Anatomia e Fisologia

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Índice

Introdução
Anatomia e Fisologia
Alergéno
É a substância que funciona como antigénio capaz de desencadear uma reacção alérgica,
porque o sistema imune da pessoa atópica reconhece essas substâncias como estranhas
ou perigosas.
Alergia
É uma resposta exagerada, ou estado alterado de reactividade, do sistema imunológico a
uma substância estranha ao organismo, denominada de antigénio.
As substâncias que desencadeiam uma reacção alérgica podem ser alimentos,
medicamentos, perfumes ou polens. Os portadores de alergias são denominados de
“atópicos” ou na linguagem mais popular de “alérgicos”.
Atopia
É um distúrbio orgânico de hipersensibilidade, de carácter constitucional ou familiar, a
diversos factores ambientais que se manifesta por um conjunto de alterações clínicas e
patológicas como acontece em algumas patologias como a asma brônquica, rinite
alérgica, urticária e outras.
Anafilaxia
É uma reacção alérgica sistémica, ou um estado de hipersensibilidade imediata
sistémica severa e rápida a uma determinada substância, chamada alergeno, que ao ter
sido administrada pela primeira vez não provocou essa reacção. Esta reacção exagerada
pode ser provocada por quantidades minúsculas da substância alergénica. O tipo mais
grave de anafilaxia é o choque anafiláctico, que pode causar a morte caso não seja
tratado adequadamente e rápido. Esta reacção é o contrário de imunidade. A anafilaxia
que é uma reacção de natureza sistémica, ocorre rapidamente após a administração de
concentrações mínimas de material ofensor e é potencialmente fatal e caracteriza-se por :
 Redução da tensão arterial;
 Taquicárdia;
 Edema da glote (que pode não estar presente);
 Urticária;
 Desmaio;
 Coma (que pode progredir para a morte)
Tipos de Anafilaxia
 Anafilaxia activa, é produzida por uma substância estranha;
 Anafilaxia heteróloga, produzida pela injecção de soro de um animal de espécie
diferente;
 Anafilaxia homóloga, produzida pela injecção de soro de um animal da mesma
espécie;
 Anafilaxia passiva, resultante da injecção de soro de animal ou pessoa já
sensibilizada
Fisiopatologia
Todas as pessoas estão expostas a potenciais alergenos. Os indivíduos não atópicos, na
presença destes alergenos, respondem com a proliferação de células T auxiliares tipo 1
(TH1) que secretam citoquinas envolvidos nas reacções IgG alérgeno-especifico,
envolvidas na eliminação de microrganismos intracelulares, como as bactérias, que
activam os fagócitos e promovem a produção de anticorpos. Ao contrário as pessoas
atópicas respondem com proliferação de células T auxiliares Tipo 2 (TH2) que secretam
citoquinas que favorece síntese de IgE e eosinofilia, tanto a nível periférico como a
nível dos tecidos. Assim a anafilaxia e a alérgia provoca uma reacção Tipo 1 ou
Hipersensibilidade Imediata que resulta da interacção do alergeno com as
Imunoglobulinas E (IgE) fixadas nas membranas celulares. As condições essenciais
para um indivíduo desenvolver o choque anafiláctico são:
Ter sido previamente sensibilizado à uma substância e que no contacto tenha
produzido uma IgE específica;
Deste modo o sistema imune da pessoa fica sensibilizado para responder
imediatamente com desgraduação dos mastócitos a uma nova exposição;
O que acontece quando a pessoa entra em contacto com o alergeno, que é o
antigénio, os anticorpos IgE ligam-se aos receptores da membrana dos basófilos
circulantes e mastócitos teciduais, induzindo desgranulação destas células e libertação
de múltiplos mediadores inflamatórios incluindo: histamina, serotonina, factor
quimiotático dos neutrófilos, enzimas proteolíticos e outros;
Estes mediadores provocam:
 Vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos;
 Aumento da permeabilidade vascular;
 Formação de edema mais ou menos extenso,
 Agregação plaquetária;
 Bronco-constrição e/ou obstrução das vias aéreas superiores (VAS)
A maioria dos indivíduos com atopia apresenta uma hiperprodução de IgE, que é um
dos 5 tipos diferentes de imunoglobulinas (anticorpos) e que se encontra na superfície
dos basófilos e é importante na resposta alérgica. Na Figura a seguir apresenta-se o
esquema resumido dos mecanismos fisiopatológicos da anafilaxia.

