Descritores Editados
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Descritores Editados
Conhecimento prévio necessário: fluência em leitura e entendimento de diversos tipos de texto para
seleção das informações explícitas presentes no texto. Registro de palavras-chave.
Não importa a maneira de fazer a pipoca. Sempre que se chega ao final do saquinho, lá
estão os duros e ruidosos grãos de milho que não estouraram. Essas bolinhas irritantes,
que já deixaram muitos dentistas ocupados, estão com os dias contados. Cientistas
norte-americanos dizem que agora sabem por que alguns grãos de milho de pipoca
resistem ao estouro.
Há algum tempo já se sabe que o milho de pipoca precisa de umidade no seu núcleo de
amido, cerca de 15%, para explodir. Mas pesquisadores da Universidade Purdue
descobriram que a chave para um bem-sucedido estouro do milho está na casca.
É indispensável uma excelente estrutura de casca para que o milho estoure. Cascas
danificadas impedem que a umidade faça a pressão necessária para que o milho vire
pipoca. “Se muita umidade escapar, o milho perde a habilidade de estourar e apenas fica
ali”, explica Bruce Hamaker, um professor de química alimentar da Purdue.
Namoro
Duas aldeias de índios que vivem isolados foram fotografadas pela primeira vez, na
fronteira entre o Peru e o Acre. O sertanista José Carlos Meirelles, da Funai, havia
encontrado ainda em terra vestígios de duas etnias desconhecidas e dos nômades
maskos.
Rieli Franciscato, outra sertanista da Funai, localizou as coordenadas exatas das malocas
pelo Google Earth, programa que fornece mapas por satélite. Meirelles, que procurava os
povos havia 20 anos, sobrevoou a área e avistou os roçados e as ocas. O avião assustou
a tribo, que nunca teve contato com o homem branco. As mulheres e crianças correram,
e os homens tentaram flechar o avião. A exploração de madeira no lado peruano pode ter
estimulado a migração das etnias para o território brasileiro.
De acordo com esse texto, o primeiro contato entre os índios descobertos e o homem
civilizado despertou nos índios um sentimento de:
A) alegria.
B) dúvida.
C) raiva.
D) repulsa.
E) susto.
Meditação
Para meditar,
o homus modernos
ocidentalis cruza as
pernas
deixa as costas
eretas os braços
relaxados concentra a
atenção num ponto e
assim imóvel
em pensamento e
ação liga a
televisão.
Ulisses Tavares
A expressão homus modernos ocidentalis refere-se:
A) aos homens que vivem nas cidades
B) às pessoas que assistem televisão.
C) à sociedade moderna ocidental.
D) à sociedade machista e patriarcal.
E) às pessoas em qualquer tempo histórico.
Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a
verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi
ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a
imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeiro vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos
poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a
casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah,
Senhora, fui [...] com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão
de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate – meu jeito de querer bem. Acaso é
saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham.
Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de
nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha
para casa, Senhora, por favor.
DESCRITOR CÓDIGOS
TÓPICO: COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS D2 – no Saeb
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições
ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.
Conhecimento prévio necessário: relações textuais indicadas por expressões conectoras (conjunções,
preposições, advérbios, pronomes e outras).
Os pais de um italianinho eram donos de uma trattoria no interior da Itália. Isso há décadas
e décadas. Comida simples, tradicional, lugar pequeno, pratos deliciosos. Certa vez,
enquanto o menino brincava no balcão e seu pai assumia as caçarolas, um turista que
degustava a massa viu um ratinho passar no salão. “O que é isso?”, exclamou o
cliente. Sem reação e também surpreso, o italiano improvisou: “Essa é Suzi. Mora aqui
com a gente”.
A) menino.
B) pai.
C) turista.
D) ratinho.
E) italiano.
2- (PROVA BRASIL 2015) Leia o texto abaixo.
Soneto de fidelidade
MORAES, Vinícius de. Antologia poética. Editora do Autor: Rio de Janeiro, 1960.
P. 96.
No trecho “Quero vivê-lo em cada vão momento” (v. 5), o pronome destacado refere-se a:
A) amor.
B) zelo.
C) encanto.
D) pensamento.
E) momento.
Burro-sem-rabo
São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar minhas coisas acaba
de chegar. Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de livros, a
máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de
Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este tapete, aqui em casa ele
não tem serventia.
E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma gradinha de
madeira em volta, como as do tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua superfície
muita hora de estudo para fazer prova no ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites
seguidas, à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera, simpática, discreta,
acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi de Hélio Pellegrino, que também me acompanha desde menino: é
giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as amizades duradouras.
Mandei reformá-la e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a sábia definição de
Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa cadeira.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde profissão que lhe
vale o injusto designativo de burro-sem-rabo. Não tenho mais nada a fazer, vou atrás.
Vou atrás das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de minha vida, pelo menos
parte material, no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu cabedal. [...]
No trecho “... que também me acompanha desde menino:” (5° parágrafo), a palavra
destacada refere- se a:
A) arquivo.
B) cadeira.
C) estante.
D) mesa.
E) tapete.
.
Os namorados
Um pião e uma bola estavam numa gaveta em meio a um monte de brinquedos. Um dia o
pião disse para a bola:
– Devíamos namorar, afinal, ficamos lado a lado na mesma gaveta.
Mas a bola, que era feita de marroquim, achava que era uma jovem dama muito refinada
e nem se dignou a responder à proposta do pião.
No dia seguinte, o menino, a quem todos esses brinquedos pertenciam, pintou o pião de
vermelho e branco e pregou uma tachinha de bronze no meio dele. Ficava maravilhoso ao
rodar.
– Olhe para mim agora! – o pião disse para a bola. – O que você acha, não daríamos um
belo casal? Você sabe pular e eu sei dançar! Como iríamos ser felizes juntos!
– Isso é o que você acha – a bola retrucou – Você por acaso sabia que minha mãe e meu
pai eram um par de chinelos marroquim, e que eu tenho cortiça dentro de mim?
– Mas eu sou de mogno – gabou-se o pião. – E ninguém menos que o próprio prefeito
quem me fez, num torno que tem no porão. – E foi um grande prazer para ele.
– Como vou saber se o que está dizendo é verdade? – perguntou a bola.
– Que nunca mais me soltem se eu estiver mentindo! – o pião respondeu.
– Você sabe falar muito bem de si – admitiu a bola. – Mas terei de recusar o convite
porque estou quase noiva de uma andorinha. Toda vez que pulo no ar, ele põe sua
cabeça para fora do ninho e pergunta.
“você vai, você vai?”. Embora eu ainda não tenha dito que sim, já pensei nisso; e é
praticamente o mesmo que estar noiva. Mas prometo que nunca o esquecerei.
ANDERSEN, Hans Christian. Os mais belos contos de Andersen. São Paulo: Moderna, 2008, p. 74.
Fragmento.
No trecho “Embora eu ainda não tenha dito que sim, ...” (último parágrafo), o pronome
em destaque refere-se:
A) ao pião.
B) à bola.
C) ao menino.
D) ao prefeito.
E) à andorinha.
Capítulo CXIX
Quero deixar aqui, entre parênteses, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por
esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto:
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos
andassem de carruagem.
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de
pau. Esta reflexão é de um joalheiro.
Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens, que de um terceiro
andar.
No trecho “... para enfeitá-lo...” (5° parágrafo), o pronome destacado substitui o termo:
A) beiço.
B) botocudo.
C) cocheiro.
D) joalheiro.
E) pau.
DESCRITOR CÓDIGOS
Sim, alguém calculou. Não que haja compradores em potencial para o planeta, é claro.
Mesmo assim, o astrofísico americano Greg Laughlin, da Universidade da Califórnia, criou
uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra – e aos de outros planetas
também.
O nosso, no caso, vale três mil trilhões de libras (é uma cifra tão fora da realidade que
parece até besteira converter, mas, em todo caso, fica em torno de oito mil trilhões de
reais).
Na fórmula (que o cientista não divulgou qual é, mas ok, porque certamente é bem
complexa e a maioria de nós não a entenderia, de qualquer forma), entram a idade, o
tamanho, a temperatura, a massa e outras informações pontuais sobre cada planeta.
O fim da conta não surpreende: a Terra é o mais valioso do universo. Já Marte, por
exemplo, que vem ganhando o carinho da comunidade científica por ser, além do nosso,
o planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar, vale apenas 10 mil libras.
Os cálculos não são perda de tempo (não completa, pelo menos): a ideia do pesquisador
ao criar a fórmula não era apenas brincar [...]. Ela vem sendo usada por ele para avaliar
as descobertas de novos exoplanetas (planetas localizados fora do nosso Sistema Solar)
feitas pela Nasa. “É uma maneira de eu poder quantificar o quão empolgado devo ficar
em relação a qualquer planeta em particular”, explica Laughlin.
Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas logo de
cara por parecer o mais similar à Terra – mas a conta final do astrofísico americano deu a
ele a etiqueta de apenas 100 libras (olha aí, exoplaneta em promoção!). Já outro, o KOI
326.01, encontrado mais recentemente, foi estimado por ele em cerca de 150 mil libras.
No trecho “... Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas logo de cara...”
(último parágrafo), a expressão destacada indica que o entusiasmo dos cientistas foi:
A) apressado.
B) completo.
C) contido.
D) imediato.
E) momentâneo.
O guarani
A cúpula da palmeira, em que se achavam Peri e Cecília, parecia uma ilha de verdura
banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formavam no centro um
berço mimoso, onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só
morte, pois uma só era a sua vida. [...]
– [...] Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus
inimigos. [...] Falou com um tom solene:
“Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram, e começaram a cobrir toda
a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa.
Era Tamandaré; forte entre os fortes; sabia mais que todos. [...]
Tamandaré tomou sua mulher nos braços e subiu com ela ao olho da palmeira; aí
esperou que a água viesse e passasse; a palmeira dava frutos que os alimentavam.
A água veio, subiu e cresceu; o sol mergulhou e surgiu uma, duas e três vezes. A terra
desapareceu; a árvore desapareceu; a montanha desapareceu.
A água tocou o céu; e o Senhor mandou então que parasse. O sol olhando só viu céu e
água, e entre a água e o céu, a palmeira que boiava levando Tamandaré e sua
companheira. [...]
Quando veio o dia, Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea; e
ouviu a avezinha do céu, o guanumbi, que batia as asas. [...]”
Cecília o ouvia sorrindo, e bebia uma a uma as suas palavras, como se fossem as
partículas do ar que respirava; parecia-lhe que a alma de seu amigo, [...] desprendia do
seu corpo, [...] e vinha embeber-se no seu coração, que se abria para recebê-la.
A água subindo molhou as pontas das largas folhas da palmeira, e uma gota, resvalando
pelo leque, foi embeber-se na alva cambraia das roupas de Cecília. [...]
Peri, alucinado, suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já
cobertas de água, e com esforço desesperado, cingindo o tronco da palmeira nos seus
braços hirtos, abalou-o até as raízes. [...]
Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as
raízes desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.
A cúpula da palmeira, embalançando-se graciosamente, resvalou pela flor da água como
um ninho de garças ou alguma ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.
Peri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada e, tomando-braços,
disse-lhe com um acento de ventura suprema:
– Tu viverás!... [...]
A palmeira arrastada pela torrente impetuosa
fugia... E sumiu-se no horizonte.
No trecho “... e bebia uma a uma as suas palavras,...” (10° parágrafo), a palavra em
destaque tem o sentido de:
A) absorvia.
B) estimava.
C) gastava.
D) repetia.
E) registrava.
Pela janela
Quando eu percebi que a Milena estava olhando para mim, lá do outro lado da classe,
virei o rosto para a lousa, onde a professora acabava de escrever uma pergunta. Antes do
recreio, a gente tinha assistido A guerra do fogo e agora estávamos em grupos de quatro,
fazendo um trabalho sobre o filme.
A história se passava na Idade da Pedra, não tinha falas, só grunhidos saindo das bocas
dos homens das cavernas. [...]
Em torno da minha mesa estavam Geandré, o Walter, o Duílio e eu. Estávamos sentados
próximos à janela, de onde eu podia ver os menores correndo, lá embaixo. [...] Olhei para
Milena, bem rápido, ela estava me olhando, de novo, mas virou o rosto, quando me viu.
