Medicina Legal I
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3. Os Peritos
A nomenclatura mais usada no Brasil é Perito Oficial de Natureza Criminal e que é usado
para ambas as hipóteses, mas há lugares que falam em Perito Criminalístico e Perito de Laboratório,
sendo que este último pode causar uma certa confusão.
Sabemos que esse conhecimento é técnico e científico, mas no Processo Civil ou do
Trabalho ele só é usado quando faltar determinado conhecimento para o juiz que nomeará um
perito, podendo as partes também nomear assistentes técnicos que o auxiliarão, ou seja, o Estado
não tem esses peritos como servidores para fornecer, eles serão solicitados caso falte alguma
informação em algum processo, é um profissional que presta um serviço. Mas, no Processo Penal
sempre que o ato deixar vestígios, é indispensável o Exame de Corpo de Delito. Qual a diferença?
No Processo Civil exige-se a perícia se o juiz assim solicitar, já no Processo Penal não há esse
questionamento, porque já na fase de inquérito, se a infração deixou vestígios, tem que fazer
perícia, ela é uma obrigação do Estado. O vestígio pode ser muitas vezes coisas que não
enxergamos como dados deixados em um computador.
Os órgãos estaduais têm uma estrutura pericial montada para sempre ter um perito para fazer
os exames. Aqui no RJ essa estrutura está dentro da Polícia Civil. Mas, em vários estados do Brasil
essa estrutura para análise dos peritos não está na Polícia Civil, até porque existe uma lei sobre a
autonomia técnico, científica, orçamentária e muitos estados entenderam esse fato como uma
separação da Polícia Civil.
Onde a perícia se separou da Polícia Civil ela ganhou diversos nomes como Polícia Tecno-
Científica, etc, e variou muito nos estados porque a Polícia Tecno-Cientifica não é prevista em
Segurança Pública na CF, e, inclusive, no Paraná houve muito questionamento dizendo que essa
polícia era inconstitucional quando ela foi criada com esse nome.
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Entretanto, existe só o perito oficial? Não, existe a possibilidade de ter um perito ad hoc, ou
seja, para um caso específico que será nomeado pela autoridade competente e que diz que é
necessário um perito ad hoc (ad hoc: para esse efeito, para isso) em um caso em que há vestígio. E
quando esse perito ad hoc é eleito? Só em uma necessidade e se não tiver perito oficial para
trabalhar nesse caso. Quem é esse perito ad hoc? Normalmente um profissional que entenda
daquela área e tenha competência para fazer aquele exame, exemplo: Perícia Médico Legal é feita
por um médico. Mas, para evitar ficar pedindo favor para terceiros, verifica-se se há um funcionário
da prefeitura ou do estado para fazer aquela atividade de perícia. Isso normalmente acontece em
locais muito remotos.
Pode acontecer também no Processo Penal - a despeito do certo ser termos um servidor
perito certo desde a fase inquisitorial ou antes dela ainda na polícia - uma prova na própria Ação
Penal? Sim, o juiz pode nomear os peritos para algo que ele acredita que deveria ter sido feito e não
foi. Pode acontecer também, já na fase de Ação Penal, em um caso muito sério com conhecimento
muito específico que juiz nomeie um perito específico para aquele caso.
Atualmente, de 2009 para cá, apareceu a figura do Assistente Técnico no Processo
Penal, o que só existia no Processo Civil e no Processo do Trabalho que servem para
acompanhar o perito nomeado pelo juiz, sendo que esses assistentes são indicados pelas
partes. Antigamente, no Processo Penal, havia o perito indicado pelo juiz e não havia
possibilidade de assistentes, não havia contraditório da prova feita pelo perito oficial. O
Assistente Técnico é uma espécie de Perito da Parte e o relatório que ele faz é o Parecer
Técnico, enquanto que o que o Perito faz é o Laudo.
Um perito pode alegar suspeição se for conhecido da parte, é o mesmo procedimento que se
dá para o juiz.
Quando falamos que criaram o assistente para a Ampla Defesa, para o Contraditório
da prova técnica acreditamos que essa foi uma boa ideia. Por outro lado, quem faz a perícia
oficial não é perito do MP ou da parte, mas só está ali para dizer o que viu, ele não toma
nenhum dos lados, ele não faz uma prova para a defesa ou para a acusação. É dever do perito
ter imparcialidade, claro, o resultado é técnico-científico do que ele examinou. Agora, será que
o assistente técnico contratado pela parte é isento? Ele tem um compromisso com a verdade,
ele não pode inventar nada. Claro que o Perito Oficial não é isento, nunca somos isentos, mas
esse é o dever dele, contudo, é muito mais fácil concluirmos que o Assistente Técnico que não é
isento já que ele é contratado pelos interesses da parte.
