SEMIÓTICA
SEMIÓTICA
SEMIÓTICA
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS....................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITOS ELEMENTARES DE SEMIÓTICA................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
SEMIÓTICA E HERMENÊUTICA ................................................................................................. 32
CAPÍTULO 3
SEMIÓTICA, FENOMENOLOGIA E MUDANÇA DE PARADIGMAS................................................. 38
UNIDADE II
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS............................................................ 51
CAPÍTULO 1
ESTRUTURALISMO, SINTAGMAS E PARADIGMAS......................................................................... 51
CAPÍTULO 2
EPISTEMOLOGIA, MECANISMOS DE LINGUAGEM E SEMIÓTICA EM SEU
CONTEXTO PRÁTICO............................................................................................................... 58
CAPÍTULO 3
ESTÉTICA, DESIGN E SEMIÓTICA............................................................................................... 78
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 94
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Objetivos
» Conceituar questões elementares da semiótica e sua correlação com o
design de produtos.
8
SEMIÓTICA E DESIGN UNIDADE I
DE PRODUTOS
CAPÍTULO 1
Conceitos elementares de semiótica
Por esses motivos é que Charles Sanders Peirce (1839-1914), o mais expressivo
filósofo que trabalhou a questão da semiótica – embora Ferdinand de Saussure
(1857-1913) seja considerado o pai da semiótica –, enxergava signo em tudo, sem
exceções (importante mencionar que semiótica para Peirce era sinônimo de lógica
e vice-versa).
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Esse campo do saber humano tomou forma oficial em meados do século XVII,
porém somente no século XX foi que o termo semiologia foi relacionado à
tradição semiótica por Ferdinand de Saussure (1857-1913), com as sequências
conferidas por Louis Hjelmslev (1899-1965) e Roland Barthes (1915-1980). Os
países românicos foram os que mais se apropriaram desse campo, visto que,
concernente à palavra semiótica, os autores alemães e anglófonos deram maior
preferência a ela.
Com efeito, semiótica não pode ser confundida com semiologia, que possui uma
tradição saussureana. Campos e Araújo (2017, p. 12) jogam luz sobre os termos:
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Assim sendo, um mesmo conteúdo “pode ser expresso por meio de planos de
expressão de ordens diferentes, ou seja, pode-se manifestar em um plano de
expressão de ordem verbal, não-verbal ou sincrética”. O conteúdo, como dito, pode
se manifestar, por exemplo, no sistema verbal de um romance e, com isso, pode ser
“adaptado para o cinema em um plano de expressão sincrético, ou inspirar uma
sinfonia ou uma tela em planos de expressão não-verbais” (PIETROFORTE, 2004,
p. 11).
O processo de formação da ciência geral dos signos se deu por meio das reflexões
provenientes do período greco-romano, especialmente em Platão e Aristóteles –
que desenvolveram uma semiótica avant la lettre (à frente da letra) ao estudar
tanto os signos, quanto a significação e a comunicação (CAMPOS; ARAÚJO, 2017).
O Quadro 1 traça um panorama histórico da semiótica na antiguidade.
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Com efeito, o sentido exegético baseia-se na hermenêutica bíblica que busca quatro
níveis diferentes de explicação do mesmo texto:
Destarte, a doutrina das assinaturas das coisas foi apresentada pelo médico suíço
Paracelso (1493-1541), que “apresentou um sistema de códigos para interpretação
de todos os signos naturais. No sistema, Deus não está só como autor das
mensagens. O homem, archaeus – o princípio interior do desenvolvimento –, e
astros também os produzem” (CAMPOS; ARAÚJO, 2017, pp. 13-14).
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Roger Bacon Voltado para a teoria geral dos signos, Bacon escreveu o tratado De Signis, no qual trata
(1215-1294) especificamente dos signos, buscando classificar todos os tipos de signos existentes.
Escolástica
Também voltado para a teoria geral dos signos, Poinsot escreveu o Tractatus de Signis
Jean Poinsot (1589- (1632), em que apresentou os estudos do signo a partir do campo da lógica, definindo
1644) os instrumentos utilizados para cognição e para falar dos signos. A perspectiva da lógica
do autor será importante para os estudos desenvolvidos a partir do século XVI.
Desenvolveu sua teoria das ideias, propondo que o signo parte de três elementos
mentais: as ideias adventícias, que chegam à mente a partir dos sentidos; as ideias
Racionalismo René Descartes fictícias, produzidas pela imaginação; e as ideias inatas, que existem por si só na mente
francês (1596-1650) e não precisam da experiência para se realizar. Em sua teoria, o signo não tem caráter
referencial, porque não precisa existir a partir do contato com o mundo real. Dessa
maneira, é a ideia da coisa que representa e da coisa representada.
Considerado o principal pensador sobre a história da semiótica, seus estudos definiram
os signos como instrumentos de conhecimento e distinguiu-os em duas classes, das
ideias e das palavras. As ideias são elaboradas a partir das sensações (experiências),
John Locke (1632-
seguida de reflexão. As ideias complexas são construídas pela operação mental
Empirismo 1704)
(pensamento), relacionadas com as ideias simples. Esse estudo foi abordado em An
inglês Essay on Human Understanding (Ensaio sobre o entendimento humano), de 1960,
quando utiliza o termo semiótica.
Thomas Hobbes (1588-1639), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776) também foram
autores dessa corrente filosófica que se preocuparam com Semiótica.
Contribuiu para os estudos de semiótica em sua obra Scienza Nuova, de 1875,
Giambattista Vico abordando o estudo dos mitos, das metáforas, da língua e da evolução dos signos da
Pré-iluminismo
(1668-1774) humanidade. Nessa última premissa, observou três etapas no desenvolvimento dos
signos da humanidade: era divina, era heroica e era dos homens.
Aprofundou os estudos sobre a origem da linguagem a partir dos signos aplicados na
cognição humana. Na obra Essai sur l’origine des connaissances humaines (Ensaio sobre
Etienne de Condillac a origem da consciência humana), apresenta a semiose como um processo genético
(1715-1780) que se inicia em níveis primitivos, como a sensação, e vai até os níveis mais complexos,
como a reflexão. A partir disso, classificou três tipos de signos: os causais ou acidentais,
os naturais e os convencionais.
Nas obras Lettres sur les aveugles (1749) e Lettre sur les sourds et muets (1751),
Diderot (1713-
Iluminismo evidenciou os estudos genéticos de semiose humana, estabelecendo onde há diferença
1784)
entre comunicação verbal e não verbal.
A semiótica do Iluminismo teve ainda os dois expoentes alemães: Christian Wolff (1679-1754) e Heinrich
Lambert (1728-1777).
Peirce definiu a semiose como ação ou influência, que é, ou envolve, uma cooperação
de três sujeitos, como um sinal, seu objeto e seu interpretante; essa influência
tri-relativa não é, de forma alguma, resolvível em ações entre pares. O linguista
Ferdinand Saussure (1857-1915), por sua vez, iniciou uma corrente pensando a partir
das estruturas da linguagem. Para ele, a Semiologia “investiga todos os sistemas
de signos, a partir do contexto social, sendo a Linguística uma vertente. Parte da
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Bürdek (2010) afirma que design é uma atividade cujo teor está diretamente
relacionado a conceitos de:
» criatividade;
» fantasia cerebral;
» senso de invenção; e
» inovação técnica.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Bürdek (2010) nos informa, na exemplificação de Eco, que trabalhar com uma
cadeira pensada como trono não significa apenas fazer um objeto para alguém se
sentar. Essa função – somente uma entre muitas outras – não é bem compreendida
em grande parte dos casos. O trono, a seu ver, também deve transmitir majestade,
representar o poder, despertar receio. Esses significados serão também transferidos
para outras cadeiras, a depender do contexto em que estiverem.
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Com efeito, uma cadeira de escritório não deve senão atender muito bem a
premissas ergonômicas, mas também é importante transmitir por meio dela
qual a posição hierárquica do usuário – ainda que muitas empresas modernas
procurem nivelar o pessoal por técnicas como: não adotar divisórias, não
diferenciar acentos para cargos de chefia, adotar ambiente colorido, com jogos de
mesa espalhados pela empresa etc., a exemplo de muitas empresas de tecnologia
hoje em dia.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Semiótica saussuriana
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Desse modo, para ele é incorreto usar a palavra “árvore” na lousa, por exemplo,
e ao mesmo tempo apontar para uma árvore fora do prédio, pois a primeira seria
entendida como significante; enquanto a segunda, como significado. Lopes e
Hernandes (2015) dizem que o signo é uma relação entre um significante e um
significado em Saussure, e não entre uma palavra e uma coisa.
