Prova Recomposição - D1
Prova Recomposição - D1
Prova Recomposição - D1
Não importa a maneira de fazer a pipoca. Sempre que se chega ao final do saquinho, lá estão os duros
e ruidosos grãos de milho que não estouraram. Essas bolinhas irritantes, que já deixaram muitos dentistas
ocupados, estão com os dias contados. Cientistas norte-americanos dizem que agora sabem por que alguns
grãos de milho de pipoca resistem ao estouro.
Há algum tempo já se sabe que o milho de pipoca precisa de umidade no seu núcleo de amido, cerca de
15%, para explodir. Mas pesquisadores da Universidade Purdue descobriram que a chave para um bem
sucedido estouro do milho está na casca.
É indispensável uma excelente estrutura de casca para que o milho estoure. Cascas danificadas
impedem que a umidade faça a pressão necessária para que o milho vire pipoca. “Se muita umidade escapar,
o milho perde a habilidade de estourar e apenas fica ali”, explica Bruce Hamaker, um professor de química
alimentar da Purdue.
Estado de Minas, 25 de abril de 2005.
Namoro
O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:
— Desliga você.
— Não, desliga você.
— Você.
— Você.
— Então vamos desligar juntos.
— Tá. Conta até três.
— Um... Dois... Dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um
para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron.
Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonhal) Mamosa. Purupupuca...
Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo:
— As dondozeira ama os dondozeiro?
— Ama.
— Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que, etc.
E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas, beijos de
amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.
Depois de ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer
nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para
fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora
significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais
lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez
namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.
Duas aldeias de índios que vivem isolados foram fotografadas pela primeira vez, na fronteira entre o
Peru e o Acre. O sertanista José Carlos Meirelles, da Funai, havia encontrado ainda em terra vestígios de
duas etnias desconhecidas e dos nômades maskos.
Rieli Franciscato, outra sertanista da Funai, localizou as coordenadas exatas das malocas pelo Google
Earth, programa que fornece mapas por satélite. Meirelles, que procurava os povos havia 20 anos, sobrevoou
a área e avistou os roçados e as ocas. O avião assustou a tribo, que nunca teve contato com o homem branco.
As mulheres e crianças correram, e os homens tentaram flechar o avião. A exploração de madeira no lado
peruano pode ter estimulado a migração das etnias para o território brasileiro.
Época, n. 524, 02/06/2008, p.17.
De acordo com esse texto, o primeiro contato entre os índios descobertos e o homem civilizado
despertou nos índios um sentimento de
A) alegria.
B) dúvida.
C) raiva.
D) repulsa.
E) susto.
4. Leia o texto abaixo e, em seguida, responda.
Meditação
Para meditar,
o homus modernos ocidentalis
cruza as pernas
deixa as costas eretas
os braços relaxados
concentra a atenção num
ponto e assim imóvel
em pensamento e ação
liga a televisão.
Ulisses Tavares
A expressão homus modernos ocidentalis refere-se
(A) aos homens que vivem nas cidades.
(B) às pessoas que assistem televisão.
(C) à sociedade moderna ocidental.
(D) à sociedade machista e patriarcal.
(E) às pessoas em qualquer tempo histórico.
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti
falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda
no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de
jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o
canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui [...] com os amigos. Uma hora da noite eles se
iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate – meu jeito de querer bem. Acaso é saudade,
Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa.
Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os
outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
Disponível em: <http://www.releituras.com/daltontrevisan_apelo.asp>. Acesso em: 1 dez. 2010. Fragmento.
História deliciosa
Nada mais gostoso que cheirinho de pão quente de manhã! Muita gente pensa assim, em vários países,
há milhares de anos. O pão foi o primeiro alimento criado pelo homem, há cerca de 12 mil anos. Antes,
todos dependiam da caça e da pesca para comer.
Quando os antigos aprenderam a plantar trigo, deram um grande passo para se desenvolver e
conquistar novas terras. Descobriram que os cereais eram fáceis de plantar, resistentes e permitiam fazer
pão. No começo, os grãos eram moídos e misturados à água e a massa, assada sobre cinzas. O resultado era
um pão fino e duro, torrado e meio sem gosto. Mas era só o começo de uma longa história.
Primeiras delícias
Os antigos egípcios criaram o tipo de pão que conhecemos hoje. Um dia, esqueceram a massa no sol e
ela fermentou. Eles assaram e perceberam que aquele fenômeno deixava o pão mais leve, cheio de furinhos
e passaram a usar a massa fermentada. No Egito, o pão era tão importante que servia como pagamento para
os trabalhadores. E os nobres também valorizavam esse alimento: na tumba de Ramsés III, há desenhos em
relevo com o formato de pães, doces e bolos.
No Brasil, os pães chegaram trazidos pelos portugueses na época da colonização e por muito tempo
eram consumidos pelos ricos, pois o trigo era muito caro. As primeiras padarias só surgiram por volta de
1950, tocadas por italianos e portugueses.
Recreio. São Paulo: Abril. n. 206. p. 18-19.
Esse texto informa que, na antiguidade, usavam-se como forma de pagamento aos trabalhadores os:
A) bolos.
B) cereais.
C) doces.
D) grãos.
E) pães.
