Guia Técnico - Alvenaria

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Guia Técnico e de Recomendações

para Boas Práticas em Alvenaria


Estrutural

Residencial BX

Benetti Construtora Ltda.

Maio 2015
Caxias do Sul, RS
OBJETIVOS

 Transmitir e atualizar os conhecimentos sobre os processos, elementos e


a execução da construção em alvenaria estrutural;
 Familiarizar os envolvidos na obra com a leitura dos projetos em
alvenaria estrutural;
 Capacitar as equipes de obra para atingir o grau necessário de
qualidade e produtividade no canteiro;
 Demostrar e conscientizar sobre o comportamento estrutural deste
método construtivo, por meio da comparação com outros métodos
estruturais mais disseminados no mercado;
 Entender as diferenças entre alvenaria convencional e alvenaria
estrutural;
 Compreender as etapas de construção da alvenaria e o uso das
ferramentas adequadas para cada uma delas;
 Entender a importância do controle dos materiais e elementos da
alvenaria, assim como o correto manuseio destes.

1
NOTA AO CONSTRUTOR

A edificação em alvenaria estrutural é projetada para resistir aos


esforços solicitantes, de forma que estes não afetem a integridade e conforto
da estrutura no exercício de suas funções principais. Para que esse objetivo se
concretize, caberá ao construtor prezar pelas boas práticas executivas e a
qualidade dos materiais empregados no edifício. Sendo assim, se torna
imprescindível que o contratante obedeça as condições estabelecidas no
projeto e siga as exigências da respectiva norma ABNT NBR 15812-2 Alvenaria
estrutural – blocos cerâmicos, referente à execução.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO A ALVENARIA ESTRUTURAL................................................................... 6


2. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO............................................................................. 7
3. CONTROLE DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ............................................................ 8
3.1 PREPARAÇÃO DO PRISMA.................................................................................... 11
4. ELEMENTOS DO PROJETO .............................................................................................. 11
4.1 PLANTA BAIXA DE PRIMEIRA E SEGUNDA FIADA ............................................ 11
4.2 CADERNO DE ELEVAÇÕES .................................................................................... 16
5. ELEMENTOS DO SISTEMA ............................................................................................... 18
5.1 BLOCO ....................................................................................................................... 18
5.2 ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO ...................................................................... 20
5.3 GRAUTE ...................................................................................................................... 20
5.4 PAREDE ESTRUTURAL ............................................................................................... 20
5.5 PAREDE NÃO ESTRUTURAL ..................................................................................... 20
5.6 ALVENARIA ARMADA ............................................................................................ 21
5.7 ALVENARIA NÃO ARMADA .................................................................................. 21
5.8 CINTA ......................................................................................................................... 21
5.9 COXIM ....................................................................................................................... 21
5.10 VERGA ....................................................................................................................... 21
5.11 CONTRAVERGA ....................................................................................................... 21
5.12 PRISMA ...................................................................................................................... 22
5.13 AMARRAÇÃO DIRETA ENTRE PAREDES .............................................................. 22
5.14 AMARRAÇÃO INDIRETA DE PAREDE................................................................... 22
6. ESTOCAGEM DOS MATERIAIS EM OBRA ................................................................... 23
6.1 RECEBIMENTO DOS BLOCOS ................................................................................ 23
6.2 RECEBIMENTO DA ARGAMASSA E GRAUTE NÃO INDUSTRIALIZADOS ....... 24
6.3 RECEBIMENTO DA ARGAMASSA E GRAUTE INDUSTRIALIZADOS ................. 24
7. FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS................................................................................ 25
8. PRODUÇÃO DA ALVENARIA ........................................................................................ 27

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8.1 LIBERAÇÃO DO PAVIMENTO ................................................................................ 27
8.2 LOCAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA ......................................................... 27
8.3 ASSENTAMENTO DOS BLOCOS ............................................................................ 30
8.3.1 ASSENTAMENTO DA PRIMEIRA FIADA ........................................................ 30
8.3.2 CHUBAMENTO DAS BARRAS DE AÇO ........................................................ 32
8.3.3 PREPARO DA ARGAMASSA .......................................................................... 33
8.3.4 ASSENTAMENTO DA SEGUNDA FIADA ....................................................... 35
8.4 GRAUTEAMENTO ..................................................................................................... 36
8.4.1 PONTOS DE GRAUTE, VERGAS E CONTRAVERGAS ................................. 37
8.4.2 CINTA DE AMARRAÇÃO ............................................................................... 40
9. CONTROLE GEOMÉTRICO E ACEITAÇÃO DA ALVENARIA .................................... 41
10. CUIDADOS COM AS LAJES DE COBERTURA ......................................................... 43
11. ARMAÇÕES .................................................................................................................. 43
12. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS ............................................................. 44
13. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................................. 45

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5
1. INTRODUÇÃO A ALVENARIA ESTRUTURAL

- Conceito de Alvenaria Estrutural:

A Alvenaria Estrutural é uma tecnologia construtiva em que as paredes


exercem a função estrutural e ao mesmo tempo de vedação em uma
edificação. Seus elementos são constituídos por blocos de dimensões
normatizadas e características especificas de desempenho, que juntamente
com a argamassa, graute e aço, formam o corpo da estrutura, sem a
necessidade imediata de pilares e vigas de concreto armado, aço ou
madeira.

- Conceito de Alvenaria Convencional (Não Estrutural):

Diferente da alvenaria estrutural, a alvenaria convencional tem apenas a


função de separar os ambientes internos e vedar a edificação contra
intempéries. Por esta razão não suporta cargas além do peso próprio,
dependendo de outras estruturas para sustentar o edifício, como por exemplo,
o concreto armado.

- Comparativo com outros sistemas estruturais (Concreto):

a) b)

Fig. 1 - Representação da construção do mesmo pavimento com alvenaria estrutural e


concreto armado. a) Alvenaria estrutural. b) Concreto Armado.