No dia anterior, a Milena passou por mim, na saída e, sem me olhar, pôs um papel
dobrado na minha mão. De um lado estava escrito “De Milena” e no outro “Para Rodrigo”.
Eu coloquei o papel no bolso e só tive coragem de ler quando cheguei em casa, depois de
mais de uma hora na perua, com ele queimando no meu bolso.
Nesse texto, a expressão destacada em “... com ele queimando no meu bolso.” (Último
parágrafo) tem o sentido de
A) causar desconfiança.
B) despertar curiosidade.
C) esquentar.
D) incomodar.
E) pesar.
A) um alerta.
B) um convite.
C) uma ordem.
D) uma recomendação.
E) uma solicitação.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: fluência em leitura e entendimento de diversos tipos de texto para seleção
das informações implícitas presentes no texto.
Vistos de costas, pareciam apenas dois amigos conversando diante do quadro Rosa e azul,
de Renoir, comentando o quadro. Porém, quem prestasse atenção nos dois perceberia,
talvez estranhasse, que um deles, o de elegantes óculos de sol, parecia um pouco
desinteressado, apesar de todo o empenho do outro, traduzido em gestos e eloquência
quase murmurada. [...]
O que falava segurava às vezes o antebraço do de óculos com uma intimidade solícita e
confiante. [...] Aproximei-me do quadro, fingindo olhar de perto a técnica do pintor, voltei-
me e percebi: o de óculos escuros era cego. [...]
Algo extraordinário acontecia ali, que eu só compreendia na superfície: um homem
descrevendo para um amigo cego um quadro de Renoir. Por que tantos detalhes? [...]
– Azul com o quê? Fale mais desse azul – pediu o cego, como se precisasse completar
alguma coisa dentro de si.
– É um azul claro, muito claro, um azul que tem movimento e transparência em muita
luz, um azul tremulando, azul como o de uma piscina muito limpa eriçada pelo vento,
uma piscina em que o sol se reflete e que tremula em mil pequenos reflexos [...] lembra-
se daquela piscina em Amalfi?
– Lembro... lembro... – e sacudia a cabeça ...
Afastei-me, olhei-os de longe. Roupas coloridas, esportivas. [...] O guarda treinado para
vigiar pessoas estava ao meu lado e contou, aos arrancos:
– Eles vêm muito aqui. Só conversam sobre um quadro ou dois de cada vez. É que o cego
se cansa. Era fotógrafo, ficou assim de desastre.
ÂNGELO, Ivan. O comprador de aventuras. In Para gostar de ler: v.: 28. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. Fragmento.
Infere-se desse texto que o homem cego é:
A) acanhado.
B) audacioso.
C) cuidadoso.
D) determinado.
E) impaciente.
Alteza da galáxia,
Peço humildes desculpas por ter de lhe enviar esta mensagem eletrônica neste dia,
contudo, gostaria de relatar que após nossa saída do sistema Gregor, 200 bilhões de
anos-luz atrás, chegamos a uma galáxia jamais explorada. Informo que esta vossa frota
de naves encontrou num canto muito distante de vosso universo, perdido em uma
galáxia de um só Sol, um pequeno planeta azul que resolvemos chamar de Água, pois
este é o nome do líquido de cor bonita que mais existe neste lugar. Além de muita água,
existe uma população de seres que se denominam “humanos”. […]
Estes seres humanos são muito estranhos […]. Os povos são divididos pelo planeta em
regiões de características topográficas e climáticas relativamente uniformes, delimitadas
por fronteiras às quais os nativos dão o nome de países […]. Outra característica
interessante destes seres é que são muito dóceis para conosco e aceitam nossa amizade
e aproximação
em troca de um simples diagramador estelar ou um rélis relógio atemporal. Penso que
será fácil convencê-los de vossa santa intenção de trazer para este planeta nossa
tecnologia que está a muitos bilhões de anos-luz a frente da que eles possuem. […]
Estamos voltando e levando conosco um ser deste estranho e atrasado planeta para que
possamos estudá-lo. Deixaremos aqui uma de nossas naves com tripulação para que
outros povos saibam que este planeta pertence à Vossa Alteza.
Desculpo-me mais uma vez pelo incômodo e termino minha mensagem com votos de
longa vida ao Rei.
Disponível em: <http://edinanarede.webnode.com.br/atividades>. Acesso em: 8 abr. 2012.
Fragmento
No final do Texto, pode-se concluir que os seres que chegaram ao planeta pretendiam
A morte do jangadeiro
A) ditosos.
B) envolventes.
C) inúmeros.
D) pequenos.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: fluência em leitura e entendimento de diversos tipos de texto para seleção
das informações implícitas presentes no texto.
E) simples.
1- (PROVA BRASIL 2015) Leia os textos abaixo.
A) melancólico.
B) intrometido.
C) forte.
D) criativo.
E) atrapalhado.
A resposta dada pela menina no segundo quadrinho indica que ela está
A) contrariada.
B) convicta.
C) decepcionada.
D) indiferente.
E) perplexa.
A) à desvalorização da moeda.
B) à distribuição de renda no país.
C) à poluição do meio ambiente.
D) ao desenvolvimento econômico.
E) ao lucro da exploração ambiental.
5- (PROVA BRASIL 2015) Leia o texto abaixo.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: análise da estrutura física textual (cenário, problema, meta, ação,
resultados, resolução e tema) para localização ou construção do tema.
Asa Branca
O mundo já está vivendo uma nova revolução, a genética, que promete dominar a
medicina e boa parte da indústria. Médicos e biólogos descobriram que está nos genes a
origem e a cura para um sem- número de doenças. Ao mesmo tempo, os cientistas
constataram que a manipulação do material genético – a própria essência da vida – pode
trazer progressos até há pouco tempo inimagináveis no desenvolvimento de novos
alimentos, remédios e produtos químicos.
Não há consenso sobre até que ponto é possível brincar de Deus e criar seres vivos em
provetas de laboratório. Mas o homem já desenvolve ferramentas para recriar o próprio
homem. O êxito da empreitada, porém, ainda é um mistério.
[...] A partir de março, a Polícia Federal dará início a um processo gradual de substituição
das atuais carteiras de identidade. Em seu lugar, virá o RIC, Registro Único de Identidade
Civil, considerado um dos mecanismos de identificação mais seguros do mundo. O novo
cartão vai reunir as informações de vários documentos, com a finalidade de provar, acima
de dúvidas, a identidade do usuário. É uma forma de acabar com as fraudes e
duplicidades em serviços públicos.
[...] O cidadão põe o polegar no leitor biométrico e pronto: em um instante a autoridade
saberá tudo sobre ele. Isso é bom ou é ruim?
[...] A nova identidade deverá facilitar a vida do cidadão. Em breve, será possível visitar
um posto do INSS e ter acesso imediato a contribuições, débitos e pendências. O eleitor,
por sua vez, poderá votar em trânsito, de onde estiver. Basta levar o cartão RIC a
qualquer terminal público do país. E confirmar a identidade colocando o polegar em um
leitor de digitais.
Época . Globo, n. 559, 2 fev. 2009, p. 99-100.
Fragmento
Esse texto trata:
A) da comprovação da identidade do usuário.
B) da identificação pelo leitor biométrico.
C) da nova carteira de identidade no Brasil.
D) do acesso fácil a qualquer informação.
E) do fim das fraudes no serviço público.
4- (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto abaixo.
Um vegetariano substitui os alimentos de origem animal por soja e lentilha, por exemplo.
A Inglaterra, especificamente, importa boa parte desses produtos. Se precisasse plantá-
los em seu território, o espaço dedicado à agricultura teria que aumentar muito – mesmo
levando em conta a redução da área dedicada à plantação de grãos para alimentar
animais de abate.
Colocando na ponta do lápis, o impacto dessa mudança seria maior do que os atuais
efeitos negativos dos pastos – e isso inclui a emissão de gás metano provocada pela
flatulência dos animais. Além disso, os substitutos da carne passam por um processo
industrial que consome uma grande quantidade de energia. A fabricação de proteína de
soja, por exemplo, consome mais energia do que a transformação de carne bovina em
hambúrguer, o que significa mais carvão queimado nas usinas. [...]
Existe no mundo 1,2 bilhão de cabeças de gado, uma quantidade absurda, que jamais
haveria se nós não as criássemos para consumo. Reduzir essa quantidade de animais faria
com que ocupássemos menos terras com pastos e plantação de grãos. O importante,
portanto, é encontrar substitutos sustentáveis para a carne. Comer mais massas já teria
algum efeito. Trocar a carne vermelha pela branca também é útil (frangos ocupam menos
espaço, comem menos e emitem menos gases que vacas). Aumentar a ingestão de vegetais
frescos causaria um resultado ainda melhor. Mas pesquisas nos países desenvolvidos
indicam que, do total de vegetarianos, menos de 20% se limita a comer folhas
MURPHY-BOKERN, Donald. Galileu.
set. 2010.
A tese apresentada nesse texto é que:
A) a ingestão de vegetais frescos causaria menos impacto ao ambiente.
B) o número de vegetarianos que só consome vegetais é menor que 20%.
C) a troca da carne vermelha pela branca reduz a emissão do gás metano.
D) a Inglaterra tem espaço insuficiente para o plantio dos grãos que consome.
E) o consumo de vegetais prejudica mais o meio ambiente do que o de carne.
Quem solta a voz para anunciar que “o Maraca é nosso” sabe o que está dizendo.
Sentado do lado oficial do Vasco (esquerdo) ou do Flamengo (direito), o torcedor que
aguarda uma semana ou mais para vibrar pelo time do coração se sente em casa no
Estádio Jornalista Mário Filho, popularmente conhecido como Maracanã (nome de um
pássaro). Essa íntima relação provocada pelos quase 200 mil metros quadrados de
complexo de lazer começou há 59 anos, quando o jornalista Mário Filho iniciou sua
batalha em prol da construção de um mega estádio para a Copa do Mundo de 1950.
Assim como a linha da história, que, por vezes, parece repetir, o Maracanã, inaugurado
em estado inacabado para a partida entre jogadores de São Paulo e do Rio (3 a 1 para os
paulistas), está prestes a respirar novos ares e entrar, novamente, para a história em
2014, quando o Brasil abrigará a Copa do Mundo. [...]
A) a Copa do Mundo.
B) a história de um estádio.
C) a reforma de um estádio.
D) o amor por um time.
E) o nome do Maracanã.
CÓDIGOS
A Amazônia é um bioma tão majestoso que ofusca os demais existentes no Brasil. Fala-se muito –
interna e externamente – na preservação da floresta. A preocupação é legítima.
E deve manter-se. Não significa, porém, que se deva fechar os olhos para os demais. É o caso do
cerrado. Segundo maior bioma do país em extensão, ele ocupa 24% do território nacional.
Nos 2.039.368 km² de área distribuída em 11 estados e no Distrito Federal, abriga a maior
biodiversidade em savana do mundo e dá origem a três nascentes das principais bacias
hidrográficas da nação – Amazônia, Paraná e São Francisco. É, pois, estratégico. Não só pela
biodiversidade e a conservação de recursos hídricos, mas também pelo sequestro de carbono.
O desenvolvimento do oeste, porém, põe em risco o bioma. Desde a construção de Brasília, na
década de 1950, desapareceram do mapa 58% do cerrado. Especialistas advertem que, mantido o
atual ritmo de destruição, a extinção virá em 50 anos. É assustador.
Três vetores contribuíram para a tragédia. Um deles: a pecuária, que, a partir dos anos 1970,
ganhou impulso espetacular. Outro: a lavoura branca, especialmente a soja e o algodão. Mais
recentemente chegou a cana-de-açúcar. Antes concentrada em Goiás e São Paulo, a cultura se
expandiu para a Bacia do Pantanal e busca territórios novos, como o Triângulo Mineiro. O último: a
produção de carvão vegetal, necessário para fazer aço.
Minas Gerais e Pará concentram a atividade.
Correio Braziliense, 26 out. 2009
A ideia defendida nesse texto é que:
A) a preocupação com a Amazônia é legítima e deve ser mantida.
B) a construção de Brasília contribuiu com a destruição do cerrado.
