Politica de Indexação de Fotografias
Politica de Indexação de Fotografias
Politica de Indexação de Fotografias
Niterói
2018
MARCELLY RAMOS COSTA
Orientadora:
Profª. Drª. Rosa Inês de Novais Cordeiro
Niterói
2018
C837 Costa, Marcelly Ramos
Política de indexação de fotografias / Marcelly Ramos Costa. – Niterói, 2018.
78 f.
Orientadora: Rosa Inês de Novais Cordeiro
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profª. Drª. Rosa Inês de Novais Cordeiro (Orientadora)
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________________________
Prof. Me. Marcia Jurkiewicz Bossy – (Membro Titular)
Universidade Federal Fluminense
___________________________________________________________
Profª. Drª. Sandra Lucia Rebel Gomes – (Membro Titular)
Universidade Federal Fluminense
NITERÓI
2018
AGRADECIMENTOS
Cristian Brayner
RESUMO
A study that addresses the photography indexing policy, based on a bibliographical search
considering librarianship and information science Brazilian literature. The aim is to understand
the photography indexing policy principles and analyze how they are applied in the
photographic documents from the National Library Foundation (Fundação Biblioteca
Nacional). To do so, it presents photograph analysis as sources of information and also the
indexing process for their representation and restoration. The indexing policy guidelines which
are seen in the literature and memory institutions are also properly mentioned.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 15
3 A FOTOGRAFIA ................................................................................................................ 17
3.1 FOTOGRAFIA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO ...................................................... 17
3.2 ANÁLISES DA FOTOGRAFIA ........................................................................................ 20
4 A INDEXAÇÃO ................................................................................................................... 32
4.1 ETAPAS E PROCESSOS DA INDEXAÇÃO ................................................................... 33
4.2 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO ........................................................................................... 37
4.3 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO EM INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................. 42
4.3.1 Arquivo Nacional da Austrália..................................................................................... 42
4.3.2 Biblioteca do Congresso (EUA) .................................................................................... 48
4.3.3 Biblioteca Nacional da França ..................................................................................... 52
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 57
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 57
5.2 PESQUISA DE CAMPO ................................................................................................... 57
5.2.1 Fundação Biblioteca Nacional ...................................................................................... 58
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 64
7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72
APÊNDICE A – Resultado da pesquisa bibliográfica......................................................... 76
APÊNDICE B – Roteiro da entrevista .................................................................................. 77
APÊNDICE C – Imagens dos instrumentos utilizados pela Biblioteca Nacional para a
descrição dos documentos fotográficos ................................................................................. 79
13
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Lancaster (2004) e Chaumier (1986) também abordam a indexação dividindo-a em duas etapas
- ainda que com expressões distintas -, sendo a primeira, a análise de conceitual, que é feita a
partir da leitura documentária. Dias e Naves (2007) e Cesarino (1981) foram utilizados para
aprofundar a discussão sobre análise de assunto.
Os pontos versados são importantes para compreender a necessidade de uma política de
indexação nas instituições. O livro de Gil-Leiva e Fujita (2012) foi utilizado como livro base
para a discussão uma vez que tem a visão da política de indexação como um conjunto de
decisões a serem tomadas com a intenção de esclarecer os interesses e os objetivos do sistema
de informação da instituição, especialmente os trabalhos de Fujita, Gil-Leiva e Rubi
encontrados logo nos primeiros capítulos do livro. Carneiro (1985) teve contribuição
fundamental para o estudo na medida que considera sendo os objetivos da política de indexação
definir as variáveis que irão afetar o desempenho do serviço e estabelecer princípios e critérios
que servirão de guia para a tomada de decisão. Outros autores foram utilizados como
contribuição para a discussão sobre política de indexação como Nunes (2004), Rubi (2012) e
Fernandes e Prudencio (2015).
Se tratando especificamente de política de indexação de fotografias, foi localizado
somente o trabalho de Lopes (2006) que é um capítulo inserido no livro “Alfabetização digital
e acesso ao conhecimento”.
17
a imagem permite o acesso aos fatos e, seja qual for a sua finalidade, guarda um registro. Essa
informação registrada em um suporte de papel (fotografia analógica) ou eletrônico (fotografia
digital), registra um instante do passado e do presente de nossas vidas, constituindo a construção
da história, da cultura e da educação de uma sociedade (BOCCATO; FUJITA, 2006).
Posto isso, entendemos que a importância da fotografia se dá pelo seu poder
informativo, uma vez que as imagens podem apresentar conteúdos relevantes para a obtenção
de conhecimento. Para Kossoy (2009, p. 33, grifo nosso), “a imagem fotográfica fornece
provas, indícios, funciona sempre como documento iconográfico acerca de uma dada realidade.
Trata-se de um testemunho que contém evidências sobre algo”. Até mesmo uma imagem
adulterada tem grande valor no seu contexto, pois diz muito, por exemplo, sobre o que o
fotógrafo queria representar naquele momento, o que ele queria passar para o observador ou
provar de acordo com o seu interesse. Segundo Mauad (1996, p. 15), não importa se a imagem
mente; o importante é saber porque mentiu e como mentiu. De acordo com Kossoy (1993), a
manipulação tem sido possível justamente em função da mencionada credibilidade atribuída às
imagens, especialmente para as massas. Por isso, é importante se atentar ao olhar do fotógrafo
já que o olhar deste demonstra a influência na mensagem que será transmitida por aquela
imagem e a própria atitude do fotógrafo diante da realidade, seu estado de espírito e sua
ideologia que acabam transparecendo em suas imagens (KOSSOY, 2001).
