Microbiologia Do Pescado (Principais Slides)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Questões

Universidade de São Paulo


Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição • O que você entende por pescado?

• Por que é considerado um alimento dos extremos?

• Você consome pescado?

Microbiologia do Pescado • Como você avalia se um pescado está adequado para


o consumo?

Profa. Dra. Daniele F. Maffei

1 2

Aspectos gerais do pescado Contaminação do pescado

Pescado (marinho ou de água doce) – reflete condições do local onde foi


Pescado – todos os animais viventes em meio aquático, salgado ou
capturado. Qualidade da água é fundamental!
doce, obtidos por diferentes processos de captura e destinados à
alimentação humana. Outras fontes de contaminação:

Compreende: peixes (água salgada e doce), moluscos (ex. escargot,  Porões dos barcos pesqueiros sem condições de higiene;
mexilhões, ostra, lula, polvo), crustáceos (camarão, caranguejo, lagosta),
 Contato com gelo produzido com água de má qualidade;
anfíbios (rãs), quelônios (tartarugas), mamíferos, algas etc.
 Lavagem com água proveniente dos canais contaminados com
 Componente importante na dieta humana, fonte de nutrientes:
matéria orgânica;
proteínas de alto valor biológico e alta digestibilidade, ácidos graxos
 Falhas na cadeia de frio em toda a malha de distribuição até alcançar
poli-insaturados do tipo ômega-3.
o comércio varejista ou o domicílio do consumidor.
 Considerado um “alimento dos extremos”.

3 4

Aspectos físico-químicos Aspectos físico-químicos

O pescado, logo após a captura, sofre uma série de alterações ETAPAS (deterioração bacteriana)
bioquímicas, físicas, químicas e microbiológicas que se iniciam • O peixe morre e na sua carne se estabelecem os fenômenos post

pela ação autolítica de enzimas musculares que hidrolisam mortem (enrijecimento da carne e redução do pH) - processo de início

proteínas e gorduras. rápido e curta duração nos peixes;

• Enzimas envolvidas na autólise (presentes no pescado) levam ao


Logo a seguir, ocorre a ação dos micro-organismos, o que
amolecimento e desintegração da carne = produção de substâncias
provoca alterações químicas e físicas profundas no pescado,
nitrogenadas não-proteicas (aminoácidos livres, creatina, uréia)
cujo estágio final é a sua completa deterioração.

Post-mortem x Rigor mortis

5 6
Aspectos físico-químicos Aspectos físico-químicos

RESUMO (deterioração bacteriana)


• Bactérias desenvolvem-se utilizando estes compostos, originando
produtos com aroma desagradável (bases nitrogenadas voláteis e
O pescado deve sofrer o abate imediatamente após a
amônia)
captura e quanto mais longo for o “pré rigor”, mais
• Esgotados os substratos nitrogenados não-proteicos, as bactérias tempo o pescado estará isento da ação das enzimas
passam a atuar sobre as proteínas (processo proteolítico) e dos micro-organismos
ocasionando alterações mais profundas, como o amolecimento dos
tecidos e o aumento na concentração de compostos de odor
nauseante.

7 8

Aspectos sensoriais Aspectos sensoriais

Sinais de reconhecimento do pescado fresco (peixes) Outras observações importantes:


a) A carne é firme, elástica e resiste à pressão dos dedos; a) Estar livre de contaminantes físicos (areia, pedaços de metais,
b) A cauda é firme na direção do corpo; plástico e/ou poeira), químicos (sabão e/ou detergentes) e
c) Cheiro característico (planta aquática); biológicos (bactérias, vírus e/ou moscas);
d) Olhos salientes e brilhantes; b) Aparência: ausência de manchas, furos ou cortes na superfície;
e) Guelras róseas/vermelho e com cheiro fresco característico; c) Conservação: deve ser mantido sob refrigeração ou sobre uma
f) Escamas bem aderidas à pele; espessa camada de gelo;
g) Pele brilhante e úmida, sem untuosidade; d) Produto congelado: verificar temperatura do equipamento e
h) O ventre não deve estar abaulado. informada na embalagem. Produtos não devem estar amolecidos
(descongelamento) ou presença de água na embalagem.

9 10

Aspectos sensoriais Aspectos toxicológicos

Sinais de reconhecimento do pescado alterado (peixes) Proteínas – Autólise pós-rigor mortis


a) Escamas opacas desprendendo-se facilmente;
• produção de componentes nitrogenados pelas enzimas proteolíticas
b) Olhos turvos, opacos, afundados na órbita;
teciduais;
c) Guelras pálidas, acinzentadas, com cheiro desagradável;
• degradação a peptídeos e aminoácidos livres
d) Pele de cor embaçada, rugosa e frágil;
• descarboxilação dos aminoácidos livres através de enzimas
e) Carne sem brilho, sem elasticidade e conservando o sinal de
descarboxilases endógenas ou exógenas (principalmente)
pressão dos dedos;
f) Cheiro desagradável;
A degradação de aminoácidos origina as aminas biogênicas, que
g) Ventre abaulado, flácido, volumoso.
quando presentes em concentrações significativas são capazes de
induzir uma intoxicação química.

