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ANÁLISE DE TEXTOS SOBRE A PESSOA

GRUPO 1: Conceito de Homem (Ser Humano) e Pessoa Humana

A AMBIGUIDADE DA NOÇÃO DE PESSOA E O DEBATE BIOÉTICO CONTEMPORANEO

EDNA RAQUEL HOGEMANN, 2010 (Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do
CONPEDI realizado em Fortaleza)

Ao longo da história da civilização ocidental, a ideia de pessoa foi construída a partir de


referenciais axiológicos e ontológicos muito próprios de cada época, mas sempre vinculada a
pressupostos de ordem filosófica e biológica.

Não existe resposta unívoca à ideia de Pessoa. Diversas ideias de pessoa existem. A presente
proposta aponta no sentido não necessariamente de “criar” uma nova, mas analisar as
distinções entre as existentes.

As ideias de pessoa supõem-se apresentadas em correspondência a épocas ou sociedades


determinadas e dessa maneira devem ser consideradas. Leva-se em conta a possibilidade de
apontar a diversidade de ideias de pessoa, atendendo a critérios pertinentes, tomando por
referência que são utilizadas como parâmetro nas discussões que envolvem, a questão do
estatuto moral do embrião humano, elemento que as distingue ou aproxima de forma
consequente ou contraditória.

Questionamentos éticos e jurídicos colocam na ordem do dia discussões acerca da disposição


da vida humana e prometem, neste século recém iniciado, revolucionar antigos conceitos e
paradigmas ideológicos acerca do homem e sua natureza. No quadro do ordenamento
jurídico brasileiro em vigor, lastreado pela teoria natalista, o ser humano nascido com vida
adquire personalidade jurídica e considerado como pessoa, torna-se sujeito de direitos e
garantias. Ainda que não haja respostas acabadas sobre o tema, uma tendência acerca do
status moral do embrião humano produzido em laboratório revelou-se fundamental para a
aprovação do texto final a Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005, - Lei de Biossegurança, que
permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de
embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respetivo
procedimento. Esses questionamentos têm como pano de fundo os critérios que servem como
parâmetro para definição do início da vida humana e da pessoalidade, através de uma incursão
nas ideias que refletem a visão que o homem tem estabelecido sobre Pessoa e a sua amplitude
ético-filosófica.
Da ontologia aristotélica ao humanismo renascentista

De acordo com o elemento fundamental da ontologia aristotélica que Francis Wolff [4]
caracteriza da seguinte forma: um homem, uma comunidade, um ser qualquer será feliz
somente se puder se bastar a si mesmo, isto é, se encontrar em si mesmo aquilo com que seja
ele mesmo, sem necessidade de nada. Ninguém é plenamente, se lhe faltar alguma coisa, se
não for plenamente. Um homem sozinho é "carente". Não pode ser, carece dos outros, porque
carece de tudo. Os homens, seres "de carência", podem juntos se completar com aquilo que
lhes falta. O homem não pode ser, e, portanto, não pode ser homem, se não for pela e na
comunidade.

Aristóteles distingue entre vida contemplativa (bios theoretikos), vida do prazer (bios
poietikós) e vida política (bios politikós). Segundo Aristóteles, o homem é considerado como
um ser vivo dotado de fala (zoon logon ekon). A preocupação com a proteção à individualidade
humana já surge, de alguma forma, embora não explicitamente normatizada, como
fundamento do processo de conhecimento na Antiguidade Clássica.

No mundo grego, o termo mais próximo que se pode alcançar nas linhas etimológicas que se
embaraçam a perder de vista denomina-se prósopon. Inicialmente, essa expressão foi utilizada
para denominar as máscaras usadas pelos atores nas encenações do teatro grego.