C) a cultura da cana-de-açúcar se expandiu para a Bacia do Pantanal.
D) a Amazônia é o bioma de que mais se fala, interna e externamente.
E) a preservação do cerrado também deve ser motivo de preocupação.
2- (PROVA BRASIL 2011) Leia os textos abaixo e responda.
Desmatar é ruim, mas traz crescimento econômico. Isso é o que fizeram você acreditar durante
muito tempo. A realidade é bem diferente. O modelo de ocupação predominante na Amazônia é
baseado na exploração madeireira predatória e na conversão de terras para agropecuária. É o que
eu chamo de “boom-colapso”: nos primeiros anos da atividade econômica baseada nesse modelo,
ocorre um rápido e efêmero crescimento (o boom). Mas, em seguida, vem um declínio significativo
em renda, emprego e arrecadação de tributos (o colapso). A situação de quem era pobre fica ainda
pior.
Esse modelo é nefasto em todos os sentidos. O avanço da fronteira na Amazônia é marcado pelo
desmatamento, pela degradação dos recursos naturais e, se não bastasse tudo isso, pela violência
rural.
Em pouco mais de três décadas, o desmatamento passou de 0,5% do território da floresta original
para quase 18% do território, em 2008. Além disso, áreas extensas de florestas sofreram
degradação pela atividade madeireira predatória e devido a incêndios florestais.
VERÍSSIMO, Beto. Galileu. set. 2009. Fragmento.
Outro dia recebi pela internet aquele filmezinho que já rodou muito por aí, “Filtro solar”. A versão
original até hoje me emociona. É tudo bastante simples, mas a voz segura do locutor americano, a
ótima edição de imagens e a música vibrante — nada a ver com as músicas cafonas dos
abomináveis power points
— fazem com que o texto cresça também. Gosto especialmente da parte que diz que quanto mais
você envelhece, mais precisa das pessoas que o conheceram na juventude. Ainda estou a uma
distância segura da decrepitude, mas já não sou garota e cada vez tenho mais consciência da
importância do meu passado na construção de quem sou hoje, e, portanto, carrego minha folha
corrida sempre comigo, não importa o quanto pese — e o passado sempre pesa. Mas sem ele, quem
somos? Valem nada nossas conquistas se não temos ao lado aqueles que testemunharam o quanto
a gente batalhou pra chegar até aqui. E nossas derrotas só merecem ser choradas nos ombros
daqueles que nos conhecem tão profundamente que sabem mais do que nós as razões da nossa
dor. Quem nos conheceu ontem, não consegue perceber a verdadeira dimensão do que nos
comove. Amigos novos são bem-vindos, trazem frescor à nossa vida, mas há certos momentos em
que precisamos de um espelho humano, alguém em quem possamos nos refletir e avalizar nossa
origem e identidade. Estes espelhos geralmente são nossos pais, irmãos e os "velhos amigos", mas
pode ser também uma fruta que você colhia no pátio da casa da sua infância, pode ser um fusca
que você não tem coragem de vender, pode ser um anel que foi da sua avó e que hoje está no dedo
da sua filha. Pode ser qualquer coisa que te leve pra trás e te traga de volta, assegurando quem
você é — e sempre foi. Apesar deste papo meio poético, tudo isso me veio à cabeça não por causa
de uma lembrança terna, mas de uma lembrança selvagem: foi escutando o novo disco dos Rolling
Stones que cheguei até este tema. Os velhinhos continuam possantes, parece que as últimas
décadas não passaram pra ninguém, me vi ainda solteira, no meu quarto, escutando “Tatoo You”,
disco de 1981, e agora ouço o vigoroso “A bigger bang” e parece que foi ontem, e é hoje, e
seguimos os mesmos. Vínculos. Um conforto para o que nos amedronta tanto, que é a passagem do
tempo.
http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/marthamedeiros.html
Qual é a tese defendida pela autora desse texto?
O AVENTUREIRO
ULISSES Ulisses Serapião
Rodrigues)
Ainda tinha duzentos réis. E como eram sua única fortuna meteu a mão no bolso e
segurou a moeda. Ficou com ela na mão fechada.
Nesse instante estava na Avenida Celso Garcia. E sentia no peito todo o frio da manhã.
Duzentão. Quer dizer: dois sorvetes de casquinha. Pouco. Ah! muito sofre quem padece.
Muito sofre quem padece? É uma canção de Sorocaba. Não. Não é. Então que é? Mui-to
so-fre quem pa-de-ce. Alguém dizia isto sempre. Etelvina? Seu Cosme? Com certeza
Etelvina que vivia amando toda a gente. Até ele. Sujeitinha impossível. Só vendo o jeito
de olhar dela.
Bobagens. O melhor é ir andando. Foi. Pé no chão é bom só na roça. Na cidade é uma
porcaria. Toda a gente estranha. É verdade. Agora é que ele reparava direito: ninguém
andava descalço. Sentiu um mal-estar horrível. As mãos a gente ainda escondia nos
bolsos. Mas os pés? Cousa horrorosa.
Desafogou a cintura. Puxou as calças para baixo. Encolheu os artelhos. Deu dez passos
assim. Pipocas. Não dava jeito mesmo. Pipocas. A gente da cidade que vá bugiar no
inferno. Ajustou a cintura. Levantou as calças acima dos tornozelos. Acintosamente. E
muito vermelho foi jogando os pés na calçada. Andando duro como se estivesse calçado.
A) elegância do personagem.
B) alegria do personagem.
C) fome do personagem.
D) cor do personagem.
E) penúria do personagem.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: elementos constituintes do esquema argumentativo (tese, argumento, tema, ponto de
vista).
Um dos nossos objetivos é incentivar a leitura de textos escritos, não apenas daqueles
legitimados pelos acadêmicos como “boa leitura”, mas os escolhidos livremente. Pela
análise dos números da última Bienal do Livro realizada em São Paulo, constata-se que
“ler não é problema”, pois, segundo o Correio Braziliense de 25 de agosto de 2010, cerca
de 740 mil pessoas visitaram os stands que apresentaram mais de 2 200 000 títulos. Mas,
perguntamo-nos: os livros expostos e os leitores que lá compareceram se encaixam em
qual tipo de leitor? Podemos afirmar que todos os livros foram escritos para um leitor
ideal, reflexivo, que dialogará com os textos?
Muitos livros vendidos na Bienal têm como foco a primeira e a segunda visão de leitura.
Seus autores enxergam o texto como um fim em si mesmo, apresentando ideias prontas,
ou primando pelo seu trabalho como um objeto de arte, em que o domínio da língua é a
base para a leitura.
Assim, cabe-nos refletir inicialmente sobre como transformar um leitor comum em leitor
ideal, um cidadão pleno em relação a sua identidade. A construção da identidade social é
um fenômeno que se produz em referência aos outros, a aceitabilidade que temos e a
credibilidade que conquistamos por meio da negociação direta com as pessoas. A leitura
é a ferramenta que assegurará não apenas a constituição da identidade, como também
tornará esse processo contínuo.
Para tornar isso factível podemos, como educadores, adotar estratégias de incentivo,
apoiando-nos em textos como as tirinhas e as histórias em quadrinhos, até chegar a
leituras mais complexas, como um romance de Saramago, Machado de Assis ou textos
científicos. Construir em sala de aula relações intertextuais entre gêneros e autores
também é uma estratégia válida.
A família também tem papel importante no incentivo à leitura, mas como incentivar filhos
a ler, se os pais não são leitores? Cabe à família não apenas tornar a leitura acessível,
mas pensar no ato de ler como um processo. Discutimos à mesa questões políticas, a
trama da novela, por que não trazermos para nosso cotidiano discussões sobre os livros
que lemos?
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Disponível em: <http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-
ortografia/32/artigo235676-1.asp>. Acesso em: 13 nov. 2011. Fragmento.
Nesse texto, sobre a relação entre leitura e identidade, há uma tese em:
A) “Podemos afirmar que todos os livros foram escritos para um leitor ideal, reflexivo,
que dialogará com os textos?”. (1° parágrafo)
B) “Assim, cabe-nos refletir inicialmente sobre como transformar um leitor comum em
leitor ideal, ...”. (3° parágrafo)
C) “A construção da identidade social é um fenômeno que se produz em referência aos
outros...”. (3° parágrafo)
D) “A leitura é a ferramenta que assegurará não apenas a constituição da identidade,
como também tornará esse processo contínuo.” (3° parágrafo)
E) “Cabe à família não apenas tornar a leitura acessível, mas pensar no ato de ler como
um processo”. (último parágrafo)
O fundador da Wikipédia diz que ela não causará o fim do saber no papel.
Um grande sonho da Antiguidade era reunir todo o conhecimento do mundo na Biblioteca
de Alexandria, no Egito.
Depois de 2.300 anos, a empreitada parece ser possível com a Wikipédia, enciclopédia
online criada em 2001 pelo norte americano Jimmy Wales, junto com Larry Sanger. Com
mais de 10 milhões de artigos em 263 línguas e dialetos, ela pode receber a colaboração
de qualquer internauta. Wales lança nesta semana, em São Paulo, o Instituto Wikimedia
Brasil, capítulo local da Fundação Wikimedia. O instituto vai incentivar a disseminação de
conhecimento gratuito no país. Mesmo com a imensa massa de informação virtual de
hoje, Wales diz não acreditar que o livro em papel será um dia substituído como fonte de
conhecimento. “Não é tão caro, não precisa de bateria e pode ser levado à praia ou
carregado na chuva.”
Entrevista com Jimmy Wales. Época, n.º 547, nov./2008, p. 98-100 (com
adaptações)
UM NOVO ABC
Aquela velha carta de ABC dava arrepios. Três faixas verticais borravam a capa, duras,
antipáticas; e, fugindo a elas, encontrávamos num papel de embrulho o alfabeto, sílabas,
frases soltas e afinal máximas sisudas.
Suportávamos esses horrores como um castigo e inutilizávamos as folhas percorridas,
esperando sempre que as coisas melhorassem. Engano: as letras eram pequeninas e
feias; o exercício da soletração, cantado, embrutecia a gente; os provérbios, os graves
conselhos morais ficavam impenetráveis, apesar dos esforços dos mestres arreliados, dos
puxavantes de orelha e da palmatória. “A preguiça é a chave da pobreza”, afirmava-se
ali. Que espécie de chave seria aquela? Aos seis anos, eu e meus companheiros de
infelicidade escolar, quase todos pobres, não conhecíamos a pobreza pelo nome e
tínhamos poucas chaves, de gaveta, de armários e de portas.Chave de pobreza para uma
criança de seis anos é terrível.
Nessa medonha carta, que rasgávamos com prazer, salvavam-se algumas linhas.
“Paulina mastigou pimenta.” Bem. Conhecíamos pimenta e achávamos natural que a
língua de Paulina estivesse ardendo. Mas que teria acontecido depois? Essa história
contada em três palavras não nos satisfazia, precisávamos saber mais alguma coisa a
respeito de Paulina.
O que ofereciam, porém, à nossa curiosidade infantil eram conceitos idiotas: “Fala pouco
e bem: Ter- te-ão por alguém!” Ter-te-ão? Esse Terteão para mim era um homem, e
nunca pude compreender o que ele fazia na última página do odioso folheto. Éramos
realmente uns pirralhos bastante desgraçados.
Na gramática, como muitos sabem e outros nem tanto, existe a exceção da exceção. Isso
não quer dizer que vale tudo na hora de falar ou escrever. Há normas sobre as quais não
podemos passar, mas existem também as preferências de determinado autor – regras
que não são regras, apenas opções. De vez em quando aparece alguém querendo fazer
dessas escolhas uma regra. Geralmente são os que não estão bem inteirados da língua e
buscam soluções rápidas nos guias práticos de redação. Nada contra. O problema é julgar
inquestionáveis as informações que esses manuais contêm, esquecendo-se de que eles
estão, na maioria dos casos, sendo práticos – deixando para as gramáticas a explicação
dos fundamentos da língua portuguesa.
(...)
Com informação, vocabulário e o auxílio da gramática, você tem plenas condições de
escrever um bom texto. Mas, antes de se aventurar, considere quem vai ler o que você
escreveu. A galera da faculdade, o pessoal da empresa ou a turma da balada? As
linguagens são diferentes.
