Tese Lázaro Cristianepinheiro 2016 001 BAHIANA
Tese Lázaro Cristianepinheiro 2016 001 BAHIANA
Tese Lázaro Cristianepinheiro 2016 001 BAHIANA
TESE DE DOUTORADO
Salvador
2016
CRISTIANE PINHEIRO LÁZARO
Salvador
2016
Ficha Catalográfica elaborada pelo
Sistema Integrado de Bibliotecas da EBMSP
Inclui bibliografia
CDU: 616.89
CRISTIANE PINHEIRO LÁZARO
BANCA EXAMINADORA
Ao finalizar esta importante etapa da minha vida, não poderia deixar de expressar o mais
profundo agradecimento a todos aqueles que me apoiaram nesta longa caminhada e
contribuíram para a realização deste trabalho.
Aos meus pais Adilson e Cora, que dignamente me apresentaram à importância da família e ao
caminho da honestidade e persistência.
À minha orientadora, Dra. Milena Pereira Pondé, o meu maior agradecimento por toda a
disponibilidade e orientação prestada, pelo apoio incondicional e compreensão que sempre
manifestou.
A Rita Brazil, aos colaboradores e aos pais da Associação dos Amigos do Autista da Bahia
(AMA-BA) que tornaram possível a produção do presente trabalho.
(Theodore Roosevelt)
RESUMO
In autism spectrum disorder (ASD) symptoms are observed related to deficits in reciprocal
social interaction and verbal and nonverbal communication, and repetitive pattern of behavior,
stereotyped and restricted interests. Parents and caregivers have reported peculiar habits related
to food and eating act. gastrointestinal problems, sensory dysfunction, refuse and food
selectivity related to the texture, the smell and taste, inflexibility regarding the use of utensils,
brands and packaging, as well as behavioral problems during meals, impact negatively on the
health of this population. The aim of the project was to develop the first Brazilian scale to
evaluate the eating behavior of individuals with autism spectrum disorders. The proposed scale,
sensory, gastrointestinal problems, characteristic ritualistic and repetitive disorder behaviors
are explored more broadly compared to previous studies, making it possible to correlate the
specific food problems with other aspects of clinical, epidemiology and genetics of ASD.
Another aspect to highlight this scale is that the wording of the items had as the starting point
what parents and caregivers considered problematic eating behavior, then added, information
obtained from reference literature and experts in various disciplines (pediatric neurology,
occupational therapy, psychology, psychiatry, speech therapy and nutrition) with clinical
experience in the care and diagnosis of individuals with ASD.
IL Interleucina
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15
2 OBJETIVO PRINCIPAL ............................................................................................. 17
2.1 Objetivos Secundários .................................................................................................. 17
3 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 18
4 PATOGÊNESE DO TEA ............................................................................................. 19
4.1 Doença e disfunção mitocondrial ................................................................................. 20
4.2 Desequilíbrio no estresse oxidativo .............................................................................. 22
4.3 Deficiências relacionadas à metilação ......................................................................... 24
4.4 Baixa desintoxicação de metais pesados...................................................................... 25
4.5 Alterações nos níveis de citocinas pró-inflamatórias ................................................. 25
4.6 Metabolismo dos peptídeos opiáceos derivados do glúten e da caseína ................... 27
4.7 Disfunção na permeabilidade intestinal ...................................................................... 29
4.8 Distúrbios relacionados ao trato gastrointestinal....................................................... 31
5 COMPORTAMENTO ALIMENTAR ........................................................................ 33
5.1 Problemas alimentares: nascimento à adolescência................................................... 35
5.2 Problemas alimentares no TEA ................................................................................... 36
5.3 Transtornos do processamento sensorial no TEA...................................................... 37
5.4 Comportamentos rígidos e repetitivos no TEA .......................................................... 39
5.5 Outros aspectos comportamentais do TEA ................................................................ 40
6 FASES DO ESTUDO .................................................................................................... 41
7 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA SOBRE INSTRUMENTOS
QUE AVALIAM O COMPORTAMENTO ALIMENTAR NO TEA ..................... 43
7.1 Metodologia ................................................................................................................... 44
7.1.1 Estratégia para busca de dados ........................................................................................ 44
7.1.2 Critério de inclusão ......................................................................................................... 45
7.1.3 Critério de exclusão......................................................................................................... 45
7.2 Resultados ...................................................................................................................... 45
7.2.1 Brief Autism Mealtime Behavior Inventory (BAMBI) .................................................. 48
7.2.2 Screening Tool for Feeding Problems (STEP-CHILD) .................................................. 50
7.2.3 The SWedish Eating Assessment (SWEAA) .................................................................. 52
7.2.4 Behavioral Pediatrics Feeding Assessment Scale (BPFAS) ........................................... 53
7.3 Discussão e Conclusão .................................................................................................. 56
8 ESTUDO EXPLORATÓRIO E QUALITATIVO ..................................................... 60
8.1 Metodologia ................................................................................................................... 61
8.1.1 Tipo do estudo ................................................................................................................. 61
8.1.2 Local do estudo ............................................................................................................... 61
8.1.3 Sujeitos do estudo e critérios de elegibilidade ................................................................ 61
8.3 Resultados ...................................................................................................................... 63
8.4 Discussão ........................................................................................................................ 74
8.5 Conclusão ........................................................................................................................ 79
9 CONSTRUÇÃO DA ESCALA .................................................................................... 81
9.1 Dimensionalidade .......................................................................................................... 83
9.2 Análise teórica dos itens ............................................................................................... 84
9.3 Construção das especificações da escala: definição das dimensões e identificação
dos descritores do comportamento alimentar de indivíduos com TEA ................... 85
9.4 Construção dos itens referentes às dimensões e composição da primeira versão
da escala ......................................................................................................................... 87
9.5 Análise da validade do conteúdo dos itens (análise dos juízes) ................................. 88
9.6 Resultados da avaliação da análise semântica ............................................................ 98
9.7 Versão final da escala ................................................................................................. 103
10 DISCUSSÃO ................................................................................................................ 106
11 PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................................... 107
12 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ................................................................................... 110
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 111
APÊNDICES................................................................................................................ 128
15
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 JUSTIFICATIVA
4 PATOGÊNESE DO TEA
1
Metilação (transmetilação) refere-se à substituição de um átomo de hidrogênio pelo grupo metila, e pode estar
envolvido na regulação de expressão gênica, na função das proteínas, no metabolismo do RNA e de metais pesados.
20
As mitocôndrias possuem um proteoma2 com 1500 proteínas, sendo que cerca de 1000
delas possuem funções catalíticas no metabolismo celular atuando como enzimas. Sob
condições fisiológicas normais, nutrientes e substratos metabólicos, são regulados por várias
dessas enzimas(32). Porém, quando as concentrações enzimáticas se modificam por causa de
infecções ou outras agressões, as mitocôndrias detectam a incompatibilidade entre a
concentração e a demanda no tecido atingido desvia o fluxo de elétrons e diminuem o consumo
de oxigênio (34). Quando esse consumo cai, a concentração de oxigênio na célula aumenta, os
processos de oxidoredução se modificam, e a biossíntese do DNA, RNA, lipídios complexos,
proteínas e polissacarídeos são reduzidos.
2
Proteoma refere-se ao conjunto total de proteínas expressas na célula em determinadas condições de tempo,
espaço, estado patológico e estímulos externos42
22
Com relação à disfunção mitocondrial, ela pode ser classificada como primária ou
secundária. A primária geralmente refere-se à disfunção causada por defeito genético
diretamente envolvido na função dos sistemas mitocondriais responsáveis pela produção de
ATP, ao passo que a secundária se refere a outras anormalidades nos processos metabólicos
ou genéticos(43). Entre as causas das disfunções secundárias se destacam: o uso de
determinados medicamentos; ação de ácidos carboxílicos, a exemplo do ácido propiônico;
elevadas concentrações do fator de necrose tumoral α (TNF-α); deficiência de folato cerebral;
desnutrição; deficiência da vitamina B6 e ferro; elevação dos níveis de óxido nítrico;
deficiência da glutationa reduzida; estresse oxidativo; exposição a tóxicos ambientais(36).
perspectiva é relevante para as doenças crônicas não transmissíveis que vão desde as
coronarianas, o diabetes tipo 1 e 2, o câncer, aos transtornos neuropsiquiátricos a exemplo da
esquizofrenia, Alzheimer, Parkinson e o autismo(45, 32).
A. Elevado teor de substratos que são facilmente oxidados, a exemplo dos ácidos
graxos poliinsaturados;
B. Níveis relativamente baixos de antioxidantes;
C. Geração endógena das espécies reativas de oxigênio por intermédio de reações
que levam à produção do óxido nítrico, que é altamente tóxico para as células
em situações de estresse oxidativo.
O estresse oxidativo também pode afetar o funcionamento das células gliais, que são
responsáveis por fornecerem suporte e nutrição aos neurônios, e seu comprometimento pode
levar à vários efeitos deletérios sobre a função cerebral(27).
3
Aconitase, enzima que transforma o citrato em isocitrato no cliclo de Krebs, é responsável pela única fonte de
NAPH reduzido intra mitocondrialmente, e, portanto, é extremamente importante nos processos biossintéticos
deste orgânulo citoplasmático.
24
4
Transmetilação: reação química que envolve a transferência de um grupo metil de uma substância para outra.
25
micróglia, por serem o elemento central desta homeostase em última instância, estão envolvidas
na patogênese de vários distúrbios neurológicos.
O glúten, que constitui a principal proteína estrutural do trigo, pode ser encontrado em
outros cereais a exemplo do centeio, da cevada e da aveia. Quando não é totalmente digerido
pelo organismo, produz as exorfinas que são peptídeos estimulantes dos receptores opióides
no cérebro.
Já os peptídios derivados das proteínas do leite são inicialmente liberados pela pepsina
no estômago sob condições de pH ácido. Em seguida, são ainda hidrolisados por enzimas
pancreáticas, a exemplo da tripsina, quimotripsina e peptidases de membrana, resultando em
peptídios de diferentes comprimentos(74). A presença de 2 ou 3 resíduos de prolina torna estes
peptídios mais resistentes à proteólise e com capacidade para ativar os receptores opióides
(Figura 2)(73).