Kossoy (1993) fornece alguns exemplos de manipulação da história pela imagem como
a visão romanceada que era comum fazerem do cotidiano do negro no Brasil, transparecendo
ao espectador a noção de tranquilidade e contribuindo com a aparência idealizada de país
tropical. Um outro exemplo que o autor ilustra é sobre o fotógrafo Christiano Júnior que
retratava os negros, escravos ou alforriados fora de seu cotidiano, criando gestos, acrescentando
objetos e inserindo homens e mulheres em cenários fictícios.
Para Sorlin (1994, p. 11),
a imagem não é digna de crédito, ela é mentirosa e, devemos admiti-lo
‘enganosa’. Todavia, a imagem é fonte histórica, e quando falo em fonte,
quero dar a esta palavra seu sentido mais profundo, não de fonte para o
historiador, e sim de fonte da própria história. Hoje em dia, a história que
vivemos é condicionada pela imagem.
De acordo com Kossoy (2001, p. 50),
toda fotografia é um testemunho segundo um filtro cultural, ao mesmo tempo
que é uma criação a partir de um visível fotográfico. Toda fotografia
representa o testemunho de uma criação. Por outro lado, ela representará
sempre a criação de um testemunho.
Kossoy (2001, p. 32) ainda afirma que com as imagens, temos a possibilidade de
investigação e descoberta que nos dá frutos na medida em que se tenta sistematizar suas
19
É oportuna a fala de Sorlin (1994) quando afirma que a fotografia não passa de um
reflexo, tal como nossa imagem no espelho. Entretanto, a imagem que vemos refletida no
espelho nada tem a ver conosco e complementa se apropriando do conceito de solipsismo, uma
doutrina filosófica no qual afirma que o que existe somos nós e nossas experiências. Uma
imagem é algo que se assemelha a outra coisa. Se ela se assemelha/parece, é porque não é,
sendo percebida como representação (JOLY, 2012). Dessa forma, Villafãne e Mínguez (2002)
afirmam que a imagem sempre nos remete à algo que está fora dela.
Segundo Burke (2004), o método de leitura da linguagem das formas, de Giovanni
Morelli, tinha o objetivo de identificar a autoria das obras de artes a partir de um exame
cuidadoso de detalhes que comumente seriam negligenciados por serem menos perceptíveis.
Em suas análises, Burke (2004) se baseia nesse método que pode ser visto como um método
aprimorado por Aby Warburg. A análise de detalhes, a partir da interpretação das imagens,
tornou-se conhecida como iconografia.
Aby Warburg, com Erwin Panofsky, eram membros do grupo de Hamburgo. Tal grupo
era de interessados em literatura, história e filosofia. Depois de 1933 (ascensão de Hitler ao
poder), Panofsky foi para os Estados Unidos. Outros membros do grupo foram para a Inglaterra,
onde foi mais divulgado o conhecimento sobre o método iconográfico, principalmente a partir
do ensaio de Panofsky, em 1939, sobre os três níveis de interpretação baseados nos três níveis
literários de Friedrich Ast, pioneiro na arte de interpretação de textos. Panofsky e seus colegas
aplicaram o método para as obras de arte, uma tradição alemã de interpretação, e esse método
se expandiu para outros tipos de documentos como fotografias e filmes. Logo, Aby Warburg
fundou a iconologia, mas foi Panofsky o seu grande difusor. Por isso, considera-se que
Panofsky teve uma grande contribuição no desenvolvimento teórico na análise de imagens
(BURKE, 2004).
Os níveis estabelecidos por Panofsky (1986, p. 47-65) podem ajudar a nortear a
discussão sobre a análise de imagem. Resumindo o seu método, o autor detalha três níveis:
1) Tema primário ou natural: requer a descrição pré-iconográfica (objetos e ações
representados pela imagem) como cores, linhas e volumes; materiais
identificados com as formas animadas ou inanimadas e percepção de alguns
modos de expressão;
2) Tema secundário ou convencional: utiliza a análise iconográfica (determinação
do significado da imagem a partir dos elementos componentes detectados pela
21
1
Havia a linguagem de leques que permitia que as mulheres transmitissem seus sentimentos e desejos se
comportando discretamente. No exemplo, tal gesto queria dizer “eu amo você”.
23
(GURAN, 2002, p. 105). Quanto a coloração, esta possibilita a introdução de razões ideológicas
visto que permite a inserção de “elementos dramáticos” na programação visual. Outro aspecto
da fotografia colorida é que devemos considerar seu comprometimento com a memória visual,
já que as fotografias que vão para um arquivo físico tem uma vida mais curta que a chamada
p&b (preta-e-branca).
Burke (2004) evidencia a necessidade das imagens serem inseridas em uma série de
contextos: cultural, político, material, entre outros. Quanto ao contexto arquivístico, Mariz e
Cordeiro (2018) usam a definição do Thomassen (2006) que exprime como sendo os fatores
ambientais que determinam como o documento foi gerado, estruturado, administrado e
interpretado e são diferenciados como contexto de proveniência, contexto administrativo e
contexto de uso. Baseadas em Lopez (2009), as autoras afirmam que muitas vezes, o único
elemento capaz de direcionar a correta significação para um documento é o contexto.
Barthes (1990) separa em seis os principais processos de conotação da imagem
fotográfica, isto é, os procedimentos que impõem sentido na imagem captada e que devem ser
considerados na análise da fotografia. A truncagem, que nada mais é que a união de uma
imagem à outra (montagem) cujo interesse é que ela intervenha no próprio interior do plano de
denotação. A pose que prepara a leitura dos significados de conotação uma vez que a fotografia
não é evidentemente significante senão porque existe uma reserva de atitudes estereotipadas
que constituem elementos feitos de significação. Já os objetos induzem à associações de ideias
ou são efetivamente verdadeiros símbolos. A fotogenia está relacionada à qualidade da imagem,
seus recursos e técnicas, ou seja, ao embelezamento artificial da fotografia. O estetismo trata-
27
se da transposição da fotografia como pintura ou que lembra obra de arte. E a sintaxe faz a
conexão dos sentidos de uma sequência de fotografias.