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O Perito Oficial pode ser, fora do seu horário de trabalho, contratado como Assistente
Técnico.
4. Algumas Características da Prova Técnica
Na maioria das vezes a Prova Técnica, no Processo Penal, é cautelar, às vezes nem Ação
Penal é estabelecida, mas é feito o inquérito.
Diferente das outras provas, de outros meios de prova, a perícia não precisa ser
repetida na Ação Penal. Exemplo, o interrogatório é feito no inquérito, mas também na Ação
Penal ele necessita ser repetido. A perícia pode ser feita no momento do fato que deixou
vestígios e às vezes ela só é usada 10 anos depois na Ação Penal, não podendo, por isso, ser
repetida.
A perícia, atualmente, está sujeita ao Contraditório por conta da figura do Assistente
Técnico.
No contexto da prova técnica, o Exame de Corpo de Delito é um meio de prova, ele vai
gerar uma prova quando ele atua sobre o objeto de prova. Há também uma definição sobre as
pessoas que trazem essa informação, ou seja, o perito seria a pessoa que traria essa prova e o exame
é o meio que ele faz para obter essa prova. Há inúmeros meios de prova: interrogatório, prova
documental na qual o meio é a simples apresentação de um documento (como para provar que sou
proprietária de um carro), confissão pode ser um meio de prova e não há hierarquia entre as provas,
o juiz não está preso ao laudo, por exemplo, apesar de ser muito estranho quando o juiz não a acata
e resolve acatar uma prova subjetiva como um depoimento. Dentro do nosso contexto atual,
entretanto, costuma-se dar mais valor às provas técnicas do que à provas subjetivas (Rodrigo falou
das testemunhas que afirmavam o contrário do que ele tinha averiguado na sua perícia e o MP abriu
um Inquérito de Falso Testemunho contra elas).
Existem alguns autores que pensam, atualmente, que a perícia não é somente um meio de
produção de provas, mas a pensam como uma espécie de um meio de elucidação de prova, ela
elucidaria a prova. Não é difícil pensarmos que a própria perícia pode ser usada em outros meios de
prova, exemplo: prova que era documento, será objeto de outro procedimento que elucidará essa
prova. Exemplo: posso fazer um exame para ver se a prova dada por alguém é verdadeira ou não, se
alguém nos dá um documento, podemos ver se esse documento é verdadeiro ou não. A perícia
poderia atuar em cima de qualquer outra prova, a elucidando. Há quem diga que a perícia não
deveria estar no capítulo de provas, mas ela deveria por si ser um meio de prova.
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Aula 02 - 12/09/2016 - segunda-feira
A primeira coisa que um perito faz é identificar uma evidência, vestígio ou indício.
Vestígio é qualquer material, mas quando vemos que algo tem relação com o fato, isto já é
considerado um indício, falaremos muito nos dois como evidência.
Mas, só conseguimos evoluir no entendimento de um fato se eu seguir o conhecimento
necessário para a Ciência Forense. A evolução de vestígio para indício já é algo importante.
Primeiro Passo: identificar a evidência. Segundo Passo: pegar o indício ou vestígio e
individualiza-lo, exemplo: determinar o tipo do projetil. Terceiro Passo: perceber que todo contato
deixa vestígio, devemos assumir que isso é verdade para vermos que, por exemplo, o simples
caminhar já deixar marcas de "pegadas" no chão, claro que as vezes falta equipamento para analisar
tudo, mas todo contato deixa vestígio. Quarto Passo: o perito tem que ter em mente que , por
vezes, a evidência que ele achou não pode ser automaticamente entendida ou identificada, é preciso
assumir uma transformação na evidência para identifica-la. Podemos, depois desses passos, fazer
uma vinculação dessas evidências, exemplo: vincular o projetil à norma. Último Passo: reconstruir
tudo que aconteceu, não estamos falando de uma Reprodução Simulada (a famosa reconstituição),
mas sim a reconstrução para que o relatório seja escrito e muitas vezes essa mera reprodução pode
determinar até uma qualificadora (exemplo: tiro pelas costas), ou se houve mais de um criminoso
(exemplo: arrastamento do corpo). No laudo, será reportado todo esse caminho.