5
Peptidases ou enzimas proteolíticas: classe de enzimas que degradam as proteínas em fragmentos menores
(aminoácidos)
6
O glúten é composto, em sua maior parte, pelas gliadinas (prolaminas) contendo proteínas monoméricas e
gluteninas (glutelinas) contendo proteínas agregadas.
29
Segundo esses autores, a barreira epitelial intestinal é apontada como o ponto crítico
do problema, e o aumento da permeabilidade intestinal teria como causa a inflamação do
intestino, aumento dos níveis da zonulina a partir de reação alérgica ao glúten e às mudanças
morfológicas pelas toxinas dos Clostridios(49). Com o comprometimento da permeabilidade
seletiva, haveria maior absorção de toxinas, produtos bacterianos, linfócitos, citocinas pró-
inflamatórias e neurotransmissores que alcançariam a circulação sanguínea, romperiam a
barreira hematoencefálica e causariam a neuroinflamação (99). A inflamação intestinal no TEA
também poderia ser desencadeada pelos seguintes fatores: toxinas produzidas pelos
clostrideos, produção do sulfeto de hidrogênio a partir do desulfovibrio, presença do glúten, a
reduzida desintoxicação de metais pesados tóxicos, e maior produção de citocinas pró-
inflamatórias(49).
Todo esse desequilíbrio pode impactar negativamente no sistema nervoso através de vários
caminhos que formam o ''eixo cérebro-intestino''. Estas vias podem ocorrer da seguinte forma:
1. Pela síntese de neuropeptídios(112)
2. Modulação do fator neurotrófico derivado do cérebro7 (113);
3. Crescimento bacteriano no piloro e adjacências (Helicobacter pylori)(112);
4. Modulação da inflamação local e periférica. É possível que a depleção das bactérias
produtoras de ácido butírico, contribua para a inflamação (112);
5. Redução da produção de antioxidantes e da absorção de nutrientes essenciais,
a exemplo dos ácidos graxos poliinsaturados, vitaminas e aminoácidos, e o
aumento da peroxidação lipídica e síntese de amônia, fenóis, indóis, sulfetos e
aminas que são prejudiciais ao organismo(114);
6. Alterações na permeabilidade intestinal com maior fluxo de toxinas
circulantes(112);
7. Modificações no funcionamento do sistema nervoso autônomo (112).
7
O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF): proteína endógena responsável por regular a sobrevivência
neuronal e a plasticidade sináptica do sistema nervoso periférico e central.
33
5 COMPORTAMENTO ALIMENTAR
alimentos com alta composição calórica, por exemplo, ricos em gordura, são os mais
apreciados (118).
Por outro lado, a autonomia das mães sobre as decisões acerca da alimentação dos
filhos, constrói hábitos alimentares que refletem a identidade cultural do seu grupo
familiar(126). À medida que a criança amadurece, os pais e outros membros familiares
estabelecem um ambiente partilhado em que o convívio pode ser propício a uma dieta saudável
ou não(127,128). As crianças aprendem a respeito do alimento não somente por suas experiências,
mas também observando outras pessoas. Outro aspecto familiar observado foi que o consumo
de frutas, sucos e vegetais é influenciado positivamente pela disponibilidade e pela
acessibilidade desses alimentos em casa, assim como a limitação dos que contêm alto valor
energético, a exemplo dos biscoitos recheados, refrigerantes e salgadinhos(129). Da mesma
forma que há predisposição inata para as crianças apreciarem doces, salgados e gorduras,
também ocorre aversão aos sabores ácido e amargo, no entanto, a aprendizagem exerce papel
importante na aquisição do conhecimento de quais alimentos que devem ser evitados ou
consumidos(130). Para além da influência familiar, outros fatores merecem destaque, a exemplo
dos fatores socioculturais (poder aquisitivo, religião, cultura, regionalismo, tabus alimentares,
propaganda dos alimentos), fatores psicológicos (aprendizagem, motivação, emoção)(128), e
comportamentais (atitude durante as refeições, reações aos alimentos) na formação do hábito
alimentar(127).
Por volta dos quatro anos de idade, as crianças classificam os alimentos que rejeitam
de acordo com as suas características sensoriais, a exemplo do gosto desagradável (cerveja ou
café), a periculosidade (venenos) e através de experiências traumáticas (ficar engasgado com
um alimento). Já na idade escolar, depois dos oito anos de idade, os produtos são rejeitados
pelo conceito que a criança dispõe sobre a natureza do produto, que é agora, categorizado em
função da repugnância que provoca ou seja considerado impróprio para a alimentação(131).
35
Já a relação dos jovens frente aos alimentos implica em fatores mais complexos que
interagem entre si. As razões que os levam a consumir determinado alimento estão relacionadas
às qualidades intrínsecas (a exemplo do aspecto, palatabilidade, ser saudável ou não), as
consequências do seu consumo frente ao corpo, as influências sociais do meio juvenil,
experiências relativas à infância e as influências familiares(132). Após esta fase, as atitudes frente
aos alimentos pouco mudam ao longo da idade adulta.
A ansiedade em torno da alimentação do bebê e da criança pequena pode ter várias causas,
entretanto, os problemas comportamentais (choro, sono) podem causar transtornos na família,
sem necessariamente afetar o crescimento e o desenvolvimento dos mesmos(133).
Nos primeiros momentos da vida do bebê, o problema mais comum, segundo relatos de
mães que amamentavam no peito, estava na sucção inicial do bebê ou na dificuldade de pegar
o peito(134,135). Outra questão corriqueira, é o bebê ficar insatisfeito ou ingerir leite insuficiente,
chamado de “percepção da insuficiência de leite materno” (135). Tal fato leva ao uso geralmente
indesejável da mamadeira como suplemento ou substituto do aleitamento materno(133). A
lactação é malsucedida, às vezes, devido a deficiência primária na produção de leite, no entanto,
isso é raro, ao passo que o problema da percepção da insuficiência de leite é muito comum(135).
O padrão de sono e as cólicas são outros problemas relacionados à alimentação. No
período logo após o parto, os bebês se alimentam durante a noite, e isso inevitavelmente,
interfere no sono dos pais. Já a cólica (termo utilizado para um padrão específico de choro na
primeira infância), apresenta mesma organização temporal que o choro normal, apresentando
picos noturnos e aumento na prevalência durante o segundo ou terceiro mês da vida, seguido
por declínio espontâneo(136)
No período do desmame, as alterações que ocorrem na dieta dos bebês, requer mudanças
no comportamento alimentar. Durante o período de 4 a 9 meses eles são alimentados pela mãe,
porém, em seguida, começam a adquirir habilidades para se alimentarem sozinhos usando as
mãos, e posteriormente instrumentos como a colher e o garfo(133). Quando a comida entra na
boca da criança, o papel da mastigação, a preparação do bolo alimentar para ser engolido e a
deglutição fazem necessários. Contudo, essas habilidades são complexas, e dificuldades
associadas ao desenvolvimento das mesmas são observadas.
36
Na fase pré-escolar, deve-se também salientar que além da neofobia e das preferências
inatas por doces, crianças parecem também estar predispostas aos alimentos densamente
calóricos e com altos índices de gordura(118).
No período de 6 a 10 anos e até mesmo na adolescência, para o desespero de alguns pais
e a indiferença de outros, as crianças ganham a rua, a escola, o supermercado e o shopping.
Nestes locais haverá oferta e diversidade de alimentos coloridos, saborosos e baratos, que não
necessitarão ser apresentados às crianças, uma vez que já entraram em suas casas através da
propaganda das indústrias alimentícias. Sabe-se que os anúncios na televisão estimulam as
crianças a consumir alimentos com elevado grau de processamento, alto teor calórico, grande
quantidade de gordura, açúcar e sal, e muito pouco ou mesmo nenhum micronutriente
importante(137).
desde casos leves, em que o comportamento não representa riscos para a saúde, aos mais
graves que levam à hospitalização(40).
Já os Transtornos Motores com Base Sensorial são caracterizados por indivíduos com
dificuldades em integrar as informações do próprio corpo e movimentar-se de maneira
eficiente no ambiente, sendo os problemas mais comuns: a) distúrbio postural, com dificuldade
em estabilizar o corpo durante o movimento ou retificar a postura quando solicitado pelo
39
A inflexibilidade faz com que muitas crianças com autismo fiquem profundamente
angustiadas com pequenas mudanças no ambiente e insistam em seguir rotinas com detalhes
precisos)(168). Tais rotinas podem ser ainda disfuncionais, caracterizando os rituais. As
dificuldades apresentadas interferem diretamente na vida do indivíduo, mesmo nas atividades
mais simples como as atividades diárias, a exemplo da alimentação. Todo esse padrão
comportamental do TEA influencia negativamente o aspecto alimentar, principalmente no que
40
6 FASES DO ESTUDO
Para construir a escala, o projeto foi dividido em três etapas: realização da revisão
sistemática da literatura, o estudo qualitativo e exploratório, e posteriormente a construção da
escala (Figura 3).
3a Construção da Escala
De posse dos dados coletados nas fases anteriormente citadas, foi iniciada a elaboração
da escala propriamente dita.
43
Além dessa sintomatologia, pais e cuidadores de indivíduos com TEA relatam hábitos
peculiares relacionados aos alimentos e ao ato comer(172). Fatores intrínsecos aos alimentos
podem interferir no comportamento alimentar, a exemplo da textura, cor, sabor, forma,
temperatura dos alimentos, bem como o formato e a cor da embalagem, apresentação do prato
e utensílios utilizados(140). A recusa a determinadas texturas e novos alimentos influenciam
significativamente a formação dos hábitos alimentares dessas crianças(145), sendo que estes
comportamentos são cercados de grande preocupação pelo fato dos pais não saberem
contorná-los.
cuidadores. Essas escalas foram utilizadas para tentar identificar informações relativas ao
comportamento alimentar, bem como variáveis envolvidas na manutenção e agravamento do
comportamento. Por ser ferramenta prática e apresentar evidências de validade, a escala serve
como medida quantificada sobre fator ou construto avaliado envolvido no diagnóstico, na
avaliação e na identificação do efeito das intervenções(174).