2
Expressão usada por Joly (2012)
29
Posto isso, Mauad (1996) orienta que o próximo passo é realocar em classes espaciais
tais unidades culturais, sendo essas:
• Espaço fotográfico, que compreende as informações relativas à história das técnicas e
os itens contidos no plano da expressão como o tamanho, enquadramento, nitidez e
produtor
• Espaço geográfico, que compreende o espaço físico e estão incluídos itens como ano,
local retratado, atributos da paisagem, objetos, tamanho, enquadramento, nitidez e
produtor
• Espaço do objeto, que compreende os objetos fotografados (objetos interiores,
exteriores e pessoais) e estão incluídos itens como tema, objetos, atributos das pessoas,
atributos da paisagem, tamanho e enquadramento
• Espaço da figuração, que compreende as pessoas e animais retratados, a natureza do
espaço (ex.: infantil/adulto), a hierarquia das figuras e seus atributos como o da figuração,
além do tamanho, enquadramento e nitidez.
• Espaço da vivência (ou evento), que compreende os eventos, as atividades e vivências
que se tornaram objeto do ato fotográfico.
Manini (2007) dedica-se à questão da dimensão expressiva da fotografia, baseada nos
estudos de Smit (1997), que atesta que a dimensão expressiva deve ser levada em consideração,
pois é parte da imagem dada pela técnica e onde a fotografia expressa seu conteúdo
informacional.
31
Smit (1997 apud MANINI, 2007, p. 87) sistematiza três parâmetros de análise:
o “o que” a fotografia mostra (o conteúdo informacional)
o “como” a fotografia mostra (a forma usada para mostrar tal conteúdo: a
dimensão expressiva)
o “onde” a fotografia mostra (o documento fotográfico enquanto objeto físico)
Outro exemplo é o proposto por Capone e Cordeiro (2016), no âmbito dos trabalhos
geográficos de campo, uma matriz que abrange quatro categorias (contexto histórico de
produção, porção aparente do território, configuração territorial e paisagem típica) que são
subdivididas em 21 subcategorias.
32
Enfim, retomando a figura 1, de acordo com o quadro acima (9), somado aos parâmetros
de Smit e utilizando o exemplo dado no quadro dos níveis de Panofsky (1), poderíamos
considerar:
Dessa forma, entendemos que o sentido não está somente na imagem, mas num conjunto
de elementos como o próprio fotógrafo, o objeto fotografado, entre outros. O conjunto de
recursos técnicos, contribui de maneira significativa para a escolha das imagens pelos usuários
no momento da recuperação das informações. Podemos perceber também que os avanços
tecnológicos, a partir da informatização dos serviços, trouxeram mais visibilidade para a área,
especialmente dos Sistemas de Recuperação da Informação e essa visibilidade trouxe mais
responsabilidade para o profissional referente a comunidade usuária em ambiente digital
(FUJITA; GIL-LEIVA, 2010).
4 INDEXAÇÃO
O perfil dos profissionais que tratam a informação nos últimos tempos visa o
detalhamento técnico das operações básicas buscando otimizar a recuperação da informação.
Os Sistemas de Recuperação da Informação (SRI) são um conjunto de operações executadas
para localizar as informações realmente relevantes dentro da totalidade de informações
disponíveis e o início de um subsistema da recuperação da informação se dá pela formação de
33
Uma das principais funções que um bibliotecário ou arquivista exerce numa instituição
é a indexação. Suas origens se encontram nas tarefas realizadas pelos escribas na Mesopotâmia.
Naquela época, as tábuas de argila eram armazenadas em prateleiras de madeira e colocadas
dispostas em nichos nas paredes ou em caixas de madeira e, para identificar o que continha,
etiquetavam a lateral do material, onde escreviam o seu conteúdo (GIL-LEIVA, 2012).
34
daqueles que realmente sintetizam o assunto do documento. Essa terceira fase da análise de
assunto é chamada de determinação da atinência (sendo “atinência” a tradução de
“aboutness”), que envolve o estudo do significado. O estudo do significado e a relação com a
atinência estão relacionados no momento em que o indexador diz que o texto “x” trata de “tal
assunto”. É o suficiente para começar a definir as representações, mesmo que ainda na
linguagem natural. Após a identificação dos conceitos-chave do texto, começa a segunda etapa
da indexação. Essa segunda etapa é a tradução destes termos para os instrumentos de indexação
(linguagens documentárias). O objetivo é transformar os conceitos em linguagem natural
(frases de indexação) para a linguagem documentária (descritores) (DIAS; NAVES, 2007).
Cordeiro divide a indexação em duas etapas. 3 A primeira etapa é a análise conceitual,
na qual as subetapas são a leitura técnica, a interpretação, a seleção de ideias-chave e a
formulação das declarações de assuntos ou preparação para o preenchimento das categorias. A
segunda etapa é a síntese/tradução/representação que é a transposição das declarações de
assuntos ou das categorias de análise para a linguagem do sistema verbal ou notacional.
3
CORDEIRO, Rosa Inês. Indexação. Slide da disciplina de Análise Documentária e Recuperação da
Informação, lecionada pela profa. Rosa Inês de Novais Cordeiro no Curso de Biblioteconomia e Documentação,
na Universidade Federal Fluminense, em 2018.
36
Cavalcanti (1978) divide a indexação em duas etapas: a primeira etapa como sendo a
identificação do assunto e, tal como o UNISIST (1981), subdivide-a em três etapas: leitura
atenta (análise dos documentos), decisão dos possíveis conceitos e seleção dos mais adequados.