11 12
Aspectos toxicológicos Aspectos toxicológicos

 Fator predominante na síntese de aminas biogênicas: tempo e Histamina


temperatura de armazenamento.
 Peixes da família Scombridae
 Acúmulo de aminas biogênicas: odores pútridos, além de efeitos
 Inclui: atum, bonito, serra, arenque, cavala, sardinhas etc.
tóxicos e perigo potencial à saúde.
 Elevado conteúdo de histidina no músculo
 Aminas biogênicas são resistentes ao calor (tratamento térmico).
 Intoxicação causada por histamina = escombrotoxicose
Principais aminas biogênicas e aminoácidos precursores:  Histamina age sinergicamente com outras aminas (putrescina e
• Histamina (histidina) cadaverina)
• Tiramina (tirosina)  Histamina é termoestável – parcialmente destruída após três horas de
• Triptamina (triptofano) aquecimento a 102 °C ou noventa minutos a 116 °C
• Cadaverina (lisina)  Intensidade de intoxicação histamínica: depende da dose ingerida,
• Putrescina (arginina e ornitina) associação com outras aminas e suscetibilidade do organismo.

13 14

Aspectos toxicológicos

Sintomatologia da intoxicação por aminas biogênicas

 Cutâneos: urticária, coceira, edema e inflamação localizada;


 Gastrointestinais: náusea, vômito, diarreia e dores abdominais; Principais grupos
 Outros sintomas: dores de cabeça, palpitação/taquicardia,
hiper/hipotensão e, em casos mais severos, dificuldade respiratória.
microbianos
BRASIL: MAPA estabelece limite máximo de 100 mg/kg de histamina
para pescados formadores de histamina.

Medidas de controle: manutenção do pescado em baixa temperatura


durante toda a armazenagem, além de manter a higiene desde a
captura até a mesa do consumidor.

15 16

Microbiologia do pescado Microbiologia do pescado

Micro-organismos contaminantes do pescado Micro-organismos contaminantes do pescado

 Micro-organismos deteriorantes: capacidade proteolítica, lipolítica etc.  Micro-organismos indicadores de contaminação fecal: podem fornecer
Alteram as características organolépticas dos alimentos. Maioria informações sobre a ocorrência de contaminação fecal e possível
mesófilos (temperatura ambiente) e psicrotróficos (temperatura de presença de patógenos. Ex: coliformes a 45 °C (termotolerantes) com
refrigeração). Ex. Pseudomonas e Shewanella. destaque para Escherichia coli.

 Micro-organismos indicadores de higiene e/ou processamento: usados  Micro-organismos indicadores de manipulação inadequada: indicam
para avaliar as condições higiênico-sanitárias do pescado. Ex. falhas nos pontos críticos de controle. Ex. Staphylococcus aureus.
contagem total (bactérias mesófilas/psicrotróficas), coliformes totais,
bolores e leveduras.

17 18
Microbiologia do pescado

Micro-organismos contaminantes do pescado

 Micro-organismos capazes de causar enfermidades de origem


alimentar: não alteram as características organolépticas do alimento,
mas causam danos à saúde. Ex. Vibrio parahemolyticus, V. cholerae,
Surtos causados pelo consumo
V. vulnificus, Salmonella spp., Escherichia coli enteropatogênica,
Staphylococcus aureus.
de pescado

19 20

21 22

Microbiologia do pescado Microbiologia do pescado

Outros perigos transmitidos pelo consumo de pescado Tecnologias que visam reduzir a multiplicação microbiana e
possíveis riscos
 Parasitas: Diphyllobothrium latum (difilobotríase) entre outros.
• Resfriamento / Congelamento - falhas na cadeia de frio;
 Vírus: vírus entéricos (rotavírus, norovírus, adenovírus, astrovírus) e
vírus da hepatite A e hepatite E. • Enlatamento – falhas no processamento / tratamento térmico;

 Biotoxinas marinhas: Tetrododotoxina, Ciguatoxina, Toxinas • Secagem – risco de contaminação ambiental;


paralisantes, Toxinas diarreicas, Neurotoxinas e Toxinas amnésicas.
• Salga – qualidade do sal (bactérias halotolerantes ou halofílicas);
 Toxinas produzidas no post-mortem: aminas biogênicas (histamina,
• Defumação – fumaça elimina formas vegetativas, mas não esporos;
tiramina, triptamina, cadaverina, putrescina).
• Outras tecnologias: fermentação, marinação, irradiação, emprego de
 Metais pesados: mercúrio, chumbo, cobre, alumínio etc.
embalagens ativas (atmosfera modificada) etc.

23 24
Microbiologia do pescado Referências

FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança dos alimentos. 2ª ed. Porto


Prevenção
Alegre: Artmed, 2013. 602p.
• Evitar o consumo de pescado cru ou mal cozido, principalmente cuja FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. 2ª ed.: Rio
origem seja desconhecida; de Janeiro: Atheneu. 2023. 292p.

GONÇALVES, A. A. Tecnologia do pescado: ciência, tecnologia, inovação e


• Evitar o contato entre alimentos crus e cozidos, para reduzir as
legislação. São Paulo: Editora Atheneu, 2011. 608 p.
chances de contaminação cruzada;
SANTIAGO, J.A.S., ARAÚJO, P.F.R., SANTIAGO, A.P., CARVALHO, F.C.T.,
VIEIRA, R.H.S.F. Bactérias patogênicas relacionadas à ingestão de pescado -
• Evitar o contato de feridas abertas com águas ou produtos
revisão. Arquivos de Ciências do Mar, v.46, n.2, p.92-103, 2013.
possivelmente contaminados;

• Manter a cadeia de frio do pescado.

25 26

Você também pode gostar