Esse estudo tem como objetivo realizar revisão sistemática da literatura sobre as
escalas existentes para avaliar o comportamento alimentar de autistas.
7.1 Metodologia
Publicações científicas sobre escalas que não tinham como objetivo específico a
avaliação dos problemas relacionados ao comportamento alimentar em indivíduos com o
Transtorno do Espectro do Autismo.
7.2 Resultados
N: 40 artigos eliminados
N: 7 artigos eliminados
N: 1 artigo eliminado
Dos cinco artigos incluídos quatro foram realizados nos EUA, um na Suécia e outro no
Canadá, incluindo crianças, jovens e adultos com TEA na faixa etária de 3 a 25 anos. Desses
artigos um foi eliminado por não ter como foco da investigação o TEA. As características dos
estudos incluídos nesta revisão estão listadas na Tabela 1 e descritas a seguir.
47
47
48
A escala BAMBI foi construída inicialmente com 20 itens a partir da literatura que
descreve e avalia intervenções pediátricas para crianças autistas com problemas alimentares. A
escala, preenchida pelos cuidadores, era disponibilizada em página na internet e apresentava cinco
opções de resposta que variavam de “nunca” até “sempre” sobre a presença do comportamento da
criança. Os escores mais elevados indicavam problema mais grave. Os itens dessa escala eram:
chora ou grita durante as refeições; vira o rosto ou o corpo para o lado oposto ao da comida; expele
o alimento que comeu; tem comportamento disruptivo durante as refeições; fecha a boca com
força quando a comida é apresentada; fica sentado à mesa até a comida acabar; é agressivo durante
as refeições; tem comportamento auto lesivo durante as refeições; é flexível no que se refere à
rotina das refeições; recusa-se a comer alimentos que exijam muita mastigação; fica na expectativa
de provar novos alimentos; não gosta de determinados alimentos e não os ingere; prefere repetir a
mesma comida em todas as refeições; prefere alimentos crocantes; aceita ou prefere alimentos
variados; prefere que a comida seja servida de forma determinada; prefere alimentos doces; prefere
a comida preparada de modo particular.
relacionaram com o terceiro fator, entretanto, não puderam ser interpretados. Assim, após
análises alguns itens foram removidos, gerando versão final com18 itens.
interna, foi obtido coeficiente médio de 0,62 do alfa de Cronbach para as seis subescalas
citadas anteriormente.
com mais seletividade nos alimentos tinham pais que muitas vezes preparavam refeições
especiais diferente dos demais integrantes da família e que muitas vezes ofereciam opções de
alimentos da preferência da criança (p = 0,000).
Para avaliar a estabilidade temporal, o tempo médio entre as duas ocasiões para o teste-
reteste foi de 34 dias com bom índice de correlação interclasses (0,860), exceto a subescala
“fome/saciedade”. O mesmo teste revelou diferença na subescala “situação social durante as
refeições”, entretanto ela foi considerada apropriada para o SWEAA(177) devido à pequena
diferença apresentada nos dois momentos.
pais sobre a alimentação em relação aos horários das refeições e problemas de alimentação.
Em pontuação tipo “Likert” que vai de 1 (nunca) até 5 (sempre), os pais indicaram a frequência
do comportamento, sendo que as maiores pontuações apontam níveis mais elevados dos
problemas comportamentais durante as refeições.
Avaliando a consistência interna dos cinco fatores do BPFAS , a escala de forma geral
(α Cronbach = 0,82) e três fatores demonstraram coeficientes aceitáveis: “comensal exigente”
(α Cronbach = 0,80), “recusa geral da consulta” (α Cronbach = 0,70), “crianças que postergam
o momento de comer” (α Cronbach = 0,75), em contraste com “recusa de alimentos com
textura” (α Cronbach = 0,26), “recusa geral da criança mais velha” (α Cronbach = 0,3)(181).
Quanto à validade do construto, após análise fatorial dos itens da escala, três fatores
representaram 43,13% da variância e foram rotulados de “aceitação dos alimentos” (α
Cronbach = 0,71), “questões motoras orais” (α Cronbach = 0,71) e “comportamento durante
as refeições” (α Cronbach = 0,81).
vários aspectos do estudo, a exemplo: a forma de recrutamento dos participantes, como foi
realizada a confirmação do diagnóstico, se o grupo controle diferia dos demais, e não foram
mencionadas avaliações relacionadas à estabilidade temporal da escala.
da criança mais velha” (α Cronbach = 0,3) demonstraram baixa consistência interna. O mesmo
ocorreu em outros estudos nos quais a amostra de crianças possuía o diagnóstico de doença
crônica ou estavam com sobrepeso ou obesidade(202). No que diz respeito à validação do
construto do BPFAS, os pesquisadores observaram apenas correlações com pequeno a médio
efeito. Nenhum dos três fatores que permaneceu após a análise fatorial demonstrou forte
correlação com as variáveis investigadas. Apesar de sido desenvolvido para avaliar o problema
alimentar de crianças de 1 a 8 anos de idade, o BPFAS(181) não levou em conta características
específicas do TEA, a exemplo das questões sensoriais e os distúrbios gastrintestinais. Outro
ponto a destacar é a estabilidade temporal que não foi avaliada.
Diante da complexidade que envolve essa síndrome, o objetivo deste estudo é realizar
um levantamento sobre os padrões alimentares de crianças com TEA e possíveis fatores
intervenientes no comportamento alimentar dessas crianças.
8.1 Metodologia
O recrutamento dos participantes foi realizado na Associação dos Amigos dos Autistas
(AMA-BA) com sede em Salvador. A AMA-BA é uma Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIP), sem fins lucrativos, que promove o desenvolvimento dos
indivíduos com TEA através de programas educacionais diferenciados, como o objetivo de
inclui-los na rede regular de ensino e na sociedade.
Foi agendada reunião com os pais e/ou cuidadores com o objetivo de informar os
objetivos, a metodologia utilizada e a relevância do estudo. Os que estiveram de acordo
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice A) atestando o
conhecimento sobre seus direitos e as demais etapas do estudo.
pesquisador tem maior liberdade para desenvolver o tema na forma e na direção que considere
mais adequada aos propósitos da pesquisa. Isso viabiliza explorar, de forma ampla, tema ou
questão de interesse. Geralmente, as perguntas são formuladas de maneira aberta e a entrevista
transcorre via conversação informal(205). Todos os relatos foram gravados individualmente na
varanda da AMA, com duração aproximada de uma hora e meia.
Neste momento, as perguntas guias da entrevista foram: como ocorreu a transição para
os primeiros alimentos sólidos, quais as dificuldades encontradas neste período, a atual rotina
alimentar, as preferencias e rejeições, a rotina alimentar da família, o consumo de frutas,
verduras e legumes, se a mesma preparação é consumida por toda a família, e questionamentos
relacionados aos aspectos comportamentais durantes as refeições. Apesar da condução das
perguntas, as mães foram estimuladas a falar sobre quaisquer aspectos que considerassem
relevantes relacionados à alimentação dos filhos, permitindo-se que aparecessem temas
distintos daqueles aventados.
A transcrição das entrevistas foi realizada pelo próprio pesquisador e este fato permitiu
melhor apropriação dos dados e processo prévio de interpretação dos mesmos(206). As
entrevistas foram codificadas com a inicial do nome do indivíduo e da idade para que os
participantes não fossem identificados. Além das entrevistas semiestruturadas o pesquisador
se utilizou da observação participante(207) para colher informações durante o período de lanche
dos indivíduos na instituição, bem como através de conversas informais com os professores
63
da instituição e observações das conversas das mães. Essas informações foram anotadas em
diário de campo e utilizadas na fase de interpretação dos dados, para auxiliar a compreender
as informações fornecidas nas entrevistas. Foi utilizado o software NVivo versão 10 para a
análise discriminante, e realizada análise do conteúdo das narrativas para a criação das
categorias e posterior agrupamento das informações(208). A partir das categorias, os dados
foram interpretados levando em conta a totalidade de cada entrevista, o conjunto das
entrevistas e as observações do pesquisador durante o trabalho de campo(209). A interpretação
das entrevistas não foi autenticada ou confirmada pelos informantes, isso porque, o processo
de interpretação extrapola as informações fornecidas, sendo baseada nas informações obtidas
de outras fontes, tais como a observação dos participantes e a leitura global das entrevistas.
Há informações que são tácitas, não explícitas (207), de modo que a busca pela confirmação das
interpretações dos pesquisadores pelos informantes, retira do foco a possibilidade de
elucidação de informações tácitas, de não ditos ou das informações que estão presentes nas
entrelinhas do que é dito (209, 210).
Esta pesquisa se enquadra, portanto, em uma das funções do estudo qualitativo que é
possibilitar a emergência de informações concernentes às ideias do entrevistado que podem
escapar ao conhecimento inicial do pesquisador (209, 211).
8.3 Resultados
A) Crianças que foram amamentadas por período superior a dois anos de idade.
Algumas mães mantiveram a amamentação até 3 a 5 anos de idade, mesmo quando a criança
já fazia uso de alimentação diversificada.
“Na verdade, eu amamentei até quatro anos e meio. Só, sem outras alimentações foi
até os seis meses. Depois dos seis meses é que teve o complemento”. F8
As mães não relataram os motivos que as levaram a amamentar por período acima do
recomendado.
amamentar exclusivamente com leite materno devido aos problemas de sucção da criança e
rejeição ao peito antes dos 6 meses de idade. Uma das mães disse:
“Desde o início ele rejeitou muito o peito e só mamou na primeira semana. Depois eu
botava ele no peito e ele não queria mais e ficava chorando e gritando com fome...ele tentava
sugar. Logo no início ele sugava e depois largava o peito. Era como se ele não estivesse
gostando...fazia aquela força, depois largava e começava a chorar”. GT18
O relato dessas mães sugere que a criança tinha dificuldade de sucção e por isso
rejeitavam o peito.
