Politica de Indexação de Fotografias

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

MARCELLY RAMOS COSTA

POLÍTICA DE INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS

Niterói

2018
MARCELLY RAMOS COSTA

POLÍTICA DE INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Ciência da Informação, da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para a obtenção do diploma de
Bacharel em Biblioteconomia e Documentação.

Orientadora:
Profª. Drª. Rosa Inês de Novais Cordeiro

Niterói

2018
C837 Costa, Marcelly Ramos
Política de indexação de fotografias / Marcelly Ramos Costa. – Niterói, 2018.
78 f.
Orientadora: Rosa Inês de Novais Cordeiro

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia e


Documentação) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Arte e
Comunicação Social, 2018.

1. Política de indexação. 2. Fotografia. 3. Indexação (Documentação). I.


Cordeiro, Rosa Inês de Novais (orient.). II. Universidade Federal Fluminense.
Instituto de Artes e Comunicação Social. IV. Título.
MARCELLY RAMOS COSTA

FOLHA DE APROVAÇÃO

POLÍTICA DE INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Ciência da Informação, da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para a obtenção do diploma de
Bacharel em Biblioteconomia e Documentação.

Orientadora: Profª. Drª. Rosa Inês de Novais Cordeiro

Aprovado em: __/__/____.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Profª. Drª. Rosa Inês de Novais Cordeiro (Orientadora)
Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________
Prof. Me. Marcia Jurkiewicz Bossy – (Membro Titular)
Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________________
Profª. Drª. Sandra Lucia Rebel Gomes – (Membro Titular)
Universidade Federal Fluminense

NITERÓI
2018
AGRADECIMENTOS

À Deus, que é grande e merece receber altos louvores.


À minha mãe Tania Regina, que sempre me incentivou e me deu asas para alçar voo
nunca medindo esforços para realizar meus sonhos, e ao meu irmão Marllon pelo carinho,
presença e apoio e por ser um exemplo. Como dizia a Banda do Mar: eu “tô” contigo, irmão, e
não tenho mais medo do mundo. Amo vocês!
Aos meus professores. Especialmente aos professores do Oficina do Saber, pré-
vestibular social, que ao longo do ano de 2013 se empenharam para que eu tivesse o meu lugar
na universidade. Tenho um coração grato!
Aos meus amigos, pela paciência nos momentos de estresse e pelas risadas que
aliviaram a tensão.
À professora e orientadora Rosa Inês Cordeiro, que me acolheu e possibilitou a
realização deste trabalho.
Ao arquivista Sergio Lima, que me recebeu com simpatia e gentileza no Arquivo
Nacional quando a pesquisa sobre política de indexação de fotografias ainda estava tomando
forma e se pôs à disposição para tirar todas as minhas dúvidas ao longo dos estudos.
À historiadora Tatiana Paiva e à bibliotecária Francisca Helena Martins Araújo, da
Fundação Biblioteca Nacional, que colaboraram sendo extremamente solícitas para que o
estudo fosse posto em prática.
Às chefes de estágio que tive ao longo da minha trajetória no curso de Biblioteconomia
e Documentação, pois abriram os meus caminhos e me deram a oportunidade de aprender com
profissionais (que levo como amigos) tão capacitados e dedicados.
Às professoras Márcia Bossy e Sandra Rebel por terem aceitado o convite de compor a
banca.
À todos aqueles que contribuíram para a conclusão da graduação, direta ou
indiretamente.
“Que o Brasil tenha bibliotecários suficientemente
corajosos para resistir, dentro e fora da biblioteca.”

Cristian Brayner
RESUMO

Estudo que aborda a política de indexação de fotografias, a partir de levantamento bibliográfico


realizado na literatura nacional de Biblioteconomia e Ciência da Informação. O objetivo do
trabalho é compreender os princípios que devem ser considerados na política de indexação de
fotografias e como são aplicados nos documentos fotográficos da Fundação Biblioteca
Nacional. Para tanto, apresenta a análise de fotografias como fontes de informação e o processo
da indexação para sua representação e recuperação. Menciona-se as orientações de política de
indexação presentes na literatura e em instituições de memória e informação.

Palavras-Chave: Política de indexação (fotografias). Indexação de fotografias. Análise de


fotografias.
ABSTRACT

A study that addresses the photography indexing policy, based on a bibliographical search
considering librarianship and information science Brazilian literature. The aim is to understand
the photography indexing policy principles and analyze how they are applied in the
photographic documents from the National Library Foundation (Fundação Biblioteca
Nacional). To do so, it presents photograph analysis as sources of information and also the
indexing process for their representation and restoration. The indexing policy guidelines which
are seen in the literature and memory institutions are also properly mentioned.

Keywords: Indexing policy (photographs). Photographys indexing. Photographys analysis.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Donna con ventaglio de Edoardo Tofano .............................................................. 21


Figura 2 – As etapas da indexação .......................................................................................... 35
Figura 3 – Conteúdo do manual do sistema CRS do Arquivo Nacional da Austrália ............ 43
Figura 4 – Controle e descrição de itens do manual do sistema CRS ..................................... 45
Figura 5 – Pesquisa de itens no RecordSearch ........................................................................ 46
Figura 6 – Documentos referentes à catalogação e descrição do acervo pictórico da Biblioteca
do Congresso ............................................................................................................................ 49
Figura 7 – Introdução do Thesaurus of Graphic Materials da Biblioteca do Congresso........ 50
Figura 8 – Os benchmarks utilizados pela Biblioteca Nacional da França ............................ 54
Figura 9 – O Guia Prático do Catalogador da Biblioteca Nacional da França ....................... 56
Figura 10 – Fachada da Biblioteca Nacional do Brasil .......................................................... 58
Figura 11 – Conteúdo do manual para indexação de documentos fotográficos da Biblioteca
Nacional do Brasil ................................................................................................................... 62
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Os níveis da análise de imagem por Panofsky ..................................................... 22


Quadro 2 – Exemplo dos níveis da análise de imagem por Panofsky ................................... 22
Quadro 3 – Os elementos da linguagem fotográfica por Guran .............................................. 24
Quadro 4 – A análise iconográfica por Kossoy....................................................................... 25
Quadro 5 – Os elementos da imagem fotográfica por Rodrigues ........................................... 26
Quadro 6 – Os processos de conotação da imagem por Barthes ............................................. 27
Quadro 7 – Os elementos da forma do conteúdo por Mauad .................................................. 29
Quadro 8 – Os elementos da forma da expressão por Mauad ................................................. 30
Quadro 9 – Sugestões para a inserção da dimensão expressiva na AD .................................. 31
Quadro 10 – Junção da dimensão expressiva ao conteúdo informacional .............................. 32
Quadro 11 – Nota descritiva do item do Arquivo Nacional da Austrália .............................. 47
LISTA DEABREVIATURAS E SIGLAS

AACR2 Código de Catalogação Anglo-Americano


ANA Arquivo Nacional da Austrália
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BN Fundação Biblioteca Nacional
BNDigital Biblioteca Nacional Digital
BNF Biblioteca Nacional da França
BRAPCI Base de Dados Referencial de Artigos e Periódicos em Ciência
da Informação
Funarte Fundação Nacional de Artes
IFLA-LRM International Federation of Library Associations and
Institutions - Library Reference Model
LC Library of Congress
Profoto Projeto de Preservação e Conservação do Acervo Fotográfico
SciELO Scientific Electronic Library Online
UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a
cultura
UNISIST United Nations International Scientific Information
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 15
3 A FOTOGRAFIA ................................................................................................................ 17
3.1 FOTOGRAFIA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO ...................................................... 17
3.2 ANÁLISES DA FOTOGRAFIA ........................................................................................ 20
4 A INDEXAÇÃO ................................................................................................................... 32
4.1 ETAPAS E PROCESSOS DA INDEXAÇÃO ................................................................... 33
4.2 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO ........................................................................................... 37
4.3 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO EM INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................. 42
4.3.1 Arquivo Nacional da Austrália..................................................................................... 42
4.3.2 Biblioteca do Congresso (EUA) .................................................................................... 48
4.3.3 Biblioteca Nacional da França ..................................................................................... 52
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 57
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 57
5.2 PESQUISA DE CAMPO ................................................................................................... 57
5.2.1 Fundação Biblioteca Nacional ...................................................................................... 58
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 64
7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72
APÊNDICE A – Resultado da pesquisa bibliográfica......................................................... 76
APÊNDICE B – Roteiro da entrevista .................................................................................. 77
APÊNDICE C – Imagens dos instrumentos utilizados pela Biblioteca Nacional para a
descrição dos documentos fotográficos ................................................................................. 79
13

1 INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico impulsionou a possibilidade de inserção de uma grande


quantidade de imagens (estática ou em movimento) para acesso público. Essas imagens são
registros e necessitam de organização para que só assim haja a sua posterior recuperação.
Foi no século XX que as imagens – mais especificamente, a fotografia – começaram a
ser vistas como fonte de informação, por prover evidências de documentação
independentemente de fontes escritas. Ou seja, é vista como uma representação do cotidiano.
Portanto, é muito importante que os profissionais responsáveis de um determinado acervo
fotográfico deem o devido valor ao tratamento documentário desses documentos e as
informações que carregam, pois permitem a produção de conhecimento. Esse tratamento será,
neste trabalho, especialmente voltado para a indexação, que é um dos processamentos técnicos
para a representação de um documento, e para a política adotada (se adotada) nas instituições
pesquisadas.
A inquietação que motivou a elaboração deste trabalho se deu no estudo das disciplinas
de Análise Documentária e de Linguagem Documentária Verbal na graduação de
Biblioteconomia e Documentação somado ao interesse pessoal da autora por documentos
visuais, sobretudo ao identificar a escassa literatura nacional sobre política de indexação de
fotografias.
A organização de imagens torna-se muito ampla considerando as informações que esse
tipo de documento pode transmitir para quem os indexa. Por isso, a descrição e a extração de
termos de indexação (descritores ou palavras-chave) de uma fotografia demandam métodos
específicos (MANINI, 2007), uma vez que direciona o profissional a partir de um conjunto de
diretrizes e critérios que levam em conta a realidade de sua instituição. O que nos coloca de
frente às seguintes questões: As instituições possuem uma política de indexação? As
instituições indexam os documentos fotográficos a partir de uma política de indexação
fundamentada no referencial teórico da literatura da área?
Sendo assim, faz parte do objetivo geral deste trabalho, compreender os princípios
teóricos que devem ser considerados nas políticas de indexação e sua aplicação em documentos
fotográficos em unidades de informação. Quanto aos objetivos específicos, iremos realizar a
pesquisa bibliográfica nas bases de dados da área para mapear a literatura sobre política de
indexação de fotografias; identificar o processo de representação temática de imagens
fotográficas para fins de tratamento da informação; mencionar as orientações de política de
14

indexação; analisar os manuais de indexação de fotografias das instituições; e realizar entrevista


na Fundação Biblioteca Nacional.
Para tanto, na primeira etapa, executou-se a pesquisa bibliográfica para fins do
embasamento teórico. A revisão da literatura nacional auxiliou a mapear o conhecimento do
que tem sido discutido sobre representação de imagem e política de indexação. Posteriormente,
foi realizada uma visita técnica com o intuito de conhecer a fundo as instituições e entrevistar
profissionais que atuam no setor de iconografia a fim de compreender os critérios e princípios
adotados pela Fundação Biblioteca Nacional.
A revisão de literatura permitiu o levantamento de conceitos que são fundamentais para
este trabalho. Os trabalhos como de Dias e Naves (2007), UNISIST (1981), Cavalcanti (1978,
1982), entre outros, foram utilizados para a elucidação do que é a indexação. O artigo de
Boccato e Fujita (2006) foi importante para compreensão do que é a análise documentária de
fotografias e trabalhamos com autores como Mauad (1996) e Manini (2007), na questão sobre
o que considerar na análise da imagem. Tendo como base principal, Carneiro (1985) e Gil-
Leiva e Fujita (2012), que dedicam-se sobre a política de indexação.
É importante ressaltar que sobre política de indexação de fotografias só foi encontrado
um trabalho (Lopes, 2006). Isso justifica a importância da presente pesquisa quando comparado
a escassez de estudos sobre o assunto e a relevância e posição de destaque que os documentos
fotográficos tem hoje nos acervos de modo geral.
A estrutura do trabalho se deu de forma que, após o texto introdutório, na seção 2,
apresentamos a fundamentação teórica que propiciou o desenvolvimento da pesquisa. Na seção
3, resumimos a história da fotografia, abordamos a fotografia quando considerada como fonte
de informação e suas possíveis análises segundo alguns autores. Na seção 4, discorremos sobre
a indexação - suas etapas e processos -, sobre política de indexação e buscamos trazer alguns
casos de utilização de uma política de indexação por parte de instituições estrangeiras e como
é feita a indexação de documentos fotográficos. Na seção 5, foram apresentados os
procedimentos metodológicos desta pesquisa. Na seção 6, examinamos os resultados obtidos
através da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo. Por fim, na seção 7, está a conclusão
do trabalho. Após as seções, temos as referências e os apêndices.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para alcançar o objetivo do trabalho, foi realizada a pesquisa bibliográfica a fim de


embasar teoricamente o estudo, sendo necessário entender os principais conceitos no âmbito do
tema.
Burke (2004) e Kossoy (1993, 2001, 2009) abordam a trajetória da fotografia como o
testemunho que, de fato, ela é. Entretanto, é evidente a necessidade de cautela ao considerar as
informações contidas em uma imagem já que ela sempre estará sob um ponto de vista, físico e
mental. Em Burke (2004), tem-se a discussão sobre como a imagem pode ser uma evidência
histórica e elucida a importância de analisar uma imagem fotográfica como testemunho e os
aspectos que devem ser considerados na sua análise e interpretação.
Panofsky (1986 apud BURKE, 2004) ajuda a nortear a discussão sobre a análise de
imagem porque foi ele quem difundiu o método iconográfico sobre os três níveis de
interpretação de obras de arte baseados nos três níveis de interpretação textual de Friedrich Ast,
que influenciou alguns outros no âmbito da análise de imagens uma vez que esse método
também se expandiu para outros tipos de documentos como fotografias e filmes.
A maneira de analisar imagens é idealizada de diversas formas por diferentes autores,
como Mauad (1996) que propõe passos e pontos que devem ser considerados na análise do
material propondo, ao final, a distinção entre forma do conteúdo e forma da expressão e elabora
duas fichas de análise no intuito de decompor a imagem fotográfica. Rodrigues (2008) sugere
seis elementos que devem ser considerados para a análise e tematização da imagem fotográfica
e Manini (2007) que lista oito recursos técnicos que devem ser rxaminados na análise visto que
expressam o conteúdo informacional da imagem.
Em se tratando de indexação, Cordeiro (2013, 2018) e Boccato e Fujita (2006)
colaboraram para a compreensão das definições e das práticas. O Sistema de Informação
Científica Internacional das Nações Unidas - UNISIST (1981, p. 84), sistema internacional
vinculado à UNESCO, auxiliou com definições sobre os princípios de indexação. Segundo a
fonte, a indexação é “a ação de descrever e identificar em documento de acordo com o assunto”.
Corroboram e ampliam essa definição autores como Cavalcanti (1978), Cesarino e Pinto (1980),
além da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992).
Ainda de acordo com a UNISIST (1981), a indexação consiste em dois estágios:
estabelecimento dos conceitos do documento (o assunto) e a tradução dos conceitos nos termos
da linguagem de indexação. O número de etapas e subetapas no processo de análise conceitual
e representação variam de acordo com os autores, mas semelhantemente a UNISIST (1981),
16

Lancaster (2004) e Chaumier (1986) também abordam a indexação dividindo-a em duas etapas
- ainda que com expressões distintas -, sendo a primeira, a análise de conceitual, que é feita a
partir da leitura documentária. Dias e Naves (2007) e Cesarino (1981) foram utilizados para
aprofundar a discussão sobre análise de assunto.
Os pontos versados são importantes para compreender a necessidade de uma política de
indexação nas instituições. O livro de Gil-Leiva e Fujita (2012) foi utilizado como livro base
para a discussão uma vez que tem a visão da política de indexação como um conjunto de
decisões a serem tomadas com a intenção de esclarecer os interesses e os objetivos do sistema
de informação da instituição, especialmente os trabalhos de Fujita, Gil-Leiva e Rubi
encontrados logo nos primeiros capítulos do livro. Carneiro (1985) teve contribuição
fundamental para o estudo na medida que considera sendo os objetivos da política de indexação
definir as variáveis que irão afetar o desempenho do serviço e estabelecer princípios e critérios
que servirão de guia para a tomada de decisão. Outros autores foram utilizados como
contribuição para a discussão sobre política de indexação como Nunes (2004), Rubi (2012) e
Fernandes e Prudencio (2015).
Se tratando especificamente de política de indexação de fotografias, foi localizado
somente o trabalho de Lopes (2006) que é um capítulo inserido no livro “Alfabetização digital
e acesso ao conhecimento”.
17

3 A FOTOGRAFIA E SUAS ANÁLISES

O surgimento da fotografia, no início do século XIX, inaugurou o processo de produção


de imagens fotoquímicas e surgiu como um novo meio de expressão artística, uma vez que
rompeu com as tradições pictóricas do desenho, da pintura e da gravura, e passou a ser tratada
como uma espécie de ícone da modernidade. No final do século XIX, a fotografia se tornou
popular devido à divulgação de imagens fotográficas através dos veículos de comunicação
como os cartões postais e publicações ilustradas (revistas).
No Brasil, a concepção de cartão postal chegou no país colaborando com o impulso do
mercado de trabalho gráfico, editorial e fotográfico. Diante disso, a partir das expedições
científicas e artística dos europeus, despertou-se o interesse de observar “em textos e imagens,
a flora, a fauna, as riquezas minerais, o homem da cidade e da selva, a sociedade, enfim, o
cotidiano do outro” (KOSSOY, 1993, p. 15, grifo do autor).
Não tardou para o surgimento da fotografia digital, que popularizou a produção e
disseminação da imagem no final do século XX, porque tornava acessível ao público em geral
não se restringindo mais a produção de fotografias aos profissionais, sendo qualquer um capaz
de criá-las. Nesse momento, ocorria a massificação da imagem - que está em expansão até hoje.

