Suturas - IVPCSP

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Suturas

As suturas são a melhor forma de realizar o fechamento adequado de ferimentos e


permitir a aproximação ideal dos bordos. A escolha do fio baseia-se no local do
ferimento, extensão e área de exposição.
Os fios apresentam uma numeração que está de acordo com o seu diâmetro. De uma
maneira geral, podem ser realizadas em até 6h para mãos e pés, e em até 24h, em
ferimentos de face e escalpe.
Usualmente, é utilizada a pinça “dente de rato”, evitando-se apertar tecidos.

Para se realizar uma boa sutura, algumas normas básicas são necessárias:
 Assepsia adequada: infecções podem fazer deiscência de sutura, por que
enfraquecem e destroem os tecidos.
 Bordas regulares: facilita a exposição das suturas e sua execução.
 Boa captação das bordas: bordas bem alinhadas e coaptadas facilitam o
processo de cicatrização, reduz formação de queloides e contribui para uma
melhor estética.
 Hemostasia: hematomas dificultam a cicatrização e favorece infecções (meio de
cultura para os microrganismos). Cuidado! Excesso de hemostasia pode fazer
isquemia e promover necrose tecidual.
 Evitar espaço morto: pode haver acúmulo de líquidos e afastar os tecidos.
 Realizar por planos: promove bom confrontamento das bordas e evita o espaço
morto.
 Realizar a técnica adequadamente: adequar a sutura ao tecido, com relação a
tensão, tipo de fio e espaçamento correto entre os pontos.
 Evitar isquemia e corpos estranhos
 Utilizar material apropriado

Não devemos suturar quando estamos diante de:


 Feridas/lesões infectadas
 Mordidas de animais
 Perfurações profundas
 Debris que não podem ser completamente removidos
 Suturas que demandam muita tensão do tecido
 Feridas com sangramento ativo não controlado
 Feridas superficiais (escoriações e erosões)

Os 4 objetivos básicos de uma sutura são:


 evitar infecção da ferida,
 promover a hemostasia,
 diminuir o tempo de cicatrização e
 favorecer um resultado estético.

Tipos de fios de sutura


Fio 6-0: Mais fino. Utilizado em face e áreas com importância estética.
Fio 5-0: Utilizado em suturas da mão e dedos.
Fio 4-0: Utilizados para reparo de extremidades proximais e tronco.
Fio 3-0: Fio de grande calibre, utilizado para planta do pé e escalpo.
Fio 2-0: Couro cabeludo.

Características dos Fios Absorvíveis


1) Categute simples
Tempo de absorção: 7 – 10 dias;
Reação com o tecido: Grande;
Uso: Ligar vasos hemorrágicos, anastomoses intestinais e fechamento de plano
subcutâneo;
Características: Sintético, trançado e maior incidência de infecções.

2) Categute cromado
Tempo de absorção: 21 – 28 dias;
Reação com o tecido: Grande;
Uso: Igual ao simples;
Características: Obtido de intestino de boi ou carneiro e tratado com cromo.

3) Ácido poligalático (Vycril)


Tempo de absorção: 14 – 30 dias;
Reação com o tecido: Mínima;
Uso: Fechar aponeuroses e subcutâneo;
Características: Fio sintético, trançado e maior chance de infecções.

4) Polidiaxona (PDS)
Tempo de absorção: 14 – 30 dias;
Reação com o tecido: Mínima;
Uso: Anastomoses intestinais e urológicas; os mais calibrosos podem ser utilizados em
aponeuroses. Uso permitido em presença de infecção;
Características: Monofilamentar, incolor ou violeta e de difícil manejo pela rigidez.

Características dos Fios Inabsorvíveis


1) Seda
Mantém tensão por aproximadamente 1 ano;
Reação com o tecido: Baixa;
Uso: Ligaduras vasculares e mucosa oral;
Características: Filamento proteico, fácil manuseio e fixação. Não deve ser utilizado na
presença de infecção.

2) Algodão
De 6 meses a 2 anos, mantendo boa tensão;
Reação com o tecido: Baixa;
Uso: Ligaduras vasculares e mucosa oral;
Características: Filamento proteico, fácil manuseio e fixação. Não deve ser utilizado na
presença de infecção.