Agora, muitas coisas podem atrapalhar todo esse processo. Rodrigo citou a Cadeia de
Custódia que diz respeito a todos os processos pelos quais vai passar essas evidências desde o
inicio lá no local do crime até a contraprova. Se não garantimos essa cadeia, todo esse
procedimento, se não consigo vincular diretamente, já não conseguimos dar tanto valor como prova.
Ocorre que, não há no Brasil nenhuma previsão legal para a Cadeia de Custódia. A Cadeia de
Custódia começa já na preservação do local do evento, ela tenta garantir a integridade
daquela evidência material, assim como a rastreabilidade, garante a eficácia, a metodologia
utilizada. Acontece que no Brasil, cerca de 50% das provas técnicas não são garantidas, muitas
vezes o corpo já chega degradado, as provas são produzidas de forma precária.
Exemplo de Quebra da Cadeia de Custódia: há 500 canetas como evidência, o perito vai e
usa 2 ou 3 como exemplo de tudo, isso quebra a mesmidade.
Nos EUA há uma cultura mais oral, não há tanto laudo. Na Common Law, o perito funciona
muito como uma testemunha.
Papiloscopia: identificação humana por impressões digitais.
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Aula 03 - 19/09/2016 - segunda-feira
5. Identificação Humana
Vamos entrar hoje na parte de Identificação Humana.
Qual a importância da Identificação Humana na nossa sociedade? O ser humano sempre
precisou, necessitou ser identificado, ser diferenciado dos outros. Segredo, cicatriz, DNA, tudo
serve para identificar.
O que é identificação e o que é identidade? Identidade é a soma das características físicas,
psicológicas que buscam diferenciar uma pessoa da outra, identificação é a metodologia usada para
determinar essa identidade.
b. Identificação Civil
Existe uma identificação que é a identificação civil, feita cotidianamente como a a carteira
de identidade, certidão de nascimento. Uma das desvantagens no Brasil é que temos vários
documentos com dados oficiais como o RG, carteira de motorista, passaporte, carteira de trabalho,
carteira de órgão de classe. Devíamos ter um único documento de identidade para o Brasil todo.
c. Identificação Criminal
Há também a identificação Criminal que ocorre quando não conseguimos identificar uma
pessoa pelas identificações civis apenas, ela está envolvida em alguma questão (não
necessariamente um crime) e precisamos identificar essa pessoa e suas identificações não são feitas
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pela identificação civil porque é impossível ou porque ela não tem documentos. O objetivo da
identificação criminal é identificar alguém que não conseguimos mais vincular a alguém com
identificações civis, como um cadáver em estado de putrefação, ou ainda com crimes mesmo
quando há sangue no chão, por exemplo.
A pessoas que têm identificação civil não deverá ser submetida aos procedimentos de
identificação criminal, salvo hipóteses previstas em lei - artigo 5, LVIII, CF. Mas, há possibilidade
de desconfiarmos da Identificação Civil. Mas há um pressuposto de que se alguém foi identificado,
não precisa ser identificado novamente. Os motivos para identificar novamente são:
• Documento rasurado;
• O documentado apresentado for insuficiente para identificação;
• A identificação criminal for necessária às investigações policiais, não há discussão se a
identificação está válida ou não, se ela é suficiente ou não. Há um juízo de essencialidade para a
investigação policial que será dado pela autoridade competente, mas quando é importante para a
investigação criminal? O intuito aqui é produzir uma prova. O DNA, por exemplo, não pode ser
usado para identificação porque não temos um banco de dados, o DNA só é usado para produzir
prova, nunca para identificar.
A Lei 12.654/2012 alterou a identificação nacional criando o Banco Nacional de Perfis
Genéticos e obrigou os condenados por crimes hediondos a colherem esse material genético.
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e . Escolha do Método de Identificação
De acordo com a situação que um corpo estiver que vou poder escolher essa metodologia.
Veremos os Fenômenos Transformativos no Cadáver que são processos que acontecem no corpo
pós vida é que vão transformando esse corpo.
Contudo, essas fases podem variar dependendo das condições climáticas e de temperatura,
um corpo no calor úmido do Rio de Janeiro pode chegar a fase esquelética muito mais rápida.