B) Indivíduos que engoliam os alimentos com ansiedade, por isso não mastigavam. Em
alguns depoimentos, além da dificuldade na mastigação, foi descrita forma ansiosa e por vezes
66
“Tanto que hoje, talvez seja um erro meu, como ele não consegue controlar, eu coloco
2 pratos na mesa. Um é o prato que ele está segurando com o garfo na mão e o outro é o prato
de comida dele, e vou colocando garfada por garfada e ele vai pegando garfada por garfada.
É a única forma que eu descobri de controlar a alimentação dele”. V18
Mesmo com as dificuldades relatadas acima, ao final do primeiro ano de vida foi
percebido aumento do consumo de novos alimentos oferecidos, exceto no caso de adolescente
de 18 anos, que até os seis anos ingeria exclusivamente leite e água. Entretanto, algumas
crianças começaram a apresentar; 3) mudanças no comportamento alimentar com a ausência
de fato desencadeador. De forma sutil, iniciou-se a recusa de alimentos anteriormente aceitos,
a exemplo de frutas, legumes, caroço do feijão e preparações com molho. Há mães que
relataram essas mudanças quando nasceram os primeiros dentes, entretanto, outras observaram
as rejeições aos três ou quatro anos de idade, sem que houvesse fator desencadeante definido.
Durante essa fase, foram ressaltados dois aspectos: o início da seletividade alimentar e
restrições quanto à consistência das preparações, ocorrendo maior predileção pela forma
líquida e pastosa.
“Antigamente ele era apaixonado por melancia, mas hoje ele já não quer. A não ser
que eu faça um suco de melancia. Antigamente eu tinha que esconder a melancia, a banana
porque se deixasse ele queria comer uma dúzia. Só que hoje ele não quer mais saber e só
aceita na vitamina. Tudo de fruta na vitamina e no suco ele permite, mas se for para comer
ele não quer”. E7
“Ele fez nove anos semana passada... Então eu não vejo problema dele tomar o
mingau, mas a questão é que ele só toma na mamadeira”. GR9
recusa do suco no lanche da noite; enjoou do macarrão comum e prefere o instantâneo; não
quer mais tomar vitamina, mas consome a fruta e o leite de forma separada. Uma das mães
relatou que o filho, somente na adolescência, passou a restringir algumas frutas.
“Ele é bem seletivo. Até chegar a uma marca que ele gostasse eu comprei várias...o
pão de milho é com manteiga, o pão de forma é com o queijo quente e o pão de sal é com ovo
frito. Não posso mudar”. GR9
Algumas mães relataram interesse por hábitos e alimentação mais saudável não só para
o indivíduo com TEA, como para toda a família. Nesses casos, havia o consumo regular de
verduras, legumes e frutas por parte dos filhos. Essas mães não relataram restrições
significativas no comportamento alimentar de seus filhos em nenhum momento da vida.
C) Existiu restrição com relação ao odor do alimento, de modo geral aos que possuem
cheiro forte. Alguns se queixam do cheiro da comida, a exemplo de preparações típicas como
a buchada, sarapatel, moqueca ou ensopado de peixe, ou alimentos crus, a exemplo do peixe.
A sensibilidade ao odor manifesta-se também na intolerância à perfumes.
Ao relatarem as restrições e preferências alimentares, as mães descrevem várias
atitudes da família relacionadas ao padrão alimentar do filho: 1) as preferências alimentares
da família, 2) a conduta paterna em relação à alimentação do filho, 3) a atitude da mãe frente
a novos alimentos, 4) o local das refeições e, 5) o veículo da alimentação.
Embora as características comportamentais relacionadas ao TEA possam estar
associadas a comportamentos alimentares peculiares, as 1) preferências alimentares da família
parecem influenciar na seleção dos alimentos. Em todas as entrevistas foi verificado que as
preferências e os hábitos alimentares da família eram muito próximos dos indivíduos com TEA.
“Lá em casa é muito refrigerante. Sabe o que é ter refrigerante todo santo dia? Todo
mundo gosta, mas os mais viciados sou eu e ele [o filho]”. JP5
Outra mãe relatou:
“Acho que ele saiu igual a mim e gosta bastante de frutas como pera, maçã,
uva...compro pão integral...produtos light porque meu pai é cardíaco. Já adaptei o café do
meu pai para ele também e ele gostou”. JV8
As preferências alimentares da mãe e da família refletiram na escolha dos alimentos:
“Bolo é um costume do pai...desde que casei toda semana tem bolo lá em casa. Aí o
filho foi no ritmo”. V18
No que concerne à textura uma mãe comentou que ela costumava comer os alimentos
amassados, igual ao filho. Outras sugeriram que a exposição ao alimento facilitava a aceitação,
porém quando o alimento deixava de ser oferecido com frequência, ocorria novamente a recusa.
É como se aquele alimento fosse saindo da rotina, e o indivíduo fosse esquecendo e
consequentemente vinha o processo da recusa. A familiaridade com os alimentos, decorrente
da contínua exposição, contribuía na formação do hábito alimentar de alguns indivíduos
investigados, mesmo quando a forma de preparo foi considerada estranha à cultura local.
“Morei com meu sogro até quando ele tinha 4 anos...eles tem descendência
italiana...quando meu filho não queria comer, a minha sogra todos os dias fazia um mingau
com fubá, azeite, alho e um pouco de sal e ele adorava. E come até hoje de manhã no lugar
do pão. Como ele gosta disso? É horrível!”. F8
70
Outro aspecto ressaltado nesta categoria foi a importância dada pela família ao 4) local
das refeições. A postura observada em algumas famílias foi de colocar o filho com TEA em
áreas externas da casa durante as refeições e em momentos distintos dos demais membros da
família, ofertar os alimentos em locais alternativos à mesa, como no chão ou no sofá, ou diante
da televisão. Os locais alternativos à mesa são usados como estratégia de controle para a casa
não ficar suja.
algumas mães, na tentativa de aumentar a ingesta, optaram por dar a comida na boca do filho
e utilizavam formas alternativas a exemplo do uso da colher para ofertar o suco, os alimentos
eram liquidificados e oferecidos na consistência pastosa.
“Aí eu batia a comida no liquidificador e dava. Fui indisciplinada, não é? Mas aí ele
aceitou bem. Aí eu fiquei fazendo isso por um período. Depois que passou esse período, eu fui
dar a colher e ele não quis mais de volta”. A5
Esses indivíduos são os mesmos descritos pelas mães como tendo dificuldades de
mastigação.
fato, alguma mudança no comportamento de seus filhos. Apenas uma mãe afirmou que realiza
diariamente a dieta de exclusão do glúten e da lactose, que foi iniciada antes da confirmação do
diagnóstico de TEA por causa dos sintomas gastrintestinais e dos aspectos comportamentais de
seu filho. Após a ingestão da mamadeira com mingau, a criança ficava desperta, agitada e tal
comportamento ficava evidente no período da noite pela ausência de sono.
Como a alimentação é uma das grandes preocupações das mães, facilmente percebeu-se
o uso do 2) alimento como moeda de troca na relação com o filho. Em alguns casos, as mães
utilizavam esse mecanismo de controle e obtinham sucesso na medida em que o indivíduo
alimentou-se de forma correta. Nestes casos, houve incentivo à refeição com a permissão de
atividades prazerosas ou a concessão de alimento preferido no período do lanche. Todavia, na
maioria dos casos, essa barganha substituiu o almoço ou o jantar por sobremesas calóricas ou
lanches. Ou seja, para que o filho comesse alguma coisa, a solução foi permitir o consumo do
alimento preferido como sanduiche, biscoito, iogurte cremoso de chocolate ou refrigerante.
Foram constantes as descrições maternas do sentimento de angústia diante da negativa:
“Eu dou o café com o leite no sábado por volta de 8 horas. Aí espero e só deixo ele
merendar 10h. Às vezes ele pede mais eu não dou. Mas aí chega meio dia, ele não almoça.
Mas, se ele almoçasse resolveria, mas não almoça... Já estou apelando, tentando de tudo. Não
sei mais o que fazer para ele comer. Fico nervosa, estressada”. MV10
Existem também, por parte do indivíduo com TEA, 3) estratégias para conseguir o
alimento preferido. Algumas mães descreveram atitudes regressivas, carinhosas e insistentes
para a obtenção do alimento desejado. Alguns infantilizavam a voz e repetiam a palavra “por
favor” várias vezes; outro esperava a mãe chegar em casa, cobria-a de beijos e abraços, porém
diante da recusa materna ao alimento pretendido, se iniciava o choro e a mãe cedia. É comum
que o familiar ceda o alimento quando o filho chora muito ou grita:
“Porque [nome do filho] chega, me cheira, me beija toda, me abraça, puxa pelo braço,
e aí me pede um biscoito. Aí [o irmão mais velho] diz: não! Aí ele começa a chorar e fica me
pedindo de novo. Aí eu não aguento e dou. Assim, ainda bem que eu trabalho na rua, não é?
