Direito Das Obrigacoes I Aulas Teoricas
Direito Das Obrigacoes I Aulas Teoricas
Direito Das Obrigacoes I Aulas Teoricas
04/02 – Teórica
O livro recomendado é do professor Antunes Varela porém pode ser outro.
2 testes: média entre 8-12 realiza prova oral, quem tiver mais é dispensado.
1º é online, ponderação de 20%. Vai ser de V/F, resposta multiplica e todas as
perguntas serão teórico-práticas. Data: 30/03 às 18h
2º é presencial, com 1 ou 2 casos práticos. Data: 04/05 às 18h
11/02 – Teórica
O Direito das Obrigações é um conjunto de normas jurídicas, e estas normas
regulam relações obrigacionais, de crédito, elas nascem para serem cumpridas
e o cumprimento dela extingue a obrigação. Estas relações costumam
extinguir-se.
Nesta relação costumamos ter um devedor, obrigado a cumprir, e do outro lado
um credor, com o direito de exigir a prestação.
Por regra, numa relação obrigacional, temos 2 lados: o lado ativo (credor) e o
passivo (devedor). Do lado ativo, existe um direito de crédito e do lado passivo
uma dívida, um dever de prestar.
O dever de prestar tanto pode consistir numa ação, dever de agir, ou omissão,
não fazer. Este dever de prestar distingue-se do dever jurídico, o dever jurídico
é mais amplo. O dever jurídico é uma imposição legal de fazer/não fazer, esta
imposição normalmente vem acompanhada de sanções. Enquanto que no
dever de prestar nasce por vontade das partes/do sujeito (exemplo: relações
familiares, deveres conjugais.). Neste dever, a sanção depende da vontade do
credor. Em caso de incumprimento do devedor, o credor pode perdoar a divida
ou pedir uma indemnização.
2º elemento: prestação.
Existem algumas distinções:
▪ Distinção entre prestação de coisa e prestação de facto.
o Uma prestação de coisa é aquela que visa investir no controlo
material da coisa, implica uma entrega. Subdivide-se entre:
prestação de dar, prestação de restituir e prestação de prestar.
Na prestação de dar o que se tenciona é dar a coisa.
Na prestação de restituir é no fim do contrato devolver o bem.
Na prestação de prestar a entrega é um elemento essencial para
o contrato poder produzir efeitos.
A transferência da propriedade acontece por mero efeito do
contrato – artigo 408º nº1.
Obrigações de sujeito ativo indeterminado:
➔ Obrigações genéricas: artigos 539 e ss (exemplo: A vende
UM cavalo a B, mas B não sabe qual deles é).
➔ Obrigações alternativas: artigos 543 e ss (exemplo: não digo
o sexo do cavalo e fica a cargo de quem vai comprar
escolher).
18/02 – Teórica
o Por força da lei – há prestações em que a própria lei diz que não
se podem dividir (exemplo: terreno agrícola, prédio rústico)
4º elemento: garantia.
A garantia de todo e qualquer credor é constituída pelo património do devedor
– garantia geral ou garantia patrimonial artigo 601º.
Existem ainda as chamadas garantias especiais, dentro destas temos:
▪ Garantias pessoais: é um terceiro que com o seu património garante o
cumprimento de uma divida alheia. Aqui temos:
• Fiança
• Subfiança
• Mandato de crédito
▪ Garantias reais: são aquelas em que um determinado bem garante o
cumprimento da obrigação, de modo que nestas temos:
• Hipoteca
• Penhor
• Direito de retenção
• Consignação de rendimentos
• Privilégios creditórios mobiliários e imobiliários
Unilaterais (1)
▪ Negócios jurídicos unilateral (2)
Bilaterais (contrato)
bilateral (3)
Artigo 881º – nos termos deste, este contrato tanto pode ter
natureza aleatória como comutativa. De modo que, se tiver
natureza aleatória mesmo que o bem não exista tem de pagar o
preço, mas se tiver natureza comutativa e o bem não existir não
se paga o preço. Por exemplo: imaginemos que a professora
compra toda a produção do António por 50 mil € considerando
que a produção será de X, se a professora considerar tal o
contrato será comutativo, ou seja, se a produção for inferior a X
ela não paga. Se for aleatório, independentemente de a produção
ser inferior tem de pagar na mesma.
