Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Faculdade de Biblioteconomia E Comunicação Departamento de Ciências Da Informação Curso de Biblioteconomia
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Faculdade de Biblioteconomia E Comunicação Departamento de Ciências Da Informação Curso de Biblioteconomia
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Faculdade de Biblioteconomia E Comunicação Departamento de Ciências Da Informação Curso de Biblioteconomia
CHARLES ESPOLIER
MARKETING DIGITAL:
AS FANPAGES COMO CANAL DE PROMOÇÃO
DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
DO RIO GRANDE DO SUL
PORTO ALEGRE
2020
CHARLES ESPOLIER
MARKETING DIGITAL:
AS FANPAGES COMO CANAL DE PROMOÇÃO
DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
DO RIO GRANDE DO SUL
PORTO ALEGRE
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor: Prof. Dr. Carlos André Bulhões
Vice-Reitora: Profa. Dra. Patrícia Pranke
MARKETING DIGITAL:
AS FANPAGES COMO CANAL DE PROMOÇÃO
DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
DO RIO GRANDE DO SUL
Aprovado em __ de __ de 2020.
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________
Profa. Dra. Jussara Borges
Orientadora - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
___________________________________________________
Profa. Dra. Maria do Rocio Fontoura Teixeira
Examinadora – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
___________________________________________________
Profa. Dra. Bárbara Coelho Neves
Examinadora – Universidade Federal da Bahia
AGRADECIMENTOS
The research addresses the use of fanpages as a marketing tool in local public
libraries in Rio Grande do Sul. Aims to examine the perceptions of librarians about
the practice of digital marketing on social media. Identifies the marketing applications
on fanpage and seeks to relate the typologies, functions and interactions of the posts
promoted by the libraries. Explains the concepts of marketing, public libraries,
information marketing, social media, relationship marketing and institutional
marketing. Approaches subjects from the perspective of social media used as a tool
to promote local public libraries. Uses mixed research as a method: quantitative and
qualitative. Adopts a questionnaire and documentary research with netnographic
inspiration to understand how fanpages uses promotion and communication at the
listed libraries. Concludes that libraries use social media fanpage as a marketing tool
to maintain close and open contact with their users, promoting reading and events
more diligently and, consequently, fulfilling the functions of public libraries that imply
culture and recreation.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13
2 CONFORMAÇÃO DA PESQUISA .............................................................. 15
2.1 Identificação do problema ........................................................................ 15
2.2 Objetivos .................................................................................................... 17
2.3 Justificativa ................................................................................................ 17
2.4 Metodologia ............................................................................................... 19
2.4.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................... 19
2.4.2 Instrumento de coleta de dados ................................................................... 20
2.4.3 Sujeitos da pesquisa .................................................................................... 22
2.4.4 Procedimento de coleta de dados ................................................................ 24
2.4.5 Análise dos dados ........................................................................................ 26
2.4.6 Método de apuração do referencial teórico .................................................. 27
3 MARKETING................................................................................................ 29
3.1 Promoção .................................................................................................... 34
3.2 Marketing digital ......................................................................................... 36
3.2.1 Mídias sociais ............................................................................................... 37
3.2.2 Fanpages ..................................................................................................... 39
3.2.3 Marketing de conteúdo ................................................................................. 42
3.2.4 Marketing de relacionamento ....................................................................... 45
4 BIBLIOTECAS PÚBLICAS MUNICIPAIS .................................................... 49
5 MARKETING DA INFORMAÇÃO ................................................................ 53
6 RESULTADOS ............................................................................................. 59
6.1 Resultados acerca da prática do marketing digital ................................. 59
6.2 O marketing nos elementos da fanpage................................................... 76
6.3 Tipologia de postagens promovidas ........................................................ 80
6.4 Funções das bibliotecas públicas promovidas ....................................... 86
7 CONCLUSÃO .............................................................................................. 91
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 93
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ................................................................ 99
APÊNDICE B – BIBLIOTECAS APTAS À PESQUISA ............................. 101
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE
E ESCLARECIDO ....................................................................................... 105
APÊNDICE D - TIPOLOGIA DAS POSTAGENS (INSTITUIÇÕES) ........... 106
APÊNDICE E - FUNÇÕES DAS POSTAGENS (INSTITUIÇÕES) ............. 107
APÊNDICE F - TABELA TIPOLOGIA, FUNÇÕES E INTERAÇÕES ......... 108
APÊNDICE G - ELEMENTOS DA FANPAGE ............................................ 117
13
1 INTRODUÇÃO
1 Apesar de na literatura da área o termo “redes sociais” ser utilizado diversas vezes para conceituar o Facebook,
nesta pesquisa foi adotado o termo “mídias sociais”. Recuero (2011) aponta que redes sociais é um termo
bastante amplo, não sendo exclusivo do ambiente virtual.
2
Página criada pelo Facebook (2020), que na definição da própria empresa serve para que uma organização,
empresa ou instituição apresente seus produtos e serviços, coloque sua marca em destaque e alcance mais
clientes.
14
2 CONFORMAÇÃO DA PESQUISA
3 O conhecimento tácito é aquele que o indivíduo adquire ao longo da vida. O conhecimento explícito é o
conhecimento formalizado, fácil de comunicar.
17
2.2 Objetivos
2.3 Justificativa
2.4 Metodologia
do conhecimento tácito e por isso não tão óbvias. A escolha também está
relacionada com as tipologias de postagens, funções e elementos visuais que são
próprios do marketing. Existe um caráter subjetivo que implica um método
qualitativo na realização dos objetivos que contemplam o olhar para a fanpage.