Por que se não, eu já tinha estragado mais ele. Mas quando eu estou em casa realmente eu
tento evitar ao máximo. Até melhorei um pouquinho em relação a isso, mas me corta o
coração. Não consigo, não consigo”. LG9
Em alguns casos, comportamentos mais disruptivos podiam acontecer, tais como,
atitudes agressivas com crises choro e fúria, agressões e automutilação. Quando o indivíduo
tinha hábito alimentar estabelecido, como por exemplo, comer determinado alimento quando
73
vai a local específico no final de semana, pode se tornar muito agitado se a rotina não se
estabelecer. Porém, parece que essas atitudes são geradas pela mãe:
“Meu marido já disse pra mim que quando eu saio ou vou ao médico e que ele fica só
com [nome do filho], ele não fica pedindo comida toda hora. Ah! Então eu tenho cara de
comida. Se eu botar os pés em casa [nome do filho] quer comer.” Outra mãe informou:
“Quando o pai está em casa, ele não pega a mão do pai de jeito nenhum porque ele sabe que
o pai não vai dar. Quando eu chego, ele já começa a chorar”. MV10
Existe 4) reação aos alimentos que rejeita, que influenciava as atitudes familiares. Elas
podem ser:
A) reações fisiológicas foram assim definidas por serem involuntárias, tais como,
náusea e vômito, sendo parte desse comportamento relacionado à textura do alimento (pedaços
de legumes ou carne na sopa liquidificada, pedaço de batata no purê). Em caso específico, esse
tipo de comportamento foi, em parte, modificado após tratamento de dessensibilização
orientado por psicóloga especialista em seletividade alimentar. Durante o tratamento, o foco
do trabalho foi direcionado à hipersensibilidade manifestada a determinadas texturas –
legumes e frutas em geral, caroço do feijão, sucos com resíduos. Ao final do trabalho, a mãe
conseguiu introduzir no cardápio vários alimentos que anteriormente desencadeavam as
reações descritas e melhorou a tolerância relacionada às texturas em diversos aspectos:
“... sucos, a gente começou a perceber que ele tomava somente os que não
apresentavam textura de fibra, de nada. Era o suco de abacaxi bem coado, maracujá, suco de
uva. Agora suco de manga, acerola, caju, cajá que fica aquela fibra ele não tomava”. C7
A sensibilidade olfativa também pode provocar repulsa ao ambiente de onde o odor é
proveniente, forçando o indivíduo a sair do local, ou fazendo com que não se sente à mesa.
Nesses casos, a ingestão ocorre somente com a retirada do alimento do ambiente.
B) As reações comportamentais geradas pela intolerância ou aversão ao alimento,
podem ser manifestadas com o simples fato de fechar a boca, cuspir ou afastar a comida para
o canto do prato, podendo chegar às manifestações de gritos, choro, irritação, interrupção
abrupta da alimentação, ou reações mais agressivas como jogar o prato no chão. A tentativa
de introdução de alimentos diferentes pode gerar 5) reações aos novos alimentos de repulsa
ostensiva ou não, reações essas que seguramente influenciavam na conduta posterior das mães.
Atitudes resistentes foram as mais frequentes. Alguns cuspiam a comida, ficavam irritados e
agressivos com a simples oferta. Comumente diziam “não gosto”, “não quero” sem nunca ter
experimentado o alimento. Outros empurravam o utensílio ou a mão de quem oferece,
demonstrando reação de recusa ostensiva e mesmo agressiva. Menos comuns são as atitudes
74
mais flexíveis. Nesses casos, primeiro o indivíduo cheira a comida e depois leva um pedaço
bem pequeno do alimento à boca, podendo mais facilmente aceitar o alimento apresentado.
Existiram problemas associados ao alimento, que geravam restrição alimentar como
consequência de problema fisiológico, a exemplo do refluxo e da obstipação intestinal.
Manifestações de refluxo foram relatadas quando o filho ainda era bebê com o uso do leite
materno e dos artificiais. Em casos mais graves, descobriu-se, posteriormente, a intolerância à
lactose, que estava controlada atualmente com dieta e medicação.
“... mas mesmo assim tinha muitos episódios. Muito refluxo. Também não consegui
introduzir a papinha e a sopinha porque ele comia e vomitava... ele fez um tratamento usando
“motilium” e outras medicações... até hoje ele tem problema de estômago”. V18
No tocante ao funcionamento do intestino, a queixa frequente foi a de que, o filho não
evacuava regularmente e constipação foi fato constante, sendo necessário, muitas vezes, o uso
de laxantes. A mãe que relatou fazer a dieta de exclusão informou que o ritmo intestinal só
regularizou com a retirada do glúten.
8.4 Discussão
Diante dos dados, foi constatado que o comportamento alimentar de alguns autistas
não evoluiu com o amadurecimento cronológico. Algumas mães relataram dificuldades em
reduzir o número de refeições que tinham o leite como base, para a introdução de alimentos
com outras consistências. Houve crianças com idade entre 6 e 12 anos com dieta ainda baseada
na consistência líquida e pastosa, além do uso de mamadeiras. É como se o comportamento
alimentar desses indivíduos tivesse estacionado entre o 18º e 24º mês de vida. Como observado
em outro estudo envolvendo TEA(216), vários comprometimentos motores também são
frequentes, impedindo ou dificultando a aquisição das habilidades motoras necessárias à
manipulação dos alimentos e a independência ao alimentar-se. Segundo os mesmos autores,
crianças com TEA apresentam atrasos motores significativos que se tornam mais
76
Atitudes da família
Os resultados do presente estudo indicam que, para além dos fatores fisiológicos
associados ao autismo, - alterações motoras, sensoriais, ou problemas gastrointestinais -, aspectos
ambientais podem interferir e determinar a alimentação de indivíduos com TEA. O
comportamento alimentar dos pais ou cuidadores diretos parece ter influência importante no
padrão alimentar. As idiossincrasias alimentares (comer pirão de alho), as preferências por
alimentos calóricos e pouco nutritivos, assim como opções por alimentos mais saudáveis são
77
transmitidos para toda a família. Assim, aspectos familiares e culturais parecem influenciar em
comportamentos alimentares que poderiam parecer restrições relacionadas ao transtorno
(consumo de calabresa, determinadas marcas de biscoito e iogurte, preferência por biscoitos
recheados, comer muito doce, consumir refrigerante em excesso). Nesses casos, talvez o estímulo
ambiental se associe aos imperativos restritivos e repetitivos do TEA para consolidar alimentação
mais rígida, seletiva e empobrecida. Outros estudos indicam que a dinâmica familiar exerce grande
ascendência na alimentação. Pesquisas que analisaram a formação dos hábitos alimentares
(199-200)
indicam forte influência dos pais no desenvolvimento do comportamento do filho ,
especialmente se apresentavam sobrepeso ou possuíam problemas para controlar a sua própria
ingestão de alimentos(198).
Ainda discorrendo sobre a atitude dos pais, o vínculo estabelecido entre mãe e filho
parece ter influência mais ampla, pois ela dispensava mais tempo com os cuidados gerais, e
principalmente, em relação à alimentação. Pesquisadores(220) enfatizam que problemas
nutricionais, como a desnutrição e a obesidade, podem ser consequência do tipo de vínculo
estabelecido. A influência materna vai além da escolha do alimento. O ato de se alimentar não
está associado somente a saciar a fome. Nele são estabelecidos vínculos com os alimentos, e
78
com as pessoas que os alimentam(221). A mãe, ao estabelecer que as refeições sejam realizadas
em família ou em conjunto com outras pessoas, cria e mantêm vínculo familiar, proporciona
o convívio com outras pessoas, estabelece regras e disciplina e possibilita a familiarização
com novos alimentos ou preparações. Algumas mães, no presente estudo, ao referirem melhora
na interação familiar, aumentavam a variedade dos itens ingeridos, o que contribuía na
evolução do comportamento alimentar. Todavia, outras atitudes narradas reforçaram o
isolamento característico do transtorno, pelo fato do indivíduo fazer as refeições em local
específico e diferente da família para se alimentar, além de não contribuir para o
desenvolvimento do autista com a prática de atitudes incomuns, a exemplo de ofertar o suco
na colher ao invés de estimular o uso copo.
começa a exercer pressão para obter alimentos específicos através do choro insistente,
automutilação e gritos, quando a fala não está estabelecida. Em alguns relatos, a atitude do
filho mudava completamente quando ela estava somente na presença do pai ou outro membro
da família.
8.5 Conclusão
Os resultados desse estudo indicam que, se existir um fator orgânico que pode afetar a
escolha alimentar do indivíduo com TEA (dificuldade de sucção e de mastigação), os fatores
80
9 CONSTRUÇÃO DA ESCALA
propiciar que uma terceira pessoa mensure e classifique o comportamento com a menor
ambiguidade possível.
9.1 Dimensionalidade
Entretanto, existem algumas regras que orientam, de forma geral, a elaboração dos
itens da escala, que estão enumeradas abaixo(228):
- Critério da simplicidade: um item deve expressar uma única idéia para não confundir o
respondente;
84
- Critério da clareza: o item deve ser inteligível até para o estrato mais baixo da
população-alvo, devendo se utilizar frases curtas, com expressões simples e claras;
- Critério da precisão: o item deve possuir uma posição definida no construto e ser
distinto dos demais itens;
- Critério da amplitude: o conjunto dos itens deve cobrir toda a extensão da magnitude
do construto, e todos os níveis de compreensão da população-alvo, permitindo
discriminar indivíduos de diferentes níveis. Este último critério refere-se ao conjunto
dos itens do instrumento no seu todo.
com base em opiniões de outras pessoas sobre tal hipótese. A análise teórica é feita por juízes
e compreende dois tipos distintos: a análise que incide sobre a compreensão dos itens pelos
sujeitos-alvo (análise semântica) ou sobre a pertinência dos itens ao referente construto que
representam (análise dos juízes). Para a análise dos juízes, devem ser convidados profissionais
experientes na área do construto, cuja tarefa consiste em julgar se os itens estão se referindo
ou não ao construto, em questão, e opinar, individualmente sobre qual dos fatores (dimensões)
cada item se refere. Um número de seis juízes é considerado suficiente. O critério de
pertinência do item deve ser de, pelo menos, 80% de concordância entre os juízes, sendo que
os itens que não atingirem essa taxa podem ser descartados do instrumento-piloto)(226,227). Não
obstante tal recomendação, em pesquisas exploratórias, é possível que a análise de juízes não
adote o percentual de concordância como critério para exclusão dos itens, sendo eles
analisados de forma mais qualitativa, considerando-se sua estrutura teórica e semântica.
Na análise semântica dos itens, verifica-se a compressão dos itens para os membros da
população à qual o instrumento se destina. Para alcançar tal proposta, aplica-se o instrumento
a pequenos grupos de pessoas (3 ou 4). Esse procedimento objetiva discutir, com sujeitos do
estudo, as dúvidas que os itens suscitam, assim como observar os consensos e divergências
acerca da compreensão dos itens. Com o trabalho dos juízes, conclui-se a etapa dos
procedimentos teóricos visando a formulação do instrumento piloto.