As respostas imunes IgE-mediadas podem também ser classificadas e descritas


cronologicamente de acordo com 3 padrões de reacção nomeadamente:
1. Resposta de fase imediata,
Que acontece após a introdução do alergeno nos órgãos-alvo, que resulta na
desgranulação dos mastócitos com libertação de mediadores pré-formados. Isto ocorre
10 minutos depois e dura cerca de 1 a 3 horas com as seguintes características:
 Aumento da permeabilidade vascular local e edema dos tecidos;
 Aumento do fluxo sanguíneo;
 Prurido;
 Espirros e sibilos,
 Cólica abdominal
Estas reacções em geral ocorrem na pele, nariz, pulmão e tracto gastrointestinal
consoante o órgão-alvo na qual o alergeno se localiza.
2. Resposta de fase tardia,
Pode ocorrer dentro das horas de exposição ao alérgeno, alcançando um máximo de 6 a
12 horas e termina em 24 horas. As reacções na pele desta fase são:
 Edema,
 Eritema,
 Induração
No nariz e nos pulmões as reacções são:
 Obstrução nasal persistente (edema da mucosa),
 Broncoespasmo que se manifesta por respiração ruidosa com sibílos
3. Resposta alérgica crónica,
A inflamação tecidual pode persistir por dias ou anos, pois existe exposição periódica e
estimulação periódica que contribui para o dano contínuo nos tecidos locais. Isto
provoca mudanças irreversíveis nos órgãos-alvo (ex: lesões no pulmão no caso da asma)
com:
 Espessamento das paredes das vias aéreas com aumento do tecido submucoso;
 Hipertrofia do músculo liso e hiperplasia reduzindo a função pulmonar
No caso da pele a lesão consiste em:
 Liquenificação (espessamento da pele) na dermatite atópica

Avaliação Clínica

Anamnese

Um interrogatório adequado e cuidadoso, através das técnicas detalhadas na AP11 desta


Disciplina, é crucial tanto para estabelecer a confiança entre o paciente e o
acompanhante com o clínico, como para obter informações necessárias para o
diagnóstico da doença. Para além do interrogatório outros dados referentes ao paciente
podem ser obtidos a partir do Cartão de Saúde da Criança.

As doenças alérgicas resultam da exposição aguda ou crónica de um individuo


sensibilizado a um alergeno específico por inalação, contacto ou administração
injectável. Isso resulta em sinais e sintomas que envolvem, em separado ou em
combinação, os seguintes órgãos:

 Nariz,
 Olhos;
 Pulmões,
 Pele, incluindo canal auditivo,
 Tracto gastrointestinal

Assim a obtenção cuidadosa da história clínica do paciente, incluindo exposições


ambientais, toma de medicamentos, testes de laboratório apropriados são essenciais no
diagnóstico de patologias alérgicas.

Queixa Principal
Muitas crianças com doenças alérgicas têm comumente mais do que uma doença
alérgica, sendo assim elas podem referir queixas ligadas vários órgãos como olhos, pele,
nariz, aparelhos respiratório e gastrointestinal. Assim as queixas principais nas crianças
com doenças alérgicas no nariz, nos ouvidos, nos olhos, na pele, no palato e na garganta
são:

 Prurido
 Espirros e as vezes tosse seca e irritativa;
 Lacrimejo;
 Rinorreia ou secreção nasal purulenta indica sobre infecção, em geral bacteriana
e nessa altura em geral a febre está presente.

Os pais referem que a criança respira pela boca e ronca à noite

História de Doença Actual

Na obtenção da história da doença actual completa da criança atópica é importante


investigar:

Início, em termos de idade do paciente e progressão dos sintomas, e se são recorrentes,

Se é a primeira vez; caso não seja qual a duração das crises,

Qual a relação temporal dos sintomas, isto é se acontece mais em alguns períodos do
dia, ou surgimento dos sintomas após algum tipo de actividade como exercício ou
actividades domésticas como limpezas da casa nas crianças mais velhas ou
adolescentes,

Relação temporal também com épocas do ano na mudança das estacões ou quando
existe floração de flores em culturas,

Relação com exposição aos alergenos, sejam de contacto, ingestão (alimentos,


medicamentos);

Relação com contacto com animais domésticos com pêlo (gato ou cão);

Tipo de habitação da criança/adolescente, sobretudo o quarto onde dorme incluindo tipo


de colchão e almofadas;

Uso de tapetes e carpetes, de fontes de energia e calor como fogueiras, lenha;


Se há pessoas que fumam nos sítios onde a criança/adolescente passa a maior parte do
dia.

História Médica Pregressa, Antecedentes Pessoais e História Familiar

Importante indagar sobre a história médica pregressa atópica, assim importa saber:

Se as crianças mais velhas sobretudo adolescentes tiveram doenças atópicas na 1ª


infância;

História familiar de doença alérgica é comum e esse é um dos factores mais importantes
que predispõem uma criança ao desenvolvimento de alergias pois:

Quando um dos pais é alérgico, o risco de doença alérgica na criança é de cerca de 50%;

Se os 2 pais são alérgicos, o risco de doença alérgica na criança aumenta para cerca de
66%.

