Alergia Alimentar Conceitos Conselhos e Precaues PDF
Alergia Alimentar Conceitos Conselhos e Precaues PDF
Alergia Alimentar Conceitos Conselhos e Precaues PDF
ALIMENTAR:
CONCEITOS,
CONSELHOS
E PRECAUÇÕES
Alergia alimentar:
Conceitos, Conselhos e Precauções
1ª Edição - Outubro de 2017
Editores:
Célia Costa
Sara Prates
Isabel Carrapatoso
Publicado por:
Thermo Fisher
Produção:
Cor Expressa - Design e Produções, Lda
Tiragem:
200 exemplares
PREFÁCIO 4
INTRODUÇÃO ALERGIAS E INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES 7
ALERGIA ÀS PROTEÍNAS DO LEITE DE VACA 17
ALERGIA AO OVO 27
ALERGIA AO PEIXE 35
ALERGIA AOS MARISCOS CRUSTÁCEOS E MOLUSCOS 43
ALERGIA A FRUTOS FRESCOS 51
ALERGIA A FRUTOS SECOS E SEMENTES 65
ALERGIA A CEREAIS 71
ALERGIA A LEGUMINOSAS 79
ALERGIA ÀS CARNES 87
ALERGIA A CONDIMENTOS E ESPECIARIAS 95
REAÇÕES ALIMENTARES ADVERSAS A ADITIVOS 103
PREFÁCIO
Acabámos por constatar que os textos finais são bastante detalhados, muito
informativos, mas talvez demasiado complexos para alguns dos nossos
doentes. No entanto, após alguma discussão em reunião do Grupo de
Interesse, optámos por manter este formato por se ter considerado que pode
ser útil, não apenas aos doentes que tenham o desejo de obter informação mais
pormenorizada mas também aos colegas que os acompanham. O próximo
passo, com o qual já nos comprometemos, será a elaboração de uma versão
simplificada de cada um dos folhetos agora disponibilizados, de modo a tornar
a informação mais relevante facilmente acessível a todos os nossos doentes.
Embora o nosso objectivo inicial fosse apenas a colocação destes textos no site
da SPAIC, num formato amigável para impressão, o apoio oferecido pela
Thermo Fisher Scientific tornou possível a sua edição também sob a forma de
livro, que muito nos satisfaz. Esperamos que a sua leitura possa ser útil a todos
os colegas e contribua para uma melhoria do aconselhamento aos doentes que
sofrem de alergia alimentar.
Sara Prates
PREFÁCIO 5
INTRODUÇÃO
ALERGIAS E
INTOLERÂNCIAS
ALIMENTARES
INTRODUÇÃO
ALERGIAS E INTOLERÂNCIAS
ALIMENTARES
A alergia é a resposta excessiva do sistema imunológico aos alergénios,
partículas estranhas ao organismo mas habitualmente inócuas. Esta resposta
ocorre nos indivíduos atópicos, ou seja, aqueles que herdam a capacidade
de desenvolver alergia. Quando expostos aos alergénios, os atópicos
sensibilizam-se e, consequentemente, passam a manifestar sintomas sempre
que contactam com aqueles. A alergia alimentar é frequentemente a primeira
manifestação de doença alérgica. Na infância, a sensibilização desenvolve-se
progressivamente de acordo com a exposição, sendo os alimentos as primeiras
substâncias estranhas às quais a criança poderá desenvolver alergia na
denominada marcha alérgica. O diagnóstico precoce afigura-se, portanto,
fundamental no prognóstico da doença, sendo a alergia alimentar encarada,
frequentemente, como um marcador de predisposição atópica. Embora mais
frequente na infância, a alergia alimentar pode surgir em qualquer idade.
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lábios e mucosas, sendo a resolução mais lenta comparativamente à da
urticária. A síndrome de alergia oral (SAO) caracteriza-se pelo aparecimen-
to de edema, prurido e/ou formigueiro dos lábios, língua, orofaringe ou toda
a cavidade oral quando o agente causal, habitualmente um fruto fresco ou
vegetal, contacta com a mucosa oral. As manifestações gastrintestinais
mais frequentes na alergia alimentar são as náuseas, os vómitos, as cólicas
abdominais e a diarreia. As reações anafiláticas caracterizam-se pela
ocorrência de sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para
além dos sintomas nas mucosas e pele surgem associadas manifestações
respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou cardiovasculares. Estas reacções de
tipo imediato ou de hipersensibilidade mediada por IgE resultam da produção
excessiva de imunoglobulina E específica para determinado alimento. Quando
em contacto com o alergénio alimentar, a IgE específica fixada na superfície
das células vai promover a desgranulação de mastócitos e basófilos
desencadeando toda a resposta inflamatória alérgica. As manifestações
clínicas de alergia alimentar decorrem habitualmente da ingestão do alimento
mas também a inalação ou o contacto cutâneo com os alergénios alimentares
poderão desencadear sintomas.
O diagnóstico das alergias alimentares não mediadas pela IgE e das alergias
mistas está dificultado porque como as manifestações clínicas ocorrem de
forma mais tardia é mais difícil a identificação do agente causal. Poderá ser
necessário recorrer a testes menos usuais tais como endoscopias digestivas,
biópsias e testes de contacto. Os testes de provocação são também mais
difíceis de interpretar, já que a reatividade clínica, a um determinado alimento,
pode demorar alguns dias até se manifestar.
Tal como nas formas alérgicas mediadas por IgE, o principal tratamento das
formas mistas e não mediadas por IgE é a evicção do alimento causador
dos sintomas. Várias terapêuticas têm sido usadas destacando-se as dietas de
eliminação, as fórmulas terapêuticas à base de aminoácidos, a corticoterapia
oral ou tópica e os anti-histamínicos orais.