O sentido atribuído à noção de pessoa como subjetividade humana surgiu somente a partir da
influência da cultura cristã, sendo esse tema abordado mais adiante, quando o período
medieval rompeu com a tradição clássica e instaurou na Igreja sua doutrina de Salvação e
contato pessoal com o mundo divino. Na verdade, foi o Cristianismo o êmbolo propulsor que
substituiu a noção do homem mitigado na filosofia da Antiguidade para a posição de pessoa
dotada de subjetividade. A identificação entre ser e pessoa ocorreu, dessa forma, na medida
em que pensar o Ser supremo ou que o primeiro princípio passou a valer para Deus,
doutrinariamente entendido como Pessoa. Assim, a semelhança entre criatura e criador
revestiu o ser humano de uma nova dignidade, interior e não naturalista.

A teoria clássica considera a pessoa como essência (séc. VI). Pessoa é uma natureza capaz de
raciocínio: animal racional; é uma substância que existe por direito próprio, e totalmente
irrepetível. Ou seja, o ser da pessoa é um ser próprio, que pertence a si mesmo e não depende
do outro. quando começa a vida humana? E quando começa a pessoa? A resposta é somente
uma: a pessoa começa quando começa a vida, no ato da conceção biológica. Onde há vida
humana, ali há uma pessoa única e irrepetível, intocável e titular de valor e dignidade, na
mesma medida de seus semelhantes, os adultos. Esta teoria, que inspirou as igrejas cristãs, é
denominada de biologista porque coloca no marco de uma realidade biológica uma conceção
metafísica. O primeiro autor cristão que desenvolveu em profundidade o conceito de pessoa
foi Santo Agostinho. A ideia de pessoa, em Agostinho, afasta-se da relativa exterioridade e
avança para a intimidade individualizada, que prenuncia o conceito de subjetividade, próprio
do pensamento moderno.

No século XII, o sentido de pessoa se consensual em um ser completo, independente e


intransferível, persona como per se una. O Scotismo concebia o universo como um mundo de
pessoas – primeiro as três pessoas da Santíssima Trindade, depois, sujeitas aos desígnios de
Deus, as pessoas humanas (século XIV, Duns Scot (1266-1308).

No período renascentista, a definição de pessoa humana recebeu novo elemento, o da


dignidade humana, exaltada e estudada pelos pensadores daquela época, configurando-se
verdadeiro alicerce da luta pelos direitos, sobretudo de ordem política, impulsionada nos
séculos seguintes. Nesse período em que se conclamou o homem como ser ativo e responsável
pela transformação da sua própria realidade merece particular ênfase.

Fixada assim esta conceção de pessoa, está aberto o campo para a fomentação de seus
direitos, inicialmente através do pensamento cristão e, posteriormente, “ao determinar este a
dessacralização da natureza e da sociedade, libertando o homem de ser objeto para
transformá-lo em sujeito, portador de valores (pessoa).

Pessoa como titular de direitos e obrigações

No mundo moderno, a conceção que vigora prevê um sujeito individual porque o homem é
considerado como ser completo e independente, detentor de direitos e da capacidade de
exercê-los visando à auto-satisfação. É autônomo, porque possui a condição de liberdade e
capacidade para pensar e agir por si mesmo.

Ser humano e pessoa humana

É importante observar que falar em "pessoa" não é a mesma coisa que falar em "ser humano".
O conceito de ser humano é uma abstração biológica, enquanto que o de "pessoa" é uma
noção filosófica ou psicológica.

Pessoa” é um termo mais específico que se reporta ao denominado “mundo civilizado’ ou, se
preferido, ao conjunto dos valores morais, éticos e jurídicos próprios deste mundo. A própria
etimologia da palavra pessoa demonstra que é um conceito sobreposto ao conceito de
homem.

Indivíduo, individualidade, subjetividade e personalidade

Esse indivíduo que é biológico, mas sujeito psíquico, não se restringe a uma simples
justaposição de traços. A sua composição complexa revela uma singularidade única revelada
através de atos, motivos e motivações, da afetividade e do pensamento, de valores que se
emaranham numa relação de hierarquia pautada pela mutabilidade. Resulta numa
personalidade aqui concebida em parte voltada para um alcance biográfico construído no
passado e no presente, apontando para o futuro, com base nas contradições do mundo social.

À pessoa humana se refere não somente a sua estrutura corpórea, mas a sua totalidade como
forma-valor.