A escolha dos conceitos está relacionada com o tipo de sistema que está sendo desenvolvido,
considerando dois aspectos: exaustividade e especificidade.
Chaumier (1988) corrobora com a definição de indexação no documento UNISIST
(1981) mas divide o processo em quatro etapas: o conhecimento do conteúdo do documento, a
partir de uma leitura rápida, mas mais atenta ao título e subtítulo, intertítulos, introdução,
conclusão etc; a escolha dos conceitos no qual é exigido uma análise conceitual aprofundada
do documento considerando a regra da seletividade; a tradução dos conceitos escolhidos a partir
dos termos da Linguagem Documentária, normalmente uma lista de cabeçalhos de assunto ou
tesauro, utilizada pelo serviço de informação; e a incorporação dos elementos sintáticos, que é
a quarta e última operação da indexação, no qual o profissional analisa a pertinência do uso dos
conceitos escolhidos para o documento. Para ele, os sistemas de classificação são o primeiro
tipo de instrumento de indexação em sistemas documentários. A representação dos conceitos é
feita, nos sistemas de classificação, a partir de códigos e índices.
O catálogo é o principal instrumento de comunicação e recuperação da informação em
um centro de documentação, conduzindo os usuários à busca de documentos que contenham as
informações que necessitam (SOUSA; FUJITA, 2014). O indexador deve se conscientizar de
que a informação não indexada, ou indexada de forma errada, é informação inacessível ao
usuário (CAVALCANTI, 1978).
Sabemos que a análise documentária de documentos escritos não pode ser aplicada
para a análise documentária de fotografias pelas suas diferenças já que “o modo de produção
de um documento influencia no seu tratamento técnico” (BOCCATO; FUJITA, 2006, p. 91).
Manini (2007) trabalha com a questão da dimensão expressiva da fotografia. A dimensão
expressiva é a parte da imagem dada pela técnica, onde a fotografia expressa seu conteúdo
informacional. Por “expressão fotográfica”, entende-se
a imagem captada mecanicamente e obtida por meio da técnica, também
mecânica, do processamento de imagens mas que deve comportar (‘traduzir’)
necessariamente o olhar do fotógrafo quanto ao objeto fotografado e a maneira
com este deve se apresentar perante outros (BOCCATO; FUJITA, 2006 p.
91).
Ou seja, é a aparência física através da qual a fotografia expressa seu conteúdo
informacional. Sua importância se dá pela forma como a mensagem imagética foi construída
37
para transmitir determinado conteúdo (como a fotografia mostra, por exemplo, observando o
posicionamento da câmera no momento da tomada, o enquadramento aplicado, etc).
Para Dias e Naves (2007, p. 83), “além dos aspectos cognitivos, o uso da linguagem
cria vários problemas do ponto de vista lógico, como, por exemplo, a homonímia, a sinonímia,
e recorre-se à lógica para resolver esses tipos de obstáculos”. Portanto, questões como a
definição de termos considerando os aspectos lógicos, cognitivos e linguísticos, devem ser
explicitadas na política de indexação.
De acordo com Fernandes e Prudencio (2015), há uma certa confusão entre a política
de indexação e o manual de indexação. A primeira leva em conta os conhecimentos adquiridos
na prática pelos indexadores, enquanto que a segunda é um instrumento resultante da política
de indexação.
Se o manual for colocado no lugar da política de indexação, possivelmente
ocorrerá um emperramento do processo de acumulação de conhecimentos,
enrijecendo os procedimentos e distanciando a UI [unidade de informação]
das dinâmicas necessidades de sua comunidade (FERNANDES;
PRUDENCIO, 2015, p. 126).
Nunes (2004) explica que a política de indexação traz as diretrizes que o profissional
deve se ater para escolhas técnicas, seja na biblioteca ou no arquivo, e devemos considerar o
usuário e o acervo nesse contexto. Isto é, a política embasa as decisões que o indexador toma
em suas rotinas, por isso, deve ser enunciada formalmente em um documento oficial da
instituição. Entretanto, infelizmente, muitas vezes é uma prática intuitiva e informal e isso
talvez explique o seu tratamento escasso na literatura. Rubi (2012) acredita que a justificativa
de termos uma literatura escassa sobre política de indexação se dá porque, muitas vezes, a
indexação é vista como um processamento técnico que não precisa de procedimentos
sistematizados para a identificação de assunto, como se só uma leitura rápida para extrair os
termos que podem representar o documento fosse o suficiente cabendo ao uso linguagem
documentária a solução da representação. Por isso, a política de indexação acaba sendo vista
como algo desnecessário.
Conforme Fernandes e Prudencio (2015), os riscos de se ter uma política de indexação
informal e intuitiva, além da inconsistência, são o distanciamento da missão, a falta de clareza
dos objetivos e a desarticulação em relação aos outros processos de tratamento da instituição.
Ainda segundo as autoras, os critérios informais devem, ao menos, surgir da prática de
indexação para posteriormente serem incorporados ao manual de indexação e as principais
38
particular que aparece no documento em análise” (GIL-LEIVA, 2012, p. 80) e seu padrão é
definido pela experiência dos indexadores e pelos termos definidos nas linguagens de
indexação, mas ambos devem estar pré-estabelecidos na política de indexação da instituição.
Para Van Slupe e Strehl (1991, 1998 apud DIAS; NAVES, 2007), diferentes
indexadores ou um mesmo indexador em momentos distintos podem perceber de forma
discordante o conteúdo do documento, a parte desse conteúdo que será suscetível de responder
realmente às necessidades dos usuários, os conceitos importantes que devem ser conservados
para representar este conteúdo e os termos definidos para representar esses conceitos. Contudo,
o bibliotecário/arquivista precisa buscar entendimento e meios para facilitar seu trabalho e
exercê-lo de forma mais impessoal que puder, como a leitura compreensiva do texto, a
dominação da política do sistema de informação (manual e linguagem documentária), conhecer
bem o usuário e suas demandas, ter o conhecimento profissional de metodologias de análise, e
o conhecimento da estrutura textual. É essencial para o indexador ter consciência dessas
variáveis, em separado, e de suas prováveis combinações (FUJITA, 2004). Com isso, vemos
que é imprescindível estabelecer uma política de indexação para a orientação da atividade do
indexador.