Exame Físico

Tendo em conta que as alergias são doenças sistémicas o exame objectivo deve
abranger o corpo todo e tal como no exame de outras patologias a criança deve ser
observada de preferência sem roupa respeitando-se a privacidade particularmente nas
crianças mais velhas e adolescentes. Assim como para outros aparelhos e sistemas o
exame para as doenças alérgicas inclui a inspecção, palpação e auscultação.

1. Inspecção deve-se observar:

Atitude da criança que devido ao prurido nasal e rinorréia esfrega frequentemente o


nariz para cima com a palma da mão - chama-se a este gesto saudação alérgica – e esse
gesto provoca o aparecimento de uma prega nasal, que é uma linha horizontal que se
desenvolve acima da base do nariz. Outra atitude da criança é a pressão que a criança
faz com o dedo polegar ou punho sobre os olhos devido ao prurido conjuntival.

Dispneia que surge sobretudo nas crianças com asma mas também se houver obstrução
importante das VAS, como nos casos de edema da epiglote.

Pele deve ser observada para evidenciar a presença de:

Urticária (Vide AP117 desta disciplina);


Angioedema (que é uma tumefacção circunscrita, em geral recidivante, que se origina
nas camadas profundas da pele e sub-mucosas que pode atingir tanto a pele dos dedos,
lábios, pálpebras, pénis como a árvore respiratória (laringe) ou língua,

Xerose ou pele seca, que é a anormalidade da pele mais comum nas crianças;

Queratose pilar, sobretudo nas faces extensoras dos membros superiores e coxas,
caracterizada por aspereza da pele pois a queratina tapa os poros dos folículos pilosos;

As palmas das mãos e plantas dos pés apresentam muitas rugas;

Frequentemente (60%) das crianças alérgicas desenvolvem uma cianose infra-orbitária,


devido à estase venosa, denominada de olheiras do alérgico, acompanhadas de pregas
cutâneas simétricas proeminentes que se originam no canto interno do olho (pregas de
Dennie-Morgan).

Olhos apresentam uma conjuntivite alérgica que se caracteriza por congestão


conjuntival com edema, que pode ser grave e atingir toda a região peri-orbitária.

Existe um exsudado ocular “pegajoso”. O edema pode provocar protrusão da córnea


(situação denominada de queratocone) produzida por fricção.

Pavilhão auricular deve ser observado, pois pode apresentar uma dermatite atópica.

Nariz pode mostrar uma prega nasal transversal na junção da porção óssea e
cartilaginosa causada pela fricção constante do nariz devido ao prurido. Pode haver
hipertrofia da mucosa nasal e dos cornetos. A mucosa nasal típica da rinite alérgica está
pálida arroxeada (o normal devia ser rosada). As secreções nasais são abundantes,
fluidas e claras.

Boca pode mostrar queilite causada por ressecamento dos lábios devido a contínua
respiração bucal e à salivação persistente, num esforço de humedecer os lábios e
diminuir o desconforto. A longo prazo a criança fica com desalinhamento dentário e
protrusão da arcada dentária superior.

2. Palpação

Os seios frontais e nasais podem estar dolorosos à palpação

3. Auscultação
Deve-se dar particular à auscultação pulmonar, sobretudo nas crianças com asma onde
existe alteração do murmúrio vesicular e presença de ruídos sugestivos de
broncoespasmo, os sibilos. E possível também detectar-se a presença e estridor
inspiratório quando existe comprometimento da laringe e cordas vocais. Pode haver
taquicárdia.

3.3 Quadro Clínico

3.3.1. Manifestações Clínicas

As manifestações clínicas das reacções alérgicas variam de leves a graves.


Na maioria dos casos são reacções leves e consistem de:

Incómodo causado pelo lacrimejo e prurido ocular.

Prurido que afecta:

 Nariz e ouvidos;
 Pele;
 Céu-da-boca e garganta.

Coriza (secreção nasal aquosa e fluída).

Urticária e erupções cutâneas generalizadas e intensamente pruriginosas

Figura: Criança com reacção a medicamentos incluindo Angioedema e Urticária

Fonte: http://medstation.yale.edu/pedres/www/urticaria.html

Espirros em salva (vários espirros seguidos).

Nariz obstruído.
Conjuntivite, faringite, sinusite e otite alérgicas.

