foram levados em consideração tais como:

a) o conjunto de funcionalidades e operações disponíveis abrange de forma plena o


necessário para a aprendizagem de Geoprocessamento num curso básico de graduação.

b) não exige máquinas sofisticadas ou sistemas operacionais especiais

c) contem um sistema de ajuda eficiente que pode ser consultado durante a utilização do
software ou pode-se fazer uso do serviço de suporte que é gratuito.

Porém essa forma de aprendizagem é quase utópica no Brasil, devido principalmente à


falta de investimentos mais severos na educação pública, com profissionais qualificados
e adaptados a realidade tecnológica do mundo.

3.2Google Earth 4.3

O Google Earth, o qual é, segundo a Wikipédia 2006, um programa desenvolvido e


distribuído pelo Google cuja função é apresentar um modelo tridimensional do globo
terrestre, construído a partir de fotografias de satélite obtidas em fontes diversas. A
utilização deste programa como recurso didático em sala de aula tem o intuito de
estimular o senso crítico dos alunos bem como seu raciocínio

Aplicações do Google Earth no ensino da Geografia são (AUDINO et al,2005):

·Observar a Terra em três dimensões

·Selecionar um lugar especifica aproximar deste a atmosfera em diferentes alturas,


menor a altura maior os detalhes.
·Observar cidades de distintos países, irem de um país a outro, de um continente a outro,
cruzar oceanos, desertos e selvas

·Conhecer os nomes dos países, suas cidades principais, população, mares, lagos, rios,
vulcões, acidentes geográficos mais importantes

·Observar patrimônios culturais, religiosos e históricos. Assim como casas e edifícios

·Ver em perspectiva a visualização dos territórios

·Visualizar meridianos, paralelos e trópicos.

·Conhecer as coordenadas de qualquer ponto da Terra

·Medir distâncias

O professor, ao analisar os materiais de que dispõe, em espacial o Google Earth


descobrindo as exigências que estes fazem ao pensamento, pode a partir daí, conduzir
estrategicamente o processo de aprendizagem mediada, cuja principal característica é a
de se realizar por meio de um intenso diálogo intencional, orientado para os processos
de raciocínio, para os processos implicados no "aprender a pensar" ou para o "aprender
a aprender".

Embora a utilização desse software na educação geográfica e interdisciplinar, seja de


custos e maneiras bem fácies, muitas escolas (principalmente públicas) não tem se quer
computadores.

3.3GPS

O GPS é um terminal inteligente que a partir de sinais emitidos de uma rede de 24


satélites, garante localização geográfica precisa em qualquer ponto do planeta. Temos
hoje apenas um serviço de GPS que é fornecido pelo governo estadunidense, mas até
2008 deve entrar em operação seu concorrente europeu, o Galileu, que vai oferecer uma
alternativa ao sistema único que existe hoje.

O uso de qualquer modelo é relativamente simples, mas uma leitura prévia do manual e
um pouco de conhecimento de orientação geográfica fazem uma enorme diferença,
inscrever-se em algum curso que existe hoje em algumas cidades no Brasil ou procurar
um amigo que tenha algum modelo e saiba lhe ingressar no fascinante mundo da
navegação via satélite.

O mercado dispõe de vários fabricantes de receptores GPS e todos têm modelos de


baixo custo, que podem ser instalados no painel do veículo ou mesmo levados a
tiracolo, enquanto mapeiam os caminhos que estiverem sendo percorridos, fornecendo
também a altitude e a velocidade com precisão. Alguns modelos possibilitam ainda que
você descarregue os dados em um computador, que por sua vez plotará os pontos de
navegação denominados way points ou land marks, dependendo do fabricante, em um
mapa da região, deixando tudo perfeitamente sinalizado.

4. Conclusão

O objetivo desta alfabetização é desenvolver a capacidade de compreensão do espaço


geográfico, para que a partir dela o aluno seja capaz de extrair dados relevantes daquilo
que procura e formular hipóteses reais com as informações de que dispõe no mapa.
Além do mais, colocar à disposição dos alunos, o conhecimento destas novas
tecnologias, para que possam contribuir para o desenvolvimento da ciência.

As geotecnologias ao longo de seu desenvolvimento estiveram quase sempre envolvidas


por uma atmosfera de estórias que as aproximam da realidade para a resolução de
complexos problemas das mais diferentes origens e escalas, porém as tornam
inalcançáveis à compreensão da maior parte das pessoas, que se quer são familiarizadas
com esse tipo de saber, devido a ignorância, o desconhecimento que normalmente,
propicia a especulação e a mística. Infelizmente, esse processo, muitas vezes, é
praticado a partir daqueles que deveriam facilitar a compreensão. Não se trata aqui, de
banalizar o processo de desenvolvimento da tecnologia, mas sim e por obrigação, de
democratizar as informações que dele brotem, e que interessam diretamente a uma
grande parte da população dos mais diversos níveis sociais e de educação que se
interessa por tudo que possa servir-lhe como ferramenta para seu desenvolvimento,
estejam elas nas grandes cidades, em sua periferia, no campo ou nos mais distantes
lugares do território.