3) Nylon
Degradação em 2 anos aproximadamente;
Reação com o tecido: Mínima;
Uso: Suturas dérmicas;
Características: Mono ou polifilamentar. Pode ser preto, verde ou branco.

4) Polipropileno (Prolene)
Mantém-se por tempo indefinido, mantém tensão por anos;
Reação com o tecido: Mínima;
Uso: Intradérmico, fáscia e microvascular;
Características: Monofilamentar. Pode ser utilizado em contaminação ou infecção.
Incolor ou azul.
Tempo para retirada dos pontos
Couro Cabeludo = 7 dias;
Pálpebra e lábio = 3 a 4 dias;
Nariz e supercílio = 3 a 5 dias;
Orelha = 10-14 dias;
Tronco (face anterior) = 8 a 10 dias;
Dorso e extremidades = 12 a 14 dias;
Mão, pé e sola = 10 a 14 dias.

As suturas podem ser contínua ou descontínua.


Na sutura descontínua os fios são fixados separadamente, podendo variar a tensão de
acordo com a necessidade em cada ponto. É considerada mais segura, já que o
rompimento de um ponto não inviabiliza a sutura toda.
É menos isquemiante, confere maior permeabilidade à ferida e consegue força tensil
maior e de modo mais rápido. Como desvantagens, possui uma elaboração mais lenta
e trabalhosa.

Na sutura contínua, o fio é passado do início ao fim sem interrupções. É uma sutura
de execução mais rápida que a descontínua. É mais hemostática, tendo a mesma
tensão em todo percurso da sutura.
Como desvantagens, pode ser estenosante e impermeável e o rompimento de um
ponto pode comprometer toda a sutura. Além disso, a sutura contínua tem uma
tendência a reduzir a microcirculação das bordas da ferida, prolongando a fase
destrutiva da cicatrização e aumentando formação de edema.Geralmente usa-se fios
absorvíveis nas suturas contínuas.

Quais são os pontos de sutura?


Pontos descontínuos
Ponto Simples: É um dos mais utilizados, sendo considerado ponto universal. É ótimo
para sutura de pele.

 Ponto simples invertido: Variação do ponto simples, onde o nó fica oculto


dentro do tecido. É um ponto de sustentação permanente que tem a finalidade
de reduzir a tensão na linha de sutura.
 Donatti ou U vertical: É a associação de dois pontos simples. Cada lado da
borda é perfurado duas vezes. A primeira transfixação ocorre há até 10mm da
borda e inclui pele e camada superior do subcutâneo. A segunda perfuração é
transepidérmica, há cerca de 2mm da borda. Esse ponto é também conhecido
como “longe-longe, perto-perto”. É um ponto que promove boa hemostasia,
sendo mais utilizado quando há hemorragia subdérmica e dérmica. Reduz
tensão e promove boa coaptação das bordas, evitando sua invaginação,
entretanto, o resultado estético é inferior.

 Ponto em U horizontal ou Colchoeiro: É semelhante ao Donatti, diferindo na


posição horizontal das alças. É usado para produzir hemostasia e em suturas
com alguma tensão (como cirurgia de hérnias, suturas de aponeurose), que
impede a coaptação perfeita das bordas.

 Ponto em X: Executado para que fique duas alças cruzadas. Esse ponto
aumenta a superfície de apoio de uma sutura para hemostasia ou aproximação.
É usado em fechamento de paredes e suturas de aponeurose, músculos, e até
em couro cabeludo.

Pontos contínuos
 Chuleio simples: É o tipo de sutura de mais rápida e fácil execução e pode ser
aplicada em qualquer tecido com bordas não muito espessas. É muito usada
em suturas de vasos, por que faz boa hemostasia e pode ser usada também em
peritônio, músculos aponeurose e tela subcutânea.

 Chuleio ancorado: É uma variação do chuleio simples. Aqui o fio passa


externamente por dentro da alça anterior, fazendo uma âncora, antes de ser
tracionado. É mais hemostática que a anterior e por isso mais isquemiante.
Atualmente é pouco utilizada.

 Intradérmica: É um tipo de sutura que tem um ótimo resultado estético. Nessa


técnica a agulha passa horizontalmente através da derme superficial, paralelo à
superfície da pele, aproximando as bordas. Por isso não deixa impressões de
sutura no tecido externo. Deve ser usado em feridas com pouca tensão.

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