Resumo Global
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EDNA RAQUEL HOGEMANN, 2010 (Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do
CONPEDI realizado em Fortaleza)
Não existe resposta unívoca à ideia de Pessoa. Diversas ideias de pessoa existem. A presente
proposta aponta no sentido não necessariamente de “criar” uma nova, mas analisar as
distinções entre as existentes.
De acordo com o elemento fundamental da ontologia aristotélica que Francis Wolff [4]
caracteriza da seguinte forma: um homem, uma comunidade, um ser qualquer será feliz
somente se puder se bastar a si mesmo, isto é, se encontrar em si mesmo aquilo com que seja
ele mesmo, sem necessidade de nada. Ninguém é plenamente, se lhe faltar alguma coisa, se
não for plenamente. Um homem sozinho é "carente". Não pode ser, carece dos outros, porque
carece de tudo. Os homens, seres "de carência", podem juntos se completar com aquilo que
lhes falta. O homem não pode ser, e, portanto, não pode ser homem, se não for pela e na
comunidade.
Aristóteles distingue entre vida contemplativa (bios theoretikos), vida do prazer (bios
poietikós) e vida política (bios politikós). Segundo Aristóteles, o homem é considerado como
um ser vivo dotado de fala (zoon logon ekon). A preocupação com a proteção à individualidade
humana já surge, de alguma forma, embora não explicitamente normatizada, como
fundamento do processo de conhecimento na Antiguidade Clássica.
No mundo grego, o termo mais próximo que se pode alcançar nas linhas etimológicas que se
embaraçam a perder de vista denomina-se prósopon. Inicialmente, essa expressão foi utilizada
para denominar as máscaras usadas pelos atores nas encenações do teatro grego.
O sentido atribuído à noção de pessoa como subjetividade humana surgiu somente a partir da
influência da cultura cristã, sendo esse tema abordado mais adiante, quando o período
medieval rompeu com a tradição clássica e instaurou na Igreja sua doutrina de Salvação e
contato pessoal com o mundo divino. Na verdade, foi o Cristianismo o êmbolo propulsor que
substituiu a noção do homem mitigado na filosofia da Antiguidade para a posição de pessoa
dotada de subjetividade. A identificação entre ser e pessoa ocorreu, dessa forma, na medida
em que pensar o Ser supremo ou que o primeiro princípio passou a valer para Deus,
doutrinariamente entendido como Pessoa. Assim, a semelhança entre criatura e criador
revestiu o ser humano de uma nova dignidade, interior e não naturalista.
A teoria clássica considera a pessoa como essência (séc. VI). Pessoa é uma natureza capaz de
raciocínio: animal racional; é uma substância que existe por direito próprio, e totalmente
irrepetível. Ou seja, o ser da pessoa é um ser próprio, que pertence a si mesmo e não depende
do outro. quando começa a vida humana? E quando começa a pessoa? A resposta é somente
uma: a pessoa começa quando começa a vida, no ato da conceção biológica. Onde há vida
humana, ali há uma pessoa única e irrepetível, intocável e titular de valor e dignidade, na
mesma medida de seus semelhantes, os adultos. Esta teoria, que inspirou as igrejas cristãs, é
denominada de biologista porque coloca no marco de uma realidade biológica uma conceção
metafísica. O primeiro autor cristão que desenvolveu em profundidade o conceito de pessoa
foi Santo Agostinho. A ideia de pessoa, em Agostinho, afasta-se da relativa exterioridade e
avança para a intimidade individualizada, que prenuncia o conceito de subjetividade, próprio
do pensamento moderno.
Fixada assim esta conceção de pessoa, está aberto o campo para a fomentação de seus
direitos, inicialmente através do pensamento cristão e, posteriormente, “ao determinar este a
dessacralização da natureza e da sociedade, libertando o homem de ser objeto para
transformá-lo em sujeito, portador de valores (pessoa).
No mundo moderno, a conceção que vigora prevê um sujeito individual porque o homem é
considerado como ser completo e independente, detentor de direitos e da capacidade de
exercê-los visando à auto-satisfação. É autônomo, porque possui a condição de liberdade e
capacidade para pensar e agir por si mesmo.
É importante observar que falar em "pessoa" não é a mesma coisa que falar em "ser humano".
O conceito de ser humano é uma abstração biológica, enquanto que o de "pessoa" é uma
noção filosófica ou psicológica.
Pessoa” é um termo mais específico que se reporta ao denominado “mundo civilizado’ ou, se
preferido, ao conjunto dos valores morais, éticos e jurídicos próprios deste mundo. A própria
etimologia da palavra pessoa demonstra que é um conceito sobreposto ao conceito de
homem.
