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Enfermagem
2023;31:e3949
DOI: 10.1590/1518-8345.6497.3949
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Artigo Original
Bianca Machado Cruz Shibukawa 1 o abandono. (3) Uso esporádico de preservativo e infecção
https://orcid.org/0000-0002-7739-7881 oportunista são fatores de proteção. (4) Adolescentes e
jovens têm comportamentos mais vulneráveis. (5) Reflexões
Natan Nascimento de Oliveira 1
https://orcid.org/0000-0002-0376-0430
Piran CMG, Cargnin AVE, Shibukawa BMC, Oliveira NN, Silva M, Furtado MD. Antiretroviral therapy abandonment
among adolescents and young people with HIV/AIDS during COVID-19: A case-control study. Rev. Latino-Am. Enfermagem.
2023;31:e3948 [cited ]. Available from: . https://doi.org/10.1590/1518-8345.6497.3948
ano mês dia URL
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permeado por desafios para os cuidados na segurança identificar as tendências estatísticas dos agravos de
do paciente e disponibilidade de medicação atrelados ao mortalidade e morbidade em todo o mundo — referente
isolamento social. Portanto, o objetivo deste estudo foi ao HIV/aids: B20.0 a B24, com posterior abandono da
identificar os fatores associados ao abandono da TARV TARV. Definiu-se controles: adolescentes e jovens com
entre adolescentes e jovens vivendo com HIV/aids durante CID referente ao HIV/aids, em acompanhamento no SAE,
a pandemia de COVID-19. sem histórico de abandono da TARV.
Foram considerados os seguintes critérios de
Método inclusão: ter idade entre 10 e 24 anos e ser residente
em algum município vinculado à 15ª Regional de Saúde
Desenho do estudo do Estado do Paraná. Os critérios de exclusão foram:
pacientes que evoluíram para óbito (um), transferidos
Estudo caso-controle com proporção de 1 caso/4 para outros serviços de saúde (cinco) e prontuários não
controles em adolescentes e jovens. Foram utilizadas as identificados no serviço (três).
recomendações do checklist Strengthening the Reporting Salienta-se que as expressões “adolescência” e
of Observational Studies in Epidemiology (STROBE)(14) “juventude” se referem às faixas etárias dos 10 aos
para condução e apresentação do estudo. 19 anos e dos 20 aos 24, respectivamente(15).
O local de estudo foi o Serviço de Atenção Após análise exploratória dos prontuários dos
Especializada (SAE) pertencente ao Ambulatório de IST/ participantes prospectivos, definiu-se a utilização da
HIV/aids da 15ª Regional de Saúde, localizado no munícipio população total em detrimento a uma amostra. Desta
de Maringá- Paraná, o qual oferece mais dois serviços forma, todos os usuários do SAE foram incluídos
distintos, o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) na amostra, observando-se os critérios de seleção
e a Unidade Dispensadora de Medicamentos. O estudo foi supracitados. O pareamento de um (1) caso para quatro
realizado neste local por se tratar de serviço de referência (4) controles se deu por conveniência. Assim, foram
que presta atendimento às pessoas com ISTs residentes selecionados quatro controles (109) para cada caso (27).
em um dos 30 municípios pertencentes à 15ª Regional O pareamento ocorreu segundo as características
de Saúde, os quais são pactuados na rede de atenção. sociodemográficas dos participantes, consideradas como
fatores intrínsecos não modificáveis, sendo sexo, idade e
Participantes desfecho do abandono. Ainda, o pareamento considerou
a área de residência dos usuários do serviço, a fim de
Os casos foram definidos como: adolescentes e garantir a homogeneidade entre os grupos. A Figura 1
jovens (entre 10 e 24 anos de idade), com Classificação apresenta um fluxograma elaborado para evidenciar a
Internacional de Doenças (CID) — serve de base para seleção dos pacientes.