A ideia transcendental de pessoa

O que transcende os limites de sua própria individualidade, ou seja, que a coloca num
Mundo, em princípio, infinito. O sujeito transcendental é aquele que supera, ultrapassa as
flutuações do sujeito empírico, sujeito às mudanças. Importa apontar que essa
transcendentalidade intrínseca à ideia de pessoa humana para os que diferenciam ser humano
de pessoa, não pode ser considerada como uma característica atribuível à “natureza” humana,
mas como resultante de um processo histórico cultural, demarcado por seus componentes
de ordem ética e moral.

Pessoa em Kant

Pessoa é aquele sujeito a quem se pode imputar suas próprias ações. A ideia é alicerçada
através de um conceito racional, em que pessoa é entendida como sujeito autônomo,
impulsionado à ação pela determinação da vontade e não por leis da natureza, mas,
consoante aos ditames da própria razão pura, prática que possibilita que a pessoa seja livre.

Na ética kantiana, a autonomia é um conceito central e refere-se à capacidade do agente de


escolher as leis morais para si mesmo. De acordo com Kant, autonomia e racionalidade
ocorrem simultaneamente; por isso, fala-se em "agentes racionais», isto é, agentes livres e
capazes de tomarem suas próprias decisões, estabelecerem seus objetivos e guiarem sua
conduta pela razão.
Artigo Conceito de pessoa, nas entrelinhas da filosofia, Sociologia, psicanálise e logoterapia.

É difícil definir pessoa devido à heterogeneidade de correntes de pensamento, mas partindo


da ideia trabalhada pela sociologia é o papel da interação intersubjetiva o ponto de partida da
construção da pessoa, somando a pertinente questão da procura do sentido.

Ser humano tem uma índole Biológica o que faz com que Pessoa humana seja uma imagem
abstrata do humano para além da Biologia

Síntese: Verificámos que o conceito Pessoa/Pessoa Humana é utilizado para se distinguir de


cidadão e indivíduo. Sendo que Pessoa Humana corresponde a uma construção mais abstrata
que se vai constituindo ao longo de toda a vida. Tem a presença da alma racional e
características que são similares aos vários autores – Diálogo e relação com os outros;
alteridade; intersubjetividade; autonomia e liberdade de escolhas. Podemos verificar que não
há uma definição única e que o conceito vai sofrendo influência de época e cultura que se
vivencia, mas teve fortes influências do cristianismo. Entre as várias disciplinas identificámos
aspetos comuns: capacidade de comunicar; relacionar com os outros; aceitar a individualidade
do outro; necessidade de procurar um sentido.
GRUPO 2: Pessoa Humana e Enfermagem

Artigo - Conceito de ser humano nas teorias de enfermagem: aproximação com o ensino da
condição humana

Questão norteadora: Qual é a relação entre os conceitos de ser humano defendidos pelas
teoristas de enfermagem, e os propostos por Edgar Morin, ao apresentar o ensino da condição
humana?

Objetivo do estudo - Este artigo pretende aproximar do conceito de ser humano defendido
pelas teoristas de enfermagem, as bases teóricas do ensino da condição humana proposto por
Morin.

Este é um artigo de abordagem qualitativa, que utilizou a análise documental do corpo de


conhecimento de teoristas de enfermagem e apoiou-se no referencial teórico “ensino da
condição humana”, de Edgar Morin.

RESUMO

23 teorias de enfermagem contempladas neste estudo

CONCEITO DE HOMEM (SER HUMANO)


Morin defende o ser como unidual.
Isso quer dizer que ele é, ao mesmo tempo, plenamente biológico e cultural com
características antagônicas e complementares. Assim, o ser humano é concomitantemente
Homo sapiens e Homo demens, na medida em que exprime, de maneira hipertrofiada, as
qualidades egocêntricas e altruístas do indivíduo. O homem é um ser plenamente
biológico, mas se não fosse a cultura, seria um primata. Ele só se realiza por inteiro como
ser humano pela e na cultura. Nesse aspeto, o autor apresenta três tríades como
constituintes do ser humano: mente/cérebro/cultura, razão/afeto/pulsão e
indivíduo/sociedade/espécie (Morin, 2011).
CONCEITO DE PESSOA HUMANA

A terceira questão evidenciada por Morin relaciona-se às unitas multiplex, ou seja, à


unidade e à diversidade humanas. Nesse ponto, o autor indica que a educação do futuro
não pode deixar que a ideia da unidade da espécie humana apague a ideia da diversidade, e
vice-versa.