Afinal, a língua está viva, renovando-se sem parar, circulando em todos os lugares, em
todos os momentos do seu dia. Estar antenado, ir no embalo, baixar um arquivo, clicar no
ícone – mais que expressões – são maneiras de se inserir num grupo, de socializar-se.
Naves saltando da tela, monstros prestes a atacar o público e sensação de estar voando
são alguns exemplos de cenas dos filmes em 3D que se tomaram febre nos últimos anos.
A cada nova produção, a tecnologia nas salas de cinema fica aprimorada, levando o
espectador para mais perto do real. Por isso, investir em películas tem sido a regra em
todo o mundo - e sempre dando lucros.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine) realizado de 1o de
janeiro a 2 de setembro de 2010, o filme Shrek para sempre 3D registrou lucro de RS 70,1
milhões - a maior renda bruta dos cinemas brasileiros. A animação teve 779 cópias
exibidas em 687 salas em todo o país, para um público de 7,3 milhões de pessoas. (...)
O filme que bateu recorde de bilheterias no mundo todo e aqui no Brasil, de acordo com o
Grupo Severiano Ribeiro, foi Avatar 3D, faturando mais de USS 2,5 bilhões. Em terras
brasileiras, o filme ultrapassou o posto anterior que pertencia ao filme A era do gelo 3.
TORRES. Bruna Correio Brasiliense. Brasília, quinta-feira. 4 de nov do 2010 Caderno de Artes. p. 14. Fragmento.
(P090403ES_SUP)
(P090403ES) Nesse texto, o argumento que sustenta a tese de que "investir em películas
tem sido a regra em todo o mundo e dá lucro" é que:
A) as cópias se multiplicam.
B) as figuras saltam da tela.
C) os filmes são quase reais.
D) os lucros são astronômicos.
DESCRITOR CÓDIGOS
Sim, alguém calculou. Não que haja compradores em potencial para o planeta, é claro.
Mesmo assim, o astrofísico americano Greg Laughlin, da Universidade da Califórnia, criou
uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra – e aos de outros planetas
também.
O nosso, no caso, vale três mil trilhões de libras (é uma cifra tão fora da realidade que
parece até besteira converter, mas, em todo caso, fica em torno de oito mil trilhões de
reais).
Na fórmula (que o cientista não divulgou qual é, mas ok, porque certamente é bem
complexa e a maioria de nós não a entenderia, de qualquer forma), entram a idade, o
tamanho, a temperatura, a massa e outras informações pontuais sobre cada planeta.
O fim da conta não surpreende: a Terra é o mais valioso do universo. Já Marte, por
exemplo, que vem ganhando o carinho da comunidade científica por ser, além do nosso,
o planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar, vale apenas 10 mil libras.
Os cálculos não são perda de tempo (não completa, pelo menos): a ideia do pesquisador
ao criar a fórmula não era apenas brincar [...]. Ela vem sendo usada por ele para avaliar
as descobertas de novos exoplanetas (planetas localizados fora do nosso Sistema Solar)
feitas pela Nasa. “É uma maneira de eu poder quantificar o quão empolgado devo ficar
em relação a qualquer planeta em particular”, explica Laughlin.
Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas logo de
cara por parecer o mais similar à Terra – mas a conta final do astrofísico americano deu a
ele a etiqueta de apenas 100 libras (olha aí, exoplaneta em promoção!). Já outro, o KOI
326.01, encontrado mais recentemente, foi estimado por ele em cerca de 150 mil libras.
PERIN, Thiago. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/qual-e-o-preco-da-terra-sim-o-preco-
da-
terra/>.Acesso em: 2 mar. 2011. Fragmento.
O trecho que contém a informação principal desse texto é:
A) “... criou uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra...”. (1° parágrafo)
B) “Na fórmula [...] entram a idade, o tamanho, a temperatura, a massa...”. (3° parágrafo)
C) “Já Marte [...] planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar,...”. (4° parágrafo)
D) “... usada por ele para avaliar as descobertas de novos exoplanetas...”. (5° parágrafo)
E) “Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas...”. (6° parágrafo)
2- (PROVA BRASIL 2013) Leia os textos abaixo.
Sim, alguém calculou. Não que haja compradores em potencial para o planeta, é claro.
Mesmo assim, o astrofísico americano Greg Laughlin, da Universidade da Califórnia, criou
uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra – e aos de outros planetas
também.
O nosso, no caso, vale três mil trilhões de libras (é uma cifra tão fora da realidade que
parece até besteira converter, mas, em todo caso, fica em torno de oito mil trilhões de
reais).
Na fórmula (que o cientista não divulgou qual é, mas ok, porque certamente é bem
complexa e a maioria de nós não a entenderia, de qualquer forma), entram a idade, o
tamanho, a temperatura, a massa e outras informações pontuais sobre cada planeta.
O fim da conta não surpreende: a Terra é o mais valioso do universo. Já Marte, por
exemplo, que vem ganhando o carinho da comunidade científica por ser, além do nosso,
o planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar, vale apenas 10 mil libras.
Os cálculos não são perda de tempo (não completa, pelo menos): a ideia do pesquisador
ao criar a fórmula não era apenas brincar [...]. Ela vem sendo usada por ele para avaliar
as descobertas de novos exoplanetas (planetas localizados fora do nosso Sistema Solar)
feitas pela Nasa. “É uma maneira de eu poder quantificar o quão empolgado devo ficar
em relação a qualquer planeta em particular”, explica Laughlin.
Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas logo de
cara por parecer o mais similar à Terra – mas a conta final do astrofísico americano deu a
ele a etiqueta de apenas 100 libras (olha aí, exoplaneta em promoção!). Já outro, o KOI
326.01, encontrado mais recentemente, foi estimado por ele em cerca de 150 mil libras.
F) “... criou uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra...”. (1° parágrafo)
G) “Na fórmula [...] entram a idade, o tamanho, a temperatura, a massa...”. (3° parágrafo)
H) “Já Marte [...] planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar,...”. (4° parágrafo)
I) “... usada por ele para avaliar as descobertas de novos exoplanetas...”. (5° parágrafo)
J) “Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas...”. (6°
parágrafo)
O torcedor
No jogo de decisão do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse
atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo vencesse.
Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e ele previa que a
volta seria problema.
O Flamengo triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de
futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi
inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e havia
duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras pequenas nem
torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de grito para depois
da vitória.
Eváglio sentiu-se dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por 44 pés. A
bola era ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a
ser gente a caminho de casa.
Lembrando-se de que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem
em seu íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria
tão pura que ele próprio começou a sentir um pouco de Flamengo dentro de si. Era o
canto?
Eram braços e pernas falando além da boca? A emanação de entusiasmo o contagiava e
transformava. Marcou com a cabeça o acompanhamento da música. Abriu os lábios,
simulando cantar. Cantou. [...] Estava batizado, crismado e ungido: uma vez Flamengo,
sempre Flamengo.
O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa,
mas Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar
Flamengo [...] Segurou firme na porta, gritou: “Eu volto, gente! Vou só trocar de roupa” e,
não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso clubista.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Disponível em: <http://flamengoeternamente.blogspot.com/2007/04/o-torcedor-
carlos-
drummond-de-andrade.html>. Acesso em: 13 jan. 2011. Fragmento.
A Carta conhecida como “Carta de Pero Vaz de Caminha” é também conhecida como
“Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, é um documento no qual Pero
Vaz de Caminha registrou suas primeiras impressões sobre a terra descoberta. […]
Vaz de Caminha era escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, e redigiu essa carta para
Dom Manoel I para comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. […]
A carta é o exemplo típico do deslumbramento dos Europeus para com o novo. No caso, o
“Novo Mundo” como era chamado as Américas. Caminha documenta algumas
características físicas da terra encontrada e o momento em que viram um monte,
denominado logo depois por Pedro Álvares Cabral como “Monte Pascoal”. Logo após
disso, ele narra o desembarque dos Portugueses na praia e o primeiro contato com os
índios onde praticam o primeiro escambo (troca de mercadorias). Ele (Vaz de Caminha),
narra também a primeira missa realizada na terra descoberta.
Em 2005, este documento foi inscrito no Programa Memória do Mundo da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A) “... é um documento no qual Pero Vaz de Caminha registrou suas primeiras impressões
sobre a terra descoberta.”. (1° parágrafo)
B) “Vaz de Caminha era escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, ...”. (2° parágrafo)
C) “... o momento em que viram um monte, denominado logo depois por Pedro Álvares
Cabral como ‘Monte Pascoal’”. (3° parágrafo)
D) “Ele (Vaz de Caminha), narra também a primeira missa realizada na terra
descoberta.”. (final do 3° parágrafo)
E) “Em 2005, este documento foi inscrito no Programa Memória do Mundo...”. (último
parágrafo)
5- (PROVA BRASIL 2017) Leia o texto a seguir e, responda.
Carta de reclamação
Defeito no celular irrita usuário
Quero resolver um problema com a empresa X. Meu aparelho desbloqueia sozinho e faz
com que eu perca alguns créditos. A pedido deles, ligo para a empresa, mas de nada
adianta. Eles não resolvem nada. O máximo que consigo é passar de uma atendente para
outra e ficar escutando a música de espera. A cada uma delas tenho que explicar todo o
problema novamente. Estou chateado, pois o celular desbloqueia sozinho e quando vejo
está discando. Estou tão insatisfeito que quero doar o aparelho. Em uma das ligações, a
central de atendimento me transferiu para a central de vendas e tentaram me convencer
a comprar um novo aparelho.
(E.L.P., guarda-civil, Capital, SP)
A bola
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua
primeira bola do pai. Um número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais couro,
era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!" Ou o que os garotos dizem
hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois
começou a girar a bola, à cura de alguma coisa.
— Como é que liga? - perguntou
— Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
— Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são
decididamente outros.
— Não precisa manual de instrução.
— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
— O quê?
— Controla, chuta...
— Ah, então é uma bola.
— Claro que é uma bola.
— Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
— Você pensou que fosse o quê?
— Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da
tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado
Monster Ball, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma
de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente. O
garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da
máquina.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no
peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
— Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as
mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a
nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a
garotada se interessar.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. A bola. In: Comédias para se ler na Escola. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001).
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: análise da estrutura textual (cenário, problema, meta, ação, resultados,
resolução e tema). Análise dos elementos constituintes da narrativa: narrador, personagem, espaço, tempo,
problema/solução.
1- (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto abaixo.
A evidência
Ainda que pasmem os leitores, ainda que não acreditem e passem, doravante, a chamar
este escritor de mentiroso e fátuo, a verdade é que, certo dia que não adianta precisar,
entraram num restaurante de luxo, que não me interessa dizer qual seja, um ratinho
gordo e catita e um enorme tigre de olhar estriado e grandes bigodes ferozes. Entraram
e, como sucede nas histórias deste tipo, ninguém se espantou, muito menos o garçom do
restaurante.
Era apenas mais um par de fregueses. Entrados os dois, ratinho e tigre, escolheram uma
mesa e se sentaram. O garçom andou de lá prá cá e de cá prá lá, como fazem todos os
garçons durante meia hora, na preliminar de atender fregueses, mas, afinal, atendeu-os,
já que não lhe restava outra possibilidade, pois, por mais que faça um garçom, acaba
mesmo tendo que atender seus fregueses. Chegou, pois, o garçom e perguntou ao
ratinho o que desejava comer. Disse o ratinho, numa segurança de conhecedor:
– Primeiro você me traga Roquefort au Blinnis. Depois Couer de Baratta filet roti à la broche
pommes dauphine. Em seguida Medaillon Lagartiche Foie Gras de Strasbourg. E, como
sobremesa, me traga um Parfait de biscuit Estraguèe avec Cerises Jubilée. Café. Beberei,
durante o jantar, um Laffite Porcherrie Rotschild 1934.
– Muito bem – disse o garçom. E, dirigindo-se ao tigre – E o senhor, que vai querer?
– Ele não quer nada – disse o ratinho.
– Nada? – tornou o garçom – Não tem apetite?
– Apetite? Que apetite? – rosnou o ratinho enraivecido – [...] Então você acha que se ele
estivesse com fome eu ia andar ao lado dele?