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2. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Nome: Residencial BX
Logradouro: Ernesto Bernardi, 1431 – Bairro Desvio Rizzo – Caxias do Sul, RS.
Número de apartamentos: 36

Estruturas

Área total construída: 3522,99 m²

Concreto Armado:
- Subsolo
- Térreo

Alvenaria Estrutural:
- 9 Pavimentos Tipo
- Cobertura

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3. CONTROLE DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Segundo a ABNT NBR 15812-2, referente à execução de alvenaria estrutural


em bloco cerâmico, a caracterização dos materiais utilizados na obra deverá
ser feita antes e durante os trabalhos executivos da edificação. Para a
caracterização da resistência à compressão de blocos, argamassas e grautes,
o executor deve conduzir ensaios com amostragens e métodos segundo
especificado nas normas ABNT NBR 15270-3, ABNT NBR 13279 e ABNT NBR 5739
respectivamente.
No caso do fornecedor dos materiais disponibilizar os ensaios com as
caracterizações desses materiais usados para a obra, em um prazo de 180 dias
antecedendo o início do cronograma de construção, não haverá
necessidade em realizar os ensaios de caracterização prévia (antes do início
da obra).
Porém para a aceitação da alvenaria, devem ser realizados ensaios de
prisma, pequenas paredes ou até mesmo paredes em escala real. O projeto
estrutural fornece a sugestão das resistências para os blocos por pavimento, e
especifica as resistências das argamassas e dos grautes com o intuito de
alcançar os parâmetros solicitados através da resistência à compressão dos
prismas. Desta maneira, devem ser conduzidos, no mínimo (controle-padrão),
ensaios de prismas para cada pavimento do edifício. Assim como solicita a
norma, recomendamos que sejam feitos além dos ensaios de prisma, os
ensaios de argamassas, blocos e grautes.
A tabela 1 demostra o número mínimo de corpos-de-porva por tipo de
elemento de alvenaria.

TIPO DE ELEMENTO DE ALVENARIA NÚMERO DE CORPOS-DE-PROVA

Prisma 12

Pequena Parede 6

Parede 3
Tabela 1 - ABNT NBR 15.812-2, demonstrativo do número mínimo de corpos de prova para
ensaio, dependendo do tipo de elemento de alvenaria que será ensaiado.

8
Para fins de compreensão do construtor, demonstraremos um fluxograma
exemplificando as etapas de controle:

Bohm Engenharia O cálculo de AE é feito


Determina a Resistência à baseado no prisma, porém
compressão da argamassa, nesta etapa o engenheiro
graute e dos prismas ocos e responsável não possui a
grauteados para cada
Projeto de Alvenaria
definição da qualidade do
pavimento. Estrutural bloco que será utilizado.
Desta forma, sugere-se a
resistência à compressão dos
blocos para cada pavimento
É responsabilidade do baseada em estudos teóricos
Construtor
construtor a realização dos que deve ser comprovado
ensaios de argamassas, através de ensaio.
grautes, prismas e blocos
para cada pavimento antes
Escolha do Fornecedor
do início da obra. de Materiais

Laboratório

Ensaios prévios à
execução da obra dos
materiais e prismas
usados em cada
pavimento

Aceitos Rejeitados

Materiais aprovados
para execução

Procedimento em
Obra

9
Início da Execução do
Empreendimento

Pavimento Inicial

Corpos-de-prova a
Moldagem dos
serem moldados:
corpos-de-prova com Prisma
materiais usados na Argamassa
execução Graute
Bloco

Laboratório

Ensaios dos materiais e


Segundo a NBR 15212-2:2010
prismas usados no
todos os pavimentos devem
pavimento em ter seus materiais ensaiados,
questão assim como os prismas.

Aceitos Rejeitados

Pavimento Seguinte Solicitar revisão junto ao


engenheiro responsável pelo
projeto para determinar se a
Proceder da mesma estrutura pode ser aceita
maneira que o considerando os valores
pavimento anterior obtidos nos ensaios

Conclusão do Edifício Sim Não

Medidas de correção

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3.1 PREPARAÇÃO DO PRISMA

O prisma é um corpo-de-prova, constituído por dois blocos principais de


dimensões 14 x 19 x 29 cm do mesmo lote e resistência, unidos por uma junta
de argamassa de 1 cm, que deve ser aplicada sobre toda a superfície de
contato entre os blocos. Os corpos-de-prova precisam ser íntegros, isentos de
defeitos e constituídos por materiais usados na obra, podendo ser preenchidos
com graute, ou não.
Cada prisma deve ser identificado com uma nomenclatura a critério do
laboratorista ou do construtor para o posterior ensaio de rompimento,
podendo ser moldados na obra ou em laboratório. Caso a moldagem ocorra
em obra, os prismas devem estar sobre uma superfície plana, limpa,
indeformável e impermeável. Preferencialmente eles devem ser moldados no
local onde ocorrerá a cura, permanecendo intactos até a sua coleta.
Em prismas grauteados ambos os furos devem ser preenchidos, 24 horas
após o assentamento entre os blocos, em virtude do tempo de cura do
ligante. O graute deve ser vertido nos furos em duas camadas, adensando-as
com 12 golpes, cada, com uma haste de socamento. Esses golpes não devem
atingir a base do furo ou transpassar a camada que já tenha sido adensada.
Logo após o processo de adensamento, a superfície superior deverá ser
alisada com a ajuda de uma colher de pedreiro.
Como mencionado anteriormente o prisma deve estar sobre uma superfície
adequada para o grauteamento. A má execução ou a falta de cuidados com
os corpos-de-prova certamente acarretarão em resultados baixos e não
fidedignos dos processos realizados em obra. Isso ocasionalmente pode
resultar em retrabalhos ou projetos de reforço da estrutura.

4. ELEMENTOS DO PROJETO

4.1 PLANTA BAIXA DE PRIMEIRA E SEGUNDA FIADA

Nestas duas pranchas, encontram-se dados referentes à modulação da


alvenaria, distinguindo os diferentes blocos utilizados e as dimensões dos vãos
de portas e janelas.

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Devido à amarração característica entre os blocos, as duas primeiras
fiadas são denominadas de “fiadas diferenciais”, pois estas se repetirão até a
conclusão da parede, exceto na altura das aberturas. Logo, com o
posicionamento correto dos blocos da primeira e segunda fiadas, é possível
dar continuação na elevação das paredes, seguindo o padrão estabelecido
pelo projeto.
As dimensões dos cômodos e das arestas da edificação também se
encontram neste documento, além das posições dos pontos elétricos e de
graute dentro das paredes. Outras informações pertinentes ao projeto estão
discriminadas em tabelas e legendas dispostas na prancha. São elas:

 Corte esquemático
Mostra um corte simplificado da estrutura contendo a identificação dos
pavimentos a serem construídos em alvenaria estrutural. Serve de referência
para o uso da tabela de resistências, ajudando a diferenciar os materiais
aplicados nos pavimentos, à medida que ocorre a verticalização da estrutura.

Fig. 2 – Exemplo de corte esquemático do edifício.

