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Letícia Romeira Belchior1, Marcondes Bosso de Barros Filho¹, Lucas Lisboa Resende¹, Leonardo
Neres Ferreira², Luiza Ferro Marques Moraes¹, Hugo Francisco de Fonseca Neto³, Jacqueline
Andréia Bernardes Leão Cordeiro³, Marcus Vinícius Paiva de Oliveira¹, Cesar Augusto Sam Tiago
Vilanova-Costa¹, Antonio Márcio Teodoro Cordeiro Silva¹
RESUMO
Objetivo: Avaliar os fatores genéticos e ambientais associados à Nefrolitíase (NL). Métodos: Revisão
integrativa, delineada pela estratégia PICO, o levantamento foi feito nas bases MEDLINE e PUBMED.
Utilizaram-se os descritores: "Nephrolitiasis", "Genetics", "Diet" e "Exercises”. Os critérios de inclusão foram:
artigos na íntegra, nos últimos 5 anos, com metodologia de acordo com o objetivo proposto. Foram apurados
92 artigos e 23 foram selecionados. Resultados: Observou-se que o Índice de Massa Corporal (IMC) elevado
e a alta ingestão de cálcio e proteínas aumentam o risco de NL, enquanto a dieta DASH (Abordagem dietética
para interromper a hipertensão), frutas e vegetais, reduzem o risco. O consumo de bebidas alcoólicas ora foi
apontado como protetor, ora como fator de risco. Foram relacionados à NL as doenças tireoidianas,
cardiovasculares, metabólicas e acidose tubular renal e os genes e polimorfismos: rs1056628 e C1562T: gene
MMP9, rs6776158 e rs7627468: gene CaSR, rs35747824: gene PDILT, rs6667242 e rs1256328: gene ALPL,
rs1544935 em KCNK5, rs7328064 em DGKH, rs13041834 em BCAS1, rs182089527: gene PDE1A, e os
genes alfa-2-MRAP, TCF7L2, GSTM1, GSTT1. Considerações finais: Considera-se que tanto os fatores
genéticos quanto os ambientais influenciam de maneira significativa o desenvolvimento da NL.
Palavras-chave: Nefrolitíase, Genética, Dieta, Fatores de risco.
ABSTRACT
Objective: To evaluate the genetic and environmental factors associated with Nephrolithiasis (NL). Methods:
Integrative review, outlined by the PICO strategy, the survey was carried out in the MEDLINE and PUBMED
databases. The following descriptors were used: "Nephrolitiasis", "Genetics", "Diet" and "Exercises". The
inclusion criteria were: full articles, in the last 5 years, with methodology according to the proposed objective.
A total of 92 articles were selected. and 23 were selected. Results: High Body mass index (BMI) and high
intake of calcium and protein have been found to increase the risk of LN, while the DASH diet (Dietary
Approach to Stop Hypertension), fruits and vegetables, reduce the risk. The consumption of alcoholic
beverages was sometimes identified as a protector, sometimes as a risk factor. Thyroid, cardiovascular,
metabolic diseases and renal tubular acidosis and the genes and polymorphisms: rs1056628 and C1562T
were related to LN: MMP9 gene, rs6776158 and rs7627468: CaSR gene, rs35747824: PDILT gene, rs6667242
and rs1256328: ALPL gene, rs1544935 in KCNK5, rs7328064 in DGKH, rs13041834 in BCAS1, rs182089527:
PDE1A gene, and the alpha-2-MRAP genes, TCF7L2, GSTM1, GSTT1. Final considerations: It is considered
that both genetic and environmental factors significantly influence the development of NL.
Keywords: Nephrolithiasis, Genetics, Diet, Risk factors.
RESUMEN
Objetivo: Evaluar los factores genéticos y ambientales asociados a la Nefrolitiasis (NL). Métodos: Revisión
integrativa, perfilada por la estrategia PICO, el levantamiento se realizó en las bases de datos MEDLINE y
PUBMED. Se utilizaron los siguientes descriptores: "Nefrolitiasis", "Genética", "Dieta" y "Ejercicios". Los
criterios de inclusión fueron: artículos completos, en los últimos 5 años, con metodología acorde al objetivo
propuesto. Se incluyeron un total de 92 artículos. y 23 fueron seleccionados. Resultados: Se ha encontrado
que un Indice de Masa Corporal (IMC) alto y una ingesta alta de calcio y proteínas aumentan el riesgo de NL,
mientras que la dieta DASH (Enfoque dietético para detener la hipertensión), frutas y verduras, reducen el
riesgo. El consumo de bebidas alcohólicas se identificó a veces como protector, a veces como factor de riesgo.