Esse indivíduo que é biológico, mas sujeito psíquico, não se restringe a uma simples
justaposição de traços. A sua composição complexa revela uma singularidade única revelada
através de atos, motivos e motivações, da afetividade e do pensamento, de valores que se
emaranham numa relação de hierarquia pautada pela mutabilidade. Resulta numa
personalidade aqui concebida em parte voltada para um alcance biográfico construído no
passado e no presente, apontando para o futuro, com base nas contradições do mundo social.
À pessoa humana se refere não somente a sua estrutura corpórea, mas a sua totalidade como
forma-valor.
O que transcende os limites de sua própria individualidade, ou seja, que a coloca num
Mundo, em princípio, infinito. O sujeito transcendental é aquele que supera, ultrapassa as
flutuações do sujeito empírico, sujeito às mudanças. Importa apontar que essa
transcendentalidade intrínseca à ideia de pessoa humana para os que diferenciam ser humano
de pessoa, não pode ser considerada como uma característica atribuível à “natureza” humana,
mas como resultante de um processo histórico cultural, demarcado por seus componentes
de ordem ética e moral.
Pessoa em Kant
Pessoa é aquele sujeito a quem se pode imputar suas próprias ações. A ideia é alicerçada
através de um conceito racional, em que pessoa é entendida como sujeito autônomo,
impulsionado à ação pela determinação da vontade e não por leis da natureza, mas,
consoante aos ditames da própria razão pura, prática que possibilita que a pessoa seja livre.
Ser humano tem uma índole Biológica o que faz com que Pessoa humana seja uma imagem
abstrata do humano para além da Biologia
Artigo - Conceito de ser humano nas teorias de enfermagem: aproximação com o ensino da
condição humana
Questão norteadora: Qual é a relação entre os conceitos de ser humano defendidos pelas
teoristas de enfermagem, e os propostos por Edgar Morin, ao apresentar o ensino da condição
humana?
Objetivo do estudo - Este artigo pretende aproximar do conceito de ser humano defendido
pelas teoristas de enfermagem, as bases teóricas do ensino da condição humana proposto por
Morin.
RESUMO
A LUZ DA ENFERMAGEM
Objetivo: Este artigo aborda a teoria da pessoa de Albert Mieczysław Krąpiec com base em
sete características pessoais essenciais: a capacidade de cognição, a capacidade de amar, a
capacidade de liberdade, a capacidade de religião, subjetividade jurídica, integridade e
dignidade.
RESUMO
Visto “de fora”, por outro lado, o ser humano é percecionado como uma entidade que não é
inteiramente determinada pelas leis da natureza. O ser humano descobre-se como aquele
que pode processar, melhorar e complementar a natureza. Em obras da arte, em formas de
vida social ou religiosa, em trabalhos de pesquisa, o ser humano experimenta o seu poder
de transcender o ambiente do mundo através da sua ação.
Outras qualidades que distinguem o ser humano de outros seres vivos incluem a dignidade
(não deve ser tratada instrumentalmente), unidade (tudo o que forma a essência da
humanidade está contida nela) e subjetividade jurídica (ela é portadora de direitos pessoais
específicos, portanto, não está sujeita às leis gerais da natureza). Desenvolver-se
plenamente, o ser humano, como pessoa, requer bens materiais e espirituais, sociedade e
família. O bem comum que constitui o princípio da vida social está ligado tanto às
necessidades espirituais como materiais do ser humano. Desta forma, o ser humano
conserva o direito inalienável a ambos os valores espirituais e bens materiais (Maryniarczyk,
2015, pp. 118–119).
CONCEITO DE PESSOA HUMANA
Para Krąpiec (2009), o termo “pessoa” refere-se ao “eu de natureza” (p. 121). Mais
especificamente, a pessoa é um agente individual capaz de realizar atividades humanas
conscientes e autônomas atos de decisão livres e totalmente governados. Corresponde à
máscara usada para criar diferentes “personas” no teatro grego, os atos emergem do agente
pessoal para revelar a verdade sobre o ser humano.