3.1 FOTOGRAFIA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO

A fotografia, inserida no contexto das fontes de informação, é considerada primária já


que é vista como uma representação do real num primeiro momento. Segundo Dubois (2012,
p. 25), “nela, a necessidade de ‘ver para crer’ é satisfeita. A foto é percebida como uma espécie
de prova, ao mesmo tempo necessária e suficiente que atesta indubitavelmente a existência
daquilo que mostra”. Para Kossoy (1993), a fotografia tem o caráter de prova definitiva graças
a sua natureza físico-química (e, hoje, eletrônica) de registrar aspectos do real, tal como
aparecem. Isso explica a atribuição da credibilidade. Essa relação com o real pode ser entendida
na própria etimologia da palavra “imagem”, uma vez que sugere uma vinculação direta ao verbo
latino imaginari que significa formar uma imagem mental/visual de algo (sua raiz vem de
imitari: copiar, assemelhar). Com o objetivo de capturar uma imagem, a fotografia transforma
essa imagem em um importante documento, mas para gerar o conhecimento, a principal fonte
de pesquisa sempre foi o documento escrito, a tradição escrita.
No início do século XX, a fotografia deixava de ser vista somente como arte e um mero
anexo dos documentos bibliográficos, transformando-se em informação e conhecimento, afinal,
18

a imagem permite o acesso aos fatos e, seja qual for a sua finalidade, guarda um registro. Essa
informação registrada em um suporte de papel (fotografia analógica) ou eletrônico (fotografia
digital), registra um instante do passado e do presente de nossas vidas, constituindo a construção
da história, da cultura e da educação de uma sociedade (BOCCATO; FUJITA, 2006).
Posto isso, entendemos que a importância da fotografia se dá pelo seu poder
informativo, uma vez que as imagens podem apresentar conteúdos relevantes para a obtenção
de conhecimento. Para Kossoy (2009, p. 33, grifo nosso), “a imagem fotográfica fornece
provas, indícios, funciona sempre como documento iconográfico acerca de uma dada realidade.
Trata-se de um testemunho que contém evidências sobre algo”. Até mesmo uma imagem
adulterada tem grande valor no seu contexto, pois diz muito, por exemplo, sobre o que o
fotógrafo queria representar naquele momento, o que ele queria passar para o observador ou
provar de acordo com o seu interesse. Segundo Mauad (1996, p. 15), não importa se a imagem
mente; o importante é saber porque mentiu e como mentiu. De acordo com Kossoy (1993), a
manipulação tem sido possível justamente em função da mencionada credibilidade atribuída às
imagens, especialmente para as massas. Por isso, é importante se atentar ao olhar do fotógrafo
já que o olhar deste demonstra a influência na mensagem que será transmitida por aquela
imagem e a própria atitude do fotógrafo diante da realidade, seu estado de espírito e sua
ideologia que acabam transparecendo em suas imagens (KOSSOY, 2001).
Kossoy (1993) fornece alguns exemplos de manipulação da história pela imagem como
a visão romanceada que era comum fazerem do cotidiano do negro no Brasil, transparecendo
ao espectador a noção de tranquilidade e contribuindo com a aparência idealizada de país
tropical. Um outro exemplo que o autor ilustra é sobre o fotógrafo Christiano Júnior que
retratava os negros, escravos ou alforriados fora de seu cotidiano, criando gestos, acrescentando
objetos e inserindo homens e mulheres em cenários fictícios.
Para Sorlin (1994, p. 11),
a imagem não é digna de crédito, ela é mentirosa e, devemos admiti-lo
‘enganosa’. Todavia, a imagem é fonte histórica, e quando falo em fonte,
quero dar a esta palavra seu sentido mais profundo, não de fonte para o
historiador, e sim de fonte da própria história. Hoje em dia, a história que
vivemos é condicionada pela imagem.
De acordo com Kossoy (2001, p. 50),
toda fotografia é um testemunho segundo um filtro cultural, ao mesmo tempo
que é uma criação a partir de um visível fotográfico. Toda fotografia
representa o testemunho de uma criação. Por outro lado, ela representará
sempre a criação de um testemunho.
Kossoy (2001, p. 32) ainda afirma que com as imagens, temos a possibilidade de
investigação e descoberta que nos dá frutos na medida em que se tenta sistematizar suas
19

informações, estabelecer metodologias de pesquisa e análise para a decifração de seus


conteúdos e, por consequência, da realidade que os originou. Enfim, a imagem nunca deixou
de cumprir o papel de informar a partir do conteúdo visual, mesmo após os suportes
informacionais serem substituídos e modificados. É nesse contexto que o profissional da
informação participa sendo responsável pela organização e tratamento do acervo iconográfico
tornando possível a disponibilização das imagens para os usuários já que, em decorrência do
aumento do acervo fotográfico, tem-se a necessidade da sistematização dos acervos de imagens.
No final de 1960 que começou uma maior conscientização sobre o valor da fotografia
como evidência para a história social. Mas, um maior destaque sobre o tema só ocorreu nos
anos 1980, quando o uso das imagens começou a ficar mais comum na pesquisa
A proposta do trabalho de Burke (2004), lançado primeiramente em 1995, é defender e
ilustrar como as imagens podem ser uma forma de evidência histórica, bem como textos e
testemunhos orais, sendo registro de atos de testemunha ocular. O autor previa que nos anos
seguintes seria interessante observar como os historiadores de uma geração exposta à
tecnologias mais avançadas - como o computador - desde o nascimento vivendo num mundo
repleto de imagens, enfocaria a evidencia visual em relação ao passado. Segundo o autor, ao
analisar uma imagem como testemunho histórico, é importante estudar o realizador/fotógrafo e
seus propósitos, antes de estudar os fatos. Até porque, é imprudente atribuir à esses autores um
“olhar inocente” na medida que sempre estará sob um ponto de vista, seja ele físico e/ou mental.
Para Kracauer (1969, apud BURKE 2004, p. 28), “no momento em que um fotógrafo seleciona
um tema, ele está trabalhando na base de um viés paralelo ao viés expresso por um historiador”.
Neste caso, trazendo para a realidade da documentação, podemos substituir “historiador” pela
figura do indexador. Talvez, o que se mantenha mais genuíno são os aspectos da cultura
material do passado como, por exemplo, suas vestimentas e acessórios (chamado por Burke de
“câmera inocente”).
Burke (2004) estrutura três pontos para utilizar as imagens como evidência histórica:
• pode fornecer evidências sobre aspectos da realidade social
• a representação é quase sempre menos realista do que parece e distorce a realidade
social, sendo necessário levar em conta a variedade de intenções dos fotógrafos
• o processo de distorção evidencia mentalidade, ideologias e identidades.
20

3.2 ANÁLISES DA FOTOGRAFIA

É oportuna a fala de Sorlin (1994) quando afirma que a fotografia não passa de um
reflexo, tal como nossa imagem no espelho. Entretanto, a imagem que vemos refletida no
espelho nada tem a ver conosco e complementa se apropriando do conceito de solipsismo, uma
doutrina filosófica no qual afirma que o que existe somos nós e nossas experiências. Uma
imagem é algo que se assemelha a outra coisa. Se ela se assemelha/parece, é porque não é,
sendo percebida como representação (JOLY, 2012). Dessa forma, Villafãne e Mínguez (2002)
afirmam que a imagem sempre nos remete à algo que está fora dela.
Segundo Burke (2004), o método de leitura da linguagem das formas, de Giovanni
Morelli, tinha o objetivo de identificar a autoria das obras de artes a partir de um exame
cuidadoso de detalhes que comumente seriam negligenciados por serem menos perceptíveis.
Em suas análises, Burke (2004) se baseia nesse método que pode ser visto como um método
aprimorado por Aby Warburg. A análise de detalhes, a partir da interpretação das imagens,
tornou-se conhecida como iconografia.
Aby Warburg, com Erwin Panofsky, eram membros do grupo de Hamburgo. Tal grupo
era de interessados em literatura, história e filosofia. Depois de 1933 (ascensão de Hitler ao
poder), Panofsky foi para os Estados Unidos. Outros membros do grupo foram para a Inglaterra,
onde foi mais divulgado o conhecimento sobre o método iconográfico, principalmente a partir
do ensaio de Panofsky, em 1939, sobre os três níveis de interpretação baseados nos três níveis
literários de Friedrich Ast, pioneiro na arte de interpretação de textos. Panofsky e seus colegas
aplicaram o método para as obras de arte, uma tradição alemã de interpretação, e esse método
se expandiu para outros tipos de documentos como fotografias e filmes. Logo, Aby Warburg
fundou a iconologia, mas foi Panofsky o seu grande difusor. Por isso, considera-se que
Panofsky teve uma grande contribuição no desenvolvimento teórico na análise de imagens
(BURKE, 2004).
Os níveis estabelecidos por Panofsky (1986, p. 47-65) podem ajudar a nortear a
discussão sobre a análise de imagem. Resumindo o seu método, o autor detalha três níveis:
1) Tema primário ou natural: requer a descrição pré-iconográfica (objetos e ações
representados pela imagem) como cores, linhas e volumes; materiais
identificados com as formas animadas ou inanimadas e percepção de alguns
modos de expressão;
2) Tema secundário ou convencional: utiliza a análise iconográfica (determinação
do significado da imagem a partir dos elementos componentes detectados pela
21

análise do primeiro nível) como as alegorias, demandando familiaridade com


temas ou conceitos, ou seja, um conhecimento prévio para a interpretação; e
3) Significado intrínseco ou conteúdo: requer a interpretação iconológica (constrói-
se a partir dos níveis anteriores; contextualiza o ato, mas com forte influência do
conhecimento do analista sobre o ambiente cultural, artístico e social no qual a
imagem foi gerada). Mais do que familiaridade, temos de ter “uma faculdade
mental comparável à de um clínico nos seus diagnósticos” (PANOFSKY, 1986,
p. 63-64) para observar tendências políticas, poéticas, religiosas, filosóficas e
sociais da personalidade, período ou país.

O Quadro 1 foi elaborado com conteúdo idealizado a fim de exemplificar de forma


prática a teoria de Panofsky.

Figura 1 – Donna con ventaglio de Edoardo Tofano

Fonte disponível em: <


http://www.beniculturali.it/mibac/multimedia/MiBAC/images/upload/large/23/1296127579277_tofano
_ventagliom.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018.
22

Quadro 1 – Os níveis da análise de imagem por Panofsky


NÍVEIS Exemplo
Nível pré-iconográfico, Mulher com leque
significado fatual
Nível iconográfico Mulher passa o leque sobre o queixo1
Níveis pré-iconográfico + Ato que pode ser entendido como uma
iconográfico, significado mensagem de amor, sedução, interesse
expressivo
Fonte: elaborado pela autora

O autor divide os níveis de análise já descritos em níveis temáticos (o objeto da


interpretação) e os níveis de análise (o ato da interpretação).

Quadro 2 – Exemplo dos níveis da análise de imagem por Panofsky

Objeto da interpretação Ato da interpretação


Tema primário ou natural (fatual ou Descrição pré-iconográfica
expressivo)
Tema secundário ou convencional Análise iconográfica
Significado intrínseco ou conteúdo Interpretação iconológica
Fonte: elaborado pela autora

Segundo Burke (2004), três pontos destacam-se no método considerado. O primeiro


ponto é que, na tentativa de reconstruir o “programa iconográfico”, os estudiosos têm
aproximado imagens que os acontecimentos separam como as pinturas que deveriam ser lidas
em conjunto, mas encontram-se dispersas entre museus e galerias. O segundo ponto é que há
necessidade de prestar atenção aos detalhes para identificar, por exemplo, significados
culturais. O terceiro, é que justapõe textos e outras imagens à imagem que se pretende analisar,
que é objeto de interpretação, deixando a leitura literal e metafórica.
Villafãne e Mínguez (2002), propõem um método de análise de imagens isoladas
baseado na Teoria Geral da Imagem (TGI). Tal método explica como um item visual deve ser
compreendido, sendo a análise dividida em três níveis:
1) Leitura da imagem: o objetivo é obter a maior quantidade de informações dela ainda
que provavelmente a maior parte dos dados obtidos será rejeitada no final da análise.
A leitura deve ser feita com base em um sistema de pautas, dentre as pautas temos o
nível de realidade, a modelização icônica da realidade, a geração da imagem, a

1
Havia a linguagem de leques que permitia que as mulheres transmitissem seus sentimentos e desejos se
comportando discretamente. No exemplo, tal gesto queria dizer “eu amo você”.
23

materialidade da imagem, a natureza espacial, a natureza escalar, o elemento


dominante e a função significativa.
2) Definição estrutural: considera que a imagem pode ser fixa ou móvel, plana
(bidimensional) ou estereoscópica (tridimensional), isolada ou sequencial e estática ou
dinâmica. Esses atributos dicotonômicos correspondem às seguintes variáveis de
definição estrutural: estrutura espacial, construção espacial, temporalidade e dinâmica
3) Análise plástica: analisa as quatro variáveis já mencionadas.
Se tratando das quatro variáveis:
• estrutura espacial: categoriza o ambiente da imagem como único ou diverso,
fechado ou aberto e permanente ou temporário
• construção espacial: diz respeito a forma de organização do espaço e as funções
plásticas que suprem/atendem os elementos dominantes da composição
• temporalidade: é a representação do tempo real a partir da imagem (é mais visível
em imagem em movimento)
• dinâmica: depende de outras variáveis para existir e seus elementos são o ritmo, a
tensão e o movimento.
Ainda segundo Villafãne e Mínguez (2002, p. 259, tradução nossa), “uma vez revisadas
as quatro variáveis, encontraremos a disposição de efetuar a definitiva ‘análise plástica’ que
implica a expressão da significação plástica da imagem”. Isto é, a análise plástica valida as
observações feitas nos níveis anteriores a partir dos elementos que constituem a imagem.
Para Kossoy (2009), os componentes estruturais da fotografia são: o assunto (objeto de
registro), a tecnologia (viabiliza o registro) e o fotógrafo (idealiza e elabora o registro). Sendo
o assunto representado na imagem resultante de uma sucessão de escolhas já que o fotógrafo
seleciona o assunto com uma intenção e finalidade que se evidencia na construção da imagem.
Essas escolhas podem ser do próprio assunto, de equipamentos e materiais, do “quadro” ou
enquadramento, do momento, etc.
De acordo com Guran (2002), os elementos da linguagem fotográfica são a luz, a escolha
do momento, o ajuste focal, o enquadramento, além de questões relacionadas aos processos e
códigos diferentes (cor). O autor descreve que o ato de fotografar implica na escolha de um
enquadramento no espaço e de um instante no tempo e essa característica é determinante para
a sua utilização como instrumento de pesquisa. Além disso, “dentro de um visor, excluem-se
ou não certos elementos visuais – que entretanto representam também dados ou informações –
com o objetivo de destacar o aspecto essencial da cena segundo o ponto de vista escolhido”
24

(GURAN, 2002, p. 105). Quanto a coloração, esta possibilita a introdução de razões ideológicas
visto que permite a inserção de “elementos dramáticos” na programação visual. Outro aspecto
da fotografia colorida é que devemos considerar seu comprometimento com a memória visual,
já que as fotografias que vão para um arquivo físico tem uma vida mais curta que a chamada
p&b (preta-e-branca).

