Katiasimoes2018,+525 Texto+do+artigo 1682 1 4 20190924
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Amanda dos Santos Cecilio1 • Ione Corrêa2 • Maria Justina Dalla Bernardina Felippe3
RESUMO
Objetivo: Avaliar fatores de risco de disseminação de microrganismos relacionados com dermatoses do couro cabeludo para
elaboração de medidas preventivas e controle de infecção cruzada em exames de eletroencefalograma. Método: Revisão Integrativa
com estratégia de busca nas bases de dados: CINAHL, Embase, Pubmed, Scopus e Wos. O levantamento foi durante janeiro a
fevereiro de 2018. Como critérios de inclusão utilizaram-se estudos que abordassem a temática da correlação entre exame de
eletroencefalograma e infecção cruzada, em periódicos e textos disponíveis na íntegra nacionais ou internacionais nos idiomas
português, espanhol ou inglês indexado e sem delimitação temporal. Resultados: Foram identificados 936 artigos e foram inseridos
quatro artigos para o presente estudo, aos quais a abrasão realizada no couro cabeludo do paciente, os eletrodos e suas extensões
que entram em contato com a pele, a falha no procedimento de desinfecção dos equipamentos, a falta de controles de higienização,
a falta de treinamento com a equipe envolvida no processo de trabalho e a falta de protocolos a serem seguidos, são fatores de
risco que requerem medidas/ações para promover motivação e capacitação com responsabilidade profissional e social. Conclusão:
Os riscos de adquirir infecções em serviços de saúde são elevados e em grande parte poderiam ser evitados por meio da adesão
dos profissionais de saúde e realização de medidas/ações de prevenção e controle de infecção promovem a segurança do paciente.
Diante de tal necessidade, foi elaborado mapeamento de processo do serviço de neurologia diagnóstica, contendo normas e
rotinas, procedimento operacional padrão, indicadores e disponibilização do e-book.
Descritores: Dermatoses de Couro Cabeludo; Eletroencefalograma; Desinfecção; Instituições de Saúde; Infecção Cruzada.
ABSTRACT
Objective: To evaluate risk factors to microorganisms’ dissemination related to dermatoses of the scalp. To perform measures of
prevention and control of cross infection in electroencephalogram exams. Method: Integrative revision with search strategy in
databases: CINAHL, Embase, PubMEd, Scopus and Wos. The search was carried out from January to February 2018. As inclusion
criteria were researches by topic electroencephalogram and cross-infection, in national and international journals and texts
available in Portuguese, Spanish or English indexed and without temporal delimitation. Results: A total of 936 articles were
identified. Four articles were inserted for the present study, to which the abrasion carried out on the patient’s scalp, the electrodes
and their extensions that come in contact with the skin, the failure in the disinfection of equipment, lack of sanitation controls, lack
of training with the staff involved in the work process and lack of protocols to be followed, are risk factors that require measures/
actions to promote motivation and empowerment with responsibility professional and social. Conclusion: The risks of acquiring
infections in health services are high and much of them could be avoided through the adhesion of health professionals. The
implementation of measures and actions of prevention and infection control promote patient safety. In view of this need, a process
mapping of the diagnostic neurology service was developed, containing norms and routines, standard operating procedures,
indicators and the e-book availability.
Keywords: Dermatoses of Scalp; Electroencephalogram; Disinfection; Health Institutions; Cross Infection.
NOTA
1Graduação em Enfermagem pela Faculdade Marechal Rondon, FMR, São Manuel, Brasil (2003 – 2006). Especialização em Unidade de Terapia Intensiva. Faculdade UNINGÁ, Brasil (2006 – 2008). Especialização em Formação Pedagógica para Docência.