Felizmente, o cenário que se vislumbra atualmente, é mais estimulante e verdadeiro, na


medida em que amplia a capilaridade necessária entre a academia e a população, porém
ocasionando apenas um encontro tão clamado e quase nunca devidamente exercitado.

"Lembrai-vos que a finalidade da educação é formar seres aptos para governar a si


mesmos e não para ser governados pelos outros" (CHALITA, 2001).
Referências

AUDINO, Daniel Fagundes; CASSOL, Roberto; GIORDANI, Ana Claudia Carvalho.


Inserção do Google Earth no ensino de Geografia. Brasil, 2005.

BOLFE, Édson Luis. Educação em geotecnologias: realidade e desafios. Anais – I


Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 10 a 12
de novembro de 2004.

BRASIL. Geografia. In: Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, MEC/SEF,


1998.

CHALITA, G.. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001. 102 p.

FILHO, Homero Fonseca;RODRIGUES, José Alberto Quintanilha Marcos;

SOUSA, Gisela Mangabeira de. O uso do spring como ferramenta de aprendizagem


de geoprocessamento.4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito
do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Sistema de Processamento de


Informações Georeferenciadas(SPRING) versão 4.O. São José dos Campos: Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais, 2003.


[online]http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html.

MACHADO, Clairton Batista; SAUSEN, Tania Maria. A geografia na sala de aula:


informática, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas -
recursos didáticos para o estudo do espaço geográfico.4ª Jornada de Educação em
Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São
Leopoldo, RS, Brasil.

RÖHM, S. Gibotti, F.; FONSECA FILHO, H; LOPES, S.C.,2003. Spring como


ferramenta de apoio a formação de especialista em geoprocessamento.
Experiências e Resultados do NGeo/UFSCar.In: Anais do COBENGE,Rio de
Janeiro, 14p.

PIRES, Ivan de Oliveira; BARROS, Edson Benigno da Motta;REIS, Cláudio Henrique.


Sensoriamento Remoto nas Geociências da UFF uma Ferramenta de Ponta. Anais
IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, 11-18 setembro 1998,
INPE, p. 309-313.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-ensino-da-geografia-no-seculo-xxi-a-utilizacao-de-


geotecnologias/22919/#ixzz3ppMyaJvN
Contribuição científica

12/02/2014

Para educação mais eficaz, pesquisas criteriosas

Pesquisadores se reúnem em minicurso da USF em Campinas para debater as técnicas


que embasam o conhecimento necessário para conduzir estudantes ao sucesso

Por Marília Rocha

Os conhecimentos da Psicologia e da Economia podem se unir para ajudar a melhorar a


qualidade da educação. Pesquisas que compartilham experiências e conceitos das duas
áreas fornecem o embasamento teórico a políticas públicas que, além de incentivar o
conhecimento, promovam também competências e atitudes. Alguns dos maiores nomes
atuais envolvidos nesse debate se reúnem em Campinas até sexta-feira, em um
minicurso da Universidade São Francisco, com patrocínio do Instituto Ayrton Senna
(IAS).
Um dos objetivos do curso é reunir pesquisadores e estimular a conexão entre as áreas
em busca de métodos de avaliação precisos que mostrem, por exemplo, qual o papel da
força de vontade de um aluno no seu desempenho escolar e, futuramente, no seu sucesso
profissional, e como é possível testar a eficiência de projetos que queiram estimular essa
competência dentro da escola.

“Muitos estudos demonstram que medidas de personalidade têm papel relevante no


desempenho econômico e podem ser estimuladas; tanto a econometria quanto a
psicometria já têm experiências e resultados importantes nessa busca, mas chegou a
hora de reunir as duas em um diálogo efetivo”, afirmou um dos organizadores do
encontro, Ricardo Primi.

Segundo ele, atualmente já é possível encontrar pesquisas de economistas e psicólogos


que lidam com o mesmo problema, em busca de uma mesma solução, mas com
conceitos e técnicas um pouco diferentes. Além disso, levantamentos sobre as melhores
técnicas para confirmar se os testes são válidos ou que podem ser úteis no ambiente
escolar já são amplamente utilizadas em outros países, e o Brasil começa a entrar nesse
debate com alguns trabalhos pioneiros.

Há algumas décadas, a avaliação do sistema educacional por meio de provas, como a


Prova Brasil, abriu espaço para o estabelecimento de metas e monitoramento do
progresso escolar, que estão sendo cada vez mais aperfeiçoados e hoje já precisam ser
complementados por avaliações sobre mais aspectos dos alunos que possam receber
incentivos.