Quadro 3 – Os elementos da linguagem fotográfica por Guran


ELEMENTOS DA LINGUAGEM FOTOGRÁFICA
Luz
Momento
Ajuste focal
Enquadramento
Rendimento cromático (cor ou p&b)
Fonte: elaborado pela autora

Contextualizando a fotografia em pesquisas nas áreas de Ciências Sociais, Guran (2002)


divide-a em dois tipos:
o A fotografia produzida “para descobrir”, feita com o objetivo de se obter
informações
o A fotografia produzida “para contar”, feita para demonstrar conclusões.
De modo análogo, Dubois (2012) faz a seguinte divisão:
o A fotografia como espelho do real
o A fotografia como transformação do real
o A fotografia como traço de um real
Apesar de seu realismo, entendemos que a fotografia não corresponde à verdade
histórica, só ao registro expressivo da aparência e, por mais que hajam categorias para dividir
a fotografia como jornalística, arquitetônica, urbana, geográfica, antropológica e outras, uma
única imagem pode reunir diversos elementos de diferentes áreas posto que a fotografia tem a
característica de ser multidisciplinar por ser passível de diferentes interpretações. “De uma
forma geral [...], a imagem que será aplicada em algum veículo de informação é sempre objeto
de algum tipo de tratamento com o intuito de direcionar a leitura dos receptores” (KOSSOY,
2009, p. 55). Isto acontece também porque, segundo Sorlin (1994), a imagem por si só não fala.
Uma imagem sem autor, data e/ou local não significa nada. Outra observação que cabe salientar
é quanto a metáfora que se popularizou sobre a câmera ser um olho. Sorlin (1994) explicita o
abismo que se interpõe entre um olho e uma câmera pois o olho é o instrumento por meio do
qual temos percepção e a câmera é uma ferramenta.
25

Para a análise e a interpretação de fotografias, Kossoy (1993; 2009) entende a imagem


fotográfica a partir de duas realidades. A primeira realidade é chamada de interpretação
iconológica, que é o próprio passado, isto é, o momento da produção da imagem considerando
o contexto dele no momento do registro. Acreditando que não há uma regra interpretativa, são
sugeridos dois caminhos básicos para decifrar o documento fotográfico. O primeiro caminho é
resgatar a história do assunto no momento em que foi registrado ou da representação e o
segundo é tentar desmontar a produção (seu processo de criação que resultou na representação).
A segunda, chamada de análise iconográfica, é a realidade do documento e do assunto
representado (referência de um passado inacessível), isto é, está ligada à circulação da imagem
posteriormente em conformidade com o repertório cultural, a ideologia e interesses dos
indivíduos. São sugeridas duas linhas de análise multidisciplinar: a primeira linha é identificar
seus elementos constitutivos (assunto, tecnologia e fotógrafo, já mencionados anteriormente) e
suas coordenadas de situação (espaço e tempo) e a segunda é identificar os detalhes icônicos
do conteúdo. De acordo com o autor, é o momento de lembrarmos que a fotografia é uma
representação da realidade onde se tem registrado um aspecto selecionado daquele real,
organizado cultural, técnica e esteticamente, portanto ideologicamente.

Quadro 4 – A análise iconográfica por Kossoy


ANÁLISE ICONOGRÁFICA
(componentes estruturais + coordenadas de situação)
Assunto
Tecnologia
Fotógrafo
Espaço
Tempo
Conteúdo
Fonte: elaborado pela autora

Rodrigues (2007) propõe a análise de seis elementos da imagem fotográfica: descrição


física, composição, contexto arquivístico, sentido denotativo, sentidos conotativos e
tematização.
26

Quadro 5 – Os elementos da imagem fotográfica por Rodrigues


ELEMENTOS DA IMAGEM FOTOGRÁFICA
Descrição física • Formato
• Tamanho
• Tipo de suporte
• Autor
Composição • Filtros
• Abertura e tempo de exposição
• Luz
• Nitidez
• Ponto de vista do fotógrafo
• Hierarquia das figuras
• Profundidade
• Enquadramento
Contexto arquivístico • Relação da imagem com fatos
Sentido denotativo • Conteúdo da foto ou assunto
Sentido conotativo • Descrição dos sentidos conotativos concretos e
abstratos
Tematização • Adequar os sentidos conotativos nos temas
convenientes
Fonte: elaborado pela autora

Burke (2004) evidencia a necessidade das imagens serem inseridas em uma série de
contextos: cultural, político, material, entre outros. Quanto ao contexto arquivístico, Mariz e
Cordeiro (2018) usam a definição do Thomassen (2006) que exprime como sendo os fatores
ambientais que determinam como o documento foi gerado, estruturado, administrado e
interpretado e são diferenciados como contexto de proveniência, contexto administrativo e
contexto de uso. Baseadas em Lopez (2009), as autoras afirmam que muitas vezes, o único
elemento capaz de direcionar a correta significação para um documento é o contexto.
Barthes (1990) separa em seis os principais processos de conotação da imagem
fotográfica, isto é, os procedimentos que impõem sentido na imagem captada e que devem ser
considerados na análise da fotografia. A truncagem, que nada mais é que a união de uma
imagem à outra (montagem) cujo interesse é que ela intervenha no próprio interior do plano de
denotação. A pose que prepara a leitura dos significados de conotação uma vez que a fotografia
não é evidentemente significante senão porque existe uma reserva de atitudes estereotipadas
que constituem elementos feitos de significação. Já os objetos induzem à associações de ideias
ou são efetivamente verdadeiros símbolos. A fotogenia está relacionada à qualidade da imagem,
seus recursos e técnicas, ou seja, ao embelezamento artificial da fotografia. O estetismo trata-
27

se da transposição da fotografia como pintura ou que lembra obra de arte. E a sintaxe faz a
conexão dos sentidos de uma sequência de fotografias.

Quadro 6 – Os processos de conotação da imagem por Barthes


PROCESSOS DE CONOTAÇÃO DA IMAGEM
Truncagem
Pose
Objetos
Fotogenia
Estetismo
Sintaxe
Fonte: elaborado pela autora

Ainda no campo do sentido conotativo, devemos considerar a afirmativa de Sorlin


(1994) de que temos uma relação sentimental com a imagem. Por isso, o autor tenta nos fazer
compreender a reação sentimental, sua organização e quais ensinamentos extraímos.
Primeiramente, temos a emoção que experimentamos ao ver uma imagem, a emoção que se
manifesta e a reação emocional daquele que é o objeto da imagem.
Joly (2012) salienta objeções e questionamentos quanto à análise da imagem no que diz
respeito a leitura “natural”, o que o fotógrafo quis dizer com a imagem e sobre a imagem
“artística” (considerando-a que é produzida pelo emotivo/afetivo e não pelo intelecto). No
primeiro aspecto,
o trabalho do analista é precisamente decifrar as significações que a
‘naturalidade’ aparente das mensagens visuais implica. ‘Naturalidade’ que,
paradoxalmente, é alvo espontâneo da suspeita daqueles que a acham
evidente, quando temem ser ‘manipulados’ pelas imagens (JOLY, 2012, 43).
É interessante observar que, em síntese, o primeiro aspecto está relacionado à questão
da complexidade da leitura da imagem, pois uma leitura feita de maneira "natural" certamente
ficará longe de compreender as representações da imagem sendo necessária uma análise precisa
e aprofundada dos significados.
No segundo aspecto,
ninguém tem a menor ideia do que o autor quis dizer; o próprio autor não
domina toda a significação da imagem que produz. Tampouco, ele é o outro,
viveu na mesma época ou no mesmo país, ou tem as mesmas expectativas...
(JOLY, 2012, p. 44).
Há uma crítica quanto à isso, visto que herdamos a concepção de se pensar nas
“intenções do autor” vindo das explicações de textos tradicionais que impediam crianças e
adolescentes de refletir por conta própria, considerando-os incapazes de uma interpretação que
mais se aproximasse das intenções do autor. Sobre o que o autor/fotógrafo quis dizer/mostrar,
28

é fundamental considerar o contexto histórico, econômico, político, ideológico, social,


geográfico etc. Portanto, para uma análise, devemos estar, primeiramente, como receptores.
Entretanto, o trabalho realizado por um analista, deve consistir em detectar o maior número de
relações, levando em conta o contexto, o objetivo da mensagem visual e o horizonte de
expectativas do “espectador”.2
No terceiro ponto, a imagem “artística” é vista como intocável e por dois motivos: o
campo das artes é considerado mais dependente da expressão que da comunicação e pelo
vínculo do nome do mestre a sua obra, em certo sentido, existe uma divinização do autor.
Duas das três abordagens apresentadas por Joly (2012) são de grande relevância no
estudo: a significação plástica que considera o enquadramento, ângulo, cor, dimensão, formas,
pose do modelo etc; e a significação icônica que são os objetos considerados pela conotação
que evoca.
A imagem fotográfica pode transmitir diversos significados pelo seu caráter conotativo:
ela é polissêmica (múltiplos sentidos) ou ambígua (com diferentes sentidos). Isso se dá, dado
que, em sua análise, o expectador (usuário, indexador, etc) e o próprio autor poderão interpretar
de diversas formas o mesmo documento justamente pela diversidade cultural e sua "bagagem"
de conhecimento (sua vivência, sua percepção e sua sensibilidade).
Quando um objeto é reproduzido em uma fotografia, primeiramente é observado pelo
que ele realmente é: seja uma mulher, uma flor murcha, etc. Mas essa imagem pode ser
interpretada de diversas formas por diferentes pessoas em diferentes contextos. Tais objetos
podem ser interpretados como, por exemplo, símbolo de feminilidade, de tristeza e outros,
porque o que importa nem sempre é a coisa propriamente dita, mas sua representação
conceitual.
Adentrando na área de Ciência da Informação, Cordeiro (2013) sugere, para a análise
de imagens e filmes, alguns princípios a partir de quatro dimensões: a dimensão geração da
imagem/filme e comportamento de busca da informação no processo de trabalho, dimensão
contexto de produção, dimensão natureza da expressão visual e dimensão literatura de/sobre.
Em outro trabalho, Cordeiro (2018) aborda as quatro dimensões como: a especialidade da
Ciência da Informação envolvida, a natureza do corpus de análise, os cenários – sociais,
culturais, econômicos, etc – e o estado da arte da literatura.
Segundo Joly,
o trabalho de análise, não realizado pelo leitor ‘comum’, consiste
precisamente em detectar o maior número de solicitações estabelecidas,

2
Expressão usada por Joly (2012)
29

levando em conta o contexto e o objetivo da mensagem visual, assim como o


horizonte de expectativa do espectador (JOLY, 2012, p. 113).
Sendo assim, a organização de imagens, bem como dos demais documentos, torna-se
muito subjetiva considerando as informações que esse tipo de documento pode transmitir para
quem os indexa tendo a necessidade de critérios para análise e representação. Por isso, "a
descrição e a extração de unidades de indexação (descritores ou palavras-chave) de uma
fotografia demandam regras e métodos específicos" (MANINI, 2002, p. 22), já que direciona o
profissional a partir de um conjunto de diretrizes e critérios que levam em conta à realidade de
sua instituição. Portanto, mediante a política de indexação, diretrizes são estabelecidas ao
indexador para estar apto a interpretar informações contidas nas imagens, já que nem sempre
essas imagens poderão vir acompanhadas de um resumo ou legenda. Entretanto, é necessário
que se tenha critérios nas etapas do tratamento da informação para que a descrição da imagem
fotográfica seja feita de forma eficiente no intuito de minimizar incertezas proporcionando
resultados consistentes que configuram a recuperação.
Retomando a proposta de Mauad (1996), a autora elaborou duas fichas de análise da
imagem fotográfica onde cada elemento é chamado de unidades culturais. Na primeira ficha
deve conter os dados referentes a forma do conteúdo e na segunda ficha, dados referentes a
forma da expressão.

Quadro 7 – Os elementos/unidades culturais da forma do conteúdo por Mauad


ELEMENTOS DA FORMA DO CONTEÚDO
Agência produtora/ano
Local retratado
Tema retratado
Pessoas retratadas
Objetos retratados/atributos das pessoas
Atributo da paisagem
Tempo retratado (dia/noite)
Número da foto
Fonte: elaborado pela autora
30

Quadro 8 – Os elementos/unidades culturais da forma da expressão por Mauad


ELEMENTOS DA FORMA DA EXPRESSÃO
Agência produtora/ano/tamanho da foto
Formato da foto e suporte
Tipo de foto
Enquadramento I: sentido da foto (horizontal ou vertical)
Enquadramento II: direção da foto (esquerda, direita ou centro)
Enquadramento III: distribuição de planos
Enquadramento IV: objeto central, arranjo e equilíbrio
Nitidez I: foco
Nitidez II: impressão visual (definição de linhas)
Nitidez III: iluminação
Produtor: amador ou profissional
Número da foto
Fonte: elaborado pela autora

Posto isso, Mauad (1996) orienta que o próximo passo é realocar em classes espaciais
tais unidades culturais, sendo essas:
• Espaço fotográfico, que compreende as informações relativas à história das técnicas e
os itens contidos no plano da expressão como o tamanho, enquadramento, nitidez e
produtor
• Espaço geográfico, que compreende o espaço físico e estão incluídos itens como ano,
local retratado, atributos da paisagem, objetos, tamanho, enquadramento, nitidez e
produtor
• Espaço do objeto, que compreende os objetos fotografados (objetos interiores,
exteriores e pessoais) e estão incluídos itens como tema, objetos, atributos das pessoas,
atributos da paisagem, tamanho e enquadramento
• Espaço da figuração, que compreende as pessoas e animais retratados, a natureza do
espaço (ex.: infantil/adulto), a hierarquia das figuras e seus atributos como o da figuração,
além do tamanho, enquadramento e nitidez.
• Espaço da vivência (ou evento), que compreende os eventos, as atividades e vivências
que se tornaram objeto do ato fotográfico.
Manini (2007) dedica-se à questão da dimensão expressiva da fotografia, baseada nos
estudos de Smit (1997), que atesta que a dimensão expressiva deve ser levada em consideração,
pois é parte da imagem dada pela técnica e onde a fotografia expressa seu conteúdo
informacional.
31

Quadro 9 - Sugestões para a inserção da dimensão expressiva na análise documentária por


Manini
RECURSOS TÉCNICOS VARIÁVEIS
Efeitos especiais • Fotomontagem
• Estroboscopia
• Alto-contraste
• Trucagens
• Esfumação
Ótica • Utilização de objetivas/filtros
Tempo de exposição • Instantâneo
• Pose
• Longa exposição
Luminosidade • Luz diurna/noturna
• Contraluz
• Luz artificial
Enquadramento • Enquadramento do objeto fotografado
• Enquadramento de seres vivos
Posição de câmera • Câmera alta/Câmera baixa
• Vista aérea/ submarina subterrânea
• Microfotografia eletrônica
• Distancia focal
Composição • Retrato
• Paisagem
• Natureza morta
Profundidade de campo • Com profundidade: todos os campos fotografados
nítidos (diagrama mais fechado)
• Sem profundidade: o campo de fundo sem nitidez
(diagrama mais aberto)
Fonte: elaborada pela autora

Smit (1997 apud MANINI, 2007, p. 87) sistematiza três parâmetros de análise:
o “o que” a fotografia mostra (o conteúdo informacional)
o “como” a fotografia mostra (a forma usada para mostrar tal conteúdo: a
dimensão expressiva)
o “onde” a fotografia mostra (o documento fotográfico enquanto objeto físico)

Outro exemplo é o proposto por Capone e Cordeiro (2016), no âmbito dos trabalhos
geográficos de campo, uma matriz que abrange quatro categorias (contexto histórico de
produção, porção aparente do território, configuração territorial e paisagem típica) que são
subdivididas em 21 subcategorias.
32

Enfim, retomando a figura 1, de acordo com o quadro acima (9), somado aos parâmetros
de Smit e utilizando o exemplo dado no quadro dos níveis de Panofsky (1), poderíamos
considerar:

Quadro 10 – Junção da dimensão expressiva ao conteúdo informacional


CONTEÚDO INFORMACIONAL DIMENSÃO
EXPRESSIVA
DE SOBRE Pose
Categoria Genérico Específico Linguagem
Quem/ Mulher do leque: Enquadramento
O que demonstração de seres vivos
de amor,
interesse Retrato
Onde Atelier
Quando Século XIX 1878 Sem
profundidade
Como Segura um leque Segura leque
aberto sobre o
queixo
Fonte: elaborado pela autora

Dessa forma, entendemos que o sentido não está somente na imagem, mas num conjunto
de elementos como o próprio fotógrafo, o objeto fotografado, entre outros. O conjunto de
recursos técnicos, contribui de maneira significativa para a escolha das imagens pelos usuários
no momento da recuperação das informações. Podemos perceber também que os avanços
tecnológicos, a partir da informatização dos serviços, trouxeram mais visibilidade para a área,
especialmente dos Sistemas de Recuperação da Informação e essa visibilidade trouxe mais
responsabilidade para o profissional referente a comunidade usuária em ambiente digital
(FUJITA; GIL-LEIVA, 2010).