 Selo do projeto
Contém as informações do empreendimento, assim como os responsáveis
pela execução e pelo projeto. No selo é possível identificar se a planta é de
primeira ou segunda fiada e à quais pavimentos elas se referem. Acima do
logo, pode-se averiguar a quantidade de revisões feitas no documento.

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Fig. 3 – Exemplo de selo presente nas plantas
de primeira e segunda fiada do projeto de
alvenaria estrutural.

 Tabela de resistências
Nesta tabela encontram-se as resistências do projeto de alvenaria
estrutural. Como havia sido comentado no item 3 deste guia, a tabela
apresenta a sugestão do projetista para a resistência dos blocos nos diferentes
pavimentos, a fim de alcançar as resistências dos prismas. Junto a cada
pavimento, também estão às respectivas resistências da argamassa, graute,
prisma oco e grauteado. Abaixo da tabela, esta a legenda para
esclarecimentos.

Fig. 4 – Exemplo de representação da tabela de resistências dos materiais


usados na elevação da alvenaria, acompanhada com a respectiva legenda.

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 Legenda elétrica
Como o projeto de alvenaria está compatibilizado com o projeto elétrico,
nas pranchas encontram-se os pontos elétricos que irão dentro das paredes.
Para identificá-los, tanto nas plantas das fiadas como no caderno de
elevações, estão as legendas elétricas.

Fig. 5 – Exemplo de legenda elétrica visualizada


nas plantas de primeira e segunda fiada.

Fig. 6 – Exemplo de legenda elétrica usada no


caderno de elevações.

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 Legenda de blocos
Contém vistas dos diferentes blocos e suas respectivas cores de referência
no projeto.

Fig. 7 - Legenda dos blocos visualizados em projeto.

 Exemplo de Prisma
Demonstra uma imagem cotada de um prisma, acompanhada de
recomendações para o ensaio.

Fig. 8 - Exemplo de prisma, com orientações para a sua composição.

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 Exemplo de como aplicar a argamassa de assentamento
Demonstração da aplicação de argamassa no bloco estrutural, exigida
pelos parâmetros do projeto.

Fig. 9 - Exemplo correto da aplicação da argamassa de


assentamento sobre o bloco.

4.2 CADERNO DE ELEVAÇÕES

O caderno de elevações tem o objetivo demonstrar a sequência que o


assentamento dos blocos deve seguir, descrevendo os tipos de blocos e suas
devidas posições. Além de fornecer outras informações sobre a parede em
construção.
Para visualizar a parede que se deseja construir basta tomar como
referência as pranchas de primeira e segunda fiada. Nelas se encontram as
numerações de cada parede, apontando a perspectiva do construtor
perante ela.
Nas vistas das paredes, são visualizados os mesmos pontos de grautes e
pontos elétricos que estão nas plantas de primeira e segunda fiada. Porém no
caderno, pode-se visualizar a altura destes pontos elétricos, as esperas e
transpasses necessários para as barras de aço que se encontram nos pontos
de graute, a altura de vigas (quando existirem no projeto), vergas e
contravergas e seus respectivos transpasses, além das telas e grampos usados
na amarração das paredes não estruturais.

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Fig. 10 - Exemplo de parede vista no caderno de elevações com seus elementos (esta
parede não se encontra no caderno de elevações do projeto).

Também se encontram nas elevações das paredes as medida dos vãos de


portas e janelas, com a representação das respectivas barras de aço
posicionadas dentro das vergas, contravergas, cintas e coxins.
No lado direito inferior da folha, encontra-se uma tabela de materiais com
os tipos e quantidades dos blocos necessários para a construção da parede
em questão, além da discriminação de outros materiais que também serão
usados.
Nas últimas páginas do caderno de elevação o construtor encontrará
detalhes construtivos que poderão ajudá-lo durante o processo executivo.

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5. ELEMENTOS DO SISTEMA

5.1 BLOCO
Componente básico que compõe a alvenaria.

 Identificação do bloco
Na face lateral dos blocos encontram-se informações de identificação das
características do produto, em baixo relevo, úteis para o executor. Estas
informações evitam equívocos na utilização dos blocos durante a construção.
São estas informações:

- Dimensões do bloco em centímetros (Largura x Altura x Comprimento);


- Letras EST, que indicam que o bloco é de função estrutural;
- Resistência do bloco.

Para o projeto dessa edificação foi usada uma modulação de 15 x 15 cm,


logo estão contemplados neste projeto os seguintes blocos:

 Blocos Estruturais
Usados na confecção das paredes estruturais.

Fig. 11 - Blocos estruturais usados durante a construção do edifício.


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 Blocos Especiais

Fig. 12 - Blocos especiais usados em conjunto com os blocos estruturais durante a


construção.

Bloco CJ (Canaleta “J”) – Usado como acabamento no perímetro


externo do prédio serve como forma de encaixe entre paredes e lajes.
Bloco C (Canaleta) – Usado como forma de cintas, vergas e
contravergas na alvenaria.
Bloco CC (Canaleta “Compensadora”) – Usado para fazer cintas
quando for utilizado o bloco canaleta “J” no perímetro externo do
pavimento.
Bloco AJ (Compensador ou Ajuste) – Usado para ajuste de vãos de
portas ou na modulação, quando especificado em projeto.

OBS: Os blocos especiais não possuem função estrutural direta.

Blocos usados em paredes não estruturais podem ter as mesmas


dimensões dos blocos usados nas paredes estruturais, porém com uma
resistência menor.

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5.2 ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO
Componente utilizado para a ligação dos blocos.

5.3 GRAUTE
Componente utilizado para o preenchimento dos espaços vazios dos
blocos. Tem como finalidade solidarizar armaduras à alvenaria,
aumentar a capacidade de resistência da parede e reforçar a
amarração entre elas.

5.4 PAREDE ESTRUTURAL


Toda parede que participa da estrutura e que é solicitada pelos
esforços verticais e horizontais predominantes.

5.5 PAREDE NÃO ESTRUTURAL


Toda parede que participa da estrutura, porém que não é solicitada
pelos esforços verticais e horizontais predominantes.

Na fase de projeto podem ser definidas paredes removíveis para possíveis


alterações no apartamento. Estas paredes serão consideradas paredes de
vedação, ou seja, paredes que não suportam cargas estruturais. Este tipo de
parede não pode ser amarrada diretamente às paredes estruturais, sendo
feita uma junta prumo entre elas. Utiliza-se telas metálicas fixadas a cada duas
fiadas nas paredes estruturais, para conectar os dois tipos de paredes
posteriormente.
As informações sobre as paredes removíveis estarão descriminadas, nas
pranchas das duas primeiras fiadas e no caderno de elevações, como blocos
em cor rosa (magenta).