A ciência moderna mostra que, durante o sono, o corpo está longe de ficar em descanso.
O cérebro e o sistema imunológico, por exemplo, seguem em plena atividade nesse período entre seis
e oito horas por dia, a maioria de nós deita-se na cama e se desliga do mundo – é o momento de visitar o
reino do deus grego Hipnos, responsável por distribuir a todos um sono agradável e reparador. Mas esse
desligamento está muito longe de significar inatividade. Além de abranger o período em que sonhamos –
uma experiência que, em si, representa todo um universo à parte –, o sono é uma ocasião de intenso
movimento no corpo, como a ciência tem demonstrado. [...]
Diversos pesquisadores consideram que o sono serve, em primeiro lugar, para preservar a plasticidade
do cérebro, ou seja, sua capacidade de mudar como reação imediata a uma experiência. Enquanto dormimos,
os neurônios do cérebro comunicam-se uns com os outros, fortalecem conexões específicas, enfraquecem
outras e apagam o que encaram como inútil. “À noite, o cérebro adormecido está livre do mundo e é um
redemoinho de atividade”, observa o neurobiólogo Terrence Sejnwoski, chefe do Laboratório de
Neurobiologia Computacional no Salk Institute em La Jolla, na Califórnia. “Os neurônios estão formando
padrões coerentes que, sem o sono, não seriam nem de perto tão extensos, robustos, estáveis e flexíveis.”
Essa rearrumação cotidianamente promovida pelos neurônios tem um motivo básico,
afirma Rodolfo Llinas, diretor do Departamento de Fisiologia e Neurociência da Escola de Medicina da
Universidade de Nova York. Para ele, o cérebro humano está constantemente aprendendo, e quanto mais
aprende, mais recursos ganha para fazer prognósticos – uma capacidade necessária para os organismos que
se movem.
Disponível em: <http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/452/artigo175537-1.htm>. Acesso em: 13
jan. 2011. Fragmento.
Nesse texto, os estudiosos consideram que o sono serve, em primeiro lugar, para
A) ratificar o constante aprendizado do cérebro.
B) preservar a plasticidade do cérebro.
C) manter o cérebro em atividade.
D) formar padrões coerentes de neurônios.
E) apagar aquilo que é inútil no cérebro.
8. Leia o texto abaixo.
TV na madrugada
O humorista Chico Anysio, de 72 anos, acostumou-se a dormir menos de cinco horas por noite. Todos
os dias, vai para a cama à 1 e meia da madrugada e às 6 da manhã já está de pé.
“Nem preciso de despertador para acordar”, diz. Durante a madrugada, enquanto o resto da casa está
dormindo, Chico assiste a filmes na TV a cabo. “Decidi ficar menos na cama para aproveitar melhor o
tempo”, explica. “Antes eu também trabalhava à noite, mas parei. Agora só trabalho de dia”, diz. Chico
conta que quando era mais jovem dormia oito horas por noite. “Eu me mexia tanto que a cama até saía do
lugar”, brinca. Mesmo com as poucas horas de sono que tem hoje, Chico avalia que dorme bem. “Meu sono
é tão profundo que acordo na mesma posição em que dormi.”
Veja. ed. 1821, 24 set. 3, p. 103.
Altamente confidencial
Quem observa o trabalho de um hacker hoje pode ter a impressão de que a arte de inventar e quebrar
códigos secretos é algo extremamente moderno... Ledo engano! O jogo das mensagens cifradas já desafiava
a imaginação pelo menos desde a Idade Média.
Nessa época, a troca de mensagens era assunto delicado, como mostra o bispo Gregório de Tours, que
no século VI escreveu uma história do reino dos francos. Segundo ele, em pleno alvorecer da Idade Média,
dois mensageiros de um certo Godovaldo, que reivindicava o trono, foram presos e torturados por homens
do rei Gontrão ao tentarem transmitir uma mensagem secreta.
O caso mostra que nesse período a escrita era uma forma muito vulnerável de comunicação. Uma carta
podia parar com facilidade em mãos inimigas, e, por isso, os emissários não apenas levavam consigo
documentos oficiais manuscritos, mas também decoravam mensagens que transmitiam oralmente aos
destinatários. Os poucos registros deixados pela diplomacia medieval não facilitaram em nada o trabalho dos
historiadores, e por isso é preciso ter cuidado quando se fala das técnicas de codificação utilizadas na Europa
medieval.
No século XVI, o abade alemão Johannes Trithemius, autor de uma das primeiras grandes obras de
criptografia do Ocidente, afirmou que reis francos como Faramundo e Carlos Magno já utilizavam alfabetos
secretos em suas correspondências. Por mais fascinantes que sejam esses códigos, porém, eles parecem ter
saído da imaginação do próprio Trithemius. Carlos Magno mal sabia ler e escrever, e é pouco provável que
tenha inventado novos alfabetos. [...]
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/altamente_confidencial.html>. Acesso
em: 15 jun. 2010. Fragmento.
De acordo com esse texto, quem escreveu uma história do reino dos francos?
A) Carlos Magno.
B) Godovaldo.
C) Gontrão.
D) Gregório de Tours.
E) Johannes Trithemius.
10. Leia o texto abaixo.