4 INDEXAÇÃO

O perfil dos profissionais que tratam a informação nos últimos tempos visa o
detalhamento técnico das operações básicas buscando otimizar a recuperação da informação.
Os Sistemas de Recuperação da Informação (SRI) são um conjunto de operações executadas
para localizar as informações realmente relevantes dentro da totalidade de informações
disponíveis e o início de um subsistema da recuperação da informação se dá pela formação de
33

um conjunto de documentos selecionados e adquiridos dentro dos critérios e de acordo com os


objetivos da instituição e sua eficiência depende da qualidade da análise conceitual. Essa análise
resulta em termos que representam o documento e que possibilitam a sua recuperação no
sistema (CESARINO, 1985).
Souza (2006) sintetiza que os subsistemas da recuperação da informação seriam os
intermediários no processo de troca de informações na medida que organizam e viabilizam o
acesso aos documentos desempenhando as atividades de representação das informações
contidas nos documentos, armazenamento e gestão dos documentos e de suas representação e
recuperação das informações representadas e dos documentos armazenados. O autor subdivide
os SRIs em seis subsistemas:
1) de documentos;
2) de indexação;
3) de vocabulário;
4) de busca;
5) de interface com o usuário;
6) de matching (SOUZA, 2006 apud LANCASTER, 1979).
Cesarino (1985), de forma semelhante, subdivide os SRIs em cinco subsistemas:
1) seleção e aquisição de documentos;
2) indexação, incluindo a análise conceitual e a tradução;
3) organização e manutenção dos arquivos;
4) estratégia de busca, que envolve o processo de análise conceitual e a tradução;
5) interação usuário x sistema de recuperação da informação.
Os subsistemas da recuperação da informação afetam uns aos outros já que, uma
seleção inadequada corta a competência do sistema, os recursos humanos afetam a análise
conceitual, a utilização e manutenção dos equipamentos tecnológicos dependem de recursos
financeiros entre outros (CESARINO, 1985).

4.1 ETAPAS E PROCESSOS DA INDEXAÇÃO

Uma das principais funções que um bibliotecário ou arquivista exerce numa instituição
é a indexação. Suas origens se encontram nas tarefas realizadas pelos escribas na Mesopotâmia.
Naquela época, as tábuas de argila eram armazenadas em prateleiras de madeira e colocadas
dispostas em nichos nas paredes ou em caixas de madeira e, para identificar o que continha,
etiquetavam a lateral do material, onde escreviam o seu conteúdo (GIL-LEIVA, 2012).
34

O UNISIST (1981), sistema internacional ligado à UNESCO, define indexação como


"[...] a ação de descrever ou identificar um documento em termos de seu conteúdo” e criou os
“Princípios de Indexação” a fim de dar assistência aos profissionais da área de documentação
que trabalham com a prática de identificação de assuntos de um documento. No processo de
indexação, os conceitos são extraídos do documento a partir da análise e são traduzidos para os
termos do instrumento de indexação como tesauro, lista de cabeçalhos, etc). A elaboração
desses princípios teve grande influência na criação da International Organization for
Standardization 5963, em 1985, e da NBR 12676/1992. O UNISIST (1981) divide o processo
de indexação em duas etapas, na qual a primeira é subdividida em outras três subetapas.
Sendo o documento a fixação material do conhecimento, insere-se em dois grandes
grupos, segundo Cavalcanti (1978): documentos impressos e multimeios. Em relação aos
multimeios, por sua própria natureza, estes
nem sempre podem ser analisados com a mesma intensidade que se aplica aos
documentos impressos, mas em sistemas voltados para esses documentos, a
indexação desce a minúcias a fim de registrar todos os pontos de interesse para
o leitor/usuário/pesquisador (CAVALCANTI, 1978, p. 52).
Cavalcanti (1978) trata da análise dos documentos sob dois aspectos importantes:
origem e/ou identidade do documento como autor, data, editor etc; e conteúdo temático que
é o assunto objeto do texto do documento. A autora se baseia no UNISIST (1971, p. 8) para
definir indexação como sendo
a representação do conteúdo dos documentos, por meio de símbolos especiais,
quer retirados do texto original (palavras-chave, ou frases-chave extraídas do
documento), quer escolhidos numa linguagem de informação ou de indexação.
Para Lancaster (2004), Boccato e Fujita (2006) e Lopes (2006), a indexação possui
duas etapas, sendo a primeira a análise conceitual, ou análise de assunto, e a segunda etapa é a
tradução ou representação.
A primeira etapa da indexação, a análise de assunto, é o processo de ler o documento
para extrair conceitos que resumam o conteúdo. Na primeira fase da análise de assuntos, é feita
uma leitura técnica que é um misto de ler e passar os olhos, no qual o indexador direciona sua
leitura para partes específicas do documento como o título, subtítulo, sumário, resumo,
introdução, prefácio, bibliografia, etc (DIAS; NAVES, 2007). A próxima fase da análise de
assunto é a extração de conceitos representantes do documento, e alguns fatores podem afetar
a construção desses conceitos como a percepção sendo um fator lógico, a emoção (sentimentos,
alterações orgânicas e impulsos) e atitude (opinião, preconceito, nível de abstração, etc) sendo
fatores cognitivos, e a linguagem (sistema de símbolos da comunidade) sendo o fator
linguístico. Terminada a extração de conceitos do texto, é necessário fazer uma seleção
35

daqueles que realmente sintetizam o assunto do documento. Essa terceira fase da análise de
assunto é chamada de determinação da atinência (sendo “atinência” a tradução de
“aboutness”), que envolve o estudo do significado. O estudo do significado e a relação com a
atinência estão relacionados no momento em que o indexador diz que o texto “x” trata de “tal
assunto”. É o suficiente para começar a definir as representações, mesmo que ainda na
linguagem natural. Após a identificação dos conceitos-chave do texto, começa a segunda etapa
da indexação. Essa segunda etapa é a tradução destes termos para os instrumentos de indexação
(linguagens documentárias). O objetivo é transformar os conceitos em linguagem natural
(frases de indexação) para a linguagem documentária (descritores) (DIAS; NAVES, 2007).
Cordeiro divide a indexação em duas etapas. 3 A primeira etapa é a análise conceitual,
na qual as subetapas são a leitura técnica, a interpretação, a seleção de ideias-chave e a
formulação das declarações de assuntos ou preparação para o preenchimento das categorias. A
segunda etapa é a síntese/tradução/representação que é a transposição das declarações de
assuntos ou das categorias de análise para a linguagem do sistema verbal ou notacional.

Figura 2 – As etapas da indexação

Fonte: FUJITA, Mariângela (Org.) et al. A indexação de livros: a percepção de catalogadores e


usuários de bibliotecas universitárias. Um estudo de observação do contexto sociocognitivo com
protocolos verbais. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em:
<books.scielo.org/id/wcvbc/pdf/boccato-9788579830150.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2018.

3
CORDEIRO, Rosa Inês. Indexação. Slide da disciplina de Análise Documentária e Recuperação da
Informação, lecionada pela profa. Rosa Inês de Novais Cordeiro no Curso de Biblioteconomia e Documentação,
na Universidade Federal Fluminense, em 2018.
36

Cavalcanti (1978) divide a indexação em duas etapas: a primeira etapa como sendo a
identificação do assunto e, tal como o UNISIST (1981), subdivide-a em três etapas: leitura
atenta (análise dos documentos), decisão dos possíveis conceitos e seleção dos mais adequados.
A escolha dos conceitos está relacionada com o tipo de sistema que está sendo desenvolvido,
considerando dois aspectos: exaustividade e especificidade.
Chaumier (1988) corrobora com a definição de indexação no documento UNISIST
(1981) mas divide o processo em quatro etapas: o conhecimento do conteúdo do documento, a
partir de uma leitura rápida, mas mais atenta ao título e subtítulo, intertítulos, introdução,
conclusão etc; a escolha dos conceitos no qual é exigido uma análise conceitual aprofundada
do documento considerando a regra da seletividade; a tradução dos conceitos escolhidos a partir
dos termos da Linguagem Documentária, normalmente uma lista de cabeçalhos de assunto ou
tesauro, utilizada pelo serviço de informação; e a incorporação dos elementos sintáticos, que é
a quarta e última operação da indexação, no qual o profissional analisa a pertinência do uso dos
conceitos escolhidos para o documento. Para ele, os sistemas de classificação são o primeiro
tipo de instrumento de indexação em sistemas documentários. A representação dos conceitos é
feita, nos sistemas de classificação, a partir de códigos e índices.
O catálogo é o principal instrumento de comunicação e recuperação da informação em
um centro de documentação, conduzindo os usuários à busca de documentos que contenham as
informações que necessitam (SOUSA; FUJITA, 2014). O indexador deve se conscientizar de
que a informação não indexada, ou indexada de forma errada, é informação inacessível ao
usuário (CAVALCANTI, 1978).
Sabemos que a análise documentária de documentos escritos não pode ser aplicada
para a análise documentária de fotografias pelas suas diferenças já que “o modo de produção
de um documento influencia no seu tratamento técnico” (BOCCATO; FUJITA, 2006, p. 91).
Manini (2007) trabalha com a questão da dimensão expressiva da fotografia. A dimensão
expressiva é a parte da imagem dada pela técnica, onde a fotografia expressa seu conteúdo
informacional. Por “expressão fotográfica”, entende-se
a imagem captada mecanicamente e obtida por meio da técnica, também
mecânica, do processamento de imagens mas que deve comportar (‘traduzir’)
necessariamente o olhar do fotógrafo quanto ao objeto fotografado e a maneira
com este deve se apresentar perante outros (BOCCATO; FUJITA, 2006 p.
91).
Ou seja, é a aparência física através da qual a fotografia expressa seu conteúdo
informacional. Sua importância se dá pela forma como a mensagem imagética foi construída
37

para transmitir determinado conteúdo (como a fotografia mostra, por exemplo, observando o
posicionamento da câmera no momento da tomada, o enquadramento aplicado, etc).
Para Dias e Naves (2007, p. 83), “além dos aspectos cognitivos, o uso da linguagem
cria vários problemas do ponto de vista lógico, como, por exemplo, a homonímia, a sinonímia,
e recorre-se à lógica para resolver esses tipos de obstáculos”. Portanto, questões como a
definição de termos considerando os aspectos lógicos, cognitivos e linguísticos, devem ser
explicitadas na política de indexação.

4.2 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO

De acordo com Fernandes e Prudencio (2015), há uma certa confusão entre a política
de indexação e o manual de indexação. A primeira leva em conta os conhecimentos adquiridos
na prática pelos indexadores, enquanto que a segunda é um instrumento resultante da política
de indexação.
Se o manual for colocado no lugar da política de indexação, possivelmente
ocorrerá um emperramento do processo de acumulação de conhecimentos,
enrijecendo os procedimentos e distanciando a UI [unidade de informação]
das dinâmicas necessidades de sua comunidade (FERNANDES;
PRUDENCIO, 2015, p. 126).
Nunes (2004) explica que a política de indexação traz as diretrizes que o profissional
deve se ater para escolhas técnicas, seja na biblioteca ou no arquivo, e devemos considerar o
usuário e o acervo nesse contexto. Isto é, a política embasa as decisões que o indexador toma
em suas rotinas, por isso, deve ser enunciada formalmente em um documento oficial da
instituição. Entretanto, infelizmente, muitas vezes é uma prática intuitiva e informal e isso
talvez explique o seu tratamento escasso na literatura. Rubi (2012) acredita que a justificativa
de termos uma literatura escassa sobre política de indexação se dá porque, muitas vezes, a
indexação é vista como um processamento técnico que não precisa de procedimentos
sistematizados para a identificação de assunto, como se só uma leitura rápida para extrair os
termos que podem representar o documento fosse o suficiente cabendo ao uso linguagem
documentária a solução da representação. Por isso, a política de indexação acaba sendo vista
como algo desnecessário.
Conforme Fernandes e Prudencio (2015), os riscos de se ter uma política de indexação
informal e intuitiva, além da inconsistência, são o distanciamento da missão, a falta de clareza
dos objetivos e a desarticulação em relação aos outros processos de tratamento da instituição.
Ainda segundo as autoras, os critérios informais devem, ao menos, surgir da prática de
indexação para posteriormente serem incorporados ao manual de indexação e as principais
38

variáveis que permitem medir a qualidade da indexação são os níveis de exaustividade,


especificidade, revocação e precisão do sistema.
Segundo Dias e Naves (2007), a criação de manuais de indexação deve conter
princípios e critérios que sirvam de guia na tomada de decisão para a otimização do serviço e
racionalização dos processos, constituindo uma documentação oficial com o detalhamento de
todas as etapas do processo de indexação em ordem cronológica. Isso contribui na consistência
da indexação, que diz respeito às diferenças de julgamento sobre quais termos seriam os mais
adequados para o mesmo documento, pois devemos considerar que o resultado da indexação
provém da conjunção de vários componentes como a formação do indexador (bem como seus
conhecimentos sobre o assunto, o grau de profissionalismo e sua motivação, ou seja, diz
respeito ao próprio indexador), as características do documento indexado (diz respeito ao
objeto) e as condições que a indexação é realizada (diz respeito ao seu contexto).
A relevância na indexação, corresponde ao julgamento feito pelo usuário ao se
confrontar com o resultado da sua busca em um Sistema de Recuperação da Informação. As
medidas para a avaliação da recuperação de informação baseadas na relevância são a precisão
(os documentos relevantes recuperados divididos entre o total de documentos recuperados), a
revocação (os documentos relevantes recuperados divididos entre o total de documentos
relevantes) e a média da efetividade (média em pares de valores de exaustividade e
precisão/especificidade) (MARTÍNEZ MÉNDEZ, 2002 apud GIL-LEIVA, 2012).
Tanto a exaustividade quanto a especificidade dependem da Política de indexação
adotada na instituição. Esses dois fatores tem influência em todo o processo da recuperação da
informação e há uma ligação direta deles com as medidas de revocação e precisão. Segundo
Fujita (2012), a exaustividade na indexação está relacionada com a quantidade de conceitos que
caracterizam todo o conteúdo do documento, não necessariamente com o número de termos
atribuídos visto que um documento com menos termos pode ser mais exaustivo se for analisado
com um olhar mais superficial, enquanto que descritores relacionados ou sinônimos não
fornecem um maior grau de exaustividade em relação aos conceitos presentes no documento.
Quando recuperamos uma informação que não interessa ao usuário, resultante de uma busca,
chamamos de “ruído documentário”, já o “silêncio documentário” é a informação que interessa
ao usuário mas que não foi recuperada no sistema. Para determinar o grau de exaustividade,
usa-se o número total de documentos relevantes recuperados divididos pelo número total de
documentos relevantes na coleção.
A especificidade, segundo a norma ISO 5963-1985 (equivalente à NBR 12676:1992),
“tem a ver com a precisão com que um termo de indexação representa fielmente um conceito
39