Enfermedades tiroideas, cardiovasculares, metabólicas y acidosis tubular renal y los genes y polimorfismos:
rs1056628 y C1562T se relacionaron con LN: gen MMP9, rs6776158 y rs7627468: gen CaSR, rs35747824:
gen PDILT, rs6667242 y rs1256328: gen ALPL, rs1544935 en KCNK5, rs7328064 en DGKH, rs13041834 en
BCAS1, rs182089527: gen PDE1A y el alfa-2-MR Genes AP, TCF7L2, GSTM1, GSTT1. Consideraciones
finales: Es considerado que tanto los factores genéticos como los ambientales influyen significativamente en
el desarrollo de la NL.
Palabras clave: Nefrolitiasis, Genética, Dieta, Factores de riesgo.
INTRODUÇÃO
A Nefrolitíase (NL) é a formação e deposição de cristais, também chamados de cálculos ou pedras, nos
rins. A prevalência geral da NL encontra-se em crescimento global. Entretanto, sua epidemiologia possui
caráter heterogêneo, variando de 1 a 20%, em todo o mundo, com taxa de 11%, nos Estados Unidos. Tal
variação é fruto da distribuição distinta de fatores desencadeadores nas diferentes regiões do mundo, que
vão de estilo de vida e predisposição genética até questões geográficas e socioeconômicas do território em
questão (BAI S, et al., 2023; CAO B, et al., 2023; STAMATELOU K e GOLDFARB DS, 2023).
A NL é um expoente importante de morbidade populacional. Além de ser importante causa de injúria renal,
em adultos, é uma grande preocupação para o sistema de saúde pública, tanto pelos gastos com a doença,
quanto pelo impacto negativo no bem-estar do indivíduo acometido (INJEYAN M, et al., 2023).
A apresentação do quadro clínico na NL é tipicamente relacionada a sintomas de início súbito, que se
baseiam em: febre, cólicas nos flancos, hematúria macro ou microscópica, náuseas e vômitos. Entretanto, o
aumento da idade do paciente está associado a apresentações atípicas, sem febre e sem dor, principalmente,
em idosos. Já as crianças, geralmente, apresentam sintomas vagos, como: náuseas, vômitos e irritabilidade,
e o diagnóstico ocasionalmente é feito após achados na radiografia, já que somente a clínica, nesses casos,
pode ser inespecífica (MAYANS L, 2019; MIAH T e KAMAT D, 2017).
Os cálculos renais podem ser compostos de variados elementos e misturas, destes, os mais frequentes
são compostos de oxalato de cálcio e fosfato de cálcio. A formação dos cálculos é procedente da saturação
urinária por cristais, este evento está relacionado à ingestão insuficiente de água, hiperexcreção urinária de
elementos que contribuem para essa saturação, como o cálcio e o oxalato, e a diminuição de fatores de
proteção, como citrato e magnésio. No entanto, em crianças, as causas principais de NL são associadas a
aspectos genéticos e problemas metabólicos urinários, já em adultos, é idiopática ou associada aos hábitos
de vida, como a alimentação (INJEYAN M, et al., 2023).
MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo e qualitativo, do tipo revisão integrativa da literatura (RI). O estudo foi
delineado conforme os critérios da estratégia PICO, contendo os seus acrônimos, conforme demonstrado no
Quadro 1, para elaboração da questão norteadora da pesquisa: “Quais os principais aspectos genéticos e
ambientais associados à NL?”
Realizou-se um levantamento bibliográfico nas bases de dados PubMed e MedLine. As publicações foram
localizadas, utilizando os descritores, definidos pela plataforma DeSC/MeSH, e operadores booleanos:
“Nephrolitiasis AND Genetics, Nephrolitiasis AND Diet, Nephrolitiasis AND Exercises”; foram utilizados os
seguintes filtros: “full text” e “publication date: 5 years”.
Quadro 1 - Critérios para elaboração da questão norteadora, por meio da estratégia PICO.