AULAS

O minicurso sobre “Métodos Quantitativos para Educação e Psicologia: Psicometria,


Construção de Medidas e Avaliação de Impacto”, teve início ontem, para mais de 50
inscritos, entre pesquisadores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educccacionais), alunos de pós-graduação e pesquisadores de ciências sociais aplicadas,
com interesse em trabalho empírico. Durante toda a semana, serão discutidas as técnicas
usadas para medir e avaliar projetos educacionais, assim como habilidades
socioemocionais (também chamadas não cognitivas) no ambiente escolar.

As aulas ocorrem todos os dias, das 9h às 17h, no campus da USF Unidade Swift. A
intenção é indicar os atuais métodos empíricos e as técnicas atualmente utilizadas por
cientistas sociais, seja para definir construtos (por exemplo: o que define uma pessoa
com baixa motivação e como é possível estimular uma melhora), seja para discutir as
relações causais entre variáveis observadas e os efeitos de tratamento sobre elas,
inclusive com auxílio de softwares.

Ministrado por professores do departamento de Psicologia da USF e por docentes do


departamento de Economia da Universidade São Paulo – USP, o minicurso terá também
participação do professor Willian Revelle, Ph. D. em psicometria.

http://educacaosec21.org.br/contribuicao-cientifica/
Como o nome sugere, este site nasceu da ideia de apresentar aos pais, gestores,
professores, especialistas e comunidade caminhos para melhorar o aprendizado.
Caminhos que procuramos identificar na ampla produção científica nacional e
internacional. Apesar do rigor técnico que sempre esteve presente, a intenção, no
entanto, nunca foi fazer apenas uma extensa e sofisticada compilação das evidências
que existem sobre ensino-aprendizagem, mas sim disponibilizar esse conhecimento para
que ele seja útil para a sociedade refletir sobre as políticas públicas e sua eficácia.
Esse trabalho teve inicio em 2007, no âmbito da Comissão Técnica do Todos pela
Educação, coordenada por Viviane Senna.

A partir do trabalho inicial de Gustavo Ioschpe foi agregada uma série de contribuições
até que, em março de 2009, o economista Ricardo Paes de Barros assumiu o desafio de
coordenar o projeto que envolveu 17 pesquisadores de quatro renomadas universidades
brasileiras (Fundação Getúlio Vargas (SP), Universidade Federal de Minas Gerais,
Ibmec-RJ e Universidade de São Paulo).O trabalho centrou sua atenção nos fatores que
estão sob controle das escolas e das Secretarias de Educação e que são determinantes do
aprendizado dos alunos, expresso na Meta 3 do Todos pela Educação.

A intenção deste trabalho é contribuir para o desenho de políticas mais efetivas na


promoção do aprendizado dos alunos, identificando – e, quando possível, mensurando –
a magnitude dos seus impactos. Apenas os estudos que contavam com uma base
empírica sólida (uma amostra de pelo menos 2 mil pessoas ou 100 escolas/sistemas
educacionais) foram selecionados pelos pesquisadores que observaram, além da
qualidade do resultado da política implementada, a qualidade do próprio estudo.

http://educacaosec21.org.br/iniciativas/caminhos-para-melhorar-o-aprendizado/

Intelectuais do Século XX e a educação no Século XXI: o que


podemos aprender com eles?

Resumo
O livro "Intelectuais do século XX e a Educação no século XXI: o que podemos aprender com
eles?", que ora apresentamos, pretende introduzir o leitor num campo de reflexão que tem
muito a contribuir para a compreensão do homem e da educação contemporânea, à luz do
pensamento de autores que se tornaram clássicos, no decorrer do século XX, nas áreas das
ciências sociais (Max Weber, Norbert Elias e Pierre Bourdieu), psicologia (Jean Piaget e
Wilhelm Reich), filosofia (Wittignstein, Max Hokheimer, Theodor W. Adorno, Michel
Foucault, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Matthew Lipman), e, logicamente, na área da
educação, por meio da discussão do pensamento de John Dewey, um dos mais importantes -
se não o mais importante - pensador da educação no século XX.

Num momento em que a sociedade industrial se consolidou - início e transcorrer do século XX


-, passa a ser, também, objetivo desse livro relacionar suas contribuições teóricas, entendidas
como bases culturais, com a nossa educação do século XXI. Também é verdade que outros
pensadores poderiam ter sido escolhidos, mas, se pensarmos assim, sempre seremos injustos
com os ausentes, e sempre haverá ausentes.

O critério determinante para a escolha desses intelectuais foi a especialização do autor em


relação ao pensador, ou seja, todos os autores escolhidos para escreverem sobre as
contribuições teórico-metodológicas de cada um dos pensadores citados acima, já têm, no
mínimo, um livro e/ou artigo publicado sobre o respectivo pensador.As leituras e
interpretações apresentadas abordam questões pertinentes ao cenário atual da educação.

Não se pretende responder a todas as questões da educação contemporânea, mas cada texto
possibilita a transição constante entre o conceitual e o cotidiano, entre os exemplos e a teoria,
entre as polêmicas e o consenso.