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SINTOMAS da APLV
A apresentação clínica da APLV, pode variar desde formas ligeiras a formas muito
graves, de início muito rápido a mais tardio, devendo suspeitar-se desta alergia
quando sintomas idênticos se repetem após a ingestão de leite ou de derivados.
A APLV mediada por anticorpos IgE é a mais comum, sendo uma reação
imediata com início geralmente nos primeiros 30 minutos e até 2 horas após a
exposição ao alimento (ingestão, contacto, ou inalação de partículas).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico deverá ser suspeitado pela existência de história clínica
sugestiva, nomeadamente introdução recente de leite adaptado (fórmula de
leite em pó para lactentes) com posterior aparecimento, após alguns minutos
ou horas, dos sinais ou sintomas característicos desta doença, que passam a
reproduzir-se após as ingestões subsequentes de lácteos.
TABELA 1 – EXEMPLOS DE ALIMENTOS QUE PODEM CONTER LEITE, DERIVADOS DO LEITE OU PROTEÍNAS LÁCTEAS
Produtos de padaria/pastelaria Pão-de-leite, pão de forma, pão tipo brioche, croissant, queques,
bolos de arroz, pastel de nata, bolos com cremes
Em Português:
Em Inglês:
ALIMENTOS SUBSTITUTOS
Leite materno.
Leite extensamente hidrolizado (leite em pó com as proteínas do
leite de vaca extensamente hidrolizadas, i.e., as PLV são modificadas
por fragmentação reduzindo o estímulo para a reação alérgica.
Papas não lácteas (as que são para fazer com o leite do bebé e não
com água). Algumas papas para fazer com o leite do bebé contêm
uma pequena percentagem de leite na composição pelo que é
sempre aconselhável verificar a lista de ingredientes.
Bebidas ou fórmulas para lactentes baseadas em proteínas de
origem vegetal (soja, arroz, aveia, coco, amêndoa, avelã, espelta,
quinoa, kamut, semente de cânhamo, linhaça).
Todos os alimentos que na sua composição estejam isentos de
proteínas de leite de vaca – leia todos os rótulos de alimentos
(os fabricantes podem alterar a composição dos seus produtos a
qualquer momento, portanto, leia sempre os rótulos antes de
comprar ou consumir).
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inchaço e comichão na boca (síndrome de alergia oral), náuseas, vómitos,
diarreia, cólicas, queixas respiratórias (espirros e congestão nasal, tosse,
pieira e crises de dificuldade respiratória motivadas por obstrução das vias
aéreas superiores – edema da glote – ou inferiores – broncospasmo), e até
mesmo anafilaxia. Esta é a reação alérgica mais grave, na qual ocorre a rápida
evolução de sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para
além dos sintomas nas mucosas e na pele, surgem associadas manifestações
respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou cardiovasculares ou mesmo a morte
se não for imediatamente tratada. A maioria das reações dura menos de um
dia. Não esquecer que a alergia alimentar é a causa mais frequente
de anafilaxia, em qualquer idade, e que um choque anafilático requer
tratamento imediato.
A alergia alimentar ao ovo não mediada pelos anticorpos IgE envolve outros
mecanismos imunológicos, nomeadamente células específicas ou outros tipos
de anticorpos. É uma reação habitualmente tardia, com início mais de duas
horas após a ingestão do alimento e, por vezes, de difícil diagnóstico. Pode
manifestar-se por sintomas gastrintestinais, tais como vómitos e diarreia.
Alguns tipos de intoxicação alimentar pelo ovo podem assemelhar-se, nas suas
manifestações clínicas, a uma reação alérgica, incluindo sintomas como dores
abdominais e outros sintomas gastrintestinais, tais como diarreia. No entanto,
nestes casos há habitualmente várias pessoas afetadas de forma simultânea,
o que é improvável no caso de uma reação alérgica. Por outro lado, se se trata de
uma reação alérgica, os sintomas repetem-se de forma consistente, sempre
que o ovo é ingerido, ao contrário do que se passa numa intoxicação alimentar,
que é um acontecimento esporádico, com baixa probabilidade de se repetir
num mesmo indivíduo.
A clara tem proteínas que podem ser destruídas pelo calor, e outras que não o
são (ex: ovomucóide). Isto explica que alguns doentes sejam apenas alérgicos
ao ovo cru enquanto outros são alérgicos ao ovo cru e cozinhado, não
tolerando alimentos que possam conter ovo, mesmo quando submetidos a
altas temperaturas, como bolos e bolachas. A alergia à ovomucoide pode ser
um indicador de alergia ao ovo com tendência a persistir.
Algumas proteínas do ovo, como a lisozima, podem ser utilizadas como aditivo
na indústria alimentar pela sua ação anti-bacteriana e conservante. Podem,
também, encontrar-se proteínas de ovo em medicamentos (ex. propofol-
anestésico geral), em champôs e em cosméticos. Se for alérgico ao ovo e tiver
necessidade de realizar um procedimento cirúrgico deve informar o seu
Anestesista da sua alergia antes deste procedimento.
Uma vez estabelecido o diagnóstico, o doente deve ser ensinado a evitar o ovo
e todos os produtos que o contenham.
É importante que quem contacta diariamente com o doente, para além dos
familiares, tenha conhecimento da sua alergia e conheça o plano de
tratamento de emergência e saiba quando, e como, administrar adrenalina.
ALERGIA AO OVO 31
usado na preparação da refeição tiver sido previamente usado num alimento
de risco. A própria confeção, pela cozedura simultânea de diversos alimentos
ou a reutilização dos mesmos óleos de fritura, poderá representar um fator de
risco adicional.