Acrônimo Definição Descrição
P População, paciente ou problema Adultos com histórico pessoal ou familiar de nefrolitíase
I Intervenção ou indicador Condutas profiláticas na etiologia da nefrolitíase
C Comparação ou controle Não foi descrito por não tratar de estudo comparativo ou controle
O Desfecho ou resultado Melhor conduta profilática na etiologia da nefrolitíase
Fonte: Belchior LR, et al., 2023.
Durante a busca inicial dos artigos, os títulos e resumos foram avaliados por dois pesquisadores, de forma
independente, obedecendo rigorosamente os critérios de elegibilidade estabelecidos. Foram incluídos artigos
que apresentavam no assunto pelo menos um dos descritores utilizados; com texto completo disponível;
publicados em qualquer idioma; no período estabelecido; e estudos em seres humanos. Foram excluídos os
trabalhos que correspondiam a pesquisas em animais; não atendiam à demanda bibliográfica desta pesquisa;
metodologicamente eram fracos e/ou inconsistentes; apresentavam informações repetidas ou disponíveis em
outros artigos.
Na fase de extração de dados, os trabalhos selecionados, que obedeceram aos critérios de inclusão e com
boa qualidade metodológica, foram analisados criteriosamente para extração dos dados necessários para
esta pesquisa. Nesse sentido, os dados recolhidos foram informações sobre: características do estudo,
demografia de base de pacientes do estudo, temática envolvida e características do estudo. Assim, os dados
foram organizados em tabela padronizada com auxílio do software Microsoft Excel® e analisados de acordo
com as frequências absoluta e relativa e comparados entre si no que concerne ao tipo de relação dada com
a doença estudada.
Foram identificados 92 estudos primários, sendo: 92 artigos selecionados na base de dados PubMed.
Após a leitura dos títulos e do resumo/abstract, foram excluídos 40 artigos que não descreviam correlação
com NL. Assim, foi realizada a leitura completa das 52 publicações restantes e 23 foram consideradas
elegíveis para elaboração desta revisão. O processo de seleção dos estudos foi esquematizado mediante
utilização de um fluxograma (Figura 1).
Fonte: Belchior LR, et al., 2023. Fundamentado em Page MJ, et al., 2023.
O presente estudo não necessitou ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de
2012, do Conselho Nacional de Saúde, isso porque os dados coletados não necessitaram da abordagem
direta ou indireta de pacientes, pois foram provenientes de fontes de domínio público.
RESULTADOS
Com base nos estudos, observa-se que diversos fatores apresentam associação na gênese da NL,
incluindo: o índice de massa corporal elevado (IMC), a ingestão de cálcio na dieta, a adesão à dieta DASH, a
ingestão de energia dietética, carboidratos e ácidos graxos poliinsaturados, o score índice inflamatório
dietético alto, a ingestão média de proteína e álcool, bem como a ingestão de vegetais, frutas e nozes (Quadro
2). Cabe ressaltar que a composição do cálculo renal e sua relação com os fatores mencionados nos estudos
não foram completamente esclarecidos. Sendo que, a elevação do IMC é diretamente proporcional ao risco
de gênese da NL e em alguns estudos, o IMC alto foi associado também com a ingestão de proteínas,
carboidratos, ácidos graxos e álcool em excesso.
Além disso, os distúrbios metabólicos renais estão fortemente associados ao desenvolvimento de NL, com
destaque para a NL infantil, onde, segundo Kari JA, et al., 2022, cerca de 61% da NL é oriunda dessas
condições, sendo que, os grupos de NL que também possuíam causas metabólicas, apresentaram
concentrações maiores de cálcio, creatinina e acidose metabólica.
Foram citados diferentes polimorfismos genéticos de diferentes genes, dentre eles, destacam-se: o gene
MMP9 e o gene CaSR, ambos possuem polimorfismos citados no quadro e prevalência maior na literatura.
De acordo com os dados analisados no presente estudo, ambos os genes possuem influência significativa no
desenvolvimento da NL. Ao que se trata do gene MMP9, o polimorfismo relacionado à NL é o rs1056628, em
pacientes com idade superior a 30 anos, e o polimorfismo C1562T. Já o gene CaSR possui os segmentos
polimorfismos associados: rs6776158 ao aumento do risco de NL, e rs7627468 à diminuição do pH urinário,
o que predispõe o desenvolvimento da NL (Quadro 4).