9.3 Construção das especificações da escala: definição das dimensões e identificação dos
descritores do comportamento alimentar de indivíduos com TEA
Para a elaboração desta etapa, foram realizados três encontros, cada um com cerca de
2 horas de duração, para discussões e reflexões acerca da elaboração das dimensões e dos
descritores. Os encontros incluíram uma nutricionista, um psiquiatra com especialização no
86
atendimento de pessoas com TEA, com 15 anos de experiência clínica voltada para o TEA,
um psicólogo, com especialização em avaliação neuropsicológica.
Ao serem definidas as dimensões e descritores, optou-se pela escala do tipo Likert, que
consiste na medida com categorias de respostas que vão desde extremo grau de discordância
até extremo de concordância(229). Os procedimentos para a construção de uma escala tipo
Likert são(230):
1) Reunir itens considerados relevantes para a atitude pesquisada e que sejam claramente
favoráveis ou desfavoráveis;
88
3) As respostas aos vários itens são codificadas de modo que uma resposta que indica a
atitude mais favorável recebe o escore mais elevado. Não importa que 5 seja elevado
e 1 baixo, ou vice-versa. O importante é ter coerência nas respostas em função da
orientação de atitude que indicam;
4) O escore total de cada indivíduo é calculado pela soma de seus escores nos itens;
5) As respostas são analisadas para verificar quais os itens que discriminam mais
claramente entre os que obtêm resultados elevados e os que obtêm resultados mais
baixos na escala total.
Quadro 4 - Primeira versão da escala: distribuição dos 51 itens nas respectivas dimensões
Dimensão No de Itens Itens
Motricidade na Mastigação 6 1-6
Seletividade Alimentar 17 7 - 23
Aspectos Comportamentais 12 24 - 35
Sintomas Gastrointestinais 7 36 – 42
Sensibilidade Sensorial 5 43 – 47
pessoas com TEA, os critérios de escolha para compor o comitê de juízes foram: ser
profissional de saúde com experiência clínica de pelo menos cinco anos no atendimento de
pessoas com TEA, ter cursos de especialização em transtornos do desenvolvimento e/ou
possuir conhecimentos sobre construção e validação de instrumentos de medida e concordar
em participar da avaliação do instrumento.
A versão preliminar foi encaminhada por e-mail em janeiro de 2015, para 12 possíveis
juízes, junto com carta convite (Apêndice B), apresentando os objetivos da pesquisa e
reforçando a importância desta etapa da pesquisa. Todos os juízes foram contatados
previamente, e neste primeiro contato foi esclarecido o objetivo do estudo e enviado por e-
mail material referente à análise a ser realizada. Na medida em que o convite era formalmente
aceito, o profissional acessava o anexo, contendo a primeira versão da escala de avaliação do
comportamento alimentar (Apêndice C) com 51 itens e seis domínios, junto com as instruções,
os critérios de avaliação (Apêndice D) a serem seguidos na realização da análise e a ficha de
avaliação que deveria ser preenchida (Apêndice E). Das doze pessoas convidadas, nove
aceitaram o convite e realizam a avaliação do instrumento. A seguir será descrito
resumidamente a formação dos juízes:
O trabalho dos juízes significou a conclusão da etapa dos procedimentos teóricos que
originaram o instrumento piloto. Após o referido julgamento, o instrumento foi reavaliado
com base nas observações e sofreu modificações quanto ao número de itens e alocação dos
mesmos nas dimensões, resultando na segunda versão da escala com 53 itens distribuídos nos
respectivos domínios.
O critério de pertinência de um item deve ser de, pelo menos, 80% de concordância
entre os juízes, sendo que os itens que não atingirem essa taxa podem ser descartados do
instrumento-piloto)(226,228). De forma geral, os itens da escala obtiveram média de 95% de
concordância relativa ao domínio, ao construto e na redação. A maioria das modificações,
provenientes das sugestões dos especialistas, ocorreu por exclusões de itens semelhantes e
acréscimo no conteúdo da escala.
Dos seis itens da dimensão Motricidade na Mastigação (Quadro 5), quatro obtiveram
plena concordância em relação ao domínio e ao construto (“Dificuldades de mastigar os
alimentos”; “Dificuldades na sucção de líquidos -canudo, mamadeira, peito”; “Engole os
alimentos sem mastigar suficientemente”; “Engasga com alimentos”).
91
O item 5 foi readequado por ter sido considerado semelhante ao item 6, que
consequentemente foi excluído. Os demais itens foram mantidos. Contudo, seis novos itens
foram indicados pelos juízes para compor esta dimensão, conforme descrito no Quadro 6.
Quadro 6 - Itens inseridos na escala por sugestão dos juízes referente à dimensão
Motricidade na Mastigação
Item inserido
Dificuldade de transferir o alimento de um lado para o outro da boca com a língua
Após engolir o alimento continua com resíduos de comida na boca; não esvazia totalmente a boca
Precisa beber um líquido para ajudar a engolir a comida
Após engolir a comida faz um movimento com a cabeça como se estivesse ajudando a comida descer
Mastiga os alimentos com a boca aberta
Dificuldade de abrir totalmente a boca
Quadro 10 - Itens inseridos por sugestão dos juízes referente a dimensão Sintomas Gastrointestinais
Item inserido
Gases; inchaço na barriga
Dos cinco itens pertencentes ao domínio Sensibilidade Sensorial (Quadro 11) três
obtiveram boa concordância e avaliação na redação, sendo mantidos inalterados. Nos itens 46
e 47 foram realizadas pequenas alterações na redação em observância às sugestões dos juízes,
resultando nas seguintes sentenças: “Incomoda-se em ser tocado por outras pessoas” e
“Incomoda-se em trocar de roupas, tomar banho, etiqueta e costura nas roupas”,
respectivamente. Os demais itens permaneceram inalterados.
Na dimensão Habilidade nas Refeições (Quadro 12), dois itens obtiveram total
concordância. O item 50 foi excluído pela ausência de clareza. No item 51 foi incluído na
redação “e outros utensílios”.
Quadro 12 – Resultados do julgamento dos juízes referente à dimensão Habilidade nas Refeições
Item elaborado Modificação
48. Tem dificuldades de sentar-se à mesa para fazer Mantido
as refeições (ex: almoça no chão, sofá, cama)
49. Derrama muito a comida na mesa ou na roupa Mantido
quando se alimenta
50. Meu filho tem mais de 3 anos e só come com a Excluído
ajuda de outra pessoa
51. Tem dificuldades de utilizar os talheres Tem dificuldades de utilizar os talheres e outros
utensílios
95
Quadro 13 - Segunda versão da escala: distribuição dos 52 itens nas respectivas dimensões
Dimensão No de Itens Itens
Motricidade na Mastigação 11 1 - 11
Seletividade Alimentar 15 12 - 26
Aspectos Comportamentais 11 27 - 37
Sintomas Gastrointestinais 8 38 – 45
Data: _____________________
Por favor, preencha este questionário de acordo com a sua opinião sobre o comportamento alimentar do seu
filho, mesmo que a sua opinião seja diferente daquela de outras pessoas. Caso tenha algum comentário adicional,
pode anotar ao lado de cada item ou no final do questionário. POR FAVOR, RESPONDA A TODOS OS ITENS.
Abaixo há uma lista de vários problemas ou dificuldades relacionadas ao comportamento alimentar. As
opções de resposta variam de 1 (Não) até 5 (Sempre). Coloque um círculo em torno do:
1 Não: Se seu filho não apresente o comportamento nunca;
2 Raramente: Se seu filho raramente apresente o comportamento descrito;
3 Às vezes: Se seu filho às vezes apresente o comportamento;
4 Frequentemente: Se o comportamento ocorra com frequência;
5 Sempre: Se seu filho sempre apresenta o comportamento.
96
Frequentemente
Raramente
Às vezes
Sempre
Não
Motricidade na Mastigação
1. Dificuldades de mastigar os alimentos 1 2 3 4 5
2. Dificuldade de abrir totalmente a boca 1 2 3 4 5
3. Mastiga os alimentos com a boca aberta 1 2 3 4 5
4. Dificuldade de transferir o alimento de um lado para o outro da boca com a 1 2 3 4 5
língua
5. Dificuldades na sucção de líquidos (canudo, mamadeira, peito) 1 2 3 4 5
6. Engole os alimentos sem mastigar suficientemente 1 2 3 4 5
7. Engasga com alimentos 1 2 3 4 5
8. Após engolir o alimento continua com resíduos de comida na boca; não esvazia 1 2 3 4 5
totalmente a boca
9. Precisa beber um líquido para ajudar a engolir a comida 1 2 3 4 5
10. Após engolir a comida levanta a cabeça para cima como se estivesse ajudando a 1 2 3 4 5
comida descer
11. Regurgita os alimentos, durante ou imediatamente após as refeições; pode 1 2 3 4 5
também mastigar novamente, ruminando os alimentos
Seletividade Alimentar
12. Seleciona alimentos pela marca ou embalagem (ex: somente caixa ou saco 1 2 3 4 5
plástico)
13. Seleciona alimentos por determinada temperatura (só quente ou só frio) 1 2 3 4 5
14. Seleciona alimentos pela cor 1 2 3 4 5
15. Seleciona o alimento ou rejeita em função da textura 1 2 3 4 5
16. Seletivo por refeições molhadas (ex: alimentos com molhos ou caldo de feijão) 1 2 3 4 5
17. Seletivo por refeições mais secas (ex: sem nenhum molho ou caldo de feijão) 1 2 3 4 5
18. Seletivo por alimentos crocantes 1 2 3 4 5
19. Seletivo por alimentos com textura macia (ex: purê) 1 2 3 4 5
20. Seletivo por alimentos amassados 1 2 3 4 5
21. Seletivo por alimentos liquidificados, ou coados na peneira ou flanela 1 2 3 4 5
22. Evita comer carnes 1 2 3 4 5
23. Evita comer frango 1 2 3 4 5
24. Evita comer frutas 1 2 3 4 5
25. Evita comer vegetais cozidos e/ou crus 1 2 3 4 5
26. Retira o tempero da comida (ex: pedaços de coentro, cebolinha ou tomate) 1 2 3 4 5
97
Aspectos Comportamentais
27. Cospe a comida 1 2 3 4 5
28. Possui ritual para comer (ex: os alimentos devem ser arrumados no prato da 1 2 3 4 5
mesma forma; se o ritual não for obedecido seu filho recusa a comer, ou fica
irritado ou perturbado)
29. Come sempre no mesmo lugar 1 2 3 4 5
30. Come sempre com os mesmos utensílios (ex: o mesmo prato, garfo, colher ou 1 2 3 4 5
copo)
31. Possui comportamento agressivo durante as refeições (ex: agride quem está por 1 2 3 4 5
perto, auto-lesão, destruição de objetos)
32. Come uma grande quantidade de alimento num período de tempo curto 1 2 3 4 5
33. Pega sem permissão a comida de outras pessoas durante as refeições 1 2 3 4 5
34. Pega sem permissão comida fora do horário das refeições 1 2 3 4 5
35. Vomita, durante ou imediatamente após as refeições 1 2 3 4 5
36. Possui inquietação/agitação motora que dificulta sentar-se à mesa 1 2 3 4 5
37. Ingere objetos estranhos/bizarros (ex. sabão, terra, plástico, chiclete) 1 2 3 4 5
Sintomas Gastrointestinais
38. Refluxo 1 2 3 4 5
39. Constipação 1 2 3 4 5
40. Diarreia 1 2 3 4 5
41. Vômito 1 2 3 4 5
42. Gases; inchaço na barriga 1 2 3 4 5
43. Alergia alimentar (Ex: amendoim, frutos do mar) 1 2 3 4 5
44. Intolerância ao glúten 1 2 3 4 5
45. Intolerância a lactose 1 2 3 4 5
Sensibilidade Sensorial
46. Incomoda-se com barulhos (ex: som alto, voz, liquidificador, etc...) 1 2 3 4 5
47. Incomoda-se com cheiros fortes (ex: comida, gasolina, tinta, perfume, etc...) 1 2 3 4 5
48. Incomoda-se com coisas pegajosas (ex: hidratante, tinta, massa de modelar, 1 2 3 4 5
beijo molhado, etc...)