Individual: que o ser humano carregue seus genes, compreenda geneticamente a


singularidade anatômica/fisiológica própria e que exista a unidade/diversidade genética;
social: que haja uma unidade/diversidade nas organizações sociais, nas culturas e nas
línguas;
Diversidade cultural/ pluralidade de indivíduos: que a cultura seja transposta pelas
gerações, se produza em cada indivíduo, controle a existência da sociedade e mantenha a
complexidade psicológica e social;
Homo sapiens/demens: que o século XXI abandone a visão unilateral que define o ser
humano pela racionalidade, pela técnica, pelas atividades utilitárias e pelas necessidades
obrigatórias e assuma o humano como um ser complexo, que carrega, ao mesmo tempo,
características bipolarizadas, como a sabedoria (sapiens) e a loucura (demens).

A LUZ DA ENFERMAGEM

Várias teoristas de enfermagem se aproximaram do primeiro aspeto do “Ensino da condição


humana” - enraizamento/desenraizamento humano:

 O ambiente influencia a condição humana (Florence);


 Os seres humanos constituem-se em sistemas abertos em constante interação com o
seu meio ambiente, que dá sentido à experiência vivida e influência o comportamento
humano (King).
 A perceção universal é experimentada por todos, é subjetiva ou pessoal e seletiva para
cada pessoa. O ser humano troca informações, matérias e energia com o seu ambiente,
o que resulta em respostas que geram mudanças internas e externas no homem que se
adapta continuamente ao ambiente (Rogers).

A segunda premissa, humano do humano:

 Seres humanos são possuidores de necessidades básicas, multidimensionais, satisfeitas


por diversos padrões de vida (Henderson);

 A interação do enfermeiro resulta da relação com a pessoa para satisfazer as suas


necessidades; ao Ser-Enfermagem, como o resultante de uma interação em que o Ser-
Enfermeiro satisfaz as necessidades humanas básicas do Ser-Cliente (Horta);

 Individualidade e a natureza dinâmica da relação enfermeiro-paciente (Orlando);

 As intervenções de enfermagem têm de ser individualizadas pela complexidade


característica do Ser Humano.

Na terceira premissa, unitas multiplex:

 O desenvolvimento humano é baseado em significados pessoais, neste sentido tarefa da


enfermagem é estar em contato com o padrão próprio de alguém;

 O ser humano é sujeito e objeto de trabalho na enfermagem, ao mesmo tempo em que


é único e diverso. A enfermagem deve considerar o Ser humano na sua totalidade,
respeitar o modo de viver de cada pessoa e as suas particularidades, procurar
compreender as diversas influências e determinações que poderão induzir o seu modo
de ser no mundo.
Artigo - Albert Mieczysław Krąpiec’s theory of the person for professional nursing practice

Objetivo: Este artigo aborda a teoria da pessoa de Albert Mieczysław Krąpiec com base em
sete características pessoais essenciais: a capacidade de cognição, a capacidade de amar, a
capacidade de liberdade, a capacidade de religião, subjetividade jurídica, integridade e
dignidade.

RESUMO

CONCEITO DE HOMEM (SER HUMANO)


O ser humano entrega-se a si mesmo em atos de existência consciente. Por outras palavras,
ele pode olhar para si mesmo “por dentro” e “por fora” (Krąpiec, 2005, pp. 427–436). O ser
humano experimenta-se a si mesmo como o “eu” realizando “os meus” atos. A análise desta
experiência constitui uma base para a descoberta da estrutura existencial do ser humano e
produz algum conhecimento sobre as especificidades da sua ação.