Moral: É necessário manter a lógica mesmo na fantasia.
FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro,
1964, p. 89.
Nesse texto, no trecho “... um ratinho gordo e catita e um enorme tigre de olhar
estriado e grandes bigodes ferozes.” (1° parágrafo), o elemento da narrativa
predominante é:
A) a ambientação do espaço.
B) a descrição dos personagens.
C) a marcação do tempo.
D) o clímax.
E) o desfecho.
Maneira de amar
ANDRADE, Carlos Drummond de. Maneira de amar. In: Histórias para o Rei. Rio de Janeiro: Record,
1999, p. 52.
Área interna
Morava no terceiro andar [...]: não havia vizinho, do quarto andar para cima, que não
jogasse lixo na sua área. Sua mulher era uma dessas conformadas que só existem duas
no mundo, sendo que a outra ninguém viu:
– Deixa isso pra lá, Antônio, pior seria se a gente morasse no térreo.
Antônio não se controlava, ficava uma fera quando via cair cascas de banana, de laranja,
restos de comida. Em época de melancia ficava quase louco, tinha vontade de se mudar.
A mulher procurava contornar:
– Tenha calma, Antônio, daqui a pouco as melancias acabam e você
esquece tudo. Mas ele não esquecia:
– Acabam as melancias, vêm as jacas, acabam as jacas, vêm os abacates. Já pensou,
Marieta? Caroço de abacate é fogo!
Um dia chegou na área, tinha até lata de sardinha. Procurou pra ver se tinha alguma
sardinha, mas a lata tinha sido raspada. Se queimou. Falou com o síndico, ele disse que
era impossível fiscalizar todos os quarenta e oito apartamentos pra ver quem é que
atirava as coisas. Pensou em fechar a área com vidro, pediram uma nota firme e se não
decidisse dentro de sete dias, ia ter um acréscimo de trinta por cento. Foi à polícia dar
queixa dos vizinhos, o delegado achou muita graça, disse que não podia dar educação
aos vizinhos e, se pudesse daria aos seus, pois ele morava no térreo e era muito pior. [...]
ELIACHAR, Leon. O homem ao zero. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980. Fragmento.
Conhecimento prévio necessário: marcas lexicais ou gramaticais que expressam relações de causa e
consequência entre partes e elementos de um texto.
A) “Em dias ensolarados é muito gostoso caminhar pelo campus da universidade...”. (1°
parágrafo)
B) “... para sentir o calor do Sol, observar árvores verdinhas, sentir o perfume das
flores...”. (1° parágrafo)
C) “A percepção que temos do mundo à nossa volta é decorrente do contato sensorial.”.
(3° parágrafo)
D) “As sensações [...] criam diversas reações, como de paz e tranquilidade,”. (4° parágrafo)
E) “... favorecendo as configurações mais adaptadas aos desafios impostos pelo meio.”. (6°
parágrafo)
Fórmula do sorriso
Mais importante que o sabor do creme dental é o seu agente terapêutico, a fórmula
química que serve para controlar as bactérias que provocam as cáries. Segundo a
professora Lenise Velmovitsky, da Universidade Federal Fluminense, que analisou 25
tipos de pasta de dentes em sua tese de
doutourado, a substância mais eficaz na escovação é o tricloson, um antimicrobiano
presente nas pastas de ação total ou global. O flúor recalcifica os dentes e também
combate as cáries.
O bicarbonato de sódio é um abrasivo e remove manchas, mas em excesso desgasta os
dentes. A dentista recomenda o uso de escovas macias e uma quantidade de pasta
equivalente ao tamanho de uma ervilha, pelo menos três vezes ao dia. Além de fio
dental.
Segundo esse texto, deve-se evitar o excesso de bicarbonato de sódio por causa
A melhor opção
Todos começaram a dizer que o ouro é a melhor opção de investimento. Fernão Soropita
deixou-se convencer e, não tendo recursos bastantes para investir na Bolsa de Zurique,
mandou fazer uma dentadura de ouro maciço.
Substituir sua dentadura convencional por outra, preciosa e ridícula, valeu-lhe
aborrecimentos. O protético não queria aceitar a encomenda; mesmo se esforçando por
executá-la com perfeição, o resultado foi insatisfatório. O aparelho não aderia à boca.
Seu peso era demasiado. A cada correção diminuía o valor em ouro. E o ouro subindo de
cotação no mercado internacional.
O pior é que Fernão passou a ter medo de todos que se aproximavam dele. O receio de
ser assaltado não o abandonava. Deixou de sorrir e até de abrir a boca.
Na calçada, a moça lhe perguntou onde ficava a Rua Gonçalves Dias. Respondeu,
inadvertidamente, e a moça ficou fascinada pelo brilho do ouro ao sol. Daí resultou uma
relação amorosa, mas Fernão não foi feliz. A jovem apaixonara-se pela dentadura e não
por ele. Mal se tornaram íntimos, arrancou- lhe a dentadura enquanto ele dormia, e
desapareceu com ela.
Corrente
Após meses de sofrimento e solidão chega o correio: esta corrente veio da Venezuela
escrita por Salomão Fuais para correr mundo faça vinte e quatro cópias e mande a
amigos em lugares distantes: antes de nove dias terá surpresa, graças a Santo Antônio.
Tem vinte e quatro cópias, mas não tem amigos distantes, José Edouard, Exército
venezuelano, esqueceu de distribuir cópias, perdeu o emprego.
Lupin Gobery incendiou cópia, casa pegou fogo, metade da
família morreu. Mandar então a amigos em lugares próximos.
Também não tem amigos em lugares
próximos. Fecha a casa.
Deitado na cama, espera surpresa.
Rubem Fonseca, org. Boris Schhnaiderman. Contos reunidos, São Paulo, Cia das Letras, 1994, p.324)
Uma única palavra permite saber que a personagem principal é:
A) uma mulher.
B) um homem.
C) uma criança.
D) uma jovem.
E) um idoso.
Nota publicada por Nelson Sá, na coluna Toda Mídia na Folha de S.Paulo em 26/06/2007, p.A14)
http://www.sedur.ba.gov.br/arquivo_charges/
charge.05.06.2007.html)
A charge tem como
intenção:
A febre é um sinal de alerta de que algo vai mal no organismo. Mas cientistas do Roswell
Park Center Institute, nos EUA, afirmam que ela é bem mais do que isso. Segundo um
artigo publicado por eles na “Nature Immunology”, a temperatura corporal elevada ajuda
o sistema de defesa do organismo a identificar a causa de uma infecção e combatê-la.
Num estudo com camundongos, eles viram que quando há febre, o número de linfócitos
(tipo de célula de defesa) dobra. A febre funcionaria como um gatilho para o corpo se
proteger de infecções.
Em 1946, seriam realizadas as primeiras eleições diretas para presidente após os anos do
“Estado Novo”, de Getúlio Vargas. O candidato da aliança PTB/PSD, Eurico Gaspar Dutra,
venceu com relativa folga. Mas o título de maior originalidade na campanha ficou para as
correligionárias do candidato derrotado, Eduardo Gomes (da UDN).
Brigadeiro da Aeronáutica, com pinta de galã, Eduardo Gomes tinha um apoio, digamos,
entusiasmado. Para fazer o “corpo-a-corpo” com o eleitorado, senhoras da sociedade
saiam às ruas convocando as mulheres a votar em Gomes, com o slogan: “Vote no
brigadeiro. Ele é bonito e solteiro”. Não satisfeitas ainda promoviam almoços e chás, nos
quais serviam um irresistível docinho coberto com chocolate granulado. Ao qual deram o
nome, claro, de brigadeiro.
A) propor mudanças.
B) refutar um argumento.
C) advertir as pessoas.
D) trazer uma informação.
E) orientar procedimentos.
www.consciencia.br/reportagena/linguagem. Acesso em
15/12/2006
A finalidade desse texto é:
A) analisar idiomas.
B) apresentar informações.
C) criticar legislação.
D) defender estrangeirismos.
E) emitir opiniões.
Se você der o azar de lesionar um órgão, torça para ser o baço. Ele tem lá suas funções,
como remover os glóbulos vermelhos velhos demais e produzir parte dos anticorpos que
nos protegem de vírus e bactérias. Mas dá para viver sem ele, o que não rola sem
coração, pulmões, fígado, estômago, pâncreas ou intestino – sem os dois rins também
não dá.
Quando alguém sofre uma pancada forte na barriga e danifica o baço a ponto de ele
precisar ser removido, o fígado se encarrega da “limpeza” dos glóbulos vermelhos. Já a
imunidade da pessoa fica debilitada com a menor produção de anticorpos.
DESCRITOR CÓDIGOS
“Esta planta é mui tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas fôlhas que serão
seis ou sete palmos de comprido. A fruita se chama banana. Parecem-se na feição com
pepinos e criam-se em cachos. [...] Esta fruita é mui saborosa, e das boas, que há na
terra: tem uma pele como de figo (ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a
querem comer: mas faz dano à saúde e causa febre a quem se demanda dela”.
GÂNDAVO, Pero Magalhães de. História da Província Santa Cruz. Disponível em:
<http://www.graudez.com.br/literatura/
quinhentismo.html>. Acesso em: 11 abr. 2017. Fragmento.
A) arcaica.
B) informal.
C) jornalística.
D) regional.
E) técnica.
2- (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto abaixo.
Bater na madeira
Esse costume vem de tempos bem antigos. Entre os celtas, consistia em bater no tronco
de uma árvore para afugentar o azar, com base no fato de que os raios caem
frequentemente sobre as árvores, sinal de que elas seriam a morada terrestre dos
deuses. A pessoa estaria mantendo contato com o deus e lhe pedindo ajuda.
Na mesma linha, os druidas batiam na madeira para espantar os maus espíritos. Já na
Roma Antiga, batia-se na madeira da mesa das refeições, considerada sagrada, para
invocar os deuses protetores da família e do lar.
Historicamente, a árvore preferida para neutralizar o mau agouro era o carvalho,
venerado por sua força, imponência e longevidade. Ele teria poderes sobrenaturais por
suportar a força dos raios. Acreditava-se que nele vivia o deus dos relâmpagos. Bater no
carvalho era, portanto, um ato para afastar perigos e riscos diversos.
O pessoal do Íbis, de Pernambuco, considerado o pior time do mundo, andou batendo na
madeira durante anos tentando dar um xô para o azar, mas nem assim adiantou.
Continuou sofrendo goleadas até ser brindado com o vexaminoso título que hoje o
identifica no futebol. Só restou a lembrança de, inutilmente, bater tanto na madeira.
O berço da palavra. Revista do Correio. Correio Braziliense. 13 nov.
2009, p. 38.
No trecho “... dar um xô para o azar, ...” (Último parágrafo), a palavra destacada é própria
da linguagem:
A) coloquial.
B) formal.
C) literária.
D) regional.
E) técnica.
3- (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto abaixo.
Pela janela
Quando eu percebi que a Milena estava olhando para mim, lá do outro lado da classe,
virei o rosto para a lousa, onde a professora acabava de escrever uma pergunta. Antes do
recreio, a gente tinha assistido A guerra do fogo e agora estávamos em grupos de quatro,
fazendo um trabalho sobre o filme.
A história se passava na Idade da Pedra, não tinha falas, só grunhidos saindo das bocas
dos homens das cavernas. [...]
Em torno da minha mesa estavam Geandré, o Walter, o Duílio e eu. Estávamos sentados
próximos à janela, de onde eu podia ver os menores correndo, lá embaixo. [...] Olhei para
Milena, bem rápido, ela estava me olhando, de novo, mas virou o rosto, quando me viu.
No dia anterior, a Milena passou por mim, na saída e, sem me olhar, pôs um papel
dobrado na minha mão. De um lado estava escrito “De Milena” e no outro “Para Rodrigo”.
Eu coloquei o papel no bolso e só tive coragem de ler quando cheguei em casa, depois de
mais de uma hora na perua, com ele queimando no meu bolso.
A) coloquial.
B) culta.
C) científica.
D) regional.
E) técnica.
Mundo grande
A) argumentativa.
B) descritiva.
C) dialogal.
D) injuntiva.
E) poética.
5- (PROVA BRASIL 2017) Leia o texto abaixo e responda.