Por usar a fanpage das bibliotecas municipais como objeto de estudo, a
pesquisa pode ser considerada uma pesquisa documental com inspiração4
netnográfica. Segundo Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) a netnografia é um
método que adapta a prática da etnografia para os estudos dos comportamentos de
comunidades online. Esse tipo de pesquisa tem uma relação muito próxima com o
marketing: segundo Kozinets (2014, p. 10) “[...] a netnografia foi desenvolvida na
área da pesquisa de marketing e consumo [...]”, estabelecendo uma relação
temática com o presente trabalho. Já a pesquisa documental, de acordo com
Vergara (1998) é feita a partir de documentos conservados que podem ser de
muitos tipos diferentes. Como o Facebook mantém um arquivo de suas postagens,
as mesmas podem ser entendidas como uma forma de documentação.
A amostragem é não-probabilística, tendo em conta que não houve uma
escolha aleatória (feito por sorteio), mas sim intencional (com o objetivo de achar
fanpages que são ativas dentro de um recorte geográfico). Silva e Menezes (2005,
p. 32) detalham que nas amostras intencionais são “[...] escolhidos casos para a
amostra que representem o ‘bom julgamento’ da população/universo.”. O
desenvolvimento do processo de escolha da amostragem será explicitado no
subcapítulo 2.4.3, que tratará dos sujeitos da pesquisa.
O questionário foi escolhido como uma das ferramentas para coleta dos
dados da pesquisa; ele contempla principalmente o primeiro objetivo da pesquisa.
Este instrumento pode ser conceituado como:
[...] uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em
extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções devem
esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da
colaboração do informante e facilitar o preenchimento. (SILVA; MENEZES,
2005, p. 33).
4A palavra inspiração foi usada com o intuito de evidenciar que não se trata de uma pesquisa puramente
netnográfica, pois a netnografia pressupõe uma imersão por parte do pesquisador. Pela natureza do estudo não
houve o tempo necessário.
21
5 Segundo o Ministério da Saúde (2020), “[...] recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de
um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo
em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa”. De acordo com o site da Secretaria da Saúde RS
(2020), o primeiro caso no estado ocorreu em 10/03/2020. Até a finalização desta pesquisa o número de casos
segue sendo contabilizado.
22
8As duas primeiras colunas da figura 3 estão desfocadas para evitar que, por meio de seus dados, as bibliotecas
possam ser identificadas.
26
9 Apesar de a captura ter ocorrido no mês de agosto, há um envolvimento do pesquisador, no que concerne à
netnografia como inspiração, desde o projeto de pesquisa (que ocorreu no 2º semestre de 2019, ou seja, o
período de mais de um ano).
10 O site pode ser acessado no seguinte endereço: www.wordclouds.com.
27
Este subcapítulo visa explicar como o referencial teórico foi composto e qual
o método de busca. Primeiramente houve a necessidade de uma busca preliminar,
para compor um panorama, com a intenção de entender como estava sendo tratado
o assunto marketing digital dentro da Biblioteconomia. Com esse conhecimento, foi
possível elaborar formulações mais acuradas do problema, objetivos e justificativa.
A busca do referencial teórico11 que embasa a pesquisa aconteceu nas seguintes
etapas (quadro 2).
Nesta fase foram delimitados as variáveis da pesquisa: (digital marketing, fanpage e library) e
criada uma estratégia de busca ((“digital marketing” OR “marketing digital” OR “content
marketing” OR “digital content production”) AND (“fanpages” OR “fan pages” OR “facebook
pages” OR “social media” OR “social networks” OR “página do facebook” OR “digital social
media”) AND (“library” OR “public library”)). Durante a pesquisa houve reformulações e a
necessidade de incluir “relationship marketing” foi necessária.
Os termos foram pesquisados em língua inglesa com o intuito de uma abrangência maior.
Levamos em considerando que é uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) o resumo e palavras chaves em inglês. Contudo, em algumas situações os termos foram
traduzidos.
A expressão de busca, conforme a base utilizada, sofreu pequenas alterações para que
houvesse uma precisão maior na recuperação. A base mais utilizada dentre as elencadas foi a
Brapci. Outras fontes vieram de buscas no Google Acadêmico (a ferramenta foi importante para
conseguir artigos focados na área do marketing como parte da administração). Também houve
buscas em bibliotecas físicas e indicações feitas por professores.
Os artigos, livros e outros materiais selecionados a partir das buscas foram lidos conforme a
pertinência com o tema e fichados com o software gerenciador de referências Mendeley. O
número de documentos analisados foi de aproximadamente 65. Contudo, nem todos foram
utilizados pois havia redundâncias.
3 MARKETING
Com fundamento no que o autor nos diz, podemos estipular quais fatores
foram essenciais para o surgimento do marketing, dentre eles, o mais importante: a
necessidade de comercializar. Ainda segundo Simões (1982) há forte ligação do
princípio do marketing com a revolução industrial e o advento do capitalismo
moderno. Os progressos e inovações que reverberavam na época são uma das
bases daquilo que posteriormente conheceríamos como marketing.
Tendo esse panorama histórico como base, agora poderemos compreender
melhor os conceitos que virão a seguir. O conceito de marketing pode variar de
autor para autor, contudo, normalmente ele tem seus alicerces na propaganda,
venda e na relação com o consumidor. Pride e Ferrell (2015, p. 3) visualizam o
marketing como “[...] processo de criação, distribuição, promoção e precificação de
bens, serviços e ideias para facilitar a satisfação nas relações de troca com clientes
e desenvolver, e manter, relações favoráveis com stakeholders12 em um ambiente
dinâmico.”. Nessa definição fica clara a relação mercadológica que vem com o
marketing desde a sua criação, mas também podemos destacar uma preocupação
com a satisfação humana, a necessidade de manter um relacionamento com o
público-alvo. Esse ponto, que abrange a construção de um relacionamento, é
essencial para as bibliotecas, pois permite criar laços com os usuários que, se bem
feitos, facilitam o acesso e a promoção dos produtos e serviços. Corroborando com
esse conceito, para a American Marketing Association (AMA) (2017, documento
12
Numa tradução livre, o termo significa público estratégico (pessoa ou grupo que tem interesse).