Visto “de fora”, por outro lado, o ser humano é percecionado como uma entidade que não é
inteiramente determinada pelas leis da natureza. O ser humano descobre-se como aquele
que pode processar, melhorar e complementar a natureza. Em obras da arte, em formas de
vida social ou religiosa, em trabalhos de pesquisa, o ser humano experimenta o seu poder
de transcender o ambiente do mundo através da sua ação.

Os traços descobertos no ser humano (capacidade de cognição, liberdade, amor, religião)


não são derivados do mundo da natureza ou cultura. Em vez disso, eles vão além das forças
da natureza e do poder da matéria, indicando assim que a existência da pessoa é uma fonte
dessas características. Fruto dessas características, o ser humano revela a sua
transcendência dentro do mundo da natureza.

Outras qualidades que distinguem o ser humano de outros seres vivos incluem a dignidade
(não deve ser tratada instrumentalmente), unidade (tudo o que forma a essência da
humanidade está contida nela) e subjetividade jurídica (ela é portadora de direitos pessoais
específicos, portanto, não está sujeita às leis gerais da natureza). Desenvolver-se
plenamente, o ser humano, como pessoa, requer bens materiais e espirituais, sociedade e
família. O bem comum que constitui o princípio da vida social está ligado tanto às
necessidades espirituais como materiais do ser humano. Desta forma, o ser humano
conserva o direito inalienável a ambos os valores espirituais e bens materiais (Maryniarczyk,
2015, pp. 118–119).
CONCEITO DE PESSOA HUMANA
Para Krąpiec (2009), o termo “pessoa” refere-se ao “eu de natureza” (p. 121). Mais
especificamente, a pessoa é um agente individual capaz de realizar atividades humanas
conscientes e autônomas atos de decisão livres e totalmente governados. Corresponde à
máscara usada para criar diferentes “personas” no teatro grego, os atos emergem do agente
pessoal para revelar a verdade sobre o ser humano.
IMPLICAÇÕES E DESAFIOS ÉTICOS PARA A PROFISSÃO DE ENFERMAGEM
 Verdade e sinceridade
O ser humano aprecia a verdade do profissional de enfermagem, podendo haver quebra
de confiança quando à suspeita da mm não existir; promotor da cooperação efetiva
 Amor e dignidade
Contacto próximo e frequente entre enf. e doente; enf. com acesso ao corpo, mente
alma do doente – serve as suas necessidades incluindo amor e cuidado; enf. não pode
olhar apenas para o corpo e mente, mas para todas as outras dimensões – o enf. deve
dar-se ao outro…ter compaixão – atitude de respeito, amor e solidariedade
 Autonomia como autodeterminação
A escolha do doente vai determinar o cuidado; o enf. pode experienciar conflitos de
opiniões, devendo elucidar o doente e convencê-lo a aceitar o melhore tratamento, sem
atitudes paternalistas, promovendo a sua aceitação autónoma; respeito muto
 Espiritualidade e transcendência
O desejo mais importante é a procura de Deus; relacionamento entre o humano e Deus;
adequação do tratamento à luz das várias orientações religiosas e espirituais
GRUPO 3: Pessoa Humana e Dignidade

A DEFINIÇÃO DE PESSOA E DE DIGNIDADE HUMANA

Pessoa humana

Desde a antiguidade que se debate o conceito de pessoa. Por exemplo Sócrates referia que “o
homem é a sua alma, que é a sua razão e a sede de sua atividade pensante e eticamente
operante: é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral…
cuidar de si mesmo significa cuidar da própria alma mais do que do corpo, pois o homem é
aquilo que se serve do corpo, então ele é sua psyché, a alma, sua inteligência”

Boécio no século VI destacou, para a caracterização da pessoa, a racionalidade e a


individualidade de cada ser humano.

Segundo Kant vinculando-a à questão da liberdade racional como núcleo da vida moral dos
indivíduos, sem interferência de valores externos ao próprio ser humano. Não são, portanto,
todos os seres humanos que se caracterizam como pessoas, mas apenas aqueles que estão em
condição de agir moralmente (de acordo com leis) e, por isso, ser responsabilizados por seus
atos.