Nos informam os autores ainda que essa concepção de língua como princípio de
classificação, por meio do qual é construída uma visão de mundo, vai de encontro
à noção de grau zero da linguagem, o qual, por sua vez, é suportado pela relação
entre palavras e “coisas” (LOPES; HERNANDES, 2005). Eles nos conferem mais
detalhes acerca do pensamento saussureano:
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
» Existe uma linguagem figurada, que, por sua vez, é usada naqueles
discursos conhecidos como subjetivos, como o literário, de maneira
que a linguagem própria ganha o estatuto de “verdadeira” e a figurada
de “inventada”.
Semiótica peirceana
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Segundo Atkin (2013), é possível pensar o signo peirciano, por um lado, como
o significante, como exemplo, uma palavra escrita, um enunciado. O objeto,
por outro lado, é mais bem pensado como o que se quer que seja significado,
por exemplo, o objeto ao qual a palavra escrita ou pronunciada se anexa.
Enquanto houver tempo, o signo vai incorporando e desenvolvendo suas
potencialidades. A árvore, conforme comentado acima, também é um signo
que está se mostrando.
Vale ressaltar que todo signo pode tornar-se um símbolo desde que sua significação
esteja ligada a uma convenção aceita socialmente, conforme demostrado na
Figura 1.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Figura 1. Exemplos de signos simbólicos: (a) balança, símbolo da Justiça; (b) logotipos de grandes mídias sociais;
A Figura 2 nos traz a relação dos elementos que compõem o signo, que a seguir
exemplificaremos como bandeira, nos ajudando a compreender esse conceito
tricotômico dos signos em Peirce.
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Com efeito, o signo é aquilo que é em si mesmo quando ele pode ficar no lugar do
objeto. Ou seja, o signo nele mesmo pode expressar também três características:
(1) qualidade (se tiver algo aqui, haverá uma relação com objeto); (2) relação real
existente; e (3) lei geral.
Vale lembrar que a réplica somente é significativa se existe uma regra/lei que
a ratifica. Com efeito, quando, no trânsito, o motorista para diante da placa
“Pare” porque existe uma lei (ou convenção) que assim aduz. Dessarte, a placa
de velocidade, da mesma forma, é um signo porque é uma lei geral. Com efeito,
somente pode ser signo se o objeto, de fato, existir; mas não há uma relação direta
entre a existência do objeto e o signo. Isso se dá somente em função da qualidade
dele que o torna signo.
Peirce, em seu texto O que é um signo?, 1894, afirma que é preciso reconhecer
três estados mentais diferentes para iniciar a compreensão acerca do assunto. Para
ele, existem três tipos de interesses que podemos ter em uma coisa. O primeiro
é que podemos ter um interesse primário na coisa por si só, ou seja, por ela
mesma. O segundo é que podemos ter um interesse secundário nela por causa
de suas reações a outras coisas. Por último, podemos ter um interesse mediador
enquanto transmitimos à mente uma ideia sobre uma coisa. Ao fazê-lo, é um sinal
ou representação. Sinal este que, para o nosso pensador, também é caracterizado
em três diferentes tipos, conforme esboçado no Quadro 3.
Semelhanças ou ícones que servem para transmitir ideias das coisas que elas representam simplesmente imitando-as
que mostram algo sobre as coisas por estar fisicamente conectado a elas. Essa é uma placa de sinalização,
que indica o caminho a seguir, ou um pronome relativo, localizado logo após o nome da coisa que pretende
Indicações ou índices
denotar, ou uma exclamação profissional, como “Ei! Ei!”, que atua sobre os nervos da pessoa a quem ele é
direcionado e o força a prestar atenção.
que foram associados ao seu significado pelo uso. Constitui a maioria das palavras e frases, fala, livros e
Símbolos ou sinais gerais
bibliotecas.
Fonte: adaptado de CP 2, 281, 298.
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
doce e gentil) etc. Todavia, para que algo seja considerado um signo, este deve
representar algo diferente chamado objeto, embora a condição de que um signo
seja algo diferente de seu objeto possa ser arbitrária, uma exceção pode se dar no
caso de um sinal que faz parte de um sinal.
Com efeito, como nos diz Peirce, um sinal pode ter mais de um objeto. Portanto,
o exemplo “Caim matou Abel” é um signo, porquanto refere-se, ao menos, a Abel
e Caim, mesmo que não seja tomado como deveria, ou seja, tendo “assassinato”
como um terceiro objeto. Contudo, “o conjunto de objetos pode ser considerado
como compondo um objeto complexo. No que se segue, e frequentemente em
outros lugares, os Sinais serão tratados como tendo apenas um objeto cada um
para eliminar as dificuldades de seu estudo” (CP 2, 230-232).
Desse modo, se um signo não representa outra coisa senão seu objeto, é necessário
que haja, em pensamento ou expressão, alguma explicação ou argumento,
ou ainda outro contexto que mostre como em qual sistema ou por que motivo
o signo representa o objeto ou o conjunto de objetos que representa. O sinal
pode representar apenas o objeto. Não pode oferecer um relacionamento ou
reconhecimento de tal objeto, isto é, aquilo com que pressupõe conhecimento
para poder fornecer algumas informações adicionais que o interessam.
Não há dúvida, segundo Peirce, “de que haverá leitores que dirão que não
conseguem entender isso. Eles acham que um Signo não precisa se relacionar com
algo conhecido de outra forma e não veem pés nem cabeça para a afirmação de que
cada Sign deve se relacionar com esse Objeto”. Entretanto, ainda segundo ele, “se
houver algo que forneça informações e ainda não tenha nenhum relacionamento
ou referência a algo com o qual a pessoa a quem ela fornece informações tenha,
quando entender essas informações, adquirirá conhecimento” (CP 2, 230-232).
A fim de finalizar esse ponto, Peirce nos traz um exemplo que facilita a compreensão:
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Nos cabe debruçar doravante mais um pouco sobre a questão semiótica dos
signos, porém com foco em índice, ícone e símbolo.
Tem uma semelhança física com o significado, isto é, com a coisa sendo representada. Uma fotografia é um bom
exemplo, pois certamente se parece com o que representa.
Proveniente de index, em latim, tal como o próprio termo latino instrui, ele é aquele que indica algo. Aqui as relações
com a hermenêutica se entrelaçam. Serve para ser interpretado por aquele que o vê, o qual interpretará a partir de suas
experiências pessoais. Serve de sinal ou indicador a ser interpretado.
Nada mais é senão a âncora da realidade e o símbolo, a generalização que permite e controla tal conduta.
Está fisicamente conectado ao seu objeto que lhe é próprio; eles fazem um par orgânico. Mas a mente que interpreta
não tem nada a ver com essa conexão, exceto observá-la depois de estabelecida.
Não tem semelhança entre o significante e o significado. A conexão entre eles deve ser aprendida culturalmente.
Índice
“Bater à porta”. Bater é um índice, ou seja, não é algo criado para ele, não se trata também de
nenhuma semelhança, é simplesmente o aqui e o agora acontecendo e em pleno desenvolvimento.
Quem bate não necessariamente quer entrar.
Exemplos de
índice
Números e alfabetos também são bons exemplos. Não há nada inerente ao número 9 para indicar o
que ele representa. Deve ser aprendido culturalmente.
São os signos totalmente motivados, pois mantêm uma relação de contiguidade com o objeto representado. A exemplo
de um desenho de uma casa, este é um ícone, uma vez que representa graficamente aspectos visuais do objeto casa.
Proveniente do grego eikón (imagem), com inclinação religiosa, especialmente em função da religião cristã, é entendido
como possibilidade de algo. Seria uma semelhança que não tem uma conexão dinâmica (conexão energética) com
o objeto que ela representa. Uma cor, por exemplo, é pura possibilidade. O ícone possui uma característica que o
torna significativo. O ícone apenas é considerado ícone quando fica no lugar de alguma coisa segundo a qualidade do
outro; isso não está na própria qualidade, mas é uma característica de generalidade. O fato de serem semelhantes não
necessariamente representa o outro, como é o caso da cor.
Mostra evidências do que está sendo representado.
É o único que pode gerar algo novo.
Ícone
Para Peirce “toda asserção deve conter um ícone ou conjunto de ícones, ou ainda deve conter signos cujo significado
seja explicável apenas por meio de ícones. A ideia que o conjunto de ícones contido em uma asserção significa pode
ser chamada o predicado da asserção” (CP 2, 278).
Entendê-lo como a possibilidade é uma boa alternativa.
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
O símbolo é a semiótica propriamente dita pelo fato de abarcar os demais, ou seja, a própria representação de algo que,
por sua vez, é interpretado.
Representa uma ideia genérica, como a pomba branca que representa a paz ou uma balança que representa a justiça.
Símbolos são constituídos socialmente, juntando uma representação a um conceito genérico.
Tem uma relação convencional.