Faculdade UNINGÁ, Brasil (2011 – 2011). Mestrado Profissional em Enfermagem. Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Botucatu, Brasil (2017 – 2019). Especialização em Cardiologia pela Faculdade Unyleya, Brasil (2019 – 2020). Enfermeira
Coordenadora dos setores de Cardiologia, Neurologia e Urologia da parte de imagem do CDI, do Hospital das Clinicas de Botucatu. Experiência profissional na área de Unidade de Terapia Intensiva, Pronto Socorro e CDI/Imagem. Endereço: Argeu
Mauricio de Oliveira, 453, Jardim Paraiso, CEP: 18.610,261, Botucatu, Brasil. Email: [email protected]
2Graduada em Enfermagem pela Universidade do Sagrado Coração (1982), especialização em Administração Hospitalar pela Universidade São Camilo (1995) mestrado em Ciências – microbiologia pela Universidade Estadual de Campinas (1988) e
doutorado em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente é professora doutora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, cargo efetivo no Curso de Graduação em Enfermagem e no Programa de Pós
Graduação - Mestrado Profissionalizante em Enfermagem e no Programa de Pós Graduação - Mestrado Acadêmico e Doutorado pela FMB/UNESP, Tutora no Programa de Residência em enfermagem cuidados críticos. Tem experiência na área de
Enfermagem, com ênfase em Saúde da Criança, atuando principalmente nos seguintes temas: cuidado a criança/família, infecção relacionada a assistência a saúde , educação em saúde e segurança do paciente. Email: [email protected]
3Possui graduação em Enfermagem pela Universidade do Sagrado Coração (1983), especialização em administração hospitalar pela Faculdade São Camilo, mestrado em Fisiopatologia em Clínica Médica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (2000) Especialização em Nefrologia e em Gerenciamento do Serviço de Enfermagem, doutorado em Doenças Tropicais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005). Fez MBA em Auditoria de Serviços de Saúde pelas Faculdades
Metropolitanas Unidas de São Paulo e Especialização Auditoria em Serviços de Saúde pela Uningá e Especialização em Acreditação pela Fundação Lucas Machado de Belo Horizonte. Atuou como Diretor Técnico Saúde III no Departamento de Auditoria,
Avaliação e Controle e como Diretor do Núcleo de Gestão Qualidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é Coordenador do Curso de Graduação
em Enfermagem da Faculdade Galileu em Botucatu e Coordenador do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Gran Tietê em Barra Bonita. Tem experiência na área de Enfermagem em Saúde do Adulto e Idoso, Pronto Socorro e Centro
Cirúrgico, com ênfase em Administração Hospitalar e do Serviço de Enfermagem atuando principalmente nas seguintes áreas: Hemodiálise, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, Enfermagem em Nefrologia, Gestão Hospitalar e Auditoria.
Endereço para correspondência: Rua: Carlos Guadanini, 2348, Jardim Paraíso, CEP 18610-120. Botucatu, São Paulo-Brasil. Email: [email protected]
cc Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME - 2019 90-28
2 Amanda dos Santos Cecilio, Ione Corrêa, Maria Justina Dalla Bernardina Felippe
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME - 2019 90-28 cc Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0
Elaboração de medidas preventivas para o controle de infecção cruzada em exames de eletroencefalograma 3
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), (Excerpta Medica), PubMed (U.S. National Library of Medicine),
a implantação do Processo de Enfermagem (PE) e o Scopus (SciVerse Scopus), e WoS (Web of Science).
gerenciamento de riscos, possibilita ao enfermeiro identificar Para a estratégia de busca utilizou-se os seguintes descritores:
riscos relacionados à assistência a saúde e minimizar os efeitos “Dermatoses do Couro Cabeludo”, “Eletroencefalograma”,
causados por esses riscos, quando os mesmos ocorrem em “Desinfecção”, “Instituições de Saúde” e “Infecção Cruzada”,
ambiente hospitalar e exames hospitalares (20-21) como por registrados no Descritores em Ciência da Saúde (DECS).
exemplo, no Serviço de Neurologia Diagnóstica (SND). Os critérios de inclusão foram os estudos que abordassem
A revisão bibliográfica se faz necessário para avaliar os a temática da correlação entre o exame de EEG e infecção
fatores de risco e propor medidas/ações de prevenção de cruzada, em periódicos e textos disponíveis online na íntegra,
disseminação dos microrganismos uma vez que, a prática nacionais e internacionais nos idiomas português, espanhol ou
do profissional está norteada na segurança do paciente, inglês, indexados e sem limitação temporal.