DISCUSSÃO
No que diz respeito à NL por causas dietéticas, o presente estudo observou-se associação entre IMC e
NL, seja como fator de risco em casos de IMC elevado, ou como fator protetor em caso de medidas corporais
adequadas (TICINESI A, et al., 2018; WANG L, et al., 2022; ICER MA, et al., 2018). Entretanto, segundo
Alyami MB, et al., 2023, embora a obesidade seja fator de risco para o desenvolvimento da NL, valores de
IMC aumentados não estão relacionados a maiores chances de recorrência da doença na população
estudada (p=0,895). Porém, em uma recente metanálise, com avaliação de 488.130 pacientes, demonstrou
relação de valores elevados de IMC com o aumento do risco de formação e recidiva de cálculos renais
(p=0,016) (WANG L, et al., 2022).
Além disso, níveis significativos de adesão à dieta DASH e o consumo de frutas, vegetais e nozes foram
classificados como fatores de proteção para NL (LEONE A, et al., 2017; MADDAHI N, et al., 2020). Os
resultados de Lin BB, et al., 2020, corroboram os achados do presente estudo, demonstrando que a ingestão
de frutas (risco relativo – RR=0,79; IC95%=0,71-0,89), de fibra dietética (RR=0,71; IC95%=0,64-0,79); e de
vegetais (RR=0,84; IC95%=0,75-0,94) está associada à redução do risco de NL. Adicionalmente, a dieta
DASH também apresentou queda significativa do risco (RR=0,69; IC95%=0,64–0,75).
O alto consumo de proteínas e a ingestão de álcool foram relacionadas ao risco de NL com os resultados
apresentados neste estudo, porém, Lin BB, et al., 2020, qualificaram o uso de bebidas alcoólicas como fator
protetor para o desenvolvimento de cálculos urinários, diminuindo em 31% a ocorrência deles. Apesar da
discordância, o consumo de álcool deve sempre ser desestimulado, ao levar em consideração demais efeitos
sistêmicos prejudiciais ao organismo (CARDOSO A, et al., 2021).
No que tange os fatores de risco e sua correlação com a NL, este estudo demonstrou que o
hipoparatireoidismo crônico foi associado a maiores riscos de NL (razão de risco – HR=1,81; IC95%: 1,60–
2,04), contudo, Camargo I, et al., 2021, concluíram que o hiperparatiroidismo primário (HPP) é a patologia
oriunda de disfunção paratireoidiana que mais está associada ao desenvolvimento de NL, isso porque,
compreende-se como uma enfermidade que há elevação do hormônio paratormônio (PTH) na glândula
paratireóide e a hiperfunção da glândula está associada ao desenvolvimento da hipercalciúria, preditor para
o aumento de NL.
Sobre os mecanismos de relação entre o hipoparatireoidismo e a NL, ainda são necessários mais estudos,
porém é provável que o próprio curso do hipoparatireoidismo possa aumentar o risco de NL, isso, por causa
da ausência do efeito estimulador do PTH na reabsorção de cálcio nos túbulos renais presentes nesta
patologia, estando a NL listada como uma das principais consequências renais dessa doença paratireoidiana
(SILVA BC, 2022).
Outro aspecto identificado neste estudo e que se destaca na literatura atual é a associação entre doenças
cardiovasculares (DCV) e NL. Foi demonstrado que há uma associação significativa entre NL hipercalciúrica
e hipocitratúrica e DCV (p<0,0001) em crianças. Outros estudos evidenciaram que os resultados são similares
na fase adulta: um estudo demonstrou que adultos jovens, que formam cálculos renais, têm maior prevalência
de aterosclerose subclínica (REINER A, et al., 2011); indivíduos com NL têm maior risco de doença arterial
coronariana (RULE A, et al., 2010); e mais da metade da amostra analisada (n=170), em outro estudo (LIMA
M, et al., 2023), apresentou risco moderado a grave de desenvolver evento cardiovascular, em 10 anos, sendo
que o risco cardiovascular foi estimado pelo escore de Framingham e a prevalência de alto risco de ocorrência
de eventos cardiovasculares, em 10 anos, foi de 28,3% (IC95%: 19,9-38,5), de risco moderado foi de 23,9%
(IC95%: 16,2-33,9) e de baixo risco foi de 47,8% (IC5%: 37,7-58,2).
Ademais, como tanto a NL como as DCV são resultados de eventos multifatoriais complexos (Cross-talk),
e uma doença evidencia fator de risco prévio para o desenvolvimento da outra, sendo ambas correlacionadas
em um eixo de causa e consequência (ALEXANDER RT, et al. 2014, DEVARAJAN A, 2018).