Está conectado ao seu objeto em virtude da ideia da mente que usa símbolos, sem a qual essa conexão não existiria.
Símbolo
O símbolo nunca denota uma causa particular.
Um sorvete: o símbolo é o próprio sorvete, isto é, qualquer sorvete. Com efeito, o sorvete de uva,
daquela lanchonete etc., é particular, portanto, não é um símbolo. Ele perderia a característica que o
Exemplos de torna um signo se não houvesse um interpretante.
símbolo Um círculo, losango, o verde etc.: não têm relação direta com a coisa em si. O verde é um bom
exemplo, pois ele pode representar a floresta na bandeira do Brasil que por si só já um signo. Ou
seja, é a representação da representação.
Fonte: adaptado de Peirce (1958).
» Sem nome.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
» Simplesmente é.
Secundidade, por sua vez, pode ser compreendida como reação. Dessarte, está
relacionada com:
» contraste de qualidades;
» ação e reação;
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
O passado está na terceiridade, pois nela está incorporada a relação de dois, que é
uma regra geral. Em suma:
» acaso = primeiridade;
» leis = terceiridade.
Esses três tipos de signos podem ser exemplificados como uma fotografia, pois são
exatamente iguais aos objetos que elas representam. Porém essa semelhança se
deve ao fato de as fotografias serem produzidas sob determinadas circunstâncias,
sendo fisicamente obrigadas a corresponder à natureza do original. Nesse sentido,
elas pertencem à segunda classe de sinais, ou seja, da conexão física.
Indicações
Peirce explica que, para identificar um objeto, geralmente indicamos seu lugar
e determinamos uma hora; e, em qualquer caso, deve ser mostrado como uma
experiência sua pode ser conectada à experiência anterior do ouvinte. Para
determinar um tempo, devemos calculá-lo a partir de um tempo conhecido – seja
o momento presente, seja o suposto nascimento de Cristo, seja algo semelhante.
Quando dizemos que o tempo deve ser conhecido, queremos dizer que ele deve
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Peirce comenta que o mapa (muito útil também para compreendermos as diferenças
de ícone, índice e símbolo) é bastante útil para designar um local e, para ele, como
é para o senso comum, um mapa é um tipo de desenho. Entretanto, “a menos que
o mapa tenha a marca de uma localidade conhecida, a escala de milhas e os pontos
da bússola, ele não mostraria melhor onde está um lugar do que o mapa mostra a
situação de Brobdingnag nas Viagens de Gulliver” (CP 2, 281, 300).
Nosso filósofo nos convida a refletir sobre a possibilidade de ser encontrada uma
nova ilha no Oceano Ártico, por exemplo. A situação poderia ser aproximada em
um mapa que não tivesse letras, meridianos ou paralelos; desde os caminhos
familiares da Islândia em terras árticas. Nesse caso, segundo Peirce, usaríamos
nosso conhecimento de que não há outro lugar em que algum ser neste mundo
seja capaz de mapear o que se traçou. Tal experiência do “mundo em que vivemos
torna o mapa mais do que um mero ícone e fornece os caracteres adicionados de
um índice. Desse modo, é verdade que um e o mesmo sinal pode ser tanto uma
semelhança quanto uma indicação. Mesmo assim, as funções desses tipos de signos
são totalmente diferentes” (CP 2, 281, 301).
Com efeito, de acordo com Peirce, tudo o que focaliza a atenção é uma indicação.
Isto é, “tudo o que nos surpreende é uma indicação, na medida em que marca a
união de duas partes da experiência”. Dessarte, “um raio tremendo indica que algo
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
considerável aconteceu, embora não possamos saber de maneira precisa qual foi o
evento. Mas você pode esperar se conectar com alguma outra experiência” (CP 2,
281, 301).
Símbolos
A palavra símbolo tem tantos significados que, de acordo com Peirce, seria uma
ofensa para o idioma adicionar um novo. Ele nos diz que não acredita que o
significado que ele dá a símbolo esteja no âmbito de um signo convencional ou de
um que dependa de um hábito (adquirido ou inato), seja um significado novo ou um
retorno ao significado original.
Peirce busca na filosofia grega a terminologia. Ele afirma ser comum dizer que, na
palavra símbolo, é necessário entender a união no sentido de conjectura; mas, se
fosse esse o caso, deveríamos descobrir que, às vezes, pelo menos isso significava
uma conjectura, um significado que pode ser pesquisado em vão na literatura. Os
gregos costumavam “unir” (sumballein) com significado de fazer um “contrato”
ou “acordo”. Então, encontramos o símbolo (sumbolon) usado no passado com
o sentido geral de acordo ou contrato. Aristóteles, por exemplo, chama o nome
símbolo, isto é, signo convencional (CP 2, 281, 302).
Toda palavra comum para Peirce é um símbolo, como dar, pássaro, casamento etc.
Com efeito, é aplicável a tudo o que pode ser encontrado e realiza a ideia conectada
com a palavra; o símbolo não identifica, por si só, essas coisas.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Semiótica e hermenêutica
Figura 4. 5W2H.
O ponto de contato com o design aqui se trata de os produtos possuírem sempre tal
caráter dual, ou seja, tanto uma realidade que é matéria, quanto uma imaterial, a
saber, o significado que eles possuem (BÜRDEK, 2010).
Vale lembrar que se credita o termo hermenêutica ao deus grego Hermes, que era o
responsável por interpretar aquilo que os demais deuses gregos diziam e, com isso,
repassava a mensagem para a humanidade. A hermenêutica não é nada mais do que
a arte da interpretação. Embora ela seja vastíssima e muito maior do que um mero
índice, ela o abarca.
O primeiro sentido de hermenêutica é exprimir, ou dizer. Tal função está estritamente relacionada com a tarefa de Hermes em
transmitir aos homens as mensagens do Olimpo. Importante notar que dizer uma palavra não é o mesmo que explica-la ou
debate-la. A tarefa sacerdotal era nitidamente a de utilizar-se da vivacidade da linguagem oral para proferir belos e emocionados
Dizer
sermões a fim de provocar adesão das massas aos dogmas da fé cristã. Não se deve olvidar que, segundo os ditames da Igreja
Católica, a própria razão divina era vista como inacessível aos olhos dos mortais, cabendo a estes o papel de meros ouvintes
dos sermões proferidos pelos homens estimados por Deus.
Essa é a utilização moderna e mais usual da palavra hermeneuein, que se refere ao ato de determinar e clarificar o sentido de
algo. É sabido que antigamente a Igreja Católica, para bem organizar e auxiliar na difusão do Texto Sagrado, escrevia obras
bíblica de exegese nas quais se inseriam comentários sobre suas passagens, determinando explicitamente quais eram as
Explicar verdades divinas de cada uma delas.
Não cabe à hermenêutica determinar o que é verdade e o que é equívoco. O sentido encontrado deve ser justificado ora pela
intenção do autor, ora pela forma como o intérprete entende o conteúdo. Há quem se refira ainda à força própria do texto, como
se esse possuísse vida autônoma perante os sujeitos criadores e interpretativos, conferindo significado a si mesmo.
A função de traduzir um texto torna-se explícita quando se trata da compreensão de uma língua estrangeira. É o que Hermes
fazia quando traduzia as mensagens divinas para a linguagem dos homens. Entretanto, pode-se dizer que há tradução mesmo
quando texto e intérprete dominam o mesmo idioma. Não há diferença estrutural de apreensão do conteúdo de um discurso
Traduzir quando ele é escrito em língua materna ou em língua estrangeira.
Todo idioma, independentemente de sua denominação, é um repositório cultural que nos remete a certas qualificações, por
exemplo, históricas e regionais. Entender o substrato de determinado idioma, seus vocábulos e suas expressões próprias é
essencial na tarefa da compreensão.
Fonte: adaptado de Mazotti (2010, pp. 3-8).
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Os estudos de interpretação da Bíblia foram os primeiros a utilizar o termo hermenêutica para descrever atividade de
investigação de sentido a partir do estudo de um texto. Não se deve olvidar, todavia, que os clássicos já haviam pensado
em formas de se apreender o sentido de um discurso, a isto se dava o nome de interpretação, a qual, muitas vezes, era
estudada junto com a poesia e a retórica.
Escola Bíblica A diferença entre a exegese bíblica e a hermenêutica moderna se origina somente com o Iluminismo. O intérprete sacro
estava então totalmente desprovido de liberdade para descobrir os sentidos das passagens bíblicas. A Escola da Exegese
Bíblica, rigorosamente falando, não criou um método hermenêutico propriamente dito, tomado aqui no sentido de um
sistema de regras e procedimentos para a interpretação de um texto. Entretanto, revelou a necessidade de tornar claras
passagens textuais consideradas obscuras.