• Fase de Esqueletização
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Chamamos de corpo até a fase gasosa, depois chamamos de despojos humanos. Aqui
chamamos de esqueleto.
Identificação por DNA, dados anti-mortem.
Quando os ossos se fundem tudo complica, o que acontecia em guerras, em valas comuns.
6. Antropologia Forense
Ciência que trabalha sobre tudo com ossadas, não trabalha com cadáveres inteiros. Ela
pretende sempre:
a. Determinação da espécie: às vezes até mesmo somente com um fragmento de osso;
b. Predição da Altura: a partir da medição dos ossos;
c. Predição da Idade
d. Determinação do Sexo: fácil dependendo do osso que se encontra;
e. Predição da Ancestralidade: origem dessa pessoa, é complicado falar grupo étnico, raça;
f. Individualização: pode chegar ao ponto de dizer com perfeição quem é essa pessoa, mas isso é
difícil.
g. Determinar a Causa Mortis: às vezes, mesmo trabalhando somente com ossos ou fragmentos,
mas pode ser que a lesão atinja o osso e ajude a determinar a causa mortis.
7. Odontologia Forense
Também atua muito com vivos. Há detalhes específicos que auxiliam na identificação. É
necessário o arquivamento do dentista. O formato do dente fala muito de diferenças étnicas.
É possível também determinar a idade, sexo.
E a análise individual dos dentes? Há detalhes que alguns dentes apresentam e que
identificam as pessoas. Anomalias, diferenças nas formas, tudo isso contribui para a identificação.
Ou seja, assim, podemos individualizar as pessoas.
Substâncias tóxicas, medicamentos, marcas no dente, piercing, tudo isso auxilia para a
identificação.
Vale a pena tentar essas identificações e não partir direto para o DNA que é mais demorado,
mais caro. Além de existirem casos em que é impossível fazer a identificação pelo DNA.
9. Papiloscopia
Estuda as chamadas papilas dérmicas, que estão bem abaixo do dedo, por isso, para a
perdermos, só cortando o dedo e chegando até a carne viva.
As dobraduras da derme estão nas falanges dos dedos, na mão inteira, na planta dos pés e
dedos dos pés. Apesar de tirarmos as marcas dos dedos, qualquer uma delas serve para
identificação.
Em 1901 já se fazia coleta de impressões digitais no Rio de Janeiro e na época teve muita
discussão sobre a coleta desse material. Para Rodrigo, há muita diferença entre colher a impressão
digital e colher um material genético (DNA) porque neste há muitas doenças que podem ser
descobertas.
Podoscopia é feito nos pés.
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Na fase gasosa não se pode mais fazer essa forma de identificação.
Quando um bebê nasce já há as papilas dérmicas.
Existe um grupo de desenhos típicos, sendo 4 mais comuns, há variações que são raras, mas
não é o desenho que simplesmente identifica a pessoa, mas devemos olhar dentro desse desenho e
buscaremos alguns pontos que ali são convergentes com o banco de dados com os dados de cada
pessoa. Temos sempre que nos ater aos detalhes.
Essa sistematização das principais impressões digitais começou na Inglaterra com o primo
de Darwin, Francis Galton que não se destacou tanto, provavelmente, porque auxiliou seu primo
com as teorias evolucionistas.
Vucetich, argentino, que fez a sistematização das impressões digitais. Caso: mãe que era
suspeita de ter matado os filhos com uma pá e através do desenho na cabo da pá, ele identificou a
mulher.
Há quatro desenhos principais: arco, presilha interna, presilha externa e verticilo, o que os
diferencia é a presença de um delta, um triângulo.
Gêmeos idênticos não têm desenhos idênticos das impressões digitais. Agora, pontos,
bifurcações e esses pequenos detalhes que nos permitem identificar com precisão uma pessoa.
Agora, é claro que isso hoje é feito por um software.
Há muitos estudos sobre impressão digital. Um diz que a densidade de linhas em um dedo
fala muito sobre o sexo, ancestralidade, idade.
O que se faz no sistema é a busca pelo desenho na sua forma datiloscópica. Há uma fórmula:
primeiro vem a mão direita, depois a esquerda começando pelo polegar. Quando o sistema busca,
ele busca por essa fórmula de desenhos. Antigamente isso era no papel, olhando um por um.