Quando existem reacções graves, que ocorrem 10 a 20 minutos após o contacto com o
agente sensibilizador, e quanto mais precoce surgem mais grave é o quadro, consistem
em:
Sintomas iniciais de uma sensação de calor ou morte iminente, com tonturas, sensação
de “bolo” ou sufocação na garganta.
Dificuldade respiratória súbita, que se manifesta por:
Respiração ruidosa;
Dispneia;
Estridor inspiratório;
Pressão no peito ou garganta;

Sudorese abundante

Palidez que evolui para a cianose


Tosse, parecida com a que surge na difteria, seca, metálica e repetitiva
Enjoos e vómitos Edema, sobretudo na face, nos lábios, olhos, órgãos genitais e
pálpebras
(angioedema) .
Urticária e erupção cutânea com bordos serpiginosos e centro esbranquiçado
generalizadas e intensamente pruriginosas
Prurido generalizado.
Desmaio,
Colapso cardiovascular com hipotensão arterial grave que leva ao choque, coma que
pode evoluir para a morte.

Figura 2: Angioedema
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Angioedema

3.3.2. Complicações
Apesar de que todas as vias podem induzir anafilaxia, a via parenteral determina níveis
elevados circulantes do alergeno pelo que a reacção sistémica por esta via é mais grave
do que quando inalados ou ingeridos. Por isso a administração parenteral de
medicamentos e as reacções a picadas de insectos (que injectam o alergeno directamente
nos vasos cutâneos) são as que mais frequentemente causam anafilaxia e choque
anafiláctico. A anafilaxia e o choque anafiláctico constituem as complicações mais
graves da reacção alérgica que pode levar a morte em 10 - 20 minutos.
3.4 Exames Auxiliares e Diagnóstico
Como cada reacção alérgica é desencadeada por um alergéno específico o principal
objectivo do diagnóstico é identificação do agente sensibilizador. O alergéno pode ter
várias origens (próximo bloco). O alergéno pode ser identificado através de uma
investigação minuciosa realizada tanto pelo clínico como pelos cuidadores da criança ou
do próprio adolescente. Contudo essas suspeitas necessitam de comprovação
laboratorial de quais os alergenos responsáveis pelo quadro clínico. Apesar de que esses
exames não estão disponíveis a nível do TMG vale a pena mencioná-lo, e são feitos
através de:
Amostra de sangue que revela:
 Presença de muitos eosinófilos;
 Medição de anticorpos IgE específicos a um determinado alergeno
Testes de provocação cutânea:
Testes por punctura (picada em forma de ponto) que se usa para os casos de alergias a
pólen, poeiras, plantas, pólen de flores usa-se quantidades mínimas diluídas de um ou
vários alérgenos na pele do antebraço. No paciente alérgico em 10-20 minutos surge
uma pequena pápula e pruriginosa cercada de um eritema (semelhante a urticária). Esta
pápula resolve-se em 20-30 minutos. As vezes a pápula surge mais tarde, 6 - 12h após a
inoculação.
Quando não há resposta e a história é sugestiva, pode-se repetir o teste usando a
injecção intra-dérmica.
Nas alergias alimentares os testes intra-dérmicos podem causar anafilaxia por isso
não são aconselhados.
Patologias Alérgicas
4.1. Principais Alergenos e Respectivos Quadros Clínicas
Os alergénos comuns incluem determinadas substâncias que causam reacções por
contacto, alimentos, agentes infecciosos, inalantes, picada de insectos e agentes físicos.
Normalmente, o sistema imunológico distingue as inúmeras alérgenos do ambiente por
suas estruturas de superfície. Assim, por exemplo, as alergias podem desenvolver-se
apenas no pólen de certas plantas, enquanto que o pólen de outras plantas não
desencadear esta reacção. Uma alergia existente a um alergénio específico pode tambem
causar uma reacção se for exposto a um alergéno semelhante (chamada alergia cruzada).
As reacções alérgicas podem ser causadas:
1. Por contacto com:
Substâncias químicas, como insecticidas e detergentes caseiros sabões usados na
lavagem de fraldas que causam sobretudo manifestações clínicas:
 Cutâneas, com eritema e urticária e prurido local.
 Pode também causar espirros, coriza e irritação ocular
Plantas que causam sobretudo manifestações cutâneas, como eritema e urticária.
Podem provocar prurido local ou generalizado.
Metais usados para fazer bijutaria (brincos, pulseiras e anéis) e que se manifesta com
uma reacção urticariforme local na zona exacta do contacto

Figura: Alergia por contacto


Fonte: http://e-clothdiapers.blogspot.com/2010/08/cloth-diapers-and-working-mom.html

2. Inalantes tais como


Ácaros, que:
São pequenos artrópodes, parecidos com as aranhas, que vivem no pó das casas, fibras
das carpetes, colchões e almofadas, roupa de cama e bonecos de pelúcia;
Se alimentam da descamação de seres humanos e animais;
Além do corpo as suas fezes também causam alergia,
Vive em média de dois a três meses; uma fêmea coloca de 80 a 120 ovos durante a sua
vida e que pode produzir aproximadamente 20 bolotas fecais/dia. Fazendo as contas, um
colchão com dez anos de uso estima-se que tenha 1 trilhão de ácaros;
São os principais alergenos respiratórios, responsáveis pelo desencadeamento de asma,
rinosinusite e até mesmo dermatite atópica.