Doces Bolos, bolachas, biscoitos, pudins, leite creme Mousses, gelados, ovos moles, merengue
e outros cremes de ovos, doçaria conventual e suspiros, coberturas de bolo
em geral, crepes, nougat
Nos doentes com alergia grave ao ovo que apresentam sintomas com a
inalação de partículas de ovo (ex. clara de ovo em pó), em casa ou no local de
trabalho, torna-se também necessário eliminar o alergénio do ambiente
destes doentes. No caso em que não seja possível fazê-lo pode ser necessário
mudar o doente de local de trabalho.
A alergia ao ovo pode não ser definitiva, em especial nas crianças. Quando a
alergia persiste para além da adolescência, o aparecimento de tolerância ao
ovo é excepcional e não se conhece a evolução do quadro clínico ao longo da
vida adulta.
Caso suspeite de que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselha-
mento numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
ALERGIA AO OVO 33
ALERGIA AO
PEIXE
ALERGIA AO
PEIXE
O peixe é uma importante fonte de proteínas e também de outros nutrientes
com benefícios para a saúde, como os ácidos gordos ómega-3, vitaminas A, D,
E e selénio. O seu consumo regular tem um efeito comprovado na saúde
cardiovascular e poderá também ter outros benefícios ainda em estudo,
nomeadamente ao nível do sistema nervoso. No entanto, o peixe também é
um dos alimentos mais frequentemente responsáveis por reações alérgicas no
nosso país.
As reações adversas causadas pela ingestão de peixe podem ser alérgicas (de
causa imunológica) ou não alérgicas (de causa não imunológica). Estas últimas
são mais frequentes e devem-se sobretudo à presença de toxinas ou à
contaminação por agentes infeciosos, habitualmente resultante de falhas nos
processos de refrigeração e conservação do peixe.
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inchaço das camadas profundas da pele (angioedema), inchaço e comichão na
boca (síndrome de alergia oral), náuseas, vómitos, diarreia, cólicas, queixas
respiratórias (espirros e congestão nasal, tosse, pieira e crises de dificuldade
respiratória motivadas por obstrução das vias aéreas superiores – edema da
glote – ou inferiores – broncospasmo), até à anafilaxia. Esta é a reação alérgica
mais grave, na qual ocorre a rápida evolução de sintomas envolvendo dois ou
mais órgãos ou sistemas. Para além dos sintomas nas mucosas e na pele
surgem associadas manifestações respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou
cardiovasculares ou mesmo a morte se não for imediatamente tratada. Não
esquecer que a alergia alimentar é a causa mais frequente de anafilaxia, em
qualquer idade.
A alergia alimentar ao peixe não mediada pelos anticorpos IgE envolve outros
mecanismos imunológicos ainda mal conhecidos. Dá origem a reações
normalmente tardias, com início mais de 2 horas após a ingestão do peixe e
por vezes de difícil diagnóstico. Pode manifestar-se por sintomas gastrintesti-
nais, tais como vómitos e diarreia que podem levar a desidratação com risco de
redução acentuada da tensão arterial, especialmente em crianças pequenas.
A alergia alimentar ao peixe pode também estar envolvida noutras reacções de
início tardio como a dermatite atópica e a esofagite eosinofílica.
ALERGIA AO PEIXE 39
Caso já tenha tido uma reação grave deverá trazer sempre consigo
uma “caneta” para auto-administração de adrenalina (as duas
marcas que estão disponíveis neste momento no mercado nacional
são designadas Anapen® e Epipen®) e as pessoas que lhe são
próximas devem estar informadas a respeito da sua alergia, para
que possam, se necessário, auxiliá-lo.
A alergia ao peixe pode não ser definitiva, em especial nas crianças. Vale a
pena reavaliar a situação com alguma periodicidade, para identificar uma
eventual aquisição de tolerância. Esta reavaliação deve ser feita com a
colaboração do seu Imunoalergologista, de modo a prevenir a ocorrência de
reações alérgicas graves.
Caso suspeite de que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselha-
mento numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
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nas suas manifestações clínicas a uma reação alérgica. No entanto, nesses
casos há, habitualmente, várias pessoas afetadas de forma simultânea, o que é
improvável no caso de uma reação alérgica. Por outro lado, quando se trata de
uma reação alérgica os sintomas repetem-se sempre que o marisco
responsável é ingerido, ao contrário do que se passa numa intoxicação
alimentar, que é um acontecimento casual com baixa probabilidade de se
repetir no mesmo indivíduo.
A alergenicidade do marisco pode ser aumentada pelo calor, daí que o marisco
cru é menos alergénico que o cozinhado. A alergia ao marisco tende a ser
persistente e o único tratamento disponível é a evicção do seu consumo ou
mesmo do contacto com a pele. No caso de pessoas muito sensíveis deve ser
evitada a inalação do vapor em áreas onde se manipula ou confeciona estes
alimentos. Os mariscos não são alimentos essenciais na dieta e, portanto, a sua
restrição não acarreta défices nutricionais.
Recomendações importantes
Caso suspeite que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselhamento
numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
A clínica da alergia alimentar a frutos frescos pode variar desde formas ligeiras
a formas muito graves, de início muito rápido a mais tardio, devendo suspeitar-
-se desta alergia quando sintomas idênticos se repetem após a ingestão do
mesmo fruto ou de frutos da mesma família botânica.
A alergia alimentar mediada por anticorpos IgE é a mais comum. É uma
reacção imediata, com início geralmente nos primeiros 30 minutos e até 2
horas após a exposição ao fruto (ingestão, contacto, ou inalação de partículas).
Pode ter um amplo leque de manifestações, desde manchas ou pápulas
vermelhas na pele com comichão (urticária), inchaço das camadas profundas
da pele (angioedema), inchaço e comichão na boca (síndrome de alergia oral),
náuseas, vómitos, diarreia, cólicas, queixas respiratórias (espirros e congestão
nasal, tosse, pieira e crises de dificuldade respiratória motivadas por obstrução
das vias aéreas superiores – edema da glote – ou inferiores – broncospasmo),
até à anafilaxia.
