Resumo - Medicina Legal
Resumo - Medicina Legal
Resumo - Medicina Legal
Conceito:
A medicina legal é uma ciência aplicada que sistematiza suas técnicas
e seus métodos a favor da Administração da Justiça. Não se trata de uma
especialidade médica propriamente dita, mas sim da atuação da medicina a
serviço das ciências jurídicas e sociais.
Documentos médico-legais:
Documentos médico legais são instrumentos escritos ou simples
exposições verbais objetivando elucidar a justiça e servir como prova para
formação de convicção do juiz.
Há cinco documentos médico-legais trazidos pela doutrina:
Notificações, Atestados, Relatórios, Pareceres e Depoimentos Orais.
Passaremos a partir de agora a analisar cada um desses documentos:
NOTIFICAÇÕES: São comunicações compulsórias feitas pelos
médicos às autoridades competentes acerca de um fato profissional, seja
por necessidade social, sanitária, doenças contagiosas etc.
O médico que não denuncia o conhecimento de doença, cuja
notificação seja compulsória, incorrerá no crime previsto no art. 269 do CP:
@diariodeumafuturadelegada
Art. 269, CP: “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória.”
Trata-se de crime próprio, pois somente o médico pode ser sujeito
ativo deste delito, consumando-se o delito no exato momento da omissão,
não se exigindo qualquer resultado que advenha dessa conduta omissiva.
ATESTADOS: Também são entendidos como certificados. A
literatura médico-legal aponta que esses documentos têm por objetivo
firmar a veracidade de um fato ou a existência de determinado estado,
ocorrência ou obrigação. É uma declaração de um fato médico e suas
possíveis consequências.
Os atestados podem ser:
Administrativos: quando for destinado aos fatos relativos ao
servidor público (exemplo: atestado requerido para fins de ingresso em
concurso público);
Judiciais: quando for por solicitação da administração da justiça
(exemplo: quando os jurados justificam suas faltas no Tribunal do Júri);
Oficiosos: dados no interesse das pessoas física ou jurídica (exemplo:
para justificar ausência de aulas).
RELATÓRIO : É o documento médico-legal mais minucioso de uma
perícia médica, de modo a responder à solicitação da autoridade policial ou
judiciária.
A literatura médico-legal traz uma distinção técnica entre o
relatório, que costuma ser cobrada com grande frequência em concursos
públicos. Se o relatório é ditado diretamente ao escrivão, denomina-se auto;
e, se redigido posteriormente pelos peritos, ou seja, após suas investigações
e consultas, recebe o nome de laudo.
O relatório médico-legal possui sete partes: (preâmbulo, quesitos,
histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos).
Preâmbulo: Esta parte contém a hora, a data e o local onde está
sendo realizado o exame, bem como o nome da autoridade que requereu e
@diariodeumafuturadelegada
postura quanto à ocorrência ou não de um fato, com base nos dados que
se encontram narrados no histórico e aqueles verificados durante o exame.
Resposta aos quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos
devem responder aos quesitos de forma objetiva e concisa, através de
afirmações Respostas aos Quesitos: Ao ser encerrado o relatório, os peritos
devem responder de forma objetiva e concisa, através de afirmações ou
negações, mas não podem deixar faltar resposta em qualquer um deles.
Quando não haja possibilidade de se afirmar, de forma objetiva, responde-se
com a expressão “prejudicado”. Eventuais dúvidas podem ser levantadas
através de uma consulta médico-legal.
PARECERES: Consistem em respostas técnicas dadas às
consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do relatório médico-
legal, com a exceção da descrição, pois já não se está mais diante do corpo
ou do cadáver para a análise específica.
Todas as partes do relatório também devem estar presentes no
parecer, exceto a descrição.
DEPOIMENTO ORAL: O depoimento oral deriva da oitiva do perito
em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não testemunhal. Dessa
forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência
apontada pelas autoridades, ele atua na condição de perito, e não de
testemunha.
É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito
se limita à análise dos vestígios do crime; enquanto a atuação da autoridade
policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do crime. o
vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo.
Antropologia Forense:
Trata-se do ramo da Medicina Legal que, utilizando-se de
conhecimentos de antropologia geral, ocupa-se principalmente com as
questões relativas a IDENTIDADE e a IDENTIFICAÇÃO.
@diariodeumafuturadelegada
Traumatologia Forense:
Traumatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que estuda as
lesões corporais sob o ponto de vista jurídico e as energias causadoras do
dano, bem como os aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas
implicações legais.
A traumatologia também é entendida pela literatura médico-legal
como lesonologia. Pode ser vista como a parte da Medicina Legal que estuda
os traumas, bem como os agentes e energias vulnerantes que os causam.
É responsável por cerca de metade das perícias em medicina legal. Daí sua
importância médico-legal.
Diferença entre trauma e lesão:
Conceitua-se TRAUMA como a atuação de uma energia externa
(física, mecânica ou química) sobre o corpo da pessoa, com intensidade
suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão
morfológica; a LESÃO, por sua vez, corresponde à alteração estrutural
proveniente da agressão ao organismo, podendo ser visível macro ou
microscopicamente.
Energias Vulnerantes e suas Classificações:
@diariodeumafuturadelegada
Asfixiologia Forense:
É o ramo da Medicina Legal que estuda as asfixias. São causadas por
energia de ordem físico-química, impedindo a passagem do ar às vias
respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue.