IMPLICAÇÕES E DESAFIOS ÉTICOS PARA A PROFISSÃO DE ENFERMAGEM
Verdade e sinceridade
O ser humano aprecia a verdade do profissional de enfermagem, podendo haver quebra
de confiança quando à suspeita da mm não existir; promotor da cooperação efetiva
Amor e dignidade
Contacto próximo e frequente entre enf. e doente; enf. com acesso ao corpo, mente
alma do doente – serve as suas necessidades incluindo amor e cuidado; enf. não pode
olhar apenas para o corpo e mente, mas para todas as outras dimensões – o enf. deve
dar-se ao outro…ter compaixão – atitude de respeito, amor e solidariedade
Autonomia como autodeterminação
A escolha do doente vai determinar o cuidado; o enf. pode experienciar conflitos de
opiniões, devendo elucidar o doente e convencê-lo a aceitar o melhore tratamento, sem
atitudes paternalistas, promovendo a sua aceitação autónoma; respeito muto
Espiritualidade e transcendência
O desejo mais importante é a procura de Deus; relacionamento entre o humano e Deus;
adequação do tratamento à luz das várias orientações religiosas e espirituais
GRUPO 3: Pessoa Humana e Dignidade
Pessoa humana
Desde a antiguidade que se debate o conceito de pessoa. Por exemplo Sócrates referia que “o
homem é a sua alma, que é a sua razão e a sede de sua atividade pensante e eticamente
operante: é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral…
cuidar de si mesmo significa cuidar da própria alma mais do que do corpo, pois o homem é
aquilo que se serve do corpo, então ele é sua psyché, a alma, sua inteligência”
Segundo Kant vinculando-a à questão da liberdade racional como núcleo da vida moral dos
indivíduos, sem interferência de valores externos ao próprio ser humano. Não são, portanto,
todos os seres humanos que se caracterizam como pessoas, mas apenas aqueles que estão em
condição de agir moralmente (de acordo com leis) e, por isso, ser responsabilizados por seus
atos.
Dignidade humana
Dimensão biológica: todo e qualquer ser humano é portador à nascença da sua dignidade só
pelo fato de ser pessoa. E por isso talvez se possa dizer que a qualidade biológica não altera a
sua dignidade. Corpo como substrato, suporte ou mediador da dignidade humana.
Dimensão filosófica: é um ser humano com valor absoluto com um fim em si mesmo dotado
da razão que é a raiz da dignidade; Respeito (Kant) e reconhecimento (Hegel)
A postura atualista leva a conclusões como a de Peter Singer, segundo a qual somente o ser
humano considerado pessoa é titular do direito à vida, pois apresenta características
moralmente relevantes para tanto, como autoconsciência de si e autonomia, que lhe
possibilitam optar por dar continuidade a sua vida.
Este conceito varia ao longo da vida de cada um, havendo uma evolução, uma pessoalização
permanente deste conceito.
Textos de apoio:
PESSOA HUMANA
Pessoa Humana corresponde a uma construção mais abstrata que se vai constituindo ao longo
de toda a vida, em que a totalidade é maior que a soma das suas partes.
Tem a presença da alma racional (cognição) e características que são similares aos vários
autores: diálogo, interação e relação com os outros; alteridade; intersubjetividade;
autonomia e liberdade de escolhas; complexidade; a capacidade de amar (empatia).
Não há uma definição única; é um conceito que vai sofrendo influência da época e cultura que
se vivencia, mas teve fortes influências do cristianismo. Entre as várias disciplinas identificámos
aspetos comuns: capacidade de comunicar; relacionar com os outros; aceitar a individualidade
do outro; necessidade de procurar um sentido.
Verdade e sinceridade
O ser humano aprecia a verdade do profissional de enfermagem, podendo haver quebra
de confiança quando à suspeita da mm não existir; promotor da cooperação efetiva.
Amor e dignidade
Contacto próximo e frequente entre enf. e doente; enf. com acesso ao corpo, mente alma
do doente – serve as suas necessidades incluindo amor e cuidado; enf. não pode olhar
apenas para o corpo e mente, mas para todas as outras dimensões – o enf. deve dar-se ao
outro…ter compaixão – atitude de respeito, amor e solidariedade.
Espiritualidade e transcendência
O desejo mais importante é a procura de Deus (espiritualidade); relacionamento entre o
humano e Deus; adequação do tratamento à luz das várias orientações religiosas e
espirituais, nomeadamente em situações de fim de vida.
DIGNIDADE HUMANA
Conceito multidimensional (ética, filosófica, psicológica, biológica) que está relacionado com
os conceitos de vida, ser humano e que, portanto, tem implicações no desenvolvimento da
solidariedade e equidade na relação e interação entre os indivíduos.
Este conceito é subjetivo, varia ao longo da vida de cada um, havendo uma evolução, uma
pessoalização permanente deste conceito, consoante a experiência vivida ao longo da vida.
A dignidade tem a ver com a construção da imagem que tem de si própria e está também
relacionada com a interação com o mundo e com os outros. E entende-se por outros todos os
seres por ele habitado.
CONTUDO:
O Cuidar não pode ficar restrito à fisicalidade, pois não consideraria a Pessoa como Pessoa
Humana.