particular que aparece no documento em análise” (GIL-LEIVA, 2012, p. 80) e seu padrão é
definido pela experiência dos indexadores e pelos termos definidos nas linguagens de
indexação, mas ambos devem estar pré-estabelecidos na política de indexação da instituição.
Para Van Slupe e Strehl (1991, 1998 apud DIAS; NAVES, 2007), diferentes
indexadores ou um mesmo indexador em momentos distintos podem perceber de forma
discordante o conteúdo do documento, a parte desse conteúdo que será suscetível de responder
realmente às necessidades dos usuários, os conceitos importantes que devem ser conservados
para representar este conteúdo e os termos definidos para representar esses conceitos. Contudo,
o bibliotecário/arquivista precisa buscar entendimento e meios para facilitar seu trabalho e
exercê-lo de forma mais impessoal que puder, como a leitura compreensiva do texto, a
dominação da política do sistema de informação (manual e linguagem documentária), conhecer
bem o usuário e suas demandas, ter o conhecimento profissional de metodologias de análise, e
o conhecimento da estrutura textual. É essencial para o indexador ter consciência dessas
variáveis, em separado, e de suas prováveis combinações (FUJITA, 2004). Com isso, vemos
que é imprescindível estabelecer uma política de indexação para a orientação da atividade do
indexador.
Sendo o propósito final da indexação possibilitar a recuperação do
documento/informação com precisão, os objetivos de uma política de indexação são difundir
as variáveis que irão afetar o desempenho do serviço e estabelecer princípios e critérios que
servirão de guia na tomada de decisões (CARNEIRO, 1985). Para Moen e Benardino (2003),
por exemplo, a política de indexação prescreve quais campos e subcampos devem ser
preenchidos em um registro no formato MARC 21. A política de indexação deve ser
estabelecida mesmo que possa ser uma tarefa demorada.
Segundo Cesarino (1985), a política de indexação só pode ser estabelecida depois de
observar aspectos no SRI, como as características do usuário (área de interesse, nível escolar,
formação profissional), o volume dos documentos a serem integrados ao sistema, as questões
propostas pelo usuário, a quantidade e qualidade dos recursos humanos envolvidos, os recursos
financeiros disponíveis, etc e, só a partir disso, o Sistema de Recuperação de Informação pode
definir suas características como: maior revocação ou precisão, estratégia de busca (delegada
ou não delegada), tempo de resposta, serviços e produtos oferecidos.
Lancaster (1968 apud RUBI, 2012; LANCASTER, 2004), denominou a política de
indexação de políticas de entrada de documento com o mesmo princípio de tratar sobre o
material indexado. O autor aponta a capacidade de revocação e precisão como a característica
mais importante do sistema de informação e a exaustividade como a decisão principal.
40

Para Carneiro (1985), os fatores importantes que devem ser considerados ao elaborar
uma política de indexação são:
▪ Objetivos da instituição, pois, levando em conta os objetivos, torna-se possível
identificar os assuntos e os tipos de documentos para a área, além de qual sistema de
indexação usar e os elementos que devem ser considerados
▪ Perfil dos usuários, em razão de ser fundamental a identificação dos usuários a
medida que a finalidade de um sistema de recuperação é fornecer as informações
conforme suas necessidades (daí a importância de um estudo da comunidade/usuários,
já que é por intermédio do estudo que conhecemos o que o SRI pode abranger quanto
aos assuntos e seus níveis, o núcleo do vocabulário, o tipo de resposta exigido pelo
sistema como revocação e precisão, o nível de exaustividade na indexação, o grau de
especificidade na linguagem etc)
▪ Recursos disponível (RH, financeiro e outros), dado que a limitação das despesas é
um fator extremamente relevante no planejamento de um sistema já que, quando há
limitações de recursos financeiros, devemos tomar medidas de economia como quanto
desenvolvimento x adaptação de uma linguagem, por exemplo. Os recursos materiais
influenciam quanto à disponibilidade de equipamentos na organização do sistema e na
linguagem de indexação como pré-coordenada ou pós-coordenada. A existência de
recursos humanos afeta o planejamento de um sistema pois escolhe-se fazer a
manutenção mínima ou como métodos de indexação semiautomáticos.
Para Fernandes e Prudencio (2015), os fatores que afetam a qualidade do sistema são:
▪ Missão da instituição e o perfil dos usuários
▪ Estrutura do sistema
▪ Qualidade e quantidade dos recursos humanos, materiais e financeiros
▪ Estratégias de busca
▪ Formatos de extração das informações recuperadas
▪ Procedimentos de avaliação da política de indexação.
Maria Augusta Carneiro (1985) estabeleceu os elementos que devem ser considerados
na elaboração de uma política de indexação da seguinte forma:
▪ Cobertura de assuntos
▪ Seleção e aquisição do material
▪ Processos de indexação (que trata dos níveis de exaustividade e especificidade
e a capacidade de revocação e precisão)
▪ Estratégia de busca
41

▪ Tempo de resposta do sistema


▪ Forma de saída
▪ Avaliação do sistema.
A cobertura de assuntos é identificada por meio do estudo de usuários que torna mais
clara as áreas que são necessárias um tratamento com profundidade e as que serão tratadas de
forma superficial. Para Lancaster (apud CARNEIRO, 1985), a seleção e aquisição do material,
a partir do desenvolvimento de coleções, há dois aspectos que estão relacionados com o
interesse dos usuários: a extensão da cobertura de assuntos do sistema e a qualidade dos
documentos incluídos no sistema. Além desses, outros aspectos são: o nível intelectual do
material e do usuário (sua adequação), o domínio da língua do material por parte dos usuários
e os recursos financeiros que determinam as propriedades na aquisição. O processo de
indexação é diretamente afetado por variáveis referentes aos níveis de exaustividade,
especificidade, além da capacidade de revocação e precisão do sistema. A estratégia de busca é
uma importante decisão a ser tomada pois a busca pode ser delegada, isto é, quando o usuário
deixa por conta do especialista a sua busca, ou pode ser não delegada, que é quando o usuário
tem contato direto com a base de dados para efetuar a pesquisa. O tempo de resposta do sistema
varia de acordo com a determinação relacionada a revocação e a precisão dado que quanto
maior a revocação, maior será a demora na resposta da recuperação e quanto maior a precisão
mais rápido será o resultado. A forma de saída diz respeito ao formato que terão os resultados
como: referências, resumo, textos completos etc. Por último, a avaliação do sistema que permite
um retorno sobre o trabalho realizado, pois determina até que ponto ele está satisfazendo as
necessidades dos usuários, quais são suas falhas e como estas podem ser corrigidas. Lancaster
(apud CARNEIRO, 1985) lista o que os estágios de um programa de avaliação do sistema deve
abranger: o que avaliar, planejar a avaliação, analisar e interpretar os resultados e fazer
melhorias no sistema (justamente a partir dos resultados).
Rubi (2012, p. 114) dá exemplos de como alguns princípios podem estar descritos na
política de indexação, como exemplos:
Especificidade: o cabeçalho designa um único assunto;
Síntese: o conteúdo expresso com a maior simplicidade possível;
Uso: não perder de vista o usuário, a coleção etc.
Linguístico: linguagem acessível e na ordem normal do idioma;
Uniformidade: para cada assunto haverá um cabeçalho uniforme, destacar os
casos de homonímia;
42

Economia: não determinar vários cabeçalhos de assunto a um único


documento. Em caso de biblioteca pública, determinar um assunto mais geral.
No que tange a política de indexação de fotografias, a dimensão expressiva, já
mencionada na seção anterior, corresponde à forma da imagem, representando os dados que
não são visíveis para o usuário, mas que se encontram implícitos na imagem e deve ser analisada
a partir dos componentes técnicos.
Segundo Lopes (2006), dentre os parâmetros da política de indexação de fotografias
podemos citar os relacionados a exaustividade, a especificidade, a consistência e a qualidade
da indexação. Em suma, a consistência da indexação diz respeito à extensão com que existe
concordância quanto aos termos usados. Os fatores que afetam a consistência são a quantidade
de termos atribuídos em cada documento, as características do conteúdo informacional e a
terminologia e outros fatores que dependem do indexador como ter conhecimento sobre o tema
a ser indexado, bem como das necessidades dos usuários etc. A qualidade da indexação depende
de alguns fatores que a afetam no processo de indexação como a interconsistência, que é a
medida de consistência de indexação entre dois indexadores ou mais, e a intraconsistência, que
é a consistência do indexador em relação a si mesmo em diferentes momentos do processo.

4.3 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO EM INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS: ALGUMAS


CONSIDERAÇÕES

Sendo um dos objetivos do presente trabalho mencionar as orientações de política de


indexação, buscamos fazer uma pesquisa sobre a política de indexação de algumas das maiores
instituições do mundo que lidam com acervos de documentos fotográficos.

4.3.1 Arquivo Nacional da Austrália

O acervo do Arquivo Nacional da Austrália (ANA) é o maior conjunto de registros da


história do país. Existem mais de 50 milhões de itens em 80.000 séries. São registros de quase
10.000 agências e pessoas.4
No ANA, os registros são organizados e disponibilizados no Commonwealth Records
Series System (CRS) que permite que os funcionários e usuários identifiquem, recuperem e

4
NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Welcome to the National Archives. Disponível em: <
http://naa.gov.au/about-us/index.aspx>. Acesso em: 5 nov. 2018
43

usem os documentos. Utilizam o manual do CRS que contém uma introdução sobre o sistema
e declarações sobre políticas e práticas descritivas.
O manual do CRS é dividido em duas partes compostas por capítulos, seções e
subseções. Sendo a primeira parte as instruções para uso do manual, a descrição da política e
uma introdução ao Sistema CRS e a segunda parte contém capítulos detalhando padrões
descritivos para cada nível do sistema.
Existem cinco elementos principais no Sistema CRS: organizações, agências, pessoas,
séries e itens. Os três primeiros elementos fornecem a proveniência (ou o contexto
administrativo) e os dois últimos, o contexto dos registros.

Figura 3 – Conteúdo do manual do sistema CRS do Arquivo Nacional da Austrália

Fonte: NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. The Commonwealth Record Series (CRS)


Manual. Disponível em: <https://recordsearch.naa.gov.au/manual/Common/Contents.htm>. Acesso
em: 5 nov. 2018.

Para os profissionais, o valor do sistema está no fato de que ele mantém informações
sobre séries separadas das informações sobre as agências ou pessoas que as criaram. Além
disso, registra o contexto administrativo de criação do documento por intermédio dos links entre
seus elementos mais importantes (entre os registros e sua proveniência).
Segundo o manual, saber qual órgão ou pessoa que produziu o documento, quando e por
que foi criado e quais outros registros se relacionam com ele ou foram criados na mesma
sequência, permite que os profissionais e usuários saibam sobre o gênero documental,
44

determinando a sua relevância para qualquer assunto e podendo decidir sua utilidade. Certas
informações podem não estar aparentes no registro em si, mas ser estabelecidas mediante os
documentos interligados.
O Sistema CRS se baseia na aplicação de dois princípios: 1) o respeito à proveniência,
que enfatiza a necessidade dos profissionais estabelecerem e documentarem o contexto
administrativo ou biográfico no qual os registros foram criados e mantidos e 2) o respeito pela
ordem original, que enfatiza a necessidade de manter registros na ordem de sua criação e
armazenamento.
Para o presente trabalho, é necessária uma atenção aos elementos de descrição, uma vez
que este item estabelece o padrão dos elementos e como aplicá-lo em um registro a partir do
manual. Os elementos automatizados descrevem vários elementos descritivos comuns em todos
os documentos. Nos elementos descritivos encontramos itens como extensão (medida física) e
dimensão do item, cabeçalho de assunto (termos), meio (características físicas) e localização.
45

Figura 4 – Controle e descrição de itens do Manual do Commonwealth Records


Series System

Fonte: NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. The Commonwealth Record Series (CRS)


Manual: item control and description. Disponível em:
<https://recordsearch.naa.gov.au/manual/Item/ItemIndex.htm>. Acesso em: 5 nov. 2018.

Todas as informações coletadas sobre os registros no CRS e sua proveniência são


descritas e podem ser recuperadas no RecordSearch (um banco de dados on-line que inclui os
46

registros do CRS mantidos no sistema de gerenciamento de acervos do Arquivo Nacional da


Austrália e é utilizado tanto para auxiliar os profissionais da informação quanto para buscas
pessoais dos usuários) para fins de gerenciamento e pesquisa. Não é esperado que a equipe
examine sistematicamente o índice de assuntos para encontrar termos relevantes para inserir
neste campo já que a intenção é permitir que informações extras sejam identificadas.
As pesquisas no RecordSearch podem ser iniciadas por palavras-chave (que são
apoiadas por um tesauro para ajudar com o controle singular e plural e fornece sinônimos para
aqueles que não estão familiarizados com a pesquisa), títulos e notas (pois o banco de dados
permite busca de texto livre), datas, números de controle de séries, agências e pessoas, local
(que normalmente indica o estado ou território em que o item está localizado) e outros. Em
muitos casos, a combinação de um título e palavras-chave será suficiente para descrever o item
sem ter que preparar uma nota descritiva.

Figura 5 – Pesquisa de itens no RecordSearch

Fonte: NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Basic search for items. Disponível em: <
https://recordsearch.naa.gov.au/SearchNRetrieve/Interface/SearchScreens/BasicSearch.aspx>. Acesso
em: 5 nov. 2018.

Não há validação de palavras-chave, portanto, se o CRS Thesaurus for insuficiente,


deve-se inserir palavras que ofereçam uma melhor compreensão. Não há limite definido para o
número de termos na indexação, mas o manual descreve como improvável que um item tenha
mais de dois ou três termos principais.
Na categoria de Nota descritiva do item, vemos a definição como sendo uma nota que
inclui informações significativas sobre o item, podendo indicar a existência de um documento
interessante ou incomum que não seria aparente a partir do título do item. Portanto, o objetivo
47

da nota é fornecer informações extras não indicadas no título, no qual uma breve apresentação
melhora significativamente a descrição e, consequentemente, a acessibilidade. É um atributo
opcional mas necessário.

Quadro 11 – Nota descritiva do item do Arquivo Nacional da Austrália: quatro subtítulos

Nota Conteúdo

Conteúdo informativo • Objeto ou objetivo do item


• Localização geográfica ou local
• Eventos ou atividades representadas
• Tipo de desenho
• Escala (se o item é um mapa)
• Nome do produtor
• Expansão de acrônimos e siglas
• Se o material de registro lida com/se refere a períodos
diferentes a partir do período em que foi criado e se são
significativos para identificação preliminar ou se são
necessários para completar uma imagem real do
conteúdo do item
• Descrição de aeronave (por exemplo: o item contém 5
fotografias de aeronaves F86 Saber)

Faixa de datas dos conteúdos • Cópias dos documentos com data anterior à data do
conteúdo
• Se houver diferenças significativas entre a data do
conteúdo do item e os assuntos mencionados no item
• Se as datas do assunto variarem consideravelmente a
partir da data de início da acumulação
• Data de quando as cópias foram feitas ou a data do
original a ser copiado onde eles diferem do intervalo de
datas do conteúdo formal

Quantidade de duplicação • Esta é uma medida de quanto de um item foi copiado


(este valor pode mudar onde a parte de um item não foi
liberada porque estava no período fechado)
• Espera-se que esta informação seja registrada em outro
lugar na Pesquisa de Registros.

Linguagem do material • Se todas as partes significativas de um item não


estiverem em inglês, uma referência ao idioma usado é
importante.
Fonte: elaborado pela autora

Entende-se que o manual analisado seja utilizado para todos os diversos suportes e
gêneros documentais no que diz respeito ao que o próprio indexador ou instituição considera
48

pertinente descrever já que a instituição não dispõe, ao menos não on-line, de um manual
específico para a indexação de documentos fotográficos.
O ANA ainda conta com o Australian Governments' Interactive Functions Thesaurus
(AGIFT),5 um tesauro voltado aos serviços governamentais. Está em sua terceira edição que foi
atualizada em 2013. Segundo o site da instituição, é um tesauro hierárquico de três níveis. O
primeiro nível são as 26 funções6 e trata da unidade mais ampla, o segundo nível trata das áreas
de serviço ou das tarefas realizadas dentro de cada função e o terceiro nível são os tópicos
abordados nas atividades. Os conceitos podem ser pesquisados em ordem alfabética.