De acordo com as conceções cristãs, a pessoa é o indivíduo, porém um indivíduo em relação,


“que aparece”, pois a pessoa não pode existir a não ser em comunhão. Esse duplo aspecto
aparece exatamente como resultado da compreensão da trinidade: três substâncias que
subsistem em si mesmas, mas que são a mesma coisa porque estão em relação entre si.

Pessoa humana – alma, individualidade; racionalidade; liberdade; autonomia; moralidade;


complexidade; relação.

Dignidade humana

Qualificativo humano; conceito multidimensional (ética, filosófica, psicológica, biológica) que


está relacionado com os conceitos de vida, ser humano e que, portanto, tem implicações no
desenvolvimento da solidariedade e equidade entre seres.

Compreende-se a dignidade humana, propriamente dita, como uma qualidade integrante e,


em princípio, irrenunciável da condição humana, que pode e deve ser reconhecida, respeitada,
promovida e protegida, nunca admitindo, contudo, a possibilidade de ser criada, concedida ou
perdida, já que existe na “pessoa” como algo intrínseco.
A dignidade tem a ver com a construção da imagem que tem de si própria e está também
relacionada com a interação com o mundo e com os outros. E entende-se por outros todos os
seres por ele habitado.

Dimensão biológica: todo e qualquer ser humano é portador à nascença da sua dignidade só
pelo fato de ser pessoa. E por isso talvez se possa dizer que a qualidade biológica não altera a
sua dignidade. Corpo como substrato, suporte ou mediador da dignidade humana.

Dimensão filosófica: é um ser humano com valor absoluto com um fim em si mesmo dotado
da razão que é a raiz da dignidade; Respeito (Kant) e reconhecimento (Hegel)

A postura atualista leva a conclusões como a de Peter Singer, segundo a qual somente o ser
humano considerado pessoa é titular do direito à vida, pois apresenta características
moralmente relevantes para tanto, como autoconsciência de si e autonomia, que lhe
possibilitam optar por dar continuidade a sua vida.

Os direitos humanos são a expressão da dignidade ética da pessoa.

Dimensão Psicológica: Distingue-se da dignidade pessoal, que vem de dentro da própria


pessoa e aquela que vem de fora e do que eles pensam de nós. A primeira está relacionada
com auto-imagem, auto-consciência e auto-estima. E a segunda com a halo imagem – o que os
outros pensam de nós.

Este conceito varia ao longo da vida de cada um, havendo uma evolução, uma pessoalização
permanente deste conceito.

A dignidade humana é, pois também um conceito evolutivo, dinâmico, abrangente.

Textos de apoio:

 A DEFINIÇÃO DE PESSOA E DE DIGNIDADE HUMANA E SUAS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS 


FERNANDA FRIZZO BRAGATO** 2010 e
 REFLEXÃO ÉTICA SOBRE A DIGNIDADE HUMANA CNEV 1999
SÍNTESE FINAL

HOMEM / SER HUMANO

Carater biológico, genético, cingindo-se ao corpo físico, indissociável da dimensão cultural.

Morin (2011) apresenta três tríades como constituintes do ser humano:


mente/cérebro/cultura, razão/afeto/pulsão e indivíduo/sociedade/espécie.

PESSOA HUMANA

Conceito utilizado para se distinguir de cidadão e indivíduo.

Pessoa Humana corresponde a uma construção mais abstrata que se vai constituindo ao longo
de toda a vida, em que a totalidade é maior que a soma das suas partes.

Tem a presença da alma racional (cognição) e características que são similares aos vários
autores: diálogo, interação e relação com os outros; alteridade; intersubjetividade;
autonomia e liberdade de escolhas; complexidade; a capacidade de amar (empatia).

Não há uma definição única; é um conceito que vai sofrendo influência da época e cultura que
se vivencia, mas teve fortes influências do cristianismo. Entre as várias disciplinas identificámos
aspetos comuns: capacidade de comunicar; relacionar com os outros; aceitar a individualidade
do outro; necessidade de procurar um sentido.