49. Incomoda-se em ser tocado por outras pessoas 1 2 3 4 5
50. Incomoda-se em trocar de roupas, tomar banho, etiqueta e costura nas roupas 1 2 3 4 5
Habilidades nas Refeições
51. Tem dificuldades de sentar-se à mesa para fazer as refeições (ex: almoça no 1 2 3 4 5
chão, sofá, cama)
52. Derrama muito a comida na mesa ou na roupa quando se alimenta 1 2 3 4 5
53. Tem dificuldades de utilizar os talheres e outros utensílios 1 2 3 4 5
98
Quadro 19 - Resultados da análise semântica referente aos itens da dimensão Sensibilidade Sensorial
Por favor, preencha este questionário de acordo com a sua opinião sobre o comportamento
alimentar do seu filho, mesmo que a sua opinião seja diferente daquela de outras pessoas. Caso
tenha algum comentário adicional, pode anotar ao lado de cada item ou no final do questionário.
POR FAVOR, RESPONDA A TODOS OS ITENS.
Abaixo há uma lista de vários problemas ou dificuldades relacionadas ao comportamento
alimentar. As opções de resposta variam de 1 (Não) até 5 (Sempre). Coloque um círculo em
torno do:
1 Não: Se seu filho não apresente o comportamento nunca;
2 Raramente: Se seu filho raramente apresente o comportamento descrito;
3 Às vezes: Se seu filho às vezes apresente o comportamento;
4 Frequentemente: Se o comportamento ocorra com frequência;
5 Sempre: Se seu filho sempre apresenta o comportamento.
Frequentemente
Raramente
Às vezes
Sempre
Não
Motricidade na Mastigação
1. Dificuldades para mastigar os alimentos 1 2 3 4 5
2. Dificuldade para abrir totalmente a boca 1 2 3 4 5
3. Mastiga os alimentos com a boca aberta 1 2 3 4 5
4. Dificuldade para levar o alimento de um lado para o outro da boca com a língua 1 2 3 4 5
5. Dificuldades ao sugar o peito ou alimentos líquidos usando canudo ou 1 2 3 4 5
mamadeira
6. Engole os alimentos sem mastiga-los o bastante 1 2 3 4 5
7. Engasga com os alimentos 1 2 3 4 5
8. Após engolir o alimento continua com restos de comida na boca; não esvazia 1 2 3 4 5
totalmente a boca
9. Precisa beber um líquido para ajudar a engolir a comida 1 2 3 4 5
10. Após engolir a comida levanta a cabeça para cima como se estivesse ajudando a 1 2 3 4 5
comida a descer
11. Durante ou imediatamente após as refeições golfa (trazendo de volta o alimento 1 2 3 4 5
que engoliu a boca) e mastiga o alimento novamente
Seletividade Alimentar
12. Seleciona alimentos pela marca ou embalagem (ex: somente caixa ou saco 1 2 3 4 5
plástico)
13. Seleciona alimentos pela temperatura (só quente ou só frio) 1 2 3 4 5
14. Seleciona alimentos pela cor 1 2 3 4 5
15. Seleciona o alimento ou rejeita em função da consistência (ex: somente alimento 1 2 3 4 5
pastoso ou somente líquido ou nenhum dos dois)
16. Seletivo por refeições molhadas (ex: alimentos com molhos ou caldo de feijão) 1 2 3 4 5
17. Seletivo por refeições mais secas (ex: sem nenhum molho ou caldo de feijão) 1 2 3 4 5
18. Seletivo por alimentos crocantes (ex: batatinha, pão torrado, salgadinho, biscoito 1 2 3 4 5
cream craker)
19. Seletivo por alimentos com consistência macia (ex: purê, mingau, vitamina, 1 2 3 4 5
iogurte)
20. Seletivo por alimentos amassados 1 2 3 4 5
21. Seletivo por alimentos liquidificados, ou coados no pano ou na peneira 1 2 3 4 5
22. Evita comer carnes 1 2 3 4 5
23. Evita comer frango 1 2 3 4 5
24. Evita comer frutas 1 2 3 4 5
25. Evita comer vegetais cozidos e/ou crus
26. Retira o tempero da comida (ex: pedaços de coentro, cebolinha ou tomate) 1 2 3 4 5
Aspectos Comportamentais
27. Cospe a comida 1 2 3 4 5
28. Possui ritual para comer (ex: os alimentos devem ser arrumados no prato da 1 2 3 4 5
mesma forma; se o ritual não for obedecido seu filho se recusa a comer, ou fica
irritado ou perturbado)
29. Come sempre no mesmo lugar 1 2 3 4 5
105
30. Come sempre com os mesmos utensílios (ex: o mesmo prato, garfo, colher ou 1 2 3 4 5
copo)
31. Possui comportamento agressivo durante as refeições (ex: agride quem está por 1 2 3 4 5
perto, fica se machucando batendo a cabeça na parede ou se batendo ou
beliscando o corpo, destrói objetos)
32. Come uma grande quantidade de alimento num período de tempo curto 1 2 3 4 5
33. Sem permissão pega a comida de outras pessoas durante as refeições 1 2 3 4 5
34. Sem permissão pega a comida fora do horário das refeições 1 2 3 4 5
35. Vomita, durante ou imediatamente após as refeições 1 2 3 4 5
36. Possui inquietação/agitação motora que dificulta sentar-se à mesa 1 2 3 4 5
37. Bebe, come, lambe substâncias ou objetos estranhos (ex. sabão, terra, plástico, 1 2 3 4 5
chiclete)
Sintomas Gastrointestinais
38. Refluxo, golfada (retorno a boca do alimento que comeu ou bebeu) 1 2 3 4 5
39. Constipação, intestino preso, ressecado, prisão de ventre 1 2 3 4 5
40. Diarreia 1 2 3 4 5
41. Vômito 1 2 3 4 5
42. Gases; inchaço na barriga 1 2 3 4 5
43. Alergia alimentar (ex: amendoim, frutos do mar) 1 2 3 4 5
44. Intolerância ao glúten (o glúten está presente na farinha de trigo, aveia, centeio e 1 2 3 4 5
cevada)
45. Intolerância à lactose 1 2 3 4 5
Sensibilidade Sensorial
46. Incomoda-se com barulhos (ex: som ou voz alta, liquidificador, carro, moto, 1 2 3 4 5
maquita, etc...)
47. Incomoda-se com cheiros fortes (ex: comida, gasolina, tinta, perfume, etc...) 1 2 3 4 5
48. Incomoda-se com coisas pegajosas (ex: hidratante, tinta, massa de modelar, beijo 1 2 3 4 5
molhado, etc...)
49. Incomoda-se em ser tocado por outras pessoas (ex: abraço, beijo ou simples 1 2 3 4 5
toque)
50. Incomoda-se em trocar de roupas, tomar banho, etiqueta e costura nas roupas 1 2 3 4 5
Habilidades nas Refeições
51. Tem dificuldades de sentar-se à mesa para fazer as refeições (ex: almoça no 1 2 3 4 5
chão, sofá, cama)
52. Derrama muito a comida na mesa ou na roupa quando se alimenta 1 2 3 4 5
53. Tem dificuldades de utilizar os talheres e outros utensílios 1 2 3 4 5
106
10 DISCUSSÃO
Problemas na alimentação são comuns entre crianças com TEA, mas a avaliação do
comportamento alimentar nesta população tem recebido pouca atenção. Examinar a natureza
específica desses problemas proporcionará interferências clínicas e comportamentais mais
específicas. A exemplo, podemos citar as implicações na intervenção precoce, prevenção,
evitando assim o agravamento dos problemas relativos à alimentação. Além desses fatos, as
informações, fruto desta investigação do comportamento alimentar, poderão ajudar na
individualização de tratamentos mais eficazes para os portadores deste transtorno.