De acordo com o levantamento de dados, o grupo de causas metabólicas apresentou maior associação
com NL do que a acidose tubular renal distal (dRTA), mesmo a dRTA sendo também um fator de risco para
NL. Dentre as doenças metabólicas associadas à NL por outro estudo, o diabetes mellitus é um dos piores
fatores de risco para NL, sendo que, o uso do inibidor de SGLT2 demonstrou efeito protetivo, com um risco
49% menor de NL em pacientes com diabetes melitus tipo 2 (DM2), em comparação com os agonistas do
receptor GLP-1 (BALASUBRAMANIAN P, et al., 2022, SANTOS F, et al., 2017).
Já na abordagem de questões genéticas e suas associações à NL, entre os artigos pré-selecionados para
a produção do estudo, destaca-se a elevada quantidade de genes e polimorfismos pesquisados que não
apresentaram significativa relevância em relação à NL, como: os polimorfismos do gene do receptor de
vitamina D: rs731236 e rs7975232 (YANG et al., 2019); os polimorfismos: rs10509291, rs3740051, rs932658,
rs33957861, rs3818292 e rs1467568, do gene SIRT1 (HOU J, et al., 2019); e os SNPs (polimorfismo de
nucleotídeo único, do inglês, single nucleotide polymorphism), do gene CaSR: rs1501899, rs1801725,
rs1042636 e rs1801726 (LI H, et al., 2018).
No estudo em questão, foi descrito, em dois artigos diferentes (BU Q, et al., 2020; MEHDE AA, et al.,
2018), a presença de polimorfismos do gene MMP9 relacionados à gênese de NL. Em concordância com tais
achados, em WU A, et al., 2021, por meio de ensaios laboratoriais em roedores, foi encontrada maior
expressão do gene MMP9 naqueles ratos que possuíam hipercalciúria, sugerindo que ele atua na deposição
de cristais de cálcio.
Convém ressaltar que a NL tem forte impacto sobre os aspectos físicos, emocionais, sociais e psicológicos
dos pacientes, por isso, a identificação dos fatores genéticos e ambientais relacionados à essa doença são
fundamentais para o delineamento da estratégia terapêutica, uma vez que permite o diagnóstico precoce, o
acompanhamento personalizado e o tratamento de primeira linha para cada indivíduo (CHEN H, et al., 2022,
HOWLES SA e THAKKER RV, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados analisados e discutidos neste estudo, conclui-se que: manter IMC adequado e
um alto índice de adesão à dieta DASH ou dieta do mediterrâneo, são fatores que diminuem a probabilidade
do desenvolvimento de NL. Outros fatores alimentares, como a alta ingestão de proteína, estão associados
ao maior risco de desenvolvimento da doença. O consumo de bebidas, no entanto, é contraditório. Encontra-
se na literatura informações divergentes sobre seu fator protetor ou causador. Logo, é importante que a prática
alcoolista seja mais bem investigada por outras pesquisas, com o objetivo de estabelecer de maneira mais
esclarecedora seu papel nas doenças calculosas renais. Já referente às doenças associadas à NL, destacam-
se disfunções da paratireoide e os distúrbios metabólicos, como fatores de risco para o desenvolvimento dos
cálculos. Além das doenças cardiovasculares, que, de acordo com os dados obtidos, podem tanto ser causa,
como consequência da NL. Ao analisar os genes e polimorfismos citados no artigo, observou-se que inúmeros
polimorfismos possuem ação no desenvolvimento da NL, favorecendo sua aparição. Entretanto, o gene MMP9
e os polimorfismos do gene CaSR possuíram maior prevalência. Logo, os presentes achados sugerem o
desenvolvimento de pesquisas científicas que venham a esclarecer de maneira eficaz o papel destes dois
genes e seus polimorfismos na NL. Enfim, conclui-se que, tanto fatores genéticos quanto ambientais
participam de maneira significativa na gênese da NL. Entretanto, é importante ressaltar que o presente estudo
possui limitações a serem enfrentadas no seguimento do estudo, necessitando de estudos complementares,
e o recorte temporal, isso porque, de 2020 aos tempos atuais, o foco científico concentrou seus esforços na
compreensão e no combate da pandemia da COVID-19, o que reduziu a quantidade de material
disponibilizado sobre NL, nesse período.
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