E a viagem continua...
Depois de rezarmos e cantarmos muito, voltávamos todos para casa e logo chegavam
convidados para o almoço, que sempre era especial. Comidas italianas que vovó, a nona,
fazia.
E todos os adultos matavam saudade da Itália. Ela tinha vindo de lá, de navio, no
começo do século, quando meu pai tinha três anos. Mamãe chegou um pouco mais tarde,
com seus pais.
Depois de moços, conheceram-se no Brasil e se casaram.
Durante o almoço, falavam em italiano e tomavam vinho. Era engraçado! Como na
missa, não entendíamos nada...
A) a avó.
B) a mãe.
C) o pai.
D) um moço.
E) uma neta.
DESCRITOR CÓDIGOS
A cúpula da palmeira, em que se achavam Peri e Cecília, parecia uma ilha de verdura
banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formavam no centro um
berço mimoso, onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só
morte, pois uma só era a sua vida. [...]
– [...] Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus
inimigos. [...] Falou com um tom solene:
“Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram, e começaram a cobrir toda
a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa.
Era Tamandaré; forte entre os fortes; sabia mais que todos. [...]
Tamandaré tomou sua mulher nos braços e subiu com ela ao olho da palmeira; aí esperou
que a água viesse e passasse; a palmeira dava frutos que os alimentavam.
A água veio, subiu e cresceu; o sol mergulhou e surgiu uma, duas e três vezes. A terra
desapareceu; a árvore desapareceu; a montanha desapareceu.
A água tocou o céu; e o Senhor mandou então que parasse. O sol olhando só viu céu e
água, e entre a água e o céu, a palmeira que boiava levando Tamandaré e sua
companheira. [...]
Quando veio o dia, Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea;
e ouviu a avezinha do céu, o guanumbi, que batia as asas. [...]”
Cecília o ouvia sorrindo, e bebia uma a uma as suas palavras, como se fossem as
partículas do ar que respirava; parecia-lhe que a alma de seu amigo, [...] desprendia do
seu corpo, [...] e vinha embeber-se no seu coração, que se abria para recebê-la.
A água subindo molhou as pontas das largas folhas da palmeira, e uma gota, resvalando
pelo leque, foi embeber-se na alva cambraia das roupas de Cecília. [...]
Peri, alucinado, suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já
cobertas de água, e com esforço desesperado, cingindo o tronco da palmeira nos seus
braços hirtos, abalou-o até as raízes. [...]
Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as raízes
desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.
A cúpula da palmeira, embalançando-se graciosamente, resvalou pela flor da água como
um ninho de garças ou alguma ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.
Peri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada e, tomando-braços,
disse-lhe com um acento de ventura suprema:
– Tu viverás!... [...]
A palmeira arrastada pela torrente impetuosa
fugia... E sumiu-se no horizonte.
ALENCAR, José de. O guarani. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/literatura/obras_completas_literatura_brasileira_e_portuguesa/JO
SE_ALENCAR/GUARANI/P4_C11.HTML>. Acesso em: 5 jun. 2012. Fragmento.
Há uma opinião expressa no trecho:
A) “... parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas da corrente; ...”. (1° parágrafo)
B) “... estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, ...”. (1° parágrafo)
C) “...Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea; ...”. (8°
parágrafo)
D) “... vinha embeber-se no seu coração, que se abria para recebê-la.”. (9° parágrafo)
E) “... tomando-a nos braços, disse-lhe com um acento de ventura...”. (15° parágrafo)
Senhora
Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava
uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em
interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar
da conversa o tema desagradável. [...]
Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e, pois, toda a afeição
que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que
esse amor a poupara à degradação de um casamento de conveniência, nome com que se
decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus e
redentor.
Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heroica dedicação, que, entretanto,
assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem
amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para
reter a ventura que foge.
Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos;
porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mundo
moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir nesses limbos.
ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8. Fragmento.
Minha festa de aniversário foi no domingo à tarde. O filme de Rin Tin Tin fez o maior
sucesso entre minhas colegas de escola. Ganhei dois broches, um marcador de livros e
dois livros.
Vou começar dizendo algumas coisas sobre minha escola e minha turma, a começar
pelos alunos. Betty Bloemendaal [...] mora numa rua que não é muito conhecida, no
lado oeste de Amsterdã, e nenhuma de nós sabe onde fica. Ela se dá muito bem na
escola, mas é porque estuda muito [...]. É muito quieta.
Jacqueline van Maarsen é, talvez, minha melhor amiga, mas nunca tive uma amiga de
verdade. No começo, achei que Jacque seria uma, mas estava redondamente enganada.
[...]
Henry Mets é uma garota legal, tem um jeito alegre, só que fala em voz alta e parece
mesmo uma criança quando estamos brincando no pátio. [...]
Hanneli Goslar [...] é meio estranha. Costuma ser tímida – expansiva em casa, mas
reservada quando está perto de outras pessoas. Conta para a mãe tudo que a gente diz a
ela. Mas ela diz o que pensa, e ultimamente passei a admirá-la bastante. [...]
Nannie van Praag-Sigaar é pequena, engraçada e sensível. Apesar de só ter 12 anos, é a
própria lady. Age como se eu fosse um bebê. Além disso, é muito atenciosa, e eu gosto
dela. [...]
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. Fragmento.
Nesse texto, há um fato no trecho:
A) “Minha festa de aniversário foi no domingo à tarde.”. (2° parágrafo)
B) “Jacqueline van Maarsen é, talvez, minha melhor amiga, ...”. (5° parágrafo)
C) “... achei que Jacque seria uma, mas estava [...] enganada.”. (5° parágrafo)
D) “Henry Mets é uma garota legal, ...”. (6° parágrafo)
E) “... é muito atenciosa, e eu gosto dela.”. (último parágrafo)
4- (PROVA BRASIL 2015) Leia o texto abaixo.
Mal-estar de um anjo
Ao sair do edifício, o inesperado me tomou. O que antes fora apenas chuva na vidraça,
abafado de cortina e aconchego, era na rua a tempestade e a noite. Tudo isso se fizera
enquanto eu descera pelo elevador? Dilúvio carioca, sem refúgio possível. Copacabana
com água entrando pelas lojas rasas e fechadas, águas grossas de lama até o meio da
perna, o pé tateando para encontrar calçadas invisíveis. Até movimento de maré já tinha,
onde se juntasse o bastante de água começava a atuar a secreta influência da Lua: já
havia fluxo e refluxo da maré. E o pior era o temor ancestral gravado na carne: estou sem
abrigo, o mundo me expulsou para o próprio mundo, e eu que só caibo numa casa e
nunca mais terei casa na vida, esse vestido ensopado sou eu, os cabelos escorridos
nunca secarão, e sei que não serei dos escolhidos para a Arca, pois já selecionaram o
melhor casal de minha espécie.
LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Ática, 1984. p. 22. Fragmento.
“... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o
caso excedia as raias de um capricho juvenil.
— Dessa vez, disse ele, vais para a Europa, vais cursar uma Universidade, provavelmente
Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador ou gatuno. E como eu fizesse
um gesto de espanto:
— Gatuno, sim senhor, não é outra coisa um filho que me faz isto...
Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele e sacudiu-os na cara.
— Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e
meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas?
Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.
Estava furioso, mas de um furor temperado e curto. Eu ouvi-o calado, e nada opus à
ordem da viagem, como de outras vezes fizera; ruminava a de levar Marcela comigo. Fui
ter com ela; expus-lhe a crise e fiz-lhe a proposta. Marcela ouviu-me com os olhos no ar,
sem responder logo; como insistisse, disse- me que fi cava, que não podia ir para a
Europa ”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 18. ed. São Paulo: Ática. 1992, p. 44. Fragmento.
Conhecimento prévio necessário: relações textuais entre orações, períodos, parágrafos ou blocos maiores
do texto, por meio de expressões conectoras.
Dom Casmurro
Uma noite dessas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central
um rapaz aqui do bairro, que eu conhecia de vista e de chapéu. Cumprimentou-me,
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A
viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu,
porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou
para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
[...] No dia seguinte, entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom
Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso
à alcunha, que afinal pegou.
[...] Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no
que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para
atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título
para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao final do livro, vai este mesmo.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 26. ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 13.
Fragmento.
A) alcunha.
B) livro.
C) rapaz.
D) trem.
E) viagem.
2- (PROVA BRASIL 2011) Leio o texto abaixo.
A) comparação.
B) intensidade.
C) modo.
D) negação.
E) tempo.
3- (PROVA BRASIL 2015) Leia o texto abaixo.
A) adição.
B) conclusão.
C) condição.
D) explicação.
E) oposição.
Estava sentado no fundo do ônibus vazio. Dia ensolarado, trânsito livre, uma brisa amena
e improvável lambia a cidade de São Paulo. Férias, dentro e fora de mim. Meus
pensamentos iam tão soltos e distantes que já haviam rompido o fino fio que os ligava à
minha cabeça: se me perguntassem por onde andavam, não saberia dizer. Foi então que
surgiu diante de mim a ideia, nítida e apetitosa: jabuticaba. Há quanto tempo eu não
comia uma jabuticaba?
Em poucos quarteirões, passei da distração à obsessão: tinha que comer jabuticabas.
Fiquei lembrando da infância na fazenda de um amigo, tardes e tardes no pomar, a
árvore cada vez mais branca e o chão cada vez mais preto com as dezenas de cascas
espalhadas...
Desci do ônibus na frente de um supermercado. Entrei na enorme loja fazendo um
discurso interno sobre as maravilhas da modernidade, todos aqueles itens à minha
disposição, num único local: pasta de dentes, suco de caju, tampa de privada, moela de
frango, pilhas alcalinas, bacias coloridas, maracujás... morangos... mangas... e as
jabuticabas???
Pedi ajuda a um funcionário que passava por ali. Ele me olhou como se meu pedido fosse
absurdo, uma excentricidade. Pegou então um radinho e, depois de um breve chiado,
soltou: “ô Anderson, você sabe se a gente tem jabuticaba?”. Do outro lado o tal do
Anderson respondeu, depois de algum suspense: “Negativo, Jailson, negativo”. Jailson
olhou para mim, com certa consternação (não sei se calculada ou sincera) e repetiu,
como se eu não tivesse ouvido: “Negativo, senhor”.
Supermercado inútil, repleto de coisas inúteis, nenhuma delas jabuticaba. Saí. Andei
alguns quarteirões, achei uma quitanda. Nada por ali também. “Você sabe se eu encontro
em algum lugar por aqui? Sabe se é época? Se tem algum mês do ano, assim, que tem
jabuticaba e outros que não tem?”. “Olha moço, sei lá, comecei a trabalhar aqui
anteontem...”
Fui para casa. Já mais movido pela birra que pelo desejo, vasculhei na internet as
prateleiras de todas as redes de supermercados da cidade. Nada. Não havia, na quarta
maior metrópole do mundo, na cidade mais rica da América do Sul, uma única, uma
mísera jabuticaba. [...]
Naquele instante, o homem ter ido à Lua. Ter clonado uma ovelha, pintado a Capela
Cistina, inventado a penicilina, o avião, a pipoca de micro-ondas e todas outras
conquistas da civilização... não me valiam de nada, na monumental e incontornável
ausência da jabuticaba.
Esse Eça!
Talvez por ter nascido sem pai, talvez por ter sido um menino solitário, talvez porque
ainda não havia televisão nem videogame, ou talvez porque fosse mesmo tímido, logo
que pude decifrar as “formiguinhas pretas”, meu lazer passou a ser a leitura. Nada de
“estudo”, nada de “busca do saber”. Ler para sonhar, para sentir-me na pele dos
protagonistas, para me divertir mesmo.
Quanto dessas leituras habita ainda em mim!
Mas, pulando Lobato e os queridos autores de literatura juvenil, lembro-me de O suave
milagre, do escritor português Eça de Queirós. Que impacto! Eu lia e relia o conto,
lágrimas, frissons, emoções que acredito nunca mais ter conseguido sentir ao ler um
texto. [...] O suave milagre continua como uma das minhas narrativas favoritas. Que conto!
Esse Eça!
No trecho “... logo que pude decifrar as ‘formiguinhas pretas’”, a expressão destacada
estabelece uma relação:
A) condicional.