30
Podemos perceber uma sincronia nas definições dos autores citados e até
mesmo uma repetição, sem grandes dissonâncias. Oliveira (2007) reforça alguns
conceitos já mencionados acima e nos traz outros detalhes importantes, como o
fato de que nem todo marketing busca um lucro monetário:
[...] marketing pode ser conceituado como um conjunto de atividades
organizadas de forma sistemática em uma empresa com ou sem fins
lucrativos por todos que a constituem, isto é, todos na organização, não
sendo restrito aos envolvidos nesta área departamental, com o objetivo de
satisfazer com um produto ou serviço as necessidades e desejos de seus
consumidores, através de um processo de troca que envolve produto,
consumidor e agentes intermediários facilitadores deste processo.
(OLIVEIRA, 2007, p. 22, grifo nosso).
Oliveira (2007, p. 24) explica que os 4Ps “[...] foram primeiramente definidos
por McCarthy na década de 1960 [...]” e são relevantes até os dias atuais. As quatro
variáveis são preço, produto, ponto (praça) e promoção. Esses elementos são os
pilares que compõem a essência do funcionamento estratégico do marketing. Las
Casas, explica melhor a importância desse composto:
Esses itens são chamados de composto de marketing (marketing mix), que
representam as principais etapas em todos os tipos de comercialização
possíveis, seja um bem, uma ideia, um serviço etc. Todos os elementos do
composto de marketing são dirigidos a satisfação dos desejos e
necessidades dos consumidores [...]. (LAS CASAS, 2009, p. 16).
fins lucrativos como parte do processo. Isso mostra outro aspecto recorrente no
marketing: a adaptabilidade às necessidades que a sociedade vive.
No funcionamento do mix de marketing, segundo Oliveira (1985), o produto
é o que deve ser definido primeiro. Sobre o preço, de acordo com Oliveira (1985, p.
143) “[...] é necessário estabelecer um preço adequado, verificando a opinião dos
usuários para se determinar os diferentes níveis de custo.”. Os pontos (ou praça)
são conceituados por Oliveira (1985) como locais onde o usuário e o produto se
encontram. O ponto deve ser escolhido em função do produto que se quer vender.
Nessa percepção de que o ponto pode ser variado, podemos entender que a
internet também pode ocupar essa função, assim como as mídias sociais, que são
os locais onde os consumidores de determinado produto estão. A promoção, por
sua vez, é descrita como:
A "promoção" é o terceiro elemento, e ela tem sido dividida em cinco áreas:
contato pessoal; propaganda; publicidade; incentivos e ambiente. O
propósito deste elemento, é familiarizar os vários segmentos da biblioteca
com os serviços e produtos informacionais que ela desenvolveu para
satisfazer as necessidades destes segmentos. Aqui, a biblioteca tenta
convencer o segmento que seu produto tem maior capacidade de
satisfazer suas necessidades que os produtos de outras organizações.
(OLIVEIRA, 1985, p. 143).
3.1 Promoção
Cabe ponderar que a autora nesses mesmos trechos frisa que toda
promoção envolve comunicação, porém, nem toda comunicação é uma promoção.
Para Amaral (2008, p. 35), a “[...] promoção é comunicação enquanto atitude.”.
Seguindo seu raciocínio, a comunicação é utilizada como estratégia persuasiva
para a promoção: “[...] o adjetivo ‘persuasiva’ empresta um cunho manipulativo à
comunicação, ainda que possa estar se tratando de uma ação educativa em
benefício do cidadão a quem a mensagem é dirigida.”.
Outra questão que pode causar enganos é a diferença de promoção e
propaganda. A propaganda, segundo Gomes (2001, p. 117) ocorre com:
[...] disseminação de ideias através de múltiplos canais, com a finalidade
de promover no grupo ao qual se dirige os objetivos do emissor, não
necessariamente favoráveis ao receptor; o que implica, pois, um processo
de informação e um processo de persuasão.
design gráfico, áudio e vídeo de última geração. Esse processo é também uma
forma de comunicação institucional muito valiosa. Podemos notar pelo seguinte
trecho a importância dessa prática:
Uma pessoa que é vista como fisicamente atraente costuma exercer forte
influência sobre as demais. Assim, as marcas que pretendem ter influência
sobre seus clientes devem ter atrativos físicos que as tornem únicas,
embora não perfeitas. Os atrativos físicos das marcas podem vir de suas
identidades de marca, como logotipos bem desenhados ou slogans bem
bolados. (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2017, p. 122).
3.2.2 Fanpages
Estar presente nas mídias sociais é necessário para quem quer se comunicar
e promover algo, pois estamos vivendo uma época de forte impacto das mesmas
40
no cotidiano das pessoas. De acordo com Araújo (2015, p. 73): “[...] presença online
é o marco inicial de ingresso aos interessados em atingir um público maior e cada
vez mais conectado no ambiente da web.”. Um dos canais que podem ser usados
para isso é a fanpage, uma página criada pelo Facebook (2019), que na definição
da própria empresa serve para que uma organização, empresa ou instituição
apresente seus produtos e serviços, coloque sua marca em destaque e alcance
mais clientes. Outra definição que expande o conceito de fanpage e traça seus
objetivos, nos diz que:
As páginas de fãs do Facebook destinam-se para entidades reais
transmitirem grandes informações aos fãs de maneira oficial e pública.
Assim como os perfis, eles podem ser aprimorados com aplicativos que
ajudam a entidade a se comunicar e envolver seus fãs e que capturam
novos públicos de forma viral através das recomendações de seus fãs para
seus amigos. (TREADAWAY; SMITH, 2012, p. 101, tradução nossa).