É importante lembrar que as paredes não estruturais devem ser construídas


posteriormente a conclusão de todos os pavimentos.

O construtor tem a responsabilidade de explicitar estas paredes no manual


do proprietário para não ocorrer equívocos em reformas futuras.

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5.6 ALVENARIA ARMADA
Paredes que contém armadura.

5.7 ALVENARIA NÃO ARMADA


Paredes que não contém armadura.

5.8 CINTA
Elemento estrutural apoiado continuamente na parede, ligando ou não
às lajes, vergas ou contravergas.

5.9 COXIM
Elemento estrutural não contínuo, apoiado na parede para distribuir
cargas concentradas.

5.10 VERGA
Viga colocada sobre vãos de portas e janelas, com função de transferir
cargas para as paredes ao lado das aberturas.

5.11 CONTRAVERGA
Viga colocada abaixo de vãos de janelas para evitar fissuras.

Fig. 13 - Exemplo de elevação com os elementos sistema.

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5.12 PRISMA
Corpo-de-prova composto por dois blocos de mesmas
características, unidos por uma junta de argamassa de
10 mm, com ou sem graute. Tem a finalidade de
comprovar se as características da alvenaria atendem
o projeto estrutural.

Fig. 14 - Prisma.

5.13 AMARRAÇÃO DIRETA ENTRE PAREDES


Padrão de ligação de paredes por intertravamento de blocos, obtido
com a interpenetração alternada de 50% das fiadas de uma parede na
outra ao longo das interfaces comuns. Solidarizadas com um ponto de
graute em sua intersecção.

Fig. 15 – Amarrações diretas entre paredes: a imagem da esquerda mostra amarradas em “L”; a
imagem central mostra a amarração em “X”; e a ultima imagem mostra a amarração em “T”.

5.14 AMARRAÇÃO INDIRETA DE PAREDE


Padrão de ligação de paredes com junta vertical a prumo em que o
plano da interface comum é atravessado por armadura normalmente
constituída por grampos metálicos devidamente ancorados em furos
verticais adjacentes grauteados ou por telas metálicas ancoradas em
juntas de assentamento.

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Fig. 16 - Amarrações indiretas entre paredes: a imagem da esquerda mostra o uso de
tela metálica entre as fiadas; e a imagem da direita o uso de grampo para a
amarração.

6. ESTOCAGEM DOS MATERIAIS EM OBRA

6.1 RECEBIMENTO DOS BLOCOS

a) Ao receber os blocos no canteiro, realizar inspeção visual, de modo


que:
 Não haja variações muito grandes nas dimensões das unidades;
 Não haja trincas ou fissuras significativas;
 Não haja cantos quebrados ou desprendimento de partes dos blocos.

b) Os blocos devem ser descarregados sobre uma superfície plana e


nivelada, garantindo a estabilidade da pilha e evitando o contato
direto com a água do solo ou da chuva.

c) Devem ser constatadas na face dos blocos as informações referentes a


resistências, funcionalidade e o número do lote em baixo relevo.

d) Usar os blocos estruturais como discriminado em projeto,


preferencialmente obedecendo à ordem de chegada ao canteiro de
obra.

23
6.2 RECEBIMENTO DA ARGAMASSA E GRAUTE NÃO INDUSTRIALIZADOS

No momento do recebimento dos materiais o executor deve tomar as


devidas medidas:

a) Conferir a embalagem do cimento e da cal, verificando a validade dos


materiais e a integridade das embalagens;

b) Armazenar o cimento e a cal em espaços cobertos e evitando o


contato direto com paredes, tetos ou outros agentes nocivos às suas
qualidades. Devem estar armazenados sobre uma superfície
impermeável;

c) Evitar o empilhamento de sacos de cimento e cal acima de 10


unidades;

d) Armazenar areias e britas em baias separadas com superfície dura com


capacidade de drenagem. Evitar o contato direto dos insumos com o
solo.

6.3 RECEBIMENTO DA ARGAMASSA E GRAUTE INDUSTRIALIZADOS

Cuidados com o recebimento e estocagem de insumos industrializados:

a) Conferir a embalagem da argamassa e do graute verificando a


validade dos materiais e a integridade das embalagens;

b) Armazenar a argamassa e o cimento em espaços cobertos, evitando o


contato direto com paredes, tetos ou outros agentes nocivos às suas
qualidades. Devem estar armazenados sobre uma superfície de
impermeável;

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c) Armazenar produtos diferentes, separadamente, por lote e por tipo,
impedindo a mistura acidental;

d) Usar os materiais na ordem de chegada à obra, para evitar o


vencimento deles;

e) Evitar o empilhamento de sacos de argamassa e graute acima de 10


unidades;

No caso dos insumos não estarem em conformidade com os itens


discriminados acima ou em condições de uso, tomar as medidas necessárias
para a reposição e readequação dos materiais antes do uso na construção
da alvenaria.

7. FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

A disposição e bom emprego das ferramentas garantem a qualidade,


produtividade e racionalização da obra.

Lista de ferramentas e fotos das mesmas:

1 Trena: usada para medição dos perímetros e elementos da alvenaria.

2 Nível: usado para verificar a desalinhamento das paredes e o nivelamento


das fiadas.

3 Linha guia: usada para balizar o nível da fiada pela face superior dos blocos.

4 Prumo: usado para controlar o desaprumo e a descontinuidade entre vigas e


as paredes.

5 Régua: usada para a realização do reboco e acabamentos dos


revestimentos.

6 Esquadro: usado na conferência de alinhamentos dos encontros entre


paredes.

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7 Colher de pedreiro: usada para o manuseio da argamassa de assentamento
e raspagem da superfície dos blocos.

8 Canaleta: usada na aplicação dos cordões de argamassa de assentamento,


tendo um maior controle da espessura da junta.

9 Martelo de borracha: Usado para acomodar os blocos recém assentados até


o devido nivelamento.

10 Misturador mecânico: pode ser cilíndrico ou helicoidal, usado para a


mistura dos agregados do graute e argamassa.

11 Escantilhão: após ser fixado na laje e nivelado, passa ser usado como um
gabarito para as fiadas de blocos.

12 Linha de marcação (pó xadrez) / Giz: usado para marcar as linhas das
paredes na primeira fiada, após o assentamento dos blocos estratégicos.