Como é característica de textos introdutórios - e é assim que olhamos para os ensaios que
compõem o presente livro -, os autores se preocuparam em apresentar seus respectivos textos
de forma objetiva e sintética, porém bem estruturados.

Com a publicação da presente coletânea de ensaios sobre as contribuições conceituais


(teóricas e metodológicas) de importantes pensadores do século XX, com o objetivo de
compreendermos melhor a educação no século XXI, esperamos dar a nossa contribuição para a
área da Educação, sempre permeada pelas grandes áreas das Ciências Humanas e Sociais.
Nesse livro, o leitor vai encontrar idéias e reflexões que retomam temas que os clássicos nos
ofereceram, procurando traduzi-los para os nossos tempos e suas possíveis relações com a
educação. Algumas explícitas, outras nem tanto. Dessa maneira, os textos aqui apresentados
poderão ser de grande utilidade para formação de todos os estudantes, professores, e
pesquisadores da educação, da psicologia, da filosofia e da sociologia. (AU)

http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/38590/intelectuais-do-seculo-xx-e-a-educacao-no-seculo-xxi-o-que-
podemos-aprender-com-eles/
EDUCAÇÃO NO SECULO XXI

Caminhando pelas abordagens educacionais

Iniciei meus estudos, na área da educação, pelo desejo que considero sonho de minha parte –
conhecer propostas diferenciadas de educação – caminhei por diversas abordagens e, para
minha surpresa, percebi que não é tão utópico este meu desejo.

Minha viagem teve início na Visão Holística da Educação, onde diversos autores dão suas
contribuições para que a educação alcance o objetivo de formar o homem como ser integral,
considerando os aspectos físico, mental e espiritual.

Da Visão Holística passei à Educação em Valores Humanos (Sathya Sai Baba) – surgida na
Índia e se espalha pelo mundo contribuindo com o enfoque de se trabalhar valores humanos na
educação.

Depois da Educação em Valores Humanos, encontrei a Pedagogia Waldorf (Rudolf Steiner) –


que enxerga o ser humano além da limitada compreensão física, mas com uma unidade
harmônica físico-anímico-espritual.

Partindo da Pedagogia Waldorf, quis me aprofundar na busca de compreender a formação do ser


humano e entender a complexidade da educação, da responsabilidade do educador na vida de
cada educando; encontrei dessa forma, a Pedagogia Espírita (Eurípedes Barsanulfo, hoje
divulgada por Dora Incontri) que traz como contribuição a compreensão do ser humano como
um ser eterno em estágios de evolução.

Esse relato é apenas para percebermos que existem muitas linhas de pensamentos, de idéias que
estão muito alem do tradicional e convencional que é trabalhado e divulgado. Portanto, cabe à
cada um de nós, educadores pesquisadores divulgarmos e tornarmos cada vez mais conhecida
essas abordagens educacionais mais humanas

https://fmaria.wordpress.com/

Saber aprender e ensinar no século XXI (página 2)


João Beauclair

Um dos maiores desafios, ao saber que somos invadidos cotidianamente com inúmeras
informações, é lidar com esta nova sociedade, cuja revolução, nos meios de informação, mídia
e tecnologia, remete nosso pensar, refletir e agir sobre o como ensinar e aprender numa
sociedade aprendente.

Diversos documentos oficiais, divulgando sobre tais mudanças em nosso mundo,


ressaltam impactos imensos, seja o impacto da própria globalização e mundialização,
seja o impacto da sociedade da informação e da nova sociedade tecno-científica.
Unidos, enquanto impactos, algumas terminologias tem sido amplamente adotadas no
jargão técnico sobre o tema, tais como sociedade da informação, sociedade do
conhecimento (knowledge society) ou sociedade aprendente (learning society).
Saber aprender e ensinar no século XXI é enfrentar o desafio contextual de estarmos em
processo de construção de uma sociedade do conhecimento (ou aprendente) que tem seu
foco na produção intelectual, com intensiva utilização das tecnologias da comunicação e
informação.

Fica cada vez mais claro que o conhecimento é determinante recurso social, econômico,
cultural e humano neste novo período de nossa evolução histórica: a sociedade
aprendente. É Hugo Assman que nos diz que com a expressão sociedade aprendente
"pretende-se inculcar que a sociedade inteira deve entrar em estado de aprendizagem e
transformar-se numa imensa rede de ecologias cognitivas".

Assim, aprender e ensinar no século XXI, é necessariamente lidar com a aprendizagem


numa perspectiva de construção de ecologias cognitivas, onde a capacidade de aprender
está sendo cada vez mais necessária nas distintas interações que, enquanto sujeitos,
estabelecemos com os outros, com o meio, ou seja, com a sociedade.