As portas abertas pela teologia bíblica permitiram que inúmeros intelectuais do período racionalista-iluminista buscassem
em um método que permitiria maior entendimento das obras clássicas, relidas avidamente naquela época. Não era
conveniente tratar a hermenêutica de uma forma universal, já que os próprios teólogos consideravam que a prática
Escola Filológica
interpretativa deveria ser reservada aos textos sacros. Sendo assim, para esses intelectuais sedentos de interpretação, o
estudo da filologia passou a ser a chave-mestra, a ciência das línguas, semântica dos vocábulos, das regras gramaticais,
morfologia etc. Se demonstrou como a forma mais racional possível de se alcançar o sentido de um texto.
Somente com Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher, filósofo alemão do século XVIII e início do XIX, a hermenêutica é
concebida como um procedimento universal que visa interpretar qualquer tipo de texto, independentemente da ciência
a que está adstrito seu conteúdo. Sua ideia é de que, no diálogo entre os homens, a estranheza (Fremdheit) é uma
constante, na medida em que a carga de vida e as experiências particulares constroem os seres humanos diversos um
Schleiermacher (1768- dos outros. Contrariando a ordem iluminista da existência de uma razão pura e superior, considera o discurso à luz da sua
1834) subjetividade e do psicologismo de seu autor.
Para Schleiermacher, a compreensão deve mover-se dentro desse círculo formado por uma relação dialética entre o
todo e as partes. O retorno de uma parte a outra é fundamental para que se ampliem cada vez mais este círculo e
aprofunde-se a compreensão.
Com o desenvolvimento da filologia e da hermenêutica romântica, a historiografia encontrou bases sólidas para trabalhar
metodologicamente o seu tema central: a história universal. Seus estudos se alicerçam na pesquisa das correlações
existentes entre os fatos históricos individuais, de forma que estes viabilizem uma compreensão integral da história. A
historiografia assume uma posição hermenêutica na medida em que realiza essa mediação entre o passado factual-
individual e o todo-histórico, descrevendo e interpretando suas relações dialéticas. A partir de tal concepção, o estudo
de um texto não pode mais ser compreendido unicamente por meio de seus vocábulos, que acabam por limitar
Escola Histórica semanticamente os sentidos possíveis, nem ao menos como uma investigação psicológica da produção originária do autor.
O sentido do texto deverá ser extraído por meio de sua análise metodológica, com os nexos históricos mais amplos que
justificaram as razões de seu existir como tal. O texto é visto como uma parte, deve ser lida em razão de um todo (história),
dada a relação de concordância e coerência que os permeia.
Wilhelm Dilthey (1833-1911) é importante figura para compreender melhor os meandros da escola histórica
hermenêutica. Ele traz consigo uma grande ruptura com o método puramente bíblico e traça um contexto material e
antropológico, especialmente voltado para as ciências humanas, das quais é fundador.
As ações propostas pela historiografia filosofia, em termos de uma hermenêutica de alta compreensão e superação das
contradições do tempo, somente poderão ser mais bem elaboradas com o surgimento da fenomenologia. A investigação
fenomenológica é ontológica, pois busca responder à questão do sentido do ser visto em sua própria existencialidade, não
como sinônimo de realidade, de uma coisa que está no mundo e pode ser empiricamente constatável. Na fenomenologia,
o sentido do ser não é trabalhado como sentido de algo que é, mas sim o próprio é. Portanto, o compreender do sujeito
Escola Fenomenológica se torna um compreender-se, pois o homem vê o seu ato de compreensão simplesmente “sendo”. O compreender volta
sobre si mesmo para realizar a sua própria compreensão. É como se sujeito e objeto se fundissem em uma relação
original em que um sujeito para ser também é objeto e se autointerpreta.
Husserl (1859-1938), Martin Heidegger (1889-1976) e Hans-Georg Gadamer (1900-2002) são importantes figuras que
nos ajudam a compreender melhor a escola fenomenológica.
Se afasta da escola fenomenológica. Ele resgata uma definição hermenêutica mais próxima de sua intenção originária.
Ricoeur efetua um profundo estudo da fenomenologia e das teorias modernas da linguagem (com imersões na
psicanálise), partindo do ponto que existem dois polos dialéticos nas manifestações linguísticas: a referência (acerca do
Paul Ricoeur (1913-
quê do discurso) e o sentido (o quê do discurso). Essa investigação conduz Ricoeur aos ensinamentos de Nietzsche, Marx
2005) e Freud. Ricoeur utiliza uma lógica de probabilidades, subjetiva, não empírica, essencialmente argumentativa para realizar
um arbitramento dos sentidos e alcançar um acordo sobre eles. Logo, o círculo hermenêutico será sempre progressivo,
nunca vicioso, pois os sentidos inválidos são retirados de seu campo de dialeticismos, e o solipsismo infinito não ocorre.
Fonte: adaptado de Mazotti (2010, pp. 17-43).
34
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Receptor
Trabalho Produtor
Usuário
Designer Produto
35
UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Com efeito, tudo o que remetia a chifre, fogo, secularismo, libido etc. era prontamente
posto na categoria pecado e, portanto, deveria ser evitado a todo o custo. Ou seja,
toda a interpretação estava envolta em significados cujo teor era puramente religioso
e sacro. Isso se deu há pouco tempo atrás, até a grande ruptura com o medieval e a
mudança de paradigmas provocada pela Renascença começar e atingir seu ápice no
Iluminismo.
36
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Acerca do que trabalhamos até aqui, a leitura dos artigos abaixo listadas são
recomendadas:
37
CAPÍTULO 3
Semiótica, fenomenologia e mudança
de paradigmas
Fenomenologia e design
A fenomenologia, segundo Bürdek (2010), se considerar o desenrolar histórico,
aproxima-se muito da hermenêutica. Segundo o autor, Edmund Husserl (1859-
1939), o grande filósofo, matemático e lógico que fundou a escola fenomenológica,
foi um grande representante do subjetivismo transcendental. Isto é, cada objeto é
examinado por meio de sua imagem ou aspecto, podendo ser:
38
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Segundo Ribeiro Jr. (2003, pp. 3-4) “a fenomenologia ensina, desta forma,
como conseguir a vivência da realidade, por meio da descrição dos fenômenos
que a experiência nos oferece, para chegar à sua essência”. Ela, como revelação
de mundo, acaba por repousar “sobre si mesma, ou melhor, fundamenta-se em
si mesma; assim, é um diálogo ou uma reflexão infinita e, na medida mesma
em que se mantém fiel a uma intenção, ela não saberá jamais para onde vai. A
fenomenologia é inacabada”.
De acordo com Ribeiro Jr. (2003, pp. 17-18), a expressão retorno às coisas mesmas,
ou seja, retornar a uma intuição originária, tem como intuito apreender a essência
de algo, analisando de um modo atento os fenômenos, descrevendo-os de modo
autêntico (é preciso considerar que a descrição fenomenológica é diferente das
ciências naturais).
Por volta do fim do século XIX, todo prestígio era dado à psicologia e,
consequentemente, todo conhecimento filosófico (como a lógica, a ética e a
estética) se reduzia a um fato psicológico. Diante disso, Husserl pensou essa
questão afirmando ser impossível ter a universalidade e a necessidade, isto é, a
apoditicidade da verdade sem se perguntar pela real significação do conhecimento
(HUSSERL, 1996).
Nesse sentido, a primeira questão que Husserl coloca é: qual seria o método da
fenomenologia e quais são os seus problemas fundamentais. Em seu livro A ideia da
Fenomenologia, ele trata da oposição entre o método fenomenológico e o método
das ciências naturais, distinguindo essa nova corrente filosófica pensada agora no
âmbito da transcendentalidade, em oposição ao das ciências naturais, como é o caso
da psicologia da época (HUSSERL, 1996).
Quanto ao primeiro, a ciência natural, ele afirma que ela não está preocupada em
fazer uma crítica do conhecimento, tal como é seu objetivo. Esta preocupa-se mais
em descrever o processo do conhecimento, parte de um conhecimento dado sem
questioná-lo (e por isso, acaba tornando-se dogmático), como é o caso da percepção
(que é dada, e seu conhecimento não é questionado). O mecanismo lógico por detrás
40
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Com efeito, para Husserl, é assim que progride o pensamento natural. Isto é,
“apodera-se num âmbito sempre cada vez maior do que de antemão e obviamente
existe e está dado e apenas segundo o âmbito e o conteúdo, segundo os elementos,
as relações e leis da realidade a investigar de mais perto” (HUSSERL, 1996, p. 18).
As ciências naturais são consideradas, entre elas, a matemática e as de natureza
psíquica.
Husserl contrasta essa atitude naturalista da atitude filosófica, esta nada mais
é do que a atitude fenomenológica, que, por sua vez, começa por uma reflexão
quanto ao modo de conhecer. Nesse sentido, o filósofo critica as ciências naturais
por partirem de “algo dado” sem tematizarem o modo de conhecimento. Com
efeito, Husserl afirma que o conhecimento é “uma vivência psíquica” do sujeito
que conhece.