Sendo o propósito final da indexação possibilitar a recuperação do
documento/informação com precisão, os objetivos de uma política de indexação são difundir
as variáveis que irão afetar o desempenho do serviço e estabelecer princípios e critérios que
servirão de guia na tomada de decisões (CARNEIRO, 1985). Para Moen e Benardino (2003),
por exemplo, a política de indexação prescreve quais campos e subcampos devem ser
preenchidos em um registro no formato MARC 21. A política de indexação deve ser
estabelecida mesmo que possa ser uma tarefa demorada.
Segundo Cesarino (1985), a política de indexação só pode ser estabelecida depois de
observar aspectos no SRI, como as características do usuário (área de interesse, nível escolar,
formação profissional), o volume dos documentos a serem integrados ao sistema, as questões
propostas pelo usuário, a quantidade e qualidade dos recursos humanos envolvidos, os recursos
financeiros disponíveis, etc e, só a partir disso, o Sistema de Recuperação de Informação pode
definir suas características como: maior revocação ou precisão, estratégia de busca (delegada
ou não delegada), tempo de resposta, serviços e produtos oferecidos.
Lancaster (1968 apud RUBI, 2012; LANCASTER, 2004), denominou a política de
indexação de políticas de entrada de documento com o mesmo princípio de tratar sobre o
material indexado. O autor aponta a capacidade de revocação e precisão como a característica
mais importante do sistema de informação e a exaustividade como a decisão principal.
40
Para Carneiro (1985), os fatores importantes que devem ser considerados ao elaborar
uma política de indexação são:
▪ Objetivos da instituição, pois, levando em conta os objetivos, torna-se possível
identificar os assuntos e os tipos de documentos para a área, além de qual sistema de
indexação usar e os elementos que devem ser considerados
▪ Perfil dos usuários, em razão de ser fundamental a identificação dos usuários a
medida que a finalidade de um sistema de recuperação é fornecer as informações
conforme suas necessidades (daí a importância de um estudo da comunidade/usuários,
já que é por intermédio do estudo que conhecemos o que o SRI pode abranger quanto
aos assuntos e seus níveis, o núcleo do vocabulário, o tipo de resposta exigido pelo
sistema como revocação e precisão, o nível de exaustividade na indexação, o grau de
especificidade na linguagem etc)
▪ Recursos disponível (RH, financeiro e outros), dado que a limitação das despesas é
um fator extremamente relevante no planejamento de um sistema já que, quando há
limitações de recursos financeiros, devemos tomar medidas de economia como quanto
desenvolvimento x adaptação de uma linguagem, por exemplo. Os recursos materiais
influenciam quanto à disponibilidade de equipamentos na organização do sistema e na
linguagem de indexação como pré-coordenada ou pós-coordenada. A existência de
recursos humanos afeta o planejamento de um sistema pois escolhe-se fazer a
manutenção mínima ou como métodos de indexação semiautomáticos.
Para Fernandes e Prudencio (2015), os fatores que afetam a qualidade do sistema são:
▪ Missão da instituição e o perfil dos usuários
▪ Estrutura do sistema
▪ Qualidade e quantidade dos recursos humanos, materiais e financeiros
▪ Estratégias de busca
▪ Formatos de extração das informações recuperadas
▪ Procedimentos de avaliação da política de indexação.
Maria Augusta Carneiro (1985) estabeleceu os elementos que devem ser considerados
na elaboração de uma política de indexação da seguinte forma:
▪ Cobertura de assuntos
▪ Seleção e aquisição do material
▪ Processos de indexação (que trata dos níveis de exaustividade e especificidade
e a capacidade de revocação e precisão)
▪ Estratégia de busca
41
4
NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Welcome to the National Archives. Disponível em: <
http://naa.gov.au/about-us/index.aspx>. Acesso em: 5 nov. 2018
43
usem os documentos. Utilizam o manual do CRS que contém uma introdução sobre o sistema
e declarações sobre políticas e práticas descritivas.
O manual do CRS é dividido em duas partes compostas por capítulos, seções e
subseções. Sendo a primeira parte as instruções para uso do manual, a descrição da política e
uma introdução ao Sistema CRS e a segunda parte contém capítulos detalhando padrões
descritivos para cada nível do sistema.
Existem cinco elementos principais no Sistema CRS: organizações, agências, pessoas,
séries e itens. Os três primeiros elementos fornecem a proveniência (ou o contexto
administrativo) e os dois últimos, o contexto dos registros.
Para os profissionais, o valor do sistema está no fato de que ele mantém informações
sobre séries separadas das informações sobre as agências ou pessoas que as criaram. Além
disso, registra o contexto administrativo de criação do documento por intermédio dos links entre
seus elementos mais importantes (entre os registros e sua proveniência).
Segundo o manual, saber qual órgão ou pessoa que produziu o documento, quando e por
que foi criado e quais outros registros se relacionam com ele ou foram criados na mesma
sequência, permite que os profissionais e usuários saibam sobre o gênero documental,
44
determinando a sua relevância para qualquer assunto e podendo decidir sua utilidade. Certas
informações podem não estar aparentes no registro em si, mas ser estabelecidas mediante os
documentos interligados.