13 Trincha: usada para limpar as superfícies onde haverá assentamento de


blocos e umedecê-las.

14 Balde para graute: recipiente usado para manusear e veritr o graute dentro
das formas e vazados dos blocos.

15 Masseira: recipiente usado para armazenar a argamassa de assentamento


durante o uso no assentamento dos blocos.

Fig. 17 – Ferramentas usadas na construção em alvenaria estrutural.

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O uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) é obrigatório para a
realização dos trabalhos em alvenaria estrutural. A proteção tem o objetivo de
evitar lesões físicas ou químicas capazes de ameaçar a segurança e a saúde
dos envolvidos na construção.

8. PRODUÇÃO DA ALVENARIA

8.1 LIBERAÇÃO DO PAVIMENTO

Após a fase de concretagem, com o devido nivelamento e cura do


contrapiso, ou do pavimento de transição, deve-se proceder com a
conferência do posicionamento das tubulações elétricas e hidráulicas
provenientes da laje, compatíveis com o projeto. Dependendo do critério do
construtor, deverá ser realizada a conferência das esperas de armaduras que
irão dentro dos pontos de graute caso ele opte por fixa-las junto as armaduras
das lajes e vigas antes da concretagem do pavimento.
A verificação das medidas e dos esquadros do pavimento deve ser feita
para evitar posteriores problemas no assentamento da primeira fiada. Podem-
se conferir essas medidas com o auxilio de uma trena, e compara-las com as
cotas dispostas em projeto.
Para a finalização dessa etapa, são retirados os materiais que não serão
usados durante a marcação do pavimento. Em seguida, realiza-se a limpeza
no local onde será feita a primeira fiada, para não prejudicar a aderência da
argamassa entre o bloco e o pavimento de concreto.

8.2 LOCAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA

Para evitar erros de assentamento e modulação durante o processo de


elevação da alvenaria, e assim, garantir o devido desempenho estrutural do
edifício, deve-se ter atenção desde a locação dos blocos da primeira fiada
até a finalização da parede. Sendo que o controle das tolerâncias de
variação precisa ser feito após cada etapa da construção.

27
Para fins de compreensão textual, seguem as seguintes definições:

Blocos estratégicos

São os blocos da primeira fiada que se encontram nos cantos, como em


encontros de paredes, e também são os blocos que determinam as aberturas
dos vãos das portas. Serão os primeiros blocos da fiada a serem assentados.

Bloco de referência

É um bloco inteiro, assentado apenas para a conferência da espessura da


junta de primeira fiada, servindo como referência de nivelamento dos blocos
dessa fiada. Este deve ser removido após o assentamento dos blocos
estratégicos, pois não é, necessariamente, assentado seguindo a paginação
do projeto.

Com o auxilio de um nível laser ou um nível alemão (mangueira com


água), deve-se encontrar, sobre o perímetro aonde irão às paredes, o ponto
mais alto da laje e o mais baixo. Ao encontrar esses pontos, assenta-se um
bloco de referência para cada um deles, na seguinte ordem:

a) Assentar o primeiro bloco de referência no ponto mais alto da laje, com


uma junta de no mínimo de 5 mm, podendo variar até 10 mm;
b) Em seguida, assentar o outro bloco de referência no ponto mais baixo
da laje e nivelar ele com o primeiro bloco assentado;
c) A junta de assentamento, entre o bloco e a laje, do ponto mais baixo
não pode ser mais alta que 2 cm;
d) No caso dessa junta de assentamento ser maior que 2 cm, deverá ser
realizado o nivelamento desse ponto da laje, bem como a região que
se encontre com a altura semelhante. Usando um concreto de mesma
resistência da laje;

28
e) Verificada a espessura da primeira fiada, assentar um bloco estratégico,
nivelando-o, e em seguida remover os blocos de referência para
prosseguir com o assentamento dos demais blocos estratégicos.

Fig. 18 – Representação da tolerância máxima e mínima da espessura da junta de


assentamento entre a laje e a primeira fiada.

Com os blocos de referência assentados e nivelados, passa a ser possível o


assentamento dos blocos estratégicos seguindo o nivelamento de referência.
Obedecendo as cotas do projeto, pode-se demarcar o perímetro dos
cômodos e as aberturas das portas para a locação dos blocos estratégicos.
Ao determinar quais serão os blocos estratégicos, realiza-se a verificação do
esquadro do pavimento, evitando ajustes no esquadro das paredes.

Fig. 19 – Delimitação das paredes e locação dos blocos estratégicos.

Como geralmente é feita a impermeabilização sobre a linha das paredes,


e também pelo fato da incompatibilidade de resistência entre os materiais de
interface da primeira fiada (laje e argamassa), é realizado o assentamento
dessa fiada com uma argamassa composta de areia e cimento, apenas.

29
Sendo assim, os blocos estratégicos devem ser fixados a laje com o mesmo
traço da primeira fiada.

8.3 ASSENTAMENTO DOS BLOCOS

8.3.1 ASSENTAMENTO DA PRIMEIRA FIADA

O processo de assentamento da primeira fiada passa a ser mais simples a


partir do assentamento dos blocos estratégicos. Recomenda-se que seja feita
uma linha guia na laje, com giz ou um cordão de marcação, entre os blocos
estratégicos e sobre a linha das paredes para não haver confusão no
momento da execução.
Antes do início do assentamento da primeira fiada, devem estar
identificadas as posições dos pontos de graute, para que sejam feitas as
janelas de inspeção nos blocos correspondentes. Estas são feitas com dois
cortes verticais indo de uma parede interna do furo do bloco até a outra,
como demonstrado na figura abaixo.
As janelas de inspeção permitem a conferência do preenchimento total do
graute, além de possibilitar a limpeza do furo e a amarração entre as barras
de aço.

Fig. 20 – Representação do corte feito no bloco para a janela de inspeção.

