Aulas T - 2ºteste
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Teoria realista: defende que o principal sujeito de DI é o Estado, que tem como objetivo
a sobrevivência e para a garantir vai acumulando poder ou conservando poder
Um sujeito de DI é uma entidade detentora de direitos e obrigações internacionais com
capacidade para fazer valer os seus direitos reivindicando-os internacionalmente e ser
responsável por violações de DI podendo ser demandado internacionalmente. Um
sujeito de DI tem personalidade jurídica internacional
A aquisição da personalidade jurídica internacional está ligada ao direito
consuetudinário. Permite apresentar pretensões por violação do DI, confere à entidade
que a detenha capacidade jurídica-internacional, nomeadamente capacidade para
celebrar tratados e também permite beneficiar de privilégios e imunidades de
jurisdição nacional. Os Estados têm as três e outros sujeitos de DI podem ter as três
mediante o preenchimento de alguns requisitos. Por isso, é que se diz que, embora
haja outros sujeitos de DI, os Estados têm primazia porque são o repositório de
autoridade legitimada sobre povos e territórios
Para além dos Estados, há outros sujeitos de DI:
Cidades livres
Beligerantes: têm alguma subjetividade internacional e podem estabelecer
algumas relações jurídicas. Por exemplo, um beligerante pode estabelecer um
tratado com um Estado
Administrações internacionais de territórios pré-independência
Organizações internacionais: são sujeitos derivados pois são criados pelos
Estados
Indivíduos: dependem do seu próprio Estado para ter subjetividade
internacional e gozam de uma proteção internacional
Tipos especiais de personalidades:
Empresas multinacionais: exs.: Google; Amazon
Povos não autónomos
Entidades sui generis: exs.: Santa Sé; Ordem de Malta, Taiwan (não é
reconhecido como um Estado, mas tem entidade internacional ), Palestina e
Kosovo
Estados
Organizações internacionais
São sujeitos derivados de DI. Uma organização internacional é uma organização criada
por tratado ou outro instrumento que se rege pelo DI e é detentora da sua própria
personalidade jurídica internacional. Uma organização internacional também pode
demandar Estados internacionalmente e fazer valer pretensões suas. O vínculo da
funcionalidade (ex.: ser funcionário da ONU) é um vínculo especial. A ONU é sujeito de
DI com plena personalidade jurídica internacional, com capacidade para fazer valer as
suas pretensões jurídico-internacionais
Diferente das organizações internacionais são as associações de Estados e as
confederações de Estados (têm um tratado comum e instituições mínimas)
A UE é uma organização internacional sui generis
Que relevância têm as organizações internacionais atualmente? As OI’s servem para
resolver problemas comuns dos membros. As primeiras OI’s foram a Comissão do Reno
(1815) e a Comissão do Danúbio (1858). As OI’s também servem para assuntos técnicos
e específicos onde a vantagem é recolher informação ou criar standards. Em 1899 foi
criada a Corte Permanente de Arbitragem. No artigo 2º do projeto de artigos sobre
responsabilidade internacional de OI’s encontramos a definição de OI
As OI’s podem ser restritas, isto é, podem ter um âmbito regional ou um âmbito
limitado pelo seu objetivo. EX: NATO – apenas podem ser membros países do Atlântico
Norte; CPLP
Requisitos do conceito:
Membros das OI: predominantemente são Estados, mas não é obrigatório que
assim seja, ou seja, podem ser organizações intergovernamentais, ONG’s
transnacionais
Personalidade jurídica internacional: há três teorias para justificar a
personalidade jurídica das OI’s:
Abordagem funcionalista: a OI tem poderes implícitos, ou seja, não é
preciso estar escrito, depreende-se que para dar efeito aos poderes
explícitos a OI tenha de ter poderes implícitos
Teoria da vontade: é da vontade dos fundadores que decorre a
personalidade jurídica da OI. Portanto, os fundadores declararam
atribuir à OI poderes. Daí decorre que os membros têm direitos e
deveres face à OI e esta também tem direitos e deveres face aos seus
membros
Critérios objetivos estabelecidos pelo DIP: desde que o DIP estabeleça
critérios, a personalidade jurídica resulta automaticamente
Regulação pelo DI: uma OI é criada nos termos do DI, ou seja, é criada por um
tratado ou outro instrumento que se rege pelo DI e a sua atividade rege-se
pelo DI. Há dois exemplos de OI que não foram criadas por tratado: a
Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo
Consequências da personalidade jurídica internacional:
Uma OI tem legitimidade ativa em tribunais internacionais, ou seja, pode
demandar internacionalmente outro sujeito de DI
Uma OI pode celebrar tratados
Uma OI pode beneficiar de alguns privilégios de imunidades
Responsabilidade internacional das OI’s: há uma proposta de tratado para a RI das OI’s,
mas não é um verdadeiro tratado, é um projeto de artigos que contém normas de
direito consuetudinário. O problema da RI das OI’s está em saber separar a
responsabilidade da organização da responsabilidade dos estados-membros dessa