Algo breve sobre os objetos vale a pena ser mencionado antes de prosseguirmos
na empreitada fenomenológica. Krampen (2012) afirma que os objetos são de
substância persistente com superfícies fechadas ou quase fechadas. Eles podem
ser anexados ou desanexados.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
O autor supracitado nos informa que existem pelo menos cinco classes de layouts de
superfície de objetos destacados feitos pelo homem e que constituem ferramentas
básicas:
Podem ser encontradas fortes ligações com a fenomenologia especialmente em sua obra acerca da arte, fazendo
Martin Heidegger
menção à importância do estudo dos objetos.
Refere-se explicitamente a posições onde os estudos fenomenológicos dos objetos podem ser entendidos no
Peter Zumthor
contexto do projeto.
Dirigiu seu ensaio sobre o legendário produto walkman e sua relação com o ambiente urbano. Ali ele faz uso das
funções primárias (prática) e secundária (imaterial). Ainda, ele faz menos uso do objeto em si do que do objeto
Shuhei Hosokawa
em uso, ou seja, o que tal objeto significa para seu usuário; isto é, como ele é percebido no ambiente em que
está. Estes mundos – do usuário e o objeto em si – estão relacionados entre si.
43
UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Descreve como o walkman se insere no mundo de vida de seu usuário. Chama atenção ao estudo como um
flagrante da história cultural das experiências sensórias. Para ele, este produto traz um descolamento entre o
Schönhammer
sujeito e o mundo, trata-se de um símbolo permanente de possibilidade de fusão de experiências. Nada mais é
do que uma experiência de alienação.
Torna claro que a Teoria da Linguagem do Produto é demasiadamente orientada pela semiótica e será continuada
pelo formato fenomenológico, uma vez que para ele a semiótica é uma opção teórica, que tem muitas vantagens,
mas também desvantagens, uma vez que é necessário se dar a abrangência dos signos, e o que não pode
ser evidenciado como signo é descartado. Soentgen também difere seus métodos das ciências humanas. A
“descrição fenomenológica significa descrever algo como se apresenta, sem relação com conhecimento prévio,
Jens Soentgen
sem relação com hipóteses, sem relação a tudo que não tenha relação com a percepção sensorial direta ou
com a coisa em si. Os signos, em contrapartida, são sempre mediados, ou por experiência ou por convenção; a
semiótica se ocupa com o mediador ou com o que pode ser pensado como mediado; a fenomenologia, com o
não mediado, com o direito. Soentgen tem o hábito de trabalhar diversos produtos como exemplo de orientação
para como as ciências humanas podem ser utilizadas no design.
Em seu ensaio Uma Fenomenologia dos “Devices” Eletrônicos, ele não somente discute exemplos individuais de
design de produtos, mas também questões ligadas aos ”mundos de vida”, que atingem, em especial, as crianças
Volker Fischer e adolescentes no notório relacionamento contemporâneo com esses objetos eletrônicos. Como resultado de
tal análise à luz de princípios fenomenológicos, é possível perceber que os comportamentos dos usuários têm
desdobramentos diferentes dos antes considerados, em grande parte, casos banais no desenho de produtos.
Bürdek (2010, p. 256) nos informa que foi no final dos anos 1970 que se deu início
a uma nova orientação metodológica no setor de design de produtos. O autor se
apropria do termo “mudança de paradigmas” do famoso filósofo da ciência chamado
Thomas S. Kuhn (1922-1996).
Dessarte, está claro que tal contexto está diretamente ligado à semiótica, pois a
sociedade como um todo, assim como a comunidade científica em geral, para Kuhn,
está regrada de escolhas subjetivas que são moldadas por ambiente, prestígio,
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
ideologia, interesses e gostos pessoais, bem como pelo modo de interpretar a questão,
pois, como já aprendemos, os signos podem se dar por meio de convenção, como
também podem ser completamente subjetivos, diferenciando de pessoa para pessoa.
Como todo designer sabe bem, forte resistência à mudança ocorre o tempo todo
na ciência e na sociedade. O grande fundamento é permanecer na normalidade
das pesquisas (e dos pensamentos) a fim de que tudo corra normalmente, ou seja,
pensando em Kuhn, na ciência normal – patamar em que os cientistas estão –, pode
ser aplicado completamente ao contexto social.
Se elas não forem solucionadas, ocorre o que ele chama de ciência extraordinária,
uma condição anormal, isto é, considerando nosso exemplo, as próprias mudanças
climáticas. Este é um momento em que o pensamento (ou paradigma) anterior está
sendo atacado de todas as formas.
Neste momento de crise, o novo paradigma está sendo instaurado – portanto, novo
conceito, novo produto, aceite de novo design –, totalmente diferente do anterior
(que é o polêmico conceito de incomensurabilidade de Thomas Kuhn), promovendo
uma revolução científica, de modo gestáltico imediato, isto é, não dura muito tempo,
aceita-se o novo paradigma, que, por sua vez, é responsável por equilibrar o sistema
novamente, implicando regresso à ciência normal.
Schopenhauer (1788-1860) dizia que esse processo, que pode ser aplicado ao setor
de design de produtos ou não, isto é, uma nova ideia, um novo design, um novo
produto, segue as seguintes etapas:
45
UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Kuhn (1962, p. 58) afirma que “a ciência normal não tem como objetivo descobrir
novidades substantivas”, mas significa que, da forma como ela visa à normalidade
e à manutenção do sistema, os “resultados obtidos pela pesquisa normal são
significativos porque contribuem para aumentar o alcance e precisão com os quais o
paradigma pode ser aplicado” (KUHN, 1962, p. 58).
Com efeito, para Kuhn, quando nos deparamos com um momento de crise, os
cientistas – leia-se também designer de produtos, embora estes procedam dessa
forma sem a necessidade de crise em si – voltam-se para a filosofia (KUHN, 1962).
Para Kuhn (1962), temos três formas distintas de consentir com o término das
crises. A primeira é onde a ciência normal passa a ser capaz de tratar do problema
que provoca a crise. O segundo é quando o problema resiste e é posto de lado
para futuras gerações. O terceiro ocorre quando emergem um novo candidato a
paradigma e uma nova batalha por sua aceitação.
O candidato a novo paradigma é, para nós, a uma nova concepção de mundo, novas
tecnologias, novos saberes, novos produtos – que estejam, em especial, ligados às
questões sustentáveis –, porém com utilidade, com fins que justifiquem a escolha etc.
O novo candidato deve ser capaz de propor soluções e efetivamente solucioná-las;
portanto, reitera-se, somente o apelo emocional à consciência do consumidor não irá
mudar muita coisa.
Abandonar o paradigma anterior por um novo incorre ainda em mais uma expressão
que nos é importante, a incomensurabilidade do paradigma. Isso é o mesmo que
dizer que a percepção paradigmática anterior – como dissemos anteriormente –
46
SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
não guarda nenhuma relação com o novo. Este novo paradigma, portanto, precisa
atender às seguintes condições primordiais para que sejam aceitos.
Aqui temos alguns conflitos, pois a criação de produtos que se utilizam de energias
limpas – considerando o exemplo que estamos trabalhando – não implica
necessariamente que as energias consideradas não renováveis não possam ser
utilizadas em uma determinada porcentagem sustentável. Dessa forma, é importante
ressaltar que qualquer teoria – como a principal que trabalhamos até agora, a de
Kuhn – complementa uma à outra e não é trabalhada de forma isolada/exclusiva,
pois isso seria possivelmente prejudicial.
Imre Lakatos (1922-1974), por sua vez, afirma que, em Kuhn, tudo o que
trabalhamos até agora possui ligações psicológicas, considerando que há uma
espécie de “continuidade da crença”, isto é, devem-se corrigir as anomalias quando
existe “fé” no paradigma em vigor, e então ele é rejeitado. Kuhn parece defender a
tese de que é impossível justificar racionalmente nossa preferência por uma entre
várias teorias. E esta é a sua tese da incomensurabilidade.
Lakatos (1979, p. 112) afirma que os pensamentos de Kuhn têm “implicações não
só para a física teórica mas também para as Ciências Sociais subdesenvolvidas
e até para a filosofia moral e política”, o que automaticamente envolve a
sustentabilidade, que não se limita somente ao aspecto ambiental. Argumenta
o autor: “nem mesmo na ciência há outro modo de julgar uma teoria senão
calculando o número, a fé e a energia vocal dos apoiadores, isso terá de ocorrer
principalmente nas Ciências Sociais: a verdade está no poder” (LAKATOS, 1979,
p. 112).