[...] essas páginas são presenças distintas, separadas dos perfis dos
usuários e otimizadas para as necessidades dessas presenças de se
comunicar, distribuir informações/ conteúdo, envolver seus fãs e captar
novos públicos de forma viral através das recomendações de seus fãs para
seus amigos. As páginas do Facebook foram projetadas para serem uma
solução de presença valiosa e rica em mídia para qualquer artista,
empresa ou marca que possa ser integrada perfeitamente à experiência
do usuário com aplicativos socialmente relevantes. (TREADAWAY;
SMITH, 2012, p. 101, tradução nossa).
Baseando-se na literatura, pode-se inferir que ter uma fanpage pode ser o
diferencial no marketing da instituição. De acordo com Neves e Barreira (2017, p.
806) no contexto das bibliotecas:
Os usuários integrantes do Facebook, por exemplo, assumem cada vez
mais o monitoramento das ações, das marcas e da reputação,
transformando a estratégia em mídias sociais digitais em uma
especialidade imprescindível para aqueles que esperam resultados em
consonância com a “cultura da curtida”.
por Thomas Davenport, que consiste em termos nossa atenção disputada por
inúmeras instituições e mídias diferentes. Isso só ressalta a necessidade de se
pensar na relevância do conteúdo postado para construir um relacionamento e uma
fidelidade com os usuários, além de se destacar dos demais.
O marketing de conteúdo, nome que designa esse tipo de especificação do
marketing, surgiu com a evolução da internet e a criação das mídias sociais. Seu
objetivo é criar curiosidade e um relacionamento com o usuário. Algo muito
interessante se for aplicado no contexto das bibliotecas, que podem criar conteúdos
interessantes e criativos, muitas vezes levando a informação e despertando a
curiosidade do usuário. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) explicam que essa
prática trata de um conjunto de atividades relacionadas para a criação e distribuição
de conteúdo que seja relevante para a vida do público, mas também fortemente
associado à imagem da instituição. Ou seja, precisa ser um conteúdo de qualidade
e de relevância.
O conceito do marketing de conteúdo, segundo Kotler, Kartajaya e Setiawan
(2017, p. 174) é estabelecido por “[...] uma abordagem que envolve criar, selecionar,
distribuir e ampliar conteúdo que seja interessante, relevante e útil para um público
claramente definido com o objetivo de gerar conversas sobre esse conteúdo.”.
Outros autores concordam com essa importância do conteúdo em tempos de mídias
sociais:
O conteúdo é o ponto central das mídias sociais de sucesso. Com todo o
barulho lá fora, você precisa ter uma voz interessante ou útil, e você precisa
se comunicar regularmente o suficiente para permanecer relevante. Pode
ser na forma de artigos, ensaios, atualizações de status, podcasts, vídeos,
músicas e assim por diante. (TREADAWAY; SMITH, 2012, p. 58, tradução
nossa).
Logo, o conteúdo precisa ser idealizado para chamar atenção e criar uma
conexão com seu público. Lin, Swarna e Bruning (2017) explicam que pesquisas
atuais sugerem que as postagens devem ser vívidas, práticas, interessantes,
personalizadas e interativas. Por vivacidade, De Vries, Gensler e Leeflang (2012)
referem-se à maneira como a publicação apela para os sentidos do indivíduo. Os
profissionais de marketing podem obter vivacidade nas postagens incluindo
animações dinâmicas, cores ou imagens. Estudos sugerem que a vivacidade pode
aumentar a relevância da postagem. Sabate e colaboradores (2014) discorrem que
as postagens devem ser práticas e acessíveis para que os usuários consigam se
envolver com as mesmas. A personalização pode ser alcançada, de acordo com
Khobzi e Teimourpour (2015), por meio da entrega de postagens eficazes aos
usuários mais interessados, analisando o padrão de comportamento do usuário.
Essa é uma prática conhecida como direcionamento comportamental.
Os usuários gostam de interagir com as instituições, fazer perguntas e trocar
opiniões nas mídias sociais. Para Chua e Banerjee (2015), a interatividade pode ser
aumentada através do uso de diálogos, promoções e concursos, links para outros
sites, votos ou outras características que exijam alguma forma de ação do usuário.
Pesquisas sugerem que a interatividade está relacionada à capacidade de atrair
gostos, comentários e ações.
Todavia, sabemos que nem todo o conteúdo será criado pela instituição.
Sobre esses conteúdos não originais, os autores dizem que:
Felizmente, as normas na Internet evoluíram de modo que você não
precise criar seu próprio conteúdo exclusivo sempre que quer dizer alguma
coisa. Tanto conteúdo está disponível na Internet que você pode às vezes,
apenas apontar para o conteúdo produzido por outras pessoas. Como
alternativa, você pode usar os conteúdos existentes que você criou por
outros motivos. Você pode encomendar novo conteúdo para uso nas
mídias sociais. (TREADAWAY; SMITH, 2012, p. 58, tradução nossa).
De acordo com Soares e Monteiro (2015) cada vez mais é necessário ter
uma relação personalizada com os usuários, à medida que com as mídias sociais
fica mais fácil receber comentários positivos e negativos. Mais especificamente
sobre o marketing de relacionamento nas fanpages das bibliotecas, é sugerido:
46
Com base na fala dos autores supracitados, podemos dizer que o marketing
de relacionamento é primordial para quem busca uma presença nas mídias sociais.
Além dele, outros foram pontuados ao longo do capítulo. Com o objetivo de resumir
as ações elencadas e como futuro apoio na análise da pesquisa, elaboramos a
seguinte síntese (quadro 3).
Ações de marketing
Ações Autor
Planejamento e controle
Desenvolver planos de ação com foco na fanpage. Araújo, Freire e Côrtes (2018).