Adolescentes e jovens
vivendo com HIV/aids
avaliado para elegibilidade
em 2020-2021 (n=144)
Seleção
Figura 1 - Fluxograma de síntese da seleção dos pacientes que compuseram os grupos caso e controle de adolescentes
e jovens vivendo com HIV/aids na 15ª Regional de Saúde. Maringá, PR, Brasil, 2022
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Tabela 1 - Distribuição das características sociodemográficas dos adolescentes e jovens vivendo com HIV/aids na 15ª
Regional de Saúde. Maringá, PR, Brasil, 2022
Abandono Não Abandono Total
Características sociodemográficas n=27 n=109 N=136 p valor*
n(%)† n(%)† N(%)†
Idade no diagnóstico (anos) 0,764‡
15 a 19 3 (11,0) 17 (16,0) 20 (14,7)
20 a 24 24 (89,0) 92 (84,0) 116 (85,3)
Idade na última consulta 0,132§
22,8 (1,2) ||
22 (2,8) ||
22,1(2,6) ||
Gênero >0,999‡
Feminino 3 (11,0) 12 (11,0) 15 (11,0)
Masculino 24 (89,0) 97 (89,0) 121 (71,3)
Estado civil >0,999‡
Sem companheiro 24 (89,0) 97 (89,0) 121 (89,0)
Com companheiro 3 (11,0) 12 (11,0) 15 (11,0)
Orientação sexual 0,330‡
Heterossexual 5 (19,0) 12 (11,0) 17 (12,5)
Homossexual/bissexual 22 (81,0) 97 (89,0) 119 (87,5)
Cor/Raça 0,233‡
Amarela 0 (0,0) 1 (1,8) 1 (1,2)
Branca 19 (70,0) 26 (47,3) 45 (54,9)
Parda 7 (26,0) 23 (41,8) 30 (36,6)
Preta 1 (3,7) 5 (9,1) 6 (7,3)
Escolaridade >0,999‡
< 12 anos 19 (90,0) 81 (90,0) 100 (90,1)
12 anos ou mais 2 (9,5) 9 (10,0) 11 (9,9)
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(continuação...)
Ressalta-se que foi escolhida a variável “Distância do 71,1% uso de outras drogas. Mostraram-se associadas ao
Serviço em quilômetros” como preferível a ser incluída no abandono da TARV as variáveis: uso de tabaco (p=0,092)
modelo múltiplo por ser uma distância fixa, enquanto a e uso de preservativo (p=0,006). Entre os jovens que
distância em minutos é uma estimativa e sofre influência de abandonaram a TARV havia proporcionalmente menos
outros fatores externos. A inserção das duas variáveis no fumantes e mais pessoas que não usam o preservativo
modelo geraria multicolinearidade, inabilitando a regressão. sempre. Quanto ao uso de preservativo, apenas 12,5%
Dentre as características epidemiológicas e afirmaram que usam sempre. Com relação ao tipo de
comportamentais, nenhum adolescente ou jovem parceiro(a) sexual, 58,1% tinham parceiros eventuais.