visando à redução do risco de danos associados à assistência
à saúde. Assim, surgiu a questão: Quais são os fatores de Elaboração do POP e E-book
risco de disseminação de microrganismos no exame de A elaboração dos POPs seguiu as normativas estabelecidas
eletroencefalograma no serviço de neurologia diagnóstica? pelo Núcleo de Gestão da Qualidade (NGQ) da instituição,
Assim, objetiva-se avaliar os fatores de risco de disseminação norteada pela ISO 9001:2015 e pelo Manual Brasileiro de
de microrganismos relacionados com as dermatoses do couro Acreditação (27-28). O E-book é o resultado que norteará
cabeludo e, ainda, elaborar Procedimento Operacional Padrão com maior rapidez a equipe multiprofissional envolvida na
(POP) e construir um E-book com POPs desenvolvidos em realização do exame de eletroencefalograma do serviço de
um SND de um hospital terciário do interior paulista, para neurologia diagnóstica.
elaboração de medidas preventivas e controle de infecção
cruzada nos exames de EEG RESULTADOS
Foram identificados 936 artigos. A partir da exclusão
MÉTODO daqueles que não contemplavam os objetivos do estudo e os
Delineamento do estudo duplicados, ao final, foram selecionados para análise, quatro
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com estudos que estão apresentados no Quadro 1.
estratégia de busca em bases de dados virtuais, onde no âmbito
da Prática Baseada em Evidências (PBE), é a integração entre a Quadro 1: Artigos selecionados a partir da revisão integrativa
pesquisa científica e a prática profissional aplicada (22). da literatura por base de dados online. 2019
É um método de pesquisa que possibilita a síntese do
estado do conhecimento pré-existente de uma determinada Número de artigos Número de artigos
Bases de dados
temática, identificando lacunas existentes para sugestões de recuperados selecionados
cc Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME - 2019 90-28
4 Amanda dos Santos Cecilio, Ione Corrêa, Maria Justina Dalla Bernardina Felippe
As caracterizações dos artigos selecionados estão eletrodos pode causar lesão no couro cabeludo. Propõe
resumidamente no Quadro 2. medidas preventivas de educação, modificação no processo de
desinfecção e controle de materiais utilizados.
Quadro 2. Instrumento para coleta de informações dos O preparo para cuidar de pacientes, ocorre fortemente
artigos selecionados. 2019 durante o treinamento no próprio local de trabalho. A equipe
Ref
Base de
Ano País Metodologia Resultados Conclusão
de enfermagem deve estar devidamente capacitada para
dados
realização das técnicas de elaboração do exame, acompanhar
29 PubMed 2001 França Realizado EEG Abrasão não é Indicado utilização
de indivíduos mais indicada de eletrodos o preparo da higienização do couro cabeludo para garantir a
que utilizam para realização descartáveis e
eletrodos no de EEG,devido verificam que a
qualidade dos registros eletroencefalográficos, além de adotar
couro cabeludo ao risco de excelencia do EEG medidas preventivas no controle de infecção, sendo a HM
invasivo e não infecção e perda pode ser obtido
invasivo. da integridade sem abrasão no antes e depois do procedimento uma técnica de prevenção
da pele. couro cabeludo.
Devido ao risco
de IRAS, realizam também um importante papel na equipe
significativo multidisciplinar, abordando um trabalho educativo, cuidados
de infecção e
inconveniência assistenciais que atendam às necessidades específicas e
da lesão do
couro cabeludo.A
individuais do paciente (29,33).
prática não é Dentre os riscos de infecção na realização do EEG, a
mais aceitável em
pesquisa ou prática abrasão que é realizada com o intuito de atingir níveis de
clínica.
impedância, os eletrodos e sua fixação ficam susceptíveis de
30 PubMed 2016 França Pacientes
hospitalizados
Contaminação
cruzada por
O estudo não
permitiu afirmar
entrar em contato com a pele e derivados do sangue (29).
em UTI com klebisiella que a transmissão Com esta preocupação, o centro de controle de doenças
resultado pneumoniae cruzada se dá
positivo para e possível pela realização (CDC) emitiu orientações para desinfecção e esterilização
bactéria
multirresistente.