Interatividade
47
Promoção
Marketing institucional
Ter uma aparência atrativa. Criar identidade visual Kotler, Kartajaya e Setiawan
(logotipo). (2017).
Postagens
Sabate e colaboradores
As postagens devem ser práticas e acessíveis.
(2014).
Conteúdo
Marketing de relacionamento
A partir dessa ideia, logo nos vem à mente o caráter democrático inerente
das bibliotecas públicas. Complementando o conceito, a biblioteca precisa atender
determinadas funções (quadro 4). Andrade e Magalhães (1979) elencam quatro:
educativa, informativa, cultural e recreativa. Essas funções guiam e direcionam as
atividades e serviços. Sobre a função educativa, Andrade e Magalhães (1979, p.
52) dizem: “A biblioteca tem exercido atividades de apoio à educação formal. Sua
função educativa, entretanto, não se restringe a essa, englobando também outras
facetas do complexo educacional, isto é, educação não-formal e informal.”. Já sobre
a função informativa, Andrade e Magalhães (1979, p. 53) afirmam “[...] que a
biblioteca deve prover informações confiáveis, rápida e eficientemente.”. A respeito
da função cultural:
Cabe pontuar que as funções acima listadas serão usadas como categorias
para a análise das postagens.
A biblioteca pública é um local que deve ser fonte de informação para a
sociedade e que possibilite a inclusão das pessoas e a construção da cidadania. A
Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
(1994, documento eletrônico) apresentam um pensamento que embasa essa ideia:
“[...] a biblioteca pública - porta de acesso local ao conhecimento - fornece as
condições básicas para uma aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão
independente e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos
sociais.”. Para alcançar tais feitos, é necessário a implementação de alguns
princípios norteadores:
Os princípios que deveriam consubstanciar a missão da biblioteca pública,
51
Podemos perceber que, mesmo com as idades das falas, a maioria dos
princípios ainda é bastante atual e relevante ao nosso contexto. Questões como:
promover o idioma, informar os cidadãos, fornecer e promover livros, promover a
alfabetização e servir como promotor da cultura regional local ainda são princípios
determinantes para uma biblioteca pública exercer ativamente sua função,
principalmente a democrática. Miranda (1978, p. 75) ainda aponta sobre a
particularidade de cada situação ao implementar os princípios: “[...] tais objetivos e
metas seriam gradualmente atingidos segundo disponibilidades locais e cada
biblioteca, mesmo sendo parte de um sistema, determinaria a sua própria política.”.
Fica clara a preocupação e a noção de que realidades distintas terão necessidades
igualmente distintas.
A inclusão é um dos fatores existenciais da biblioteca pública e envolve sua
missão enquanto instituição, logo seus serviços devem orbitar em torno desse
pensamento. Sobre essa reflexão, a IFLA e a UNESCO (1994, documento
eletrônico) propõem que “[...] os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos
com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo,
religião, nacionalidade, língua ou condição social.”. Aqui fica evidente novamente o
52
5 MARKETING DA INFORMAÇÃO
Pode-se perceber por esse excerto que transpor o marketing para uma
unidade de informação pode ser uma tarefa que requer um conhecimento de muitas
variáveis. Sobre a aplicação especificamente no Brasil do marketing da informação:
[...] marketing da informação no Brasil possa estar ligado à descrença dos
profissionais no potencial das técnicas mercadológicas; ao desconforto
relacionado com a prática do marketing, rotulada de antiética por alguns
estudiosos; à falta do foco das unidades de informação nas prioridades dos
seus usuários; à exagerada e errônea consideração de que a informação
é importante por si só e não precisa ser divulgada; ao conhecimento
insatisfatório das técnicas mercadológicas pelos profissionais atuantes no
setor; às deficiências curriculares da formação dos profissionais da área
de informação; à escassez de literatura sobre aplicação de técnicas de
marketing da informação; [...]. (AMARAL, 2008, p. 33).
Fica claro, pela fala da autora, que existe ainda muito a melhorar na aplicação
do marketing da informação como um todo, sugerindo-se, até mesmo, uma
negligência por parte dos profissionais da informação. Silveira e Battistotti (1996, p.
56) apontam que: “A recomendação para inclusão de marketing nos currículos
55
Entre os serviços que podem encontrar seu lugar na internet, estão, segundo
Amaral (2002, p. 110) aqueles como: “[...] correio eletrônico, transferência de
arquivos, disseminação e recuperação da informação.”. Calil Junior e Almendra
(2016), em um estudo sobre fanpages aplicado em bibliotecas estaduais, elencaram
(quadro 7) quais produtos e serviços informacionais são promovidos no marketing
digital das instituições pesquisadas. Essa tipologia será utilizada na categorização
das postagens.
Promoção da
Mensagens que incentivam a promoção da leitura; indicação de livros.
Leitura
habilidades que devem ser adquiridas pelos profissionais que pretendem exercer
tal função.
Com base no referencial teórico construído, vamos analisar os dados e os
resultados da pesquisa no próximo capítulo.
59
6 RESULTADOS
13
Os nomes das bibliotecas foram suprimidos para manter o sigilo ético dos respondentes.
64
podem tirar suas dúvidas e saber sobre os serviços, o que gera aproximação dos
clientes com a biblioteca.” (Biblioteca 04). “A comunicação também ficou facilitada,
uma vez que a mídia social também proporciona um espaço de contato direto com
a Biblioteca, tanto para diminuir dúvidas como para troca de informações.”