Antes de grautear, deve ser realizada a vedação das janelas de inspeção


com um pedaço de compensado ou madeira amarrado na barra de aço
dentro do furo do bloco com um arame.
30
Para o controle do nível da fiada, pode-se usar uma linha guia de nylon,
junto a um esticador de linha fixado na face superior dos blocos estratégicos.
Com isso, o procedimento do assentamento e o controle do nível da primeira
fiada podem ser realizados facilmente, desde que seja respeitando o projeto e
as tolerâncias da norma.
Em construções com blocos cerâmicos, realiza-se a umidificação do
contrapiso e da superfície de contato do bloco com a argamassa, para evitar
a absorção de água excessiva pelo bloco. Essa umidificação não precisa ser
abundante a ponto de encharcar o bloco, porém isso pode ser necessário em
dias de extremo calor. Em construções onde são usados blocos de concreto,
essa umidificação passa a ser desnecessária.
O cordão de argamassa precisa ser distribuído de forma que os blocos
possam ser assentados antes que haja perda de plasticidade da argamassa,
ficando a critério do executor esse processo. É de extrema importância que se
realize a aplicação da argamassa em toda a superfície onde serão
assentados os blocos da primeira e das seguintes fiadas, devido às
características estruturais do projeto, sem o uso de calçamento entre os
elementos.
Em caso de reacomodação de algum bloco, já assentado, a argamassa
aplicada terá de ser removida e aplicada novamente para o assentamento
final.
Eventualmente podem ocorrer variações dimensionais nos blocos
cerâmicos, provenientes do seu processo de fabricação. Por menores que
estas sejam, em uma minoria de casos, ao longo do comprimento de uma
parede sua soma pode acumular-se em juntas verticais mais espessas. O
executor deve lembrar-se de respeitar a espessura das juntas verticais e
horizontais de 1 cm, com exceção da junta horizontal que liga a laje à
alvenaria. Para casos extremos onde ocorrer um junta espessa, (acima de 1
cm) reposicionar os mesmos blocos da fiada de modo a diminuir a maior junta,
aumentando em até 3 mm as demais juntas. Caso esse ajuste não compense
a dimensão da junta vertical mais espessa ou defase em excesso as demais
juntas, devesse conferir as medidas dos blocos, para que seja realizada a troca
dos blocos que estão anormais.

31
NOTA: A primeira fiada ira determinar a correta locação dos blocos das
seguintes fiadas, por tanto, não é permitido realizar ajustes fora do contesto do
projeto estrutural, além do supracitado. Para esclarecimento de qualquer
duvida consultar a equipe de engenharia responsável.

Fig. 21 – Representação da primeira fiada concluída com os escantilhões fixados nos cantos.

8.3.2 CHUBAMENTO DAS BARRAS DE AÇO

Com a primeira fiada assentada totalmente, fica pendente o


chumbamento das barras de aço feitas na laje sobre os pontos de graute.
Estas barras devem ser ancoradas através de um furo profundo na laje de até
15 cm, não ultrapassando a espessura total dela, e aplicando um chumbador
químico para consolidar a sua aderência.
Recomendamos que a primeira barra tenha altura suficiente para
transpassar, no mínimo, 40 cm a altura da sétima fiada de blocos, onde estará
a segunda janela de inspeção do ponto de graute. Estas alturas estarão
discriminadas no caderno de elevações.

32
Fig. 22 – Etapas de execução do chumbamento da barra de aço no ponto de graute.

Caso o executor tenha optado por deixar as esperas dos pontos de graute
na fase de concretagem da laje, e estas barras não coincidirem nos furos dos
blocos segundo a paginação do projeto, o executor nunca deve entorta-las
para acomoda-las nos furos dos blocos. Retirando-as e chumbando-as
novamente no local correto.

8.3.3 PREPARO DA ARGAMASSA

A argamassa usada no assentamento dos blocos é constituída


normalmente de cimento, areia fina e cal. Podendo também ser
industrializada para evitar erros na elaboração do traço e consequente o não
cumprimento das especificações de resistência do projeto.
Caso a argamassa não seja industrializada, caberá ao engenheiro de
execução a elaboração do traço que será utilizado em cada pavimento,
respeitando respectivamente a resistência dos blocos recomendados. Com o
intuito de auxiliar o engenheiro executor, é disponibilizada neste manual uma
tabela de traços pré-ensaiados.

33
TRAÇO RESISTÊNCIA RECOMENDADO
MÉDIA DA PARA A RESISTÊNCIA
ARGAMASSA DO BLOCO
CIMENTO CAL AREIA A/C
(Mpa) (Mpa)

1 2 3 1,23 4,90 4a6

1 2 5 1,39 4,46 4a6

1 1 7 1,34 5,34 4a6

1 2 2,5 1,12 6,47 6a9

1 1,5 5 1,20 6,38 6a9

1 0,5 6 1,05 8,88 6a9

1 1 6 1,19 7,33 6a9

1 1,5 6 1,35 6,39 6a9

1 1,5 3 0,99 10,32 9 a 12, 10 a 15

1 0,25 5 0,97 11,90 9 a 12, 10 a 15

1 0,5 5 1,02 10,18 9 a 12, 10 a 15

1 1 5 1,2 9,38 9 a 12

1 1,5 2 0,89 17,14 13 a 18

1 0,5 4 0,86 16,94 13 a 18

1 0,5 4,5 0,85 16,25 13 a 18


2 - Tabela de traços básicos de argamassa de assentamento em volume.

Devido à variação das características dos insumos usados na produção


de argamassas não industrializadas, recomenda-se que os traços desta tabela
sejam ensaiados previamente em um laboratório licenciado com os materiais
disponibilizados no canteiro.
Se for optado pelo uso de uma argamassa industrializada, devem ser
lidas as instruções do fabricante para garantir o desempenho desejado do
produto.
É recomendável que as medidas do traço sejam estabelecidas em
volume através de padiolas ou recipientes pré-determinados para haver um
controle de qualidade. Dentro do mesmo contexto, deve-se realizar a mistura,

34
de preferência, em local protegido de intempéries climáticas e sempre com
misturador mecânico, sendo vetada a mistura manual. O recipiente onde
ocorrerá a mistura, assim como o recipiente onde a argamassa será
depositada para o uso, deve estar limpo e isento de impurezas.
O tempo de mistura da argamassa esta relacionado às condições
adequadas de uso, porém essa verificação é empírica. Sendo assim, a
realização de ensaios prévios de trabalhabilidade e resistência passam a ser
importantes.
Após a adição de água na mistura o tempo em aberto de uso da
argamassa é de aproximadamente 2,5 h. E quando for misturada distante do
local de uso, tendo que ser transporta a uma distância muito grande dentro
da obra, deve-se remisturar manualmente antes de aplicar para evitar a
segregação e a exsudação dos componentes da argamassa.