Conceito de asfixias:
São energias de ordem físico-química fazendo com que haja
impedimento da passagem do ar para as vias respiratórias e com isso
alteram a composição sanguínea. Para Genival França, de forma literal a
asfixia significa “sem pulso”. No entanto, não é este o significado que a
literatura médico-legal tem dado ao instituto. Asfixia é a supressão de
respiração. É um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue arterial.
Em termos fisiopatológicos, existe asfixia quando há, ao mesmo
tempo, a redução do teor de oxigênio (hipóxia) e aumento do teor de gás
carbônico (hipercapnia ou hipercarbia) no sangue arterial.
Sinais gerais de asfixia:
Nas asfixias podem ser encontrados alguns sinais que indicam a
possibilidade de diagnóstico, sem, contudo, fornecer elementos
patognomônicos. Ou seja, não são sinais de certeza da morte por asfixia,
mas sim, sinais de mera probabilidade de asfixia.
@diariodeumafuturadelegada
TIPOS DE ENFORCAMENTO:
@diariodeumafuturadelegada
Tanatologia Forense:
Trata-se do capítulo da Medicina Legal em que se estuda a morte e
as suas consequências jurídicas. Estudam-se os sinais que indicam que o
indivíduo morreu e o lapso temporal do evento morte.
@diariodeumafuturadelegada
Conceito de Morte:
A definição tradicional de morte sempre foi aquela que a considera
como a cessação total e irreversível das funções vitais. Desta forma, era
diagnosticada, principalmente, pela ausência de batimentos cardíacos.
No entanto, com o desenvolvimento das técnicas de transplante, o
conceito de morte foi sendo desenvolvido e houve necessidade de atualizá-
lo.
Daí surge na atualidade o conceito de morte encefálica, para que
possa haver maior segurança e permitir uma decisão consciente e capaz
de garantir que alguém esteja realmente morto, haja vista a irreversibilidade
da situação e as implicações dela decorrentes.
Morte encefálica: morte do tronco encefálico.
Morte cardíaca: cessação irreversível dos batimentos cardíacos.
Cronologia da Morte:
Também entendida como cronotanatognose ou
cronotanatodiagnose, tal instituto possibilita o diagnóstico da hora em que a
morte ocorreu. Da mesma forma, ajuda a estabelecer a causa jurídica da
morte, o nexo causal com o evento narrado, bem como a análise acerca da
comoriência.
A cronologia da morte pode ser estabelecida através da verificação
dos fenômenos cadavéricos, como rigidez, livores, resfriamento e
evaporação tegumentar.
Outros sinais que podem ser representados para auxiliar no
diagnóstico do tempo de morte são: perda de peso; mancha verde abdominal;
presença de cristais no sangue; presença de gases nos vasos sanguíneos e
demais tecidos do corpo; o crescimento de pelos do corpo; o conteúdo
estomacal e visceral; fauna cadavérica e flora cadavérica.
*Atenção: Cristais no sangue putrefeito: são chamados de cristais
de Westenhoffer-Rocha-Valverde. Estes cristais se formam no sangue
putrefeito, mas independem, propriamente da putrefação. Conforme
@diariodeumafuturadelegada
assim, podemos concluir que até 8 ou 12 horas após a morte, essas manchas
são voláteis, ou seja, ainda podem mudar de posição, dependendo do próprio
posicionamento do cadáver.
4. Rigidez cadavérica/rigor mortis: é um endurecimento
muscular. Nela, há acidificação dos músculos e falta de oxigenação. O tempo
em que o cadáver permanece rígido é chamado de “período de estado”.
Tempo de morte de acordo com a rigidez cadavérica: Inicia-se cerca
de 1 ou 2 horas após a morte, se generaliza com 5/6/8 horas e vai até 24
horas após a morte, com o início da putrefação.
Segundo Genival Veloso França, a rigidez passa por 3 fases: período
de instalação (quando começa a se evidenciar – 1 ou 2 horas após a morte);
período de estabilização (até 8 horas após a morte, momento em que o
corpo inteiro está enrijecido) e período de dissolução (que ocorre após as
24 horas, momento em que a rigidez vai se desfazendo).
Lei de NYSTEN-SOMMER-LARCHER: A rigidez cadavérica se instala da cabeça
para os pés, sentido céfalo-caudal. Diz a lei que as massas musculares
menores endurecem antes das massas musculares maiores, justificando o
enrijecer de cima para baixo, pois a musculatura superior é menor do que a
inferior. A rigidez se evidencia primeiro nos músculos menores e se desfaz
no mesmo sentido.
*Atenção: não confunda rigidez cadavérica com rigidez
cataléptica: O espasmo cadavérico (sinal de Kossu), também denominado
rigidez cataléptica, estatutária ou plástica, é uma forma particular de rigidez
cadavérica instantânea, sem o relaxamento muscular que precede a rigidez
comum e com a qual não se confunde. O indivíduo acometido, súbita e
violentamente, pelo espasmo cadavérico guarda a posição que mantinha
quando a morte o surpreendeu.
FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS:
Os fenômenos transformativos são entendidos como sinais
patognomônicos de morte. Se dividem em DESTRUTIVOS (autólise,
@diariodeumafuturadelegada