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A anafilaxia é a reacção alérgica mais grave, na qual ocorre a rápida evolução
de sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para além dos
sintomas nas mucosas e na pele surgem associadas manifestações
respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou cardiovasculares ou mesmo a morte,
se não for imediatamente tratada. Estas reacções estão especialmente
documentadas para frutos como o pêssego ou o kiwi. Nalguns casos, a
anafilaxia ocorre apenas quando se realiza exercício físico após a ingestão do
fruto a que se é alérgico (anafilaxia induzida pelo exercício e dependente de
alimentos).
A alergia alimentar não mediada pelos anticorpos IgE é rara no caso dos frutos
e envolve outros mecanismos imunológicos, nomeadamente células
específicas ou outros tipos de anticorpos. É uma reação normalmente tardia,
com início mais de 2 horas após a ingestão do alimento, e por vezes de difícil
diagnóstico. Pode manifestar-se por sintomas gastrintestinais, tais como
vómitos ou diarreia. A alergia alimentar pode ter também um mecanismo
imunológico misto, envolvendo simultaneamente mecanismos mediados por
IgE e por células tal como sucede na dermatite atópica e na esofagite
eosinofílica. Muitos óleos ou substâncias activas presentes em frutos podem
causar dermatite de contacto.
ROSÁCEAS
A família das Rosáceas inclui frutos carnudos com caroço, como pêssegos,
alperces, ameixas, cerejas, e amêndoas (subfamília Prunoideae) e frutos
carnudos com várias sementes, como a pera e a maçã (subfamília Pomoideae).
Os morangos são outros dos membros das Rosáceas (subfamília Rosoideae).
Dentro desta família, o fruto mais frequentemente responsável por alergia, em
países do sul da Europa, como Portugal, é o pêssego. O morango, muitas vezes
responsabilizado por supostas reacções alérgicas, está na realidade entre os
menos frequentemente implicados, tal como a pera.
Maçã Maçã fresca Europa do Sul – associação com Alergenicidade variável com:
Malus sylvestris Maçãs em conserva e secas alergia a pólenes de gramíneas • Amadurecimento
Cidra, vinagre, sumos (aumenta alergenicidade)
Vinho, licores • Cozedura
Molhos e como recheio • Condições de armazenamento
para tartes e bolos • Variedade
A ingestão de sumos comerciais Alguns doentes reagem apenas à casca,
tem elevado risco de reação grave tolerando a maçã descascada.
Alguns doentes toleram a maçã cozinhada
ou em compota ou geleia
Pêssego Pêssego fresco Europa do Sul – associação a A alergia ao pêssego tem manifestações
Prunus persica Sumos de fruta naturais pólenes de gramíneas, Artemisia, semelhantes à dos outros frutos da família
Prunus vulgaris e comerciais plátano Rosaceae, apesar de apresentar uma elevada
Licores percentagem de urticária de contacto à pele
Compotas do pêssego.
Molhos e recheio de bolos Alguns doentes são apenas alérgicos à pele
Pêssego em conserva e seco do pêssego, tolerando-o se descascado.
Evição redobrada se alergia Alguns doentes toleram o pêssego
às LTPs processado (de conserva, em compotas
ou em sumos comerciais)
Ameixa
Prunus domestica
Morango O morango é frequentemente considerado como um fruto fortemente alergénico, embora a maioria das reacções em que se
Fragaria vesca encontra envolvido não sejam verdadeiramente alérgicas.
As manifestações cutâneas são as mais frequentes.
As reacções urticariformes frequentes na infância, devem-se ao facto de o morango ser um fruto libertador de histamina
(substância que provoca pele vermelha, comichão e borbulhas)
FREQUÊNCIA FRUTOS
Banana Musa spp A banana, para além de ser Para além de reactividade Manifestações clínicas desde síndrome
Família Musaceae ingerida crua, pode encontrar-se cruzada com o látex pode existir de alergia oral a anafilaxia.
como ingrediente de bolos, reactividade cruzada com alimentos Por vezes, o prurido (a comichão) e edema
pudins e pão. da família das Cucurbitáceas da mucosa oral não estão associados
(melão, pepino). a alergia, mas ao elevado conteúdo
em serotonina da banana.
Kiwi Pode ser consumido fresco Para além da alergia ao kiwi na As manifestações clínicas não são
Actinidia chinensis ou em conserva. síndrome látex-frutos, esta alergia homogéneas, podendo variar de
Família Actinidaceae É um ingrediente frequente em pode ocorrer isoladamente ou síndrome de alergia oral a anafilaxia.
refrigerantes, gelados e iogurtes. em doentes alérgicos a pólenes A sintomatologia em crianças
(bétula e gramíneas). é particularmente grave.
Há alergia cruzada do kiwi
com a papaia.
Manga O fruto maduro é comido cru, Clínica de alergia associada Sintomas variáveis desde síndrome
Mangifera indica enquanto que os frutos não maduros à síndrome látex-frutos. de alergia oral a anafilaxia.
Família Anacardiaceae são consumidos em compotas,
geleias, xaropes, gelados ou usados
como aromatizantes ou no
processamento de pratos de carne.
Papaia É consumida como fruto ou Existem reacções cruzadas Folhas, frutos e tronco contém uma enzima,
Carica papaya processada em purés e néctares, entre a papaína da papaia com designada por papaína, usada para tornar
Família Caricaceae em conserva ou congelados. a bromelaína do ananás, com a carne mais tenra.
Existem suplementos digestivos a actinidina do kiwi e pólenes Está descrita anafilaxia em doentes que
derivados da papaia. de gramíneas e bétula. ingeriram carne tratada com papaína.
É um dos frutos da síndrome
látex-frutos.