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UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Figura 6. Conexão entre o ambiente externo e o agente cognitivo por meio de sinais.
Sinal
Ambiente reconfigurável
O autor nos informa ainda que a outra propriedade essencial da semiose é que ela
analisa os tipos de contextos nos quais colocamos coisas e eventos, e os tipos de
relacionamentos que construímos entre essas coisas e esses eventos e seus contextos.
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SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE I
Essa ideia trabalha o design como uma espécie de interface entre um designer
nômade que é visto como "morto" e um usuário/leitor/receptor (destinatário)
como "tornando-se" temporário. O design é criado como meio de comunicação
configurado por elementos de design que estão canalizando significantes para o
resto do mundo; portanto, quase todo tipo de produto do design se torna realidade
por meio da qual o destinatário e o designer se comunicam.
Sobre isso trataremos mais na segunda unidade, contudo é válido ressaltar ainda
que esses dois tipos de contextos sempre existem universalmente, sendo que
artefatos artificiais e atividades humanas são organizados ao longo desses dois
eixos; linguagens, arquiteturas, paisagens urbanas, tarefas, narrativas, gestos
(movimentos corporais) etc. Devido a essa estrutura, é permitida a produção
contínua de variabilidade de significados por meio das redes de semelhança e
diferença (SAWARAGI, 2010).
Dessarte, o design de artefatos ligados ao ser humano pode ser considerado como
uma “mensagem” coerente e coesa, de tal maneira que se esforça para maximizar
as chances de a mensagem ser interpretada pelos usuários como sendo o projetista
de tais artefatos (SAWARAGI, 2010).
49
UNIDADE I │ SEMIÓTICA E DESIGN DE PRODUTOS
Ainda sobre isto, um olhar diacrônico para as realidades tenta descobrir como
os sistemas de relacionamentos mudaram ao longo do tempo. Umberto Eco,
por exemplo, em seu The Open Work, afirma que particularmente a arte
contemporânea tem um significado indefinido, na medida em que a vontade do
artista era exatamente a de produzir essa “indeterminação ou abertura”, uma vez
também que abre caminho para um ponto de vista diacrônico que visa entender a
realidade que desenha com aquela que medeia um diálogo em constante mudança,
um conceito que já é desafiador entre os chamados pós-estruturalistas.
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ESTÉTICA, AMBIENTE
E A SEMIÓTICA UNIDADE II
NO DESIGN DE
PRODUTOS
CAPÍTULO 1
Estruturalismo, sintagmas e paradigmas
Conceitos introdutórios
Design é tanto verbo e quanto substantivo em português. Como substantivo,
segundo Medway e Clark (2003), ele assume duas formas:
O que foi dado como certo, no entanto, é o que é o design, o produto do processo
de design. Medway e Clark (2003) acreditam que o entendimento típico é a
representação construída antecipadamente que determinará as características
essenciais do artefato que será construído.
51
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Ele é uma soma de fatores que envolvem questões culturais, convenções, crenças
e desejos que são próprios a cada indivíduo etc. É uma conta que contém uma
quantidade tão alta de variáveis que não são todas previamente identificadas pelo
designer, em que pese que o grau de aceite pelo cliente, por exemplo, pode estar
diretamente relacionado a quantas variáveis diferentes foram consideradas no
processo de planejamento do produto.
52
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
Veja também:
53
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Saussure enfatizou que o significado surge das diferenças entre significantes. Essas
diferenças são de dois tipos, como falamos na unidade anterior: sintagmáticas
(em relação ao posicionamento) e paradigmáticas (em relação à substituição).
Essas duas dimensões são representadas em dois eixos, em que o horizontal é o
sintagmático e o vertical, paradigmático (HJELM, 2002).
JOÃO
MENINO- MORREU Eixo paradigmático
O HOMEM CHOROU
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ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
Saussure enfatizou que o todo depende das partes e a parte depende do todo.
Roland Barthes – o qual mencionamos no início de nosso material – descreveu os
elementos paradigmáticos e sintagmáticos no sistema “o vestuário”. Os elementos
paradigmáticos são os itens que não podem ser usados na mesma parte do corpo
ao mesmo tempo, como chapéus, sapatos, calças etc. A dimensão sintagmática é a
justaposição dos diferentes elementos em um conjunto completo.
De acordo com Campos e Araújo (2017, p. 29), para Barthes, essa distinção tem
função classificatória e não fenomenológica. Sintagma, para ele, apresenta-se
de uma forma encadeada, ou seja, contínua entre grupos de signos funcionais e
sempre binários numa relação recíproca na língua, na fala e em outras linguagens,
lembrando de Barthes nos aspectos não verbais. Já sistema se constitui a partir
de campos associativos determinados por afinidade no nível da memória (lápis,
caderno), no nível fônico (gato, pato) ou do sentido (educação, ensino), os quais
também contêm oposições bilaterais e múltiplas. O Quadro 8 apresenta esses
diferentes tipos de relações.
Sistema Sintagma
Grupo de peças, encaixes ou pormenores que podemos usar ao mesmo tempo e
Justaposição num mesmo conjunto de
Vestuário em um mesmo ponto do corpo e cuja variação corresponde a uma mudança do
elementos diferentes: saia-blusa-casaco.
sentido indumentário: touca/gorro/capelina etc.
Grupo de alimentos afins e dessemelhantes no qual escolhemos um prato em Encadeamento real dos pratos escolhidos
Comida
função de certo sentido: as variedades de entradas, assados ou sobremesas. ao longo da refeição: é o cardápio.
Justaposição dos móveis diferentes num
Mobiliário Grupo das variedades “estilísticas” de um mesmo móvel (uma cama).
mesmo espaço (cama-armário-mesa etc.).
Variações de estilo de um mesmo elemento de um edifício, diferentes formas de Encadeamento dos pormenores do
Arquitetura
telhados, sacadas, entradas etc. conjunto do edifício.
Fonte: adaptado de Campos e Araújo (2017, p. 31).
55
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Quando concebemos nossa casa, por exemplo, escolhemos itens que pertencem
ao sintagma de “uma casa”, como uma cama, um sofá, uma mesa de cozinha,
um aparelho de televisão etc. Quando temos uma TV na sala, não é provável que
compremos outra para a mesma sala, mas consideramos colocar uma menor na
cozinha.
56
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
57
CAPÍTULO 2
Epistemologia, mecanismos de
linguagem e semiótica em seu
contexto prático
Para estudar seus significados, Krampen (1989) destaca em toda a ecologia dos
instrumentos humanos os chamados “edifícios” e “artefatos projetados”. O autor
chama essa abordagem de “semiótica ecológica” e defende que essa perspectiva
ecológica reflete mais adequadamente na relação recíproca dos seres humanos
em seus ambientes construídos e mais com seus respectivos artefatos do que
no tratamento de edifícios ou coisas que são projetadas como objetos abstratos
destacados de nossos corpos.
Para resolver esse problema, nesse estudo clássico de Krampen (1989), vemos
definidos alguns conceitos fundamentais da abordagem ecológica. Depois disso, ele
esboça uma semiótica ecológica com especial atenção às superfícies e layouts de
superfície de edifícios e artefatos, e finalmente aponta algumas diferenças entre o
significado de edifícios e de produtos projetados como resultado da escala humana.
58
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
Como mencionado acima, não podemos perceber o ambiente sem perceber nosso
eu dentro dele. Em casos especiais, pode haver informações incorretas emitidas por
certos objetos, como grandes portas de vidro que podem enganar a muitos de nós,
que com pressa, batemos a cabeça contra elas, confundindo-a com uma abertura
(KRAMPEN, 1989).
Uma das pessoas que ajudaram na pesquisa de Medway e Clark (2003) comentou
que a filosofia é um mundo de lacunas: entre aparência e realidade na metafísica,
entre subjetivo e objetivo na ética, entre epistemologia do conhecimento e da
opinião e entre verdade e falsidade na lógica.
É possível querer fazer uma distinção entre pensamento trivial, que é muito difícil
de abordar, e pensamento lógico. Como mapeamos esse processo de pensamento
no design, que é bem diferente de um processo lógico formal é um problema nesse
contexto. Dessarte, voltando às lacunas, pensemos na diferença que há entre um
edifício virtual e um real, entre o pensamento metafórico e o literal, entre “o que
não é” e “o que é”, entre a representação e o real, e entre o abstrato e o concreto;
ou seja, na maneira como podemos ter metáforas verbais e metáforas de imagem
(MEDWAY; CLARK, 2003).