Às vezes não conseguimos coletar as impressões digitais de um cadáver porque já passou da
fase gasosa, por exemplo, ou porque o corpo estava dentro d'Água e ficou enrugado, mas aí existem
metodologias para isso e quem o faz é o necropapiloscopista que tira a pele dos dedos e coloca em
alguma solução que vai melhorar o dedo e depois coleta os dados. Pode se injetar algum
medicamento que também permite tirar esses dados, por exemplo. Um corpo que fica na água do
mar fica como uma carne seca e necessita ser hidratado.
Mas, e aquela pessoa que deixa as suas impressões digitais em algum lugar? Como as
colhemos? Muitas vezes isso não está visível, elas podem estar latentes (no caso de um vidro) e aí
não posso tirar esse desenho, tenho que torná-lo visível para tirar uma foto e levar para uma
comparação, já a visível seria uma mão suja que encostou em algum lugar, moldada seria alguém
que pisa em uma lama, uma massa. A mais comum nos crimes é a latente.
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Quando alguém coloca uma mão, a "tinta" que ali fica é o material da transpiração na forma
das impressões digitais e nessa transpiração há água, sais minerais, aminoácidos, proteínas,
açúcares, etc e eventualmente, pode ter lipídeos ou gorduras, mas se acabamos de lavar a mão esse
lipídeo sai (lipídeos são formados em tecidos que têm pelos). Tenho que trabalhar em cima dessas
substâncias para que elas fiquem coloridas e me permitam ver o desenho, às vezes consigo revelar a
impressão digital porque precipito algum pó sobre a água que ali está, esse pó precipita sobre a água
que ali está.
Além da impressão digital posso ali coletar um material e dizer no que o dono dessas
impressões colocou a mão antes de deixar essas impressões.
Existem vários pós que podem ser usados para deixar o desenho colorido. Anidrinina que
reage com aminoácidos e quando jogo em cima do papel, ela deixa exatamente o desenho da
impressão digital. O mais comum é que quando usamos pó é tirar esse desenho dali com uma fita
cola e o guardarmos, mas também podemos tirar uma foto, por exemplo. Iodo reage com gorduras.
Nitrato de prata também é utilizado. Ao colocarmos a mão, coloca um pouco de uma substância que
parece cola e vai ficar o desenho perfeito da impressão digital.
Se é usado um grafite, o desenho fica um pouco tridimensional, coloca-se a fita e ele vem
para ela que tem um plástico no qual colocamos esse desenho. Pó de grafite.
a. Agentes Mecânicos
Vão produzir uma lesão conforme a energia empregada no corpo. A lesão tem um nexo
causal com o instrumento, sempre tentamos relacionar a lesão com o instrumento ou pelo menos
com o que ele é capa de fazer. Tudo depende da energia do corpo com relação ao instrumento.
Uma faca, por exemplo, pode gerar uma série de lesões como um corte, uma perfuração, um
hematoma. Muitos instrumentos podem produzir diversas lesões dependendo da ação e da energia
que usamos com esse instrumento.
b. Tipos de Lesões
Para Rodrigo, o nome da lesão é diferente do nome do instrumento. Mas, há autores que
usam o mesmo nome para o instrumento e para a lesão.
Lesão Punctória ou Perfuração, instrumento perfurante. Lesão incisa (corte) é feita por
instrumento cortante. Lesão Contusa e instrumento contundente (usado para bater).
• Lesão Punctória
É produzida por instrumento perfurante. O instrumento entra no tecido, mas faz uma pressão
para que o instrumento penetre no tecido na pessoa. É bom lembrar que P=F/A, por isso quanto
maior o instrumento, maior a força que deverá ser empregada para entrar no tecido. Ocorre que, se o
instrumento for muito grande, a lesão não será somente uma perfuração no tecido, mas também será
uma contusão (exemplo: tentar colocar um vergalhão na pele).
As lesões podem se misturar quando não temos um instrumento exato para aquela
determinada lesão.
Exemplo: prego, espinho, agulha, estilete, garfo, compasso, espeto de churrasco, furador de
gelo.
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Um estilete é uma faca possuem guma, então, conforme eles vão furando, eles também vão
cortando, ou seja, provocando duas lesões diversas.
Essas lesões costumam ser profundas, mais fundas que o cumprimento do objeto (vamos
empurrando os tecidos e órgãos, o que faz com que essa lesão seja profunda). Como nossa pele tem
linhas de tensão, quando apertamos, o buraco que fazemos ao furar não fica redondinho por causa
da elasticidade da pele.