Em Pierre Lévy (1994), aprendemos que tais ecologias cognitivas são as complexas
relações que estabelecemos com a realidade, fazendo a utilização coletiva de nossas
inteligências com o entrelaçamento e a mediação dos avanços tecnológicos. Saber
aprender e ensinar no século XXI é enfrentar este desafio no nosso contexto educacional
atual: criar estratégias para o desenvolvimento de uma ecologia cognitiva geradora de
uma sociedade do conhecimento, onde competências e habilidades para aprender e
ensinar sejam acessíveis a todos. Um outro teórico importante, Peter Senge, nos fala
sobre a necessária construção de organizações de aprendizagem

"nas quais as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados


que realmente desejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, onde a
inspiração coletiva é libertada e onde as pessoas aprendem continuamente a aprender
em grupo.

O desafio que se configura, então, é pensar como nossas escolas, em suas ações
cotidianas, podem organizar ações educativas que atendam a demanda por
aprendizagens significativas e por efetivas construções de conhecimentos. Em nosso
momento histórico atual, reside nos projetos político-pedagógicos a busca por coerência
entre as práticas de ensinagens e os novos paradigmas científicos que, no contexto das
emergentes mudanças, devem estar presentes nas reformulações pedagógicas.

Na sociedade aprendente do século XXI, é a prática educativa em si que necessita ser


revisada, com profundidade, em suas abordagens didáticas, em suas concepções
epistemológicas e nos seus distintos aspectos curriculares, pois o avanço crescente da
ciência, das tecnologias e dos meios de comunicação exige a presença da coerência nos
contextos educacionais, visando atender demandas contemporâneas pela disseminação
de novos paradigmas científicos, necessários à economia globalizada.

São as mudanças que desencadearam a sociedade aprendente que desafiam as


instituições educacionais a oferecerem formação que seja compatível com as demandas
atuais - criadas com as redes eletrônicas de comunicação, com a internet e as múltiplas
possibilidades midiáticas de acesso à informação e a ampliação cada vez maior, em
nosso planeta, da produção de conhecimentos, disponível nos bancos de dados presentes
no ciberespaço.
Mediante tal realidade, a ação docente deve ser focada, irremediavelmente, no ensinar
para aprender, visto que a maior demanda educacional contemporânea é formar sujeitos
aprendentes, capazes de aprender de modo criativo, contínuo, crítico e autônomo. A
adoção de novas abordagens, de novos modos de ensejar a capacidade de investigação e
de "aprender a aprender" deve ser objetivo a ser perseguido por todas as instituições
educacionais, para a construção de novos dos modos de produção do saber, criando
condições necessárias para o necessário e permanente processo de educação continuada.

Um valioso aspecto a ser observado é a busca por ativas metodologias pedagógicas, que
fomente, nas redes informatizadas, às necessidades de acesso às informações e ao
conhecimento. Neste sentido, aprendentes e ensinantes precisam estar em movimentos
de parcerias na pesquisa, na investigação e na busca por coletivas modalidades de
aprendizagem. Importante desafio para o aprender e o ensinar no século XXI.

II - Revisões paradigmáticas e Psicopedagogia: o caminho sendo


trilhado.

Os desafios elencados acima podem ser enfrentados com novos estudos, novas inserções
teóricas e práticas no campo educacional. A Psicopedagogia, no Brasil, tem contribuído
de modo significativo, para a necessária revisão da prática escolar cotidiana, inserindo,
nos espaços e tempos institucionais, novos paradigmas e novas dimensões para o ato
educativo.

Autores oriundos de campos de conhecimento distintos, tais como Edgar Morin,


Humberto Maturana, Paulo Freire, Pedro Demo, Aglael Luz Borges, Francisco Varela,
Ivani Fazenda, Fritoj Capra, Maria Cecília Castro Gasparian, Alicia Fernández, Hugo
Assmann, Sara Pain, Jorge Visca, Edith Rubinstein, Leonardo Boff, Maria Cândida
Moraes, Xésus R. Jares, Júlia Eugênia Gonçalves, José Manuel Moran, Maria José
Esteves Vasconcellos, J. Gimeno Sacristán, Sara Pain, Laura Monte Serrat, Jung Mon
Sung, Nilda Alves, Fernando Hernandez, José Contreras, César Coll Salvador, Moacir
Gadotti, Boaventura Santos, Gloria Pérez Serrano, entre outros tantos e importantes
teóricos de nosso tempo, alimentam ações e pesquisas psicopedagógicas, (com o intuito
de colaborar, de modo contundente, numa constante produção de informações e
conhecimento), em um esforço conjunto e cooperativo para auxiliar, de modo crítico e
reflexivo, na elaboração de novos conhecimentos e no seu inteligente uso nos espaços
institucionais.