contaminacao por
Acinetobacter
do exame, porém
após terem sido
de instrumentos reutilizáveis. Os instrumentos que tocam a
baumanni. adotadas medidas pele íntegra, não são críticos e deve ser realizada desinfecção
de educação
e modificação de baixo nível ou desinfecção intermediária. Os instrumentos
do processo de
desinfecção dos
que tocam membranas, mucosas, mas não vão tocar osso ou
materiais, não penetrar o tecido, são considerados semicríticos e devem ser
foram verificados
novos casos sujeitos a desinfecção de alto nível, se não tiverem condições
de bactéria. A
Transmissão
de serem esterilizados (34).
cruzada através das Pela abrasão do couro cabeludo poder entrar em contato
mãos não poderia
ser eliminada e o com derivados do sangue, é recomendada, então, a esterilização
uso de eletrodos
descartáveis
dos materiais expostos. Infelizmente, mesmo a desinfecção dos
diminui o risco eletrodos do EEG é apenas superficial na maioria das pesquisas
de contaminação
cruzada. É e laboratórios clínicos (29).
necessária limpeza
minuciosa para
Considerando tais colocações acima são enfáticos em
prevenção. relação ao tipo de desinfecção a ser feita, principalmente
31 CINAHL 2000 Canadá Realizaram Uso comum Procedimentos aquelas de alto nível, embora não especifiquem nenhum
exames com de eletrodos de controle de
eletrodos subcutâneos infecção foram agente eficaz nesse processo, sugerindo até a esterilização
intradérmicos,
entrevista e
foram os prováveis
veículos de
inadequados.
Hepatite B foi
dos instrumentos utilizados. A abrasão do couro cabeludo
coleta de exames transmissão do resultado de não é mais indicada para a realização do EEG, devido ao
dos pacientes e vírus. fonte comum de
do profissional infecção e práticas risco de infecção e pela perda da integridade da pele. Há uma
que realizava o
EEG.
inadequadas.
preocupação sobre o erro de medição, quando a abrasão não
32 Embase 2013 Londres Pacientes de A superlotação,a Os pacientes
era realizada, o que hoje é facilmente resolvido por meio da
um hospital que falta de higiene, são susceptíveis compreensão da relação entre impedância do couro cabeludo
são suscetíveis particularmente a infecção por
‘a infecção a lavagem das devido doenças e eletrodo com a impedância dos amplificadores diferenciais
por conta
das doenças
mãos, aumentam o
risco de infecção
subjacente e
intervenções
modernos, podendo-se alcançar excelência de EEG. Um estudo
subjacentes e cruzada. médicas, assim na França, ainda propõe o descarte de material para impedir a
intervenções. A infecção como, sua
cruzada com vírus exposição a infecção cruzada de bactérias multirresistentes, bactérias essas
transmitido pelo
sangue, como
microrganismos de
outros pacientes,
que foram identificadas em pacientes internados em Unidades
hepatite b e c ou ambiente de Terapia Intensiva (UTI) (29-30).
HIV, é de grande hospitalar ou
preocupação, mas pessoal do hospital. Uma pesquisa realizada no Canadá com o objetivo de
infelizmente é rara
devido às medidas
As medidas para
prevenir a IRAS
determinar a extensão e fonte de surto de Hepatite B em
de controle. são variadas e uma clínica de EEG identificou que o uso comum de eletrodos
lavagem das mãos
antes e depois do subcutâneos foi o provável veículo de transmissão do vírus.
procedimento ou
contato com cada
Sugeriram a utilização de técnicas não invasivas para a realização
paciente. do exame. Não sendo detectada nenhuma transmissão do
vírus HBV quando foram utilizados eletrodos não invasivos.
DISCUSSÃO A transmissão da doença se deu por fontes como as mãos de
Considerando o número significativo dos trabalhos profissionais, portanto, técnicas inadequadas, como não usar
identificados, acreditava-se que os artigos inseridos no estudo luvas, facilita a transmissão. Profissionais da saúde devem seguir
fossem superiores. Dentre os artigos selecionados, os autores as práticas de controle de infecção recomendadas e serem
abordam o controle de infecção como ponto prioritário vacinados contra o vírus da Hepatite B (31).
na realização de exames de EEG, em que a colocação dos Essa investigação reforça a necessidade de padronização,
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Elaboração de medidas preventivas para o controle de infecção cruzada em exames de eletroencefalograma 5
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