apresentava antecedentes criminais e nem foi morador A minoria apresentava comorbidades (4,4%), transtornos
de rua no período de estudo. Apesar de 60% não fazerem mentais (17,7%) e fazia uso de psicotrópicos (14,7%)
uso de álcool, houve 62,2% que faziam uso de tabaco e (Tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição das características epidemiológicas e comportamentais dos adolescentes e jovens vivendo com
HIV/aids na 15ª Regional de Saúde. Maringá, PR, Brasil, 2022
Abandono Não Abandono Total
Características epidemiológicas e comportamentais n=27 n=109 N=136 p valor*
n(%)† n(%)† N(%)†
Uso de álcool 0,334‡
Sim 13 (48,0) 41 (38,0) 54 (40,0)
Não 14 (52,0) 67 (62,0) 81 (60,0)
Uso de tabaco 0,092‡
Sim 13 (48,0) 71 (66,0) 84 (62,2)
Não 14 (52,0) 37 (34,0) 51 (37,8)
Drogas ilícitas 0,296‡
Sim 17 (63,0) 79 (73,0) 96 (71,1)
Não 10 (37,0) 29 (27,0) 39 (28,9)
Uso de preservativo 0,006§
Nunca usa 15 (56,0) 29 (27,0) 44 (32,4)
Usa às vezes 8 (30,0) 67 (61,0) 75 (55,1)
Usa sempre 4 (15,0) 13 (12,0) 17 (12,5)
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*Significativo quando <0,20; †Número absoluto e percentual = (Totais podem diferir devido a possibilidade de não resposta encontrada ou não preenchimento
no prontuário do paciente); ‡Teste Exato de Fisher; §CTA = Centro de Testagem e Aconselhamento; ||SAE = Serviço de Atenção Especializada; ¶UBS =
Unidade Básica de Saúde; **Teste de Qui-Quadrado de Pearson; ††Teste de normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk e avaliação dos histogramas, com
posterior uso dos testes T de Student ou Wilcoxon, teste paramétrico e sua contraparte não paramétrica; ‡‡Média (Desvio Padrão); §§CD4+ = Células do
sistema imunológico (linfócitos)
O melhor modelo da análise de regressão logística ajustada que quanto maior a idade, maiores as chances de
foi composto por cinco variáveis. Verificou-se na análise abandono do tratamento (ORaj.: 1,47; IC95%: 1,07-2,13;
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p= 0,024). Adolescentes e jovens que usaram às vezes o curva ROC, verificou-se acuraria geral com área 0,63
preservativo (ORaj: 0,22; IC95%: 0,07-0,59; p= 0,003) (IC95%: 0,47-0,78) apresentando-se estatisticamente
e aqueles que apresentaram infecção oportunista (OR: significativo (p=0,001), com sensibilidade de 83%
0,31; IC95%: 0,10-0,90; p= 0,030) obtiveram menos que corresponde a capacidade de classificar o modelo
chances para o abandono da TARV, sendo consideradas com boa capacidade preditiva (verdadeiro positivo)
fatores de proteção. No modelo logístico preditivo pela (Tabela 4).
Tabela 4 - Regressão logística e Curva ROC* de acordo com as variáveis com significância estatística do abandono
da TARV entre adolescentes e jovens vivendo com HIV/aids na 15ª Regional de Saúde. Maringá, PR, Brasil, 2022
Uso de preservativos
Nunca usa 1 - 1 - -
Infecção oportunista
Não 1 - 1 - -
Sensibilidade 0,83
Especificidade 0,60
*ROC = Receiver Operating Characteristic Curve; †OR = Odds Ratio não-ajustada; ‡IC = Intervalo de Confiança; §ORaj = Odds Ratio ajustada; ||Significativo
quando <0,05; ¶km = quilômetro
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Ainda nesse contexto de transição de cuidados, A probabilidade de supressão viral está relacionada
diante da fragilidade do sistema imunológico desde o à adesão as consultas e a TARV, assim os resultados em
diagnóstico juntamente com o cenário pandêmico, houve saúde melhoram a longo prazo. Entretanto no período de
muitos desafios e mudanças, tanto de ordem psicológica pandemia, adolescentes e jovens mostraram-se vulneráveis
e social quanto de ordem biológica. Contexto que retratou às interrupções no acompanhamento e tratamento da
um maior risco de infecção e complicações relacionadas à doença. O isolamento e/ou distanciamento social foi a
COVID-19 e à progressão da aids, ainda mais em pessoas principal medida de prevenção durante a pandemia, assim,
que não realizam o tratamento .
(20)
as interações com os profissionais de saúde do serviço
Salienta-se que uma transição fragilizada pode colocar de atenção especializada, o monitoramento semestral de
o paciente em risco por conta do estigma enfrentado, CD4 e Carga Viral, o acesso aos medicamentos destinados
consequentemente, ocorrendo a perda de continuidade ao tratamento do HIV e de doenças oportunistas foram
do acompanhamento, refletindo na diminuição da adesão prejudicados, uma vez que muitos dos pacientes utilizam
aos cuidados e à TARV. Desse modo, há um aumento de transporte coletivo para chegar ao serviço de saúde e com
resistência aos medicamentos, diminuição da imunidade, medo de se contaminar com a COVID-19 acabaram não
logo, acarretando morbidade por infecções oportunistas aderindo ao tratamento(20,24).