Figura 4: Ácaros encontrados no pó doméstico


Fonte: http://www.ars.usda.gov/is/espanol/kids/suburb/story2/sp.mites.htm

As manifestações clínicas das alergias por ácaros são:


Eczema cutâneo;
Espirros quando a pessoa se levanta de manhã e melhora logo que sai do quarto;
Coriza;
Prurido ocular com inflamação dos olhos com vermelhidão, lacrimejo;
Broncoespasmo podendo evoluir para asma manifesta;
Prurido no céu-da-boca.
Baratas apesar de serem insectos, causam alergia pelo mesmo mecanismo que os ácaros:
Causam asma e rinite em adultos e crianças. Os alergenos da barata são proteínas de seu
corpo que persistem no ambiente por vários meses, mesmo após uma radical fumigação,
fazendo parte do pó desses lugares e, uma vez inalados, causam alergias;
A espécie vive na terra há mais de 200 milhões de anos;
Sobrevivem tanto no deserto como nos pólos, podem ficar 30 dias sem comer, 7 dias
sem beber e se necessário podem comer fezes, outras baratas vivas ou mortas;
No verão, as baratas aproveitam a aceleração de seus processos bioquímicos para se
reproduzirem mais rápido, e claro, para passear livremente dentro das nossas casas;
A barata de cozinha movimenta-se por condutas eléctricas e de água e esgotos;
Além das doenças alérgicas podem transmitir doenças fúngicas ou bacterianas
As manifestações clínicas da alergia às baratas são semelhantes à dos ácaros.
Fungos, conhecidos como bolores ou mofo, existem no ar de espaços húmidos e pouco
ventilados, causando manifestações clínicas acima descritas
Pó que para além de conter ácaros o próprio pó funciona com uma substância
sensibilizadora que dá manifestações clínicas acima descritas
Pólen que são grãos produzidos pelas plantas, suficientemente pequenos e leves para
serem transportados por insectos e pelo vento, e entrar no aparelho respiratório. Causam
a chamada “febre do feno”, que é uma crise violenta e se manifesta com:
 Rinoconjuntivite;
 Espirros;
 Coriza;
 Broncoespasmo, podendo evoluir para asma manifesta
Pêlos de animais, onde a alergia é provocada por proteínas que existem na pele,
pêlo, saliva e urina de animais como cães e gatos e que se manifestam como no
caso dos pólens Perfumes e fumaça que se manifestam clinicamente por manifestações
clínicas acima descritas.
3. Agentes Físicos, que causam urticária que se caracterizam pelo aparecimento de
lesões após aplicação de um estímulo físico na pele. São exemplos:
 Fricção que causa o dermatografismo;
 Frio que produz urticária ao frio;
 Pressão causando urticária de pressão que ocorre em sítios de roupa apertada,
nádegas e os sintomas surgem 4 a 5 horas depois da pressão ter sido feita;
 Vibração dando a urticária vibratória;
 Luz solar responsável pela urticária solar;
 Água causando uma forma rara de urticária denominada aquagénica;
 Urticária colinérgica que resulta de banhos quentes, suor e exercício físico
4. Alimentos, que causam desde alergias leves até choque anafiláctico com
manifestações já descritas. Também podem causar broncoespasmo, rinite, espirros,
prurido nasal e generalizado, eritema, urticária, dor abdominal, vómitos e diarreia. Os
mais frequentes são:
Leite de vaca, que dá intolerância, na pessoa com pouca ou nenhuma lactase que é
necessária para digerir a lactose do leite. É a alergia mais comum entre os bebés e pode
aparecer em qualquer idade mas em geral surge durante desmame.
Manifesta-se por:
Distúrbios digestivos, como diarréia, vómito e flatulência;
Eczema, eritema da pele e urticária;
Manifestações respiratórias com dificuldade respiratória por broncoespasmo,
Pode causar alergias cruzadas com as proteínas de outros tipos de leite, como as do leite
de soja e outros animais como cabra e ovelha
Soja, incluindo leite de soja causam as mesmas manifestações clínicas que o leite
Ovos, é uma alergia dominante em lactentes podendo provocar uma reacção de leve a
grave devido à presença de proteínas contidas sobretudo na clara do ovo. Os sintomas
podem ser respiratórios, de asma ou cutâneos (eczema, urticária). Como o ovo está
muito presente em muitos preparados como os bolos e as bolachas, tal como nas
alergias às proteínas de leite de vaca podem gerar alergias cruzadas com as proteínas de
leite de várias origens.
Mariscos, sendo que os mais comuns os crustáceos (camarão e caranguejo) e os
moluscos. Os sinais e sintomas em geral surgem entre 15 minutos a 2 horas após a
ingestão e assemelham-se a outras alergias alimentares com:
 Manifestações cutâneas como o eczema, eritema da pele e urticária;
 Manifestações gastrointestinais como diarreia, vómito e flatulência;
 Manifestações respiratórias com dificuldade respiratória por broncoespasmo
Os crustáceos são os que mais frequentemente causam choque anafiláctico. Existem
muitas reacções cruzadas nas alergias aos mariscos pelo que quando a pessoa é alérgica
a um tipo de marisco deve evitar consumir todos os mariscos
Carne de porco, onde as manifestações clínicas são sobretudo cutâneas (eczema, eritema
da pele e urticária).
Chocolate, causada pelo cacau e outros ingredientes usados na confecção do chocolate
como o leite, amendoim, nozes, glúten, aditivos e conservantes
Morango, é uma alergia a certas proteínas encontrada em morangos. Outros frutos
como kiwi, ananás e citrinos podem causar alergia como a do morango. Manifestase
por:
Dormência e formigueiro na boca;
Lábios, boca e garganta ardentes com edema dos lábios, língua e palato;
Lacrimejamento com prurido ocular;
Desconforto intestinal, com vómitos, cólicas e diarreia;
Corrimento nasal com espirros podendo causar dificuldade respiratória por
broncoespasmo.
Nos casos graves pode causar choque anafiláctico.
Legumes e vegetais, como o tomate que causa manifestações semelhantes às do
morango.
Cereais devido a presença do glúten que é uma proteína de planta contida em
determinados cereais (centeio, trigo, cevada, aveia) e alimentos confeccionados com
estes últimos (massas, bolachas, pão). A intolerância ao glúten, ou doença celíaca causa
sintomas como:
 Diarreia, acompanhada por aumento reduzido de peso;
 Abdómen distendido;
 Anemia.
Amendoim e outras nozes que na maior parte das vezes, exantemas, eczema ou
edema sobretudo nas VAS. Tal como sucede com a maioria das alergias, o risco de
causar choque anafiláctico está presente