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UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Além disso, cada desenho tem uma carga afetiva. Trata-se de diversas camadas
semióticas que são colocadas, como um palimpsesto, em cima uma da outra,
isto é, poderíamos afirmar que se trata de um acúmulo de traços semióticos. A
alternância entre imagem e linguagem é gerada, em grande medida, no design. O
que normalmente acontece é que alguém primeiro especifica uma ideia de design
em palavras ou em um esboço, e um interlocutor pega essa representação e a traduz
no outro meio dizendo algo como “oh, então você quer dizer isso...” e depois a
pessoa que desenhou o esboço dirá “não, não é nada disso, o que eu tinha em mente
era isso...” (MEDWAY; CLARK, 2003).
Em outras palavras, cada meio, cada modo semiótico tem seus próprios
desempenhos, possibilidades e requisitos. Pode-se dizer que você terá uma porta
nessa parede, mas quando você a desenha, precisa escolher uma posição específica
na parede, ou seja, não é possível simplesmente tê-la. Há também o modo de gesto:
os arquitetos conduzem os edifícios enquanto desenham, enquanto conversam
sobre desenhos, encenam o edifício no espaço tridimensional. Muitas vezes o lápis
está se movendo acima do papel, ou o lápis está desenhando no papel, e isso não
parece fazer muita diferença (MEDWAY; CLARK, 2003).
A questão de “é” versus “não é” tem uma resposta que se inclina à saussuriana. O
que surge é que o design parece ser um processo de construção de um sistema de
diferenças. Sempre que um positivo é declarado no design, por exemplo, “vai ser
assim”, sempre há um negativo implícito, por exemplo, “e não assim” (MEDWAY;
CLARK, 2003).
Segundo Campos e Araújo (2017, p. 23), Saussure sistematizou dois modos distintos
de investigação dos fenômenos linguísticos: a sincrônica e a diacrônica. A primeira
60
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
analisa o estado da língua, o aspecto estático, ou seja, como ela existe naquele
determinado momento; parte apenas da perspectiva “dos falantes”. A segunda analisa
as mudanças na língua ao longo do tempo, utilizando conjuntamente a perspectiva
prospectiva e a perspectiva retrospectiva. Com isso, pode-se estudar uma língua a
partir dos documentos mais antigos e constatar sua evolução ao longo do tempo.
Campos e Araújo (2017) ainda nos revelam que a formação da língua portuguesa –
como todas as demais – passou por diversas transformações, desde o latim vulgar até a
sua forma moderna padrão. Em Saussure aparecem também dois eixos da linguagem.
61
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
62
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
Mecanismos de linguagem
Denotação e Conotação são dois conceitos básicos em semiótica que são muito
úteis e são muito caros ao design. Hjelm (2002) nos ajuda a diferenciá-las:
Na Figura 8, vemos duas cadeiras, a primeira feita em 1934 por Bruno Mattson; e a
segunda, em 1987 por Jonas Bohlin.
63
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Assim, segundo Lopes e Hernandes (2005, pp. 157-164), além desses mecanismos de
linguagem voltados para a semiótica, ainda temos:
Afirmação da Negação da
Afirmação da difusão
concentração de concentração de
de sentido:
sentido: sentido:
Metáfora
Denotação Comparação
65
UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Não concentração
Comparação
Concentração Difusão
Denotação Metonímia
Não difusão
Metonímia
Com efeito, no percurso que vai da “não concentração para a difusão de sentido,
ou seja, nos domínios da comparação e da metáfora, geram-se efeitos de sentido
subjetivos, já que, por meio das semelhanças que orientam as comparações e as
metáforas, transparecem as escolhas do enunciador” (LOPES; HERMANDES,
2005, p. 163).
66
ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS │ UNIDADE II
Os mitos também podem ser vistos como metáforas estendidas. Como as metáforas,
os mitos nos ajudam a entender nossa experiência dentro de uma cultura. Para
Barthes, os mitos servem à função ideológica da naturalização. Sua função é criar
valores históricos e culturais dominantes; atitudes e crenças parecem inteiramente
“naturais”, “normais”, óbvias e senso comum – e, portanto, reflexões objetivas e
verdadeiras de “como as coisas são” (HJELM, 2002).
Com efeito, é possível verificar que existe um estatuto complexo do mito que
coincide com diversas questões ligadas à semiótica, que vão desde a poesia até
mesmo o design de produtos. Pietroforte (2004, p. 158) destaca que em “uma das
formas de projeção do eixo paradigmático no sintagmático, o texto poético realiza
termos complexos”. Tal identidade semiótica trabalha a questão tanto relacionada
ao estatuto poético dos mitos, quanto o estatuto mitológico da poesia.
No que concerne aos ícones, esses são, em Saussure, signos totalmente motivados,
uma vez que mantêm certa relação de contiguidade com o objeto representado.
Ainda outro exemplo, o desenho de uma casa é um ícone, visto que representa
graficamente aspectos visuais do objeto casa. Por fim, os símbolos “são signos
relativamente motivados e relativamente arbitrários. Diferentemente do ícone, o
símbolo representa uma ideia genérica, como a pomba branca que representa a paz
ou uma balança que representa a justiça” (CAMPOS; ARAÚJO 2017, p. 73).
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UNIDADE II │ ESTÉTICA, AMBIENTE E A SEMIÓTICA NO DESIGN DE PRODUTOS
Voltando às duas cadeiras (Figura 8), Hjelm (2002) revela quais mitos ou valores
dominantes elas refletem. A cadeira de Bruno Mattson foi projetada em 1934, por
exemplo, é confortável, moderna, natural e incorpora, de todas as formas, as ideias
modernistas da honestidade na forma, função e material. A cadeira segue o corpo
humano em um design elegante e funcional.
Algirdas Julius Greimas (1917-1992) fez uso de três grandes sistemas para agrupar
o modo como funcionam os signos dentro de suas respectivas capacidades
representativas de conteúdo. Campos e Araújo (2017, p. 74) afirmam que há o sistema
simbólico: cujo elemento do Plano de Expressão possui apenas um correspondente
no Plano de Conteúdo. É exemplo desse sistema as linguagens científicas, como a
matemática. Na linguagem matemática, um signo como “%” só pode representar
uma única coisa: uma operação de porcentagem. Também são sistemas Simbólicos
códigos visuais de trânsito, como o semáforo por exemplo.
Como nosso viés é artístico, nos voltemos para esse último sistema. Acerca do
que foi dito acima significa que existe uma relação no semissimbólico a qual, no
ambiente tipológico de Saussure, emerge entre o motivado do ícone e do símbolo e
o arbitrário do signo.
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A autora nos conta que aprendemos, na atual sociedade ocidental, que é vantajosa
a produção de espaços projetados que objetivam se tornar locais onde o consumo
seja efetuado de fato. A fim de alcançar tamanha complexidade, aqueles que
são estudiosos do assunto semiótico, em conjunto com aqueles que estiverem
no estabelecimento, uma vez que envolve questões arquitetônicas, estruturais,
utilização de diferentes tipos de materiais, suas respectivas formas, cores etc., são
responsáveis por criar estratégias que visem a lucratividade do ponto de venda de
algum produto.
Com efeito, “as bases do contrato de adesão estão fincadas e, pelas reiterações dos
modos de presença da loja, desenvolve-se um gosto por nela o consumidor querer
estar o que torna a sua frequentação um degustar do gosto de seu gosto”. As
razões que levam a uma dada implementação financeira, ainda segundo Oliveira
(2014), “se somam ao conhecimento levantado do que deseja a população para
que o ponto de venda venha a ser um sucesso de público com aceitação e adesão”.
Floch (2014, n.p.) nos fornece mais informações a respeito de sua pesquisa em
campo cujo teor nos interessa de modo direto:
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Os resultados dos grupos de discussão que foram analisados por Floch (2014),
cujo embasamento é uma abordagem semiótica estrutural, a qual foi desenhada
e desenvolvida por um Grupo de Pesquisas que residiu em Paris, chamado
SemioLinguísticas – e uma das coisas mais interessantes é que ele foi encabeçado
por Greimas, que mencionamos no tópico anterior.
Tal abordagem, ainda segundo Floch (2014, n. p.), tem por intuito esclarecer as
condições nas quais o sentido é produzido e apreendido. Com efeito, “sua extensão
excede os signos isolados, de modo a dar conta do reconhecimento de sistemas de
significação manifestos por linguagens verbais e não verbais.”
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O exemplo que autor nos traz é que alguns consumidores – queiram, ou amem,
ou ainda odeiem – definem um hipermercado como algo exclusivamente utilitário,
outros dizem que isso permite e promove um modo de vida particular; e outros,
ainda, avaliam que visitá-lo é um compromisso entre o utilitário e o aprazível, entre
a necessidade e o prazer (FLOCH, 2014, n.p.).