A Psicopedagogia no Brasil, hoje, tem relevante papel neste sentido, organizando


práticas docentes em associação a esta nova realidade. O ensinante na educação básica,
e nos demais níveis de escolaridade, com o auxilio do profissional psicopedagogo, pode
superar as possíveis dificuldades relativas às mudanças essenciais que a práxis
pedagógica contemporânea necessita. O ensinante, mesmo sem ser o único elemento
significativo em todo este movimento, continua sendo o protagonista no que diz respeito
às decisões pedagógicas, apesar de outros tantos fatores que neste processo interferem.

O ensinante, como fundamental elemento - e por seu papel em cada sala de aula que
atua-, pode favorecer a mudança, visto ser ele que direciona sua própria prática
pedagógica. Apesar da predominância da perspectiva reprodutora do conhecimento que,
infelizmente ainda é paradigma dominante, com a presença da fala massiva e
massificante, hoje, com o apoio e o trabalho dos profissionais psicopedagogos
inserindo-se em diferentes espaços institucionais, metodologias mais criativas ganham
espaço no cotidiano escolar.

É, sem dúvida, uma realidade nova, complexa e desafiadora para a educação como um
todo - e para a Psicopedagogia em particular - esta sociedade contemporânea, do
conhecimento e aprendente, que pode ser vislumbrada como um campo aberto para
novos estudos, novas pesquisas e propostas educativas.

A crise vivenciada no exercício da prática docente, em todos os níveis de ensino,


estimula a busca por novos caminhos necessários à educação, que atendam aos novos
paradigmas de nosso tempo. É fundamental, para as novas dinâmicas comunicacionais
advindas desta sociedade aprendente, sociedade da informação e do conhecimento,
adequar processos pedagógicos presentes na revisão, ou melhor, na transição de
paradigmas, como nos ensina Boaventura Santos (1987) que a define como um
necessário espaço à ruptura e a mudança do paradigma dominante e tradicional,
movimento essencial direcionado à construção do paradigma emergente.

Para Boaventura Santos (1987) tal paradigma emergente teve sua origem na ciência de
nossa contemporaneidade, que por ele recebe a definição de ciência pós-moderna.
Assim, as revisões paradigmáticas, como caminho sendo trilhado, podem ser pensadas,
feitas e investigadas pela Psicopedagogia, que por sua própria história e pelo seu
desenvolvimento, caracteriza-se com espaço interdisciplinar que visa alcançar a
transdisciplinaridade, propondo a uma educação que atenda, efetivamente, as demandas
pro aprendizagem presentes na pós-modernidade.

Interessantes contribuições para a ampliação desta idéia estão presentes no livro


Psicopedagogia: contribuições para a educação pós-moderna, publicado pela Editora
Vozes em 2004. Ao tratar dos processos de autonomia, de autoria de pensamento, de
construção de novos olhares, dos vínculos afetivos, da temática de inclusão, alteridade e
identidade, ao propor a contextualização plena do sujeito humano em ambientes de
aprendência, além de dar especial atenção às questões presentes no cotidiano escolar, a
Psicopedagogia tem contribuído de fato, com grande relevância, para o permanente
desafio de construir a escola ética e cidadã, necessária para o saber aprender e ensinar
no século XXI.

Algumas proposições e reflexões podem, com o suporte psicopedagógico, levar a


construção de ações e estratégias contributivas para o ressignificar das vivências
presentes no cotidiano escolar. Se a busca é por aprendizagens significativas,
aprendentes e ensinantes devem ser percebidos como caminhantes por uma mesma
estrada, de mãos dadas, na busca de conhecer, de saber, de compreender os imensos
desafios de nosso tempo, que emergem em todos os aspectos da vida humana e afetam a
todos nós.

A construção de um outro cotidiano escolar exige trabalharmos com as dimensões éticas


necessárias a construção de uma cidadania ativa, onde a participação de todos, sem
nenhuma exceção, gere uma gestão escolar democrática e possibilitadora de novos
movimentos de conscientização.

Algumas das minhas apostas metodológicas, a partir de minhas antigas e atuais


vivências profissionais como arte-educador, psicopedagogo e formador de educadores e
psicopedagogos em cursos de pós-graduação, teço a seguir, como forma de contribuir
para novas reflexões e proposições.

III – Proposições e reflexões: ações e estratégias contributivas as


vivências de aprendizagens significativas:

"Não haveria existência humana


sem a abertura de nosso ser ao mundo,
sem a transitividade de nossa consciência".
Paulo Freire

Diante do que aqui expus, e de acordo com minha postura profissional, acredito sempre
ser necessário fazer proposições ao nosso pensar sobre os temas que trabalho. Apesar de
fazer análises, levantar questões e estudar determinados temas ser de grande
importância, cabe a quem se dedica a Educação e Psicopedagogia também fazer
proposições, ou seja, apontar alguns caminhos, sempre discutíveis e provisórios.