Ananás A exposição aos alergénios pode A bromelaína é uma proteína Existem aminas vasoactivas no ananás,
Ananas comosus ocorrer não só por ingestão mas que se encontra no ananás especialmente no sumo, que podem estar
Família Bromeliaceae também por via inalatória, e tem reações cruzadas com na base de sintomas que se podem confundir
durante o processamento a papaína da papaia. com alergia alimentar.
do ananás.
CITRINOS
Os citrinos pertencem à família Rutaceae que inclui o limão (Citrus limon),
a laranja (Citrus sinensis), a lima, a mandarina, a tangerina. Existem
híbridos, como por exemplo a toranja e a clementina, que são obtidos do
cruzamento de dois citrinos.
A alergia aos citrinos é rara. Quando ocorre, podem ser esperadas reações
cruzadas dentro da família Rutaceae.
A alergia à uva é rara. Pode ocorrer reacção cruzada com o pêssego e a cereja.
A hipersensibilidade associada ao vinho deve-se mais frequentemente a
aditivos (sulfitos).
Caso suspeite que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselhamento
numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
Desde a antiguidade que os frutos secos são consumidos pelo homem. São
alimentos muito energéticos, ricos em proteínas, vitaminas, gorduras e
oligoelementos. Empregam-se diretamente na alimentação na sua forma
natural, torrados, salgados ou fritos ou são utilizados como fonte de extração
de óleos para culinária, perfumaria, cosmética ou medicinais.
A utilização das sementes na alimentação humana tem vindo a ganhar cada vez
mais adeptos, visto que muitas destas são consideradas como “superalimentos”
– fontes de proteínas, fibras, minerais, vitaminas e propriedades antioxidantes –
sendo cada vez mais recomendadas em regimes de redução e controlo de peso.
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A alergia a frutos secos e sementes constitui um problema relativamente
frequente: 0,6-1% da população é alérgica a pelo menos um fruto seco. Esta
alergia afeta significativamente a qualidade de vida dos doentes, sendo
geralmente grave, potencialmente fatal e raramente desaparece.
Amendoim Manteiga de amendoim, rebuçados, pastéis e óleo Na rotulagem pode aparecer a referência à sua função:
Arachis hypogea de amendoim. Utiliza-se frequentemente em gelados, emulsionante, intensificador do sabor, fortificante e espumante
bolachas, snacks, cereais de pequeno-almoço (muesli) em bebidas não alcoólicas. É possível “dessaborizar”
e alimentos dietéticos. os amendoins que posteriormente são “ressaborizados”
Também se usa na composição de sabões, inseticidas com sabor e aparência de amêndoa, nozes, nozes pecan
e como alimento para animais. designando-se “frutos secos artificiais”. Reatividade cruzada
com outros frutos secos e leguminosas. Também estão
descritos casos de reatividade com frutos da família
das rosáceas (amêndoa, cereja, pêssego, ameixa).
Castanha Crua ou cozinhada em pratos salgados, doces Associação frequente com alergia ao látex.
Castanea sativa ou saladas. Pode obter-se uma farinha utilizada
em pastelaria. Licor de castanha.
Noz Existem numerosos tipos de nozes no mercado que se Estão descritos casos de reatividade cruzada com frutos
Junglans regia distinguem pelo seu tamanho, forma e dureza da casca. da família das rosáceas (amêndoa, cereja, pêssego, ameixa)
Podem ser consumidas directamente ou utilizadas e com outros frutos secos.
em pastelaria.
O óleo de noz entra na composição de alguns
bronzeadores.
Pinhão Constituinte de diversos pratos da cozinha portuguesa Associação com alergia ao látex.
Pinus edulis como por exemplo arroz de pinhões, doces de natal,
enchidos (morcela) onde se pode encontrar como
alergénio oculto. Ingrediente do molho pesto.
Sementes de abóbora Consumidas cruas, ou assadas podem estar presentes Também conhecidas como pevides. Ricas em magnésio,
Curcubita pepo em snacks, em barritas energéticas, tempero de zinco, ómega 3, vitaminas C e E, com propriedades
saladas e massas, pães de sementes. anti-oxidantes e diuréticas. Podem ser constituintes
de produtos dietéticos.
Sementes de cânhamo São normalmente consumidas ao pequeno-almoço Ricas em vários aminoácidos essenciais são consideradas
Cannabis rudelaris com fruta ou iogurte, ou a qualquer refeição no uma fonte completa de proteínas de muito fácil digestão;
tempero de saladas. ricas em ómega 3 e 6 são muito usadas nos regimes
de vegetarianos e vegans.
Sementes de chia Utilizadas cruas, trituradas ou em forma de gel. Ricas em fibras, proteínas, antioxidantes, vitaminas,
Salvia hispanica Podem estar presentes embatidos de fruta, minerais e ómega 3. Pelas suas propriedades mucilaginosas
iogurtes e temperos de saladas. podem existir em produtos destinados a perda e controlo
de peso.
Sementes de girassol Consumidas habitualmente cruas em iogurtes Também conhecidas como pipas. Ricas em ácido oleico,
Helianthus annuus e saladas. Podem estar presentes em refogados, ácido palmítico e vitamina E. Podem ser constituintes
pratos de arroz, bolos, snacks e barritas energéticas, de formulações dietéticas por ex. como fonte de
pães de sementes. antioxidantes.
Sementes de linhaça Podem ser consumidas cruas ou trituradas em sumos, Contém alto teor de fibras e ómega 3. Podem existir
Linum usitatissimum batidos, sopas e papas de aveia. em produtos destinados a estimular a função intestinal
Muito usadas em diversas receitas de pão. e reduzir os níveis de colesterol.
Sementes de sésamo Usadas em preparados de cereais, hambúrgueres, Embora tradicional na cozinha oriental o seu uso na cozinha
Sesamum indicum molhos e massas orientais, bolachas, aperitivos, europeia tem vindo a aumentar de forma significativa.
cones de gelados, comida vegetariana e exótica. Ricas em cálcio, fósforo, ferro e vitaminas do complexo B.