O Sistema CRS se baseia na aplicação de dois princípios: 1) o respeito à proveniência,
que enfatiza a necessidade dos profissionais estabelecerem e documentarem o contexto
administrativo ou biográfico no qual os registros foram criados e mantidos e 2) o respeito pela
ordem original, que enfatiza a necessidade de manter registros na ordem de sua criação e
armazenamento.
Para o presente trabalho, é necessária uma atenção aos elementos de descrição, uma vez
que este item estabelece o padrão dos elementos e como aplicá-lo em um registro a partir do
manual. Os elementos automatizados descrevem vários elementos descritivos comuns em todos
os documentos. Nos elementos descritivos encontramos itens como extensão (medida física) e
dimensão do item, cabeçalho de assunto (termos), meio (características físicas) e localização.
45
Fonte: NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Basic search for items. Disponível em: <
https://recordsearch.naa.gov.au/SearchNRetrieve/Interface/SearchScreens/BasicSearch.aspx>. Acesso
em: 5 nov. 2018.
da nota é fornecer informações extras não indicadas no título, no qual uma breve apresentação
melhora significativamente a descrição e, consequentemente, a acessibilidade. É um atributo
opcional mas necessário.
Nota Conteúdo
Faixa de datas dos conteúdos • Cópias dos documentos com data anterior à data do
conteúdo
• Se houver diferenças significativas entre a data do
conteúdo do item e os assuntos mencionados no item
• Se as datas do assunto variarem consideravelmente a
partir da data de início da acumulação
• Data de quando as cópias foram feitas ou a data do
original a ser copiado onde eles diferem do intervalo de
datas do conteúdo formal
Entende-se que o manual analisado seja utilizado para todos os diversos suportes e
gêneros documentais no que diz respeito ao que o próprio indexador ou instituição considera
48
pertinente descrever já que a instituição não dispõe, ao menos não on-line, de um manual
específico para a indexação de documentos fotográficos.
O ANA ainda conta com o Australian Governments' Interactive Functions Thesaurus
(AGIFT),5 um tesauro voltado aos serviços governamentais. Está em sua terceira edição que foi
atualizada em 2013. Segundo o site da instituição, é um tesauro hierárquico de três níveis. O
primeiro nível são as 26 funções6 e trata da unidade mais ampla, o segundo nível trata das áreas
de serviço ou das tarefas realizadas dentro de cada função e o terceiro nível são os tópicos
abordados nas atividades. Os conceitos podem ser pesquisados em ordem alfabética.
5
NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA. Australian Governments' Interactive Functions Thesaurus
(AGIFT). Disponível em: <https://data.naa.gov.au/def/agift/AGIFT.html>. Acesso em: 5 nov. 2018.
6
Apoio e Regulação Empresarial, Infraestrutura Civil, Comunicações, Serviços Comunitários, Assuntos Culturais,
Defesa, Educação e Treinamento, Emprego, Meio Ambiente, Gestão Financeira, Governança, Saúde, Imigração,
Assuntos Indígenas, Relações Internacionais, Administração de Justiça, Serviços Marítimos, Recursos Naturais,
Indústrias Primarias, Ciência, Segurança, Esporte e Recreação, Serviços Estatísticos, Turismo, Comércio e
Transporte.
7
LIBRARY OF CONGRESS. About PPOC. Disponível em: <www.loc.gov/pictures/about/>. Acesso em: 5
nov. 2018.
49
8
LIBRARY OF CONGRESS. Subject indexing with TGM: a case study in selecting access points for
photographs. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/print/tp/SubjectAccessHineCaseStudy.pdf>. Acesso: 9
nov. 2018.
50
inclui mais de 7.000 termos de assunto e 650 termos de gênero para indexar tipos de fotografias
e outras imagens.
informação. Embora não haja nenhuma ordem específica para os subcampos, o seguinte padrão
é recomendado depois do termo principal: Subdivisão geral – Subdivisão geográfica –
Subdivisão da data. As subdivisões gerais mais usadas são a nacionalidade e presença de cor.
Esclarecendo sobre a sintaxe, os termos geralmente representam conceitos únicos e são
substantivos no plural com frases em linguagem natural. O tesauro sugere que todos os
homógrafos recebam um qualificador para distinguir aquelas palavras que têm a mesma
ortografia e significados diferentes.
9
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Les contenus du catalogue. Disponível em:
<https://catalogue.bnf.fr/contenu-catalogue.do>. Acesso em: 5 nov. 2018.
53
10
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Le langage d’indexation RAMEAU. Disponível em: <
http://rameau.bnf.fr/informations/rameauenbref.htm>. Acesso em: 7 nov. 2018.
54
Fonte: BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. Indexation sujet: les référentiels utilisés par
la BnF. Disponível em:
<www.bnf.fr/fr/professionnels/anx_catalogage_indexation/a.referentiels_sujet.html>. Acesso em: 7
nov. 2018.
No catálogo geral da BNF, uma parte significativa das coleções não é acessível pelo
critério "assunto" pois refere-se a documentos inscritos nas coleções da BNF até 1980. Essa
parte inclui, por exemplos, sujeitos "livres" que não correspondem a nenhum repositório; as
tipologias dos documentos iconográficos expressando, além do tema da representação indexada
em RAMEAU, o gênero, a forma, o tema dos cartazes, a estética da imagem; tipologias de
documentos cartográficos que expressam o tipo de documento, etc. O critério "assunto" na
pesquisa simples é uma pesquisa por palavra. Os critérios de pesquisa “tipologias” para
documentos audiovisuais são feitos a partir da tela de pesquisa especializada. A tela de pesquisa
55
de autoridades permite pesquisar documentos por assunto apenas dos repositórios RAMEAU e
BNF Authorities.