No percorrer de minha trajetória tenho pensado e me conduzido deste modo: faço


proposições, exerço minha autoria de pensamento compartilhando idéias,
conhecimentos e saberes no intuito de dar minha parcela de contribuição de modo mais
significativo. Escrever, para mim, é um modo de aprender, pois com a escrita,
sistematizo meus estudos e posso compartilhar, com meus artigos e textos, minhas
buscas em Educação e Psicopedagogia.

No meu primeiro livro, Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades,


publicado em 2004, propus uma matriz de competências e habilidades básicas para a
ação psicopedagógica, mediante as mudanças presentes no nosso século XXI.
Interessante comentar aqui que este trabalho, nascido de minhas próprias perguntas e
dúvidas psicopedagógicas, hoje está em sua segunda edição, é utilizado em diversos
cursos de pós-graduação em Psicopedagogia em nosso país e tenho recebido
interessantes comentários de ensinantes e aprendentes em Educação e Psicopedagogia,
sobre o seu uso em estudos, aulas e produções monográficas.

No meu segundo livro publicado, Para Entender Psicopedagogia: perspectivas atuais,


desafios futuros, minha proposição maior está focada na própria formação do
psicopedagogo e em sua permanente busca de profissionalidade, caminhando em
processos de formação continuada, de supervisão e de busca de formação pessoal.

Incluir, um verbo ação necessário à inclusão: pressupostos psicopedagógicos, é meu


último trabalho, recentemente publicado, e lançado em Portugal e Espanha no início
deste ano. Neste livro, também mantenho a iniciativa da proposição elencando, numa
perspectiva dialógica e participativa, competências técnicas para profissionais
envolvidos em Psicopedagogia e Educação Inclusiva.

Aqui também considero importante me posicionar de modo propositivo. Uma primeira


questão deve ser a de pensarmos, enquanto ensinantes e gestores educacionais, sobre a
importância de processos de inclusão digital e do uso da internet. Pierre Lévy assinala
que ciberespaço "haveria lugar para projetos, entre os quais o desenvolvimento de uma
inteligência coletiva".
Este mesmo autor afirma ainda que a inteligência, a aprendizagem e a cognição são
resultantes das complexas redes onde um grande número de atores humanos, biológicos
e técnicos interagem. Neste sentido, uma proposição é pensar em projetos educativos
que construam, com o uso do ciberespaço, novas possibilidades didáticas,
metodológicas e pedagógicas para a construção de conhecimentos.

Sabemos que os recursos tecnológicos das comunicações e informações digitais, quando


presentes nas instituições de ensino não são, infelizmente, usados de modo adequado e,
quando ocorre este uso, não apresentam rupturas, nem nos aspectos curriculares,
epistemológicos ou didáticos, perdurando apenas abordagens pedagógicas
convencionais, com pouca inovação.

Políticas públicas favorecedoras à inclusão digital e formação de educadores para o uso


adequado e inovador das tecnologias da informação e comunicação, em espaços
digitais, é um bom desafio a ser enfrentado para a melhoria da educação, da
aprendizagem e do saber no século XXI.

Uma segunda questão surge também como possibilidade de reflexão e posicionamento:


nas instituições de ensino, grosso modo, perdura uma prática pedagógica tradicional,
ainda focada na transmissão do conhecimento, na aprendizagem repetitiva, sem
contextualização adequada, incompatível com a conectividade, com a interatividade e
hipertextualidade que caracterizam, nas redes de comunicação digitais, as dinâmicas
comunicacionais novas, surgidas com a revolução das tecnologias de informação.

A proposição aqui também se vincula ao surgimento de novos projetos de formação de


educadores para o uso qualitativo das novas tecnologias, como prioridade fundamental,
visto que nesta nova realidade, presente na sociedade aprendente, trás a exigência de
novos modos de produzir conhecimento, novas maneiras de ensinar e de aprender.

A terceira proposição está centrada no desenvolvimento das ecologias cognitivas


contemporâneas, pois o amplo acesso a conhecimentos e informações, além da
crescente velocidade das comunicações digitais, podem se tornar, cada vez mais,
criadores de novas potencialidades de interações sociais.

O desafio então é o de fomentar o surgimento de novos usos do acesso à internet, novas


comunidades, novos grupos de interesse, que exige a mobilização de novas
competências, tanto para a construção individual quanto coletiva do conhecimento.

A prioridade, então, deve ser o aprendente e aqui surge uma outra proposição: a busca
permanente por metodologias ativas de construção de conhecimentos que atenda a
interesses e necessidades distintas, que respeite os diferentes ritmos, as distintas
modalidades e os estilos diferentes de aprender de cada um. A pesquisa constante e a
formação continuada, nos espaços e tempos da ação de cada ensinante, devem ser
perseguidas como parte de todo o trabalho educativo.