(Biblioteca 05). “Esta é uma forma de os usuários se sentirem à vontade para entrar
em contato para sanar dúvidas, ou solicitar informações, realizar renovações. Ao se
cadastrar na biblioteca, o usuário é informado de que existe um canal de
comunicação a sua disposição através do Facebook.” (Biblioteca 07). “Relação
amistosa, direta e pontual. As pessoas costumam entrar em contato para tirar
dúvidas.” (Biblioteca 11). Podemos perceber pelas falas que os usuários utilizam a
plataforma para conseguir estabelecer um relacionamento mais próximo com a
biblioteca. As falas vão ao encontro da argumentação de Amaral (2008, p. 34), que
entende a promoção como uma forma de “[...] manter os usuários reais,
constantemente, bem informados sobre a atuação da organização, seus produtos e
serviços.”. Essas falas também se relacionam com os pensamentos de Oliveira
(2002, p. 106) quando ela comenta: “[...] vejam a internet como uma ferramenta de
marketing para resolver os problemas dos clientes; conhecer suas necessidades;
expor produtos e serviços para esses clientes; e manter um relacionamento estreito
com eles.”. Veremos mais desse comportamento que configura também um
marketing de relacionamento no subcapítulo seguinte, que abordará a análise
documental da fanpage e trará outros dados a respeito da comunicação. Podemos
relacionar esse fenômeno de aproximação com as indicações de Amaral (2011), a
autora aponta que o marketing é um aprimoramento e intensificação do
relacionamento com o usuário. Podemos sentir isso nessa informalidade que os
usuários estabelecem com a biblioteca.
O termo comunicação, que também aparece em destaque na nuvem,
apareceu nas respostas em complemento das falas já citadas acima. Amaral (2008,
p. 35) define comunicação como “[...] o processo transacional entre duas ou mais
partes, em que o significado é trocado dentro do uso intencional dos símbolos.”.
Para a autora, o importante é a interação, ela nos elucida que: “[...] a questão crucial
desse complexo processo é a compreensão de como o significado é estabelecido e
transferido entre as partes envolvidas nesse processo.”. As fanpages das
bibliotecas estabelecem esse diálogo característico da comunicação, não sendo
apenas uma "vitrine", mas indo além.
66
14 As citações longas dos respondentes estão grifadas em itálico para estabelecer uma distinção clara entre as
citações longas do referencial teórico.
67
15Muitas bibliotecas precisaram ficar fechadas para o controle da COVID-19 durante o primeiro semestre de
2020. Essa foi uma decisão que coube a cada município. Como exemplo da normativa, o Decreto nº 20.505, de
17 de março de 2020 (PORTO ALEGRE, 2020, documento eletrônico): “Art. 6º Ficam suspensas as atividades
nos estabelecimentos Teatros, Museus, Centros Culturais, Bibliotecas e Cinemas.”
69
“Acreditamos que sim, mas não temos como contabilizar.” (Biblioteca 05). “Trouxe
novos usuários e também muitas doações. Infelizmente não tenho esse dado exato
para fornecer.” (Biblioteca 07). “Olha, não sei informar ao certo, o que notamos é
que todos os dias temos cadastros novos e no momento já passamos dos sete mil
usuários cadastrados, se não houvesse a pandemia, acredito que já estaríamos
passando dos oito mil.” (Biblioteca 14). “Sim, não chegamos a contabilizar isso, mas
é possível saber que alguns usuários fazem esse caminho porque chegam a
perguntar pelo Facebook e Instagram da biblioteca sobre o que é necessário para
fazer cadastro.” (Biblioteca 15). A palavra relação também aparece em destaque,
empregada no sentido de não conseguirem relacionar quantos novos usuários
surgiram com a mídia social.
O assunto também apareceu como uma nova perspectiva a ser seguida pelo
seguinte respondente:
Engraçado, nunca pensamos em fazer uma pesquisa sobre o assunto,
somos bastante visitados, e com a divulgação de nossos projetos e
eventos nas redes, conseguimos muito alcance e também lotamos muitos
eventos, mas em usuários, não associados, sempre tivemos muitos,
aumentou bastante, mas não sei dizer se há uma relação direta com as
mídias sociais. (Biblioteca 06).
A oitava pergunta (figura 11) quer entender, por meio da visão da biblioteca,
qual/quais o(s) ponto(s) positivo(s) na utilização dessa mídia social. Vemos com
grande destaque os termos: usuários, serviços, divulgação, público e comunicação.
Com certeza, quando a biblioteca abre um canal de diálogo, ela está sujeita
a críticas. Amaral (2008) entende que as bibliotecas precisam adquirir habilidades
de comunicação e promoção para lidar com esses usuários exigentes e bem-
informados que surgem com o mundo globalizado. Soares e Monteiro (2015)
entendem que cada vez mais é necessário ter uma relação personalizada com os
usuários, já que com as mídias sociais fica mais fácil receber comentários positivos
e negativos.
Outras, são mais diversas: “Acredito que tudo acabe ficando muito disponível
nas mídias, e algumas, muitas pessoas, optem por acompanhar apenas
digitalmente nosso trabalho [...]” (Biblioteca 06). “Dependência de equipamentos e,
principalmente, de acesso à internet para publicar os conteúdos. Ter uma base de
conhecimento de utilização da ferramenta.” (Biblioteca 05). “Nem sempre
conseguimos acompanhar o volume de informação que chega.” (Biblioteca 10).
Outro ponto abordado foi a necessidade de estar sempre presente, como uma
obrigação:
Respostas assíncronas, que não coincidem com o momento que o usuário
está fazendo algum questionamento podem gerar uma desmotivação na
interação. No momento que se cria uma página é necessário estar sempre
atualizando, e nem sempre temos tempo e recursos humanos,
desmotivando, também, as visitações na página. (Biblioteca 11).
74
Acredito que sim, e poderia ser muito melhor elaborada para atingir os
objetivos, que são além de manter os usuários atuais, atrair novos
usuários, promover a visibilidade do acervo, divulgar as atividades
oferecidas pela instituição, oferecer informações e conteúdos diversos...