B) consecutiva.
C) final.
D) modal.
E) temporal.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: valor expressivo dos recursos retóricos (figuras de linguagem),
identificando-as como mecanismos linguísticos geradores de densificação semântica e expressividade
estilística; (metáfora, metonímia e ironia). Identificação de mensagem de humor em textos do gênero
como
estratégia de construção de sentido.
Em maio de 2015, uma associação de apoio a pessoas com câncer do Canadá entrou
para o livro dos recordes ao promover um corte de cabelos coletivo. 267 pessoas, sendo
30 mulheres, ficaram carequinhas da silva, por uma boa causa.
DESCRITOR CÓDIGOS
Disponível em:
<http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira115.htm>.
Acesso em: 26 jun. 2010.
No último quadrinho, no trecho “Pensei que você fosse se transformar num pipoqueiro,
padeiro...”, as reticências foram usadas para indicar:
A) continuação.
B) hesitação.
C) interrupção.
D) omissão.
E) suspensão.
No trecho “Quem mandou não dar notícias antes d’eu ir pra lá?!?!?!”, a pontuação
empregada sugere:
A) aceitação.
B) compreensão.
C) dúvida.
D) entusiasmo.
E) indignação.
Quero um brinquedo
[...] No Natal eu sinto uma dor mansa, saudade da infância que não volta mais. Saudade
do meu pai, armando o quebra-cabeça com a gente... Saudade das tardes na praça das
três paineiras, carretilha na mão, pés no chão, papagaio no céu. Saudade dos piões
zunindo no ar e girando na terra...
A saudade me levou a abrir a porta do armário dos brinquedos velhos. Lá estão todos
eles, do jeito como os deixei: silenciosos, eternos, fora do tempo. São como eram.
Brinquedos não envelhecem. Acordam do seu sono e me olham espantados, ao notar as
marcas do tempo no meu rosto. E zombam de mim, com uma acusação: “Bem feito!
Esqueceu da gente, parou de brincar, envelheceu de repente!” Mas logo se apressaram a
me consolar, vendo a minha tristeza: “Mas pra velhice tem um remédio que só nós
guardamos. É só tomar: o tempo começa a rodar para trás e vapt-vupt, o velho fica
menino de novo. E esse remédio se chama brincar. Venha brincar conosco!”
ALVES, Rubem. A maçã e outros sabores. 4ª ed. São Paulo: Papirus, 2005.
A) dúvida.
B) incerteza.
C) insatisfação.
D) lembrança.
E) tristeza.
4- (PROVA BRASIL 2011) Leia o texto abaixo e responda.
No trecho “Olhe para essas pessoas ...”, o uso das reticências sugere:
A) compaixão.
B) desprezo.
C) reflexão.
D) repugnância.
E) solidariedade.
Múltipla escolha
Velhice é apenas outra fase: mas, como se ela fosse algo estanque, um setor final,
procuramos esquecer-nos dela no nosso baú de enganos, a chave guardada por algum
duende que ri de nós (a
gente finge não ver). Nem parece que hoje vivemos mais com melhor qualidade,
podendo ter saúde, interesse e afetos até os oitenta ou noventa anos (logo serão mais),
desde que levando em conta as limitações normais: parecemos um carro em disparada,
com faróis voltados para trás.
Ignoramos que velhos também viajam, estudam, passeiam, namoram, trabalham quando
podem, curtem amizades e família – sem se pendurar nelas como vítimas chorosas. Não
importam as décadas acumuladas, eles são mais que velhos: são pessoas.
Nesse texto, o trecho “Velhice é apenas outra fase”, escrito em itálico, indica:
A) argumento.
B) citação.
C) crítica à velhice.
D) crítica à sociedade.
E) ênfase a um tema.
DESCRITOR CÓDIGOS
A brasileira Sandra Maria Feliciano Silva, 51, moradora de Porto Velho (RO), está entre os
cem candidatos pré-selecionados para uma missão que pretende colonizar Marte em
2025, informou a fundação Mars One, que organiza a expedição.
De um total inicial de mais de 202 mil candidatos inscritos em 2013, apenas cem
restaram na terceira seletiva da Mars One. Uma segunda fase de seleção já havia
reduzido esse número para 1.058 candidatos.
“O grande corte de candidatos é um passo importante para sabermos quem tem as
qualidades certas para ir a Marte”, disse em comunicado Bas Lansdorp, cofundador e
diretor-executivo da fundação.
No perfil divulgado pela Mars One, Sandra afirma ser formada em
administração e direito. Ela também é professora [...] especialista em
segurança pública.
A candidata também mantém uma página no Facebook sobre aquários. Ela escreveu um
livro de ficção chamado “Os Ancestrais”, publicado em dezembro passado. Entre os
temas de interesse dela estão astronomia, física, biologia, administração de crise e
ecologia de sistemas fechados.
Em um vídeo divulgado pela fundação, Sandra diz que tem “a coragem e o espírito
certos” para participar desta missão.
Nesse texto, no trecho “... para participar desta missão.” (último parágrafo), a
expressão destacada refere-se ao fato de:
A) colonizar Marte.
B) escrever um livro de ficção.
C) formar em direito.
D) manter uma página sobre aquário.
E) ser professora.
As formigas
Foi a coisa mais bacana a primeira vez que as formigas conversaram com ele. Foi a que
escapuliu de procissão que conversou: ele estava olhando para ver aonde que ela ia, e aí
ela falou para ele não contar para o padre que ela tinha escapulido – o padre ele já tinha
visto que era o formigão da frente, o maior de todos, andando posudo.
Isso aconteceu numa manhã de muita chuva em que ele ficara no quentinho das
cobertas com preguiça de se levantar, virado para o outro canto, observando as
formigas descendo em fila na parede. Tinha um rachado ali perto por causa da chuva,
era de lá que elas saíam, a casa delas. Toda manhã aquela chuva sem parar, pingando
na lata velha lá fora no jardim, barulhinho gostoso que ele ficava ouvindo, enrolado no
cobertor, olhando as formigas e conversando com elas, o quarto meio escuro, tudo
escuro de chuva.
A conversa ficava interessante quando ele lembrava de perguntar uma porção de
coisas e elas também perguntavam pra ele. (Conversavam baixinho para os outros
não escutarem.)
[...]
Uma tarde entrou no quarto e viu a mancha de cimento novo na parede, brutal,
incompreensível.
– Pra que que o senhor fez isso? Pra que o senhor fez assim com minhas
formigas? O pai não entendia, e o menino chorando, chorando.
VILELA, Luiz. Contos da infância e da adolescência. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
Fragmento.
A) atitude fingida.
B) anúncio de rebeldia.
C) progressão da tristeza.
D) sensação de culpa.
E) sinal de fraqueza.
“Dizem, na minha família, que eu cantei antes de falar. E havia uma cançãozinha que
eu repetia e que tinha um leve tema de sons. Fui criado no mundo da música, minha
mãe e minha avó tocavam piano, eu me lembro de como me machucavam aquelas
valsas antigas. Meu pai também tocava violão, cresci ouvindo música. Depois a poesia
fez o resto.”
Disponível em:
<http://www.aomestre.com.br/liv/autores/vinicius_
moraes.htm>. Acesso em: 14 mar. 2010.
Nesse texto, a expressão “... cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto.”
sugere que Vinícius:
DESCRITOR CÓDIGOS
Devemos muito à vaca. Mas há quem a veja como inimiga. A vaca, aqui referida como a
parte pelo todo bovino, é acusada de contribuir para a degradação do ambiente e para o
aquecimento global. Cientistas atribuem ao 1,4 bilhão de cabeças de gado existentes no
mundo quase metade das emissões de metano, um dos gases causadores do efeito
estufa. Acusam-se as chifrudas de beber água demais e ocupar um espaço precioso para
a agricultura.
O truísmo inconveniente é que homem e vaca são unha e carne. [...] Imaginar o mundo
sem vacas é como desejar um planeta livre dos homens – uma ideia, aliás, vista com
simpatia por ambientalistas menos esperançosos quanto à nossa espécie. “Alterar
radicalmente o papel dos bovinos no nosso cotidiano, subtraindo-lhes a importância
econômica, pode levá-los à extinção e colocar em jogo um recurso que está na base da
construção da humanidade e, por que não, de seu futuro”, diz o veterinário José Fernando
Garcia, da Universidade Estadual Paulista em Araçatuba. [...]
A vaca tem um papel econômico crucial até onde é considerada animal sagrado. Na Índia,
metade da energia doméstica vem da queima de esterco. O líder indiano Mahatma
Gandhi (1869-1948), que, como todo hindu, não comia carne bovina, escreveu: “A mãe
vaca, depois de morta, é tão útil quanto viva”. Nos Estados Unidos, as bases da
superpotência foram estabelecidas quando a conquista do Oeste foi dada por encerrada,
em 1890, fazendo surgir nas Grandes Planícies americanas o maior rebanho bovino do
mundo de então. “Esse estoque permitiu que a carne se tornasse, no século seguinte,
uma fonte de proteína para as massas, principalmente na forma de hambúrguer”,
escreveu Florian Werner. [...] Comer um bom bife é uma aspiração natural e cultural. Ou
seja, nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora.
É preciso salvar o
país, é preciso crer
em Deus,
é preciso pagar as
dívidas, é preciso
comprar um rádio, é
preciso esquecer fulana.
A) atenção.
B) destruição.
C) necessidade.
D) preocupação.
E) rotina.
A raposa e as uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros,
coisas de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho:
– Estão verdes – murmurou – Uvas verdes, só para
cachorros. E foi-se.
Nisto deu um vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa e pôs-se a farejar...
Quem desdenha quer comprar.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1973.
p. 47
Nesse texto, a palavra “carregadinha” tem a ver com:
VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova
Cultura. 1998)
Coisas do mundo
PAULA, Maria. Crônica da revista. In: REVISTA DO CORREIO. 2 mai. 2010, p, 37.
Fragmento.
Patricinhas do skate
De unhas pintadas e roupas da moda, elas enterram o estereótipo rebelde. Você já deve
ter se deparado com uma delas. Estão sempre de unhas pintadas, cabelo arrumado, calça
de cintura baixa e camiseta baby look. Nas mãos, o longboard – a versão mais comprida
do skate tradicional. Sim, essas princesinhas estão se fazendo notar por aí. Por muito
tempo, o visual das skatistas foi propositalmente desleixado. Usavam camisetas de
bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge
com um ar rebeldezinho. Agora, as novas skatistas têm cara de saudáveis, roupas
limpinhas e pouca afinidade com as manobras radicais do skate. “Não é porque eu estou
andando de skate que vou mudar meu estilo”, diz Mitzi Iannibelli, 18, que adora reggae e
faz as unhas toda semana – “sempre quadradas e sem cutícula’’. Mitzi se diz adepta do
estilo mulherzinha, que ela define como “short com a barriga de fora e camisa baby
look’’. Recém-formada em estilismo, Amanda Assunção, 21, também critica o guarda-
roupa rebelde: “Aquelas roupas grunges não tem nada a ver. Não gosto de estar
largadona’’, diz, ajeitando o colar de pedrinhas azuis no pescoço.
O que se vê nas ruas já chama atenção das lojas especializadas. Na Kelly Connection, na
Galeria River (Arpoador), de cada 10 skates vendidos, 7 são comprados por mulheres. “É
impressionante como tem menina começando’’, diz Nathalia Despinoy, 29, dona da loja e
skatista amadora. Segundo afirma, houve uma mudança notável no perfil das skatistas:
“Elas têm um envolvimento menor com o esporte, não usam nada muito louco, nada
grunge.’’
As novas skatistas divergem de suas antecessoras até no gosto musical. Dead Kennedys
e Pennywise já não têm mais lugar no porta-CDs, que guarda agora discos de Bob Marley,
Billie Hollyday, Natiruts, Cássia Eller e Marisa Monte. Além do visual e da música, as
longboarders têm uma relação menos profissional com o skate, em que a performance
não é tão importante. Isabelle Valdes, 21, gosta de descer as Paineiras no seu long. Mas
não faz pose e assume que só encara a versão light da descida. “Lá de cimão, eu ainda
não tenho coragem’’, diz.