Figura 5: Alergia Alimentar


Fonte: http://www.alergohouse.com.br/blog/index.php/vale-a-pena-ler/alergia-alimentar/

5. Agentes Infecciosos, tais como:


 Bactérias
 Vírus
 Fungos
6. Picadas de insecto, tais como:
Formigas, mosquitos, moscas e pulgas causam o chamado prurigo estrófulo que se
manifesta clinicamente com:
Prurido que condiciona ao aparecimento de pápulas ou espessamento da pele;
As pápulas estão centradas com uma vesícula que seca rapidamente
Abelhas e vespas que causam as reacções mais graves que se manifestam usualmente
com reacções urticariformes, mas podem ser papulares ou vesiculares, sobretudo nas
extremidades e geralmente são múltiplas. As alergias mais graves
causadas por insectos venenosos podem manifestar-se por:
Reacções locais simples, que evoluem com edema limitado, dor local e em geral estes
sintomas desaparecem em algumas horas (< de 1 dia).
Reacções locais extensas, que se desenvolvem durante horas a dias envolvem áreas mais
extensas (>10cm).
Reacções cutâneas generalizadas, em geral estas reacções progridem dentro de minutos
e incluem sintomas de:
Urticária intensa gigante no local e foral do local da picada
Angioedema, que aparece como edema da face, dos olhos, língua,
faringe e membros
Prurido generalizado afectando áreas onde não sofreram picadas
Reacções sistémicas idênticas a anafilaxia com:
Urticária, onde as lesões podem ser enormes, no local e longe do
local da picada
Angioedema acentuado
Edema dos lábios e da laringe que causa asfixia
Broncoespasmo
Hipotensão, com colapso cardiovascular, seguindo-se o coma, choque que pode evoluir
para a morte
Reacções tóxicas com febre, mal-estar, náuseas, vómitos podem surgir quando há
picadas múltiplas do insecto devido às propriedades quimicas do veneno do insecto.
7. Medicamentos - onde as manifestações clínicas principais são:
 Prurido
 Urticária (placas vermelhas, elevadas e pruriginosas)
 Angioedema
 Reacções gastrointestinais (dor abdominal, vómitos e diarreia)
 Rinoconjuntivite, com espirros, prurido no nariz, olhos e ouvido
 Vermelhidão ocular e lacrimejamento
 Broncoespasmo e dispneia
Em alguns casos as reacções são graves provocando choque anafilático com edema da
glote, colapso respiratório e cardíaco, coma e que pode evoluir para a morte. Pode
acontecer com a Penicilina e seus derivados, tanto com ingestão oral, aplicação tópica
ou administração parenteral.
Para além da Penicilina todos os medicamentos podem causar urticária, mas os mais
comuns são:
Ácido Acetilsalisílico (AAS) e os anti-inflamatórios não esteróides (AINE), Morfina,
Hidralazina e hormonas que dão como sinais e sintomas como:
Urticária
Angioedema acentuado
Podem agravar a asma e a rinite alérgica, principalmente quando há pólipos nasais
O Cotrimoxazol pode causar o Síndrome de Stevens-Johnson
8. Outros como o látex presente nas luvas, que é uma alergia por contacto ou exposição
a produtos derivados da borracha causando:
Lesões cutâneas com eritema, urticária pruriginosa podendo causar vesículas
Podem causar febre ou asma
Congestão nasal e dificuldade na respiração
Os casos mais severos podem resultar em anafilaxia uma reacção fatal já descrita.
4.2. Conduta
4.2.1. Tratamento de Urgência
O tratamento do choque anafiláctico, qualquer que seja o agente etiológico, é sempre o
mesmo e inclui os seguintes passos:
Tratamento não farmacológico:
Colocar o paciente em posição de Trendlenburg (a pessoa fica em decúbito dorsal,
inclinada cerca de 40 graus, com a cabeça numa posição inferior
aos pés).
É importante não levantar a cabeça do paciente e soltar a roupa ou despir o
paciente.
Medir a TA, onde o seu aumento acompanhado de aumento da frequência
cardíaca é sinal de anafilaxia incipiente. A redução da TA e aumento da
frequência do pulso indicam uma reacção vasomotora. A TA deve ser medida de 5 em 5
minutos
Tratamento farmacológico:
Canalizar veia;
Aspirar secreções e administrar oxigénio com máscara;
Fase inicial:
Adrenalina, injecção 1mg/ml (solução 1:1000), que deve ser administrada
em 1º lugar pela via I.M., na dose de 0.01mg/kg/dose ou 0.01ml/kg/dose.
Administra-se do seguinte modo:
Solução não diluída 1mg/ml usando uma seringa de 1ml graduada em 100:
Crianças 6M - 6 anos: 0.12ml
Crianças de 6 - 12 anos: 0.25ml
Crianças >12 anos: 0.5ml
Quando não se dispõe de seringas de 1ml deve-se usar a solução
diluída a 0.1mg/ml que se obtém juntando 1mg de Adrenalina com 9ml de S.
Fisiológico a 0.9% (solução 1:10000), administrando do
seguinte modo:
 Crianças de 6M - 6 anos 1.2ml
 Crianças de 6 - 12 anos: 2.5ml
Pode repetir-se a dose se ao fim de 5minutos os sinais de choque anafilático se mantêm.
A Adrenalina por via E.V. em casos em que existe colapso circulatório
usando uma solução diluída a 0.1mg/ml, que se obtém juntando 1mg de
Adrenalina em 9ml de S. Fisiológico a 0.9% e administrar do seguinte modo:
0.1ml/kg (0.01mg/kg) administrando lentamente em alguns minutos. Pode-se repetir
passados 3 a 5 minutos se o paciente não melhora
Anti-histamínicos: Difenidramina 5mg/Kg/dia IE ou IM em 3 tomas
Hidrocortisona, injecção de 100mg em pó para dissolver em 2ml de Agua
Esterilizada P.P.I.. Dose única 8 a 10 mg/kg E.V. muito lentamente.
Administra-se do seguinte modo:
 Crianças < de 1 ano: 25 mg/injecção
 Crianças de 1 - 5 anos: 50 mg/injecção
 Crianças de 6 - 12 anos: 100 mg/injecção
Se houver broncoespasmo: Fazer Aerosol de Salbutamol
Fase posterior ou alergias sem anafilaxia:
Clorfeniramina Maleato em xarope de 2 mg/5 mL (Fr. 125mL oral: 0,4
mg/kg/dia divididos em 3 a 4 tomas da seguinte forma:
Crianças de 1 - 2 anos: 1 mg (2,5 mL) 2xs/dia
Crianças de 2 - 5 anos 1mg/dose 3 - 4xs/dia (máximo de 6 mg/dia).
Crianças de 6 - 12 anos: 2 mg/dose (5 mL) 3 - 4xs/dia (máximo de
12mg/dia).
Crianças mais velhas: 1 comprimido (4mg)/dose 3 - 4xs/dia
(máximo de 24mg/dia)
OU Prometazina oral em xarope de 5mg/5ml ou comprimidos de 10mg
Crianças na dose de 1mg/Kg/dose 1-3 x/dia
Crianças mais velhas (>10 anos): 25 mg ao deitar ou 10 mg em 1 a
3xs/dia
Após o controlo do choque anafilático deve-se manter a criança hospitalizada em
observação por pelo menos 24 horas pois pode haver outra crise.
Nota: Não se deve administrar Clorfeniramina a crianças < de 1 ano. Não está
recomendado o uso de Prometazina à crianças de < 2 anos.
4.2.2. Manutenção
Usam-se vários fármacos no tratamento das alergias crónicas nomeadamente:
Tópicos para os eczemas e urticária
 Ureia Creme a 5%: Aplicar camada fina, com fricção suave, sobre as lesões, 2 -
3 xs/dia
Descongestionantes nasais para a rinite tais como
 Fenilefrina, gotas nasais a 0. 25%, frasco 10 mL Dose: 1-2 gotas/cada narina 3 -
4 xs/dia
Oral para controlo das manifestações sistémicas
 Clorfeniramina, nas doses indicadas anteriormente
 Prometazina, nas doses indicadas acima.
Quando não é possível evitar um alergeno existe uma terapia alergénica, onde se vai
injectando por via subcutânea doses progressivamente maiores de alergeno até se atingir
um nível de manutenção. Contudo este tratamento está reservado a médicos
especialistas.
4.3. Prevenção
O princípio básico do tratamento da alergia é a prevenção evitando exposição a
alergenos e irritantes que desencadeiam a sintomatologia. Evitar um alergeno é melhor
que tentar tratar uma reacção alérgica. Por isso é importante que o cuidador da criança
ou a própria criança ou adolescente compreendam muito bem o que é a alergia e quais
são os mecanismos fiisiopatológicos causadores das alergias. É por isso importante
identificaro as substâncias sensibilizadoras e as vias que causam a alergia de modo a se
tomar algumas medidas controladoras. Assim evitar uma substância significa:
Tomar medidas no quotidiano da vida da criança que resume essas medidas:
Mudar a alimentação ou evitar certos alimentos (leite de vaca, morangos e mariscos);
Tomar medidas de controlo ambiental que minimizem o risco de surgimento das
alergias Interrupção do uso de um determinado medicamento
Cuidados especiais dos técnicos de saúde indagando junto ao paciente/cuidador se tem
alguma alergia medicamentosa (Por ex. substituir Penicilina por Eritromicina). Ter
sempre preparado mesa de reanimação com seringa com Adrenalina quando administrar
antibióticos sobretudo injectáveis.
Conclusão