Podem estar presentes em pão e alimentos panados Podem existir em produtos destinados a regular o trânsito
(carne, peixe e legumes), conferindo-lhes uma intestinal.
textura crocante.
Não esquecer que os frutos secos podem apresentar-se em produtos que não
se ingerem tais como produtos de cosmética (loções, sabões) e medicamen-
tos. A alergia por contacto pode causar reações graves. Convém alertar
também para a possibilidade de reações por inalação (está descrita uma
reação anafilática ao amendoim após inalação de partículas provenientes de
saco de amendoins servido num avião comercial).
Caso suspeite que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselhamento
numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
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2 – Anafilaxia (ou urticária) induzida pelo exercício - É uma forma de
alergia de tipo imediato menos frequente, em que o doente apenas
desencadeia sintomas se a ingestão do alimento coincidir temporalmente com
a realização de esforço físico. Em casos de menor gravidade podem surgir
manifestações apenas de urticária. O trigo é um dos alimentos mais frequente-
mente envolvidos neste tipo de reacção.
SINTOMAS REACÇÃO IMEDIATA REACÇÃO TARDIA (NÃO MEDIADA POR IGE OU COM IGE
(MEDIADA POR IGE) ASSOCIADA A OUTROS MECANISMOS)
Pele/mucosas • Manchas ou pápulas vermelhas na pele com comichão • Eczemas (erupções cutâneas com pequenas borbulhas
(urticária) vermelhas agrupadas, descamação e muita comichão)
• Inchaço das camadas profundas da pele (angioedema)
• Inchaço e comichão na boca (síndrome de alergia oral)
Patés e salsichas
ALERGIA A CEREAIS 75
Os cereais também são usados na composição de produtos não alimentares,
como produtos de higiene e maquilhagem, muitas vezes sem referência nos
respectivos rótulos, havendo casos de doentes que reagem a estes produtos. Por
outro lado, alimentos não contendo cereais podem ser contaminados por estes
alergénios durante o processo de fabricação ou durante a preparação de refeições.
Outros cereais com glúten Centeio, cevada, aveia (mas atenção à eventual presença
(não permitidos na doença celíaca) de trigo nos produtos confeccionados com estes cereais)
Outros produtos não derivados Soja, alfarroba, tremoço, quinoa, trigo mourisco,
de cereais mandioca ou tapioca, fécula de batata
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alergia oral), náuseas, vómitos, diarreia, cólicas, queixas respiratórias, até à
anafilaxia. Esta é a reação alérgica mais grave, na qual ocorre a rápida evolução
de sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para além dos
sintomas nas mucosas e na pele surgem associadas manifestações
respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou cardiovasculares ou mesmo a morte se
não for imediatamente tratada.
ALERGIA A LEGUMINOSAS 83
cozinha usado na preparação da refeição tiver previamente tocado num
alimento de risco. A própria confeção, pela cozedura simultânea de diversos
alimentos ou reutilização dos mesmos óleos de fritura poderá representar um
fator de risco adicional.
Antes de consumir alimentos processados industrialmente deve consultar os
rótulos das embalagens para ter a certeza de que nenhum dos ingredientes
poderá constituir um risco se ingerido. O amendoim, a soja e o tremoço
fazem parte da lista de ingredientes alergénicos que são sujeitos a menção
obrigatória e destacada nos rótulos, de acordo com a legislação europeia
actual sobre rotulagem alimentar.
Se existem sintomas com a inalação de vapores de cozedura de legumes ou
patologia ocupacional, para além de eliminar o alimento da dieta é também
necessário eliminá-lo do ambiente do doente.
Nas alergias a amendoim e a soja a restrição de outras leguminosas não está
habitualmente recomendada, exceto se existir um elevado nível de suspeição.
Se existirem dúvidas a melhor atitude será não ingerir esse alimento até à
investigação diagnóstica. Um adequado estudo alergológico confirmará ou
não a alergia ao legume em causa. Desta forma evitar-se-ão dietas restritivas
desnecessárias.
Caso suspeite que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselhamento
numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
89
sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para além dos sintomas
nas mucosas e na pele, surgem associadas manifestações respiratórias e/ou
gastrintestinais e/ou cardiovasculares ou mesmo a morte se não for
imediatamente tratada. A maioria das reações dura menos de um dia. Não
esquecer que a alergia alimentar é a causa mais frequente de anafilaxia, em
qualquer idade, e que um choque anafiláctico requer tratamento imediato.
Na criança, a alergia à carne pode ter como única manifestação o atraso de
crescimento sem causa aparente.
ALERGIA ÀS CARNES 91
Síndrome gato-porco
A chamada síndrome gato-porco é uma patologia rara, mais frequente em
doentes jovens, altamente sensibilizados a epitélio de gato que apresentam
sintomas imediatos após a ingestão de carne de porco, que vão desde a
urticária e angioedema até à anafilaxia potencialmente fatal. Esta síndrome
deve-se à sensibilização à albumina sérica de gato, a qual exibe elevada
semelhança com a albumina sérica do porco. Estima-se que a síndrome
gato-porco possa ocorrer em cerca de 1 a 3% dos doentes alérgicos ao epitélio
de gato. Estão reportados casos não só relacionados com a ingestão, mas
igualmente com a exposição isolada aos vapores da preparação culinária da
carne de porco. Esta reactividade cruzada parece estender-se, em alguns
doentes, à carne doutros mamíferos, nomeadamente de vaca e de javali.
Diagnóstico e tratamento:
O diagnóstico da alergia às carnes deve ser efectuado por um médico
Imunoalergologista. O tratamento da alergia às carnes obriga à eliminação
da dieta do tipo de carne ao qual é alérgico. A eliminação da dieta de outros
tipos de carne deverá ser avaliada caso a caso pelo seu médico imunoalergolo-
gista. Se tiver alergia ao ovo, obriga também à eliminação da dieta do ovo de
todas as aves, de todos os produtos de ovos e de todos os alimentos que os
contenham (ver a folheto de alergia ao ovo).