e risco de transmissão do vírus, especialmente quando No que concerne às características epidemiológicas
os adolescentes e jovens são sexualmente ativos(17-18). e comportamentais, identificou-se no presente estudo
Para que não haja o abandono de cuidados e da que o uso eventual do preservativo é um fator de
TARV torna-se importante que a transição de cuidados proteção para abandono do tratamento de adolescentes
seja bem-sucedida, com destaque quando se vivencia um e jovens que vivem com HIV/aids. Estudo desenvolvido
período pandêmico em que o dia a dia passa ser permeado na Uganda identificou altas taxas de jovens em TARV
por desafios. Porém, sabe-se que muitos adolescentes e que estão sexualmente ativos e fazem o uso eventual do
jovens deixam de participar dos serviços de saúde durante preservativo(25). Pesquisa realizada de forma on-line com
essa fase da vida por não saber a verdadeira necessidade 148 pessoas vivendo com HIV/aids durante a pandemia
do tratamento, assim, o processo de transição ainda é apontou que 12,2% reduziram o uso de preservativos
uma dificuldade na cascata de cuidados do HIV (21)
. nas relações sexuais(26).
A variável distância do serviço em km, residir a mais Os pacientes que fazem uso do preservativo, mesmo
de 17,3 km do serviço, permaneceu como controle das que eventualmente, são mais suscetíveis a manter adesão
outras variáveis, estando associada ao abandono da TARV, à TARV. Entretanto, há necessidade de incentivar o uso
o que corrobora com o outro estudo que mostrou que do preservativo e adesão à TARV, pois nos casos de
residir a mais de 5 km da unidade de saúde tem sido um uso inconsistente do preservativo entre os pacientes
preditor para não adesão da TARV .
(22)
com o HIV e o risco de não adesão à TARV, pode-se
A interferência do acesso geográfico, da distância aumentar os casos de superinfecção por HIV (infecção
e o deslocamento da residência do paciente até o de um indivíduo HIV positivo com outra cepa do vírus),
serviço de saúde, é um grande obstáculo, sobretudo resistência às medicações, além da disseminação de cepas
em decorrência do serviço ofertado para as pessoas que resistentes aos antirretrovirais para seus parceiros fixos
vivem com HIV/aids estar centralizado num único espaço ou eventuais(27-29).
físico (23)
. É importante considerar que, durante a rota Nesse sentido, os profissionais de saúde necessitam
geográfica, alguns necessitam de um tempo maior para fortalecer ainda mais as ações de autocuidado(25,30),
o deslocamento até o serviço de atenção especializada, com incentivo da prevenção combinada, uma vez que
e, consequentemente, enfrentam maiores obstáculos de adolescentes e jovens são uma população prioritária
acessibilidade para o cuidado e acesso à TARV . (9)
para acessos às intervenções biomédicas: distribuição
Destaca-se que o acesso ao serviço de atenção de preservativos externos e internos, lubrificantes, uso
especializada em saúde é um fator influente na adesão de antirretrovirais proporcionando acesso ao tratamento
ao cuidado em HIV/aids e a TARV, principalmente por sua para todas a pessoas (TTP), a Profilaxia Pós-Exposição
cronicidade. Com isso, a falta de integração com outros (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP); intervenções
serviços de saúde, sobretudo os que estão integrados a comportamentais: incentivo ao uso dos preservativos,
atenção primária, associada à centralização da assistência testagem, adesão às intervenções biomédicas,
especializada, pode favorecer a fragmentação do aconselhamento sobre HIV/aids, redução de danos para
desenvolvimento de ações e estratégias de promoção e as pessoas que usam álcool e outras drogas ilícitas, como
prevenção a saúde(23). também comunicação e educação em saúde entre pares;
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e por fim, intervenções estruturais: ações voltadas aos estudo atender ao objetivo proposto e a hipótese, este
fatores socioculturais que influenciam diretamente na foi realizado em uma realidade local e não nacional,
vulnerabilidade de indivíduos ou de grupos sociais ao consequentemente impedindo a generalização dos
HIV; destaca-se que todas as intervenções podem ser achados em outros contextos. Tal fato sugere a realização
utilizadas em conjunto, a fim de reduzir a transmissão de pesquisas com populações maiores.