O vocabulário do RAMEAU abarca registros de autoridade (não só as da BNF como
autoridades de pessoas, governamentais, geográficas, marcas, etc), comunidades e títulos para
serem utilizados na indexação. Quanto à polissemia dos termos, há três métodos a fim de evitá-
la: adicionando um adjetivo, adicionando um qualificador entre parênteses ou usar o termo no
singular e plural.
A linguagem de RAMEAU está presente como uma linguagem pré-coordenada já que
permite a construção de cabeçalhos de assunto no momento da indexação obedecendo uma
sintaxe para expressar temas complexos. Além disso, a construção de títulos segue regras
precisas da sintaxe para garantir a consistência de indexação.
A sintaxe da linguagem RAMEAU consiste em: o elemento principal é colocado no
início da construção e as subdivisões são os elementos que são colocados após o termo principal
para esclarecer e complementar dando sentido. O título construído é resultante da combinação
entre o termo principal e os elementos complementares. A ordem normal das subdivisões depois
do termo principal é: Subdivisão do assunto – Subdivisão geográfica – Subdivisão cronológica
– Subdivisão da forma (indica a natureza ou o formato do documento). Exemplificando:
Mulheres – Emprego – França – Século 20 – Bibliografia.
A BNF conta com um banco de imagens fixas do Departamento de Reprodução. Para
refinar a busca por assunto, o usuário pode utilizar a busca de descritores do Thésaurus
iconographique de François Garnier. Estes descritores podem ser inseridos diretamente no
"descritor" ou é obtido a partir do dicionário de sinônimos que a árvore reproduz e pode ser
visualizada clicando em "ver a lista de descritores”. Além disso, estes descritores podem ser
combinados em até três com a ajuda de operadores booleanos. É usado, em particular, para
indexar imagens da base de dados Joconde (Catálogo de coleções de museus da França). Há
também o banco de dados Mandragore, que é o banco de dados iconográfico do Departamento
de Manuscritos.
Vale ressaltar o guia do catalogador que a BNF disponibiliza porque este estabelece os
princípios de catalogação e indexação aplicados pela instituição no catálogo geral e os produtos
resultantes deste catálogo, bem como em outros catálogos.
56
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
11
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Histórico. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>.
Acesso em: 12 out. 2018.
12 Ibidem.
59
13
COVA, Tatiana Paiva. Entrevista concedida à Marcelly Ramos Costa. Rio de Janeiro, 10 abr. 2018.
14
Ibidem.
60
15
ALVES, Mônica Carneiro; VALERIO, Sergio Apelian; PIGOZZO, Graziella de Castro. Manual para
indexação de documentos fotográficos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1998. (Documentos
técnicos, v. 4). Disponível no site para download.
16
ARAÚJO, Francisca Helena. Entrevista concedida à Marcelly Ramos Costa. Rio de Janeiro, 6 nov. 2018.
61
elaboração. A intenção era um manual específico para documento fotográfico já que o AACR²
era insuficiente no que diz respeito à descrição.
Francisca Helena participou exclusivamente do manual de catalogação e afirma que, a
partir desse manual, foi elaborado o manual de indexação (ALVES; VALÉRIO, 1998) que foi
feito por um outro grupo coordenado pela Mônica Alves. Atualmente, todos os profissionais
designados no tratamento técnico do setor fazem a catalogação e a indexação. Isto é, não há
uma divisão de tarefas. Nas palavras da bibliotecária: “a nossa política, com os critérios
utilizados na indexação, surgiu a partir do Manual, mas agora a Biblioteca Nacional está
adotando uma nova forma para poder, de acordo com a biblioteca digital, ter a uniformização
dos cabeçalhos de assuntos.”
O concepção de um manual para auxílio na indexação surgiu com o Projeto de
Preservação e Conservação do Acervo Fotográfico (Profoto) e tinha o objetivo de direcionar a
visão do indexador segundo o ponto de vista da instituição (ALVES; VALÉRIO, 1998). O
projeto para a elaboração dos manuais foi idealizado pela Funarte porque o Instituto Nacional
do Livro recebia muitas correspondências de outras instituições sobre como processar os
acervos fotográficos. Dessa forma, o Manual (ALVES; VALÉRIO, 1998) nasceu de um olhar
que partiu de uma instituição para subsidiar outras instituição pela necessidade de padronização.
Por isso, não foi realizado nenhum estudo de usuários ou do acervo fotográfico propriamente.
Francisca ainda deu ênfase na questão do perfil da instituição porque a indexação depende da
sua demanda e a BN trata de um acervo histórico, sendo assim, não há intenção de especificar
tanto.
Isto é, os profissionais procuram colocar do específico para o geral até um terceiro nível,
tendo o cuidado com a demanda dos usuários. Os documentos sobre o Brasil, por exemplo,
costumam ter maior ênfase na indexação, bem como a cidade do Rio de Janeiro que merece
mais atenção comparada às outras por ser mais procurada, ter mais visibilidade, etc.
Segundo o Manual (ALVES; VALÉRIO, 1998), ao analisar uma fotografia deve-se
partir das seguintes perguntas: Quem fotografou? Quando? Onde? O que e/ou quem foi
fotografado? E então, elaborar um resumo. São dos resumos que saem as palavras-chave que
serão transcritas a partir do vocabulário controlado.
62
17
O TGM I e o TGM II foram fundidos em 2007.
64
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não mencionado os aspectos, mas com base na literatura da área, podemos identificar,
segundo Dias e Naves (2007, p. 83), que, na elaboração do manual, foram considerados
aspectos:
Lógicos: pois a lógica possibilita, através do raciocínio, o surgimento de proposições
através de símbolos
Cognitivos: pois determina a compreensão na análise da fotografia
18
ALVES, Mônica Carneiro; VALERIO, Sergio Apelian. Manual para indexação de documentos
fotográficos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1998. (Documentos técnicos, v. 4). Disponível em:
<https://www.bn.gov.br/sites/default/files/documentos/producao/manual/manual-indexacao-documentos-
fotograficos//manualindexacao_docs_fotograficos.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2018.