4.3.2 Biblioteca do Congresso (EUA)

O catálogo de imagens da Biblioteca do Congresso (tradução de Library of Congress,


LC), o Prints and Photographs Online Catalog (PPOC), conta com mais de 14 milhões de itens
e há mais de 1,2 milhões de imagens digitalizadas. Alguns dos registros no PPOC também são
encontrados no catálogo geral da LC, mas o PPOC inclui registros adicionais, exibição direta
de imagens digitais e links para informações sobre direitos, obtenção de cópias e informações
básicas sobre as coleções representadas no catálogo.7
O objetivo da LC, segundo o site, é criar uma catalogação que seja o mais exata possível
em todos os aspectos mas os esforços concentram-se nos campos que ajudam os usuários a
localizar, identificar, selecionar e obter dados de catalogação. Para a instituição, não é utilizado
o termo “indexação”, somente “catalogação”.
O site disponibiliza ferramentas que os profissionais produziram no setor de Divisão de
Impressões e Fotografias que inclui documentos referentes à catalogação e descrição do acervo.

5
NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Australian Governments' Interactive Functions Thesaurus
(AGIFT). Disponível em: <https://data.naa.gov.au/def/agift/AGIFT.html>. Acesso em: 5 nov. 2018.
6
Apoio e Regulação Empresarial, Infraestrutura Civil, Comunicações, Serviços Comunitários, Assuntos Culturais,
Defesa, Educação e Treinamento, Emprego, Meio Ambiente, Gestão Financeira, Governança, Saúde, Imigração,
Assuntos Indígenas, Relações Internacionais, Administração de Justiça, Serviços Marítimos, Recursos Naturais,
Indústrias Primarias, Ciência, Segurança, Esporte e Recreação, Serviços Estatísticos, Turismo, Comércio e
Transporte.
7
LIBRARY OF CONGRESS. About PPOC. Disponível em: <www.loc.gov/pictures/about/>. Acesso em: 5
nov. 2018.
49

Figura 6 – Documentos referentes à catalogação e descrição do acervo pictórico da


Biblioteca do Congresso

Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. Cataloging & Digitizing Toolbox. Disponível em:


<https://www.loc.gov/rr/print/cataloging.html>. Acesso em: 7 nov. 2018.

A LC dispõe de vocabulários controlados para nome, assunto e gênero/forma que podem


ser encontrados no Virtual International Authorities File (VIAF), o Linked Data Service da LC,
Autoridades da LC, o Thesaurus for Graphic Materials (TGM), o Art & Architecture Thesaurus
(AAT) e o Ethnographic Thesaurus.
Segundo o site, os cabeçalhos de assuntos da LC talvez sejam a linguagem de indexação
de assuntos mais adotada no mundo. Acreditamos que este fato se dá por ser a única lista de
cabeçalhos de assuntos aceita como padrão mundial. A lista de cabeçalhos de assuntos vem
sendo publicado desde 1909 e está disponível no Classification Web (atualizado diariamente e
pago para ter acesso).
Segundo o site, a seleção de cerca de 50 catálogos é representativa e não exaustiva.
Abrange sites que enfatizam catálogos on-line e encontram ajudas para coleções ilustradas,
além dos bancos de dados que cobrem imagens históricas e documentárias em áreas gerais, em
vez daqueles que se concentram em um único tópico. A maioria dos catálogos tem mais de
1.000 registros e é predominantemente no idioma inglês e muitos incluem imagens digitais.
A LC disponibiliza um estudo sobre como selecionar pontos de acesso para fotografias.
O primeiro passo é descrever o tema, em seguida analisar o "de" ou o "sobre" a fotografia,
depois tentar delimitar três ou quatro cabeçalhos de assuntos e, posteriormente, considerar
categorias como pessoas (idade, sexo, ocupação, etnia, nome), construções e ambientes,
atividades e objetos.8
Os termos são selecionados utilizando o Thesaurus of Graphic Materials (TGM), que é
uma ferramenta para indexar materiais visuais por assunto e por gênero/formato. O tesauro

8
LIBRARY OF CONGRESS. Subject indexing with TGM: a case study in selecting access points for
photographs. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/tp/SubjectAccessHineCaseStudy.pdf>. Acesso: 9
nov. 2018.
50

inclui mais de 7.000 termos de assunto e 650 termos de gênero para indexar tipos de fotografias
e outras imagens.

Figura 7 – Introdução do Thesaurus of Graphic Materials da Biblioteca do Congresso

Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. Introduction to TGM I: table of contents. Disponível em:


<https://www.loc.gov/rr/print/tgm1/index.html>. Acesso em: 7 nov. 2018.
51

Na introdução do TGM, observamos que, nos cabeçalhos de assuntos e nas notas, o


profissional deve se ater a:
• ser específicos para um maior alcance do material (as imagens são “de”);
• transmitir o que as imagens são (as imagens são “sobre”);
• mencionar sujeitos predominantes, apontar temas incomuns, mesmo se
mostradas em uma única imagem entre muitas (para isso, fazer um registro de
item para fotos especiais);
• fornecer cabeçalhos de nomes, por exemplo, para edifícios individuais, pessoas,
eventos;
• incluir títulos genéricos, por exemplo, para tipos de edifícios ou ocupações
representadas;
• consultar instrumentos de pesquisa ou registros de item para um assunto mais
detalhado;
• contar com um dicionário de sinônimos para a orientação de grandes temas (por
exemplo, animais) ou para o assuntos específicos nas fotos (por exemplo,
pássaros), em vez de atribuir termos gerais.
A LC recomenda identificar elementos como o criador da coleção, a data de aquisição
e outras datas relevantes, a quantidade de documentos, o nome da coleção ou grupo, o conteúdo,
a fonte de aquisição, o local do armazenamento, o tipo de mídia, o nome dos fotógrafos, notas,
etc.
Sobre o nível de especificidade, no documento citado tem-se claro que a LC busca seguir
as convenções de indexação que geralmente determinam que o termo mais específico seja
atribuído ao material e que seja utilizado um termo mais amplo quando mais de três de seus
termos mais restritos forem cabeçalhos no registro do catálogo. Quanto ao nível de
exaustividade, a LC considera que nem sempre será necessário ou apropriado atribuir termos
de características físicas e de gênero uma vez que imagens com assuntos tópicos claros não
necessitam de um termo de gênero, por exemplo. Em outras palavras, o TGM não indica uma
indexação exaustiva e, embora não limite o número de termos, recomenda seletividade à
quantidade atribuída.
O TGM foi construído a partir de fontes de referência e manuais que foram revisados
para encontrar um vocabulário comum e determinar hierarquias de relacionamento. Alguns
termos e suas definições foram extraídos dos conhecimentos pessoais dos profissionais da
52

informação. Embora não haja nenhuma ordem específica para os subcampos, o seguinte padrão
é recomendado depois do termo principal: Subdivisão geral – Subdivisão geográfica –
Subdivisão da data. As subdivisões gerais mais usadas são a nacionalidade e presença de cor.
Esclarecendo sobre a sintaxe, os termos geralmente representam conceitos únicos e são
substantivos no plural com frases em linguagem natural. O tesauro sugere que todos os
homógrafos recebam um qualificador para distinguir aquelas palavras que têm a mesma
ortografia e significados diferentes.

4.3.3 Biblioteca Nacional da França

O Catálogo Geral da Biblioteca Nacional da França inclui mais de 13 milhões de


registros bibliográficos e quase 5 milhões de notas de autores (nomes de pessoas, comunidades
e outros), títulos de obras, de temas, etc.9
Para a Biblioteca Nacional da França (BNF), a política de indexação faz parte da política
de catalogação da instituição. Na política de indexação é conceituado o que é uma política de
indexação pois trata-se de um documento que descreve como o acesso é estabelecido. Isto é, é
um compilado de regras e boas práticas que auxiliam na indexação e sua importância se dá tanto
para os indexadores (para que possam manter a consistência da indexação) quanto para os
usuários (para terem ciência do tipo de indexação previsto para o tipo de documento
pesquisado).
No documento, tem-se clara a importância de conhecer as necessidades do usuário
seguindo o método definido pela International Federation of Library Associations and
Institutions - Library Reference Model (IFLA-LRM): encontrar, identificar, obter e explorar; e
para atender essas necessidades, seguem princípios como uma indexação estabelecida a partir
da construção de pontos de acesso necessários para cumprir as tarefas; uma indexação feita em
conjunto por meio do estabelecimento da bibliografia nacional e missões nacionais; uma
indexação descrevendo um recurso pela escolha dos pontos de acesso que se identificam com
o conteúdo mais relevante ou a direção principal. Via de regra, a indexação é baseada no
conteúdo geral e o número de pontos de acesso é limitado à três.

9
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Les contenus du catalogue. Disponível em:
<https://catalogue.bnf.fr/contenu-catalogue.do>. Acesso em: 5 nov. 2018.
53

A política de indexação da BNF foi publicada em 2018 e, assumindo o seu aspecto


transitório, provavelmente terá que ser revisada por volta de 2022. O Centre National
RAMEAU10 implementa um programa de revisão do vocabulário que funciona desde 2007.
Em geral, a BNF segue as regras de indexação definidas no Guide d’indexation
RAMEAU. Entretanto, foram desenvolvidos outros guias conforme foram sendo detectadas
necessidades mais específicas da instituição, como o L’indexation RAMEAU des documents
iconographiques. Especificamente sobre fotografias, explicita, por exemplo, que o assunto da
representação não deve ser seguido pela subdivisão da forma "Fotografias" informada no
padrão "Técnica da imagem".
Na indexação, a BNF parte do princípio de que há três fases: a análise documental, a
seleção de conceitos que expressam o conteúdo do documento e a tradução desses conceitos
em termos de linguagem documentária.
Quanto às regras da indexação, o profissional deve se ater à:
• Concisão: os títulos devem expressar o conteúdo essencial do documento de
forma mais precisa e abrangente possível, expressando uma única ideia por
tema/título.
• Objetividade: a indexação deve refletir o conteúdo do documento, não emitindo
juízo de valor. Além disso, nesse contexto, priorizam a especificidade.
• Coerência: as regras de construção de cabeçalhos de assunto devem ser seguidas
para garantir a coerência e consistência da indexação.
A BNF usa vários repositórios para indexar documentos e a linguagem de indexação
utilizada é o Répertoire d’Autorité Matière Encyclopédique et Alphabétique Unifié (RAMEAU)
que compila uma lista de autoridades oriundas dos cabeçalhos de assunto da Biblioteca do
Congresso. A vantagem é a possibilidade de enriquecimento da linguagem conforme são
detectadas as necessidades a partir de propostas feitas pelos próprios usuários, além de envolver
em torno de 300 instituições e organizações da França, Bélgica e Suíça. Termos que não estão
nas autoridades RAMEAU podem ser criados por via do que está proposto no Fichier National
des Propositions (FNPR) no site http://rameau.bnf.fr. Dessa forma, percebemos que o
vocabulário RAMEAU não está fechado, ao contrário, está se desenvolvendo de forma
dinâmica a partir dos documentos a serem indexados na catalogação atual mas o seu

10
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Le langage d’indexation RAMEAU. Disponível em: <
http://rameau.bnf.fr/informations/rameauenbref.htm>. Acesso em: 7 nov. 2018.
54

enriquecimento cabe às instituições que o adotam mediante propostas de terminologia, de modo


cooperativo de acordo com as necessidades de indexação.

Figura 8 – Indexação de assuntos: os benchmarks utilizados pela Biblioteca Nacional


da França

Fonte: BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Indexation sujet: les référentiels utilisés par
la BnF. Disponível em:
<www.bnf.fr/fr/professionnels/anx_catalogage_indexation/a.referentiels_sujet.html>. Acesso em: 7
nov. 2018.

No catálogo geral da BNF, uma parte significativa das coleções não é acessível pelo
critério "assunto" pois refere-se a documentos inscritos nas coleções da BNF até 1980. Essa
parte inclui, por exemplos, sujeitos "livres" que não correspondem a nenhum repositório; as
tipologias dos documentos iconográficos expressando, além do tema da representação indexada
em RAMEAU, o gênero, a forma, o tema dos cartazes, a estética da imagem; tipologias de
documentos cartográficos que expressam o tipo de documento, etc. O critério "assunto" na
pesquisa simples é uma pesquisa por palavra. Os critérios de pesquisa “tipologias” para
documentos audiovisuais são feitos a partir da tela de pesquisa especializada. A tela de pesquisa
55

de autoridades permite pesquisar documentos por assunto apenas dos repositórios RAMEAU e
BNF Authorities.
O vocabulário do RAMEAU abarca registros de autoridade (não só as da BNF como
autoridades de pessoas, governamentais, geográficas, marcas, etc), comunidades e títulos para
serem utilizados na indexação. Quanto à polissemia dos termos, há três métodos a fim de evitá-
la: adicionando um adjetivo, adicionando um qualificador entre parênteses ou usar o termo no
singular e plural.
A linguagem de RAMEAU está presente como uma linguagem pré-coordenada já que
permite a construção de cabeçalhos de assunto no momento da indexação obedecendo uma
sintaxe para expressar temas complexos. Além disso, a construção de títulos segue regras
precisas da sintaxe para garantir a consistência de indexação.
A sintaxe da linguagem RAMEAU consiste em: o elemento principal é colocado no
início da construção e as subdivisões são os elementos que são colocados após o termo principal
para esclarecer e complementar dando sentido. O título construído é resultante da combinação
entre o termo principal e os elementos complementares. A ordem normal das subdivisões depois
do termo principal é: Subdivisão do assunto – Subdivisão geográfica – Subdivisão cronológica
– Subdivisão da forma (indica a natureza ou o formato do documento). Exemplificando:
Mulheres – Emprego – França – Século 20 – Bibliografia.
A BNF conta com um banco de imagens fixas do Departamento de Reprodução. Para
refinar a busca por assunto, o usuário pode utilizar a busca de descritores do Thésaurus
iconographique de François Garnier. Estes descritores podem ser inseridos diretamente no
"descritor" ou é obtido a partir do dicionário de sinônimos que a árvore reproduz e pode ser
visualizada clicando em "ver a lista de descritores”. Além disso, estes descritores podem ser
combinados em até três com a ajuda de operadores booleanos. É usado, em particular, para
indexar imagens da base de dados Joconde (Catálogo de coleções de museus da França). Há
também o banco de dados Mandragore, que é o banco de dados iconográfico do Departamento
de Manuscritos.
Vale ressaltar o guia do catalogador que a BNF disponibiliza porque este estabelece os
princípios de catalogação e indexação aplicados pela instituição no catálogo geral e os produtos
resultantes deste catálogo, bem como em outros catálogos.
56

Figura 9 – Guia Prático do Catalogador da Biblioteca Nacional da França

Fonte: BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Guide pratique du catalogueur. Disponível


em: <http://guideducatalogueur.bnf.fr/abn/GPC.nsf/gpc_TdM?OpenForm>. Acesso em: 7 nov. 2018.

No Type de contenu et type de médiation, há um tópico sobre documentos gráficos com


instruções segundo o MARC 21. No L'indexation RAMEAU des ressources iconographiques é
exposto que os recursos iconográficos são indexados no registro bibliográfico ao tema da
imagem (o significante) e ao que é representado na imagem (o significado) e a escolha da
indexação é baseada na representação da imagem e/ou no título da imagem. Além disso,
segundo o site, diferentemente da indexação de outros tipos de recursos, a indexação de imagens
permite que você vá além da regra de três assuntos especificada na política de indexação da
instituição, pois ela se aplica aos dois tipos de recursos: expressão do tema da representação e
descrição da imagem.
57

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção foi estruturada para explicar os procedimentos metodológicos desenvolvidos,


a fim de atingir os objetivos propostos na pesquisa. Podemos sintetizar nas seguintes etapas:
• pesquisa bibliográfica: para fundamentar teoricamente o trabalho
• pesquisa de campo: para conhecimento prático de como a teoria é encarada no exercício
da profissão em uma instituição brasileira.