8.3.4 ASSENTAMENTO DA SEGUNDA FIADA

Com a primeira fiada concluída, em todas suas etapas, procede-se com o


assentamento da segunda fiada. À medida que é realizada a elevação, o
executor se dará conta que o processo passa a ser mais produtivo. Por essa
razão, enfatiza-se a visualização do caderno de elevações e do projeto, assim
como o controle contínuo do prumo e do nível das paredes.
Os processos realizados para o assentamento da segunda fiada são
semelhantes aos da primeira, porém com o posicionamento distinto para os
blocos e com a fixação das telas de amarração das paredes não estruturais.
Na prancha respectiva, encontram-se as informações necessárias para o
correto posicionamento dos blocos. Já no caderno de elevações pode-se
visualizar a amarração entre estes, além de mostrar os elementos presentes na
parede.

Cita-se abaixo, em passos, como proceder na elaboração da segunda fiada


assim como as conseguintes:

35
 1º passo
Assentar os blocos nos cantos, nos encontro entre paredes e nas delimitações
das aberturas de portas (blocos estratégicos).
 2º passo
Conferir nivelamento e alinhamento dos blocos, posicionando a linha guia
entre eles.
 3º passo
Assentar os demais blocos como mostra o projeto, aplicando a argamassa
sobre toda superfície do bloco e dois filetes de argamassa em uma das laterais
dele.
 4º passo
Conferir o nivelamento, prumo e alinhamento da fiada recém assentada,
assim como a espessura das juntas verticais e horizontais.
 5º passo
Repetir os passos anteriores até a conclusão do pavimento, lembrando-se de
conferir sempre o projeto.

Como as alvenarias estarão expostas durante a sua produção, chuvas


podem prejudicar a argamassa dos blocos recém assentados. Por essa razão,
recomendamos cobri-las com uma lona após o assentamento em dias de
possíveis precipitações de água. Em caso de chuva, não realizar a construção
de alvenarias expostas.

8.4 GRAUTEAMENTO

O graute que será vertido dentro dos furos dos blocos, nos pontos
determinados em projeto, deverá preenchê-los totalmente. Para que a área
de vazão seja suficiente, deve-se realizar a retirada das rebarbas de
argamassa dos furos com uma haste de ferro e com água. Caso o executor
queira evitar retrabalhos, recomendamos que durante o assentamento das
fiadas seja retirado o excesso de argamassa remanescente nos vazios internos
do bloco, onde passará o graute e as barras de aço. A retirada do excesso de
argamassa de assentamento sobre as superfícies externas dos blocos também
deve ser feita para posterior acabamento da parede.

36
8.4.1 PONTOS DE GRAUTE, VERGAS E CONTRAVERGAS

Segundo a norma ABNT NBR 15812, o grauteamento pode ser feito a


uma altura máxima de 2,80 m. Porém, é recomendável que essa etapa seja
executada em duas partes. Uma delas na altura das contravergas
(aproximadamente 1,6 m) e a outra no fim da fiada.
Essa prática confere maior qualidade no desempenho do executor,
evitando possíveis “bicheiras” nos pontos de graute. Além disso, realizar o
assentamento dos blocos passa a ser mais fácil pelo fato de as barras de aço
que saem da laje não ser tão altas, já que essas barras não terão a altura total
do pé direito.
As fiadas na altura das contravergas deverão ter os transpasses das
barras de aço nos respectivos pontos de graute, com as medidas de
solicitadas no caderno de elevação. Na fiada seguinte, deverá ser assentado
um bloco com a segunda janela de inspeção para a posterior conferência do
graute no ponto.
O despejo do graute dentro dos furos deve ser feito com uma
ferramenta que garanta precisão dentro dos vazios dos blocos, pois o
transbordo ou derramamento de graute sobre a superfície da parede pode
comprometer o acabamento que será realizado posteriormente. Recomenda-
se que após o preenchimento do bloco seja feito um adensamento manual
do graute com uma haste de ferro que alcance o fundo do ponto grauteado.
Em vergas e contravergas deverão ser realizados transpasses de 30 cm,
para cada lado do vão, utilizando os blocos canaleta “U”. Dentro delas
deverá ser posicionada a armadura correspondente, como demonstrado no
caderno de elevação, usando espaçadores entre elas.
Quando houver tubulações elétricas transpassando as vergas e
contravergas, deve-se realizar um furo suficiente para a passagem destas,
mantendo a integridade do bloco canaleta. O mesmo pode ser dito no caso
de uma coluna de graute estar transpassando-as.
Para a total funcionalidade das vergas e contravergas, o grauteamento
deve ser feito até o topo do bloco “U”, cobrindo totalmente as armaduras
embutidas. A aplicação do graute somente poderá ser feita 24 horas depois

37
do assentamento dos blocos canaleta, para que haja a devida cura da junta
de argamassa.
Pelo fato de o graute ser um micro concreto, ele precisa de um tempo
mínimo de cura. Por isso, vergas de janelas e vãos de portas devem estar
escoradas durante um período mínimo de 7 (sete) dias após o grauteamento.
O graute é um concreto composto por agregados de pequena
dimensão e com aspecto fluido para o preenchimento total dos vazios onde
será vertido. Sua relação água/cimento pode chegar a 0,8, para alcançar um
aspecto desejado, também levando em consideração o alto índice de
absorção dos blocos.
Diferente de um concreto convencional, o graute pode alcançar um
slump na faixa de 20 a 25 cm. Essa verificação feita no graute permite o uso
adequado segundo a ocasião. Como no caso de vergas e contravergas,
onde um slump próximo dos 20 cm é suficiente para o preenchimento da
forma. Já para vãos mais estreitos, como é o caso das colunas verticais
formadas pelos vazios dos blocos, um slump de aproximadamente de 25 cm se
faz necessário.
Sua composição consiste basicamente em cimento, areia média e brita
0 ou apenas cimento e areia média para grautes finos. A dosagem de cal
pode ser feita em um volume máximo de até 10% do volume de cimento para
o aumento de plasticidade, considerando que uma alta dosagem deste
insumo pode resultar na queda de resistência do graute, assim como quando
há o uso excessivo de água. Dependendo da resistência que se deseja
alcançar, o uso de aditivos plastificantes passa a ser necessário para manter
uma baixa relação água/cimento.

38
TRAÇO RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO
MÉDIA (MPa)
CIMENTO CAL AREIA BRITA 0 A/C

1 0,1 2,4 2,2 0,70 17,6


1 0,1 1,8 1,8 0,62 23,1
1 0,1 1,5 1,5 0,58 25,4
1 0,1 1,0 1,3 0,45 35,9
Tabela 3 – Traços básicos de graute em volume.

É importante ressaltar, novamente, que a variação das características


dos insumos usados em obra, e inclusive dos blocos usados na alvenaria
estrutural, são fatores determinantes nas características específicas do graute.
Sendo assim, recomenda-se que os traços desta tabela sejam ensaios
previamente em um laboratório licenciado.