Regime do contrato-promessa
(artigos 410º e ss, 440º e ss, 830º, 755º nº1 alínea f)
Temos um regime até 1980
Em 1980 houve alterações
Em 1986 houve alterações
04/03 – Teórica
Regime aplicável:
- a regra é a liberdade de forma, a exceção é o princípio da equiparação
- contratos consensuais: aplica-se a regra
- contratos formais: aplica-se o princípio
Artigo 410.º nº2: se a lei exigir para o contrato prometido uma forma especial
(escritura pública ou documento autenticado), o contrato-promessa terá de ser
celebrado por documento escrito e assinado pela(s) parte(s) que se vincula(m)
[ex: A celebra um contrato-promessa de compra e venda de um prédio rústico.
Para saber se segue o regime da liberdade de forma ou o regime do 410.º n2
tem de saber qual a forma da compra e venda. Diz o 875.º que é necessária
uma escritura pública ou um documento particular autenticado para a
celebração do contrato definitivo. Nos termos do art. 410 n2, o contrato-
promessa tem de ser celebrado por um documento escrito e assinado pela ou
pelas partes que se vinculam.]
[ex: A celebra um contrato-promessa de compra e venda da sua vespa verde.
Para saber se segue o regime da liberdade de forma ou o regime do 410.º n2
tem de saber qual a forma da compra e venda. A compra e venda de uma
vespa segue o regime da liberdade de forma pelo que o contrato-promessa
também.]
Até 1980 só tinha até o número 2 do artigo 410, depois foi acrescentado o nº3
que fala de formalidade (para proteção do promitente comprador).
As formalidades são:
• O reconhecimento das assinaturas dos promitentes
• Certificação da licença de construção (para construir) ou utilização (se já
estiver construído)
Aplicação do n3 do 410.º
A propósito do edifício a construir → imaginem que pretendo celebrar um
contrato promessa porque pretendo comprar um terreno junto à UPT que, de
acordo com o PDM, tem viabilidade para construção, mas pretendo apenas
cultivar leguminosas. Estamos perante um prédio urbano, o edifício não está
construído, e eu pretendo plantar leguminosas. Terei de respeitar o n2 do artigo
410.º. Será que vou ter de respeitar as formalidades do n3? Estaremos aqui
perante edifício a construir? Não. Se estivermos perante edifício a construir,
teria de haver licença de construção, e não há sequer projeto aprovado, o
vendedor está apenas a vender o terreno. Não vamos para as formalidades do
nº3 se não houver intenção de construir.
Se estivermos perante um prédio misto, urbano e rustico, ai vamos ter que
seguir as formalidades do nº3, porque tem uma parte agrícola mas também
uma parte urbana edificada.
Nº3 do artigo 442.º - “em qualquer dos casos previstos no número anterior” –
sinal, dobro do sinal, valor atualizado da coisa , ou seja que pressupõe a
existência do sinal
Ou seja, perante o incumprimento (seja mora ou incumprimento definitivo) ou
exige uma indeminização à luz do art. 442.º, ou então, em alternativa, recorre à
execução especifica, prevista no artigo 830.º
De um lado, temos o art 442 que diz que havendo sinal temos a alternativa da
execução especifica.
Do outro lado, temos o art 830 nº2 que diz que o sinal afasta a possibilidade da
execução especifica.
Como se resolve esta “contradição”? Não existe contradição, o artigo 830º nº2
é uma presunção ilidível. Entende-se/ Presume-se que o sinal afasta a
execução especifica.
11/03 – Teórica
Quanto a contratos promessa de compra e venda sem eficácia real, caso o
promitente vendedor tenha vendido a terceiro, já não se pode recorrer à
execução especifica porque este já não é o titular da coisa – artigo 442.º nº1.
Há outros contratos em que não é possível a execução especifica, como o
contrato de casamento.
Como é que se afasta a presunção ilidível? → na prática, ao celebrar o
contrato-promessa, com sinal, as partes colocam uma clausula que diz respeito
ao sinal, e colocam uma segunda clausula indicando que as partes não
pretendem afastar a possibilidade de execução especifica em caso de
incumprimento contratual.
Só se pode atribuir eficácia real a um contrato promessa que incida sobre bem
imóvel ou movel sujeito a registo (413º).
Quando se atribui eficácia real a um contrato promessa, o promitente
comprador passa a ter um direito real de aquisição , ou seja, pode reivindicar
o bem onde ele se encontrava, de modo que vai seguir o bem. E tendo o
promitente comprador um bem real de aquisição, a execução especifica nunca
estará afastada mesmo que o promitente vendedor tenha vendido a terceiro,
pois o direito real de aquisição é mais antigo, logo prevalece.