No preesnte trabalho concluímos que a anafilaxia é uma reacção alérgica sistémica


severa e rápida a uma determinada substância, que ao ser administrada pela primeira vez
não provocou essa reacção. O tipo mais grave da mesma é o choque anafiláctico pois
pode causar a morte se não for prontamente tratado. E as reacções alérgicas mais graves
são provocadas por introdução sistémica do alergeno, tais como as que resultam da
administração EV de fármacos ou por picada de insecto. Alergia é uma resposta
exagerada, do sistema imunológico a uma substância estranha ao
organismo, denominadas de antígeno. Caracteriza-se por um conjunto de fenómenos
respiratórios, nervosos ou cutânea. Os portadores de alergias são denominados de
“atópicos”. E que as doenças alérgicas resultam da exposição aguda ou crónica de um
indivíduo sensibilizado a um alergeno específico por inalação, contacto ou
administração injectável. Isso resulta em sinais e sintomas que envolvem, em separado
ou em combinação, diversos órgãos sobretudo olhos, nariz, pulmões, pele e tracto
gastrointestinal.
Referencias bibliograficas

 R. M. Kliegman, et al, Nelson Tratado de Pediatria 18th Edição;2009


 Pediatrics and Child Health – A manual for health professionals in developing
countries – Coovadia, Wittenberg – Oxford 5th Edition; 2006
 Primary child care - A Manual for Health Worker - WHO- Macmillan 2nd
edition; 2009
 Cuidados hospitalares para crianças: Normas para Manejo de Doenças
Frequentes Com Recursos Limitados - OMS – 2005
 MSF, Essential Drugs – Practical Guidelines Intended for Physicians,
Pharmacists, Nurses and Medical Auxiliaries, 2010 Edition
 www.medscape.com/pediatrics

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