É importante que quem contacta diariamente com o doente, para além dos
familiares, tenha conhecimento da sua alergia e conheça o plano de
tratamento de emergência e saiba quando, e como, administrar adrenalina.
ALIMENTOS PROIBIDOS
Sopas Sopas com carne (canja, sopa da pedra, caldo de verde com chouriço)
ou com cubos de caldo de carne (galinha, vaca) ou água da cozedura
da carne como base (sopa do cozido á portuguesa)
Evolução e prognóstico:
Esta alergia pode surgir em qualquer idade, e não é possível prever o seu
desaparecimento, nem determinar factores que levem à sua persistência. As
crianças com Eczema/Dermatite Atópica parecem ter maior probabilidade de
terem esta alergia.
Caso suspeite de que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselha-
mento numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.
ALERGIA ÀS CARNES 93
ALERGIA A
CONDIMENTOS
E ESPECIARIAS
ALERGIA A
CONDIMENTOS
E ESPECIARIAS
Os condimentos e especiarias são plantas utilizadas para temperar os
alimentos. Dentro desta designação genérica incluem-se numerosos
produtos, de tal forma que seria quase impossível elaborar uma lista com
todos eles. Usados desde a Antiguidade, estão presentes na gastronomia de
todo o mundo, constituindo ingredientes essenciais de muitos pratos.
Empregam-se directamente na alimentação, quer na sua forma natural, quer
processados (tostados, em salmoura ou secos). Podem também ser ingeridos
como alimentos e são ainda largamente utilizados na indústria alimentar,
farmacêutica e de cosméticos (por exemplo, fragrâncias).
97
a exposição ao alimento (ingestão, contacto ou inalação de partículas do
alimento). Pode ter um amplo leque de manifestações desde manchas ou
pápulas vermelhas na pele com comichão (urticária), inchaço das camadas
profundas da pele (angioedema), inchaço e comichão na boca (síndrome de
alergia oral), náuseas, vómitos, diarreia, cólicas, queixas respiratórias, até à
anafilaxia. Esta é a reacção alérgica mais grave, na qual ocorre a rápida
evolução de sintomas envolvendo dois ou mais órgãos ou sistemas. Para além
dos sintomas nas mucosas e na pele surgem associadas manifestações
respiratórias e/ou gastrintestinais e/ou cardiovasculares ou mesmo a morte se
não for imediatamente tratada. A alergia alimentar não mediada pelos
anticorpos IgE envolve outros mecanismos imunológicos, nomeadamente
células específicas ou outros tipos de anticorpos. É uma reacção normalmente
tardia, com início mais de 2 horas após a ingestão ou contacto com o alimento,
e por vezes de difícil diagnóstico. Pode manifestar-se por sintomas cutâneos,
nomeadamente, dermatite de contacto (alérgica ou irritativa), dermatite
perioral ou estomatite (ou seja, uma inflamação da mucosa oral).
Baunilha Amplamente difundida: bebidas, doces, bolos, gelados, refrescos, Alergia de contacto (reações tardias)
(Vanilla planifolia) medicamentos (gotas, xaropes), na indústria de cosmética e de perfumes.
Canela Pão, sopas, assados, pratos exóticos, molhos de churrasco, ketchup, Asma em trabalhadores de indústria
(Cinnamomum spp) mostarda, produtos à base de fruta, salsichas e picles. alimentar.
Óleo: aromatizante em alimentos e fragrância em perfumes, Rinoconjuntivite
produtos dentários e óleos de massagem. Alergia de contacto
Estomatite
Anafilaxia
Cardamomo Sementes: produtos de padaria ou à base de fruta, pratos exóticos, queijo, Cutâneas
(Elettaria cardomomum) salsichas, picles e caril. Aromatizante de licores e produtos farmacêuticos.
Caril: mistura Pratos confecionados habitualmente mencionam a sua presença. Tempero mais frequentemente
de várias especiarias associado a reações alérgicas
(fenacho, gengibre, cardamomo, Rinoconjuntivite
canela, noz-moscada, coentro, Asma
alcarávia, pimenta,
Dermatite de contacto
cravo da Índia, entre outros).
Cravo da Índia Cigarros (realça o paladar). Assados, pão, bolos, tartes, leite-creme, Alergia de contacto
(Syzygium aromaticum) tónicos, licores, molho de churrasco, ketchup, mostarda,
carne de porco, carne picada (recheio), salsichas, queijos.
Óleo: dentífricos e como anestésico local.
Endro Saladas, molhos, estufados e como aromatizante em picles. Dermatite e urticária de contacto
(Anethum graveolens) Anafilaxia
Estragão Adicionado ao vinagre, estando presente em picles. Edema da via aérea superior
(Artemisia dracunculus) É a origem do aroma do molho bearnaise.
Funcho As sementes são usadas em pão. O funcho fresco é usado Síndroma de alergia oral
(Foeniculum vulgare) em pratos de carne e peixe. Chá. Asma ocupacional
Óleo: disfarça o paladar de alguns medicamentos. Dermatite atópica
Gengibre Usado no pão, bolos, scones, coberturas de bolos, chá, tónicos, Sintomas respiratórios
(Zinziber officinale) gingerale, cerveja, produtos à base de fruta e picles. Dermatite de contacto
Óleo: bebidas e elixir bucal.