organização. No caso de funcionários internacionais, é a organização ao abrigo da qual
esses funcionários cometeram uma violação do DI que responde
Associações de Estados: podemos comparar com as OI as associações de Estados. Uma
associação de Estados é uma alternativa a uma OI e pode criar-se através de
mecanismos orientados a manter uma cooperação entre Estados. Pode ser criada por
tratados ou por costume. O objetivo é ter uma organização com a mesma qualificação
que tem uma OI. Um exemplo de associação de Estados é uma confederação. Ser-se
membro de uma confederação, significa que a soberania não é afetada
Que centralidade têm as OI’s atualmente na sociedade internacional? As OI’s são
confrontadas com muitos desafios. Lidam com questões de segurança energética,
alterações climáticas, ciber-ameaças, terrorismo, criminalidade organizada
transnacional, proliferação nuclear e gestão do espaço extra-atmosférico. Há três ideias
que explicam o papel das OI’s:
Crescentes pressões (sociais, demográficas, económicas, de segurança) sobre
os recursos do Estado num contexto de crise económica e financeira global
Mutações ao nível do poder dos Estados em diferentes dimensões, ou seja, o
poder dos Estados tem-se alterado
Diferentes Estados têm diferentes perceções sobre questões de segurança
idênticas
Individuo
O individuo só pode ser sujeito de DIP na medida em que seja destinatário de normas
de DIP. O individuo continua a surgir mediatizado porque só excecionalmente é que
consegue agir em sede de DI. O individuo beneficia da proteção conferida pelo DI (ex.:
normas de direitos humanos). Muitas vezes essa proteção tem de ser mediatizada pelo
Estado. Apenas, raramente é que o individuo surge com subjetividade internacional,
quando por exemplo é arguido num tribunal internacional, quando é vítima de um
crime internacional, quando é autor de uma ação num tribunal internacional. Portanto,
o individuo surge como um sujeito mediatizado, ou seja, acede ao patamar
internacional através do seu Estado, não em nome próprio (apenas raramente)
A subjetividade internacional começa com os crimes contra a paz, que surgiram no
final da segunda guerra mundial. Os tribunais de Nuremberga e Tóquio que julgaram
estes crimes contra a paz não eram tribunais internacionais, eram mecanismos que se
criaram para julgar um conjunto de indivíduos que eram nacionais de outro Estado.
Para além dos crimes contra a paz, acrescentamos ainda os crimes de guerra e os
crimes contra a humanidade. Neste caso quem responde é o indivíduo, ou seja, há
responsabilidade internacional individual
Proteção do individuo em DIP:
No período pós-segunda guerra mundial, o individuo passou a beneficiar de
normas que o protegem. Surgiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(proteção universal)
Proteção regional: a CEDH
Proteção descentralizada dos DHs: está na esfera dos Estados. Há dois casos
relevantes: Caso Filartiga v. Pena-Irala e Caso Pinochet
O individuo beneficia de normas de DI que o protegem em diferentes contextos:
Proteção internacional dos direitos do homem ou da pessoa humana: serve
para assegurar direitos do individuo perante o Estado ou perante OI’s
Proteção humanitária: tem subjacente a ideia de sobrevivência da pessoa.
Neste contexto, é importante referir as Convenções de Genebra, cujo objetivo
era tentar humanizar a violência nos conflitos armados
Proteção dos refugiados
Proteção diplomática: defesa de pessoas e de bens nacionais, através dos
funcionários e agentes do Estado, mas assente em relações jurídico
internacionais entre Estados
Subjetividade internacional do individuo:
Proteção internacional sem subjetividade internacional: ex.: proteção
diplomática
Subjetividade internacional do individuo sem proteção dos Direitos do Homem
Proteção internacional com subjetividade internacional: ex.: normas de
direitos humanos especificas ao nível da proteção regional (CEDH)
Os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade surgiram quando ocorreu o
Genocídio de Ruanda, que levou à condenação de milhões de indivíduos. O TPIR (órgão
subsidiário do CS) surgiu na sequência deste conflito e é uma das fontes de
jurisprudência sobre o genocídio, assim como o TPIJ
TPI: difere dos anteriores porque é uma OI, ou seja, é criado por um tratado (Estatuto
de Roma) e é verdadeiramente autónomo, não é um órgão subsidiário da ONU. É um
tribunal permanente que não surge ligado a nenhum conflito como aconteceu com o
TPIR (Genocídio de Ruanda), com o TPIJ e com o Tribunal de Nuremberga e Tóquio
(segunda guerra mundial). A grande vantagem do TPI é a independência e a autonomia
de atuação. Para além disso, atua subsidiariamente, ou seja, em complementaridade e
a sua jurisdição não é obrigatória
Subjetividade internacional do individuo: quando um individuo, às ordens do Estado ou
não, é autor de factos que preencham um tipo internacional de crime, ele ganha a
margem de subjetividade internacional e aparece em nome próprio, a responder num
processo perante uma OI que é um tribunal