Mas o que dificulta é que a pessoa responsável pelo marketing da
biblioteca não trabalha na biblioteca e é responsável por toda a Secretaria
de Cultura, além de outros serviços, o que demanda muito trabalho e por
isso não consegue dar um foco melhor. (Biblioteca 09).
Podemos constatar que 36,8% das bibliotecas utilizam o logotipo como foto
de perfil. Outras 36,8% utilizam a foto do prédio e 26,3% colocam a foto do autor
que dá nome a instituição. O número de bibliotecas com logotipo é pequeno
comparado a soma dos outros dois (63,1%). Para Kotler, Kartajaya e Setiawan
(2017) o logotipo distingue as intuições de seus concorrentes. Esse ponto é muito
importante, pois entre as bibliotecas pesquisadas encontramos bibliotecas com
nomes duplicados (Monteiro Lobato, Mario Quintana, Érico Veríssimo etc.).
Bibliotecas costumam ter nomes de autores renomados e esses nomes se repetem
com frequência (mesmo nas bibliotecas da pesquisa isso aconteceu). Dessa forma,
pode ocorrer confusão entre bibliotecas se ambas têm o mesmo nome e escolherem
exibir a foto do autor como sua imagem de destaque institucional. O logotipo é uma
forma de estabelecer uma diferença entre essas instituições. Ferreira e Caldas
(2017) colaboram com esse pensamento pois entendem que a falta de um logotipo
dificulta o destaque da instituição em meio a outras. Kotler, Kartajaya e Setiawan
(2017) dizem que o logotipo também precisa ser atrativo. Podemos ponderar
também se apenas a foto da biblioteca imprime uma imagem atraente para usuários
novos. Se a pessoa não conhece a biblioteca fisicamente, possivelmente ela tenha
dificuldade de fazer essa ligação imagética, contudo precisamos relativizar que
existem prédios históricos que são conhecidos por sua arquitetura, quase como uma
marca. Contudo, não é somente o perfil que deve ser cuidado numa página.
Ao olharmos para as informações contidas na aba “sobre” da fanpage das
bibliotecas, podemos perceber que há um espaço para as bibliotecas incluírem suas
informações, contato e até mesmo sua localização. Essas informações estavam
completas em todas as bibliotecas pesquisadas, mostrando um comprometimento
por parte das instituições. O que mudou de uma para outra foi o tempo das
respostas dadas aos usuários. A fanpage tem uma indicação visual (figura 16) que
mostra quanto tempo a biblioteca demora para responder. Essa indicação funciona
como um selo.
79
demonstrados abaixo (gráfico 7). O detalhamento dos dados que serviram de base
para a análise da seção encontra-se nos apêndices D e F.
45%, 32% e 27%) indicou, assim como a nossa que “eventos da biblioteca” se
sobressaem sobre outros tipos de postagens. Essa similaridade indica que o padrão
gaúcho de postar mais sobre eventos vai ao encontro do que outras bibliotecas
públicas no país estão desenvolvendo.
No quesito quantidade de postagens (gráfico 8), temos um número
considerável de bibliotecas (12) que postaram mais de 11 vezes ao mês. Há,
contudo, aquelas que postam esporadicamente, sem manter uma periodicidade
regular. Apenas três bibliotecas (Biblioteca 06, Biblioteca 11 e Biblioteca 15)
costumam postar muito mais que as outras.
pelos autores. Com apenas três ou seis postagens (no período de um mês) fica
difícil para os usuários criarem uma expectativa sobre o comportamento da página.
Se o usuário segue a fanpage querendo saber das novidades da biblioteca, por
exemplo, a ausência do material promocional pode levá-lo à conclusão (muitas
vezes irreal) de que a biblioteca não tem novidades a oferecer. O volume de
postagens também pode ser também uma forma de estabelecer a marca da
biblioteca como um todo e criar uma identidade perceptível pelos usuários.
Nas mídias sociais a interação dos usuários (gráfico 9) é muito importante,
pois indica que houve um engajamento entre o usuário e a postagem. Podemos
perceber que quem recebe mais comentários, compartilhamentos e curtidas são
“eventos” e “promoção da leitura”, seguindo o padrão estabelecido anteriormente
pela tipologia de postagens (gráfico 7). Contudo, vale notar a diferença no número
de comentários, curtidas e compartilhamentos. Eventos, por exemplo, tiveram 87
comentários, 1548 curtidas e 190 compartilhamentos. Esse padrão de redução é
notado em todas as tipologias, assim percebemos que compartilhamentos e
comentários são mais esporádicos. Araújo, Freire e Côrtes (2018, p. 560) entendem
as curtidas, comentários e compartilhamentos indicam para a biblioteca “[...] quais
os tipos de postagens que os usuários mais gostam, qual o assunto que mais rende
[...], se constituindo dados valiosos para serem utilizados no momento da tomada
de decisão, [...] correspondendo de maneira eficaz às expectativas do seu público-
alvo.”. Como uma forma de aumentar as interações, Chua e Banerjee (2015)
explicam que o ideal é fazer postagens com perguntas, iniciando uma troca de
opiniões. Nas postagens das bibliotecas, foi percebido que não há o hábito das
perguntas, o que pode explicar, de certa forma, o baixo número de comentários e
compartilhamentos. Não há a iniciativa de um engajamento por parte da biblioteca.
84
como prática recorrente, algo que é fundamental e ideal para o marketing. Existe
também uma dificuldade decorrente desse processo falho: saber quantos usuários
novos chegam por meio das mídias. Na maioria das bibliotecas faltam tais
indicadores.