Há basicamente três aspectos dessa abordagem que o autor supracitado nos traz, os
quais provaram seu valor, quais sejam:
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O autor fazer forte uso do quadrado semiótico é “uma representação visual das
relações que existem entre as características distinguíveis que constituem uma
dada categoria semântica”. A construção desse quadrado irá depender de uma
das “descobertas fundamentais que a semiótica toma emprestada da linguística
estrutural, a identificação de dois diferentes tipos de oposição em operação nas
linguagens”, quais, sejam:
» relações privativas;
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Isso pode ser mais bem esclarecido por um exemplo que o autor nos fornece, que é
voltado para uma oposição entre homem e mulher.
“HOMEM” “MULHER”
Relações Operações
Contrariedade
Negação
Contradição
Fonte: Floch (2014).
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Ainda outro efeito benéfico do estudo foi que ele “permitiu tanto à equipe de
gestão de projetos da Cofradel quanto à equipe de designers trabalhar com o
mesmo modelo de referência e o mesmo esquema de reflexão, numa base em que
todas as partes puderam explicitar”, bem como “formular e comunicar suas ideias,
preocupações e experiências” (FLOCH, 2014, n.p.).
Floch (2014) entende também que seu estudo “contribuiu para uma melhor
elucidação de uma problemática comum às habilidades e aos níveis de
responsabilidade de diferentes especialistas envolvidos no grupo desse projeto”.
Todavia, ele levanta dois pontos importantes ressaltados pelo autor, a fim de
finalizar este tópico:
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CAPÍTULO 3
Estética, design e semiótica
Quem fundou o termo estética, como disciplina, no século XVIII foi Alexander
Baumgarten (1714-1762) com o intuito de designar “um tipo de conhecimento
que não é empírico nem racional, mas que advém dos sentidos – o conhecimento
sensitivo ou sensível. Questões ligadas à beleza e à arte teriam aí seu lugar de
discussão” (MOSER et al., 2019, p. 199).
» Plotino (205 d.C. – 270 d.C.): via a beleza inserida dentro da alma,
divina. Inicia pelos sentidos, passa pelas ações virtuosas até chegar ao
entendimento, à razão, à beleza por ela mesma.
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Moser et al. (2019, p. 210) prosseguem nos informando que a beleza e a verdade
em si mesmas são eternas e imutáveis para Platão, e traz ainda mais algumas
concepções do filósofo, especialmente voltadas para a questão dos objetos, que
muito interessa ao design de produtos:
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Moser et al. (2019, p. 210) nos trazem ainda outras concepções importantes
deste importante pensador, incluindo questões diretamente ligadas à questão dos
objetos e de seu desejo (vontade) por eles, ou seja, basicamente trabalha com o
caminho para se chegar até à consumação (uso do produto) da vontade.
É ela que está por trás das aparências, é a coisa em si. A vontade, antes de se
manifestar de forma espaço-temporal e causal, consistem em ideia, em formas
eternas atemporais e, posteriormente, em objetos com causalidade e localizados
no tempo, no espaço – os fenômenos. No homem, tal vontade está diretamente
relacionada ao querer, ao desejo, a um impulso que o move em direção às coisas, ao
mundo (MOSER et al., 2019).
Com efeito:
Desse modo, ainda conforme nos informam Moser et al. (2019, pp. 234-235) “a
vida humana está associada à necessidade e à dor originária na existência do ser
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humano. Quando estas são satisfeitas, temos a saciedade e o tédio. Esse processo é
inerente à vida humana e faz parte do sofrimento existencial”.
Assim, o que foi apresentado estimula o cursista a entender a estética não somente
como algo exterior ao indivíduo, mas que é regido por uma série de complexas teias
que são preocupações primeiras dos designers de produtos, especialmente no que
tange à real vontade e ao real desejo daquele que irá consumir o produto.
Não obstante, Holt (2017) acredita que a estética é o discurso que pode ser o
mais adequado para a conceituação do artificial precisamente porque nunca
foi um discurso estritamente dedicado à análise (nem à geração de conceitos
que simplesmente categorizam fenômenos); mas, antes, um discurso dedicado à
articulação.
A estética explora as relações entre as coisas, como elas são organizadas, como elas
“se encaixam”, como elas conversam materialmente. Ela também é o domínio no
qual os conceitos são experimentados, elaborados, transformados de dentro para
fora e expostos ao contrafactual. Atividade estética é o processo de “comunicação”
contrafactual (HOLT, 2017).
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No entanto, para entender sua natureza icônica, é necessário examinar mais de perto
como elas emergem de nossa interação perceptiva e sensório-motora com o mundo
exterior. Interação é o termo chave aqui. Como a semiótica cognitiva não está de
forma alguma subscrevendo a ontologia dualística ou mesmo “esquizofrênica” de que
a semiótica foi acusada, mas em vez disso, o princípio prototípico ativo na formação
de esquemas de imagem é identificado precisamente no limiar entre o objetivo e o
subjetivo (MARKUSSEN, 2007).
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Veja a Figura 12, ali estão presentes P e V, que possuem layouts de escritório
assimétricos. Quando P aponta para A, como indicado pela seta, a câmera transmite
sua imagem ao monitor de V. No escritório de V, a imagem de P parece apontar na
direção mostrada pela seta sólida, ao invés de na direção desejada mostrada pela
seta pontilhada.
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» função;
» marketing e
» manufatura.
Esses fatores, que são ocasionalmente conflitantes, ainda de acordo com Bhushan
e Banwet (2013), sempre competem entre si, porém, frequentemente, é esperada
alguma forma de conciliação entre eles no produto final.
Figura 13. Design funcional pragmático: relação entre usuário, produto e ambiente.
Ambiente geral
Ambiente
específico
Objeto
Usuário
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Kant entendia que um objeto que agrada aos sentidos é percebido como “delicioso”
e provoca interesse na existência do objeto. A Semântica de Produtos
facilitará a geração de projetos de produtos com melhor entendimento funcional
e tecnológico. Assim, por exemplo, o designer pode usar ícones, índices ou
símbolos inspirando-se na trifurcação de sinais de Charles S. Peirce (BHUSHAN;
BANWET, 2013).
Vale a pena sempre relembrar-se: ícone é um sinal que se assemelha a algo, como
fotografia de pessoas. Um ícone também pode ser ilustrativo ou diagramático,
por exemplo, um sinal de “não fumantes”. O índice é um sinal em que existe
um link direto entre o sinal e o objeto. A maioria dos sinais de trânsito são
indicadores de índice, pois representam informações relacionadas a um local
(por exemplo, um sinal de “superfície escorregadia da estrada” colocada em uma
estrada propensa a inundações). O símbolo, por sua vez, não tem significado
lógico entre ele e o objeto. As bandeiras são símbolos que representam países,
organizações ou quaisquer tipos de instituições (BHUSHAN; BANWET, 2013).
» eficiente/ineficiente;
» atrasado/simplificado;
» vívido/maçante;
» poderoso/fraco;
» ágil/rígido;
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» simples/complexo ou complicado;
» ocioso/ativo etc.
Com efeito, se for discutido como o esteticismo deve reduzir a função e a tecnologia,
é preciso estudar acerca do assunto. Consequentemente, duas hipóteses podem ser
levantadas, de acordo com Bhushan e Banwet (2013):
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Um bom design resistirá ao teste do tempo e, com sorte, será mantido por muito
mais tempo, reduzindo assim a necessidade constante de criação de novos
produtos e utilização de materiais e energia necessários para produzi-los.
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Como grande parte dos textos – de qualidade – dessa área estão em inglês,
julgamos pertinente incrementá-los, visto que todos os demais conteúdos
extras já estão em português.
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Para (não) finalizar
Indicamos, portanto os conteúdos para dar cadência aos seus estudos de temáticas
para pesquisas (não tratadas ou não necessariamente aprofundadas neste Material
de Apoio):
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PARA (NÃO) FINALIZAR
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Referências
HOLT, Matthew. Semiotics and design: Towards an aesthetics of the artificial. The
Design Journal. 2017. 20:sup1, S332-S341, DOI: 10.1080/14606925.2017.1352860.
JESUS, Maria Cristina Pinto de; PEIXOTO, Marisa Ribeiro Bastos; CUNHA,
Mércia Heloísa Ferreira. O paradigma hermenêutico como fundamentação das
pesquisas etnográficas e fenomenológicas. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, pp. 29-35, Apr. 1998. Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691998000200006&lng=en&nrm
=iso. Acesso em: 21 jan. 2020.
LOPES, Ivã C.; HERNANDES, Nilton. Semiótica: objetos e prática. São Paulo,
Contexto, 2005.
MOSER, Alvino; NAUROSKI, Everson A.; LOPES; Luís F.; PETRACCA, Ricardo.
Érica, estética e educação. Curitiba: InterSaberes, 2019.
Imagens
Figura 1 (a): PIXABAY. OpenClipart-Vectors/Pixabay.com. 2016. Disponível em:
https://pixabay.com/vectors/balance-brass-court-justice-law-1300334/. Acesso em:
13 ago. 2020.
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