DESCRITOR CÓDIGOS
Conhecimento prévio necessário: relação entre as informações apresentadas no texto e uma análise das
predições feitas antes da leitura, para confirmá-las ou refutá-las. Identificação de referências a outros
textos,
buscando informações adicionais, se necessário.
1- (PROVA BRASIL 2011) Leio o texto abaixo.
Texto 1
Olhos Verdes
[...] Como se lê num
espelho Pude ler nos
olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em
calma Também refletem os
céus; Mas, ai de mim!
Nem já sei qual fiquei
sendo Depois que os vi! DIAS, Gonçalves. Poemas. Rio de Janeiro: Ediouro.
1997.
[...]
Texto 2
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
pode prescindir da continuidade da leitura daquele (A palavra que eu digo sai do mundo
que estou lendo, mas a palavra que sai do mundo que eu estou lendo vai além dele). [...]
Se for capaz de escrever minha palavra estarei, de certa forma, transformando o mundo.
O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu
tenho com esse mundo.
Texto 1
Texto 2
Expansão do cultivo da cana para produção de etanol pode por em risco áreas de alto valor biológico
O cerrado deve ser o bioma mais impactado pela esperada expansão do cultivo da cana-
de-açúcar para produção de etanol. Da extensão total de aproximadamente 2 milhões de
quilômetros quadrados ocupada por essa formação vegetal, 19,7% são considerados
áreas de extrema importância biológica. E mais da metade (70%) dessas regiões
corresponde exatamente aos locais onde a cana encontra condições ideais de cultivo.
Os dados são de um estudo feito por mais de 200 pesquisadores de diferentes
universidades brasileiras, por encomenda do Ministério do Meio Ambiente (MMA) [...].
A pesquisa, apresentada pelo biólogo Ricardo Machado, [...] identificou áreas prioritárias
para conservação e áreas de extrema importância biológica na floresta amazônica, no
pantanal e no cerrado. O critério usado foi a ocorrência de espécies ameaçadas, de
endemismo (espécies que só ocorrem naquele local), de remanescentes de vegetação
nativa e de componentes hidrológicos importantes, como nascentes.
“Áreas com essas características que ainda não são protegidas por unidades de
conservação deveriam receber atenção especial”, explica Machado.
FERRAZ, Mariana. Ciência Hoje On-line, 29 mar.
2007. Disponível em: <http://desertoresdaescada.com/2007/06/05/a-destruicao-do-cerrado-pela-expansao-
das-plantacoes/>.Acesso
em: 22 nov. 2011. Fragmento.
Uma abordagem comum a esses dois textos refere-se:
Texto 1
A todo momento, sem nenhuma razão especial, você solta um “com certeza” como
resposta afirmativa para qualquer coisa. É incontrolável. Você tomou café da manhã hoje?
Com certeza.
[...] Os juros vão continuar subindo? Com certeza. [...] o vírus do “com certeza” não foi
espalhado por nenhuma novela ou campanha de publicidade. Nunca foi bordão de
programa humorístico [...]. A única pessoa pública a usar o “com certeza” como marca
registrada é a apresentadora Leda Nagle – mas [...] é pouco para que ela seja apontada
como [...] culpada. O “com certeza” simplesmente pegou. [...] Oitenta por cento dos “com
certeza” que saem de nossa boca são puro chute. Vai chover amanhã? Com certeza. O
trânsito está livre? Com certeza. Dá para chegar até a próxima cidade com essa
gasolina? Com certeza.
Ainda não se sabe como o “com certeza” atua no cérebro [...], mas existe o temor de
que, dentro de poucos anos, o “com certeza” se transforme na única resposta que
sejamos capazes de dar para qualquer pergunta.
– Você prefere os ovos fritos ou mexidos?
– Com certeza.
– Para onde você vai depois de amanhã?
– Com certeza.
– Qual é o seu nome?
– Com certeza.
Antes de isso acontecer, com certeza, já teremos perdido para sempre a palavra “não” –
substituída, é claro, pela locução “sem certeza”.
FREIRE,
Ricardo. Disponível em: <http://migre.me/rBdH2>. Acesso em: 23 set. 2015. *Adaptado: Reforma
Ortográfica. Fragmento.
Texto 2
Disponível em: <http://migre.me/rBdQM>. Acesso em: 23 set. 2015. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
Fragmento.
TEXTO 1
Graduação
Para ingressar no mercado, o perito forense computacional (não se assuste, é assim que
um caçador de hackers é chamado oficialmente) precisa ter algum curso superior
completo. Mas, como a profissão é nova, ainda não existem faculdades específicas. Ou
seja, vale formação superior em qualquer curso. Mas, claro, algumas formações podem
lhe dar conhecimentos mais adequados. Engenharia eletrônica e ciências da computação
garantem boas ferramentas técnicas e direito ajuda muito na hora de produzir laudos
que, em seguida, são analisados por juízes e advogados.
TEXTO 2
Onde
trabalhar O perito tem quatro possibilidades de
emprego:
•ser contratado por uma empresa de consultoria, que é chamada quando pinta um
problema em outra empresa;
•ser perito da Polícia Federal ou Estadual, que mantém seu próprio corpo de especialistas;
• ser autônomo e ser convocado pelo juiz de um tribunal ou por alguma pessoa ou
empresa para trabalhar num caso específico;
• trabalhar em uma empresa para fazer segurança virtual preventiva. Ou seja, proteger
os sistemas antes de serem atacados por hackers.
Mundo Estranho, São Paulo: Abril, ed.48, fev. 2006, p.
22.
DESCRITOR CÓDIGOS
Texto 1
Estamos vendo a consolidação de um grande diretor. Estamos vendo DiCaprio em sua
melhor atuação na carreira. Isso não é pouco! [...] Elenco inspirado, forte, físico. [...] Vá
ao cinema e, enquanto admira o belo trabalho de fotografia, [...] entregue-se por inteiro.
[...] “O Regresso” vai te dar a opção de escolher o que é o bem e o que é o mal. [...]
George F.
Texto 2
Muito chato! Filme sem emoção, monótono e sem nexo em muitas partes. [...] Não vale a
pena assistir. Um dos piores filmes que já assisti. Me desculpem os experts em cinema,
mas não passa sentimento nenhum na trama. A fotografia é linda, mas só isso!
Neide Santos
Texto 1
O que é Diabetes
Texto 2
Diabéticos treinados para cuidar de si próprios têm menos riscos de sofrer complicações
[...] O autocuidado é a chave para prevenir o diabetes tipo 2, que responde por 90% dos
casos que atinge principalmente adultos. Seu desenvolvimento está associado ao ganho
de gordura abdominal, e a gordura afeta a ação da insulina, tornando-a menos eficiente
na função de transportar a glicose do sangue para dentro das células.
Para compensar essa redução de eficiência, o pâncreas produz mais insulina e acaba
sobrecarregando suas células, que morrem precocemente. Após 10 anos, em média, o
organismo perderá perto de 50% destas células e com elas a capacidade de processar a
glicose, elevando sua concentração no sangue até caracterizar o diabetes.
Lei da Pesca libera o uso de petrechos, como redes e anzol de galho, para qualquer tipo de pescador.
Foi aprovada na manhã desta terça-feira, 24, o projeto de lei estadual nº 119/09, a “Lei
da Pesca”, na Assembleia Legislativa de Campo Grande. O documento concede uma série
de benefícios aos pescadores de Mato Grosso do Sul, entre eles a pesca com petrechos
antes considerados proibidos, como anzol de galho e redes, para qualquer pescador
munido de carteira profissional.
A aprovação foi quase unânime, 20 votos favoráveis contra apenas três contrários.
Mesmo assim, a “Lei da Pesca” gerou muita polêmica entre deputados e os mais de 400
pescadores que acompanharam de perto o plenário.
Um dos deputados opositores mais ferrenhos da nova lei disse que a liberação da pesca
com petrechos irá acelerar em poucos meses o processo de extermínio de algumas
espécies que antes podiam ser capturadas apenas pelos ribeirinhos. Em seu discurso de
defesa à proibição aos petrechos, ele destacou que o artigo 24 da Constituição Federal
diz que quando existem conflitos entre interesses econômicos e ambientais, o ambiental
deve sempre prevalecer.
O Presidente da Associação de Pescadores de Isca Artesanal de Miranda (MS), Liesé
Francisco Xavier, no entanto, é favorável à liberação dos petrechos. “Nós só queremos
trabalhar conforme está na Constituição Federal, que libera o uso dos petrechos nos
rios”, argumenta ele.
Pesca & Companhia. nov. 2009. Fragmento. *Adaptado: Reforma
Ortográfica. Nesse texto, as opiniões do deputado e a do presidente
da associação são:
A) complementares.
B) divergentes.
C) indiferentes.
D) próximas.
E) similares.
Texto 1
Há um neandertal dentro de nós
Nossos primos mais próximos não se extinguiram por completo. Humanos e Neandertais acasalaram.
Os europeus e asiáticos são seus descendentes
Uma das mais importantes questões da antropologia foi respondida. Desde o século XIX
se discute a identidade do homem de Neandertal. Quem era esse nosso primo em
primeiro grau na família evolutiva humana? Os Neandertais, ou Homo neanderthalensis,
eram maiores e mais fortes que os Homo sapiens, os homens modernos que evoluíram na
África há 200 mil anos. Já os Neandertais habitaram a Europa e o Oriente Médio por 300
mil anos.
Eles conheciam o fogo, caçavam mamutes com lanças sofisticadas e se protegiam do frio
com peles dos animais abatidos. Os Neandertais eram inteligentes. Seu cérebro era maior
que o nosso. Era uma espécie magnificamente adaptada à sobrevivência nas duríssimas
condições da Europa glacial. Mesmo assim, desapareceram. Após ceder
progressivamente um continente inteiro aos invasores de nossa espécie, há 22 mil anos
os últimos bandos remanescentes refugiaram-se nas cavernas do rochedo de Gibraltar,
no extremo sul da Espanha. Era um beco sem saída. Do alto do rochedo avista-se a
África, do outro lado do estreito de Gibraltar. Só 13 quilômetros de mar separavam os
Neandertais da sobrevivência.
Mas essa não era uma opção. Eles nunca inventaram barcos. A espécie se extinguiu.
MOON, Peter. Época: 10 maio 2010.
Fragmento.
Texto 2
Duas descobertas recentes mostram que a família dos hominídeos pode ser maior do que
se imaginava. A ela, foi agora acrescentado um ‘primo’ e um ‘bisavô’.
A etiqueta recomenda que comecemos pelos mais velhos. Partes bem preservadas de
dois esqueletos foram descobertas no sistema de cavernas de Malapa (África do Sul). Os
restos são de uma mulher adulta e um jovem. Ambos foram classificados como
espécimes de um novo hominídeo, batizado Australopithecus sediba, que viveu entre 1,95
milhão e 1,78 milhão de anos atrás. [...]
A segunda descoberta foi feita por um método bem diferente. Pedaço de osso de polegar
foi achado na caverna de Denisova, no sul da Sibéria. Fragmentos dele foram moídos e
tiveram seu material genético analisado. Aí, veio a surpresa: tratava-se de nova espécie
de humano. Nem era Homo sapiens, nem era neandertal.
A) complementares.
B) contraditórias.
C) diferentes.
D) excludentes.
E) inconsistentes.
Texto 1
Achei muito interessante e de bom gosto a edição Especial Mulher (junho de 2007),
principalmente a reportagem “10 coisas para ter antes de morrer”. A revista novamente
nos brindou com um excelente presente. Parabéns pelo trabalho.
Texto 2
A) complementares.
B) divergentes.
C) idênticas.
D) incoerentes.
E) similares.
GABARITO DO BANCO DE ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES
DESCRITORES
1 2 3 4 5
D1 B C E A C
D2 C A B B A
D3 D A B B A
D4 A D A D C
D5 D E B E A
D6 C D C E B
D7 E A C C C
D8 D A E C D
D9 A D A A C
D10 B A A D A
D11 C D D B A
D12 B E D B A
D13 A A A E E
D14 A E A E A
D15 A B E B E
D16 C A B D D
D17 A E E C E
D18 A D C A D
D19 A C E E B
D20 E A A A C
D21 A E B A B
VOLUME 01 –