A entrada dessa lesão normalmente é pequena, fusiforme (por causa da tensão da pele,
elasticidade) que é a forma de um losango repuxado, há pouco sangramento externo e o
sangramento costuma vir muito de um órgão interno. Cria-se uma crosta em cima, onde ocorre toda
a coagulação do sangue. O trajeto dessa lesão costuma ser retilíneo, predomina-se a profundidade
em relação ao diâmetro. Podem ocorrer lesões importantes internas, o que provoca o sangramento.
E em geral, ela termina em um ponto cego.
Observação: para a Medicina Legal, o trajeto é sempre dentro do corpo, já a trajetória ocorre
fora do corpo.
Quando um instrumento é próprio para a perfuração, não se cria nenhuma outra lesão ao
redor a não ser a própria lesão Punctória.
• Lesão Incisa
É produzida por uma ação cortante, por um instrumento cortante. Essa lesão é feita quando
se desliza o gume afiado sobre a pele de alguém. A força aqui é mínima, basta deslizar a lâmina.
Essa lesão costuma ter bordas lisas e regulares, as bordas são bem nítidas. Não há contusão
se o gume estiver bem afiado, mas se o gume não estiver bem afiado, as bordas já não ficarão tão
nítidas, tão regulares (como em um serrote, por exemplo). Elas costumam ser lesões bastante
extensas, mas pouco largas e profundas, a largura é a largura do gume que sempre é bastante fino. A
profundidade também é mínima, será apenas até onde se passou a faca.
Muitas vezes é até possível dizer qual foi o sentido do corte. No início do corte a lesão é
superficial, no meio é bastante profundo e no fundo é menos profundo, produzindo a causa de
escoriação.
As bordas são bem definidas, é mais extensa do que profunda, nem sempre, mas
normalmente, a própria lesão mostra o sentido da lesão por conta dessa cauda de escoriação.
Produz algumas lesões específicas como o esgorjamento (corte profundo no pescoço);
degolamento (corte quase total do pescoço), tanto o esgorjamento quanto o degolamento podem
causar a morte. Decapitação (cabeça se separa do corpo). Evisceração (haraquiri, lesão no
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estômago). Lesões de defesa que costuma ser nas mãos, antebraço e braço (lesão incisa que costuma
ficar em posições que o sujeito usou para se defender).
Olho de guaxinim: demonstra lesão na cabeça.
• Lesão Contusa
Nas duas anteriores estabelecemos características, mas aqui temos lesões em que não vemos
uma incisão ou perfuração (é como uma lesão residual). Explosão, sucção, tração, edema,
hematoma, fratura, luxação, escoriação, costumam ocorrer em quedas, num acidente de carro, etc.
A escoriação (chamamos de ralado) aparece do atrito que provoca o arrancamento da
epiderme e desnudamento da derme. É comum em quedas, tem uma recuperação rápida e ocorre em
arrastamentos, atropelamento, lesões de defesa (unhadas). Arrastar um cadáver, claro, faz surgir
uma escoriação diferente daquela que ocorre em pessoas vivas.
Dentro das contusões há as esquimoses (o que chamamos de roxo) que variam de cor ao
longo do tempo, o que demonstra quando essa lesão ocorreu. O material sanguíneo vai sendo
reabsorvido, por isso há a alteração cromática. Há aqui um Nexo Temporal. Esse tipo de lesão, fala
do nexo causal vinculado ao instrumento, além do tempo, do momento em que essa lesão ocorreu
(nexo causal e temporal).
Revisão - Lesão
Lesão Punctória: pode ser produzida, mas não é larga, comprida. Ela é um ponto, uma
perfuração. Depende de um instrumento que perfura bem, se temos uma ponto menos pontiaguda e
quisermos enfia-la em uma mão, teremos que destruir a mão toda (lembrar da fórmula de pressão).
Lesão Profunda.
Lesão Incisa: cortes. A faca pode ser um instrumento cortante e furante, pode até provocar
contusões se uso a faca para bater.
É importante diferenciarmos o instrumento, as ações que podem ser feitas com cada um
deles e a lesão.
Um instrumento perfurante faz uma perfuração, lesão punctória. Instrumento Cortante:
incisão. Instrumento Contundente: lesão contusa, mas tudo isso pode se misturar.
Incisão: lesão comprida. Tem características importantes: vem leve no inicio, afunda um
pouco no meio do golpe, e no fim tem uma cauda que indica a direção desta lesão.