A relação da biblioteca com os usuários se mostrou muito positiva. Os
usuários utilizam a fanpage como um canal de comunicação, isso com bastante
consciência. Essa postura configura um marketing de relacionamento, levando em
conta que existe uma interação contínua com a biblioteca. Contudo, em alguns
casos os bibliotecários entendem que o público virtual não é o mesmo que o físico.
Devemos ponderar que isso não é necessariamente algo negativo e pode ser visto
como oportunidade de conquistar novos públicos e estar em mais “lugares”.
A respeito da usabilidade da fanpage, novamente as bibliotecas se
mostraram positivas quanto ao assunto: ficou evidente que durante a pandemia de
COVID-19 essas ferramentas estão contribuindo positivamente para o trabalho e a
conexão com os usuários, substituindo momentaneamente o espaço físico da
biblioteca e possivelmente criando um novo modelo de atendimento. Essa alteração
na sistemática pode evidenciar uma nova oportunidade de inovação nas práticas da
Biblioteconomia; dentro do “novo normal”18 que vivenciamos.
Ao abordar os pontos positivos, a maioria apontou a divulgação e a
comunicação como os maiores benefícios. Já os pontos negativos para alguns não
são evidentes, já para outros ele aparece como um efeito colateral da sobrecarga
de trabalho que a fanpage exige. Os bibliotecários entendem que precisam de mais
tempo e pessoas para conseguir executar tudo que vem com essa nova demanda
de trabalho. Outro viés negativo abordado são as críticas que surgem desta
comunicação tão próxima, que por ser tão focada no imediatismo, são mais
presentes e frequentes. Contudo, quando perguntados se consideravam a fanpage
uma boa estratégia de marketing, a maioria respondeu que sim.
A partir das reflexões elencadas podemos perceber que os objetivos da
promoção propostos por Amaral (2008, p. 34), considerando as particularidades de
cada instituição, são contemplados nas promoções das fanpages:
Os objetivos da promoção são: (a) tornar a organização e seus produtos e
serviços conhecidos pelos usuários potenciais; (b) tornar o ambiente da
organização e seus produtos e serviços atraentes para os usuários
18
Expressão que surgiu durante a pandemia e indica a adaptação que precisou ocorrer no mundo durante o
período da COVID-19.
90
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BUDDY MEDIA. Strategies for effective wall posts: a timeline analysis. 2012.
Disponível em: http://www.salesforce.com/marketing-cloud/. Acesso em: 30 mar.
2020.
CASTRO, Claudio Henrique de. Matriz SWOT (análise): guia completo. [S.I.]:
Sobre administração, 2010. Disponível em: www.sobreadministração.com/matriz-
swot-analise-guia-completo. Acesso em: 20 mar. 2020.
CAVALARO, Natalia. Mas você sabe qual a diferença entre uma página
pessoal e uma fanpage? [S.I.]: Kapital, 2020. Disponível em:
https://www.designkapital.com.br/voce-sabe-a-diferenca-entre-fanpage-e-perfil-no-
facebook/. Acesso em: 20 mar. 2020.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO:
⚪ Há um bibliotecário responsável.
⚪ Outro colaborador da biblioteca é responsável.
⚪ Um colaborador externo à biblioteca é o responsável.
⚪ Outra alternativa.
6) Como você avalia o uso das mídias sociais pelas bibliotecas? Você
considera importante? *
10) Você acredita que a fanpage é uma boa estratégia de marketing digital
para a biblioteca? Por quê? *
Charles Espolier
Graduando em Biblioteconomia
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19
Fonte: Censo Demográfico (2010).
20
Fonte: Facebook, 2020. Acesso em: 19 mar. 2020.
21
Para as informações não encontrada foi usada a sigla: “N/A” (não se aplica).
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Nova Santa Rita 22.716 Mário Quintana 166 [email protected] (51) 3479-2630
São Francisco de
20.537 N/A
Paula
Eu, Charles Espolier, solicito a sua colaboração para esta pesquisa que
subsidiará o Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade de Biblioteconomia e
Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FABICO/UFRGS). A
pesquisa, que é orientada pela Prof.ª Dra. Jussara Borges, propõe-se a entrevistar
bibliotecários municipais do Rio Grande do Sul.
Deseja-se, com esse estudo, verificar quais os impactos das fanpages ao
serem usadas para promover produtos e serviços oferecidos nas bibliotecas
públicas municipais do estado do Rio Grande do Sul.
Os dados e resultados individuais desta pesquisa se encontram em sigilo e
possuem o intuito único e exclusivo para fins acadêmicos, sendo respeitado os
limites éticos. A pesquisa se dará pela aplicação de um questionário. A qualquer
momento, caso não se sinta confortável, o respondente pode desistir de responder,
sem nenhum prejuízo maior. Caso surjam dúvidas, o responsável pela pesquisa
pode ser contatado pelo telefone [...] ou pelo e-mail: [...].
Eu_______________________________________________________________,
manifesto expressamente meu entendimento e consentimento para a realização da
pesquisa.
_____________________________________
Assinatura do participante
_____________________________________
Charles Espolier
106
Dados da pesquisa22
22
Cada alternância de cor nessa planilha representa uma biblioteca municipal do RS.
109
Serviços da
02/10/2019 biblioteca Informativa 2 15
Serviços da
02/10/2019 biblioteca Recreativa 2 4 23
Serviços da
03/10/2019 biblioteca Recreativa 2 11
Serviços da
09/10/2019 biblioteca Recreativa 1 24
114
Serviços da
11/10/2019 biblioteca Recreativa 9
Serviços da
14/10/2019 biblioteca Recreativa 3
Serviços da
16/10/2019 biblioteca Recreativa 2 10
Serviços da
25/10/2019 biblioteca Recreativa 1 12
Serviços da
26/10/2019 biblioteca Recreativa 1 12
Serviços da
02/10/2019 biblioteca Educativa 3 5
Serviços da
15/10/2019 biblioteca Educativa 5