A aprendizagem significativa, a mediação adequada no ato de aprender e a invenção de


novos modelos pedagógicos devem ser perseguidas para atender as demandas de nosso
tempo. Isto significa que precisamos, no cotidiano escolar, nos espaços e tempos das
instituições educacionais, fazer mudanças, promover rupturas e ir além dos modos
tradicionais de ensino e aprendizagem. Mudanças significativas nas posturas dos
ensinantes devem ocorrer, pois a urgência é efetivar e instaurar o desejo de uma
comunicação dialógica, que entenda o aprendente como um sujeito ativo, histórico que
precisa de técnicas e instrumentos, mas necessita também compreender a realidade de
seu tempo, de seu contexto social, e de ser visto em suas múltiplas interações e em suas
diferentes capacidades perceptivas, sensoriais e cognitivas, ou seja, que seja percebido
com um sujeito em suas múltiplas dimensões.

A última proposição, que aqui se configura, é a de aprendermos, todos, a lidar com a


diversidade cultural, com a pluralidade, com a alteridade, com processos de identidade,
de inclusão e de validação de cada aprendente. No exercício de uma cidadania ativa, de
uma vivência ética nos espaços e tempos das instituições, esta proposição pode ampliar
possibilidades de encontro, do sujeito com si mesmo, com os outros, com o mundo e
suas complexidades. E neste movimento, aprendentes e ensinantes iniciam um novo
caminhar, onde novos modos de ensinar e aprender estejam em movimento de
ressignificar às relações interpessoais e criar, desta forma, novas relações com o próprio
processo de construir conhecimentos, novos comportamentos, novos estímulos de
percepção, novas racionalidades e novas visões de mundo, a partir de suas autorias de
pensamento em movimento.

Conclusão: A magia de educar: aprender é ensinar, ensinar é


aprender...

" O grande problema do educador não é discutir se a educação pode ou não pode, mas é
discutir onde pode, como pode, com quem pode, quando pode, é reconhecer os limites
que sua prática impõe e perceber que o seu trabalho não é individual, é social e se dá na
prática de que ele faz parte."

Aprender é uma de nossas capacidades humanas, que faz com que sentidos e
significados sejam despertos para um viver ético e cidadão. Em nossa
contemporaneidade, os caminhos que estamos a vislumbrar sobre o aprender e o ensinar
contemporâneo, podem apontar para novos modos de ser e estar atuando em Educação,
Psicopedagogia e Aprendizagem. Tais caminhos podem gerar novas modalidades de
ensino onde o autoritarismo ceda espaço para a solidariedade e para o desenvolvimento
de novas habilidades criativas, colaborativas e comunicacionais essenciais ao processo
de construção do conhecimento.
Deste modo, nosso maior desafio é promover espaços e tempos nas instituições
educacionais para que a aprendizagem seja, de fato, cooperativa, lembrando com Jean
Piaget o quanto a cooperação é fundamental fator para o desenvolvimento humano.

Para aprender e ensinar no século XXI é preciso, essencialmente, cooperar, operar junto
com, favorecendo o equilíbrio nos intercâmbios presentes na sociedade de nosso tempo
e resultando numa aprendizagem que traga à luz internos processos de desenvolvimento
que só acontecem quando, enquanto aprendentes, os seres humanos interagem com os
outros.

Assim, resta desejar com todos os nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações
que as instituições educacionais do século XXI - onde possamos cada vez mais crescer
como seres humanos- sejam como a escola sonhada por Paulo Freire e, por tantos de
nós, desejada.
"Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de
amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!
Ora , é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz."

Bibliografia:

ALVES, Maria Dolores Fortes. De professor a educador. Contribuições da Psicopedagogia:


ressignificar os valores e despertar a autoria. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2006.
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1998.
BEAUCLAIR, João. Para Entender Psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios futuros. Rio
de Janeiro: WAK Editora, 2006.
BEAUCLAIR, João. Incluir, um verbo/ação necessário à Inclusão: pressupostos
psicopedagógicos. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2007.
BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades. Segunda
edição. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2006.
BEAUCLAIR, João. Olhar, ver, tecer: a busca permanente da teoria no campo psicopedagógico.
In: SCOZ, Beatriz et al. (org) Psicopedagogia: contribuições para a educação pós-moderna,
Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora Tempo
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DEVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Editora Artes Médicas,
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FREIRE, Paulo. A pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora Unesp, 2001.
GIBSON, Willian. Neuromancer. Nova York: Ace Book, 1984.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.
LÉVY, Pierre. Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola,
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MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias. Revista
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MORAN, José Manuel et al. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus,
2000.
MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis: Editora
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MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal
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SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade.
Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 1994.
SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem.
São Paulo: Círculo do Livro, 1990.
SCHÖN, D.A. The reflective practitioner: How professionals think in action. NY. Basic Books,
1983.

Prof. João Beauclair


Psicopedagogo, Arte-educador, Mestre em Educação

joaobeauclair[arroba]yahoo.com.br

Homepage: http://www.profjoaobeauclair.net

Artigo produzido especialmente para o XI Congresso Saber 2007, São Paulo, 21 a 23 de


setembro de 2007.

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