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica foi realizada em repositórios como a Base de dados Referencial


de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e Dissertações (BDTD), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Benancib
(Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação) com o intuito de mapear o que,
como e o quanto tem sido discutido sobre a política de indexação de fotografias.
Como o tema “política de indexação de fotografias” não é muito estudado e não há muita
produção a respeito, utilizamos como mecanismos de busca palavras-chave como “política de
indexação”, “imagem fotográfica”, “indexação de fotografias”, entre outras.
O resultado (Apêndice A) serviu como motivação para justificar a importância da
pesquisa realizada no presente trabalho. Dado que, fazendo um comparativo com as
informações obtidas na tabela, podemos observar que o número de trabalhos recuperados
referentes à indexação de imagens e, mais especificamente da fotografia, é escasso perto da
proporção que o estudo de imagens e da indexação (ainda que esta segunda de forma mais
tímida) tem, de forma geral.
A partir do embasamento teórico adquirido com a pesquisa bibliográfica, foi possível
realizar a pesquisa de campo que foi desempenhada a partir de uma entrevista semiestruturada,
como instrumento para a coleta de dados, com o objetivo de identificar a relação da instituição
com a política de indexação. A instituição analisada foi a Biblioteca Nacional localizada no Rio
de Janeiro e de grande importância devido ao grande volume de acervos iconográficos.

5.2 PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo, como mencionada anteriormente, foi realizada por meio da


entrevista semiestruturada (Apêndice B) e teve como objetivo identificar a aplicação de
58

princípios teóricos no que diz respeito à política de indexação de documentos fotográficos em


unidades de informação, no caso, a Fundação Biblioteca Nacional.

5.2.1 Fundação Biblioteca Nacional

O início do acervo da Fundação Biblioteca Nacional (BN) se deu com a chegada de D.


João VI e sua corte com cerca de 60 mil peças (livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas
e medalhas) ao Rio de Janeiro em 1808 mas a instituição surgiu em 27 de julho de 1810 por um
decreto.11
O atual prédio da biblioteca foi inaugurado em 12 de novembro de 1910. Pereira Passos
– arquiteto e engenheiro - assumiu a Prefeitura da cidade propiciando diversas modernizações
urbanísticas. Tudo o que Pereira Passos procurou fazer, foi transformar o Rio de Janeiro em
uma Paris tropical pois Paris era a moda de seu tempo e tudo o que viesse ou representasse a
cidade francesa era luxo. Isto é, o moderno na República era o progresso representado pela
França. Foi nesse contexto que começou a surgir construções como o Museu Nacional de Belas
Artes, Teatro Municipal, Palácio Monroe (já demolido) e a Biblioteca Nacional. Esta última é
considerada uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e a maior biblioteca da
América Latina pela UNESCO e está localizada na Av. Rio Branco, número 219.12

Figura 10 – Fachada da Biblioteca Nacional do Brasil

Fonte: FACHADA renovada da Biblioteca Nacional. Disponível em:


<https://bit.ly/2DbuNoV>. Acesso em: 12 out. 2018.

11
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Histórico. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>.
Acesso em: 12 out. 2018.
12 Ibidem.
59

O processo de automatização do catálogo começou a partir de 1983. Em 1996, a BN


adquiriu o próprio software de automação e em 2014 foi adquirido o software SophiA, que é o
utilizado atualmente.13
Para a elaboração do presente trabalho, foi feita uma pesquisa no Setor de Iconografia
da Biblioteca Nacional, que é o maior patrimônio de imagens do país. A iconografia tem como
princípio a documentação que privilegia as imagens mas não só as imagens pura e
simplesmente. As imagens desse setor são ligadas ao campo das artes, da arquitetura, dos
costumes do país e fora do país, de temas ligados ao audiovisual (cinema, televisão, teatro),
enfim, um universo ligado a arte e a cultura.
Em princípio, a sala de iconografia era organizada de acordo com as temáticas
geográficas. Então, ao adentrar no setor, vemos uma estante que trata só do Rio de Janeiro,
outra que é apenas de São Paulo, etc. Essa foi a base de início do setor. Entretanto, com o passar
do tempo e com o crescimento do volume das obras que chegavam na BN, a instituição teve
que começar a organizar o acervo de acordo com o tamanho das obras e essa organização
geográfica foi se perdendo. Vale considerar que, como grande parte das instituições que lidam
com a guarda e preservação de documentos, a estrutura da biblioteca está sofrendo com o
escasso espaço para armazenamento. Posto isso, podemos compreender que a digitalização vem
a contribuir não por haver intenção de descarte dos documentos, mas sim pela questão da
preservação pois, já que há uma carência de espaço, tem de se pensar em maneiras mais
adequadas de guardar esse material e também em uma forma que o torne menos consultado
fisicamente para que não sofra com a exposição. Por isso, o fluxo do documento termina com
a digitalização e o ideal é que todo o material seja inventariado, tratado tecnicamente,
higienizado e digitalizado.
Em 2006, criou-se a Biblioteca Nacional Digital (https://bndigital.bn.gov.br/) que
permite a integração de todas as coleções digitalizadas. Por isso, a orientação é que o usuário
faça a busca pela biblioteca digital pois, como há uma política de tornar todo o material, que já
está em domínio público, disponível digitalmente, é preferível que as pessoas consultem
primeiro esse catálogo para verificar as condições do item e, caso não consiga verificar, fazer
uso de outros catálogos como o catálogo geral da instituição. Na falta do documento procurado
também no catálogo geral (que é base integrada com todas as coleções), a biblioteca parte para
o fichário já que nem tudo foi digitalizado ou mesmo catalogado na base.14

13
COVA, Tatiana Paiva. Entrevista concedida à Marcelly Ramos Costa. Rio de Janeiro, 10 abr. 2018.
14
Ibidem.
60

A equipe da BN divide-se no processamento técnico pelos tipos de acervos que existem.


No Setor de Iconografia são guardados fotografias, desenhos, gravuras, efêmeros (material que
consideram que não corresponde a esse universo já que são materiais que deveriam ser
consumidos em um curto espaço de tempo como cardápios, rótulos, cartazes. Ou seja, tem uma
proposta de duração mais curta). Atualmente, há três profissionais responsáveis pelos
documentos fotográficos. Para dar seguimento ao trabalho de catalogação e indexação do
acervo, utilizam o Manual para indexação de documentos fotográficos da Biblioteca Nacional,
tendo sua última atualização em 1998.15
Para a pesquisa de campo, foi realizada uma entrevista com a historiadora Tatiana Paiva
Cova no intuito de conhecer a instituição de forma despretensiosa. Posteriormente, foi realizada
a entrevista semiestruturada com a bibliotecária Francisca Helena Martins Araújo.16
A equipe de profissionais que realizam o tratamento técnico do acervo no Setor de
Iconografia da BN atualmente é composta por 10 pessoas. No que diz respeito ao tratamento
técnico exclusivo de Documentos Fotográficos, trabalham a Eliana Bispo de Sant’ Ana
(Bibliotecária), Francisca Helena Martins Araújo (Bibliotecária) e Késiah Pinheiro Viana
(Bibliotecária). As profissionais não possuem capacitação ou treinamento específico em
indexação e contam com as informações disponíveis baseadas nos cabeçalhos de assunto da
própria instituição e dos profissionais que fazem a catalogação bibliográfica. Nesse sentido,
ocorre a troca de informação e aprendizado na prática.
A bibliotecária entrevistada, Francisca Helena, fez parte de um grupo técnico na década
de 1980 ao final de 1990 para a criação de um manual de catalogação para documentos
fotográficos da Funarte porque o Código de Catalogação Angloamericano (AACR²) enfocava
a descrição de material bibliográfico, como material convencional, mas sobre outros acervos a
literatura era escassa, como a fotografia propriamente dita. Segundo a bibliotecária, o AACR²
trata dos documentos de forma muito superficial. No capítulo 8 podemos encontrar sobre
material iconográfico - que inclui fotografia, gravura, desenho - mas não há nada muito
específico. Assim, justificou-se a necessidade de elaborar um manual.
Uma equipe - formada por um grupo ligado às instituições de documentos históricos
como a Biblioteca Nacional, Museu Histórico Nacional, Museu Imperial de Petrópolis,
Fundação Getúlio Vargas e a própria Fundação Nacional de Artes (Funarte) - se reuniu para a

15
ALVES, Mônica Carneiro; VALERIO, Sergio Apelian; PIGOZZO, Graziella de Castro. Manual para
indexação de documentos fotográficos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1998. (Documentos
técnicos, v. 4). Disponível no site para download.
16
ARAÚJO, Francisca Helena. Entrevista concedida à Marcelly Ramos Costa. Rio de Janeiro, 6 nov. 2018.
61

elaboração. A intenção era um manual específico para documento fotográfico já que o AACR²
era insuficiente no que diz respeito à descrição.
Francisca Helena participou exclusivamente do manual de catalogação e afirma que, a
partir desse manual, foi elaborado o manual de indexação (ALVES; VALÉRIO, 1998) que foi
feito por um outro grupo coordenado pela Mônica Alves. Atualmente, todos os profissionais
designados no tratamento técnico do setor fazem a catalogação e a indexação. Isto é, não há
uma divisão de tarefas. Nas palavras da bibliotecária: “a nossa política, com os critérios
utilizados na indexação, surgiu a partir do Manual, mas agora a Biblioteca Nacional está
adotando uma nova forma para poder, de acordo com a biblioteca digital, ter a uniformização
dos cabeçalhos de assuntos.”
O concepção de um manual para auxílio na indexação surgiu com o Projeto de
Preservação e Conservação do Acervo Fotográfico (Profoto) e tinha o objetivo de direcionar a
visão do indexador segundo o ponto de vista da instituição (ALVES; VALÉRIO, 1998). O
projeto para a elaboração dos manuais foi idealizado pela Funarte porque o Instituto Nacional
do Livro recebia muitas correspondências de outras instituições sobre como processar os
acervos fotográficos. Dessa forma, o Manual (ALVES; VALÉRIO, 1998) nasceu de um olhar
que partiu de uma instituição para subsidiar outras instituição pela necessidade de padronização.
Por isso, não foi realizado nenhum estudo de usuários ou do acervo fotográfico propriamente.
Francisca ainda deu ênfase na questão do perfil da instituição porque a indexação depende da
sua demanda e a BN trata de um acervo histórico, sendo assim, não há intenção de especificar
tanto.
Isto é, os profissionais procuram colocar do específico para o geral até um terceiro nível,
tendo o cuidado com a demanda dos usuários. Os documentos sobre o Brasil, por exemplo,
costumam ter maior ênfase na indexação, bem como a cidade do Rio de Janeiro que merece
mais atenção comparada às outras por ser mais procurada, ter mais visibilidade, etc.
Segundo o Manual (ALVES; VALÉRIO, 1998), ao analisar uma fotografia deve-se
partir das seguintes perguntas: Quem fotografou? Quando? Onde? O que e/ou quem foi
fotografado? E então, elaborar um resumo. São dos resumos que saem as palavras-chave que
serão transcritas a partir do vocabulário controlado.
62

Figura 11 – Conteúdo do manual para indexação de documentos fotográficos da


Biblioteca Nacional do Brasil

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Manual para indexação de documentos


fotográficos. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/producao/documentos/manual-
indexacao-documentos-fotograficos>. Acesso em: 5 nov. 2018.

Basicamente, o acervo é dividido em três grandes grupos: a coleção D. Thereza


Christina Maria (doadas por D. Pedro II, veem a necessidade de desdobrar nomes e o momento
histórico como assunto,, outras fotografias do século XIX (que consiste em um acervo
composto, principalmente, por vistas do Brasil, personalidades e acontecimentos históricos) e
fotografias do século XX (na qual os pontos principais são o fotógrafo e o gênero da fotografia
como retrato, vista panorâmica ou aérea, paisagem urbana ou rural, etc). No caso de uma
fotografia artística ou publicitária, há uma maior necessidade de interpretação a partir da análise
de conteúdo. No caso de uma fotografia jornalística, a ênfase é dada ao que se é retratado.
63

A instituição busca utilizar sistemas automatizados que permitam a recuperação de


termos em campos não padronizados. É descrito no Manual (ALVES; VALÉRIO, 1998) que
isso se dá a partir do campo "Resumo" porém é necessário sinalizar os termos nessa área. Para
fazer a indexação os assuntos principais que servirão à recuperação da fotografia são retirados
do resumo e/ou do título da imagem, procurando determinar um assunto geral (assunto tópico)
correspondente aos acidentes geográficos, entidades, eventos, edifícios etc., para que o
pesquisador tenha sempre a opção de selecionar o assunto num termo geral, caso não saiba o
nome certo do que procura (ALVES; VALERIO, 1998).
Além disso, para a utilização dos termos há regras no resumo como:
• procurar usar os termos utilizados na indexação;
• procurar não usar sinônimos ou termos eliminados na indexação;
• utilizar como descritores somente os termos que não foram considerados na área
de assunto mas são relevantes na recuperação da imagem;
• procurar desdobrar nomes pessoais, entidades ou áreas geográficas na área de
secundária e/ou de assunto;
• tentar estabelecer um vocabulário controlado, além dos termos do tesauro
utilizado para indexação.
Segundo Alves e Valerio (1998), a BN tem como base o Thesaurus for Graphic
Materials I (TGM I) e o LC Subject Headings (LCSH), porém os profissionais seguem uma
rotina de tradução dos termos. No que diz respeito à indexação por características físicas, a BN
utiliza o Thesaurus for Graphic Materials II: genre and phisical characteristic terms (TGM
II)17 para descrever os processos e formatos. Todos os citados são da Biblioteca do Congresso.
Quanto à indexação por gênero, utilizam as mesmas fontes usadas para a indexação por
características físicas.
Os aspectos de características físicas que são considerados são: o processo de produção
ou a técnica utilizada, estágio de produção ou versão, o equipamento utilizado e o formato.
Quanto ao gênero, as categorias podem ser: o método de projeção ou ponto de vista, propósito
do trabalho, características da época em que a imagem foi criada, ocasião da publicação e
métodos de representação ou temas.

17
O TGM I e o TGM II foram fundidos em 2007.
64

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, serão apresentados os resultados obtidos na entrevista feita à Francisca


Helena Martins Araújo, bibliotecária da Biblioteca Nacional, e comentários sobre. A partir da
visita técnica e da entrevista realizada no dia 5 de novembro de 2018 foi possível compreender
como a instituição encara a aplicação de uma política de indexação e, em especial, voltada para
documentos fotográficos.
As questões levantadas na entrevista foram divididas em três blocos, sendo o primeiro
(questões 1-2) referente à formação dos profissionais que atuam no setor de iconografia e foram
anteriormente mencionadas, o segundo bloco (questões 3-5) consiste em perguntas sobre a
indexação e o terceiro bloco (questões 6-15) foi para a coleta de informações sobre a política
de indexação propriamente dita.
Para melhor visualização, foram elaboradas em formas de quadros as questões de 6 à 15
e as respostas coletadas de forma mais resumida.

6. A instituição dispõe de uma política de indexação formal? Quais aspectos foram


levados em consideração para sua elaboração?
Biblioteca Sim. Consideramos o manual18 a política de indexação. O AACR², antes
Nacional utilizado, tratava dos documentos de forma muito superficial. Por isso,
resolvemos fazer um manual específico para documento fotográfico, que se
fazia necessário para a organização e padronização. Em suma, a nossa
política, com os critérios utilizados na indexação, surgiu a partir do manual.

Não mencionado os aspectos, mas com base na literatura da área, podemos identificar,
segundo Dias e Naves (2007, p. 83), que, na elaboração do manual, foram considerados
aspectos:
Lógicos: pois a lógica possibilita, através do raciocínio, o surgimento de proposições
através de símbolos
Cognitivos: pois determina a compreensão na análise da fotografia

18
ALVES, Mônica Carneiro; VALERIO, Sergio Apelian. Manual para indexação de documentos
fotográficos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1998. (Documentos técnicos, v. 4). Disponível em:
<https://www.bn.gov.br/sites/default/files/documentos/producao/manual/manual-indexacao-documentos-
fotograficos//manualindexacao_docs_fotograficos.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2018.
65

Linguísticos: nesse caso, o manual tenta minimizar os problemas criados a partir de


homonímias, sinonímias e recorre-se à lógica para tal resolução.