Sócrates referia que “o homem é a sua alma”.

Boécio no século VI destacou, para a caracterização da pessoa, a racionalidade e a


individualidade de cada ser humano.

Kant fala-nos na liberdade e autonomia da pessoa humana.

Pessoa humana – alma, subjetividade jurídica, individualidade; racionalidade; liberdade;


autonomia; moralidade; complexidade; relação.
ENFERMAGEM

O cuidar holístico só é conseguido quando se considera as 7 características da pessoa


(cognição, capacidade de amar, liberdade, religião, a subjetividade jurídica, integridade e
dignidade), que por sua vez, podem gerar as necessidades individuais de cada pessoa.

Ou seja, só é possível existir um cuidado holístico de enfermagem quando são respeitadas e


dada resposta às 7 características (cognição, amor, liberdade, religião, subjetividade jurídica,
integridade, dignidade).

Implicações e desafios éticos para a profissão de enfermagem

O cuidar holístico pressupõe a interação individual entre o enfermeiro e a Pessoa Humana,


tendo em conta a sua individualidade e complexidade, através:

 Verdade e sinceridade
O ser humano aprecia a verdade do profissional de enfermagem, podendo haver quebra
de confiança quando à suspeita da mm não existir; promotor da cooperação efetiva.

 Amor e dignidade
Contacto próximo e frequente entre enf. e doente; enf. com acesso ao corpo, mente alma
do doente – serve as suas necessidades incluindo amor e cuidado; enf. não pode olhar
apenas para o corpo e mente, mas para todas as outras dimensões – o enf. deve dar-se ao
outro…ter compaixão – atitude de respeito, amor e solidariedade.

 Autonomia como autodeterminação


A escolha do doente vai determinar o cuidado; o enf. pode experienciar conflitos de
opiniões, devendo elucidar o doente e convencê-lo a aceitar o melhore tratamento, sem
atitudes paternalistas, promovendo a sua aceitação autónoma; respeito mútuo.

 Espiritualidade e transcendência
O desejo mais importante é a procura de Deus (espiritualidade); relacionamento entre o
humano e Deus; adequação do tratamento à luz das várias orientações religiosas e
espirituais, nomeadamente em situações de fim de vida.
DIGNIDADE HUMANA

Conceito multidimensional (ética, filosófica, psicológica, biológica) que está relacionado com
os conceitos de vida, ser humano e que, portanto, tem implicações no desenvolvimento da
solidariedade e equidade na relação e interação entre os indivíduos.

Este conceito é subjetivo, varia ao longo da vida de cada um, havendo uma evolução, uma
pessoalização permanente deste conceito, consoante a experiência vivida ao longo da vida.

A dignidade humana é, pois, também, um conceito evolutivo, dinâmico, abrangente, intrínseca


à Pessoa Humana.

A dignidade tem a ver com a construção da imagem que tem de si própria e está também
relacionada com a interação com o mundo e com os outros. E entende-se por outros todos os
seres por ele habitado.

Os direitos humanos são a expressão ética da pessoa, respeitando os princípios ético-


deontológicos nos Cuidados de Enfermagem.

CONTUDO:

Podemos correr o risco de transformar o conceito de cuidar na prática de atividades de


cuidados, se não tivermos em consideração as implicações e particularidades da complexidade
da Pessoa.

É importante desenvolver o sentido de amor, de empatia, de compaixão, de preocupação em


compreender o Outro na sua essência para efetivamente cuidar sob o referencial individual e
complexo da Pessoa.

A componente transcendência é caraterizadora da componente existencial e indissociável da


Pessoa, para encontrar o caminho para se desenvolver enquanto Pessoa, engloba a
componente espiritual como intrínseca ao Ser Pessoa. Deve ser compreendida e trabalhada no
Enfermeiro como algo essencial ao Cuidar.

O Cuidar não pode ficar restrito à fisicalidade, pois não consideraria a Pessoa como Pessoa
Humana.

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