do HIV entre os pares (7,30)
. No entanto, no âmbito da área de saúde e
Acredita-se que o abandono da TARV durante a enfermagem, este estudo proporcionou conhecimento
pandemia também possa ser um reflexo de pessoas que teórico e operacional, por meio da identificação de fatores
ainda não compreenderam totalmente a importância associados ao abandono da TARV entre adolescente
de se cuidar e de cuidar do próximo (25)
. Porém, é e jovens durante um período pandêmico, o qual pode
importante considerar que, no contexto do estudo subsidiar as políticas públicas de saúde para o planejamento
durante a COVID-19, muitos pacientes acabam se e gestão do cuidado aos adolescentes e jovens vivendo
tornando indetectáveis (pessoa com HIV e com carga com HIV/aids. No mais, deve-se investir no suporte
viral indetectável que não transmite o HIV sexualmente) social para esses pacientes, seus familiares e a equipe
e em alguns casos seus parceiros faziam uso da PrEP, de saúde, especialmente a equipe de enfermagem, pois
assim nem sempre faziam o uso do preservativo. o trabalho deve envolver todos que saibam da sorologia
Com relação às características do diagnóstico e do adolescente e jovem com a finalidade de melhorar a
acompanhamento, a presença de uma ou mais infecções qualidade de vida e sobrevida a partir da adesão à TARV.
oportunistas mostrou-se como fator de proteção para o
abandono. Os pacientes que desenvolvem a aids apresentam Conclusão
uma baixa contagem de CD4, assim têm imunidade reduzida,
consequentemente, ficam mais doentes e propensos A idade próxima a 23 anos na última consulta foi
a infecções oportunistas. Estudo realizado na Tanzânia, associada ao abandono da terapia antirretroviral. Já a
evidenciou que pacientes sintomáticos ou que percebem presença de infecção oportunista e uso esporádico de
algum risco a saúde são mais propensos a aderir à TARV a preservativo são fatores determinantes para o abandono
fim de melhorar sua condição de saúde (19)
. da TARV durante a pandemia da COVID-19, evidenciando
O serviço de saúde, local desta pesquisa, sofreu que tanto características sociodemográficas, quanto
mudanças substanciais no período de pandemia, epidemiológicas e comportamentais exercem influência
como diminuição no número de consultas por dia e na cessação do tratamento.
receitas médicas com maior tempo para aquisição dos Portanto, este e futuros estudos permitem elencar
medicamentos a fim de evitar aglomeração e contaminação possibilidades de mudanças no cenário do atendimento de
por COVID-19, o que acabou por limitar as atividades já adolescentes e jovens no enfrentamento do HIV/aids, visto
programadas. Observou-se em estudo que municípios com que se elucidaram os motivos geradores do abandono e
maior demanda com a COVID-19 têm uma estimativa de seguimento da TARV. Isso viabiliza a revisão de políticas
mortes por HIV em cinco anos com acréscimo de 10%, públicas e a atuação efetiva do enfermeiro na construção
comparadas à períodos sem pandemia (31)
. de um plano de cuidados que sejam coerentes com as
No Brasil, o combate ao HIV tem sido considerado necessidades e demandas apresentada pelos sujeitos
exemplar, porém muitas pessoas vivendo com o HIV ainda que vivem neste contexto e têm predisposição para o
não têm acesso ao tratamento e durante os últimos dois abandono do tratamento.
anos, com o reflexo da COVID-19, o progresso contra o
HIV enfraqueceu, assim muitas vidas ficaram em risco. Referências
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HIV/aids, isso não significa que todas as pessoas terão 1. World Health Organization. WHO coronavirus
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