7. Se sim, foi realizado algum estudo de usuário e do acervo fotográfico para ajudar em
sua elaboração?
Biblioteca Não. O projeto para a elaboração dos manuais nasceu da necessidade de
Nacional padronização. Além de estar relacionado ao perfil da biblioteca, porque a
indexação depende da demanda de cada instituição.

Um dos papéis do bibliotecário é conhecer as necessidades de seu usuário e, para isso,


são utilizados procedimentos, sendo um deles o estudo de usuários. Entretanto, a Biblioteca
Nacional tem como uma das missões servir de repositório documental de um acervo histórico
com o intuito de preservar a memória do país. Diante disso, os pontos à se considerar: a
organização do acervo fotográfico, antes do manual de indexação se dava de forma superficial
com o intuito de identificação do material (a partir do projeto, deu-se continuidade ao trabalho
de forma mais atenta conforme às diretrizes); apesar da elaboração do manual ter sido
coordenada por uma bibliotecária, o projeto surgiu com a visão de um profissional de outra área
tendo, portanto, o objetivo de padronização e organização, não necessariamente havia uma
preocupação com a recuperação de informação por parte do usuário; além disso, para a
entrevistada, seria pouco prático um estudo de usuários em uma instituição dessa proporção
pela falta de recursos (questão 9) que se perpetua até os dias atuais e pelo público heterogêneo.
Segundo Dias e Naves (2007), a criação de manuais de indexação deve conter princípios
e critérios que sirvam de guia na tomada de decisão. Fujita e Gil-Leiva (2010) esclarecem que
a política de indexação não deve ser vista como uma lista de procedimentos a seguir, mas como
uma filosofia que reflita os interesses e objetivos da unidade de informação. Assim, entendemos
que a elaboração do manual foi adequada à realidade da instituição na sua época.

8. O(s) funcionários dispõem de um manual de procedimentos referentes às


recomendações de política de indexação para a indexação/catalogação de fotografias?
Biblioteca Sim.
Nacional

No início da entrevista, no primeiro bloco de perguntas (questões 1-2) referente à


formação dos profissionais que atuam no setor de iconografia, foi mencionado que os
66

funcionários não possuíam nenhuma experiência com indexação anteriormente e também não
foi/é oferecida nenhuma capacitação ou treinamento para tal prática. De modo que, ao ingressar
na instituição, aprendem de forma empírica e a partir de conselhos de outros funcionários.
Segundo Fernandes e Prudêncio (2015), os critérios informais podem surgir da prática
de indexação, mas, posteriormente, devem ser incorporados ao manual de indexação. Posto
isso, apontamos a necessidade de atualização do manual, pois o mesmo é de 1998 e, desde
então, não houve nenhuma atualização. Tanto a bibliotecária Francisca quanto a historiadora
Tatiana afirmaram sentir o manual um pouco defasado se comparado às evoluções que as
tecnologias e os estudos proporcionaram à Biblioteconomia e à Documentação.

9. Qual(is) fator(es) administrativo(s) ou de gestão você considera mais influente(s) na


política de indexação da instituição?
Recursos financeiros ( )
Recursos humanos ( )
Recursos materiais ( )
Recursos tecnológicos ( )
Biblioteca Todos juntos. Não tem como ser uma coisa ou outra. Tudo isso está
Nacional interligado e depende uma da outra.

Verificamos que a BN sofre desde a falta de recursos financeiros até a ausência de


recursos tecnológicos. Apesar de considerar todos extremamente relevantes no contexto da
Biblioteca Nacional, um dos pontos dado maior destaque pela bibliotecária ao longo da
entrevista foi a falta de profissionais no setor, pois considera a equipe de profissionais com um
número ínfimo quando comparado à quantidade de material a ser processado e a de serviços
prestados.

10. Os princípios de indexação (especificidade e exaustividade) e recuperação da


informação (revocação e precisão) são definidos pela instituição? Estão inseridos na
política de indexação?
Biblioteca Sim. Está tudo de acordo com os manuais e tesauros que já foram
Nacional mencionados.
11. Sobre o aspecto da exaustividade, existe orientação sobre o número médio de
termos/assuntos que devem ser atribuídos às fotografias?
67

Biblioteca Sim. Procuramos colocar do específico para o geral até um terceiro nível,
Nacional tendo o cuidado com a demanda. Por exemplo: os documentos sobre o
Brasil costumam ter mais ênfase na indexação.

A entrevistada, ao citar a questão do perfil da instituição (Questão 7), deixa em evidência


também que os princípios da indexação dependem da demanda da instituição e do usuário.
Sendo a BN uma instituição que trata de acervos fotográficos históricos não se pode especificar
tanto a indexação. Quanto à exaustividade, no manual não foi identificado nada que explicitasse
sobre a exaustividade da indexação na instituição, entretanto, como podemos constatar, a
bibliotecária afirmou que tornou-se padrão a inserção de um cabeçalho de assunto/descritores
limitado à três níveis. Sendo de forma objetiva de acordo com o princípio da precisão.

12. A indexação realizada se configura como intelectual ou automática (ou


semiautomática)?
Biblioteca Intelectual.
Nacional

A indexação é entendida como intelectual já que os profissionais partem de esforços


híbridos (humano-máquina), de acordo com a demanda da BN e dos cabeçalhos de assuntos
padronizados em tesauros, etc.

13. No processo de indexação é utilizado algum software ou sistema informatizado?


Existe alguma ajuda automática ou recurso para facilitar a operação?
Biblioteca Sim. Utilizamos o sistema SophiA que foi adotado há uns 5 anos pela
Nacional instituição. Ele ajuda na busca e na descrição. É um sistema unificado para
todos os acervos. Para além disso, não utilizamos outro.

O processo de automatização do catálogo começou a partir de 1983, mas foi em 2014


que a BN adquiriu o SophiA, próprio software de automação. Ele foi pensado para a gestão de
acervos de bibliotecas, museus e escolas e foi desenvolvido pela Prima. Por hospedar o tesauro
da BN, possibilita a recuperação de um vocabulário controlado auxiliando na busca de termos
para a descrição do documento.
68

14. Há controle de vocabulário na representação das fotografias?


Biblioteca Sim. A lista de cabeçalhos e assuntos e o tesauro da Biblioteca do
Nacional Congresso.

Ao inserir os termos no documento, devem estar em conformidade com os que existe na


lista de cabeçalhos de assunto da Biblioteca do Congresso. Caso haja a necessidade de inserir
um assunto específico que lá não seja tratado, o profissional cria um registro para que,
posteriormente, os bibliotecários que fazem o controle terminológico – localizados em outro
setor - valide o termo. Este pode ser de assuntos gerais, assuntos geográficos ou subdivisões de
assunto.

15. Descreva a rotina (ou etapas) para a indexação das fotografias.


Biblioteca Quando analisamos um documento fotográfico, procuramos identificar
Nacional quatro elementos: quem fotografou? O que fotografou? Onde fotografou?
Como fotografou? A partir daí, atribuímos título quando não possui no
documento ou verificamos o título já identificado no suporte, abordando o
tema, o formato padrão e os processos fotográficos.

Analisando a resposta com base no Quadro 10, vemos a semelhante às categorias de


Smit (1997): Quem? O que? Onde? Quando? Como?. Quanto ao conteúdo informacional (de e
sobre) de Shatford (1986 apud Manini, 2007), a BN tende à ir de encontro ao “de” específico,
e quanto à dimensão expressiva, dentro os 8 recursos técnicos identificados pela autora, os mais
comuns na indexação da BN são Posição de câmera e Composição.
A fala da entrevistada também remete ao que o Kossoy (1993; 2009) entende sobre
análise e interpretação de fotografias uma vez que o autor analisa a imagem fotográfica a partir
de duas realidades: interpretação iconológica e análise iconográfica. É nesse contexto que são
sugeridas duas linhas de análise multidisciplinar:
• identificar os elementos constitutivos da imagem como assunto, tecnologia e
fotógrafo e suas coordenadas de situação que são o espaço e tempo.
• identificar os detalhes icônicos do conteúdo.
Com base nisso, também podemos relacionar o “quem” ao “fotógrafo”, o “o que” ao
“assunto”, o “como” a “tecnologia” e o “onde” ao “espaço”.
69

Caso as perguntas não tenham abordado alguma questão que lhe pareça relevante, sinta-
se à vontade para comentar os itens.
Biblioteca Na divisão de iconografia há acervos especializados na parte de imagens
Nacional como livros voltados para o assunto dentro da iconografia, processados no
terceiro andar e encaminhados para o setor para a localização. Tecnicamente,
o setor cuida de gravuras, documentos fotográficos, desenhos, efêmeros.
Focando nos documentos fotográficos, eu comentei tudo como é feito
tentando se adequar aos questionamentos.
70

7 CONCLUSÃO

Com a popularização da imagem, a fotografia passou a ser utilizada como fonte de


informação em diversas áreas e, justamente por isso, ocorreu o que chamamos de massificação
da imagem. Com o intuito de dar conta do volume informacional que cresce de forma
desenfreada nos acervos, criando-se acervos de imagens, torna-se necessário uma descrição e
representação dos documentos - física e temática. Para essa descrição e representação ser
coerente e eficaz, tem-se a necessidade de delimitar um padrão.
A política de indexação direciona a visão do indexador, tornando possível a
padronização necessária para a representação dos documentos, além de justificar os critérios
estabelecidos para tal. Posto isso, entendemos que esse padrão ou uniformização só é possível
quando os critérios estão descritos em um documento oficial da instituição, caso contrário os
critérios são definido pela experiência dos indexadores e suas visões de mundo e não de acordo
com a instituição, causando inconsistência na indexação.
Posto isso, o objetivo geral desse trabalho foi atingido ao tentar trazer para discussão os
princípios teóricos que devem ser considerados nas políticas de indexação e sua aplicação em
documentos fotográficos. Quanto aos objetivos específicos, foi realizada a pesquisa
bibliográfica nas bases de dados da área no intuito de mapear a literatura sobre política de
indexação de fotografias. A partir disso, identificamos o processo de representação temática de
imagens fotográficas na literatura, buscamos mencionar as orientações de política de indexação,
analisamos os manuais de indexação de fotografias de instituições estrangeiras e principalmente
o da Fundação Biblioteca Nacional que fez parte da pesquisa no campo empírico onde, para o
trabalho ser efetivado, foi realizada entrevistas na instituição.
Enfim, as informações coletadas na análise da fotografia para a entrada de dados no
sistema SophiA são referentes ao
▪ controle (localização);
▪ entrada principal (autor);
▪ área do título, local, data, evento e indicação de responsabilidade;
▪ área da edição;
▪ área da data de produção, publicação e/ou distribuição do item;
▪ área de descrição física (quantidade, formato, coloração, dimensão etc);
▪ área da série (título, número da parte, número/nome da parte, número do volume,
seção da série);
71

▪ área de notas (arranjo e notas gerais, informações sobre negativos, título, estúdio,
atribuições, indicação de responsabilidade, dimensões do suporte, conteúdo,
local, data, resumo, restrições, biografias ou informações históricas,
proveniência, estado de conservação, outras informações sobre descrição física,
etc);
▪ área de assuntos (nome pessoa/entidade coletiva, evento, assunto tópico, nome
geográfico, termos do TGM da LC, numeração, título, data, subcabeçalhos,
autor, subdivisão geral, subdivisão cronológica, subdivisão geográfica);
▪ área das entradas secundárias (nome pessoal/entidade, evento, título adicional,
item no todo, numeração, local, data, idioma, pesquisador e data, catalogador e
data, indexador e data, revisor e data);
▪ registro patrimonial
Nunca perdendo de vista que a catalogação e a indexação caminham juntas na instituição
onde o profissional realiza todas as tarefas referentes ao processamento técnico da fotografia.
Podemos concluir que a elaboração de uma política de indexação deve ir de acordo com
os fatores que Carneiro (1985) apresentou serem necessários considerar: objetivos da
instituição, perfil dos usuários e recursos disponível. Levando em conta que uma das missões
da Biblioteca Nacional é atuar como centro referencial de informações bibliográficas e
documentais, existem perfis diversificados de usuários. Quanto aos recursos, vemos a carência
da instituição em todos os aspectos: financeiros, humanos, materiais e tecnológicos. E, apesar
de ser considerado defasado para os dias de hoje, quando foi elaborado, o manual cumpria com
o seu propósito de acordo com os objetivos da instituição e suas condições.
72

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76

APÊNDICE A – Resultado da pesquisa bibliográfica

Bases
BRAPCI BDTD Scielo Scielo BR BENANCIB TOTAL
Termos

Política de Indexação 14 9 6 3 17 49

Política de indexação de 0 0 0 0 0 0
fotografia / política de
indexação + fotografia

Imagem 100 3557 3852 1309 1152 9970

Imagens 53 2052 3111 375 888 6479

Imagem fotográfica 3 15 48 4 0 70

Indexação 100 541 192 61 1085 1979

Indexação de imagens 5 4 3 0 9 21

Indexação de 0 2 2 1 5 10
fotografias

Acervo fotográfico 7 15 15 1 23 61

Análise conceitual 6 * 65 8 10 89

Representação 6 * 3 1 42 52
documentária

Indexação de filmes 2 * 1 1** 1 5

Imagem em movimento 0 * 8 20 28

*Não foi possível buscar os últimos termos acrescentados na base: HTTP ERROR 500
**Indexação de filmes de ficção
77

APÊNDICE B – Roteiro da entrevista

Este roteiro de entrevista é parte do trabalho de conclusão de curso que está sendo desenvolvido
por Marcelly Ramos Costa, na graduação de Biblioteconomia e Documentação da Universidade
Federal Fluminense (UFF), sob a orientação da Profª dra. Rosa Inês de Novais Cordeiro (UFF).
O objetivo da pesquisa é investigar as práticas institucionais relacionadas à Política de
Indexação de fotografias em Unidades de Informação.

Identificação

Entrevistado:________________________________________________________
Formação:__________________________________________________________
Nome da unidade de informação:________________________________________
Endereço/tel./email:__________________________________________________
Data de realização da entrevista:________________________________________

Entrevista

1. Quantos profissionais atuam nas tarefas de indexação no setor de iconografia? Quais


são as experiências de trabalho dos profissionais no âmbito da indexação? Possuem
alguma capacitação ou treinamento específico em indexação?

2. O(s) profissional(ais) que atua(m) no processamento de fotografias realiza(m) a


indexação a partir de quais critérios?

3. Qual é a abordagem de indexação de fotografias que é realizada na instituição?


a) Indexação centrada no usuário ( )
b) Indexação centrada no documento ( )
c) Indexação baseada no domínio do conhecimento que inclui o usuário, o indexador e a
instituição ( )
d) Outra: Especificar:_____________________________________________

4. Quais instrumentos de descrição (Nobrade, AACR2, etc) são utilizados?

5. A instituição segue alguma norma de indexação?

6. A instituição dispõe de uma política de indexação formal? Quais aspectos foram levados
em consideração para sua elaboração?

7. Se sim, foi realizado algum estudo de usuário e do acervo fotográfico para ajudar em
sua elaboração?

8. O(s) funcionários dispõem de um manual de procedimentos referentes às


recomendações de política de indexação para a indexação/catalogação de fotografias?

9. Qual(is) fator(es) administrativo(s) ou de gestão você considera mais influente(s) na


política de indexação da instituição?

Recursos financeiros ( )
Recursos humanos ( )
78

Recursos materiais ( )
Recursos tecnológicos ( )

10. Os princípios de indexação (especificidade e exaustividade) e recuperação da


informação (revocação e precisão) são definidos pela instituição? Estão inseridos na
política de indexação?

11. Sobre o aspecto da exaustividade, existe orientação sobre o número médio de


termos/assuntos que devem ser atribuídos às fotografias?

12. A indexação realizada se configura como intelectual ou automática (ou


semiautomática)?

13. No processo de indexação é utilizado algum software ou sistema informatizado? Existe


alguma ajuda automática ou recurso para facilitar a operação?

14. Há controle de vocabulário na representação das fotografias?

15. Descreva a rotina (ou etapas) para a indexação das fotografias.

Caso as perguntas não tenham abordado alguma questão que lhe pareça relevante, sinta-
se à vontade para comentar os itens.
79

APÊNDICE C – Imagens dos instrumentos utilizados pela Biblioteca Nacional na


descrição dos documentos fotográficos

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