Ao serem traçadas estratégias para a intervenção nutricional para essa população, nos
deparamos com vários fatores intervenientes que para melhor compreendê-los e contorná-los,
faz-se necessário um intenso diálogo com outras áreas de saúde, a exemplo da psicologia,
terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia. Tentar explicar e solucionar os problemas
do comportamento alimentar no TEA apenas sob o ponto de vista do profissional nutricionista
é limitado e com baixa eficácia.
11 PERSPECTIVAS FUTURAS
A seguir serão detalhadas as etapas de validação da escala que darão continuidade a este
trabalho.
confiabilidade é a exatidão, assim, quanto menor a variação produzida pelo instrumento, nas
mensurações repetidas de um atributo, maior a sua confiabilidade” (20).
12 PROCEDIMENTOS ÉTICOS
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128
APÊNDICES
A Sr (a) está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem como título
“Reflexos Comportamentais de Indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
sobre o perfil alimentar”. O objetivo da pesquisa é construir uma escala que possa ser
preenchida por pais de autistas, e que essa escala ajude a conhecer melhor o comportamento
alimentar dessas pessoas que possuem este transtorno.
A sua participação implica em preencher duas escalas: uma relacionada ao seu
comportamento e outra relativa ao comportamento do seu filho durante as refeições. Os papeis
serão entregues ào Sr(a) para que sejam preenchido enquanto Sr(a) aguarda o término das
atividades do seu filho(a) aqui na AMA. As escalas terão questões de marcar X perguntando
sobre a aceitação ou recusa do seu filho (a) a determinados alimentos, sabores, preferências
alimentares e como ele e a sua família se comportam quando estão fazendo as refeições.
Além dessas duas escalas, dois formulários chamados registro alimentar e questionário
de frequência alimentar, deverão ser preenchidos com os alimentos frequentemente consumidos
pela família e pela criança. Após o preenchimento desses dados será realizada uma avaliação
nutricional através da medida da altura e aferição do peso da criança e do Sr(a).
Ao participar deste estudo o Sr (a) permitirá que o pesquisador compreenda melhor os
hábitos alimentares e comportamento dos autistas, e de posse dessas informações possa ser
aprimorada as orientações relativas à dieta e ao comportamento alimentar do seu filho e de
outras pessoas que tenham as mesmas dificuldades. Os dados serão publicados em revistas
científicas, apresentados em congressos e disponibilizados para profissionais e pais envolvidos
no estudo sem que os participantes sejam identificados. Não haverá nenhuma vantagem
imediata com a participação nesse estudo, a não ser o conhecimento dos resultados, caso eu
concorde. Os riscos são mínimos, como o constrangimento no preenchimento da escala. Caso
o Sr(a) precise de alguma orientação ou se sentir constrangido(a), o Sr(a) será encaminhado(a)
à coordenadora e responsável pela pesquisa, para que sejam feitos os devidos esclarecimentos.
Todas as informações colhidas através deste projeto de pesquisa farão parte de um banco de
dados que não vai conter nenhuma informação que identifique o Sr(a) ou seu(a) filho. Esse
129
Impressão Datiloscópica
Identificação e contatos
Nome do entrevistado:
Nome da criança:
Idade do pai:
Renda familiar:
Qual a renda total aproximada das pessoas que moram em sua casa (compute pensão, bolsa
família e salários).
Abordagem inicial
- Gostaria de conversar com você sobre a alimentação do seu filho (deixar o cuidador à vontade
para discorrer sobre qualquer aspecto a alimentação do indivíduo com TEA).
131
- Alimentação dos familiares (horários das refeições, hábito alimentar, local das refeições, se
comem todos juntos ou cada qual em um momento diferente; utensílios utilizados).
- Como é a alimentação do filho autista? (horários das refeições, hábito alimentar, local das
refeições, se come com demais membros da família, utensílios utilizados, preferência e restrição
alimentar, manias).
- Tem alguma coisa na alimentação do autista que difere dos demais (algo que só ele faça).
132
Ilma. Dr (a),
Prezada,
2) Julgar a adequação de cada item aos critérios estabelecidos (Veja no anexo os critérios
mostrados no Apêndice D intitulado Critérios para a avaliação da adequação dos itens).
Se considerar necessário modificar a redação do item, sinta-se a vontade para apontar a
sugestão seguida da sua justificativa.
Havendo concordância em participar desta etapa da pesquisa, solicitamos que estas
informações sejam mantidas em sigilo, considerando que serão utilizadas posteriormente em
publicações.
Após a análise, pedimos que devolva o material para o endereço eletrônico de origem.
Por entender que esta tarefa lhe exigirá grande dedicação e a sua imprescindível
competência, desde já agradecemos imensamente a sua colaboração.
Atenciosamente,
Data: _____________________
Por favor, preencha este questionário de acordo com a sua opinião sobre o comportamento
alimentar do seu filho, mesmo que a sua opinião seja diferente daquela de outras pessoas. Caso
tenha algum comentário adicional, pode anotar ao lado de cada item ou no final do questionário.
POR FAVOR, RESPONDA A TODOS OS ITENS.
Abaixo há uma lista de vários problemas ou dificuldades relacionadas ao comportamento
alimentar. As opções de resposta variam de 1 (Não) até 5 (Sempre). Coloque um círculo em
torno do:
1 Não: Se seu filho não apresente o comportamento nunca;
2 Raramente: Se seu filho raramente apresente o comportamento descrito;
3 Às vezes: Se seu filho às vezes apresente o comportamento;
4 Frequentemente: Se o comportamento ocorra com frequência;
5 Sempre: Se seu filho sempre apresenta o comportamento. Frequentemente
Raramente
Às vezes
Sempre
Não
Motricidade na Mastigação
1. Dificuldades de mastigar os alimentos 1 2 3 4 5
2. Dificuldades na sucção de líquidos (canudo, mamadeira, 1 2 3 4 5
peito)
3. Engole os alimentos sem mastigar suficientemente 1 2 3 4 5
4. Engasga com alimentos 1 2 3 4 5
135
Frequentemente
Raramente
Às vezes
Sempre
Não
Seletividade Alimentar
7. Seleciona alimentos pela marca 1 2 3 4 5
8. Seleciona alimentos pela embalagem (ex: somente de 1 2 3 4 5
caixa ou saco plástico)
9. Seleciona alimentos por determinada temperatura (só 1 2 3 4 5
quente ou só frio)
10. Seleciona alimentos pela cor 1 2 3 4 5
11. Seleciona alimentos de uma determinada textura ou 1 2 3 4 5
rejeita em função da textura
12. Seletivo por refeições molhadas (ex: alimentos com 1 2 3 4 5
molhos ou caldo de feijão)
13. Seletivo por refeições mais secas (ex: sem nenhum molho 1 2 3 4 5
ou caldo de feijão)
14. Seletivo por alimentos crocantes 1 2 3 4 5
15. Seletivo por alimentos com textura macia (ex: purê) 1 2 3 4 5
16. Seletivo por alimentos amassados 1 2 3 4 5
17. Seletivo por alimentos liquidificados 1 2 3 4 5
18. Seletivo por alimentos liquidificados e coados (passados 1 2 3 4 5
na peneira ou na flanela)
19. Evita comer carnes 1 2 3 4 5
20. Evita comer frango 1 2 3 4 5
21. Evita comer vegetais 1 2 3 4 5
22. Evita comer frutas 1 2 3 4 5
23. Retira o tempero da comida (ex: pedaços de coentro, 1 2 3 4 5
cebolinha ou tomate)
Aspectos Comportamentais
24. Cospe a comida 1 2 3 4 5
136
Frequentemente
Raramente
Às vezes
Sempre
Não
26. Come sempre no mesmo lugar 1 2 3 4 5
27. Come sempre com os mesmos utensílios (ex: o mesmo 1 2 3 4 5
prato, garfo, colher ou copo)
28. Possui comportamento agressivo durante as refeições (ex: 1 2 3 4 5
agride quem está por perto, auto-lesão, destruição de
objetos)
29. Possui um padrão na arrumação do local onde faz as 1 2 3 4 5
refeições (ex: prato, copo, ou talher sempre na mesma
posição da mesa ou a comida tem estar colocada da
mesma forma no prato)
30. Come uma grande quantidade de alimento num período 1 2 3 4 5
de tempo curto
31. Pega sem permissão comida de outras pessoas durante as 1 2 3 4 5
refeições
32. Pega sem permissão comida fora do horário das refeições 1 2 3 4 5
33. Vomita, durante ou imediatamente após as refeições 1 2 3 4 5
34. Possui inquietação/agitação motora que dificulta sentar-se 1 2 3 4 5
à mesa
35. Ingere objetos estranhos/bizarros (ex. sabão, terra, 1 2 3 4 5
plástico, chiclete)
Sintomas Gastrointestinais
36. Refluxo 1 2 3 4 5
37. Constipação 1 2 3 4 5
38. Diarreia 1 2 3 4 5
39. Vômito 1 2 3 4 5
40. Alergia alimentar (ex: amendoim, frutos do mar) 1 2 3 4 5
41. Intolerância ao glúten 1 2 3 4 5
42. Intolerância à lactose 1 2 3 4 5
137
Sensibilidade Sensorial
43. Incomoda-se com barulhos (ex: som alto, voz, 1 2 3 4 5
liquidificador, etc...)
44. Incomoda-se com cheiros fortes (ex: comida, gasolina, 1 2 3 4 5
tinta, perfume, etc...)
45. Incomoda-se com coisas pegajosas (ex: hidratante, tinta, 1 2 3 4 5
massa de modelar, beijo molhado, etc...)
46. Incomoda-se com o toque 1 2 3 4 5
47. Incomoda-se em trocar de roupas, tomar banho, etiqueta 1 2 3 4 5
das roupas e costura das roupas
Habilidades nas Refeições
48. Tem dificuldades de sentar-se à mesa para fazer as 1 2 3 4 5
refeições (ex: almoça no chão, sofá, cama)
49. Derrama muito a comida na mesa ou na roupa quando se 1 2 3 4 5
alimenta
Sugestão
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. A escala está bem compreensível? O Sim O Não O Em parte
Sugestão
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8. Existe algum item que poderia ser apresentado de outra forma?
O Sim O Não O Em parte
Sugestão
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