Recomendação de uso:

- Seguir as orientações de mistura e traço feitas pelo engenheiro.


- Misturar o graute em local protegido das condições climáticas.
- Realizar a mistura com um misturador mecânico, sendo proibida a mistura
manual.
- Misturar até atingir a trabalhabilidade (condições adequadas de uso) e
quando o graute usado for industrializado, seguir as orientações dos
fabricantes.
- Sempre que possível conferir o slump do graute em uso.
- Realizar a mistura em recipiente limpo.
- Após a mistura, colocar em recipiente estanque e não contaminado para o
uso.
- Tempo em aberto de uso do graute de aproximadamente 1,5 h, contando
dês da adição de água.

39
8.4.2 CINTA DE AMARRAÇÃO

Essa é a última etapa da elevação do pavimento, garantindo a


amarração entre as paredes e fazendo a interligação com a laje do
pavimento superior. As barras de aço dos pontos de graute devem traspassar
a cinta e a laje de maneira que seja possível amarra-las no próximo
pavimento.
Dependendo do projeto estrutural pode ser usada a combinação de
blocos canaleta “compensadores” e “J”, ou apenas o bloco canaleta “U” em
toda extensão da cinta. Sendo que as cintas contêm armaduras contínuas
com transpasse mínimo de 60 cm entre as barras de aço.

Fig. 21 – Representações da
última fiada concluída com
blocos canaleta U e
canaleta J.
As duas imagens inferiores
demonstram a amarração
das lajes com as paredes
usando peças pré-
moldadas ou concretadas
in loco.

40
9. CONTROLE GEOMÉTRICO E ACEITAÇÃO DA ALVENARIA

Medidas de tolerância devem ser obedecidas para a garantia do


desempenho estrutural e a integridade do edifício. Essas tolerâncias dizem
respeito à espessura das juntas, alinhamentos, desaprumo e descontinuidade
das paredes.

Durante a construção, devem ser feitas as seguintes conferências:

a) b)

c)

41
d)

e)

f)

Fig. 21 – Representações das tolerâncias e cuidados executivos para a


construção em alvenaria estrutural. a) Espessura das juntas verticais e horizontais
entre os componentes (blocos). b) Descontinuidade das paredes. c)
Desalinhamento das paredes. d) Desobstrução dos furos dos blocos. e)
Demonstração do método correto e errado da espera das paredes durante a
execução. f) Desaprumo das paredes.

42
10. CUIDADOS COM AS LAJES DE COBERTURA

Devido à exposição direta de sol e chuva, a última laje do edifício acaba


sofrendo uma dilatação maior que as demais. Por isso, a ocorrência de fissuras
entre essa laje e a alvenaria passa a ser um problema real, demandando a
atenção do executor.
Fissuras em uma estrutura permitem a passagem de água,
comprometendo a integridade e conforto da edificação. Para evita-las
devem-se tomar as seguintes medidas cautelares:

 Isolar a última laje com manta asfáltica em camada dupla (faces mais
lisas em contato uma com a outra), ou Neoprene, ou 2 folhas de
fórmica (faces mais lisas em contato uma com a outra), ou EPS
revestido com manta aluminizada.
 Criar uma ventilação no telhado com venezianas ou exaustores.

11. ARMAÇÕES

As dimensões, dobras, bitolas, locação e quantitativo das armaduras


encontram-se no caderno de elevações e nas pranchas de primeira e

43
segunda fiada. Aplicar armaduras em coxins, vergas, contravergas, cintas e
pontos de graute.

12. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS

Nossos projetos estão compatibilizados com o projeto elétrico da obra,


sendo possível visualizar os pontos elétricos nas pranchas de primeira e
segunda fiada, e no caderno de elevações. Isso traz ao executor uma série de
benefícios, porém deve-se ater ao correto posicionamento dos pontos para
não prejudicar a integridade da parede.
As tubulações elétricas devem subir pelas paredes de alvenaria através
dos furos dos blocos sendo embutidos nas lajes, e jamais realizando cortes
horizontais ou diagonais para interligar pontos. No projeto, o executor não
encontrará tubulações subindo ou descendo em pontos de graute, por ser
uma prática inviável.
As caixas de interruptores e tomadas podem ser instaladas em blocos
cortados antes do assentamento, sendo estes posicionados durante a
execução da parede em posições predeterminadas no caderno de
elevações. Outra opção é construir as paredes e marcar posteriormente os
pontos elétricos, realizando as perfurações para embutir as caixas elétricas.
Foi comentado anteriormente que no sistema construtivo de alvenaria
estrutural, as paredes são de fundamental importância para sustentação do
edifício. Manter a integridade das parede/estruturas em perfeitas condições é
vital. Levando isso em consideração, instalações hidráulicas ou de gás nunca
devem passar por dentro das paredes estruturais, evitando posteriores cortes
nas nelas para reparos.
Para a passagem de tubulações com água ou gás, realizam-se shafts com
paredes não estruturais, ou estas são embutidas dentro de parede hidráulicas,
que também não possuem características estruturais. Essa prática construtiva
permite quebra-las para eventuais reparos.

44
13. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-1 – Alvenaria


estrutural – Blocos cerâmicos – Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2010.

___________. NBR 15812-2 – Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos – Parte 2:


Execução e controle. Rio de Janeiro, 2010.

PARSEKIAN, G. A.; HAMID, A. A.; DRYSDALE R. G. Comportamento e


dimensionamento de alvenaria estrutural. São Carlos: EsUFSCar, 2012.

PARSEKIAN, G. A.; SOARES, M. M. Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos:


projeto, execução e controle. São Paulo: O Nome da Rosa, 2010.

TAUIL, C. A.; NESE, M. J. F. Alvenaria estrutural. São Paulo: Pini, 2010.

45
TERMO DE ENTREGA

Na presente data é feita a entrega física deste documento aos


cuidados dos responsáveis pelo empreendimento Residencial BX, tendo
consciência que as práticas em alvenaria estrutural devem obedecer as
normas da ABNT respectivas ao processo construtivo.
Este documento é de uso exclusivo da Benetti Construtora Ltda. Tendo
os direitos autorais reservados a Bohm Engenharia Ltda.

Caxias do Sul, 19 de maio de 2015.

Responsável Técnico:

______________________________________________________
Eng. Paulo José Imaizumi
CREA SP 5060773140

Responsável pelo empreendimento:

______________________________________________________
Benetti Construtora Ltda.

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