65
7. Se sim, foi realizado algum estudo de usuário e do acervo fotográfico para ajudar em
sua elaboração?
Biblioteca Não. O projeto para a elaboração dos manuais nasceu da necessidade de
Nacional padronização. Além de estar relacionado ao perfil da biblioteca, porque a
indexação depende da demanda de cada instituição.
funcionários não possuíam nenhuma experiência com indexação anteriormente e também não
foi/é oferecida nenhuma capacitação ou treinamento para tal prática. De modo que, ao ingressar
na instituição, aprendem de forma empírica e a partir de conselhos de outros funcionários.
Segundo Fernandes e Prudêncio (2015), os critérios informais podem surgir da prática
de indexação, mas, posteriormente, devem ser incorporados ao manual de indexação. Posto
isso, apontamos a necessidade de atualização do manual, pois o mesmo é de 1998 e, desde
então, não houve nenhuma atualização. Tanto a bibliotecária Francisca quanto a historiadora
Tatiana afirmaram sentir o manual um pouco defasado se comparado às evoluções que as
tecnologias e os estudos proporcionaram à Biblioteconomia e à Documentação.
Biblioteca Sim. Procuramos colocar do específico para o geral até um terceiro nível,
Nacional tendo o cuidado com a demanda. Por exemplo: os documentos sobre o
Brasil costumam ter mais ênfase na indexação.
Caso as perguntas não tenham abordado alguma questão que lhe pareça relevante, sinta-
se à vontade para comentar os itens.
Biblioteca Na divisão de iconografia há acervos especializados na parte de imagens
Nacional como livros voltados para o assunto dentro da iconografia, processados no
terceiro andar e encaminhados para o setor para a localização. Tecnicamente,
o setor cuida de gravuras, documentos fotográficos, desenhos, efêmeros.
Focando nos documentos fotográficos, eu comentei tudo como é feito
tentando se adequar aos questionamentos.
70
7 CONCLUSÃO
▪ área de notas (arranjo e notas gerais, informações sobre negativos, título, estúdio,
atribuições, indicação de responsabilidade, dimensões do suporte, conteúdo,
local, data, resumo, restrições, biografias ou informações históricas,
proveniência, estado de conservação, outras informações sobre descrição física,
etc);
▪ área de assuntos (nome pessoa/entidade coletiva, evento, assunto tópico, nome
geográfico, termos do TGM da LC, numeração, título, data, subcabeçalhos,
autor, subdivisão geral, subdivisão cronológica, subdivisão geográfica);
▪ área das entradas secundárias (nome pessoal/entidade, evento, título adicional,
item no todo, numeração, local, data, idioma, pesquisador e data, catalogador e
data, indexador e data, revisor e data);
▪ registro patrimonial
Nunca perdendo de vista que a catalogação e a indexação caminham juntas na instituição
onde o profissional realiza todas as tarefas referentes ao processamento técnico da fotografia.
Podemos concluir que a elaboração de uma política de indexação deve ir de acordo com
os fatores que Carneiro (1985) apresentou serem necessários considerar: objetivos da
instituição, perfil dos usuários e recursos disponível. Levando em conta que uma das missões
da Biblioteca Nacional é atuar como centro referencial de informações bibliográficas e
documentais, existem perfis diversificados de usuários. Quanto aos recursos, vemos a carência
da instituição em todos os aspectos: financeiros, humanos, materiais e tecnológicos. E, apesar
de ser considerado defasado para os dias de hoje, quando foi elaborado, o manual cumpria com
o seu propósito de acordo com os objetivos da instituição e suas condições.
72
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Francisca Helena. Entrevista concedida à Marcelly Ramos Costa. Rio de Janeiro, 6
nov. 2018.
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74
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em: 20 ago. 2018.
Bases
BRAPCI BDTD Scielo Scielo BR BENANCIB TOTAL
Termos
Política de Indexação 14 9 6 3 17 49
Política de indexação de 0 0 0 0 0 0
fotografia / política de
indexação + fotografia
Imagem fotográfica 3 15 48 4 0 70
Indexação de imagens 5 4 3 0 9 21
Indexação de 0 2 2 1 5 10
fotografias
Acervo fotográfico 7 15 15 1 23 61
Análise conceitual 6 * 65 8 10 89
Representação 6 * 3 1 42 52
documentária
Imagem em movimento 0 * 8 20 28
*Não foi possível buscar os últimos termos acrescentados na base: HTTP ERROR 500
**Indexação de filmes de ficção
77
Este roteiro de entrevista é parte do trabalho de conclusão de curso que está sendo desenvolvido
por Marcelly Ramos Costa, na graduação de Biblioteconomia e Documentação da Universidade
Federal Fluminense (UFF), sob a orientação da Profª dra. Rosa Inês de Novais Cordeiro (UFF).
O objetivo da pesquisa é investigar as práticas institucionais relacionadas à Política de
Indexação de fotografias em Unidades de Informação.
Identificação
Entrevistado:________________________________________________________
Formação:__________________________________________________________
Nome da unidade de informação:________________________________________
Endereço/tel./email:__________________________________________________
Data de realização da entrevista:________________________________________
Entrevista
6. A instituição dispõe de uma política de indexação formal? Quais aspectos foram levados
em consideração para sua elaboração?
7. Se sim, foi realizado algum estudo de usuário e do acervo fotográfico para ajudar em
sua elaboração?
Recursos financeiros ( )
Recursos humanos ( )
78
Recursos materiais ( )
Recursos tecnológicos ( )
Caso as perguntas não tenham abordado alguma questão que lhe pareça relevante, sinta-
se à vontade para comentar os itens.
79