Enquanto que um contrato promessa com mera eficácia obrigacional, mesmo
estando perante o artigo 410.º nº3 e 830.º nº3, se o bem for vendido a terceiro,
não haverá possibilidade de recorrer a execução especifica, no contrato
promessa com eficácia real não se afasta a execução especifica devido ao
promitente comprador tenha um direito real de aquisição.
No caso de um contrato promessa com mera eficácia obrigacional, se o
promitente vendedor tenha vendido a terceiro, só pode exigir uma
indeminização ao promitente vendedor faltoso e ao terceiro, através da teoria
do terceiro cúmplice, que é uma exceção a teoria da relatividade dos contratos.
O promitente comprador vai tentar provar que o terceiro adquirente tinha
conhecimento do contrato promessa e com consciência instigou o promitente
vendedor a não celebrar o contrato definitivo com o promitente comprador –
442.º e 490.º
798.º e 562.º e seguintes, vai poder também exigir uma indeminização ao
terceiro de acordo com a teoria do terceiro cúmplice, artigo 490.º
Pacto de Preferência
414.º e seguintes.
O que é? É um contrato pelo qual uma pessoa se obriga, querendo celebrar um
outro contrato, a fazê-lo preferencialmente com a outra parte do pacto,
conferindo à outra parte as mesmas condições que conferiria a um interessado
qualquer.
Temos uma terminologia especifica: o preferente e o obrigado á preferência.
O preferente é a pessoa que tem o direito de celebrar preferencialmente o
contrato; o obrigado à preferência é a pessoa que, querendo celebrar esse
contrato, o devera fazer preferencialmente a favor do preferente.
Nesta definição do 414.º o legislador parece dizer que só se podem celebrar
pactos de preferência de compra e venda → esta ideia está errada
Ex: eu hoje celebrava um pacto de preferência de compra e venda com a
professora, de modo que se eu um dia decidir vender a minha fração
autónoma, darei preferência á professora
O legislador apenas faz referência à compra e venda, mas, nos termos do
artigo 423.º, o pacto de preferência pode-se estender a outros contratos que
não a venda.
Se eu celebrar com alguém um contrato de preferência de empreitada, estou a
dizer que no dia em que eu quiser celebrar um contrato de empreitada darei
preferência àquela pessoa.
Num pacto de preferência temos um obrigado à preferência que se vincula a
preferir o outro. O preferente não está vinculado a exercer o seu direito de
preferência, não está vinculado a preferir sobre alguém, isto significa que ele
aceita o pacto, terá um direito de preferência que exerce, ou não, mais tarde. O
contrato de preferência será então um contrato unilateral.
Ex: a doutora celebrou connosco um pacto de preferência de venda fração
autónoma. Se um dia a doutora decidir vender a fração autónoma, nós
podemos decidir. Isto foi há dois anos, e hoje a doutora diz que quer vender
agora por 100 mil euros, escritura publica, pronto pagamento e transferência da
propriedade. Pergunta-nos se estamos interessados e dizemos que sim.
Estamos a exercer um direito de preferência? → não. Uma pessoa prefere
sobre alguém, sobre um terceiro, de modo que teria de haver um terceiro
interessado para estarmos a exercer o direito de preferência.
Estes artigos 414.º e seguintes (até ao 423.º) tem a ver com pactos de
preferência, ou seja, com preferências convencionais. Este regime também se
aplica as preferências reais, com as devidas aplicações.
Forma do artigo 415.º → qual é a regra quanto á forma? É a da liberdade
forma.
O pacto de preferência só terá de ser formal se se aplicar segundo este
artigo as regras do artigo 410.º nº2.
Se estivermos perante um pacto de preferência, teremos de verificar se a lei
exige para o contrato definitivo uma forma especial. → documento escrito e
assinado pelo obrigado à preferência (pois é um contrato unilateral).
Não teremos que respeitar as formalidades do 410.º nº3 para o pacto de
preferência de uma fração autónoma? → não porque o artigo 415.º apenas
remete para o nº2 do 410.º.
Tratando-se de um pacto de preferência com eficácia real – o artigo 421.º
remete para o artigo 413.º, ou seja, só podemos atribuir eficácia real a um
pacto de preferência se ele incidir sobre um imóvel ou movel sujeito a registo
Quando se atribui eficácia real ao pacto, o pacto tem de ser assinado por
ambas as partes, porque ambas as partes decidem atribuir eficácia real ao
pacto.
Nos termos do artigo 420.º, os direitos do preferente e as obrigações do
obrigado à preferência não sejam transmissíveis, nem por mortis causa nem
em vida.
Nos contratos-promessa (art. 412.º) pode haver transmissões.