Loureiro As folhas são usadas em sopas, molhos, estufados, pratos exóticos, Asma ocupacional
(Laurus nobilis) carnes e na preparação de vinagre. Dermatite de contacto
Óleo: aromatizante. Dermatite perioral
Manjericão As folhas são usadas em assados, molhos de tomate ou carne, sopas, Dermatite perioral
(Ocimum basilicum) maionese, pão e pratos exóticos (orientais). Anafilaxia
Manjerona As folhas são usadas em aromatizantes de sopas, saladas, vegetais, Dermatite de contacto
(Origanum majorana) estufados, molhos, pão, queijo, queijo de barrar, ketchup, pratos de ovos,
carne picada, hamburgers, salsichas e pizza.
Óleo: perfumes.
Mostarda Maionese, saladas, escabeche, ketchup, picles, carnes confecionadas Alergénio muito potente
(Brassica nigra, e salsichas. Em pequenas doses pode causar
Brassica juncea) Óleo: fabrico de óleo, margarinas, azeite de mesa e lubrificantes. choque anafilático
Faz parte da lista de ingredientes de declaração obrigatória Rinite e asma
na União Europeia. Difícil diagnóstico (ingrediente
oculto em diversos alimentos)
Noz Moscada Pão, bolos (cobertura), tónicos, gemadas, mostarda, pratos exóticos, Rinoconjuntivite
(Myristica fragrans) bebidas com frutas, pratos de carne, queijos, salsichas de fígado, Asma
carne picada e molho à bolonhesa. Dermatite de contacto
Óleo: aromatizante. Em grandes quantidades é tóxico.
Pimento É desta espécie que derivam a pimenta-caiena e paprica (ou pimentão, Urticária de contacto
(Capsicum annum)2 pimentão-doce ou colorau), que resultam do Capsicum annum seco e moído. Rinoconjuntivite
Utilizados na confecção de diversos molhos picantes e em diversos pratos.
Piri-piri, Chili, Utilizados na confecção de diversos molhos picantes e em diversos pratos. Sintomas respiratórios
Jindungo, Malagueta Eczema generalizado
(Capsicum baccatum,
Capsicum chinense,
Capsicum frutescens,
Capsicum pubescens)
Salsa Folhas e raízes usam-se para embelezar os cozinhados, bem como em sopas. Anafilaxia
(Petroselinum crispum) Óleo: aromatizante em molhos de carne, temperos, misturas de especiarias Angioedema
e picles. Urticária
A alergia a condimentos e especiarias é muitas vezes de difícil diagnóstico A pimenta preta, branca
1
e verde resultam de
porque a presença destes produtos nos alimentos nem sempre é evidente. diferentes formas de
Este tipo de alergia deve ser investigado no caso de doentes que desencadeiam processamento do Piper
reacções alérgicas após ingestão de uma grande variedade de alimentos não nigrum, pelo que os
doentes alérgicos a esta
relacionados entre si. O diagnóstico poderá exigir a realização de testes especiaria deverão fazer
cutâneos por picada com uma selecção de diferentes condimentos e evicção das três variedades.
De salientar que a pimenta
especiarias em natureza (os chamados testes prick-prick). rosa não deverá ser
confundida com uma
variedade de Piper nigrum,
já que é obtida a partir dos
frutos secos da planta
Caso suspeite que sofre deste tipo de alergia deverá procurar aconselhamento Aroeira (da família das
Anacardiaceae), que possui
numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia. características de sabor
e aroma totalmente
diferentes. Assim, a evicção
da pimenta rosa nos
alérgicos a Piper nigrum
não é necessária.
2
sem qualquer relação com
a Pimenta (Piper nigrum).
105
Embora para os restantes aditivos do mesmo tipo se tenha procurado
numerá-los em sequência, por exemplo os antioxidantes estão numerados de
E300 a E321, nem sempre esta regra pode ser mantida, à medida que se
adicionam novos aditivos, como resultado de novas aprovações ou quando se
excluem outros que se tenham revelado menos inócuos.
Corantes Podem ser naturais ou sintéticos e são usados para aumentar ou recuperar
a cor perdida pelos alimentos durante o processamento ou para manter
uma coloração uniforme durante o período de armazenamento.
Intensificadores de sabor Intensificam o sabor e/ou o cheiro original dos alimentos. Exemplos: ácido
glutâmico (E620), glutamato monossódico (monoglutamato de sódio E621),
glutamato monopotássico (E622).
E 410 Emulsionantes Podem entrar na composição de iogurtes, E 412 – síndrome de alergia oral
Goma de Alfarroba Espessantes gelados e pastilhas elásticas. (pode motivar reações sistémicas, quando
E 412 associada a co-factores, como a toma
Goma de guar Naturais: extraídas Na indústria farmacêutica e cosmética de anti-inflamatórios não esteróides)
E 413 de leguminosas podem entrar na composição de inaladores, E 410 e E 412 – rinite e/ ou asma
Goma adragante emulsões, loções, cremes e pastas ocupacional.
E 414 dentífricas. E 413 e E 414 – reações adversas são
Goma arábica menos frequentes
E 621 Intensificador de sabor O Glutamato monossódico pode ser Uma pequena percentagem de indivíduos
Glutamato monossódico adicionado a carnes, peixes, aves, vegetais, é extremamente sensível ao glutamato
Sal presente em todas frutos do mar, molhos, sopas sintéticas, monossódico apresentando sintomas
as proteínas animais alimentos pré-cozinhados, enlatados e imediatos após a sua ingestão, como:
e vegetais produtos em conserva. Dor de cabeça
Em muitos países, particularmente do Pele vermelha
Oriente, é usado como tempero de mesa. Náuseas
Pode também estar presente numa grande Tonturas
variedade de ingredientes, incluindo Vertigens
proteínas hidrolisadas de origem vegetal, Formigueiros
levedura hidrolisada, extrato de levedura e Azia
extratos de soja Dor abdominal
Sede
Sensação de “aperto” no peito
Palpitações
Caso suspeite que sofre de uma reação alimentar adversa deverá procurar
aconselhamento numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.